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1 DPL Minuta de petição inicial em ação de processo comum

[CABEÇALHO]
TRIBUNAL JUDICIAL DA COMARCA DE LISBOA
JUÍZO DO TRABALHO DE LISBOA [tribunal competente: LOSJ, 40.º, 43.º- 5, 81.º 2 e 3h),
126.º 1b) e CPT, 14.º]

EX.MO SENHOR
JUIZ DE DIREITO [LOSJ, 85.º]
[REQUISITOS DA PETIÇÃO CPC, 552.º + 147.º + 130.º e sgts, CPT, 63.º a 66.º, 68 2]
ANTÓNIO BÁRTOLO CARREIRA, casado, gestor de produto, residente na Rua
da Antónia, n.º 2 – 10.º esq., 1000-500, Lisboa, titular o cartão de cidadão n.º
010101 válido até 20/10/2020, contribuinte fiscal n.º 101010101;
vem, ao abrigo do disposto nos artigos 48.º, n.º 2 e 49.º do Código do
Processo do Trabalho (CPT), propor contra
DAMAS & ÉLIO, LDA., sociedade comercial, com sede na Rua D, n.º 2, 2000-
242, Oeiras,
AÇÃO DECLARATIVA DE CONDENAÇÃO, [CPC, 10.º]
emergente de contrato de trabalho, com processo comum [CPC, 552.º 1c), CPT,
21.º 1.ª,48.º , 49.º]
o que faz nos termos e com os seguintes fundamentos:
[NARRAÇÃO]
I. DOS FACTOS [CPC, 552.º d)]
I. 1 DA RELAÇÃO CONTRATUAL LABORAL ENTRE AUTOR E RÉ.
1.º
A Sociedade Ré é titular de uma empresa que se dedica à indústria de
construção civil
2.º
Encontra-se associada na AECOPS – Associação de Empresas de
Construção, Obras Públicas e Serviços, como resulta do respetivo sítio na
Internet. Por sua vez,
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3.º
O Autor foi admitido ao serviço da Ré a 1 de dezembro de 2000,
mediante contrato de trabalho sem termo, que foi formalizado através de
documento, cuja cópia se junta e aqui se dá por integralmente reproduzida.
(Doc. n.º 1)
4.º
Passando a desempenhar as funções inerentes à categoria profissional de
gestor de produto, conforme anúncio a que respondeu, cuja cópia também se
junta. (Doc. nº 2). Efetivamente,
5.º
Desde então, tem prestado a sua atividade profissional gerindo todos os
assuntos relacionadas com os materiais e serviços utilizados nos contratos de
empreitada…………….. Nomeadamente,
6.º
Procedendo ou supervisionando ………..
7.º
O local de trabalho habitual do Autor é na sede da Empresa, atualmente
em ………….
8.º
E, respeitando, diariamente, o horário estabelecido nos escritórios da
Empresa, que vai das 8,30 às 18,30 horas, com intervalo para o almoço das 13 às
14,30,
9.º
Toda esta atividade profissional é exercida sobre a supervisão e sob as
ordens e orientações da Gerência da Sociedade Ré, nomeadamente, do seu
Gerente ….
10.º
Mediante compensação mensal, cuja base pecuniária, atualmente, se
cifra em € 1.050,00, para além de outras prestações.
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Assim,
11.º
Perante estes factos, deve concluir-se que o Autor, mediante retribuição,
presta a sua atividade profissional a favor, sob as ordens, por conta e direção da
Sociedade Ré e no âmbito da sua organização.
Em consequência,
I. 2. DA RETRIBUIÇÃO ACORDADA
12.º
Antes de ser admitido ao serviço da ora Sociedade Ré, o A. encontrava-se
a trabalhar por conta da COSIR, SA, tendo observado em 18 de abril de 2000, no
semanário “Expresso”, o anúncio com oferta de emprego, cuja cópia se juntou
como Doc. n.º 2.
13.º
A ele respondeu, no dia 20, pois, para além do seu perfil corresponder ao
anunciado, ainda se informava que “em consonância com a posição de alto nível
e consequente responsabilidade e autonomia, a empresa dispõe-se a praticar
um interessante esquema remuneracional, acrescido da atribuição de viatura”
(sublinhado ora posto) (Doc. n.º 2). Deste modo,
14.º
Foi esta oferta da atribuição de viatura que mais aliciou o Autor, por
entender que a sua manutenção e o custo efetivo das suas viagens, de ida e da
vinda do trabalho era elevado, quer em dinheiro, quer em tempo,
nomeadamente para quem tem o costume da pontualidade, como é o seu caso.
Assim,
15.º
É neste contexto, psicológico e material, que ficou acordado entre as
partes que o ora A., para além da retribuição-base mensal de 730.000 escudos
“sujeita a impostos e descontos legais” era “acrescida das eventuais
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remunerações acessórias aplicáveis à sua situação ou ao seu desempenho


efetivo de funções” conforme consta da cópia do texto contratual já junto como
doc. n.º 1. Sendo que,
16.º
Entre estas “remunerações acessórias” se encontrava a cedência pela
Sociedade ora Ré ao ora A. de uma viatura automóvel de gama média alta e
com o suporte de todos os seus custos. E isto,
17 .º
Para uso do ora Autor, quer nas suas deslocações para e da empresa,
quer nas deslocações ao serviço desta, quer nas suas deslocações particulares e
familiares fora do tempo de trabalho. Contudo,
18.º
Por razões da sua própria vontade resultante de uma ética de rigor, o A.,
durante as suas férias, custeava, ele próprio, o combustível e a assistência à
viatura automóvel que lhe estava disponibilizada.
É assim que,
19.º
O A. desde o seu primeiro dia de trabalho, em 1 de julho de 2000, passou
a utilizar em tais condições, uma viatura cedida pela Ré, que foi,
sucessivamente, da marca Citroen, modelo Xantia 2000, Renault Laguna,
Peugeot 407.
Aconteceu, porém que

I. 3. DA DIMINUIÇÃO DA RETRIBUIÇÃO E INERENTES PREJUÍZOS


20.º
Em março de 2011, com a invocação da necessidade de reduzir custos, o
Autor foi abordado pelo Gerente
Mas,
21.º
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O A. não aceitando tal diminuição da gama da viatura com menor espaço,


conforto, potência e apresentação; passou a utilizá-la na convicção que seria
uma situação passageira e que, brevemente, seria ultrapassada.
……………………….
22º
Para além de fortemente injustiçado, porque, considerando-se um
trabalhador exemplar, que não se tem poupado a sacrifícios na defesa dos
interesses da Ré, vê a sua retribuição e estatuto diminuídos consideravelmente,
sendo, assim, sancionado sem para tal haver fundamento.
Em consequência,
23.º
O A. face à descrita atuação da Ré está a sofrer, significativamente, não
só danos patrimoniais, como danos não patrimoniais, que devem ser reparados
e, moderadamente, se valorizam em € 500,00 por cada mês em que a sociedade
Ré mantenha esta desvalorização pessoal e profissional.

II. DO DIREITO APLICÁVEL [ CPC, 552.º 1d) parte final]


II. 1 DO CONTRATO ENTRE A. E R.
24.º
Perante os factos descritos nos artigos 1.º a 11.º, juridicamente, entre o
Autor e a Sociedade Ré existe uma relação jurídica fundada num contrato de
trabalho, como resulta do disposto no art.º 11.º do Código do Trabalho,
aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro, com alterações.
25.º
Este contrato de trabalho rege-se pelas cláusulas do respetivo texto
contratual e do Contrato Coletivo de Trabalho celebrado entre a AECOPS e o
SETACCOP, cuja última alteração foi publicada no BTE, n.º 29, de 8/8/2011 e
pelas normas do Código do Trabalho.
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II. 2 DA RETRIBUIÇÃO DO AUTOR.


26.º
A retribuição ajustada e praticada, para além da sua base e de outras
prestações, era também constituída pela prestação consubstanciada no uso de
viatura automóvel de gama média alta. Ora,
27º
A retribuição é composta não só pela retribuição base e diuturnidades,
como por todas as prestações regulares e periódicas, realizadas de forma direta
ou indireta, em dinheiro ou em espécie, como bem se depreende do artigo
258.º e 259.º daquele Código e da cláusula 36.ª do referido CCT. Aliás,
28.º
De harmonia com estas disposições, a descrita prestação de uso de
veículo automóvel integra-se no conceito de retribuição do trabalhador e,
assim, não pode ser diminuída, pois constitui uma das garantias do trabalhador,
como resulta do disposto na alínea d) do n.º 1 do art.º 129.º do mesmo Código.
De resto,
29.º
Tal entendimento é consensual na doutrina, conforme Monteiro
Fernandes, ao escrever, que também cabe na retribuição “o valor de bens e do
uso pessoal de outros bens que conjuntamente com uma parte pecuniária,
sejam entregues pelo empregador em contrapartida dos serviços obtidos,
Direito do Trabalho, 16.ª ed,, pág. 395.
30.º
E uniforme na Jurisprudência, como por exemplo no recente Acórdão do
Supremo Tribunal de Justiça, de 30.04.2014, (in www.dgsi.pt) onde se sumaria o
seguinte: “I – tendo-se provado que o empregador distribuiu ao trabalhador um
veículo ligeiro de passageiros, para seu uso exclusivo, ficando todos os encargos,
manutenção, seguros, portagens e combustíveis a cargo daquele e que o
trabalhador utilizava a viatura para uso exclusivo, nas deslocações da residência
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para o local de trabalho, nos fins-de-semana e férias, para efeitos pessoais, a


mencionada atribuição de veículo assume natureza retributiva, estando o
empregador vinculado a efetuar, com caráter de obrigatoriedade, essa
prestação; II- tratando-se de uma prestação em espécie com caráter regular e
periódico e um evidente valor patrimonial, que assume natureza retributiva,
beneficia, por isso, da garantia da irredutibilidade prevista nos artigos 21.º, n.º
1, alínea c) da LCT (…) e 129.º, alínea d) do Código do Trabalho de 2009; III –
presumindo-se constituir retribuição toda e qualquer prestação do empregador
ao trabalhador (…) ”.
Por outro lado,
31.º
O A. foi objeto de uma medida por parte da Ré que, para além de injusta
e ilegal, é notoriamente discriminatória, o que contraria o seu direito à
igualdade e não discriminação e lhe confere a junta indemnização pelos danos
patrimoniais e não patrimoniais sofridos, nos termos imperativos dos art.s 24.º
e 28.º do Código do Trabalho

II-3 REPARAÇÃO DOS PREJUÍZOS


32.º
O A. pretende que seja reposta a integralidade da sua retribuição e que a
violação dos seus direitos seja reparada, não só através da reposição do
inerente dever pela Ré, mas ainda pela reparação dos prejuízos materiais e
morais que vem sofrendo até à data e até à reposição efetiva daquele seu
direito.
33.º
Uma vez que o uso do veículo constitui um direito/dever já consolidado
na relação contratual e profissional inerente ao Autor e Ré e, para além de um
valor económico significativo para o Autor. Pois que,
34.º
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Desde março de 2011 foi prejudicado pela diminuição da gama do


automóvel, cuja utilização lhe estava cedida e desde 15 de janeiro de 2015 tem
de suportar todas as deslocações em automóvel que é obrigado a efetuar por
causa do seu trabalho para a Ré, como na sua vida pessoal e familiar, para além
de ser ofendido por tal despromoção.
35.º
Destarte, entendeu o Tribunal da Relação do Porto no seu Acórdão
540/09.6TTMTS.P1 que: “(…) uma vez retirada a utilização do veículo, o
empregador fica obrigado a compensar o trabalhador, pois, por força do
princípio da irredutibilidade salarial, não se pode alterar as parcelas retributivas
do trabalhador se tal implicar a diminuição da retribuição (…)”.
Assim,
36.º
Quantificando tais prejuízos:
- como descrito no antecedente art.º, …………………, sofreu um prejuízo de
€ 6.225,89;
- como descrito nos antecedentes art.s º, ………………..ascende a €
1.867,32;
- como descrito nos antecedentes art.s ….º, pelo atentado à sua
dignidade pessoal e profissional, o A. está a suportar um prejuízo mensal de
………….. se eleva a € 1.750,00.
[ Podem evidenciar-se os pressupostos processuais, nomeadamente a legitimidade e
capacidade judiciária - CPC 11.º e sgts e CPT, 2.º e sgts)
[CONCLUSÃO]
III. DO PEDIDO. [CPC, 552.º E) + 553.º A 557]
NOS TERMOS EXPOSTOS E NOS MAIS DE DIREITO, QUE V. EX.A DOUTAMENTE SUPRIRÁ, DEVE
A PRESENTE AÇÃO SER JULGADA PROCEDENTE POR PROVADA E, CONSEQUENTEMENTE:
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A- SER DECLARADA JURIDICAMENTE NULA A DECISÃO DA RÉ DE SUPRESSÃO DO DIREITO


DO AUTOR AO USO DO VEÍCULO AUTOMÓVEL DE GAMA MÉDIA ALTA, COM O SUPORTE DE TODOS

OS CUSTOS, TOMADA EM MARÇO DE……;

B- EM CONSEQUÊNCIA SER A RÉ CONDENADA A FACULTAR, DE IMEDIATO, AO AUTOR O


USO DO VEÍCULO DA MESMA GAMA MÉDIA ALTA NAS MESMAS CONDIÇÕES QUE VINHAM SENDO

PRATICADAS ATÉ MARÇO DE …….;

C- SER A RÉ CONDENADA A PAGAR AO AUTOR A QUANTIA DE € …………… A TÍTULO DE


COMPENSAÇÃO DOS PREJUÍZOS PELA DIMINUIÇÃO DA RETRIBUIÇÃO, ENTRE…………;

D - SER A RÉ CONDENADA A PAGAR AO AUTOR A QUANTIA DE € ……………. EUROS), POR


CADA MÊS, A TÍTULO DE INDEMNIZAÇÃO POR FALTA DA CEDÊNCIA DE USO DA VIATURA, DESDE

…………ATÉ AO EFETIVO CUMPRIMENTO DO PEDIDO EXPRESSO NA ANTECEDENTE ALÍNEA B;


E- SER A RÉ CONDENADA A PAGAR AO AUTOR A QUANTIA DE € ……………..EUROS),
POR CADA MÊS, A TÍTULO DE INDEMNIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, DESDE …………….. ATÉ AO
EFETIVO CUMPRIMENTO DO PEDIDO EXPRESSO NA ANTECEDENTE ALÍNEA B;

F- SER A RÉ CONDENADA NO PAGAMENTO DE JUROS DE MORA À TAXA LEGAL SOBRE


TODAS AS QUANTIAS PETICIONADAS, DESDE A DATA DO SEU VENCIMENTO ATÉ À DATA DO SEU

EFETIVO PAGAMENTO;

G- SER A RÉ CONDENADA NO PAGAMENTO DAS CUSTAS. [USUAL, MAS DESNECESSÁRIO


FACE AO ART. 527.º DO CPC]

PARA TANTO REQUER A V. EX.A SE DIGNE PROCEDER À

MARCAÇÃO DA AUDIÊNCIA DE PARTES, PREVISTA NO N.º 2 DO

ARTIGO 54.º DO CPT, ORDENANDO A CITAÇÃO DA RÉ PARA


NELA COMPARECER E, EM CASO DE FALTA, PARA CONTESTAR

NO PRAZO E SOB A COMINAÇÃO LEGAIS, SEGUINDO-SE OS

ULTERIORES TERMOS ESTABELECIDOS NAQUELE CÓDIGO.

[CPT, 54.º]
VALOR: € 30.000,01 (TRINTA MIL EUROS E UM CÊNTIMO) [CPC, 552.º F) + 296.º - VALOR
CONTESTÁVEL]
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JUNTA: 5 (cinco) documentos, procuração forense, DUC e comprovativo do


pagamento da taxa de justiça inicial.
OUTROS MEIOS DE PROVA: [CPC. 410.º E SGTS, CPT 63.º]]
A) ROL DE TESTEMUNHAS: [CPT , 64.º A 65.º ]
- JOSÉ MANUEL, CASADO, ENGENHEIRO A NOTIFICAR NA RUA………….., 2800-257
ALMADA;
- JOSÉ MARIA, CASADO, ENGENHEIRO CIVIL, A NOTIFICAR NA AVENIDA ……….., 4000-.
- MIGUEL, CASADO, GESTOR, A NOTIFICAR EM CALLE …………..MADRID, ESPANHA,
devendo ser inquirido através do sistema de videoconferência, conforme
previsto no artigo 502.º, n.º 4 do Código de Processo Civil (C.P.C.),
aplicável ex vi do artigo 1.º, n.º 2, alínea a) do CPT.
B) DEPOIMENTO DE PARTE.
Ao abrigo do art.º 453.º do C.P.C., requer-se a V.Exa se digne ordenar o
depoimento da parte contrária, a ser prestado pelo Representante Legal da Ré à
matéria dos art.s……….º desta petição.
C) REQUISIÇÃO DE DOCUMENTOS

Ao abrigo do art.º 429.º do C.P.C., requer-se a V. Exa se digne mandar


notificar a Ré para juntar aos autos os documentos com os registos dos custos
da viatura distribuída ao Autor até março de 2011 e depois desta data, até
janeiro de 2015, para prova dos factos descritos sob os art.s ………….º desta
petição.
D) GRAVAÇÃO DA AUDIÊNCIA
De conformidade com o disposto no art.º 68.º, n.º 4 do CPT, requer-se
que se proceda à gravação da audiência
O Advogado, com escritório…. [CPC, 40.º e sgts]

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