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Augusto Ajunta Duarte

DELIMITAÇÕES DO OBJECTO E ÂMBITO DO DIREITO COMERCIAL

Licenciatura em Contabilidade e Auditória

Universidade de Comunicação e Imagem de Moçambique

Beira
2021

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Augusto Ajunta Duarte

DELIMITAÇÕES DO OBJECTO E ÂMBITO DO DIREITO COMERCIAL

Licenciatura em Contabilidade e Auditório

Trabalho de Direito empresarial apresentado


ao curso de Contabilidade e Auditória para
fins avaliativos

Docente
Dr. Armane Esteche Bizeque

Universidade de Comunicação e Imagem de Moçambique

Beira
2021

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Índice

1.  INTRODUÇÃO............................................................................................................3

1.1 OBJECTIVOS.............................................................................................................3

1.1.1  Geral........................................................................................................................3

1.1.2  Específicos...............................................................................................................3

1.2  METODOLOGIA.......................................................................................................3

2. DELIMITAÇÕES DO OBJECTO E ÂMBITO DO DIREITO COMERCIAL............4

2.1. Direito comercial........................................................................................................4

2.3. Direito Comercial.......................................................................................................5

2.4. Características do Direito Comercial..........................................................................5

2.5. Natureza Jurídica do Direito Comercial.....................................................................6

2.6. Teorias de natureza Jurídica do Direito Comercial....................................................7

2.7. O campo do direito comercial....................................................................................8

2.8. Domínio do Direito Comercial/Empresarial..............................................................8

2.9. Relação entre direito comercial e direito privado.......................................................9

2.10. A Autonomia do Direito Comercial.......................................................................11

2.11.  Interpretação e integração de lacunas....................................................................12

2.12. Fontes de Direito Comercial...................................................................................13

3. Conclusão....................................................................................................................15

4. Referências Bibliográficas...........................................................................................16

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1.  INTRODUÇÃO

Entende-se por Direito Comercial o corpo de normas, conceitos e princípios


jurídicos que, no domínio do Direito Privado, regem os factos e as relações jurídico
comerciais.

O Direito Comercial é o ramo de Direito Privado que, historicamente constituído


e autonomizado para regular as relações dos comerciantes relativas ao seu comércio, e
visando, a satisfação de necessidades peculiares a este sector da vida económica, se
aplica também a outros sectores da actividade humana que se entende conveniente
sujeitar à mesma disciplina jurídica.

1.1 OBJECTIVOS

1.1.1  Geral

 Compreender a Delimitação do Objecto e Âmbito do Direito

1.1.2  Específicos
 Identificar as principais Delimitação do Objecto e Âmbito do Direito
 Estabelecer relações entre o direito comercial do privado
 Apresentar uma abordagem numa perspectiva jurídica do direito comercial, o
seu domínio e as relações existentes entre direito comercial do privado.

1.2  METODOLOGIA

Para concretização do presente trabalho, recorreu-se: A consulta de livros que


continham a informação do tema, assim como realizadas algumas pesquisas no Google

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e Bibliotecas no intuito de aprofundar e melhor o desenvolvimento científico do
trabalho.
Desenvolvimento

2. DELIMITAÇÕES DO OBJECTO E ÂMBITO DO DIREITO COMERCIAL

A primeira concepção que surgiu foi a concepção subjectivista, segundo ela, o


Direito Comercial é o conjunto de normas que regem os actos ou actividades dos
comerciantes relativos ao seu comércio.

Por seu turno, para a concepção objectivista, o Direito Comercial é o ramo de


Direito que rege os actos de comércio, sejam ou não comerciantes as pessoas que os
pratiquem.

Não há sistemas puros: em ambos existem actos de comércio objectivos e


regras próprias da profissão de comerciante. E, deste modo, pode-se dizer que, na
essência, a diferença entre as duas concepções se resume a isto: no sistema subjectivista,
só são comerciantes os actos praticados por comerciantes e no exercício do seu
comércio, pelo que não se admitem actos comerciais isolados ou avulsos, mormente de
não comerciantes; já no sistema objectivista, uma vez que assenta nos actos de
comércio, independentemente de quem os pratica, são também como tais considerados
os actos ocasionais, mesmo que não praticados por comerciantes ou alheios à actividade
profissional de um comerciante, desde que pertençam a um dos tipos de actos regulados
na lei comercial. (ABREU 2002 P.102).

2.1. Direito comercial

Comércio

Tem o significado etimológico de troca de mercadorias (commutatio mercium).


As primeiras organizações sociais criadas pelo homem desconheciam o comércio,

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mesmo na sua forma mais elementar (troca de mercadorias, o bem A contra o bem B).
Com a criação da moeda este conceito teve um grande alargamento.

Em sentido económico: comércio é a actividade de intermediação entre a oferta


e a procura, e Consiste na mediação entre a produção e o consumo, com a finalidade de
obter um lucro.

Juridicamente: comércio é a actividade objecto do direito comercial. Aqui a


noção de comércio tem que ser construída tomando por referência o enquadramento
legal nomeadamente o disposto no código comercial, nesses termos o comércio abrange
todos os actos qualificados como tais. (actos de comércio, objectivos e subjectivos art.
2º c.com). (FERRER CORREIA, 1956 2-3PP).

2.3. Direito Comercial

Conforme Correia, (1994). O direito comercial é um ramo específico de direito


privado que centrando-se na empresa abrangendo todos os domínios em que se sinta a
necessidade de uma regulamentação autónoma face aos princípios do direito civil”.

Para Correia, (2005), entende por direito comercial o corpo de normas, conceitos
e princípios jurídicos que, no domínio do direito privado regem os factos e as relações
jurídicas comerciais.
Sob ponto de vista do grupo, partindo das ideias expostas acima, pode se chegar
a conclusão de que, o direito comercial ou empresarial pode ser definido como o ramo
do direito privado que regula as relações provenientes da
Actividade particular de produção e circulação de bens e serviços, exercida com
habitualidade e com intuito de lucro, bem como as relações que lhes sejam conexas e
derivadas.

2.4. Características do Direito Comercial

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Conforme Martins, (2000), destaca alguns princípios que orientam a actividade
comercial distinta dos princípios do Direito Civil e que são traços característicos do
Direito Comercial, quais sejam:

 Simplicidade ou informalidade: O Direito Comercial é menos formalista que o


Direito Civil, até mesmo em atenção à maior celeridade própria das relações
comerciais. (Ex: fiança e o aval).

 Cosmopolitismo: busca subsídios no direito alienígena, pois é directamente


proporcional ao capitalismo. Consiste em um ramo do Direito Privado de
envergadura internacional, com traços acentuadamente internacionais; característica
que somente agora outros ramos do direito começam a adquirir em face da
globalização dos mercados e unificação legislativa dos países de blocos económicos.

 Onerosidade: em regra, a negociação (actividade mercantil) não é gratuita – mas


pode ser apenas previsão de lucro, de tal modo que, todo ato mercantil é oneroso. A
onerosidade é regra e deve ser presumida; no direito civil, a gratuidade é constante
(Ex: o mandato).

 Elasticidade: dinâmico (muda a cada instante). Mudou a sociedade, mudou o


Direito Comercial, muito mais renovador e dinâmico que os demais ramos do
direito.

 Individualismo: as regras do Direito Comercial inspiram-se em acentuado


individualismo, porque o lucro está directamente vinculado ao interesse individual,
contudo sofrem intervenção do Estado.

Para Ferreira, (1956), cita como características que habitualmente se encontram nas
instituições mais típicas (sociedades, falência e títulos de crédito), a Internacionalidade;
a importância do costume; a sobriedade de forma em linha geral, que entretanto, em
algumas instituições, não exclui o rigoroso formalismo (ex. a cambial); a preocupação
da tutela do crédito e da circulação da riqueza com consequente criação de novas

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instituições correspondentes (títulos de crédito, cambial); uma maior protecção ao
interesse do credor; a atitude mais favorável aos juízos arbitrais.

2.5. Natureza Jurídica do Direito Comercial


Direito Comercial o corpo de normas, conceitos e princípios jurídicos que, no
domínio do Direito Privado, regem os factos e as relações jurídico comerciais. Em suma
o direito comercial é o direito privado.
Trata-se, de um ramo de Direito Privado, por isso que cuida de relações entre
sujeitos colocados em pé de igualdade jurídica.
E é um ramo de Direito Privado Especial, já que estabelece uma disciplina para
as relações jurídicas que se constituem no campo do comércio, a qual globalmente se
afasta da que o Direito Civil, como ramo comum, estabelece para a generalidade das
relações jurídicas privadas. O Direito Comercial é o ramo de Direito Privado que,
historicamente constituído e autonomizado para regular as relações dos comerciantes
relativas ao seu comércio, e visando, a satisfação de necessidades peculiares a este
sector da vida económica, se aplica também a outros sectores da actividade humana que
se entende conveniente sujeitar à mesma disciplina jurídica.

Adopta-se um conceito normativo, jurídico-político: está sujeito ao regime das


normas jurídico-mercantins aquilo que estas normas determinam que se inclui no seu
âmbito de aplicação. A delimitação do âmbito do Direito Comercial terá, pois, de
basear-se nas próprias normas jurídicas positivas, nomeadamente, nas chamadas normas
qualificadoras: as que se caracterizam como comercial certa matéria, dizendo que
pessoas são comerciantes e que negócios são comerciais.

O Direito Comercial é enformado por uma concepção essencial de liberdade de


iniciativa, liberdade de concorrência, mobilidade de pessoas e mercadorias, objecto
legítimo de lucro, internacionalismo das relações económicas.

2.6. Teorias de natureza Jurídica do Direito Comercial

Existem quarto teorias que definem a natureza jurídica do direito comercial:


Teorias subjectivas (na idade media) que definiam que o direito comercial e o
direito de uma classe, comerciantes, corporações…
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Criticas a teoria: nela as vezes as comerciantes praticam actos não comerciais
mas sim civilísticos como os casamentos e crimes.
Sendo assim seria necessária elaboração de uma lista de comerciantes para se
saber quem são e assim elaborar o seu perfil.
Teorias objectivas século XVIII (época do liberalismo) surge assim a ideia de
liberdade, igualdade, direito dos actos do comercio, consideravam-se que são estes actos
praticados profissionalmente pelos comerciantes ou outros mas com natureza mercantil.
Independente de serem ou não isolados, isto è, não comerciantes.

Criticas: os códigos que adoptaram essas teorias não definem com clareza o que são
actos do comércio.

Teorias ecléticas ou mistas definem o direito comercial como será governo …


especial de direito privado que regula os actos do comercio como tais … decreto-lei
pelo direito por se integrarem numa actividade organizada de produção civil de produtos
ou em si terem por si mesmo produtos com fim lucrativo e comercial, características
análogas justificativas de um regime especial.

Teoria das empresas definem o direito comercial dizendo que são actos em
massas levadas a cabo por uma organização denominada empresa possuindo capital e
trabalho com intuito de se obter lucros, art. 82 do c. Comercial.

2.7. O campo do direito comercial

Em linhas gerais, podemos afirmar que o conteúdo e objecto do direito


comercial é a matéria comercial e as relações jurídicas que dela se originam, quer em
relação às pessoas e aos bens, quer quanto aos contratos, vínculos ligadores das pessoas
entre si e das pessoas aos bens, disciplinados pelas leis comerciais.

2.8. Domínio do Direito Comercial/Empresarial

O conceito do direito comercial como direito especial do comércio não é, pois,


um conceito rigoroso. Por três razões:
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 O direito comercial para além de ser um direito de comércio ele atrai outras
actividades económicas.
  O direito comercial ou empresarial não se dirige exclusivamente a satisfação das
necessidades comerciais.
 Nem todas as normas reguladoras do comércio são do direito comercial, concebido
este como um ramo de direito privado.

O referido conceito de direito comercial não é, assim, um conceito valido para os


sistemas jurídicos da actualidade. Mas esta correspondência entre o conceito do direito
comercial e do comércio perdeu-se há muito, e a dificuldade não se resolve fazendo
distinção entre o conceito económico e conceito jurídico de comércio, pois o comércio
vai ser um conjunto de das actividades a que, em determinado país e em dada
conjuntura histórica, se aplica o direito comercial desse país. Muitas dessas actividades
não se podem justamente definir como comerciais, logo, a referida distinção é
artificiosa. Verdadeiramente o direito de hoje em dia não é o direito de comercio, ou,
como no passado, o direito profissional dos mercadores (jus mercatorum), mas sim
aquele ramo do direito privado que historicamente constituído e autonomizado para
reger as relações dos comerciantes relativas ao seu comercio, e visando ainda hoje
principalmente a satisfação das necessidades peculiares a este sector da vida económica,
se aplica também a outras formas de actividade humana, que por força de razões
heterogenias, se entende haver conveniência em sujeitar a mesma disciplina jurídica.
(FERER CORREIA 1994 PP.1-3).

2.9. Relação entre direito comercial e direito privado

Direito Comercial e Direito Civil, não se confundem, apesar de inúmeros pontos


de contacto em seu objecto. Assim, regula o Direito Comercial as actividades
profissionais do comerciante e os actos por lei considerados comerciais, escapam ao
direito mercantil as relações jurídicas concernentes à família, à sucessão e ao estado da
pessoa, que são objecto do Direito Civil. Direito Comercial – tendência profissional e
Direito Civil – individualista.

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Por outro lado, actos jurídicos existem, no âmbito do Direito Comercial, que se
regem pelas normas do Direito Civil, verbi gratia alguns contratos e obrigações, que se
especializam em comerciais, em virtude da participação dos comerciantes.

Ex: penhor (direito real de garantia sobre móveis art. 768, C.com) comercial, se
a obrigação é comercial; compra e venda mercantil.

- No direito marítimo e quanto aos títulos cambiários vigoram sempre os princípios


especializados do direito mercantil: onerosidade (especulação - lucro); meios de prova
rápidos e destituídos de formalidades; boa-fé (presumida no caso do portador do título).

- Já operações sobre imóveis (insusceptíveis de circulação) e indústria agrícola


(actividade que não realiza intermediação) subordinam-se ao Direito Civil.

Para Carvalho, (2000), estabelecer os limites entre ambos os ramos do direito, é


um dos pontos mais difíceis no estudo do Direito Comercial. Segundo ele, "entre os
vastos domínios do Direito Civil e do Direito Comercial haverá sempre um terreno
misto, de certo modo neutro, algo tanto incerto, que não se poderá afirmar à primeira
vista a qual pertence. O ponto de contacto entre ambos ocorre nos Contratos e
Obrigações, cujas regras gerais são aplicáveis tanto ao Direito Civil como ao Direito
Comercial.

Ex: A compra e venda mercantil, que difere da compra e venda civil, pelo de
participar daquela, o comerciante no exercício de sua profissão. O mesmo ocorre com o
penhor, regido pelos princípios do direito civil, que se tornam comerciais, caso a
obrigação seja comercial.

Conforme Ferreira, (1956), salienta que embora cada ramo do direito tenha seu
código específico, o que orienta a ambos é a Teoria Geral, referente a matéria das
Obrigações e Contratos.

O direito privado regula as relações entre sujeitos colocados em pé de igualdade


jurídica, e, por sua vez, No direito privado nós encontramos antes de mais nada um
sistema de normas reguladoras, de um modo geral, das relações entre particulares. E

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encontramos depois um outro sistema de normas que se destinam a regular uma certa
espécie desse género (o direito comercial). Dentro desta relação direito comercial e
direito privado eles funcionam em interligação, ou seja, o direito privado é subsidiário
para a matéria comercial quando não há um tratamento jurídico dentro do próprio
direito comercial, (COELHO 2000, PP 12-13)

 O direito comercial é o direito privado especial do comércio


 Rege os actos de comércio e deriva do Direito Privado;
 É específico para os comerciantes; e para quem pratica os actos de comércio.

2.10. A Autonomia do Direito Comercial

O direito comercial não abrange apenas os actos de comércio e o regime jurídico


do comerciante, isso consistia a parte geral do Código Comercial. É no direito comercial
que se estuda, além da caracterização de quem seria comerciante (parte geral), os títulos
de crédito, as marcas e patentes, a falência e concordata, o direito societário, o direito
marítimo, o direito aeronáutico e, dependendo da corrente doutrinária a ser seguida,
também o direito do mercado de capitais e o direito bancário. A doutrina consagrou que
disposições de ramos distintos se interpretam de forma distinta. Isso decorre,
evidentemente, da natureza específica de cada ramo do direito, já que cada ramo do
direito tem objecto de regulação distinto, expressões próprias, visam atender
necessidades sociais diferenciadas.

Com o novo Código Civil foi revogada a primeira parte do Código Comercial de
1850, e inserida uma novidade no mundo jurídico: a figura do empresário
(anteriormente “comerciante”) e dos actos empresariais (antes “actos do comercio”).
Essa revogação não fez desaparecer o direito comercial, apenas a regulamentação dos
actos praticados na economia entre pessoas de direito privado passou a ser feita pelo
Código Civil.

O direito falimentar continua existindo, tendo modificado apenas seu âmbito


fáctico de incidência, agora a todos os empresários; o direito das marcas e patentes

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permanece inalterado; títulos de créditos, como objecto de regulação, continuam sendo
títulos de créditos, ainda que novas disposições legislativas; o "Registo Público de
Empresas Mercantis" também continua existindo, passando apenas a registar
empresários e não mais comerciantes; direito societário também continua sendo direito
societário, ainda que com algumas alterações legislativas trazidas pelo novo Código.

2.11.  Interpretação e integração de lacunas

O preceito fulcral para a análise desta questão é o art. 3º CCom, em cujos


termos: “se as questões sobre direitos e obrigações comerciais não puderem ser
resolvidas, nem pelo texto da lei comercial, nem pelo seu espírito, nem pelos casos
análogos nela prevenidos, serão decididas pelo Direito Civil”.

Em questões de interpretação da lei comercial, o Código Comercial remete-se


para o art. 9º CC.

Em relação à integração de lacunas à uma disposição especial no Código


Comercial (art. 3º), em que, recorre-se às forças internas do Direito Comercial e depois
às forças externas, aplicando-se as normas de Direito Civil.

As normas de Direito Comercial formam um corpo autónomo, o que torna


admissível a sua aplicação analógica dentro do campo do próprio direito mercantil, e
que não sucederia se fosse normas excepcionais (art. 11º CC). O art. 3º CCom, permite
o recurso às normas de Direito Civil para preencher lacunas do Direito Comercial.
Trata-se da concretização da ideia de que o Direito Civil é direito subsidiário em relação
ao Direito Comercial. O procedimento correcto a adoptar para definir o regime de uma
relação jurídica de Direito Comercial será o seguinte:

No primeiro momento, há que definir se tal relação jurídica é ou não comercial,


objectiva e subjectivamente. Para tal recorre-se às chamadas normas delimitadoras do
âmbito de aplicação do Direito Comercial – arts. 2º, 230º, 266º, 481º, etc., CCom. Como
é óbvio, se a relação jurídica não for comercial, será civil.

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Num segundo momento assente que um dado acto ou relação jurídica é
comercial, há que definir-lhe o regime. Poderão então surgir questões de interpretação e
de integração de lacunas da regulamentação comercial, as quais serão deslindadas pelo
art. 3º CCom.

 2.12. Fontes de Direito Comercial

a) A Lei

A fonte primordial do Direito Comercial é a lei, entendida no seu sentido mais


amplo, isto é, abrangendo a lei constitucional, a lei ordinária e também as normas
regulamentares.

b) Os usos e costumes

O art. 3º CCom, não se refere aos usos e costumes entre as fontes do direito
mercantil.

Quanto aos costumes, o Direito Comercial não os acolhe como fonte de direito,
aliás à semelhança do que sucede com o Direito Civil (art. 3º CC). Assim a sua
consagração como regras vinculativas, por via jurisprudencial, não é entre nós
admissível na medida em que ela contraria os comandos legais acerca das fontes de
direito. Para o costume ter relevância:

 Que exista uma lei expressa que determine a sua aplicação;


 Mesmo que haja, esses usos e costumes não podem contrariar o princípio da boa fé.

c) Doutrina

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As opiniões dos jurisconsultos poderão ser havidas como fonte de direito na
medida em que sejam tidas em conta pelos Tribunais e pelos sujeitos de direito,
mormente como reveladoras de princípios gerais, com vista à integração de lacunas na
lei.

d) Jurisprudência

Caracteriza-se na influência jus-criativa das correntes jurisprudenciais que se


vão uniformizando ou prevalecendo.

e) Fontes internacionais

São várias as convenções existentes que são recebidas no nosso direito desde
que sejam satisfeitos os requisitos no art. 8º CRP:

 Convenções sobre as leis uniformes sobre letras, livranças e cheques;


 Convenção da união de Paris sobre a propriedade industrial;
 Tratado de Adesão às Comunidades Europeias;
 Decisões dos Tribunais Internacionais.

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3. CONCLUSÃO

Findo o trabalho, este procurou ir ao encontro dos objectivos pretendidos pelo


grupo no sentido de serem colmatadas as necessidades informativas relativamente da
natureza jurídica do direito comercial, seu domínio e a relação jurídica entre o direito
comercial do privado.

Não há sistemas puros: em ambos existem actos de comércio objectivos e regras


próprias da profissão de comerciante. E, deste modo, pode-se dizer que, na essência, a
diferença entre as duas concepções se resume a isto: no sistema subjectivista, só são
comerciantes os actos praticados por comerciantes e no exercício do seu comércio, pelo
que não se admitem actos comerciais isolados ou avulso, mormente de não
comerciantes; já no sistema objectivista, uma vez que assenta nos actos de comércio,
independentemente de quem os pratica, são também como tais considerados os actos
ocasionais, mesmo que não praticados por comerciantes ou alheios à actividade
profissional de um comerciante, desde que pertençam a um dos tipos de actos regulados
na lei comercial.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Correia, A. A. Ferrer, Lições de Direito Comercial, vol. I, Universidade de Coimbra,


Coimbra, 1973; vol. III, Letra de Câmbio, Universidade de Coimbra, Coimbra, 1975.

COMPARATO, Fábio Konder; SALOMÃO FILHO, Calixto. O poder de controle na


sociedade anônima. 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2008.

MUNHOZ, Eduardo Secchi. Empresa Contemporânea e Direito Societário. Poder de


Controle e Grupos de Sociedades. Editora Juarez de Oliveira, 2002.

PERLINGIERI, Pietro. O Direito Civil na legalidade constitucional. Tradução de Maria


Cristina De Cicco. Rio de Janeiro: Renovar, 2002.

COELHO, Fábio Ulhoa.  Manual de Direito Comercial. Direito de Empresa. 22. Ed. São
Paulo: Saraiva, 2010.

REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. V. 1 e 2. 27. Ed. São Paulo: Saraiva,
2010.

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