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Programa de

Prevenção do
Bullying contra
pessoas LGBTI

Manual de formação para


Formadores/as e Docentes

2.º Ciclo
2.º Ciclo

Ficha técnica

Título

Programa de Prevenção do Bullying contra pessoas LGBTI – Manual de Formação para


Formadores/as e Docentes

2.º Ciclo (5.º e 6.º anos de escolaridade)

Entidade responsável

Associação Plano i

Coordenação científica

Sofia Neves

Autoria

Marina Hintze, Luís Pinheiro, Sofia Queirós, Ana Luísa Abreu, Paula Allen e Sofia Neves

Colaboração
Inês Vieira, Rita Andrade, Joana Neiva, Lourenço Silva e Helena Rocha

Ilustração
Bealimalimão e Carlota Silva

Entidade financiadora

Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG)

março de 2020
2.º Ciclo

ÍNDICE

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 3
ENQUADRAMENTO TEÓRICO ........................................................................................... 4
1. OBJETIVOS GERAIS ....................................................................................................... 7
2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................. 7
3. CONTEXTO DA INTERVENÇÃO ..................................................................................... 8
4. ESTRUTURA DO PROGRAMA……………………………………………………………………………….……9

5. MATERIAIS ...............................................................................................................….10
5.1. Consentimento informado ................................................................................10
5.2. Folha de presenças ............................................................................................11
5.3. Ficha sociodemográfica .....................................................................................11
5.4. Ficha de diagnóstico de necessidades (pré-teste) ............................................11
5.5. Ficha de diagnóstico de resultados (pós-teste) ................................................11
5.6. Ficha de avaliação final do Programa................................................................12
6. DESCRIÇÃO DAS SESSÕES DO PROGRAMA ................................................................ 12
6.1. Sessão 0- O início d viagem ............ ………………………………………………………………13

6.2. Sessão 1- O jogo do rótulo……………………………………………………………………………16

6.3. Sessão 2- Género e Igualdade……………………………………………………………………….18

6.4. Sessão 3- Bullying I……………………………………………………………………………………….20

6.5. Sessão 4- Bullying II…………………………………………………………….………………………..22

6.6. Sessão 5- O que eu sinto…………….…………………………………………………………………26

6.7. Sessão 6- Mais sobre mim e sobre ti………………………………………………..…………..29

GLOSSÁRIO .... ……………………………………………………………………………………………………………31

GUIA DE RECURSOS DE APOIO E INFORMAÇÃO A PESSOAS LGBTI……………………..………34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………………………………..……36

ANEXOS ........................................................................................................................... 40
2.º Ciclo

INTRODUÇÃO
A Associação Plano i é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS),
fundada em 2015, no Porto, que se norteia pelo primado dos Direitos Humanos.
Procura, como plasmado nos seus Estatutos, dar respostas concretas a um amplo
conjunto de questões sociais atuais, nomeadamente as relacionadas com a
desigualdade, a discriminação, a violência, a exclusão e a pobreza, promovendo a
igualdade através da difusão de discursos e práticas de inclusão.
O presente Manual de Formação para Formadores/as e Docentes foi elaborado pela
Associação Plano i no âmbito da construção de um Programa de Prevenção do Bullying
contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexo (LGBTI), composto por 6
kits, e da sua implementação junto de jovens que frequentam o Ensino Pré-escolar, o
1.º Ciclo, o 2.º Ciclo, o 3.º Ciclo, o Ensino Secundário e o Ensino Profissional. Este
Manual, em particular, destina-se ao 2.º Ciclo e serve para sustentar a utilização do
respetivo kit. O Programa foi financiado pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de
Género (CIG) ao abrigo do apoio técnico e financeiro prestado pelo Estado às
organizações não-governamentais que defendem e protegem os direitos de pessoas
LGBTI.
Todas as evidências científicas e estatísticas apontam para o facto da complexidade
e da gravidade do bullying se intensificar quando as vítimas apresentam especial
vulnerabilidade. Esta pode estar relacionada com fatores como a idade, a etnia, a
diversidade funcional, a orientação sexual, identidade e/ou expressão de género e
características sexuais. Nos casos em que o bullying é praticado em razão da
orientação sexual, identidade e/ou expressão de género e características sexuais, as
dinâmicas e as consequências tendem a ser mais gravosas, ainda que as denúncias ou
os pedidos de apoio sejam menos comuns. Tal deve-se, em larga medida, ao estigma
associado à revelação pública quer da orientação sexual, identidade e/ou expressão de
género e características sexuais, quer à condição de serem vítimas e estarem, por isso,
em maior risco de sofrer represálias. Toda a comunidade educativa deve estar, pois,
preparada para lidar de forma adequada com um fenómeno que exige competências
específicas e intervenções céleres e eficazes.
Tendo estes e outros aspetos em consideração, o presente Manual constitui-se
como uma ferramenta educacional, alicerçada em bases teóricas empiricamente

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2.º Ciclo

sustentadas, a qual pretende promover atitudes positivas face à diversidade social e


cultural, garantindo a segurança e o bem-estar das pessoas LGTBI em contexto escolar
e prevenindo e combatendo a discriminação e a violência que lhes são
frequentemente dirigidas. O Manual segue igualmente, entre outras, as linhas
orientadoras da Estratégia Nacional para a Igualdade e a Não Discriminação, Portugal +
Igual (2018-2030)1, nomeadamente, as do Plano de Ação para o Combate à
Discriminação em razão da Orientação Sexual, Identidade e Expressão de Género, e
Características Sexuais, bem como da Estratégia Nacional de Educação para a
Cidadania2.

ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Na última década, Portugal tem vindo, de um modo cada vez mais afirmativo, a
reconhecer os direitos fundamentais das pessoas LGBTI, através da implementação de
Leis, políticas e medidas consideradas de extrema relevância para a sua proteção3. Não
só em Portugal, como também internacionalmente, são várias as estratégias
implementadas com o objetivo de diminuir o preconceito e a opressão face a estas
pessoas. Instrumentos como a Constituição da República Portuguesa e a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, só para citar alguns exemplos, são inequívocos
quanto aos princípios da igualdade e não discriminação. Contudo, as ações negativas
face às pessoas LGBTI persistem em vários contextos (e.g., família, escola, local de
trabalho, estabelecimentos públicos) (António et al., 2012; Carneiro, 2009; Carvalhosa,
Moleiro, & Sales, 2009; Gato, Leme, & Leme, 2015; Moleiro et al., 2016; Queirós, 2018)
e são manifestadas por diferentes e diversos interlocutores (e.g., docentes, colegas,
profissionais da Administração Pública central) (Fish, 2006; FRA, 2014).
O bullying contra pessoas LGBTI é uma das formas de violência que mais se
manifesta em contexto escolar, envolvendo atitudes e comportamentos agressivos

1
https://www.cig.gov.pt/wp-content/uploads/2018/07/Resol_Cons_-Ministros_61_2018.pdf
2
Cf. https://www.dge.mec.pt/estrategia-nacional-de-educacao-para-cidadania
3
Destacam-se as seguintes:
Lei n.º 9/2010 de 31 de maio, com as alterações da Lei n.º 2/2016, de 29/02, que permite o casamento
civil entre pessoas do mesmo sexo.
Lei nº 143/2015, de 08/09, que permite a adoção por casais do mesmo sexo (e a co-adoção).
Lei n.º 38/2018 de 7 de agosto e Despacho n.º 7247/2019 de 16 de agosto, que reforçam o direito à
autodeterminação da identidade de género e expressão de género e estabelecem medidas
administrativas para a implementação do mesmo.

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(e.g., verbais, físicos, sexuais), praticados e/ou sofridos por uma pessoa ou por um
grupo de pessoas com base na orientação sexual não heterossexual (Oliveira, Pereira,
Costa, & Nogueira, 2010; Pereira, & Leal, 2002) e/ou identidade/expressão de género
trans e não-binária e/ou características sexuais ou no seu pressuposto (e.g., Poteat &
Espelage, 2005). A violência ocorre por via de uma relação desigual de poder, em que
as vítimas se encontram numa posição de desvantagem face à pessoa agressora ou ao
grupo e não conseguem, geralmente, defender-se de forma eficaz (Albino & Terêncio,
2012; Haltigan & Vaillancourt, 2014). Além da existência desta relação desigual de
poder, os comportamentos de bullying apresentam um carácter sistemático e
intencional (APAV, 2011; Cuellar & Acosta, 2013; Pinheiro, 2009), e tendem a estar
associados a estereótipos sobre as relações sociais de género, já que as pessoas LGBTI
são percebidas como transgredindo as normas de género (Neves et al., 2019). Quando
algum indivíduo contraria os estereótipos expectáveis de género, surgem quase de
forma automática dúvidas relativas à sua orientação sexual e/ou identidade/expressão
de género. A violência pode ser praticada presencialmente ou com recurso às
tecnologias de informação e comunicação, denominando-se nestas situações de
cyberbullying.
Em Portugal, o Código Penal (CP) não tipifica o bullying como crime, contudo os
comportamentos de violência a ele associados configuram um crime. Desta forma, os
comportamentos de bullying são criminalizados segundo o CP, através dos seguintes
artigos:

• 143.º - crime de ofensa à integridade física simples


• 145.º ofensa à integridade física qualificada
• 181.º - crime de injúria
• 132.º, n.º 2, alínea l - homicídio qualificado
• 153.º e 154.º, por força do disposto no artigo 155º, n.º 1, alínea c - ameaça e
coação
• 158.º- sequestro
• 180.º, 181.º e 183.º, por força do disposto no artigo 184.º - difamação, injúria e
publicidade e calúnia.

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O bullying em razão da orientação sexual, identidade/expressão de género e


características sexuais também não se encontra tipificado na Lei tal qual é definido. O
CP prevê um agravamento penal para condutas tipificadas como crime, isto é, para
além da punição atribuída ao crime que foi praticado, se o mesmo for cometido por
motivos relacionados com a real ou percecionada orientação sexual e/ou
identidade/expressão de género da vítima, a pena aplicada pode ser mais gravosa.
Em Portugal, e segundo os dados do Observatório da Discriminação em função da
Orientação Sexual e Identidade de Género (ILGA, 2018), 36.8% dos/as jovens, entre os
14 e os 20 anos de idade, sentiram-se inseguros/as na escola por causa da sua
orientação sexual e 27.9% devido à sua expressão de género (ILGA, 2018). No cômputo
geral, 59% das pessoas LGBTI foram alvo de violência verbal, na maioria dos casos
presencialmente, 13% através de e-mails e 16% através das redes sociais.
De acordo com o relatório do Projeto de Educação LGBTI (2016-2018), desenvolvido
pela Rede ex aequo, (Azevedo et al., 2019) dos/as 167 professores/as inquiridos/as,
55% relataram não ter formação especifica na área, demonstrando que 2 em cada 5
profissionais de ensino consideram não ter as competências necessárias para intervir
em situações homofóbicas, lesbofóbicas, bifóbicas e transfóbicas.
As consequências do bullying contra pessoas LGBTI são devastadoras a nível
pessoal, familiar e social e podem surgir a curto, médio e longo prazos. Do ponto de
vista da saúde psicológica, física e social, os danos são significativos, afetando o
funcionamento das vítimas e causando, muitas vezes, sofrimento clinicamente
significativo. De acordo com Lereya, Copeland, Costello e Wolke (2015), o bullying tem
mais efeitos adversos na saúde mental geral para os/as jovens do que os maus-tratos
na infância.
As consequências do bullying contra pessoas LGBTI englobam sobretudo a perda de
confiança, baixa autoestima, afetação do desempenho escolar e aumento do
abandono escolar (O’Higgins-Norman, 2008; Lereya, Copeland, Costello, & Wolke,
2015). Os/As jovens LGBTI revelam níveis mais elevados de depressão, bem como um
maior risco de suicídio, na forma tentada e consumada (Lereya, Copeland, Costello, &
Wolke, 2015; Robertson & Monsen, 2001) e de automutilação (Ferreira, 2013). A
sintomatologia física é também frequente, tal como dor crónica e somatização (FRA,

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2014). A longo prazo, as vítimas podem apresentar sentimentos de culpa, ansiedade,


timidez e receio em criar relações interpessoais (Adams et al., 2004).
Também para as pessoas agressoras a prática do bullying contra pessoas LGBTI tem
implicações nefastas, podendo ser esta preditora da violência doméstica (Moon,
Hwang, & McCluskay, 2008). As características e as motivações das pessoas agressoras
podem variar, mas estão geralmente relacionadas com dimensões intra e
interpessoais, familiares e sociais.
A investigação sugere que os ambientes escolares inclusivos, onde a diversidade
social e cultural é respeitada, têm efeitos positivos em toda a comunidade,
inclusivamente no que respeita às práticas de discriminação e violência. A formação e
o envolvimento das escolas na prevenção e no combate ao bullying, em particular ao
que é praticado contra pessoas LGBTI, são fatores decisivos na proteção das vítimas
(O’Donoghue & Guerin, 2016).
A implementação de programas de prevenção e de combate ao bullying em
contexto escolar favorece, pois, a construção de uma cidadania plena. Este Programa
de Prevenção do Bullying contra pessoas LGBTI, dirigido ao 2.º Ciclo, enquadra-se
neste paradigma.

1. OBJETIVOS GERAIS
Em função da temática em análise, foram delineados objetivos gerais e específicos.
Globalmente, este Manual propõe dar resposta aos seguintes objetivos gerais:
- Consciencializar os/as alunos/as para os Direitos Humanos;

- Promover o respeito pela diversidade social e cultural;

- Prevenir o bullying em razão da orientação sexual, identidade/expressão de género e


características sexuais;

- Promover práticas e discursos positivos face às populações LGBTI;

- Capacitar os/as alunos/as para a igualdade de género.

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2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Através da implementação do presente Manual e da dinamização das atividades por
si propostas, pretende-se atingir os seguintes objetivos específicos:
- Capacitar os/as alunos/as para o conhecimento e a compreensão de conceitos
relacionados com a orientação sexual, identidade e/ou expressão de género e
características sexuais;
- Refletir sobre os mitos e as realidades relacionados com a orientação sexual e
identidade e/ou expressão de género e características sexuais;
- Promover a reflexão sobre as representações pessoais e sociais acerca das questões
LGBTI;
- Promover uma reflexão e uma análise crítica sobre atitudes que são naturalizadas em
contexto escolar e que se apresentam como preconceitos facilitadores da
discriminação contra as populações LGBTI;
- Promover uma educação para o respeito pela diversidade social e pela liberdade
individual;
- Sensibilizar e informar sobre as estruturas de apoio às vítimas.

3. CONTEXTO DA INTERVENÇÃO
A implementação do Programa de Prevenção do Bullying contra pessoas LGBTI
deverá fazer-se em meio escolar, preferencialmente em sala de aula. Se possível,
sugere-se que o espaço seja estruturado de forma a potenciar um ambiente seguro e
de interação horizontal.

O Programa deverá ser ajustado ao ano de escolaridade em que está a ser


implementado, bem como às particularidades das turmas. Deve dar-se particular
atenção à linguagem utilizada, no sentido de garantir que é compreendida e
descodificada. Os/As jovens com necessidades educativas especiais devem ser
envolvidos/as no Programa, adaptando-se o mesmo às suas características.
No decorrer da primeira sessão, dever-se-á debater e clarificar as regras e princípios
para uma cultura de respeito e de partilha (e.g., respeitar o tempo da intervenção de
cada pessoa) aquando das sessões. Para cada sessão, o/a formador/a ou docente
deverá preparar previamente os materiais a utilizar e, posteriormente, os produtos das
atividades dinamizadas ao longo do Programa deverão ser expostos (e.g., na sala de
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aula). Para a realização de algumas sessões, o espaço deverá dispor de um


computador, projetor multimédia e de um quadro de registo.

4. ESTRUTURA DO PROGRAMA
O Programa é composto por sete sessões práticas (cf. Tabela 1), que devem ter
preferencialmente uma periodicidade semanal. Cada sessão foi desenvolvida e
adaptada tendo por base as características globais da fase desenvolvimental em que
os/as jovens se encontram nos respetivos ciclos de estudos, bem como a Literatura
especializada existente sobre o tema em apreço. As sessões podem ser aplicadas em
modo parcial ou total, mediante as necessidades da turma em questão. O tempo
médio de cada uma é de 45m, sendo que as sessões 0 e 6 poderão demorar um pouco
mais, tendo em conta, entre outros aspetos (e.g., apresentação do Programa), a
aplicação do pré e do pós-teste.
A sessão zero destina-se à apresentação do Programa, do/a formador/a ou
docente, da respetiva Instituição que representa (quando assim se justificar) e dos/as
alunos/as, assim como à realização de uma chuva de ideias sobre o conceito de
bullying. Posteriormente será solicitado aos/às participantes que preencham a ficha
sociodemográfica e a ficha de diagnóstico de necessidades(pré-teste).
Por sua vez, a primeira sessão objetiva abordar a temática do insulto, através da
reflexão sobre as motivações que o sustentam, os rótulos sociais que o legitimam e o
seu reconhecimento enquanto forma de violência.
A segunda sessão tem como finalidade a abordagem dos temas Género e
Igualdade, através da reflexão e desconstrução de estereótipos e papéis sociais de
género, como construções sociais motivadoras de discriminação, preconceito e
violência.
De seguida, na terceira sessão pretende-se clarificar o conceito de bullying, através
da sua definição, das tipologias, dos impactos para a saúde e bem-estar das vítimas.
A quarta sessão destina-se à tipificação legal dos comportamentos de violência
associados ao bullying. Pretende-se igualmente, capacitar os/as alunos/as para a
identificação de recursos, estratégias de apoio e sinais de alerta como formas de
prevenção e combate ao bullying.

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A quinta sessão objetiva abordar a gestão de emoções e sentimentos,


nomeadamente a raiva. Esta sessão, pretende capacitar os/as jovens para o
desenvolvimento de estratégias de autorregulação emocional e resolução de
problemas que permitam criar mecanismos de adequação do comportamento a
contextos e situações.
Por último, a sexta sessão tem como intuito o (re)conhecimento e estimulação da
autoestima como um valor e uma competência pessoal promotora de relações
saudáveis entre pares e, consequentemente, para a resolução eficaz de conflitos. Esta
sessão contempla, ainda, o preenchimento dos inventários finais (e.g., ficha de
diagnóstico de resultados – pós-teste e ficha de avaliação final do Programa) para a
avaliação do impacto do Programa.

Tabela 1
Estrutura do Programa

Sessão 0 O início da viagem


Sessão 1 O jogo do rótulo
Sessão 2 Género e igualdade
Sessão 3 Bullying I
Sessão 4 Bullying II
Sessão 5 O que eu sinto
Sessão 6 Mais sobre mim e sobre ti

5. MATERIAIS
Para a operacionalização e implementação do Programa, foram construídos e/ou
adaptados materiais de apoio às várias sessões4.

5.1. Consentimento informado


Para a participação dos/as alunos/as no Programa terá que ser assinado o

4
Alguns destes materiais foram adaptados do Programa de Prevenção da Violência no Namoro (PPVN),
promovido pela Associação Plano i e financiado pela Câmara Municipal de Matosinhos, assim como do
Manual de Formação para Professores/as do Programa de Prevenção da Violência Interpessoal para o
1.º e 2.º ciclos, publicado pela Associação Plano i.

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consentimento informado (cf. anexo 1) por parte dos/as encarregados/as de educação.


Neste documento estão descritos os objetivos do Programa, a sua estrutura (com a
definição das temáticas a abordar em cada uma das sessões), a metodologia e os
documentos a preencher pelos/as alunos/as no decorrer da intervenção, salientando-
se que os dados recolhidos são confidenciais e serão mantidos sob anonimato,
respeitando-se todos os preceitos éticos inerentes a um processo desta natureza.
O consentimento informado deverá ser entregue ao/à docente responsável antes
do início do Programa, o/a qual o fará chegar aos/às encarregados/as de educação,
sendo posteriormente recolhido aquando da primeira sessão presencial com os/as
alunos/as. Sempre que possível, o/a docente responsável deverá convocar, antes da
sessão 0, uma reunião com os/as encarregados/as de educação e respetivos/as
alunos/as, de forma a explicar pessoalmente a todos/as em que consiste o Programa e
esclarecer eventuais dúvidas.

5.2. Folha de presenças


No início de cada sessão deverá ser solicitado que os/as alunos/as preencham a
folha de presenças (cf. anexo 2), com o seu nome e idade, para registo de assiduidade
destes/as.

5.3. Ficha sociodemográfica


Por forma a proceder-se à caracterização dos/as participantes do Programa, os/as
alunos/as deverão preencher, na sessão 0, antes da apresentação, uma ficha
sociodemográfica (cf. anexo 3). Como todos os documentos, este é anónimo e
confidencial.

5.4. Ficha de diagnóstico de necessidades (pré-teste)


A ficha de diagnóstico de necessidades (cf. anexo 4) visa aferir os conhecimentos e
crenças que os/as alunos/as têm sobre os conteúdos acerca dos quais o Programa
versa. É anónima e constituída por 21 questões de “verdadeiro e falso”, que deverão
ser lidas em voz alta pelo/a formador/a ou docente e respondidas individualmente
pelos/as alunos/as.

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2.º Ciclo

5.5. Ficha de diagnóstico de resultados (pós-teste)


A ficha de diagnóstico de resultados (cf. anexo 5) é idêntica à ficha de diagnóstico
de necessidades. Pretende avaliar, na última sessão, a eficácia da intervenção.

5.6. Ficha de avaliação final do Programa


A ficha de avaliação final do Programa (cf. anexo 6) objetiva aferir o grau de
satisfação global dos/as participantes.

6. DESCRIÇÃO DAS SESSÕES DO PROGRAMA


O presente capítulo deste Manual, destina-se à descrição das diversas sessões do
Programa, referenciando os objetivos gerais de cada sessão, estrutura, materiais e
procedimentos.

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6.1. Sessão 0 – O início da viagem

a) Apresentação do/a formador/a ou docente e dos/as


alunos/as;
b) Apresentação e explicação do Programa;
c) Avaliação das necessidades;
d) Avaliação dos conhecimentos e crenças prévios sobre os
Objetivos gerais
conteúdos a abordar ao longo do Programa;
e) Criação de um ambiente seguro promotor de uma
participação com base no respeito, tolerância e empatia e
nas relações interpessoais e sociais saudáveis;

Recolha dos consentimentos informados;


Boas-vindas aos/às alunos/as;
Apresentação do/a docente e dos/as alunos/as;
Apresentação do Programa;
Avaliação das expectativas;
Chuva de ideias sobre o conceito de bullying;
Estrutura
Negociação de regras promotoras de um ambiente seguro;
Preenchimento da folha de presenças;
Preenchimento da ficha sociodemográfica;
Preenchimento da ficha de diagnóstico de necessidades (pré-
teste);
Avaliação da sessão.
Ficha sociodemográfica (cf. anexo 3);
Folha de presenças (cf. anexo 2);
Ficha de diagnóstico de necessidades (pré-teste) (cf. anexo 4);
Materiais
Apresentação em PowerPoint;
Projetor;
Computador.

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PROCEDIMENTOS
Recolha de consentimentos informados [5 m]
Antes do início da sessão, o/a formador/a ou docente deverá recolher os
consentimentos informados, previamente entregues aos/às encarregados/as de
educação.

Apresentação, introdução ao Programa e construção de regras pelo


grupo [15 m]
A sessão iniciará com a apresentação do Programa, através da explicação e
clarificação das diversas temáticas a abordar e dos seus objetivos gerais e específicos.
O/A formador/a ou docente deverá começar por se apresentar, referindo o seu
nome e função. De seguida, o/a formador/a ou docente deverá sugerir que os/as
alunos/as se apresentem, referindo o seu nome, a sua idade, as expectativas face ao
Programa e à sua participação no mesmo (e.g., “O que imaginam que vamos conversar
e aprender ao longo das sessões?”).

Em seguida deverá ser promovida uma reflexão conjunta sobre a construção de


regras e princípios promotores de um ambiente seguro ao longo das várias sessões
com base no respeito do tempo de participação de cada um/a.

Posto isto, o/a formador/a ou docente deverá solicitar que os/as alunos/as
preencham a folha de presenças (cf. anexo 2).

Preenchimento da ficha sociodemográfica e realização de diagnóstico de


necessidades (pré-teste) [20 m]
Por fim, será solicitado o preenchimento de uma ficha sociodemográfica e uma
ficha de diagnóstico de necessidades (pré-teste), ambas de cariz anónimo, de forma a
salvaguardar a identidade dos/as jovens e a possibilitar e motivar respostas mais
próximas das suas vivências e experiências pessoais. A ficha sociodemográfica (cf.
anexo 3) e a ficha de diagnóstico de necessidades - pré-teste (cf. anexo 4) deverão ser
lidas em voz alta pelo/a formador/a ou docente facilitando o esclarecimento de
dúvidas que possam surgir. Assim, pretende-se realizar uma breve caracterização
dos/as participantes através da sua idade, sexo, nacionalidade e do/a seu/sua

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2.º Ciclo

encarregado/a de educação (e.g., idade, sexo, grau de parentesco, escolaridade,


profissão, situação atual) e uma avaliação dos conhecimentos e das crenças sobre os
conteúdos a abordar ao longo do Programa, para que posteriormente seja possível
fazer uma análise sobre o impacto/eficácia do mesmo.

Avaliação da sessão [5 m]
A sessão terminará com a avaliação da satisfação dos/as participantes (e.g., “O que
gostaram mais de fazer? O que gostaram menos?”).

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2.º Ciclo

6.2. Sessão 1 – O jogo do rótulo

a) Repensar o uso de rótulos, as motivações sociais que o


validam (e.g., “a diferença”);
Objetivos gerais
b) Refletir e capacitar os/as jovens para reconhecer o insulto
como uma forma de violência e bullying.
Preenchimento da folha de presenças;
Chuva de ideias;
Estrutura
O jogo do rótulo;
Avaliação da sessão.
Folha de presenças (cf. anexo 2);
O jogo do rótulo (cf. anexo 7);
Saco;
Materiais
Apresentação em PowerPoint;
Projetor;
Computador.

PROCEDIMENTOS
Chuva de ideias [5 m]
A sessão deverá ser iniciada com uma interação com os/as participantes, dando-
lhes as boas-vindas e explicando os conteúdos que serão abordados ao longo da
sessão. Deverá ser questionado o que se lembram da sessão anterior e que ideia global
têm sobre o que vai ser realizado com eles/as. Nesta fase, será preenchida a folha de
presenças.

O jogo do rótulo [35 m]


De seguida, o/a formador/a ou docente deverá introduzir a temática da sessão 1, o
jogo do rótulo. É solicitado que cada aluno/a pense na expressão desagradável, insulto
ou ação agressiva e a escreva de forma anónima numa folha de papel (cf. anexo 7) que
será dobrada. Posteriormente, todas folhas serão recolhidas e colocadas dentro de um
saco que deve ser agitado de forma a misturar os papéis. De seguida, o/a formador/a

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2.º Ciclo

ou docente deve retirar cada papel e debater em grande grupo o significado das
palavras escritas pelos/as jovens, o que motivou o uso daquele insulto, expressão ou
ação e o que poderia ter sido feito de outra forma.
Ainda, de forma a promover a reflexão sobre o uso do insulto sugere-se que os/as
participantes respondam às seguintes questões:

o Pensem numa expressão desagradável, insulto ou ação agressiva que tenham feito
a alguém ou que tenha sido dirigida a vocês ou a alguém na vossa presença.
o O que acham que motivou este acontecimento? O que acham que a outra pessoa
sentiu? O que é que vocês sentiram?
o Repensem agora as ações e sugiram alternativas.

Com esta atividade, objetiva-se que os/as alunos/as (re)definam e reflitam sobre o
conceito de empatia e repensem o insulto como uma forma de violência. Como auxílio
e para compilar a atividade, o/a formador/a ou docente poderá fazer uso da
apresentação em PowerPoint.

Avaliação da sessão [5 m]
Por fim, a sessão cessará com a avaliação qualitativa da satisfação dos/as
participantes (e.g., “O que gostaram mais de fazer? O que gostaram menos?”).

17
2.º Ciclo

6.3. Sessão 2 – Género e Igualdade

a) Explorar o conceito de estereótipos e papéis sociais de


género;
Objetivos gerais b) Perceber os estereótipos de género como construções
sociais motivadoras de violência de género;
c) Reconhecer o conceito de igualdade de género.
Preenchimento da folha de presenças;
Chuva de ideias;
Estrutura
Encaixotando;
Avaliação da sessão.
Folha de presenças (cf. anexo 2);
Saco;
Encaixotando-Cartões (cf. anexo 8);
Materiais 2 caixas;
Apresentação em PowerPoint;
Projetor;
Computador.

PROCEDIMENTOS
Chuva de ideias [5 m]
A sessão deverá ser iniciada com uma interação com os/as participantes, dando-
lhes as boas-vindas e explicando os conteúdos que serão abordados ao longo da
sessão. Deverá ser questionado o que se lembram da sessão anterior e que ideia global
têm sobre o que vai ser realizado com eles/as. Nesta fase, será preenchida a folha de
presenças.

Encaixotando [35 m]
Esta atividade visa a desconstrução dos estereótipos, papéis e relações sociais de
género, assim como a criação de um espaço de discussão sobre os mesmos. A
atividade deverá realizar-se com o recurso a cartões, 1 saco e 2 caixas. Os cartões

18
2.º Ciclo

deverão ser colocados no saco de forma a que os/as alunos/as os possam retirar de de
forma aleatória. As caixas deverão estar sinalizadas com as palavras “homem” e
“mulher”, respetivamente.
O/A formador/a ou docente deverá enquadrar os/as participantes sobre a
atividade: “Dentro do saco estão alguns cartões que contêm adjetivos, brinquedos,
cores, profissões, entre outras, assim como cartões em branco. Cada aluno/a deverá
retirar do saco um cartão, ler o seu conteúdo e atribuí-lo a uma das caixas: “homem”
ou “mulher”. No caso de retirar um cartão em branco, o/a aluno/a deverá dizer
alguma característica que habitualmente é atribuída mais a um determinado sexo,
escrevendo-a no cartão e colocando na caixa correspondente”.
No final da atividade, será promovida uma discussão em grande grupo sobre os
conteúdos de cada caixa, relacionando-os com o impacto dos estereótipos, papéis e
relações sociais de género no quotidiano dos/as alunos/as (e.g., violência de género) e
refletindo sobre como se pode alcançar a igualdade de género (e.g., não segmentar
brinquedos, partilhar as tarefas domésticas, promover a igualdade de oportunidades e
a liberdade de escolha).

Avaliação da sessão [5 m]
A sessão terminará com a avaliação da satisfação dos/as participantes (e.g., “O que
gostaram mais de fazer? O que gostaram menos?”).

19
2.º Ciclo

6.4. Sessão 3 – Bullying I

a) (Re)conhecer as várias tipologias de bullying;


b) Sedimentar conhecimentos acerca das dinâmicas do
bullying do ponto de vista individual e social;
Objetivos gerais c) Sensibilizar os/as jovens para a compreensão dos
impactos das várias dinâmicas de bullying para as suas
vítimas, tendo em conta o cariz multidimensional da
violência.
Preenchimento da folha de presenças;
Chuva de ideias;
Estrutura
Termómetro do bullying;
Avaliação da sessão.
Folha de presenças (cf. anexo 2);
Termómetro- Cartões (cf. anexo 9);
Materiais Apresentação em PowerPoint;
Projetor;
Computador.

PROCEDIMENTOS
Chuva de ideias [10m]
A sessão deverá ser iniciada com uma interação com os/as participantes, dando-
lhes as boas-vindas e explicando os conteúdos que serão abordados ao longo da
sessão. Nesta fase os alunos/as deverão preencher a folha de presenças.

O/A formador/a ou docente deverá promover uma chuva de ideias sobre a temática
do bullying e as suas tipologias e o impacto para a saúde e bem-estar das vítimas (e.g.,
“O que é o bullying? Que tipos de bullying conhecem? Como acham que as vítimas se
sentem? Que impactos o bullying tem para as suas vidas?”). As respostas deverão ser
escritas no quadro da sala de aula.

20
2.º Ciclo

Termómetro do bullying [30 m]


Num segundo momento, a turma deverá ser dividida em grupos de 5 a 6 membros.
Cada grupo terá 14 cartões que correspondem a situações de bullying distintas (cf.
anexo 9). Os grupos terão 10 minutos para refletir, atribuir e classificar as várias
tipologias segundo uma escala de impacto para as vítimas, ou seja, o que consideram
como sendo um tipo de bullying “menos grave” até ao “mais grave”. Cada grupo
deverá justificar as suas escolhas e eleger um/a porta-voz para as apresentar à turma.
Após todos os grupos apresentarem as suas respostas, deverá ser dinamizado um
debate sobre as escolhas e as justificações dos grupos, de forma a capacitar os/as
alunos/as para o reconhecimento e multiplicidade das várias formas de bullying,
sensibilizar e consciencializar para os impactos significativos das atitudes e dos
comportamentos de bullying para a saúde e bem-estar das vítimas,
independentemente da sua tipologia. Neste momento, será importante realçar que
não existem comportamentos de bullying “menos graves” ou “mais graves”, que todos
os comportamentos de violência são graves e que merecem a nossa atenção,
prevenção e intervenção.

Avaliação da sessão [5 m]
Por fim, a sessão cessará com a avaliação da satisfação dos/as participantes (e.g.,
“O que gostaram mais de fazer? O que gostaram menos?”).

21
2.º Ciclo

6.5. Sessão 4 – Bullying II

a) Capacitar os/as jovens para a identificação e


reconhecimento dos sinais de alerta;
b) Sensibilizar e informar sobre os recursos e os meios de
apoio disponíveis para vítimas, testemunhas, agressores/as
e famílias;
Objetivos gerais
c) Compreender os diversos impactos da violência para as
suas vítimas;
d) Alertar para o importante papel dos/as testemunhas e
capacitar a comunidade educativa para o papel de todos/as
para o combate ao fenómeno do bullying.
Preenchimento da folha de presenças;
Chuva de ideias;
Estrutura
STOP;
Avaliação da sessão.
Folha de presenças (cf. anexo 2);
Casos práticos (cf. anexo 11);
Comando (cf. anexo 11);
Materiais
Apresentação em PowerPoint;
Projetor;
Computador.

PROCEDIMENTOS
Chuva de ideias [10 m]
A sessão deverá iniciar com uma interação com os/as participantes, dando-lhes as
boas-vindas e explicando os conteúdos que serão abordados ao longo da sessão. Nesta
fase os alunos/as deverão preencher a folha de presenças.
O/A formador/a ou docente deverá motivar uma chuva de ideias sobre a sessão
anterior, de modo a verificar e relembrar com os/as jovens os conteúdos previamente
falados.

22
2.º Ciclo

STOP5 [30 m]
A atividade tem como recurso um comando de papel (ver anexo 11), que deverá ser
distribuído por cada aluno/a.
A atividade decorre através de três casos práticos, sendo que cada caso prático
deverá ser lido em voz alta pelo/a formador/a ou docente. Todos/as os/as alunos/as
deverão ouvir com a máxima atenção a história. Deverão “clicar” no botão “STOP” do
comando e dizer “STOP” nos momentos em que identifiquem comportamentos ou
situações de violência.
Assim, nos momentos de “STOP”, deverá ser estimulado o debate, com base nos
tópicos sugeridos abaixo.

Caso 1

O João tem 14 anos e está, agora, no recreio da Escola.


Habitualmente, passa os intervalos a ler ou a conversar com as
suas colegas de turmas, dado que as atividades como o futebol
não lhe suscitam interesse, levando a que, muitas vezes, seja
posto de parte pelo grupo de rapazes da turma. Algumas vezes,
acabam por gozar com ele através de comentários como “Deves
ser mariquinhas! Vai brincar com as meninas!”. Por diversas vezes
estas situações foram presenciadas por colegas da turma do João,
que observavam e riram-se do sucedido. O João sente-se
desconfortável e triste.

Tópicos para • Refletir acerca da exclusão do grupo de pares como uma


discussão forma de violência psicológica e social;
• Refletir acerca da existência de violência com base na
transgressão de papéis de género (e.g., não realização de
atividades tipicamente expectáveis).
• Capacitar para o papel das testemunhas, refletindo acerca do

5
Atividade retirada de CenterVision (Cf. https://www.centervention.com/stop-think-activty-stop-think-
remote/)

23
2.º Ciclo

riso como uma forma de banalização e legitimação da


violência.

Caso 2

A Mariana tem 13 anos e está sentada num banco, a lanchar no


recreio, no intervalo das aulas. Enquanto está a lanchar, repara
que um grupo de raparigas da sua turma lhe tira uma fotografia
sem a sua autorização. Logo a seguir, repara que foi criado um
meme com a sua fotografia (gozando com o facto de a Mariana
vestir roupas muito masculinas e ter o cabelo curto), tendo este
sido publicado no Instagram. Um grupo de pessoas da turma da
Mariana teve acesso às fotos e, rindo-se da situação,
comentaram-na e partilharam-na nas suas redes sociais.

Tópicos para • Refletir acerca do cyberbullying enquanto tipologia de


discussão violência psicológica e social.
• Refletir acerca da existência de violência com base na
expressão de género (e.g., uso de roupas “masculinas”, ter o
cabelo curto).
• Capacitar para o papel das testemunhas, refletindo acerca da
partilha de fotografias sem o consentimento das vítimas e dos
seus impactos para as mesmas.

Caso 3

O Pedro tem 14 anos e está no corredor, à porta da sala de aula,


enquanto aguarda pelo início da aula seguinte. Nesse momento,
repara que um grupo de colegas da sua turma lhe tirou um dos seus
cadernos da mochila. O grupo atira o caderno de pessoa em pessoa,
gozando com o seu conteúdo, sendo muito difícil para o Pedro
reaver o material. Apesar do seu desconforto com a situação, o

24
2.º Ciclo

Pedro acaba por rir, enquanto tenta voltar a reaver o seu caderno.
Algumas pessoas observam a situação e, rindo-se, acabam por se
juntar ao grupo; outras, como estão a conversar entre si, decidem
ignorar a situação e continuar a conversa. Alguém intervém e critica
aquele comportamento, mas o grupo de rapazes argumenta que era
apenas uma brincadeira.

Tópicos para • Refletir acerca do gozar enquanto forma de violência psicológica


discussão e social;
• Refletir acerca da existência de violência com base na
transgressão de papéis de género (e.g., não realização de
atividades tipicamente expectáveis).
• Refletir acerca do facto de muitos dos comportamentos de
bullying serem justificados apenas como “brincadeira”,
normalizando esse tipo de comportamentos.
• Refletir acerca da reação da vítima (rir), alertando para as várias
formas de estratégias de coping utilizadas.
• Capacitar para o papel das testemunhas, refletindo acerca do
riso e do ato de ignorar como formas de banalização e
legitimação da violência.
• Relativamente à testemunha 3, explorar as formas possíveis de
intervenção numa situação de violência, sublinhando o
importante papel de todos/as os/as intervenientes.

Avaliação da sessão [5 m]
A sessão cessará com a avaliação da satisfação dos/as alunos/as (e.g., “O que
gostaram mais de fazer? O que gostaram menos?”).

25
2.º Ciclo

6.6. Sessão 5 – O que eu sinto

Desenvolver estratégias de autorregulação emocional que


permitam adequar o comportamento ao contexto e situação,
Objetivos gerais
desenvolvendo a capacidade de a avaliar e basear-se nas
crenças de não-violência para agir;
Preenchimento da folha de presenças;
Chuva de ideias;
Estrutura Jogo da raiva;
Debate;
Avaliação da sessão e do programa.
Folha de presenças (cf. anexo 2);
Jogo da raiva (cf. anexo 10);
1 Cartolina de cor verde;
Materiais
1 Dado;
Canetas;
Apresentação em PowerPoint.

PROCEDIMENTOS
Chuva de ideias [10 m]
A sessão deverá iniciar com uma interação com os/as participantes, dando-lhes as
boas-vindas e explicando os conteúdos que serão abordados ao longo da sessão. Nesta
fase os alunos/as deverão preencher a folha de presenças.
O/A formador/a ou docente deverá motivar uma chuva de ideias sobre a sessão
anterior, de modo a verificar e relembrar com os/as jovens os conteúdos previamente
falados.

26
2.º Ciclo

Jogo da raiva [20 m]6


De modo a dar início ao jogo da raiva (cf. anexo 10), deverão ser escritas no quadro
ou projetadas, com recurso aos diapositivos em PowerPoint, as seguintes instruções:

1 – Uma coisa que te irrita;

2 – Uma coisa que podes fazer para te acalmares quando estás irritado/a;

3 – Uma vez em que tenhas mantido o controlo numa situação em que


estavas irritado/a;

4 – Uma situação em que foi difícil manter o controlo;

5 – Uma escolha errada que tomaste quando estavas irritado/a.

6 – Uma escolha certa que tomaste quando estavas irritado/a.


Seguidamente, é sugerido que a turma se sente em círculo, passando o dado por
cada participante, à vez. Assim, cada participante deverá lançar o dado e, a partir do
número que sair aquando do lançamento (número de 1 a 6), deverá dar resposta à
questão correspondente. Sugere-se que o dado circule no mínimo duas vezes por cada
aluno/a. Um/a deles/as deverá ficar responsável por escrever na cartolina vermelha os
melhores exemplos de cada resposta positiva (e.g., o que podem fazer para se
acalmar, uma situação em que tenham mantido o controlo e uma escolha certa que
tenham tomado quando estavam irritados/as).

Debate [10 m]
Dando-se por terminado o jogo, a discussão deverá debruçar-se sobre uma análise
às respostas registadas na cartolina, alargando-se, assim, a discussão à seguinte
questão:

o De que forma poderemos redirecionar e reconduzir a energia


negativa, transformando-a em algo útil?

6
Atividade retirada de Ferreira, M., Abreu, A. L., & Neves, S. (2019). Programa de Prevenção da
Violência no Namoro – Manual de formação para formadores/as. 7.º, 8.º e 9.º anos de escolaridade.
Porto: Associação Plano i.

27
2.º Ciclo

O resultado desta reflexão deverá ser acrescentado à cartolina verde, compilando


as sugestões recolhidas entre os/as alunos/as.

Avaliação da sessão [5 m]
Por fim, a sessão cessará com a avaliação da satisfação dos/as participantes (e.g.,
“O que gostaram mais de fazer? O que gostaram menos?”).

28
2.º Ciclo

6.7. Sessão 6 – Mais sobre mim e sobre ti

a) Explorar e compreender o conceito de autoestima;


b) (Re)conhecer e estimular a autoestima como um promotor
de relações saudáveis entre pares;
Objetivos gerais
c) Promover relações saudáveis entre pares;
d) Avaliação do impacto relativo à implementação do
Programa.
Preenchimento da folha de presenças;
Chuva de ideias;
Mais sobre mim e sobre ti;
Estrutura
Preenchimento da ficha de diagnóstico de resultados (pós-
teste) e avaliação final do Programa;
Avaliação da sessão e do Programa.
Folha de presenças (cf. anexo 2);
Folhas de papel;
Apresentação em PowerPoint;
Projetor;
Materiais
Computador;
Ficha de avaliação de resultados, pós-teste (cf. anexo 5);
Ficha de avaliação final do Programa (cf. anexo 6);
Certificado de participação (cf. anexo 12).

PROCEDIMENTOS
Chuva de ideias [5 m]
A sessão deverá iniciar com uma interação com os/as participantes, dando-lhes as
boas-vindas e explicando os conteúdos que serão abordados ao longo da sessão. Nesta
fase os alunos/as deverão preencher a folha de presenças.

O/A formador/a ou docente deverá motivar uma chuva de ideias sobre a sessão
anterior, de modo a verificar e relembrar com os/as jovens os conteúdos previamente
falados.

29
2.º Ciclo

Mais sobre mim e sobre ti [20 m]


A autoestima é uma importante competência e valor pessoal para a construção de
relações saudáveis entre pares e para a resolução de conflitos de forma eficaz. De
modo a (re)conhecer e estimular a autoestima nos/as jovens como promotora de
relações saudáveis, será pedido aos/às alunos/as que coloquem o seu nome na folha
de papel que será distribuída.
De seguida, cada folha de papel deverá ser passada por cada colega que, por sua
vez, deverá escrever, anonimamente, uma qualidade sobre a pessoa a quem pertence
a folha. As folhas de papel devem ser passados por todos/as os/as alunos/as da turma.
No final da atividade, cada folha será devolvida à pessoa a quem pertence e será
pedido que cada aluno/a leia em voz alta algumas das qualidades escritas pelos/as
colegas, refletindo em grupo o seu significado.

Despedida do Programa [5 m]
Com o objetivo de promover a despedida do Programa e a celebração do seu fim,
o/a formador/a ou docente deverá proceder à entrega dos certificados de participação
(cf. anexo 15). Para o efeito, deverá ainda ser reforçada a participação ativa dos/as
alunos/as no decorrer do Programa.

Avaliação da sessão [5 minutos]


Por fim, a sessão cessará com a avaliação da satisfação dos/as alunos/as (e.g., “O
que gostaram mais de fazer? O que gostaram menos?”).

Realização de resultados e avaliação final do Programa (pós-teste)


[15 m]
Inicialmente, será solicitado o preenchimento da ficha diagnóstico de resultados -
pós-teste (cf. anexo 5) e a ficha de avaliação final do Programa (cf. anexo 6), ambas de
cariz anónimo, de forma a salvaguardar a identidade dos/as jovens e a possibilitar e
motivar respostas mais próximas das suas vivências e experiências pessoais. A ficha
diagnóstico de resultados (pós-teste) e a ficha de avaliação final do Programa deverão
ser lidas em voz alta pelo/a formador/a ou docente facilitando o esclarecimento de
dúvidas que possam surgir. Assim, pretende-se realizar uma análise sobre o
impacto/eficácia do Programa.

30
2.º Ciclo

GLOSSÁRIO
Assexual: Diz respeito à orientação sexual e refere-se à ausência de atração sexual
e/ou ao reduzido interesse na atividade sexual.
Bissexual: Diz respeito à orientação sexual e refere-se à atração emocional e/ou sexual
por pessoas de ambos os sexos.
Bullying: pode ser traduzido como todos os comportamentos e/ou atitudes
intencionais, agressivos/as e repetidos/as desempenhados/as por uma pessoa ou
um grupo face a outra/s pessoa/s e que causam dor, sofrimento e angústia. A
violência ocorre através de uma relação desigual de poder, em que a vítima se
encontra numa posição de desvantagem face ao/à agressor/a ou ao grupo e não
consegue, geralmente, defender-se de forma eficaz (Albino & Terêncio, 2012;
Haltigan & Vaillancourt, 2014). As agressões podem ser verbais, físicas ou
relacionais (Orue & Calvete, 2018).
Bullying contra pessoas LGBTI: forma de violência, caracterizada por comportamentos
agressivos (e.g., verbais, físicos, sexuais), exercidos por uma pessoa ou por um
grupo de pessoas com base numa orientação sexual não heterossexual (Oliveira,
Pereira, Costa & Nogueira, 2010) ou numa identidade de género trans e não-
binária.
Coming out: Quando a pessoa decide assumir a sua identidade de género e/ou
orientação sexual.
Expressão de género: Série de aspetos exibidos por uma pessoa (e.g., forma de vestir,
aspeto físico ou gostos) e que são entendidos como normativos ou não normativos
em função do que é esperado social e culturalmente a partir do sexo que lhe foi
atribuído à nascença.
Género: Construção social decorrente das expectativas criadas em torno da pertença
sexual. Ou seja, ser do sexo feminino ou ser do sexo masculino parece pressupor,
do ponto de vista social, uma associação a um determinado conjunto de
características, papéis e normas pré-determinadas.
Heteronormatividade: Quando se assume que a única orientação sexual é a
heterossexual, excluindo e marginalizando outras orientações sexuais.

31
2.º Ciclo

Heterossexismo: Sistema ideológico que nega, denigre e estigmatiza qualquer forma


não heterossexual de comportamento, identidade, relacionamento ou comunidade
(Herek, 1992).
Heterossexual: Diz respeito à orientação sexual e refere-se à atração emocional e/ou
sexual por outra pessoa de sexo diferente.
Homofobia: Medo irracional, preconceito e/ou ódio em relação às pessoas
homossexuais; forma de discriminação contra pessoas homossexuais.
Homofobia internalizada: Visão negativa sobre a homossexualidade e que é
internalizada e reproduzida por gays, lésbicas e bissexuais (Souza & Pereira, 2013).
Homossexual: Diz respeito à orientação sexual e refere-se à atração emocional e/ou
sexual por outra pessoa do mesmo sexo. O termo engloba os gays e as lésbicas.
Gay: Homem que tem atração emocional e/ou sexual por outro homem.
Lésbica: Mulher que tem atração emocional e/ou sexual por outra mulher.
Identidade de género: Refere-se ao autorreconhecimento pessoal e profundo
enquanto homem ou mulher, enquanto ambos, ou enquanto trans,
independentemente do sexo atribuído à nascença. É ainda possível que não exista
identificação com nenhum género.
Orientação sexual: É uma componente da identidade que inclui a atração sexual e/ou
emocional de uma pessoa em relação a outra e os comportamentos ou a afiliação
social que podem resultar dessa atração. Corresponde a um envolvimento no plano
emocional, amoroso e/ou da atração sexual por homens, mulheres ou ambos os
sexos, ou a uma ausência desse envolvimento.
Pansexual: Diz respeito à orientação sexual e refere-se à atração emocional e/ou
sexual por todos os géneros (e.g., não binários).
Pessoas cis: Pessoas que experimentam uma congruência socialmente reconhecida
entre o sexo atribuído à nascença e a identidade de género.
Pessoas intersexo: São aquelas que nascem com características sexuais que não se
enquadram nas noções binárias tradicionais de corpo masculino ou feminino.

Pessoas não-binárias: Pessoas que não se identificam no binarismo de género


masculino/feminino.

32
2.º Ciclo

Pessoas Trans: Pessoas cujo sexo que foi atribuído à nascença não está de acordo com
a sua identidade de género.
Sexo: Atribuído na altura do nascimento, aquando da observação dos órgãos genitais
do/a bebé que transmitem uma possibilidade daquele indivíduo se tratar de um
macho ou de uma fêmea.

33
2.º Ciclo

GUIA DE RECURSOS DE APOIO E INFORMAÇÃO A PESSOAS LGBTI

AMPLOS - Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação sexual e


Identidade de género
o http://www.amplos.pt/
o amplos.bo@gmail.com

Associação ILGA Portugal


o https://ilga-portugal.pt/
o ilga-portugal@ilga.org
o Linha LGBT- 218 873 922 ou 969 239 229

Associação Plano i
o https://www.associacaoplanoi.org/

Centro Gis

o gis@associacaoplanoi.org
o Telefone de emergência 24h: 966090117

Casa Arco-Íris - Casa de Acolhimento de Emergência para Vítimas de Violência


Doméstica LGBTI
o casaarcoiris@associacaoplanoi.org

Casa Qui
o https://www.casa-qui.pt/
o geral@casa-qui.pt
o Telefone: 96 008 11 11

It gets better Portugal


o https://itgetsbetter.pt/
o geral@tudovaimelhorar.org

LGBTI Viseu
o https://lgbtiviseu.wixsite.com/

34
2.º Ciclo

o lgbtiviseu@gmail.com

OPUS Diversidades
o https://www.opusgay.org/
o geral@opusgay.org

Pride Azores
o http://prideazores.blogspot.com/
o prideazores@gmail.com

Clube Safo
o www.clubesafo.com
o clubesafo@clubesafo.com

Rede Exaequo
o https://www.rea.pt/
o geral@rea.pt

35
2.º Ciclo

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Lei nº 9/2010 (2010, maio, 31). Diário da república nº 105/2010 Série I. Assembleia da
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Lei nº 2/2016 (2016, fevereiro, 29). Diário da república nº 41/2016 Série I. Assembleia
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38
2.º Ciclo

Lei n.º 38/2018 (2018, agosto, 7). Diário da república nº 151/2018, Série I. Assembleia
da República. Retrieved from https://dre.pt/web/guest/pesquisa/-
/search/115933863/details/normal?q=lei+38%2F2018.

39
2.º Ciclo

ANEXOS
ANEXO 1: Consentimento informado

Programa de Prevenção do Bullying contra pessoas LGBTI


Consentimento informado

O Programa de Prevenção do Bullying contra pessoas LGBTI, construído pela


Associação Plano i, tem como objetivo geral promover o conhecimento dos/as
alunos/as sobre os Direitos Humanos e prevenir o bullying nas escolas. Para o efeito
serão realizadas sete sessões em contexto de sala de aula.
Na implementação do Programa serão tidas em consideração todas as
diretrizes nacionais e internacionais em matéria de proteção dos direitos dos/das
menores, salvaguardando-se o seu bem-estar e segurança.
Na primeira sessão será solicitado aos/às alunos/as o preenchimento de uma
ficha sociodemográfica para caracterização das turmas e de uma ficha de diagnóstico
de necessidades. Na última sessão, os/as alunos/as deverão preencher uma ficha de
avaliação do Programa e uma ficha de diagnóstico de resultados. Todos os
documentos são de preenchimento facultativo e os dados recolhidos são confidenciais
e serão mantidos sob anonimato, não sendo em momento algum pedido que os/as
alunos/as se identifiquem. A participação no Programa pode ser interrompida, sempre
que as partes assim o entendam.

Declaro que tomei conhecimento dos objetivos do Programa, na qualidade de aluno/a


______________________________________________________________________

(Assinatura do/a aluno/a)

Declaro que tomei conhecimento dos objetivos do Programa, na qualidade de


encarregado/a de educação
______________________________________________________________________

(Assinatura do/a encarregado/a de educação)

Declaro que me comprometo a respeitar todas as diretrizes éticas por forma a que
este Programa seja realizada em condições de segurança e respeito pelas partes
envolvidas
______________________________________________________________________

(Assinatura do/a formador/a ou docente)

___________________, _____ de ________________ de _________

40
2.º Ciclo

ANEXO 2: Folha de presenças


Programa de Prevenção do Bullying contra pessoas LGBTI
Folha de presenças
Sessão nº ___
Data:__/__/____

Turma:____ Escola:__________________________________

Nome Idade

41
2.º Ciclo

ANEXO 3: Ficha Sociodemográfica

Ficha Sociodemográfica

Sobre ti

Idade: _____

Sexo: __________________

Sobre o/a Encarregado/a de Educação

Parentesco ___________________

Idade ___

Escolaridade __________________

Profissão _____________________

Situação atual: Empregado/a __ Desempregado/a __ Reformado/a ___

42
2.º Ciclo

ANEXO 4: Ficha de diagnóstico de necessidades (pré-teste)

Idade: __
Sexo: ___

Sim Não
1. O cor-de-rosa é para as meninas e o azul é uma cor para os meninos.
2. As raparigas não sabem jogar tão bem futebol como os rapazes.
3. Se um rapaz praticar ballet vai ser gozado pelas outras pessoas.
4. Os pais e as mães devem dividir as tarefas de casa.
5. Uma criança pode ter dois pais ou duas mães.
6. Existem trabalhos específicos para homens e outros para mulheres
7. Os verdadeiros homens não choram.
8. Os rapazes podem gostar de filmes de princesas.
9. As raparigas podem brincar com carrinhos.
10. Em algumas situações, a violência pode ser usada para resolver
problemas.
11. Se sei que existe bullying na minha escola devo denunciar, mesmo
que seja amigo/a dos/as agressores/as.
12. A violência praticada online não é tão grave porque não envolve
violência física.
13. Quando alguém está a ser gozado/a no recreio e eu rio-me e/ou
ignoro, não estou a fazer nada de mal.
14. As mulheres são melhores mães do que os homens.
15. Só sofre violência e agressão quem é fraco/a e frágil
16. Quando digo não, a pessoa deve respeitar a minha resposta.
17. Quem sente medo e/ou tristeza é uma pessoa fraca.
18. Os rapazes quando se zangam são mais violentos do que as raparigas.
19. O bullying é normal entre as crianças e/ou os/as jovens.
20. Gozar é uma forma de brincadeira.

43
2.º Ciclo

ANEXO 5: Ficha de avaliação de resultados (pós-teste)


Idade: __
Sexo: ___

Sim Não
1. O cor-de-rosa é para as meninas e o azul é uma cor para os meninos.
2. As raparigas não sabem jogar tão bem futebol como os rapazes.
3. Se um rapaz praticar ballet vai ser gozado pelas outras pessoas.
4. Os pais e as mães devem dividir as tarefas de casa.
5. Uma criança pode ter dois pais ou duas mães.
6. Existem trabalhos específicos para homens e outros para mulheres
7. Os verdadeiros homens não choram.
8. Os rapazes podem gostar de filmes de princesas.
9. As raparigas podem brincar com carrinhos.
10. Em algumas situações, a violência pode ser usada para resolver
problemas.
11. Se sei que existe bullying na minha escola devo denunciar, mesmo
que seja amigo/a dos/as agressores/as.
12. A violência praticada online não é tão grave porque não envolve
violência física.
13. Quando alguém está a ser gozado/a no recreio e eu rio-me e/ou
ignoro, não estou a fazer nada de mal.
14. As mulheres são melhores mães do que os homens.
15. Só sofre violência e agressão quem é fraco/a e frágil
16. Quando digo não, a pessoa deve respeitar a minha resposta.
17. Quem sente medo e/ou tristeza é uma pessoa fraca.
18. Os rapazes quando se zangam são mais violentos do que as raparigas.
19. O bullying é normal entre as crianças e/ou os/as jovens.
20. Gozar é uma forma de brincadeira.

44
2.º Ciclo

ANEXO 6: Ficha de avaliação do Programa

Ficha de avaliação do Programa

Sexo: _____________

Coloca um X na caixa que corresponde à tua opinião sobre o Programa de Prevenção do


Bullying contra pessoas LGBTI. As respostas são anónimas.

1. Gostaste dos temas das sessões?

Não Gostei Gostei Gostei Muito

2. A informação transmitida foi importante?

Não Sim Muito Importante

3. O que mais gostei de aprender foi…

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
____________________________________________________________________
4. O que menos gostei de aprender foi…

_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Se quiseres deixar sugestões podes fazê-lo aqui:

____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Obrigada pela tua participação☺

45
2.º Ciclo

ANEXO 7: O jogo do rótulo

46
2.º Ciclo

ANEXO 8: Encaixotando- Cartões

Forte Beleza

Maquilhagem Falsidade

Sensível Agressividade

Engenharia
Professor/a

Cor de rosa Azul

Ballet Bola

Boneca Desporto

47
2.º Ciclo

Esteticista Carinho

Construção civil Empregado/a doméstica

Acessórios Carros

Videojogos
Forças armadas

Super heróis/heroínas Modelo

Ciúmes Saltos altos

Vaidade Simpatia

48
2.º Ciclo

ANEXO 9: Termómetro- Cartões

Chamar de menina Ameaçar

Bater Difamar através do Instagram

Enviar “nudes” sem autorização Discriminar

Discurso racista
Piadas homofóbicas

Isolar Aterrorizar

Diminuir por ser Atribuição de alcunhas

Ignorar Empurrar

49
2.º Ciclo

ANEXO 10: Jogo da Raiva

50
2.º Ciclo

ANEXO 11: STOP

51
2.º Ciclo

Caso 1: Diretrizes de dramatização

Vítima És o João tens 17 anos e estás, agora, no recreio da Escola.


Habitualmente, passas os intervalos a ler ou a conversar com as
tuas colegas de turmas, dado que atividades como o futebol não
te suscitam interesse, levando a que, muitas vezes, sejas posto
de parte pelo grupo de rapazes da turma. Foste abordado, agora,
pelo grupo de rapazes. Ao longo desta interação demonstras
desconforto e tristeza face aos comentários que ouviste.

Agressores/as São um grupo de 3 rapazes da turma do João. Dado que o João


não partilha dos vossos interesses (tal como jogar futebol, por
exemplo) e não conversa sobre os mesmos temas, vocês tendem
a excluir o João das vossas atividades, muitas vezes gozando com
ele. Cruzam-se, agora, com o João no intervalo da escola,
gozando com ele (através de comentários como “Deves ser
mariquinhas! Vai brincar com as meninas!”, por exemplo).

Testemunhas São um grupo de 3 pessoas da turma do João. Ao passar pelo


João e pelo grupo de colegas no intervalo, observam a situação e
riem do sucedido.

Caso 2: Diretrizes de dramatização

Vítima És a Mariana tens 16 anos e estás sentada num banco, a lanchar no


recreio, no intervalo das aulas. Enquanto estás a lanchar, reparas
que um grupo de raparigas da tua turma te tira uma fotografia sem
a tua autorização. Logo a seguir, reparas que foi criado um meme
com a tua fotografia (gozando acerca da tua roupa) tendo este sido
publicado no Instagram.

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2.º Ciclo

Agressores/as São um grupo de 4 raparigas da turma da Mariana. Durante o


intervalo, vêem a Mariana ao longe, sentada num banco, sozinha, a
lanchar. Sem a autorização da Mariana, tiram-lhe uma fotografia,
criando a partir dela um meme, que partilham logo a seguir
(gozando com o facto de a Mariana vestir roupas muito masculinas
e ter o cabelo curto) no Instagram.

Testemunhas São um grupo de 3 pessoas da turma da Mariana. No intervalo da


escola, vêem numa publicação no Instagram, feita por um grupo de
raparigas da vossa turma, com um meme onde a Mariana é gozada
devido ao facto de usar roupas masculinas e cabelo curto. Vocês
riem da situação, comentando a fotografia e partilhando-a nas
vossas redes sociais.

Caso 3: Diretrizes de dramatização

Vítima És o Pedro tens 15 anos e estás, agora, no corredor, à porta da


sala de aula, enquanto aguardas pelo início da aula seguinte.
Nesse momento, reparas que um grupo de colegas da tua turma
te tirou um dos teus cadernos da tua mochila. O grupo atira o teu
caderno de pessoa em pessoa, gozando com o seu conteúdo,
sendo muito difícil para ti reaveres o teu material. Apesar do teu
desconforto com a situação, acabas por rir, enquanto tentas
voltar a reaver o teu caderno.

Agressores/as São um grupo de 2 rapazes e 2 raparigas da turma do Pedro.


Durante a aula de Português, vocês repararam que o caderno do
Pedro era extremamente organizado e colorido e, por isso,
combinaram, durante o intervalo, tirar o caderno da mochila do
Pedro sem a sua autorização, escondendo-o. Quando estão à
porta da sala de aula, aguardando pela aula seguinte, reparam
que o Pedro se apercebeu que lhe faltava o caderno da mochila,

53
2.º Ciclo

procurando reavê-lo. Nesse momento, vocês decidem atirar o


caderno entre vocês (rindo acerca do facto de o caderno ser
muito organizado e colorido), de modo a que o Pedro não o
consiga alcançar. Quando alguém tece alguma crítica ao vosso
comportamento, vocês argumentam que era apenas uma
brincadeira.

Testemunha 1 És da turma do Pedro. Estás no corredor, à porta da sala,


aguardando pela aula seguinte. Quando assistes ao grupo de
colegas a atirar o caderno do Pedro de modo a que este não o
consiga apanhar, ris da situação e decides juntar-te ao grupo.

Testemunha 2 Vocês são duas pessoas da turma do Pedro. Estão no corredor, à


porta da sala, aguardando pela aula seguinte. Quando assistem
ao grupo de colegas a atirar o caderno do Pedro de modo a que
este não o consiga apanhar, observam a situação, ignorando-a e
continuando a conversar.

Testemunha 3 És um aluno ou aluna de outra turma. Estás no corredor, a


caminho da tua sala de aula. No corredor encontram-se outros
alunos/as, professores/as e funcionários/as. Quando assistes ao
grupo de colegas a atirar o caderno do Pedro de modo a que este
não o consiga apanhar, decides intervir.

54
2.º Ciclo

ANEXO 12: Certificado de participação

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