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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLÍTICAS

Celcio Bone Remisse

ARBITRAGEM LABORAL

Quelimane, 2020

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SÓCIAS E POLÍTICAS

LICENCIATURA EM DIREITO

4o Ano Turma Única

ARBITRAGEM LABORAL

Trabalho de Caracter avaliativo a ser entregue à


Faculdade de Ciências Sociais e Políticas –
Universidade Católica de Moçambique, no na
Cadeira de Direito de Trabalho I, recomendado
pelo docente.

Docente: Dr: Mutela Supinho

Quelimane, 2020 2
Índice
Introdução...................................................................................................................................4

1.1.Objectivos.............................................................................................................................4

1.2.Objectivo geral:.....................................................................................................................4

1.3.Objectivo Específicos...........................................................................................................4

1.4.Metodologia..........................................................................................................................4

2.ARBITRAGEM LABORAL...................................................................................................5

2.1.Breve Historial de Arbitragem..............................................................................................5

2.3.Conceito de Arbitragem........................................................................................................6

2.4.ARBITRAGEM LABORAL................................................................................................7

2.5.Tipos de arbitragem no Código do Trabalho........................................................................7

2.5.1.A arbitragem é voluntária..................................................................................................7

2.5.2.Arbitragem obrigatória.......................................................................................................8

Conclusão..................................................................................................................................10

Bibliografia...............................................................................................................................11

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Introdução

O presente trabalho com tema: ARBITRAGEM LABORAL. A arbitragem é um meio


extrajudicial de resolução de conflitos com carácter hétero compositivo, uma vez que, como já
referimos, o árbitro decide o litígio entre as partes impondo uma decisão obrigatória. os
processos de adjudicação (judicial e arbitragem) são sempre formas hétero compositivas de
solucionar os conflitos, uma vez que a decisão do caso compete à terceira entidade, que tem o
poder de a impor às partes

1.1.Objectivos

Segundo CAJUEIRO, (2013), “toda pesquisa deve ter objectivos claros e definidos, pois
assim torna mais fácil conduzir a investigação”. Os objectivos podem ser gerais e específicos
(particulares). Assim, o trabalho vai ser guiado pelos seguintes objectivos:

1.2.Objectivo geral:

 Conhecer as os conceito e tipo da Arbitragem Laboral.

1.3.Objectivo Específicos

 Definir arbitragem E Arbitragem Laboral;


 Explicar Arbitragem Laboral;
 Abordar a sobre tipos de Arbitragem Laboral na legislação Moçambicana.

1.4.Metodologia

Segundo COELHO, (2010), ao afirmar que a “metodologia corresponde em um estudo


sistémico dos métodos caracterizados em diferentes técnicas validas e avaliadas
permanentemente, métodos aqueles que devem ser planeados e apropriados aos objectivos de
análise de cada disciplina em ordem a visão permanente e crítica do conhecimento científico.”
Para concretização do presente trabalho recorreu-se a consulta de livros, artigos que
continham a informação do tema, pesquisa na internet, técnica de resumo e digitação, , assim
como as pesquisas e bibliotecas com o intuito de trazer o essencial e melhorar o
desenvolvimento científico do trabalho.

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2.ARBITRAGEM LABORAL

2.1.Breve Historial de Arbitragem

As referências à arbitragem remontam à Grécia antiga, em Roma. Refere-nos Pedro Romano


Martinez que “Cícero contrapunha o julgamento à arbitragem, explicando que no julgamento
se pode ganhar ou perder tudo enquanto na arbitragem tem-se intenção de não perder tudo e
de não obter tudo”. O crescimento da arbitragem deu-se depois da II Grande Guerra . A
história da arbitragem está intrinsecamente ligada à história do comércio, ao surgir no período
medieval como forma de resolução de conflitos entre os comerciantes nas feiras europeias,
permitindo o julgamento através de regras comerciais diferentes das estatais. (MARTINEZ,
2011)

Segundo SORTANE1, Até 2007, em Moçambique, só os conflitos colectivos de trabalho


podiam ser submetidos à arbitragem, pelo que a consagração da possibilidade de solução dos
conflitos individuais de trabalho reveste-se de extrema importância.

A morosidade do sistema de administração da justiça, com as inerentes demoras de solução


dos litígios, o aumento da litigiosidade laboral, muitas vezes derivada da privatização do
Sector Empresarial do Estado, impôs que fossem criados os tribunais de trabalho e consagrada
a arbitragem dos conflitos individuais de trabalho.
As relações entre o empregador e o trabalhador implicam o cumprimento e exercício de
deveres e direitos recíprocos, havendo, no decurso dessa relação, susceptibilidade do
surgimento de conflitos. A resolução desses conflitos, como na generalidade dos casos ocorre,
pertence aos tribunais estaduais, os quais, na área laboral, tinham o exclusivo da resolução 4
de conflitos individuais de trabalho.
Mas, fora do caso dos conflitos individuais de trabalho, a lei admitia, em regra, o
compromisso arbitral, e as partes podiam não recorrer aos tribunais judiciais, mas sim aos
tribunais arbitrais, através da celebração de pactos privativos ou atributivos de jurisdição .
Fora desses casos, há, pois, que recorrer aos tribunais estaduais, nos quais haverá sempre, uma
acção, um conjunto de procedimentos para o reconhecimento do direito violado.

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SORTANE, Herculano Azevedo. (2014) Arbitragem Laboral: Caso da Empresa Florestas do Niassa LTDA-
FDN, No Ordenamento Jurídico Moçambicano. SGECOF. Lichinga, Agosto

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Em todo o caso, apesar de exercer a função jurisdicional, o Estado (através dos tribunais) só
pode resolver o conflito de interesses, o litígio entre empregador e trabalhador, se uma das
partes (empregador ou trabalhador) intentar uma acção para que o tribunal reconheça o seu
direito, isto é, o tribunal não pode agir de sua livre iniciativa, não pode agir oficiosamente,
devendo aguardar que uma das partes introduza o litígio em tribunal. (SORTANE, 2014)

O exclusivo recurso aos tribunais estaduais em matéria dos conflitos individuais de trabalho,
suscitava inúmeras críticas, tendo em conta a morosidade do sistema estadual. Por isso, em
resposta a esta situação, a lei estendeu aos conflitos individuais de trabalho, a arbitragem
laboral, facto que irá permitir uma rápida resolução dos mesmos.

Esta inovação pretende estimular a resolução extrajudicial dos conflitos de trabalho,


contribuindo, deste modo, para o descongestionamento dos tribunais judiciais, os quais,
muitas vezes, são chamados a resolver conflitos que muito bem … poderiam ser resolvidos
fora dos tribunais. Para além disso, esta solução irá permitir uma rápida resolução dos
conflitos laborais, duma forma mais equilibrada.
Os conflitos laborais poderão, assim, ser resolvidos por esta via, através dos centros de
conciliação, mediação e arbitragem, instituições públicas ou privadas, especializadas na
resolução dos conflitos laborais. (SORTANE, 2014)

2.3.Conceito de Arbitragem

Segundo MARTINEZ, (2011) “A arbitragem é a instituição pela qual um terceiro


resolve o litígio que opõem duas ou mais partes, exercendo a missão jurisdicional que
lhe é conferida pelas partes”.
Além desta, existem outras definições de arbitragem que não poderiam ser ignoradas neste
trabalho. A arbitragem é uma técnica que visa dar a solução de uma questão, que interessa as
relações entre duas pessoas, por uma ou mais pessoas o árbitro ou os árbitros que detêm os
seus poderes de uma convenção privada e julgam com base desta convenção, sem serem
investidos desta missão pelo Estado. (BANDEIRA, 2002).
Arbitragem é instância jurisdicional praticada em função de regime contratualmente
estabelecido, para dirimir controvérsias entre pessoas de direito privado e/ou público, com
procedimentos próprios e força executória perante tribunais estatais.

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Realizando-se uma análise dos conceitos apresentados, é possível a identificação, num
primeio momento, de alguns elementos fundamentais para uma definição do instituto da
arbitragem: um litígio ou controvérsia; um terceiro, árbitro, que, escolhido pelas partes
contratantes, ou por quem elas indicarem, irá solucionar a questão; o exercício pelo terceiro
dos poderes jurisdicionais oriundos da manifesta vontade das partes.

2.4.ARBITRAGEM LABORAL

Na arbitragem, as partes, voluntariamente, designam os árbitros, para resolver o litígio que as


opõe. A decisão dos árbitros tem natureza vinculativa, sendo de cumprimento obrigatório, tal
como uma sentença de um tribunal. O estudo específico da arbitragem laboral convoca uma
análise prévia dos aspectos que, de forma geral, caracterizam este meio de resolução de
litígios e a distinguem dos demais. Neste sentido, iremos tecer inicialmente algumas
considerações no que concerne à convenção de arbitragem e ao procedimento arbitral, nos
termos prescritos pela Lei da Arbitragem Voluntária, por considerarmos que constituem os
aspectos com maiores especificidades. Faremos ainda uma breve alusão às razões que
justificam a aplicação da arbitragem.

A arbitragem, genericamente considerada e quando voluntária, pressupõe a existência de uma


convenção de arbitragem, constituindo esta o acordo das partes em submeter o litígio que as
opõe a um tribunal arbitral. Para que o tribunal arbitral seja competente, o litígio em causa
tem de estar contemplado na convenção arbitral64, que determina a jurisdição do tribunal
arbitral, isto é, o tribunal arbitral só tem competência quando o litígio que lhe é submetido
está integrado na convenção de arbitragem. Como nos refere Martinez (2013). a “convenção
de arbitragem pode ser completada com um Regulamento arbitral ou com remissão para
regras de arbitragem institucionalizadas.

2.5.Tipos de arbitragem no Código do Trabalho

No plano laboral, como referimos a Lei de Trabalho, no âmbito dos conflitos colectivos de
trabalho, consagra, no seu Capítulo IV, dois tipos de arbitragem: a arbitragem voluntária e a
arbitragem obrigatória.

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2.5.1.A arbitragem é voluntária

A arbitragem é voluntária sempre que for acordada pelas partes. A arbitragem voluntária
segue o regime dos artigos 190 a 193 desta lei e da legislação específica que regulamente a
arbitragem laboral.
O comité arbitral é constituído por três elementos, designando cada uma das partes o seu
árbitro e sendo o terceiro, que preside, apontado pelo órgão de mediação e arbitragem laboral.
Todos os centros de mediação e arbitragem laboral devem comunicar à Comissão de
Mediação e Arbitragem Laboral sobre a matéria em litígio, o início e o termo da arbitragem.
Não devem ser designados como árbitro gerentes, directores, administradores, representantes,
consultores e trabalhadores do empregador envolvidos na arbitragem, bem como todos
aqueles que tenham nela interesse financeiro directo ou relacionado com qualquer das partes.
O disposto no número anterior aplica-se também aos cônjuges, parentes em linha recta ou até
ao terceiro grau da linha colateral, aos afins, adoptantes e adoptados das entidades nele
referidas.
A decisão arbitral proferida ao abrigo da presente lei é vinculativa e deve respeitar a
legislação em vigor, e ser depositada de acordo com o regulamento dos centros de mediação e
arbitragem. A decisão arbitral produz os mesmos efeitos de uma sentença proferida pelos
órgãos do poder judicial e constitui título executivo.
Da decisão arbitral é admitido recurso de anulação. A decisão arbitral só pode ser anulada
pelo tribunal de trabalho, nos termos da legislação específica que regulamente a arbitragem
laboral. (LT Artigo 190, 193)

2.5.2.Arbitragem obrigatória

Quando no conflito colectivo esteja envolvida uma empresa pública ou um empregador cuja
actividade se destine à satisfação de necessidades essenciais da sociedade, a arbitragem pode
ser tornada obrigatória, por decisão da Comissão de Mediação e Arbitragem Laboral, ouvido
o Ministro de tutela. Consideram-se actividades destinadas à satisfação das necessidades
essenciais da sociedade, nomeadamente, as constantes do n.º 5 do artigo 205 da presente lei.

O processo de arbitragem obrigatória segue, com as necessárias adaptações, o regime dos


artigos 191 e seguintes da presente lei.

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O de Processo de arbitragem a s partes podem submeter à arbitragem a matéria controvertida,
se o conflito não for resolvido durante a mediação. Se apenas uma das partes submeter à
arbitragem a matéria controvertida, a outra parte tem de aceitar submeter-se a esse meio de
resolução extrajudicial do conflito.

Nos cinco dias subsequentes à solicitação da arbitragem, o órgão de conciliação, mediação e


arbitragem nomeia o árbitro, que será presidente nos casos de arbitragem feita por um comité
arbitral, e comunica às partes a data, hora e local da arbitragem. Nos casos de arbitragem
realizada por comité arbitral, o órgão de mediação e arbitragem notifica as partes em conflito
para, no prazo de 3 dias, cada uma nomear o árbitro de sua escolha.
O árbitro ou o comité arbitral deve conduzir o processo de arbitragem conforme julgar
conveniente para resolver o conflito de forma justa e célere, devendo tomar em consideração
o mérito do mesmo e as formalidades mínimas exigíveis. Sob o poder discricionário do
árbitro, na determinação dos procedimentos apropriados, qualquer das partes em conflito pode
produzir provas, arrolar testemunhas, formular perguntas e apresentar o respectivo argumento.
As partes em litígio podem fazer-se representar pelo organismo sindical, associação de
empregadores ou por mandatários.
O árbitro ou o comité arbitral deve proferir a decisão arbitral, por escrito, com a respectiva
fundamentação, no prazo de 30 dias a contar do último dia da audiência das partes. O árbitro
ou o comité arbitral enviará cópia da decisão arbitral a cada uma das partes, bem como ao
órgão de conciliação, mediação e arbitragem local e ao órgão local competente da
administração do trabalho, para efeitos de depósito, nos quinze dias subsequentes à tomada da
decisão.
O árbitro ou o comité arbitral pode, oficiosamente ou a pedido das partes, corrigir qualquer
erro material contido na decisão proferida. (LT Art 189, 191)

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Conclusão

Chegando ao fim do trabalho foi possíveis perceber que Arbitragem Laboral é instância
jurisdicional praticada em função de regime contratualmente estabelecido, para dirimir
controvérsias entre pessoas de direito privado e/ou público, com procedimentos próprios e
força executória perante tribunais estatais. E Realizando uma análise dos conceitos
apresentados, é possível a identificação, num primeiro momento, de alguns elementos
fundamentais para uma definição do instituto da arbitragem: um litígio ou controvérsia; um
terceiro, árbitro, que, escolhido pelas partes contratantes, ou por quem elas indicarem, irá
solucionar a questão; o exercício pelo terceiro dos poderes jurisdicionais oriundos da
manifesta vontade das partes

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Bibliografia

BANDEIRA, Susana Figueiredo (2002). A mediação como meio privilegiado de resolução de


litígios.

BANDEIRA, Susana Figueiredo (2002). “A mediação como meio privilegiado de resolução


de litígios”, ob. cit.,

COELHO, E. P. (2010). Introdução a metodologia das ciências sociais . Lisboa: Edições


sílaba

CAJUEIRO, R.L.P. (2013) Manual para Elaboração de Trabalhos Académicos Guia prático
do estudante. Rio de Janeiro: Editora Texto Integral.
MARTINEZ, Pedro Romano (2013). Direito do Trabalho, ob. cit.,

MARTINEZ, Pedro Romano (2011). Soluções Alternativas de Resolução de Conflitos, em


especial a Arbitragem.

SORTANE, Herculano Azevedo. (2014) Arbitragem Laboral: Caso da Empresa Florestas


do Niassa LTDA-FDN, No Ordenamento Jurídico Moçambicano. SGECOF. Lichinga, Agosto

Legislação

REPUBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto Lei no 23/2007 de 1 de Agosto.

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