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Revista de Psiquiatria Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa

Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção:


desafios na transição dos Serviços de Saúde Mental da
adolescência para a idade adulta
Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder: challenges in the transition from Child and Adoles-
cent to Adult Mental Health Services
Diogo Ferreira 1 * , Rita Rapazote 2 *
Revisão

Sumário
Objectivo: Apresentar uma revisão dos conhecimentos actuais sobre a Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção
(PHDA), com particular enfoque na continuidade de cuidados de saúde mental na transição da adolescência para a idade adulta.
Metodologia: Foi efectuada uma pesquisa da literatura até Janeiro de 2014, através da base de dados MEDLINE/PubMed e foram
também consultados livros relevantes para o tema em estudo. Utilizou-se como palavras-chave: PHDA; Adulto; Transição; Serviços
de Saúde Mental. A escolha das referências bibliográficas foi realizada com base na sua adequação ao tema. Resultados: A PHDA
afecta 4-8% das crianças e adolescentes e condiciona um importante impacto em todas as áreas do seu funcionamento. O
diagnóstico e intervenção precoces diminuem a probabilidade de comorbilidades psiquiátricas e de défices funcionais e
ocupacionais no futuro. Cerca de 65% das crianças e adolescentes com PHDA têm sintomas clinicamente relevantes aos 25 anos,
mas apenas uma pequena proporção mantém acompanhamento. A taxa de tratamento diminui de forma importante da infância
para a idade adulta, ainda que persistam défices no funcionamento dos doentes. A continuidade da prestação de cuidados é
condicionada por uma multiplicidade de factores, relacionados com os serviços de saúde, os técnicos de saúde, os doentes e as
suas famílias. A falta de preparação para lidar com a PHDA no adulto, resulta frequentemente em erro/sub-diagnóstico.
Discussão/Conclusões: Embora existam recomendações para a transição de cuidados da idade pediátrica para a adulta, estas não
têm sido implementadas de forma rotineira. O planeamento cuidado dessa transição tem um papel fundamental na continuidade
e adesão ao tratamento, prevenindo impacto negativo no funcionamento social, académico e ocupacional dos doentes.

Abstract
Objective: To present an up to date review on Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder (ADHD), focusing on the transition from
Child and Adolescent to Adult Mental Health Services. Methods: A review of the literature was conducted through a search on
MEDLINE/PubMed according to the following keywords: ADHD; Adult; Transition; Mental Health Services. Relevant textbooks were
consulted and referenced when appropriate. Results: An estimated 4-8% of children and adolescents have ADHD, a disorder that
greatly impacts all areas of functioning. Early diagnosis and treatment diminish the occurrence of comorbidity and future func-
tional and occupational deficits. Around 65% of all children and adolescents diagnosed with ADHD still meet the diagnostic crite-
ria at 25 years of age, although only a small proportion is actually followed-up. The treatment rate decreases from childhood to
adulthood, despite the persisting deficits this disorder encompasses. The continued provision of care throughout the course of
the illness depends on several factors such as healthcare services, healthcare staff, the patients and their families. Psychiatrists’
lack of preparation to manage adult patients with ADHD often results in under/misdiagnosis. Discussion: Despite the existing
guidelines for the transition process from child and adolescent to adult mental health services, these have not been implemented
routinely. Careful planning of such transition is pivotal for the continuity of treatment and, consequently, for the prevention of the
negative impact ADHD has on social, academic and occupational functioning.

1Médico Interno de Psiquiatria, Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental, Hospital de Santa Maria, CHLN
2Médica Interna de Pedopsiquiatria, Área de Pedopsiquiatria, Hospital Dona Estefânia, CHLC
* Ambos os autores contribuíram igualmente para a realização do artigo.
Contacto para correspondência: diogodgferreira@gmail.com

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Ferreira, D., Rapazote, R. P H D A : desafios na transição dos SSM da adolescência para a idade adulta

Introdução Foi efectuada uma pesquisa da literatura, através


da base de dados MEDLINE/PubMed, tendo
A Perturbação de Hiperactividade e Défice de
sido seleccionados 19 artigos, publicados entre
Atenção (PHDA) é uma das perturbações
2004 e 2013. Utilizou-se como palavras-chave:
pediátricas mais estudadas, e um dos principais
PHDA; Adulto; Transição; Serviços de Saúde
motivos de procura dos Serviços de Saúde
Mental. Foram também consultadas outras
Mental da Infância e Adolescência (SSMIA).
publicações relevantes para o tema em estudo. A
Caracteriza-se por um padrão persistente de
escolha das referências bibliográficas foi
hiperactividade, impulsividade e desatenção, em
realizada com base na sua adequação ao tema.
níveis elevados, não adaptativos e inconsistentes
com a fase do desenvolvimento. Estima-se que
afecte 4-8% das crianças em idade escolar e é 3-5
Resultados
vezes mais comum no sexo masculino. A
prevalência de PHDA na população adulta é 3- Evolução do conceito de PHDA
4%, esbatendo-se as diferenças entre géneros. (1) Embora nos últimos 200 anos inúmeros autores
Inicialmente considerada uma perturbação tenham descrito crianças com a típica tríade
exclusiva da infância e adolescência, a PHDA no sintomática, o conceito actual desta perturbação é
adulto foi sempre um tema controverso. No relativamente recente. (4) A conceptualização da
entanto, estudos longitudinais a longo prazo PHDA enquanto perturbação do comportamento
foram contrariando esta ideia, revelando que em (ao invés de lesão cerebral decorrente de
mais de metade dos casos a perturbação persiste traumatismo ou encefalite) data da década de
ao longo da vida. O reconhecimento da PHDA 1960. A 2ª edição do Manual de Diagnóstico e
como uma perturbação psiquiátrica do adulto é Estatística das Doenças Mentais (DSM,
relativamente recente, pelo que frequentemente Associação Americana de Psiquiatria, APA)
esta não é devidamente diagnosticada ou tratada, incluiu pela primeira vez o conceito de
como comprova o enorme declínio do tratamento hiperactividade na nomenclatura diagnóstica
após a adolescência. (1)(2) Estima-se que aos 25 oficial, em 1968. Foi denominada "Reacção
anos 15% continue a cumprir critérios para a Hipercinética da Infância" e caracterizada por
perturbação e que 65% mantenha sintomas sintomas de hiperactividade, irrequietude,
clinicamente relevantes (PHDA ou PHDA em distractibilidade e dificuldade na focalização da
remissão parcial). (1) Destes, apenas uma minoria atenção. Era descrita como ocorrendo
mantém acompanhamento em serviços de saúde especialmente em crianças e diminuindo na
mental. Adultos com PHDA não tratada adolescência. A 3ª edição do DSM, publicada em
apresentam mais frequentemente comorbilidades 1980, oficializou a maior alteração conceptual
psiquiátricas e défices importantes no desta perturbação: o reconhecimento da
funcionamento interpessoal, académico, laboral e desatenção e da impulsividade como sintomas
socioeconómico. (1-3) Assim, torna-se relevante centrais, e a subsequente mudança de
rever os conhecimentos actuais sobre a PHDA, denominação para "Perturbação de Défice de
com particular enfoque na continuidade de Atenção, com ou sem Hiperactividade". A
cuidados de saúde mental na transição para a denominação actual, "Perturbação de
idade adulta. Hiperactividade e Défice de Atenção" foi
adoptada em 1987 com a revisão do manual. Em
1992, a Classificação Internacional de Doenças –
Materiais e Métodos
CID-10 (Organização Mundial de Saúde)

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manteve a nomenclatura do DSM-II de demonstram desejo de recompensa imediata ou


“Perturbação Hipercinética”. Esta edição da CID, dificuldade em adiar a gratificação. Estes
ainda actualmente em vigor, contém critérios de comportamentos podem manifestar-se por
diagnóstico sobreponíveis, embora um pouco intrusividade social (por exemplo, interromper
mais exigentes do que os do DSM. Foi na 4ª excessivamente os outros) ou por decisões
edição do DSM, em 1994, que foram definidos os precipitadas sem ponderação das consequências
três subtipos actuais, e que foi reconhecido que a a longo prazo (como aceitar um emprego sem se
PHDA não ocorria exclusivamente em idade informar adequadamente). (1)(7)(8) Importa
pediátrica, mas que se tratava de uma salientar que estes sintomas podem variar
perturbação crónica, muitas vezes persistindo até consoante as características do contexto. Os sinais
à idade adulta. (5)(6) A 5ª e mais recente edição da perturbação podem ser mínimos ou ausentes,
do manual, publicada em 2013, actualizou a por exemplo quando o indivíduo é
definição de PHDA de forma a melhor recompensado por comportamentos adequados,
caracterizar a perturbação nas diferentes fases do quando é supervisionado, quando está numa
desenvolvimento. A existência de critérios situação nova, quando está envolvido numa
adaptados à idade adulta oferece maior actividade particularmente interessante, quando
orientação diagnóstica e pretende contribuir para existem estímulos externos consistentes ou em
a continuidade de cuidados das crianças e relação dual, como é o caso da consulta. (7)
adolescentes com PHDA. (7) Na maioria dos casos, os sintomas de PHDA são
identificados nos primeiros anos de escolaridade,
PHDA - da infância à idade adulta embora os cuidadores descrevam alguns
comportamentos desde idades muito precoces. A
A PHDA é caracterizada por um padrão
perturbação é relativamente estável até à
persistente de défice de atenção e/ou
adolescência, conquanto nalguns casos o quadro
hiperactividade e impulsividade, que interfere no
clínico se agrave, com o desenvolvimento de
funcionamento e no desenvolvimento, e que
comportamentos anti-sociais. Os sintomas de
ocorre em mais do que um contexto.
hiperactividade tendem a diminuir na
Tipicamente, os sintomas centrais da PHDA
adolescência e idade adulta, persistindo as
surgem na infância, embora nem sempre sejam
dificuldades de atenção, de planeamento e
vistos como um problema, dependendo de
execução de tarefas, inquietação e impulsividade.
factores culturais e da tolerância dos adultos
(1)(2)(7) Os estudos têm mostrado de forma
cuidadores. A desatenção manifesta-se por,
consistente que a gravidade do quadro clínico na
dificuldade na focalização e manutenção da
infância e adolescência, história familiar de
atenção, falta de persistência e dificuldade no
PHDA, comorbilidades psiquiátricas e sintomas
planeamento de tarefas, que não se devem a
combinados (hiperactividade/impulsividade e
comportamentos de desafio ou a dificuldades de
desatenção) são preditores da persistência da
compreensão. A hiperactividade corresponde a
perturbação na idade adulta. (9)(10) As
actividade motora excessiva (num contexto em
consequências da PHDA no adulto incluem
que tal não é adequado), irrequietude ou dificuldades laborais e financeiras,
loquacidade. No adulto, pode manifestar-se problemas interpessoais e comorbilidades
como inquietação extrema ou como sendo o psiquiátricas (salientam-se as Perturbações
indivíduo “esgotante” para os demais. A de Ansiedade, do Humor e do
impulsividade manifesta-se por acções Comportamento). (1)(2)(11)(12) Adultos com
irreflectidas, potencialmente perigosas, e que PHDA não tratada têm um risco aumentado

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de abuso de substâncias e estão mais tabagismo materno, consumo de álcool ou


frequentemente envolvidos em situações de de heroína durante a gravidez, muito baixo
risco e delinquência. (1-4, 9-13) Estes dados peso ao nascer, hipóxia fetal, lesão cerebral,
salientam a importância do diagnóstico e exposição a tóxicos (como o chumbo) e
intervenção precoces da PHDA e de défice de zinco. (1)(2) Estes factores não
comorbilidades associadas, bem como da actuam isoladamente, mas sim interagindo
continuidade na prestação de cuidados de com outros elementos de vulnerabilidade
saúde mental. biológica. O papel dos factores dietéticos
Etiologia tem sido alvo de atenção, embora não exista
evidência robusta da sua influência na
A PHDA parece ter uma origem
PHDA. Parece haver alguma relação entre os
multifactorial, resultando da interacção de
sintomas de hiperactividade e os aditivos
múltiplos factores genéticos, biológicos e
alimentares, corantes, conservantes e défice
psicossociais. Existe uma componente
de ácidos gordos polinsaturados ómega-3,
genética muito importante, sendo a
embora apenas se observem os seus efeitos
hereditariedade de 0.7-0.8. Embora cerca de
numa pequena proporção das crianças.
75% da variabilidade fenotípica esteja
associada a factores genéticos, não foi até à A PHDA está também associada a
data identificado nenhum gene com efeito experiências adversas precoces graves como
significativo. Foram sim identificadas a privação afectiva, com compromisso do
inúmeras variantes com reduzido efeito, desenvolvimento cognitivo e da regulação
responsáveis pelo aumento modesto da emocional. A disfunção e conflito familiar é
susceptibilidade à perturbação. (1)(2) mais frequente em famílias de crianças e
adolescentes com PHDA, e o estilo parental
Estudos de neuroimagem de indivíduos
autoritário é factor de risco para
com PHDA identificaram várias alterações,
Perturbação de Oposição e Desafio e do
estruturais e funcionais. Estruturalmente, o
Comportamento. Por outro lado, a
volume cerebral total parece estar
hostilidade e criticismo parental diminuem
diminuído, com menor espessura da região
com o tratamento das crianças com
cortical pré-frontal. Funcionalmente,
psicoestimulantes, o que salienta a
verificam-se alterações na conectividade
interacção complexa e multidireccional
fronto-estriada, fronto-parietal, fronto-
destes factores. (1)
cerebelosa e parieto-occipital, e ainda no
córtex do cíngulo. Parece existir também
disfunção das vias dopaminérgicas Diagnóstico e Tratamento
(envolvidas na atenção, funções executivas, Não existe nenhum marcador biológico
motivação e recompensa) e das vias para o diagnóstico de PHDA. Crianças com
noradrenérgicas, onde actuam os esta perturbação apresentam mais ondas
psicoestimulantes, fármacos de primeira lentas no electroencefalograma, volume
linha no tratamento da PHDA. (1)(2)(12) cerebral total inferior na Ressonância
Achados recentes vieram salientar a Magnética Crânio-encefálica, e um atraso na
importância da plasticidade neuronal como maturação cortical póstero-anterior, mas
factor subjacente às alterações estruturais e estes achados não são diagnósticos. (7) O
funcionais associadas à PHDA. (14) diagnóstico da PHDA é fundamentalmente
Inúmeros factores biológicos que afectam clínico e apoiado em critérios operacionais
o desenvolvimento cerebral perinatal de sistemas de classificação, sendo o DSM e
aumentam o risco de PHDA. Estes incluem o a CID os mais utilizados. (1)(4)

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O DSM-5 divide os sintomas em dois áreas em que há maiores dificuldades e


grupos: desatenção e hiperactividade- permitem uma intervenção psicoeducacional
impulsividade. Dos 9 critérios de cada mais individualizada. É fundamental
grupo, 6 têm de estar presentes nas realizar uma avaliação médica que exclua
crianças e adolescentes, e 5 nos doenças cujos sintomas mimetizem um
adolescentes e adultos com mais de 17 quadro clínico de PHDA, como problemas
anos. Os sintomas têm ainda de ter tido auditivos, epilepsia, patologia tiroideia ou
início antes dos 12 anos, têm de ser anemia ferropénica. Podem também
crónicos (com pelo menos 6 meses de coexistir out ras doenças f ísicas,
duração), não adaptativos, têm de causar neurológicas ou do desenvolvimento que
impacto negativo no funcionamento social e requeiram particularidades na abordagem.
académico/ocupacional e têm de ser (1)
inconsistentes com o nível de O tratamento da PHDA está sempre
desenvolvimento. São definidos três indicado e inclui duas modalidades:
subtipos de PHDA, consoante sejam intervenção psicológica e
cumpridos critérios de desatenção, psicofarmacológica. As intervenções
hiperactividade-impulsividade ou uma psicológicas incluem psicoeducação, terapia
combinação de ambos. Existe ainda um comportamental, cognitivo-comportamental,
especificador de remissão parcial, útil para intervenções em contexto escolar, treino de
alguns casos na transição para a idade competências sociais, terapia familiar ou
adulta, e um especificador de gravidade treino de competências parentais, e a
actual. Em relação à edição anterior, esta escolha deve basear-se nas características
recente versão do manual contém duas individuais e sociofamiliares de cada caso.
alterações fundamentais para o diagnóstico Os fármacos formalmente aprovados para o
da PHDA no adulto: a diminuição do limiar tratamento da PHDA e disponíveis em
diagnóstico (necessários menos critérios e Portugal são o Metilfenidato (1ª linha, e o
alargamento da idade de início) e a inclusão fármaco mais eficaz no tratamento) e a
de sintomas adaptados a cada uma das Atomoxetina (menos eficaz, mas com menor
faixas etárias. (7) A CID-10 descreve os potencial de abuso). Nas crianças e
mesmos sintomas como fazendo parte do adolescentes, está preconizada a
grupo de Perturbações Hipercinéticas da intervenção multimodal. De forma
infância, e a desatenção, hiperactividade e semelhante, nos adultos está também
impulsividade têm de estar presentes. recomendada a combinação de intervenção
Assim, corresponde apenas ao subtipo psicofarmacológica e psicoterapêutica.
“Combinado” do DSM-5, que contém Relativamente à primeira, apesar de só
critérios diagnósticos e de exclusão mais existirem estudos que comprovam a sua
restritivos e contempla apenas a idade eficácia a curto prazo, parece existir
pediátrica. (8) consenso no sentido da necessidade da
O diagnóstico é feito, naturalmente, após manutenção de farmacoterapia durante
a colheita de uma história clínica detalhada, períodos mais prolongados (1 a 2 anos),
desejavelmente com fontes de informação de seguidos de intervalo para reavaliação,
diferentes contextos, podendo ser útil o uso sendo a dose recomendada em geral
de escalas de avaliação padronizadas. superior à das crianças e adolescentes. Para
Quando existem problemas de além destes fármacos existem ainda outras
aprendizagem, a avaliação psicológica opções, com menor evidência de eficácia,
fornece dados mais detalhados sobre as como o bupropiom, modafinil e

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antidepressivos com acção noradrenérgica, tem repercussões graves tais como o


utilizados em regime off-label. No que agravamento do estado clínico, problemas
concerne à intervenção psicoterapêutica, a sociais, judiciais, e o subsequente aumento
que tem maior evidência é a Terapia dos gastos em cuidados saúde. (16)
Cognitivo-Comportamental, não apenas O processo de transição pode ser
para a PHDA, mas também para algumas dificultado por vários factores,
comorbilidades associadas. (1)(2)(4)(12) nomeadamente: as características da
própria patologia, que condiciona um maior
Transição de Pedopsiquiatria para grau de dificuldade na organização,
Psiquiatria de Adultos planeamento e gestão de actividades de vida
diária; as mudanças de papéis vivenciadas
A robustez do diagnóstico de PHDA na
pelos doentes e família nesta fase da vida; o
infância e adolescência deriva de uma base
cepticismo dos psiquiatras em relação ao
de evidência claramente estabelecida,
diagnóstico, e a reduzida experiência clínica
existindo, como exposto acima, critérios
dos SSMA na gestão de doentes com PHDA;
diagnósticos bem definidos, com
os diferentes modelos conceptuais de
subsequentes recomendações terapêuticas.
abordagem entre os SSMIA e SSMA; a
De uma forma geral, a prestação de
ausência de serviços de transição; o
cuidados a doentes com diagnóstico de
abandono voluntário por parte dos doentes;
PHDA é garantida pelos Serviços de Saúde
a existência de serviços excessivamente
Mental da Infância e Adolescência (SSMIA),
complexos, com limites mal definidos e
sob a tutela de um pedopsiquiatra,
protocolos de intervenção díspares; o hiato
permitindo o acompanhamento até aos 18
entre a política do serviço e a prática do
anos de idade. A transição de doentes entre
mesmo. (15) (16)
os SSMIA e subsequentes cuidados em
Serviços de Saúde Mental de Adultos (SSMA)
constitui-se como um desafio relevante. A Perspectiva dos Doentes e Familiares
sua abordagem implica a adopção de Outra área de interesse no que concerne
medidas que permitam uma transição à transição entre serviços, foi abordada por
estruturada, de acordo com um plano Soanes et al., e refere-se às atitudes dos
predefinido bem estabelecido, evitando uma jovens aquando da transição. Foram
perda de continuidade. identificadas, num estudo qualitativo de
De acordo com a evidência existente, reduzidas dimensões, algumas temáticas
uma adequada fase de transição entre recorrentes como a familiaridade e conforto
serviços de saúde mental em doentes com na relação com o médico, a preocupação
PHDA poder-se-á traduzir numa redução do com a formalidade excessiva dos SSMA, a
risco de descontinuação da terapêutica e necessidade de uma transição gradual com
seguimento, com consequente melhoria do preparação adequada, a necessidade de
prognóstico. (15)(16) flexibilidade e, por último, a preocupação
Não obstante, um número significativo de relativamente ao apoio disponibilizado pelos
doentes não prossegue o acompanhamento SSMA. (18) Num trabalho subsequente,
a nível dos SSMA. De acordo com um estudo Swift et al. identificaram quatro áreas de
recente, cerca de 73% dos doentes com interesse no que concerne ao período de
PHDA que têm indicação para referenciação transição, destacadas pelos doentes e
para SSMA acabam por perder o contacto familiares: qualidade do clínico e da relação
com os serviços de saúde. (17) Este facto médico-doente, responsabilidades na

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transição de cuidados, gravidade do quadro intervenção clínica. (20) Este facto vem
clínico e expectativas em relação aos SSMA. salientar a importância do fornecimento de
Relativamente à qualidade do médico e informação adequada e precisa, aos
relação médico-doente verificou-se, como elementos envolvidos no processo de
esperado, que uma relação de confiança em transição. (16)
que o médico é percepcionado como estando
envolvido no processo, por vezes até para
Perspectiva dos Profissionais de Saúde
além do expectável, está associada a maior
Mental
sucesso na transição. A responsabilidade na
transição de cuidados está, na perspectiva Hall et al. conduziram um estudo que
dos doentes e familiares, centrada permitiu elucidar algumas das dificuldades
principalmente no médico. No entanto, sentidas pelos profissionais de saúde mental
existem outros elementos responsáveis por envolvidos no processo de transição. Parece
uma transição bem sucedida. A família pode haver concordância entre técnicos dos
ter um papel importante na transição dado SSMIA e SSMA quanto à falta de clareza do
que, devido às características desta processo, sendo que em vários casos não
patologia, uma importante parte dos existe um protocolo definido. Enquanto a
doentes poderá ter dificuldade na adesão ao totalidade dos pedopsiquiatras considera
projecto terapêutico. Não obstante, existe que deve existir seguimento continuado a
evidência contraditória no que respeita ao nível dos SSMA para doentes com PHDA, o
consentimento dos jovens relativamente ao mesmo consenso não se verifica entre
envolvimento da família no seu psiquiatras. No mesmo sentido, parece
acompanhamento. (19)(20) Quanto à haver maior consciência do problema por
gravidade do quadro clínico, alguns doentes parte dos SSMIA. De acordo com mesmo
e familiares referiram que os critérios de estudo, a maioria dos psiquiatras admite
admissão aos SSMA por vezes excluem não possuir competências ou conhecimentos
doentes com PHDA sem comorbilidade. (20) específicos que permitam o seguimento
Com efeito, parece haver evidência que adequado de doentes com PHDA. Estes
indivíduos com história de doença mental referem que a existência de centros
mais grave, ou que estejam sob terapêutica especializados nesta patologia no adulto,
farmacológica têm maior probabilidade de aos quais fosse possível recorrer em caso de
ser admitidos nos SSMA, relativamente a dificuldade na gestão de caso, poderia
indiv íd u os c om p er t ur b aç õe s do facilitar a aceitação de doentes nos SSMA.
neurodesenvolviment o, pertur bações Adicionalmente, parece existir alguma
afectivas ou perturbação de personalidade. dificuldade na abordagem e envolvimento
(19)(20) De forma semelhante, Blasco- das famílias no processo terapêutico, prática
Fontecilla et al. identificaram que doentes mais comum a nível dos SSMIA. (22)
com comorbilidade psiquiátrica, medicados, Um dos aspectos que condicionam a
do sexo feminino e diagnosticados em idade aceitação de doentes transferidos dos SSMIA
mais avançada têm maior probabilidade de para SSMA é a definição de adequados
transitar para os SSMA. (21) critérios de referenciação. Tendencialmente,
Por último, os doentes e familiares ambos os grupos de profissionais de saúde
evidenciam por vezes expectativas pouco concordam com a idade como sendo o factor
realistas relativamente aos cuidados mais determinante. Aspectos como a
prestados pelos SSMA, nomeadamente no gravidade da doença, disponibilidade do
que respeita à participação da família na serviço de destino, existência de dificuldades

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de aprendizagem, necessidade de suporte mais  Adultos com PHDA não diagnosticada


abrangente, presença de comorbilidade, durante a infância
avaliação caso-a-caso, avaliação baseada em lista
(1)
de problemas e referenciação de todos os casos
foram referidos como critérios válidos. Por outro
De acordo com o referido, o NICE recomenda:
lado, os SSMA referem como critérios de
aceitação de doentes, factores como admitir  Serviço de Monitorização de Terapêutica:
qualquer referência dos SSMIA ou Cuidados de equipa multidisciplinar (psiquiatra, médico de
Saúde Primários, combinação de idade com família, enfermeiro), com papéis diferenciais
comorbilidade ou dificuldade de aprendizagem, na abordagem ao doente.
ou predisposição para comportamento violento.
Apesar da existência de vários aspectos em  Abordagem Psicológica: intervenção dirigida à
comum, uma das principais justificações PHDA, que pode incluir, entre outras
oferecidas pelos SSMA para o insucesso na vertentes, psicoeducação, treino de
transição foi o incumprimento de critérios de competências, tratamento de comorbilidades,
aceitação, seguido de incumprimento por parte coaching.
dos doentes. (22)
 Serviço de Diagnóstico: disponível para todos
Modelos de Transição os elementos dos 3 grupos previamente
referidos, deve garantir o correcto diagnóstico,
A transição e acompanhamento destes realizado por um psiquiatra, e subsequente
doentes deve, então, envolver uma equipa seguimento.
multidisciplinar que englobe médicos
(pedopsiquiatras, psiquiatras, médicos de (1)
família, pediatras) psicólogos, enfermeiros,
Considerando o atrás exposto, foram então
assistentes sociais, técnicos de educação e,
delineados alguns modelos de transição dos
naturalmente, o doente e a sua família. (15) (16)
SSMIA para os SSMA:
O NICE define linhas orientadoras para a
avaliação e tratamento de adultos com PHDA,  Cuidado Transicional: estabelecimento de
agregando-os em 3 grupos, cada qual com Serviços de Transição que assegurem uma
necessidades particulares: adequada continuidade de cuidados.

 Adultos tratados (diagnosticados na infância,  Serviços de Diagnóstico: vide acima.


com sintomatologia persistente)

- Estabilizados com terapêutica


farmacológica (com ou sem necessidade de Os recursos disponibilizados para efectuar a
intervenção psicoterapêutica) transição e manutenção de seguimento, podem
ser estruturados em:
- Não estabilizados, requerendo ajuste da
terapêutica farmacológica e/ou eventual  Serviços Genéricos: acompanhamento dos
intervenção psicoterapêutica doentes por psiquiatras de adultos no contexto
de equipas de saúde mental generalistas.
 Adultos (diagnosticados na infância), não
tratados  Serviço Especializado em Patologia do
Neurodesenvolvimento: centro especializado,

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com técnicos diferenciados, o que poderia individual e familiar, e uma ligação mais
permitir incorporar na avaliação outras próxima aos SSMA. A intervenção a este nível
patologias como o Autismo ou dificuldades de (SSMA) estaria reservada para casos em que a
aprendizagem. PHDA não estivesse controlada (requerendo
ajustes na terapêutica farmacológica), ou em que
(1)
fosse necessária a instituição de terapêutica de
Em suma, o NICE define 3 pontos essenciais novo, bem como em casos de comorbilidade
na transição de SSMIA para SSMA de doentes activa, com cotações mais elevadas na CGI.
com PHDA. O doente deve ser avaliado antes Doentes com dificuldades de aprendizagem
dos 18 anos, sendo definida a necessidade de deveriam ser integrados em equipas
continuação de tratamento e, em caso afirmativo, especializadas nesta área. Em conjunto, estes dois
a transição deverá ser consumada sem últimos grupos representam cerca de 36% dos
intercorrências até à maioridade. Considerar, doentes. No caso de indivíduos estabilizados, em
então, a realização de reunião entre técnicos de que de uma avaliação cuidada resultasse a
ambos os Serviços para discussão de casos, com ausência de necessidade de continuação de
posterior fornecimento de informação adequada seguimento ou de terapêutica poderiam ter alta.
ao doente acerca dos SSMA, e eventual inclusão Em qualquer circunstância, o acesso aos SSMA
de elemento(s) da família no processo de deveria estar sempre garantido, sobretudo
transição. Após a transição, deve ser efectuada tendo em conta que uma importante
proporção dos doentes abandona os serviços
avaliação geral, não apenas centrada na PHDA
e que, perante agravamento da doença, ou
mas também em comorbilidades psiquiátricas,
eventos de vida adversos, pode voltar a
aspectos sociais, ocupacionais e educacionais (1).
requerer cuidados de saúde (15).
Taylor et al. definiram um modelo de
Young et al. definiram,
cuidados de saúde que expande de certa forma o subsequentemente, um modelo que mantém
sugerido pelo NICE. Assim, foram propostas alguns elementos em comum com os
abordagens distintas, consoante a estabilidade anteriormente expostos, acrescentando
clínica do doente e gravidade da patologia. Deste alguns pontos distintos, que de seguida se
modo, doentes com PHDA bem controlada com resumem:
medicação, estabilizados, com cotação em escala
de Clinical Global Impressions (CGI) baixa,  A planificação deve ser efectuada de forma
realista, de acordo com os meios ao dispor
poderiam ser acompanhados no contexto dos
localmente (que podem variar de
Cuidados de Saúde Primários, garantido que
sobremaneira).
esteja um período de formação elementar destes
profissionais nesta área. Este grupo de doentes Os protocolos de transição devem ser
representa aproximadamente 29% dos casos. desenvolvidos por técnicos dos SSMIA e
Justificar-se-ia o apoio adicional de cuidados de SSMA, em articulação também com os
enfermagem especializados em PHDA caso Cuidados Primários de Saúde e com os
existisse alguma comorbilidade ou dificuldade doentes, por forma a garantir que vão de
na estabilização da doença a longo prazo, encontro às necessidades destes últimos.
constituindo os elementos deste este grupo Este processo pode ainda envolver técnicos
adicionais 29% dos casos estudados. Equipas de de educação e ocupacionais.
Enfermagem especializadas poderiam permitir Estes protocolos devem ser
um apoio mais diferenciado, com maior suporte disponibilizados a todas a equipas clínicas

21
Ferreira, D., Rapazote, R. P H D A : desafios na transição dos SSM da adolescência para a idade adulta

envolvidas, e devem incluir material quadro clínico com potencial surgimento de


psicoeducativo para doentes e cuidadores. comorbilidades psiquiátricas, comportamentos
 Os técnicos dos SSMIA devem estimular o de risco, problemas judiciais e aumento dos
envolvimento dos SSMA através de discussão gastos em saúde. Existem recomendações para o
e formação acerca da PHDA, dos benefícios do processo de transição dos SSMIA para os SSMA,
tratamento farmacológico e psicológico e dos que envolvem os técnicos de ambos, dos
riscos da interrupção na prestação de Cuidados de Saúde Primários, outros técnicos de
cuidados. Deve ainda ser abordado o estigma estruturas da comunidade, o doente e a sua
aquando da referenciação para os SSMA. família. Em linhas gerais, recomenda-se que a
transição comece a ser preparada antes dos 18
 Pais e cuidadores devem estar preparados para
anos, e que esteja concluída até essa idade. Deve
a uma progressiva autonomização dos
incluir reuniões entre os técnicos envolvidos no
doentes, nomeadamente no que concerne a
processo, com elaboração de um projecto
gestão da doença e do seu tratamento. Deve
terapêutico individualizado. A implementação
ser tida em conta a possibilidade de
destas recomendações é dificultada por vários
diagnóstico de PHDA familiar.
factores, entre os quais se destacam: a falta de
 Considerar intervenção psicoterapêutica comunicação entre serviços e técnicos, as
(terapia cognitivo-comportamental, individual divergências de opinião relativamente ao ónus
ou em grupo, centrada nas capacidades sociais, do seguimento, a ausência de preparação dos
relações interpessoais, resolução de problemas, SSMA para abordagem da PHDA, as diferenças
autocontrolo, entre outras) para apoio dos de procedimentos entre SSMIA e SSMA, a
jovens em transição. instabilidade que caracteriza a fase da vida dos
(16) doentes em que ocorre a transição, as
características da própria patologia e as
expectativas por vezes desajustadas dos
elementos envolvidos no processo.
Discussão e Conclusões
É importante que os profissionais de saúde
A PHDA é uma perturbação frequente,
mental estejam informados e preparados para
crónica e com impacto transversal no
esta realidade. Só assim pode garantir-se um
funcionamento. Em cerca de dois terços dos
maior envolvimento dos mesmos na preparação e
casos, os sintomas persistem até à idade adulta,
cumprimento de protocolos de transição adequados, à
mas apenas uma minoria prossegue o
semelhança do que sucede noutras patologias. A
acompanhamento nos SSMA. Esta
pesquisa realizada não identificou nenhum estudo
descontinuidade dos cuidados acarreta inúmeros conduzido em Portugal, dirigido a uma melhor
prejuízos, nomeadamente o agravamento do caracterização das dificuldades e

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