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Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde


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ISSN 1983-7003
Ano VIII nº 23| março de 2014

Metilfenidato no tratamento
de crianças com transtorno
de déficit de atenção e
hiperatividade
Resumo

O número de crianças e adolescentes com diagnóstico de TDAH cresceu nos


últimos anos. As estimativas de prevalência no Brasil desse transtorno variam
consideravelmente, de 0,9% a 26,8%. O tratamento é complexo e inclui inter-
venções sociais, psicológicas, comportamentais e farmacológicas. O metilfenidato
é um agente estimulante do sistema nervoso central, indicado como adjuvante a
intervenções psicológicas, educacionais e sociais no tratamento de distúrbios de
hiperatividade. O aumento do consumo do medicamento, inclusive não prescri-
to, e seu alto potencial para abuso e dependência, evidenciam a necessidade de se saúde. Devido às limitações metodo-
fornecer informação segura e promover seu uso racional e cauteloso. O objetivo lógicas dos estudos, a avaliação do efei-
deste boletim é avaliar a melhor evidência científica disponível sobre a eficácia e to do metilfenidato para TDAH deve
segurança do uso do metilfenidato, comparado a outras alternativas farmacoló- ser cautelosa. É necessário diagnosticar
gicas ou placebo no tratamento do TDAH. Assim, foi realizada uma pesquisa corretamente os pacientes e encontrar
sistematizada por ensaios clínicos randomizados (ECR) ou revisões sistemáticas um equilíbrio entre benefícios e riscos
(RS) de ECR com e sem metanálise. Avaliações de tecnologias em saúde (ATS) antes de se iniciar a administração de
também foram consultadas. Os critérios de inclusão foram placebo ou intervenção metilfenidato em crianças e adolescen-
farmacológica como comparadores, e crianças ou adolescentes como população. tes, especialmente quando o tratamen-
Foram selecionados um ECR, quatro RS e duas ATS que demonstraram eficácia to é de longo prazo.
e segurança do metilfenidato em comparação ao placebo, atomoxetina, buspi-
rona, dexanfetamina e doses ou apresentações diferentes de metilfenidato. Em Situação Clínica
geral, os estudos primários apresentaram baixa qualidade metodológica, poucas
semanas de seguimento e baixa generalização. Como esperado, o metilfenidato O transtorno de déficit de atenção
foi superior ao placebo no índice de hiperatividade detectado pelos pais e pro- com hiperatividade (TDAH),
fessores, no comportamento na execução de tarefas, na produtividade em sala de também chamado de Síndrome
aula e na precisão das atividades. Dose baixa de metilfenidato foi superior à dose Hipercinética, é uma desordem
alta na melhora do comportamento na execução de tarefas, mas não foi observada comportamental que tem origem
diferença para a produtividade em sala de aula. Os resultados não mostraram na infância. Suas características
diferença entre apresentações de longa e curta duração de metilfenidato para essenciais são sinais de impulsivi-
desatenção, hiperatividade ou impulsividade relatadas por pais ou professores. dade, hiperatividade ou inquietude
Metilfenidato melhorou a resposta ao tratamento e a taxa de abandono foi menor e desatenção inconsistentes com o
em comparação à atomoxetina. Os benefícios do metilfenidato sobre dexanfeta- nível de desenvolvimento. Embora
mina são inconclusivos. Comparado à buspirona, metilfenidato mostrou-se mais muitos indivíduos tenham sintomas
eficaz na redução dos sintomas de TDAH. Em relação à segurança, anorexia, tanto de desatenção como de hipera-
insônia, enxaqueca, dor de estômago e tonturas foram frequentemente associadas tividade-impulsividade, um ou outro
ao metilfenidato. Apesar de não avaliada, a eficácia de metilfenidato comparado padrão pode ser predominante. O
ou associado às intervenções não farmacológicas é de interesse para os serviços de transtorno é mais frequente entre

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o sexo masculino. Segundo definição desafio deliberado. Suas relações com ternativas medicamentosas ou placebo,
dos Descritores em Ciências da Saúde os adultos são geralmente marcadas por no tratamento do TDAH em crianças?
(DeCS)11, os sintomas geralmente uma ausência de inibição social, com
são atenuados no fim da adolescência, falta de cautela e reserva normais. São Epidemiologia
embora uma minoria experimente o impopulares com as outras crianças e
quadro completo até o meio da idade podem se tornar isoladas socialmente. O número de indivíduos com diag-
adulta. Já a Associação Brasileira de Dé- Estes transtornos são acompanhados, nóstico de TDAH tem aumentado
ficit de Atenção assume que o TDAH frequentemente, de um déficit cog- nos últimos anos. As estimativas de
é um transtorno neurobiológico, de nitivo e de um retardo específico do prevalência desse transtorno variam
causas genéticas, que aparece na in- desenvolvimento da motricidade e da amplamente. Estudos epidemiológicos
fância e frequentemente acompanha o linguagem. As complicações secundá- relatam que essa variação encontra-se
indivíduo por toda a sua vida2. rias incluem comportamento dissocial entre 3% e 16%, sendo as diferenças
e perda de autoestima3. causadas por critérios metodológicos,
O diagnóstico do TDAH é essencial- diagnósticos e perfil da amostra8.
mente clínico e subjetivo, baseado Sintomas sugestivos de TDAH são
exclusivamente no histórico do com- frequentemente identificados em No Brasil, as estimativas de prevalência
portamento, devendo ser feito pela crianças e jovens por seus médicos ou de TDAH em crianças e adolescentes
exclusão de outras doenças ou pro- professores. Não existe um teste único também variam amplamente, com va-
blemas socioambientais. Os sintomas para detecção do TDAH. As escalas lores entre 0,9% e 26,8%9. Nos Estados
levam, obrigatoriamente, a algum tipo de avaliação ou questionários são ins- Unidos, estima-se que esse transtorno
de dificuldade ou impedimento para a trumentos valiosos para observações afete pelo menos 5 milhões de crianças
realização de tarefas. de comportamento e são úteis para com idades entre 4 e 17 anos.
esclarecer possíveis dúvidas sobre os
Existem dois principais conjuntos sintomas. No entanto, a fim de garantir Segundo Dobie et al. (2012), aproxi-
de classificações diagnósticas de uso um diagnóstico correto, recomenda-se madamente 50% das crianças estuda-
corrente, um baseado na Classificação não detectar o TDAH apenas com base das (podendo variar de 32,8% a 84,1%
Internacional de Doenças, 10ª revisão - nos questionários ou observações de entre os países analisados) permanece-
CID-103, e outro baseado nos critérios comportamento, e sim realizar uma ram com TDAH quando adultos, de
do “Diagnostic and Statistical Manual of avaliação completa, clínica e psicosso- acordo com os critérios do DSM-IV,
Mental Disorders” (DSM-IV)4,5, que se cial, com o auxílio de um profissional demonstrando que o curso da doença
encontram na quarta edição, publicada de saúde com formação especializada e é variável7.
em 2000 e revisada em 2004 . experiência nesse transtorno6.
Tecnologia
O CID-10 identifica o TDAH pelo O TDAH deve ser diferenciado de
código F90.0 - Distúrbios da atividade e outros sinais e comportamentos apro- O tratamento do TDAH é complexo
da atenção - que engloba os sinônimos priados à idade em crianças ativas e de e inclui intervenções sociais, psicoló-
síndrome de déficit da atenção com sintomas de desatenção, comuns entre gicas e comportamentais10. Segundo as
hiperatividade, transtorno de déficit crianças com baixo QI (quociente de recomendações da American Academy
da atenção com hiperatividade e trans- inteligência) ou entre crianças muito of Pediatrics, as opções de tratamento
torno de hiperatividade e déficit da inteligentes4. para as crianças com idade entre 6 e
atenção. 11 anos são a terapia comportamental
Crianças com TDAH podem apre- envolvendo pais ou professores e a ad-
De acordo com o CID-10, o diag- sentar outras comorbidades, como ministração de medicamentos11.
nóstico desse transtorno requer níveis depressão, ansiedade, transtorno de
anormais de hiperatividade, desatenção conduta e abuso de substâncias. A pre- A terapia comportamental envolvendo
e impulsividade durante pelo menos valência destas condições em crianças os pais ou professores engloba o treina-
seis meses. Os transtornos podem ser com TDAH varia de 15% a 30%7. mento com um profissional habilitado,
acompanhados de outras anomalias. Assim, o diagnóstico de TDAH deve objetivando educá-los sobre a doença,
As crianças hipercinéticas são frequen- ser excluído se os sintomas forem me- os problemas de comportamento das
temente imprudentes e impulsivas, lhor explicados por outro transtorno crianças e as dificuldades nas relações
sujeitas a acidentes e incorrem em pro- mental4. familiares. Os programas pretendem
blemas disciplinares, mais por infrações melhorar a compreensão dos pais sobre
não premeditadas de regras que por O objetivo do presente boletim é anali- o comportamento dos filhos e ensiná-
sar as evidências científicas disponíveis los a lidar melhor com essa condição11.
1 O BRATS usou o DSM-IV como referência para sobre o uso do metilfenidato no trata- Além disso, pode-se treinar a criança
os critérios diagnósticos de TDAH. Uma versão mento do TDAH em crianças. Para sua para o desenvolvimento de habilidades
atualizada do Diagnostic and Statistical Manual of elaboração, estabeleceu-se a seguinte sociais, por meio de técnicas sobre
Mental Disorders - 5 ª edição (DSM-V) foi publica-
da em maio de 2013 (versão não disponível).
pergunta de pesquisa: O metilfenidato como ajustar seu comportamento em
é eficaz e seguro comparado a outras al- circunstâncias de interação social12.

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No Brasil, estão aprovados pela An- LA® é de 60 mg/dia, e para o Concer- que se faça uma avaliação anual da ne-
visa os seguintes medicamentos para ta®, 54 mg/dia. cessidade do tratamento em adultos19.
TDAH: VENVANSE® (lis-dexanfeta-
mina); RITALINA® (metilfenidato) e Segundo Fresse et al. (2012), a dose de O metilfenidato consta no rol dos psi-
STRATTERA® (atomoxetina). metilfenidato de liberação imediata no cotrópicos - lista A3 - da Portaria SVS/
tratamento de crianças com TDAH MS n° 344, de 12 de maio de 1998, e
De acordo com a Associação Brasileira pode variar de 0,3 a 0,7 mg/kg, admi- sua venda está condicionada à retenção
do Déficit de Atenção, os medicamen- nistrado 2 ou 3 vezes ao dia, ou seja, da notificação de receita. Há risco
tos recomendados em consensos de 0,9 a 2,1 mg/kg/dia14. Já a metanálise de abuso e dependência e, por isso, a
especialistas são os estimulantes (lis-de- de Hanwella et al. (2011) mostrou que prescrição é controlada. Ademais, o
xanfetamina e metilfenidato), a atomo- a dose média diária para o metilfeni- metilfenidato é classificado como droga
xetina, os antidepressivos (imipramina, dato de liberação imediata variou de segundo a Lei 11343 de 200620.
nortriptilina, bupropiona), a clonidina 0,8 mg/kg/dia a 1,12 mg/kg/dia15. No
e a modafinila2. Os estimulantes são estudo de Prasad et al. (2013) a dose Entre 2002 e 2006, a produção brasi-
a primeira linha para o tratamento, é considerada baixa quando equivale leira do metilfenidato aumentou de 40
englobando os grupos do metilfenidato a 0,3 mg/kg ou dose fixa de 10 mg, e Kg para 226 Kg, colocando o País na
e das anfetaminas, que possuem pro- é considerada alta quando igual a 0,6 posição de segundo líder no mundo
priedades e efeitos adversos similares11. mg/kg ou fixada entre 17,5 e 20 mg16. na prescrição deste fármaco21, o que
Apesar de não serem indicados para contribui e acirra o debate sobre a ade-
o tratamento dessa condição, alguns Deve-se suspender o tratamento caso quação diagnóstica de TDAH e o uso
clínicos prescrevem antidepressivos10. não se observem melhoras nos sinto- crescente, não prescrito, por indivíduos
mas após o ajuste adequado das doses que buscam seus efeitos estimulantes.
O metilfenidato é um agente estimulan- e, ainda, periodicamente para avaliar a Nessa linha, alguns estudiosos afirmam
te moderado do sistema nervoso cen- condição clínica do paciente e os efeitos que primeiro produziu-se o metilfeni-
tral (SNC) indicado como adjuvante a do tratamento. Muitas vezes, quadros dato (descoberto no início da década
intervenções psicológicas, educacionais de depressão e efeitos da hiperativi- de 1940 e patenteado em 1954) e,
e sociais no tratamento de distúrbios dade podem estar suprimidos. Assim, posteriormente, tentou-se configurar
de hiperatividade13. Seu mecanismo a descontinuação supervisionada do cientificamente a doença. Destaca-se
de ação não é inteiramente conhecido, tratamento torna-se recomendada. que o metilfenidato chegou ao Brasil
mas se acredita que o fármaco inibe Ademais, o metilfenidato possui alto em 1998 e que em 2011 foram vendi-
transportadores de dopamina e norepi- potencial para abuso e dependência, por das 1.212.850 caixas do medicamento9,
nefrina, aumentando a disponibilidade isso deve ser indicado com cautela17. elevando-o ao posto do psicoestimulan-
desses neurotransmissores na fenda te sintético mais consumido22.
sináptica e produzindo efeito excita- O uso de metilfenidato está con-
tório no SNC14. Os efeitos esperados traindicado nos casos de angina do Segundo dados do Sistema Nacional de
durante o tratamento do TDAH com peito, arritmias cardíacas, glaucoma, Gerenciamento de Produtos Contro-
esse medicamento são o aumento da insuficiência cardíaca, hipertensão lados (SNGPC), de 2009 para 2011,
atenção e a diminuição da inquietação severa, hipertireoidismo, dentre outros. a estimativa percentual de aumento
em crianças hiperativas13. Os efeitos adversos frequentes são a real no consumo médio mensal de
diminuição do apetite, insônia e dor metilfenidato no País foi de 28,2%9. O
Metilfenidato é comercializado no de cabeça. Os possíveis eventos graves incremento no consumo pode ser ex-
Brasil com os nomes comerciais são o comportamento agressivo, função plicado tanto pelo aumento no número
Ritalina®, Ritalina LA® e Concerta®, anormal do fígado, acidente cerebro- de prescrições indicadas para TDAH,
administrados por via oral. Esses me- vascular, diminuição do crescimento e quanto pelo uso não prescrito com fi-
dicamentos possuem diferentes perfis outros17. nalidades de aprimoramento cognitivo
de liberação no organismo: a Ritalina® ou recreação. Devido aos riscos asso-
apresenta-se sob a forma farmacêutica Uso Racional da Tecnologia ciados à interpretação de problemas de
de comprimidos de liberação imediata, desempenho como doença e à prática
enquanto a Ritalina LA® como cápsulas Segundo o registro concedido pela do consumo indevido de metilfenida-
de liberação modificada, e o Concerta® Anvisa, as indicações legais para o uso to, discute-se a questão do uso racional.
como comprimidos de liberação pro- de metilfenidato são restritas a crianças
longada. O uso de metilfenidato não diagnosticadas com TDAH18. Na Alguns pesquisadores atribuem ao
é recomendado em crianças menores Europa, o uso em adultos é permitido aumento diagnóstico ou a diagnósticos
de seis anos de idade, pois não são desde que seja para continuação do imprecisos a causa do elevado número
estabelecidos os critérios de segurança e tratamento do transtorno, entretanto, de prescrições do metilfenidato para
efetividade para essa faixa etária. A dose restringe-se àqueles em que o medica- TDAH22. Publicação do Governo Bas-
deve ser individualizada de acordo com mento foi eficaz na adolescência. Nes- co exemplifica a preferência de alguns
as necessidades e resposta do paciente. ses casos, o National Institute for Heath clínicos na utilização do DSM-IV, os
A dose máxima de Ritalina® e Ritalina and Care Excellence (NICE) recomenda quais diagnosticam de três ou quatro

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vezes mais TDAH em comparação ao no triênio de 2009 a 2011, gerando Schachter et al. (2001)27 conduziram
CID-10; e destaca que a versão DSM- uma estimativa de aumento percentual uma RS com metanálise de ECR
V amplia ainda mais a faixa etária no consumo médio mensal de 31,4%9. placebo controlados com o intuito
diagnosticada19. Alguns psiquiatras de comparar a eficácia e segurança do
acreditam que os critérios do DSM-IV Evidências Científicas metilfenidato de curta ação em crianças
são direcionados ao universo infantil e e adolescentes com déficit de atenção.
foram modificados na versão DSM-V. A busca por evidências foi realizada nas Foram incluídos 62 estudos envolven-
Com isso, pode haver aumento na bases de dados Medline (via Pubmed), do 2897 participantes com diagnóstico
variedade de sintomas avaliados e re- The Cochrane Library e Centre for Re- primário de déficit de atenção com ou
dução na exigência de que os mesmos views and Dissemination (CRD). Além sem hiperatividade.
sejam realmente graves e intensos o su- disso, consultaram-se também os sites
ficiente e que justifiquem o tratamento das Agências de Avaliação de Tecno- A média de idade dos participantes foi
medicamentoso para o TDAH. Tais logias em Saúde: National Institute for de 8,7 anos e 88,1% eram pacientes do
expectativas flexibilizam os critérios Health and Care Excellence (NICE) e sexo masculino. A maioria dos estudos
diagnósticos e incluem os adultos, Canadian Agency for Drugs and Techno- utilizou um desenho crossover. A escala
ampliando a população sujeita ao uso logies in Health (CADTH) (ANEXO I). de Jadad foi utilizada para avaliação da
do metilfenidato23. No início da década qualidade metodológica dos estudos.
de 1990, a prevalência de adultos com A busca nas bases de dados foi direcio- As intervenções duraram, em média,
TDAH era de 1% a 2%, mas estimati- nada para revisões sistemáticas (RS), três semanas, e em nenhum deles du-
vas recentes sugerem variação entre 2% ensaios clínicos controlados randomi- rou mais de 28 semanas.
e 5%24. Fayyad et al. (2007) apontam zados (ECR) e estudos de ATS. Foram
prevalência de 3,4% em adultos.25 considerados estudos publicados a par- O desfecho primário foi o índice de
tir do ano 2000, incluindo crianças e hiperatividade22 (HI), designado como
Embora pesquisas da indústria farma- adolescentes (≤ 18 anos) com TDAH, HI-T quando avaliado pelos professo-
cêutica afirmem que há escassez de pes- tratados com metilfenidato em compa- res e HI-P, pelos pais.
soas diagnosticadas no Brasil26, a revisão ração a alternativas medicamentosas ou
da literatura nacional de Itaborahy e placebo. A seleção foi norteada pelos Além do HI, outros dados secundários
Ortiz (2013) relatou que apenas três ar- desfechos de desatenção, hiperativi- relacionados ao déficit de atenção
tigos científicos, num universo de trinta dade, impulsividade, produtividade, também foram avaliados pelos pais e
e cinco, concordam com essa afirmação. comportamento e eventos adversos. professores. Os índices foram medidos
A revisão relata ainda que, de 72 repor- Alguns desfechos foram mensurados pela escala Conners Teacher Rating Scale
tagens brasileiras veiculadas na mídia, através da aplicação de questionários (CTRS) e pelo questionário School Si-
35 delas afirmam existir o excesso de validados aos pais e professores. Não tuations Questionnaire (SSQ). Os dados
prescrições, pois tanto crianças que não foram selecionados os que compara- avaliados foram a hiperatividade, a hi-
possuem TDAH estariam sendo medi- vam o metilfenidato a tratamentos não peratividade/impulsividade, a atenção,
cadas, quanto casos da doença estariam farmacológicos. a falta de atenção, a falta de atenção/
sendo tratados sem necessidade, dife- hiperatividade, o autocontrole, a
rentemente do preconizado na bula do A análise da qualidade dos estudos agressão, o comportamento opositivo/
medicamento22. Destaca-se que nessa selecionados foi realizada com base nos desafiador, a condução de problemas e
revisão não foram encontrados estudos parâmetros propostos pelas Diretrizes a labilidade emocional.
científicos brasileiros sobre a qualidade para elaboração de pareceres técnico-
do diagnóstico, apenas reportagens. científicos do Ministério da Saúde, Os professores encontraram diferença
conforme o ANEXO II. para o HI-T. No entanto, os critérios
Apesar da polêmica citada, existe uma atenção e labilidade emocional não fo-
tendência à ampliação do diagnóstico Resultados e discussão ram diferentes entre os grupos tratados
desde a infância até a fase adulta, e con- com metilfenidato ou placebo. Para
sequente aumento da medicalização Foram incluídos sete estudos, sendo os pais, o metilfenidato apresentou
desse transtorno. Essa hipótese é corro- quatro RS com metanálise, um ECR efeito significativo no HI-P. Porém,
borada a partir dos dados registrados no e duas ATS, por serem as melhores as estimativas referentes à desatenção,
SNGPC que mostram também que o evidências para avaliação da eficácia hiperatividade/impulsividade e ao
aumento no consumo de metilfenidato e segurança dos medicamentos. As comportamento opositivo-desafiador
no País tem comportamento variável, medidas de efeito de eficácia das RS não foram diferentes. Entretanto, a
com destaque para redução nos meses selecionadas estão apresentadas no interpretação dos resultados deve ser
de férias e aumento no segundo semes- ANEXO III. Os resultados foram feita com cautela, pois os dados para o
tre dos anos estudados9. ordenados segundo tipo de estudo e cálculo do índice dependem da idade
nível de evidência (revisão sistemática,
Com relação à utilização nos estados ensaio clínico randomizado e estudos
brasileiros, o Distrito Federal contabili- de ATS, respectivamente). 2 O questionário ASQ (Conners’ Abbreviated
Symptoms Questionnaire) também é conhecido
zou o maior consumo de metilfenidato com índice de hiperatividade.

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e sexo, e os estudos incluídos na RS no processo de aprendizagem e desen- apresentaram resultados equivalentes


consideraram diferentes populações. volvimento escolar das crianças. em relação à duração da ação e ao
tempo necessário para atingir o tempo
Segundo os autores, os estudos sele- Estudos utilizados na avaliação dos máximo do fármaco, em medidas de
cionados foram considerados de baixa efeitos do metilfenidato versus placebo produtividade acadêmica, rigor e com-
qualidade metodológica. Por isso, a sobre o comportamento dos alunos na portamento na execução de tarefas.
robustez e a validade destes ficaram execução de tarefas identificaram uma
comprometidas. Tais estudos podem melhora significativa com o uso do Apenas seis estudos realizaram compa-
ter superestimado os índices de hipe- medicamento em baixas doses. Para os rações entre os efeitos do metilfenidato
ratividade encontrados. Também foi pacientes que fizeram uso de altas doses e da dexanfetamina e entre formulações
detectado viés de publicação, ou seja, de metilfenidato, foi possível observar mistas de anfetamina e dexanfetamina.
ausência de eficácia do metilfenidato uma melhora expressiva. O estudo rela- Dentre eles, quatro não relataram
ou inferioridade em relação ao placebo cionou a melhoria do comportamento nenhuma diferença entre as formula-
podem não ter sido publicados. na execução de tarefas em função do ções dos medicamentos; um mostrou
aumento da dose de metilfenidato. melhora significativa do efeito com a
Não foi possível demonstrar que o Entretanto, é importante salientar dexanfetamina sobre o metilfenidato
efeito de metilfenidato é mantido após que, para esse desfecho, as metanálises em relação à produtividade acadêmica
quatro semanas, pois poucos estudos tiveram elevada heterogeneidade, ou e o outro relatou a diferença apenas no
(14,5%) incluíram tratamentos desta seja, há uma grande variabilidade nos início e na duração da ação do fármaco.
duração. A escassez de pesquisas em resultados dos estudos incluídos na RS.
longo prazo é problemática, já que, em Hanwella et al. (2011)15 realizaram
contextos clínicos, as crianças recebem Na comparação do metilfenidato em uma RS com metanálise de nove ECR
metilfenidato por muito mais tempo altas e baixas doses, observou-se uma abertos ou duplo-cegos, com um total
do que foi observado no conjunto de pequena melhora do comportamento de 2.762 participantes, comparando a
estudos selecionados. na execução de tarefas. eficácia e a adesão entre metilfenidato e
atomoxetina no tratamento de crianças
Quanto à segurança, os participantes Os efeitos do metilfenidato sobre o e adolescentes diagnosticadas com
que receberam metilfenidato apre- desenvolvimento escolar foram ava- TDAH, segundo critério do DSM-IV.
sentaram uma maior percentagem de liados em relação à produtividade em A qualidade metodológica dos estudos
eventos adversos. As diferenças foram sala de aula (porcentagem de atividades incluídos foi avaliada por meio da
significantes nos seguintes eventos finalizadas) ou à precisão das atividades ferramenta Detsky Quality Scale for
(relatados pelos pais ou autoavaliados): (porcentagem de trabalhos correta- Randomized Trials (Detsky, 1992)4. A
diminuição do apetite, insônia, tontu- mente respondidos). O metilfenidato idade dos participantes variou de 6 a 16
ra, dor de estômago e dor de cabeça, em baixa dose foi superior ao placebo anos, sendo que 77,6% dos pacientes
sendo reportados eventos graves nos quanto à produtividade da criança em eram do sexo masculino e 47,4% já
dois últimos desfechos. sala de aula. Dentre as crianças que haviam feito algum tratamento prévio
fizeram uso de altas doses de metilfeni- com medicamentos estimulantes para
O número necessário para causar dato versus placebo, esse aumento foi TDAH. O tempo de seguimento dos
prejuízo (NNH) 3 também foi apresen- um pouco maior. estudos foi de 3 a 10 semanas e a média
tado. O metilfenidato tem um perfil de dose do metilfenidato foi de 0,8 mg/
de efeitos adversos que requer vigília e Em relação à precisão das atividades, kg – 1,12 mg/kg e da atomoxetina foi
cautela na administração. não houve diferença entre o uso de bai- de 1,25 mg/kg – 1,56 mg/kg.
xas doses de metilfenidato e placebo.
Finalmente, assim como os dados de Os resultados do estudo estão no
eficácia, não se sabe se esse perfil de Embora estudos descrevam que o uso ANEXO III. A eficácia foi medida
segurança de curto prazo persistirá em de doses maiores de metilfenidato pelo score da Escala de Avaliação para
longo prazo. esteja relacionado com o aumento Transtorno de Déficit de Atenção e
significativo da eficiência acadêmica, Hiperatividade (ADHD-RS-IV 5). Não
A revisão sistemática de Prasad et melhora na conclusão dos trabalhos houve diferença estatisticamente signi-
al. (2013)16, com 43 estudos e 2110 de sala de aula, aumento da precisão e ficante na eficácia entre metilfenidato e
participantes de 5 a 12 anos de idade, acurácia do teste de matemática, uma atomoxetina.
avaliou o efeito do uso do metilfenida- análise estatística desses estudos não
to, dexanfetamina, formulações mistas encontrou nenhuma diferença entre Foram aferidas também a taxa de res-
com anfetamina e atomoxetina no as doses em relação ao percentual de posta e as causas de descontinuação do
comportamento dos alunos em sala de conclusão das atividades.
aula na execução de tarefas, bem como
As comparações entre o tratamento 4 Trata-se de uma escala com critérios de avaliação
da qualidade de estudos clínicos randomizados.
medicamentoso com metilfenidato
5 Attention-Deficit/Hyperactivity Disorder Rating
3 NNH: number needed to harm. Ver Glossário. e formulações mistas de anfetamina Scale-IV

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tratamento e não houve diferença entre Os estudos tiveram falhas na descrição tratamento. No final da 6ª semana, a
os grupos. da alocação dos pacientes, porém a diferença foi de -8,95 ± 8,73 e -15,60
maioria descreveu adequadamente os ± 7,81 para buspirona e metilfenidato,
Vale ressaltar que a metanálise apre- métodos de cegamento. Dez estudos respectivamente, o que representa uma
sentou heterogeneidade substancial. relataram que foram financiados ou diferença estatisticamente significante
A análise de sensibilidade demonstrou seus investigadores são filiados à indús- entre os dois grupos (p=0,01).
que a heterogeneidade estava relaciona- tria farmacêutica.
da aos ensaios clínicos abertos. Para os professores, não houve diver-
Estudos de curta duração são particu- gência entre os grupos (p=0,59) no
Conforme avaliação do Centre for Re- larmente problemáticos em condições início do tratamento. No final da 6ª
views and Dissemination (CRD) sobre crônicas como o TDAH, pois as semana, foi observado benefício do uso
a metanálise de Hanwella et al. (2011), crianças recebem os medicamentos es- do metilfenidato (-9,80 ± 7,06 e -22,40
os resultados da avaliação da qualida- timulantes por períodos de tempo mais ± 9,90 para buspirona e metilfenidato
de dos estudos incluídos não foram longos do que o considerado nas pes- respectivamente; p= 0,001). Em ambos
relatados, tornando a confiabilidade quisas. Além disso, os resultados desta os grupos, a interação tempo/trata-
questionável. Portanto, as conclusões RS podem ter sido influenciados pela mento foi significativa, indicando que
dos autores da metanálise exigem inclusão de vários estudos financiados os sintomas da TDAH melhoram ao
cautela devido às limitações da revisão, por empresas farmacêuticas. longo do tratamento.
ao potencial viés de publicação e à in-
formação insuficiente sobre a qualidade Os eventos adversos mais relatados Foram observados dez eventos adversos
dos estudos incluídos. incluíram anorexia, dores de cabeça, moderados e toleráveis durante todo o
dores abdominais e insônia em ambas as ensaio. A diferença dos eventos entre
Punja et al. (2013)28 conduziram uma formulações. Os pacientes que tomaram os grupos não foi significativa, exceto
revisão sistemática com metanálise. o metilfenidato de ação prolongada para a diminuição do apetite (p=0,03),
Os estudos selecionados foram ECR apresentaram um número total de even- dor de cabeça (p=0,03) e insônia (p
de pacientes com TDAH pediátricos tos adversos ligeiramente superior (n = =0,008), que foram observados mais
(<18 anos), comparando a forma 578) quando comparado às formulações vezes no grupo metilfenidato.
metilfenidato de ação prolongada (1ª de curta duração (n = 566).
geração e formulação OROS) com a O Grupo de Avaliação do NICE
de curta duração (2ª geração). Os 13 Mohammadi et al. (2012)29 conduziu (2006)10 elaborou um estudo em ATS
estudos selecionados incluíram oito um ECR duplo-cego, de seis semanas com um total de 64 ECR.
ECR crossover e cinco ECR paralelos, de seguimento, que avaliou o metilfe-
analisando dados de 882 participantes. nidato comparado à buspirona no tra- A maioria dos estudos controlados por
tamento de 46 crianças e adolescentes placebo mostrou que tanto o metil-
A eficácia foi definida como uma me- entre 6 e 14 anos de idade com TDAH, fenidato de curta duração como o de
lhoria nos sintomas centrais de TDAH segundo critério DSM-IV, e que nunca liberação prolongada foram superiores
(desatenção, impulsividade, hiperativi- haviam realizado tratamento prévio ao placebo na melhoria de um ou mais
dade) medidos pelos pais e professores para o transtorno. A maioria dos pa- sintomas centrais da doença. Grande
por meio de escalas de avaliação. Os cientes era do sexo masculino, e ambos parte dos estudos não indicou diferen-
desfechos secundários incluíram os os grupos apresentaram características ças na eficácia quando as formulações
eventos adversos. basais semelhantes. de metilfenidato foram comparadas.10

Para os desfechos desatenção/hiperati- A média da dose administrada nos Em geral, não foram detectadas dife-
vidade e desatenção não houve diferen- grupos buspirona e metilfenidato foi renças na incidência de efeitos adversos
ça entre as duas formulações nem para de 20 a 30 mg/dia (20 mg/dia se peso entre as apresentações do metilfenida-
os pais, nem para os professores. Para < 30 kg e 30 mg/dia se peso > 30 kg), to, com exceção de um estudo em que
o primeiro desfecho, a heterogeneidade respectivamente. houve maior incidência de dor de cabe-
entre os estudos foi elevada. ça no grupo que recebeu a formulação
Os desfechos avaliados foram as mu- de liberação prolongada.10
Da mesma forma, não houve diferença danças no score da escala ADHD-RS-
para o sintoma hiperatividade no relato IV 6, feitas pelos pais e professores antes Uma comparação direta crossover ava-
feito pelos pais, nem para hiperativida- do tratamento, na 3ª semana e ao final liou a dexanfetamina e metilfenidato
de/impulsividade relatada pelos pro- da 6ª semana de intervenção, e eventos demonstrando que este foi mais eficaz
fessores. Por outro lado, os professores adversos. quando avaliado pela escala dos profes-
encontraram resultados significativos a sores, mas não houve diferença na ava-
favor da forma de curta duração para a Para os pais, não houve diferença no liação dos pais. Este estudo comparou
hiperatividade e os pais observaram que score total entre os grupos antes do o metilfenidato em uma dose média
a forma de ação prolongada melhorou (0,6 mg/kg/dia), e a dexanfetamina
6 Attention - Deficit/Hyperactivity Disorder Rating
a hiperatividade/impulsividade. Scale – IV.
em dose baixa (0,3 mg/kg/dia). Outro

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estudo, que comparou metilfenidato, a maioria demonstrou que o medi- Informações Econômicas
dexanfetamina e cápsulas de cafeína camento foi superior ao placebo no
não demonstrou diferenças em relação à que se refere à hiperatividade. Os dois Foi realizada uma busca na literatura
eficácia entre metilfenidato e dexanfeta- estudos que avaliaram hiperatividade por estudos brasileiros de avaliação
mina. Em ambos os estudos, não houve com doses altas demonstraram resulta- econômica envolvendo o uso de metil-
diferença em relação aos efeitos adversos dos variáveis, embora haja evidência de fenidato, e não foi encontrado nenhum
entre dexanfetamina e metilfenidato.10 que nessas condições os resultados do estudo concluído.
medicamento sejam melhores. Entre os
Um estudo aberto comparou o me- estudos que compararam doses médias A Ritalina®, Ritalina® LA e Concerta®
tilfenidato de liberação imediata e a e altas, houve evidência de que o trata- não fazem parte da Lista de Medica-
atomoxetina em crianças de 7-15 anos mento está associado com alto índice de mentos e Procedimentos no Sistema
que já tinham respondido favoravel- dor de cabeça, perda do apetite, dor no Único de Saúde, e não constam na
mente ao metilfenidato. O tamanho estômago e insônia quando comparado Relação Nacional de Medicamentos
dos grupos foi desigual: enquanto 184 ao placebo. Essenciais (RENAME, 2012)31. Se-
pacientes foram randomizados para gundo a lista de medicamentos gené-
atomoxetina, 44 foram alocados no Em relação à comparação das formu- ricos32 registrados na Anvisa, ainda não
grupo tratado com o metilfenidato. lações de curta duração e liberação foi aprovado medicamento genérico a
Este estudo não relatou diferença entre prolongada de metilfenidato, os base de metilfenidato.
os dois medicamentos para hiperati- estudos encontrados apresentaram
vidade, mas a ausência de um grupo baixa qualidade metodológica e não Considerando os três medicamentos
placebo pode ter dificultado a interpre- demonstraram nenhuma diferença para citados contendo o princípio ativo
tação dos resultados.10 hiperatividade. Quanto aos eventos metilfenidato disponíveis no Brasil,
adversos, um estudou relatou aumento comparou-se, por meio de diferentes
King et al. (2006)30 conduziram uma significativo na incidência de dor de cenários de posologia, o custo do trata-
ATS do metilfenidato, dexanfetamina cabeça em pacientes do grupo do me- mento anual do TDHA por paciente.
e atomoxetina para o tratamento de tilfenidato de liberação prolongada. Para os cálculos foram utilizados os pre-
TDAH em crianças e adolescentes. ços máximos ao consumidor (PMC),
Foram incluídos vinte ECR, uma RS Os resultados da comparação entre o com ICMS de 18%, constantes na
e artigos de menor qualidade metodo- metilfenidato (dose média) e a dexan- Lista de Preços de Medicamentos apro-
lógica. fetamina (<10 mg/dia) foram variáveis. vados pela Câmara de Regulação do
Um estudo relatou que o metilfeni- Mercado de Medicamentos (CMED),
A maioria dos estudos que avaliaram dato foi superior às baixas doses de disponível na página eletrônica da
a eficácia do metilfenidato não infor- dexanfetamina quando avaliados por Agência Nacional de Vigilância Sanitá-
mou adequadamente a metodologia professores, mas não quando avaliados ria (Anvisa)33. Considerou-se, ainda, o
de estudo. Dessa forma, os resultados pelos pais. Outro estudo não observou uso em crianças de 6 anos de idade ou
devem ser interpretados com cautela. diferença entre os dois medicamentos acima, conforme orientação das bulas.
Poucas evidências apontam diferenças no que se refere à hiperatividade. Não
na eficácia do metilfenidato de curta foram encontradas diferenças estatisti- Não existe dose padronizada para o tra-
duração e de liberação prolongada. camente significantes no que se refere tamento com o metilfenidato, devendo
aos eventos adversos nos dois grupos. assim, ser individualizada17. A posolo-
Raros estudos fizeram comparações gia pode variar de acordo com o peso,
diretas entre os fármacos. Para serem Poucos estudos compararam metilfe- com a resposta clínica apresentada por
incluídos, estes tinham que ter duração nidato vs atomoxetina. Um deles não cada paciente, dentre outros fatores.
de pelo menos três semanas e tempo demonstrou diferença entre os dois
mínimo do tratamento escolhido pelos medicamentos quanto à hiperatividade. Como entre os estudos não há consenso
investigadores. No entanto, os estudos apresentaram em relação à dose para uso em crianças,
baixa qualidade metodológica. No neste boletim foram abordados quatro
Os estudos compararam o metilfe- que se referem aos eventos adversos, os cenários distintos (baixa, média, alta
nidato em doses baixas (≤ 15mg/ estudos não demonstraram diferenças dose e aumento gradativo da dose)
dia), médias (15-30 mg/dia) ou altas significativas entre os grupos de trata- com o objetivo de englobar diversas
(>30mg/dia) vs placebo. Os estudos mentos. Porém, o estudo comparando possibilidades de tratamento. Segundo
que avaliaram metilfenidato em baixa o metilfenidato liberação prolongada King (2006) é considerada baixa dose
dose em comparação com placebo vs atomoxetina (doses baixa/média) quando a administração é ≤ 15 mg/
demonstraram resultados variáveis relatou que os participantes do grupo dia, média dose quando entre 15 e 30
para hiperatividade. Não foram encon- metilfenidato sofreram maior redução mg/dia e alta dose quando ≥ 30 mg/
tradas diferenças nos eventos adversos do apetite e insônia do que o grupo dia. Para os medicamentos Ritalina®
do metilfenidato em doses baixas atomoxetina. Nenhuma diferença foi e Ritalina® LA foram consideradas as
quando comparado ao placebo. Entre detectada na incidência de dor de cabe- posologias 10 mg/dia, 30 mg/dia e 60
os estudos que avaliaram doses médias, ça ou estômago. mg/dia como baixa, média e alta dose,

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respectivamente; já para o Concerta®, a dose inicial prescrita for baixa. Para o medicamentos. Os tratamentos com a
essas posologias foram 18 mg/dia, 36 paciente que já faz uso da Ritalina® e Ritalina® LA e Concerta® são mais caros
mg/dia e 54 mg/dia30. substitui o tratamento para a Ritalina® que com a Ritalina®. Os primeiros têm
LA, a dose diária permanece a mesma, duração de ação maior, pois liberam
No cenário de aumento gradativo, porém a frequência de administração seu princípio ativo mais lentamente,
considerando a Ritalina®, o início do pode mudar, pois tal medicamento é fazendo com que o organismo o ab-
tratamento começa com a administra- de liberação prolongada. sorva aos poucos. Logo, a frequência
ção de 10 mg/dia e a cada primeiro dia de administração é menor. A Ritali-
do mês são acrescidos 5 mg na dose até O Quadro 01 apresenta o custo anual na® possui concentração plasmática
o máximo de 60 mg/dia. Para a Ritali- do tratamento para TDAH para cada máxima obtida, em média, de 1 a 2
na® LA, esse acréscimo mensal é de 10 medicamento considerando os vários horas após a administração, enquanto a
mg. Já para o Concerta®, a dose inicial cenários descritos. Como existem Ritalina® LA possui biodisponibilidade
do tratamento é de 18 mg/dia tendo diferentes apresentações dos medica- comparável à Ritalina®, mas com dois
acréscimo de 18 mg no primeiro dia a mentos com diferentes preços, dentre picos distintos de concentração, sepa-
cada 4 meses. as possíveis combinações posológicas, rados por aproximadamente 4 horas. Já
foram considerados os menores preços o Concerta® tem pico inicial em cerca
Ao se tratar da Ritalina® LA, a adminis- por cenário. de 1 a 2 horas, e sua concentração con-
tração recomendada é de 1x/dia, pela tinua a aumentar, ao longo do tempo.
manhã, com dose inicial de 20 mg, de Observa-se uma diferença de preço e A concentração plasmática máxima é
acordo com a bula, ou de 10 mg quando de custo de tratamento anual entre os atingida em cerca de 6 a 8 horas.

Quadro 01 - Custo anual do tratamento com metilfenidato para TDAH considerando vários cenários distintos.

Ritalina ®
Cenário 4: Aumento
Cenário 1: Baixa dose Cenário 2: Média dose Cenário 3: Alta dose
gradativo da dose
10mg/dia + 5mg a cada 1º
Posologia 10 mg/dia 30 mg/dia 60 mg/dia
dia do mês
Apresentação* 10 mg x 20** 10 mg x 20** 10 mg x 20** 10 mg x 20**
PMC R$ 20,57 20,57 20,57 20,57
Nº de caixas 18,25 54,75 109,5 62,3
Custo do tratamento
375,40 1.126,21 2.252,42 1.281,51
(R$)

Ritalina ® LA
Cenário 4: Aumento
Cenário 1: Baixa dose Cenário 2: Média dose Cenário 3: Alta dose
gradativo da dose
10 mg/dia + 10mg a cada
Posologia 10 mg/dia 30 mg/dia 60 mg/dia
1º dia do mês
40 mg x 30 + 10 mg 10 mg x 30 + 30 mg x 30
Apresentação * 10 mg x 30 30 mg x 30
x 30 + 40 mg x 30
PMC R$ 78,69 220,25 388,61*** -
Nº de caixas 12,17 12,17 36,51**** *****
Custo do tratamento
957,65 2.680,44 4.729,38 3.717,74
(R$)

Concerta ®
Cenário 4: Aumento
Cenário 1: Baixa dose Cenário 2: Média dose Cenário 3: Alta dose
gradativo da dose
18 mg/dia + 18 mg a cada
Posologia 18 mg/dia 36 mg/dia 54 mg/dia
1ºdia de 4 em 4 meses

continua

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18 mg x 30 + 36 mg x 30
Apresentação* 18 mg x 30 36 mg x 30 54 mg x 30
+ 54 mg x 30
PMC R$ 299,60 407,15 407,18 -
Nº de caixas 12,17 12,17 12,17 ******
Custo do tratamento
3.646,13 4.955,02 4.955,38 4.455,72
(R$)
Notas: *As apresentações aqui consideradas são: Ritalina ® - comprimido sulcados em embalagens contento 20 unidades, Ritalina ®
LA – cápsula gelatinosa dura com microgrânulos de liberação modificada em embalagens contendo 30 cápsulas de 10, 20 e 40 mg
e Concerta ® - comprimido de liberação prolongada em embalagem com 30 comprimidos de 18, 36 e 54 mg. Mais apresentações
desses medicamentos podem ser encontradas na lista de preços de medicamentos da CMED.
** Todos os cálculos foram feitos considerando caixa de Ritalina com 20 comprimidos, pois o preço é equivalente às embalagens
com 60 comprimidos.
*** O preço de R$ 388,61 foi encontrado a partir da soma do valor de 1 caixa de 40mg e 2 caixas de 10mg.
**** O número de caixas de 36,51 foi encontrado a partir da soma de 12,17 caixas de 40mg por ano e 24,34 caixas de 10 mg por
ano.
***** Cálculos baseados na combinação de caixas com os menores preços.
****** Como o comprimido não pode ser partido, os cálculos foram feitos a partir da posologia adequada.

Conclusão

O metilfenidato é um estimulante do ram que alguns dos eventos adversos transtorno podem ser encontrados no
sistema nervoso central (SNC), que age mais comuns foram: supressão do comportamento dos indivíduos com
bloqueando a recaptação de catecolami- apetite, aumento do estado de vigília desenvolvimento típico.
nas e aumentando o nível de produção e de euforia, insônia, cefaleia, dor de
de neurotransmissores fundamentais estômago e tonturas. Por todas essas questões e, conside-
para a memória, a atenção e a regula- rando seu alto potencial de abuso e
ção de humor. Seu principal emprego É necessário fazer um balanço entre dependência, torna-se premente a
se faz no âmbito educacional para o benefício e risco antes de se iniciar a adoção de debates que abordem a atual
tratamento de crianças com TDAH, administração do metilfenidato, prin- problemática do consumo indevido do
no intuito de diminuir a inquietação cipalmente quando o tratamento for de metilfenidato, alertando a população
motora e aumentar a concentração. longo prazo. para o mau uso, os efeitos adversos e as
consequências jurídicas.
As evidências sobre a eficácia e seguran- Alternativas terapêuticas, como inter-
ça do tratamento com o metilfenidato venções sociais, psicológicas e com- Abstract
em crianças e adolescentes, em geral, portamentais para terapia do TDAH,
têm baixa qualidade metodológica, que não foram avaliadas neste boletim, The number of individuals diagnosed
curto período de seguimento e pouca devem ser consideradas. Neste sentido, with ADHD has increased in recent
capacidade de generalização. Além dis- recomenda-se o uso do metilfenidato years. Prevalence of this disorder in
so, a heterogeneidade entre os estudos em casos estritamente necessários e Brazil range widely, from 0.9% to
foi um dos problemas mais frequentes avaliar também, a concomitância do 26.8% among children and adolescents.
nas revisões sistemáticas selecionadas. seu uso com tratamento psicológico ou The treatment is complex and includes
comportamental. social, psychological, behavioral
Os desfechos de eficácia, avaliados and, in some cases, pharmacological
por instrumentos e critérios diagnós- Atualmente, há um consumo crescente intervention with methylphenidate.
ticos variados, apresentaram resultados do medicamento no país, que ainda Methylphenidate is a stimulant agent
heterogêneos que, em geral, não não é comercializado, no mercado of the central nervous system indicated
demonstraram benefício clínico supe- nacional, como similar ou genérico. as an adjunct to psychological,
rior em comparação com alternativas Há evidências de que crianças que não educational and social interventions
farmacológicas ou com apresentações possuem TDAH estariam sendo medi- in the treatment of hyperactivity
e doses diferentes do metilfenidato, cadas e casos da doença sendo tratados disorders. The increased consumption
principalmente para o desfecho de sem necessidade. O diagnóstico deste of this medicine, including trough
hiperatividade. transtorno é dimensional, pois envolve non-prescribed ways, and its high
padrões típicos de comportamento potential for abuse and dependence
Com relação ao perfil de segurança do da faixa etária e os apresentados pelos demands secure information, besides
medicamento, os estudos demonstra- indivíduos. Ademais, os sintomas do its rational and cautious use. The aim

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of this study is to evaluate the best compared or linked to non- de la búsqueda, fueron seleccionados
available scientific evidence about the pharmacological interventions is un ECA, cuatro RS y dos ETS que
efficacy and safety of methylphenidate, interesting to health services. Finally, demostraron eficacia y seguridad de
compared to other pharmacological due to methodological limitations metilfenidato en comparación con el
alternatives or placebo in the treatment of the studies, the results presented placebo, la atomoxetina, buspirona,
of ADHD. To achieve it, a systematic in this bulletin should be taken with dexanfetamina y dosis o diferentes
research was conducted looking for caution. It is necessary to correctly presentaciones de metilfenidato.
randomized clinical trials (RCTs) or diagnose and find a balance between En general, los estudios primarios
RCTs Systematic Reviews (SR) with benefits and risks before starting the mostraron baja calidad metodológica,
and without meta-analysis. Health administration of methylphenidate in unas pocas semanas de vigilancia y
technology assessments (HTA) studies children and adolescents, especially in baja generalización. Como era de
were also searched. Inclusion criteria long-term treatments. esperarse, metilfenidato fue superior al
were placebo or pharmacological placebo en el índice de hiperactividad
intervention as comparators, and Resumen detectado por los padres y profesores,
children or adolescents as population. el comportamiento en la ejecución de
Then, one RCT, four SR and two El número de individuos con tareas, la productividad en el classe
HTA were selected demonstrating the diagnóstico de TDAH ha crecido y en la precisión de las actividades.
efficacy and safety of methylphenidate en los últimos años. Estimativas de Dosis bajas de metilfenidato fueran
compared to placebo, atomoxetine, la prevalencia de esa enfermedad en superior a la alta dosis en la mejora
buspirone, dexanfetamine and Brasil oscilan de 0,9% hasta 26.8% del comportamiento en la ejecución
dosis or different presentations entre los niños y adolescentes. El de tareas, pero no se observaron
of methylphenidate. In general, tratamiento es complejo, incluyendo diferencias de productividad en el classe.
the primary studies showed poor intervenciones sociales, psicológicas, Resultados no muestraron diferencias
methodological quality, short period conductuales y en algunos casos entre las presentaciones de largo y
of monitoring and low generalization. intervención farmacológica con corto actuaciones de metilfenidato
As expected, methylphenidate metilfenidato. Metilfenidato es un en la falta de atención, hiperactividad
was superior to placebo in the agente estimulante del sistema nervioso o impulsividad reportados por los
hyperactivity index detected by central indicado como complemento maestros o los padres. Las tasas de
parents and teachers, behavior in task a las intervenciones psicológicas, respuesta al tratamiento y abandono
performance, classroom productivity, educativas y sociales en el tratamiento fueron mejores en comparación
and precision in activities. de los trastornos de hiperactividad. con la atomoxetina. Los beneficios
Methylphenidate low dose was Debido al mayor consumo de esto de metilfenidato comparados con
superior to high dose in improving medicamento, incluyendo el uso dexanfetamina no son concluyentes.
behavior in task performance, but sin prescripción médica, y su alto En comparación con buspirona,
no difference was observed for potencial de abuso y dependencia, metilfenidato demostró ser más eficaz
classroom productivity. Results show es necesario proveer información en la reducción de los síntomas del
no difference between long and short segura y promover el uso racional. El TDAH. Refiriéndose a la seguridad,
acting methylphenidate presentations objetivo de este estudio es evaluar la anorexia, insomnio, cefaleas, mareos
in inattention, hyperactivity or mejor evidencia científica disponible y dolor de estómago a menudo fueran
impulsivity reported by teachers sobre la eficacia y seguridad del uso asociadas con metilfenidato. Se puede
or parents. Methylphenidate had de metilfenidato en comparación concluir que la eficacia del metilfenidato
improved responses to treatment and con otras alternativas farmacológicas comparada o vinculada a intervenciones
causes less discontinuation compared o placebo para el tratamiento del no-farmacológicas, aunque no la ha
to atomoxetin. The benefits of TDAH. Para lograrlo, fue realizada evaluado, es de interés para los servicios
methylphenidate over dexanfetamine investigación sistemática buscándose de salud. Debido a las limitaciones
are inconclusive. Compared to por ensayos clínicos aleatorios (ECA) metodológicas de los estudios, la
buspirone, methylphenidate showed o revisiones sistemáticas (RS) de ECA evaluación del efecto del metilfenidato
to be more effective in reducing con y sin el metanálisis. También fueran para el TDAH debe ser cautelosa. Es
ADHD symptoms. Regarding to consultados estudios de evaluaciones necesario diagnosticar correctamente
safety, anorexia, insomnia, migraine, de tecnologías sanitarias (ETS). Los y encontrar un equilibrio entre riesgos
stomachache and dizziness were often criterios de inclusión fueron: placebo y beneficios antes del inicio de la
associated with methylphenidate. o intervención farmacológica como medicación de metilfenidato en niños
Although not presented here, comparadores y los niños o adolescentes y adolescentes, especialmente cuando el
the efficacy of methylphenidate como población. Como resultado tratamiento es a largo plazo.

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atenção e reinserção social de usuários

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e dependentes de drogas; estabelece 26 Matto P, Rphde LA, Polanczyk GV. and atomoxetine for the treatment of
normas para repressão à produção não O TDAH é subtratado no Brasil. Rev attention deficit hyperactivity disorder in
autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; Bras Psiquiatr. 2012. 34:513-516. children and adolescents. Health Technol
define crimes e dá outras providências. Assess. 2006 Jul;10(23):iii-iv, xiii-146.
27 Schachter HM, Pham B, King
21 Finger G, da Silva ER, Falavigna A. J, Langford S, Moher D. How 31 Relação Nacional de Medicamentos
Use of methylphenidate among medical efficacious and safe is short-acting Essenciais – RENAME 2012 (Brasil).
students: a systematic review. Rev Assoc methylphenidate for the treatment of [acesso em 22 de outubro de 2013].
Med Bras. 2013 May-Jun;59(3):285-9. attention-deficit disorder in children Disponível em: http://portal.saude.
doi:10.1016/j.ramb.2012.10.007. and adolescents? A meta-analysis. gov.br/portal/arquivos/pdf/rename_
Epub 2013 May 13. Canadian Medical Association Journal anexos_versao_08_08_2013.pdf
2001 Nov 27;165(11):1475-88.
22 Itaborahy C, Ortega F. O 32 Agência Nacional de Vigilância
metilfenidato no Brasil: uma década de 28 Punja S, Zorzela L, Hartling L, Sanitária (Brasil) [homepage na
publicação. Ciência & Saúde Coletiva. Urichuk L and Vohra S. Long-acting internet]. Lista de medicamentos
2013. 18(3):803-816. versus short-acting methylphenidate for genéricos registrados na Anvisa.
paediatric ADHD: a systematic review [acesso em 22 de outubro de 2013].
23 Ortega F, Barros D, Caliman L, and meta-analysis of comparative Disponível em: http://portal.anvisa.
Itaborahy C, Junqueira L, Ferreira CP. A efficacy. Centre for Reviews and gov.br/wps/wcm/connect/8ca55
ritalina no Brasil: produções, discursos Dissemination. 2013, e002312. 9804e5f54a09761dfd762e8a5ec/
e práticas. Interface – Comunic., Registrados_por_ordem_alfabetica_
Saude, Educ. 2010. v.14(34):499-510. 29 Mohammadi MR, Hafezi P, Galeiha DCB.pdf?MOD=AJPERES
A, Hajiaghaee R, Akhondzadeh S.
24 CESAR, Eduardo Luiz Da Rocha Buspirone versus methylphenidate 33 Agência Nacional de Vigilância
et al. Uso prescrito de cloridrato in the treatment of children with Sanitária (Brasil) [home page na internet].
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estudantes universitários brasileiros. Rev. disorder: randomized double- [acesso em 22 de outubro de 2013].
psiquiatr. clín. [online]. 2012, vol.39, blind study. Acta Med Iran. 2012 Disponível em: http://portal.anvisa.
n.6, pp. 183-188. ISSN 0101-6083. Nov;50(11):723-8. gov.br/wps/wcm/connect/55d9e
8041151a71ad7eaf0ea338d2acLISTA
25. Fayyad J, de Graaf R, Kessler R, 30 King S, Griffin S, Hodges Z, +CONFORMIDADE_2013-09-11.
Alonso J, Angermeyer M, Demyttenaere Weatherly H, Asseburg C, Richardson pdf?MOD=AJPERES
K, De Girolamo G, Haro JM, Karam G, Golder S, Taylor E, Drummond
EG, Lara C, et al: Cross-national M, Riemsma R. A systematic Glossário
prevalence and correlates of adult review and economic model of the
attention-deficit hyperactivity disorder. effectiveness and cost-effectiveness Declaração de Conflitos de
Br J Psychiatry 2007, 190:402-409. of methylphenidate, dexamfetamine Interesse

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Em Destaque cação e capacitação em ATS com pla- Saúde, com o total de 2.225 alunos
nejamento das respectivas atividades capacitados.
Formação de Recursos no âmbito da rede.
Humanos em Avaliação de Destacam-se as oficinas para elabora-
Tecnologias em Saúde – ATS Paralelamente, o Ministério da ção de parecer técnico científico (com
Saúde possui uma ação dirigida ao 156 participantes) e de Avaliação de
Parcerias Decit/SCTIE/MS – fortalecimento do SUS em parceria Equipamentos Médicos-Assistenciais
REBRATS – PROADI-SUS com seis hospitais filantrópicos de (16 capacitados), capacitação em re-
qualidade reconhecida, denomina- visão sistemática (28), e os cursos de
Em 2011, o Ministério da Saúde, por dos Hospitais de Excelência - o Pro- longa duração realizados com recur-
meio do Departamento de Ciência e grama de Apoio ao Desenvolvimento sos do PROADI-SUS: Capacitação
Tecnologia, da Secretaria de Ciência Institucional do Sistema Único de em Saúde Baseada em Evidência
Tecnologia e Insumos Estratégicos Saúde (PROADI-SUS). Esse pro- (1809 capacitados), MBA Economia
(Decit/SCTIE), constituiu a Rede grama reflete o comprometimento e Avaliação de Tecnologias em Saúde
Brasileira de Avaliação de Tecnologias do Ministério com a melhoria da (31 participantes), Curso básico de
em Saúde (REBRATS) (Portaria nº qualidade das condições de saúde ATS para Gestores do SUS (185) e
2.915 de 12 de dezembro de 2011) da população brasileira, mediante Mestrado profissional em Tecnologia
com o objetivo de implantar e asse- transferência, desenvolvimento e in- e Inovação em Saúde (em curso).
gurar infraestrutura básica para o corporação de novos conhecimentos
desenvolvimento da ATS no Brasil. e práticas em áreas estratégicas para Em 2014, além das novas turmas
o sistema, além de forte contribui- para os cursos já existentes, está sendo
A REBRATS é uma rede de centros ção na formação e qualificação de programado, por meio do PROADI-
colaboradores e instituições de ensino recursos humanos para a Avaliação SUS, no âmbito da SCTIE/MS, o
e pesquisa no País, voltada à geração de Tecnologias em Saúde. curso de capacitação para Tomadas de
e à síntese de evidências científicas no Decisões em Direito à Saúde Baseada
campo da ATS no Brasil e no âmbito Com o incentivo governamental e as em Evidências, promovido pelo Insti-
internacional. parcerias firmadas para a execução de tuto de Ensino e Pesquisa do Hospital
capacitações para profissionais de saú- Sírio Libanês.
A Rede possui seis grupos de traba- de e docentes da área de ATS, foram
lho, sendo que um deles – o Grupo desenvolvidos, em 2013, cursos de Acompanhe a divulgação dos cursos
de Trabalho de Formação Profissional curta e longa duração com a finalida- de capacitação no portal da RE-
e Educação Continuada - é voltado, de de disseminar o conhecimento em BRATS - www.saude.gov.br/rebrats
exclusivamente, para o tema da edu- torno da Avaliação de Tecnologias em - e participe.

Expediente Núcleo Editorial Cláudia Garcia Serpa Osório


Gabrielle C. B.C. e Cysne Troncoso Everton Nunes Silva
Redação Clarice Alegre Petramale Giácomo Balbinotto Neto
Aline Silveira Silva1 Maria Eugênia Carvalhaes Cury Hillegonda Maria Dutilh Novaes
Betânia Ferreira Leite1 Roberta Moreira Wichmann Lenita Wannmacher
Gabriela Vilela de Brito1 Luis Guilherme Costa Lyra
Júlia Souza Vidal1 Conselho Consultivo Margareth Crisóstomo Portela
Kathiaja Miranda Souza1 Afrânio Lineu Kritski Marisa da Silva Santos
Marina Gonçalves de Freitas1 Alexandre Lemgruber Portugal Maria Eduarda Puga
Nashira Campos Vieira1 d’Oliveira Otávio Berwanger
Roberta Moreira Wichmann1 Andrès Pichon-Riviere Rosimary Terezinha de Almeida
Bernardo Rangel Tura Sebastião Loureiro
Coordenação Carlos José Coelho de Andrade Suzana Alves
Cíntia Maria Gava2 Cid Manso de Mello Vianna Thais Queluz
Misani Akiko Kanamota Ronchini2

Projeto gráfico e diagramação ATS/DECIT/SCTIE/MS


1

Assessoria de Comunicação, Cerimonial e Eventos - ASCEC GERAE/NUREM/Anvisa


2

Envie sugestões de temas, críticas e questionamentos sobre o BRATS para o e-mail: brats@anvisa.gov.br

Conheçam os estudos da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Acesse www.saude.gov.br/rebrats


Secretaria de Ciência,Tecnologia
e Insumos Estratégicos

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ANEXO I

Estratégia de busca atualizada em agosto de 2013

Base Termos Resultados Estudos Selecionados


((“Child”[Mesh]) AND “Attention Deficit Disorder with
Hyperactivity”[Mesh]) AND “Methylphenidate”[Mesh] Filters: 61 3
Systematic Reviews
Methylphenidate AND children AND attention-deficit disorder.
Filters activated: Systematic Reviews, Randomized Controlled 297 1
Medline (via Pubmed)
Trial, Publication date from 2005/01/01 to 2013/12/31.
(“Attention Deficit Disorder with Hyperactivity”[Mesh]) AND
“Methylphenidate”[Mesh]. Filters activated: Randomized
31 1
Controlled Trial. Publication date from 01/01/2012 to
31/12/2013.
Attention Deficit Disorder AND Methylphenidate. “Cochrane
The Cochrane Library 29 1
Reviews” and “Other Reviews”.
CRD Attention Deficit Disorder AND Methylphenidate. 7 0
NICE Attention Deficit Disorder AND Methylphenidate. 31 1
CADTH Attention Deficit Disorder AND Methylphenidate. 53 0
Nota: Elaboração própria.

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ANEXO II

Avaliação da qualidade das RS selecionadas:


Prasad, 2013 Punja, 2013 Hanwella, 2011 Schachter, 2001


A revisão se baseou numa
Sim Sim Sim Sim
pergunta estruturada, explícita e sensível?
A busca por estudos relevantes foi detalhada e
Sim Não Não Sim
completa?
Os estudos primários apresentavam qualidade
Não Não Não Não
metodológica adequada para a pergunta?
A avaliação dos estudos incluídos pode ser
Não Sim Sim Sim
reproduzida?
Os resultados foram semelhantes de estudo para
Não Não Não Parcialmente
estudo?
O estudo apresentou estimativa de precisão para os
Sim Sim Sim Sim
efeitos do tratamento?
O desfecho apresentado pelo estudo é relevante
Sim Sim Sim Sim
clinicamente?
Os potenciais conflitos de
Sim Sim Sim Não
interesse foram declarados?
Nota: De acordo com as Diretrizes para elaboração de pareceres técnico-científicos do Ministério da Saúde. Disponível em: http://200.214.130.94/rebrats/publicacoes/
diretrizes_PTC_3edicao.pdf

Avaliação da qualidade do ensaio clínico selecionado:

Parâmetros Mohammad, 2012


O estudo foi randomizado? Sim
A alocação dos pacientes nos grupos foi sigilosa? Sim
Os pacientes foram analisados nos grupos aos quais foram randomizados (a análise foi por intenção de
Sim
tratar)?
Os pacientes dos dois grupos eram semelhantes com relação a fatores de prognóstico previamente
Não está claro
conhecidos?
O estudo foi cego? Sim
Fora a intervenção experimental, os grupos foram tratados igualmente? Sim
As perdas foram significativas? Não
O estudo apresentou estimativa de precisão para os efeitos do tratamento? Não
Os pacientes do estudo são semelhantes aos de interesse? Sim
Os desfechos apresentados pelo estudo são relevantes clinicamente? Sim
Os potenciais conflitos de interesse foram declarados? Não
Nota: De acordo com as Diretrizes para elaboração de pareceres técnico-científicos do Ministério da Saúde. Disponível em: http://200.214.130.94/rebrats/publicacoes/
diretrizes_PTC_3edicao.pdf

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ANEXO III

Resultado dos desfechos de eficácia das RS selecionadas.

Estudo Comparação Controle Desfecho Efeito

Metilfenidato curta HI-T 0,78 (IC95% 0,64 a 0,91)


Schachter, 2001 Placebo
duração HI-P 0,54 (IC95% 0,40 a 0,67)
Metilfenidato em
Placebo 9,72 (IC95% 5,69 a 13,76)
baixa dose*
Metilfenidato em Comportamento na execução
Placebo 14,04 (IC95% 8,63 a 19,44)
alta dose** de tarefas
Metilfenidato em Metilfenidato
2,96 (IC95% 1,34 a 4,59)
baixa dose em alta dose
Metilfenidato em
Prasad, 2013 Placebo 11,76 (IC95% 9,63 a 13,90)
baixa dose
Metilfenidato em
Placebo Produtividade em sala de aula 14,40 (IC95% 10,91 a 17,90)
alta dose
Metilfenidato em Metilfenidato
2,04 (IC95% -2,43 a 6,50)
baixa dose em alta dose
Metilfenidato em
Placebo Precisão das atividades 1,66 (IC95% -0,12 a 3,43)
baixa dose
Score da escala ADHD-RS-IV SMD 0,09 (IC95% -0,08 a 0,26)
Taxa de resposta ao
RR = 0,93 (IC95% 0,76 a 1,14)
Hanwella, 2011 Metilfenidato*** Atomoxetina tratamento
Causas de descontinuação do
RR = 1,22 (IC95% 0,87 a 1,71)
tratamento
Desatenção/hiperatividade
SMD = -0,04 (IC95% -0,31 a 0,23)
(relato dos professores)
Desatenção/hiperatividade
Dados não apresentados
(relato dos pais)
Desatenção
SMD = 0,07 (IC95% -0,11 a 0,24)
(relato dos professores)

Metilfenidato Desatenção (relato dos pais) SMD = -0,12 (IC95% -0,31 a 0,06)
Metilfenidato de
Punja, 2013 de curta Hiperatividade
ação prolongada SMD = 0,29 (IC95% 0,05 a 0,52)
duração (relato dos professores)
Hiperatividade
SMD = -0,01 (IC95% -0,28 a 0,25)
(relato dos pais)
Hiperatividade/impulsividade SMD = 0,00 (IC95% -0,24 a 0,24)
(relato dos professores)
Hiperatividade/impulsividade SMD = -0,31 (IC95% -0,51 a -0,08)
(relato dos pais)
*baixa dose = 0,3 mg/Kg ou 10 mg dose fixa
**alta dose = 0,6 mg/Kg ou 17,5 - 20 mg dose fixa
*** dose 0,8 mg/kg – 1,12 mg/kg
SMD = desvio padrão da média

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GLOSSÁRIO B, A. Uma crítica deste desenho expe- sempre acompanhada de extraordinária


rimental é que os efeitos do primeiro intensidade afetiva4.
Abuso: caracterizado como uma de- tratamento podem ser transportados
sordem mental na qual a ingestão da para o período quando o segundo é NNT: (number needed to treat) Essa
substância induz uma disfunção signi- executado.2 medida representa o número de pacien-
ficativa na vida do usuário1. tes que necessitam de tratamento para
Tolerância: ato de tolerar; resistência; prevenção de mais um prognóstico
Drogadição: transtorno relacionado ao capacidade de resistir ao uso continua- ruim, isto é, prevenir-se um evento
abuso de substâncias, efeitos colaterais do ou a doses aumentadas de determi- indesejado (ex: morte, recaída). É o in-
de uma medicação, exposição a toxinas. nado medicamento3. verso de “redução do risco absoluto”. É
São sinônimos: abuso de substâncias, influenciado pela frequência do evento
toxicomania, transtornos por uso de Área sob a curva: medida estatística que se está avaliando2,5 .
drogas, uso indevido de drogas 2. utilizada com frequência em farmaco-
logia clínica onde a ASC dos níveis de NNH: Semelhante ao NNT, o NNH
Dependência: uso cotidiano e prolon- soro pode ser interpretada como a cap- (number needed to harm) indica o nú-
gado de substâncias trazendo impor- tação total do que quer que tenha sido mero necessário para produzir dano ou
tantes mudanças no organismo, o qual administrado. Como um gráfico da evento(s) adverso(s)5. Logo, evidencia
passa a se adaptar à substância em uso3. concentração de uma droga em oposi- o número de pessoas que se esperaria
ção ao tempo, após uma única dose de tratar para observar um evento ruim em
Estudo crossover: Estudos compa- medicamento, produzindo uma curva uma única pessoa. Tal ótica é importante
rando dois ou mais tratamentos ou padrão, é uma medida comparativa da quando se considera que alguns trata-
intervenções nos quais os sujeitos ou biodisponibilidade da mesma droga mentos podem aumentar consideravel-
pacientes, após terminado o curso de feita por diferentes companhias1. mente a chance de obter-se um benefício,
um tratamento, são ligados a outro. No mas, por outro lado, podem também
caso de dois tratamentos, A e B, metade Labilidade emocional: ou instabilida- majorar as chances de resultar um ma-
dos sujeitos são randomicamente aloca- de afetiva, é um estado especial em que lefício. Números negativos indicam que
dos para recebê-los pelo método A, B se produz a mudança rápida e imoti- a condição controle é mais susceptível a
e metade para recebê-los pelo método vada do humor ou estado de ânimo, prejuízos que o tratamento6.

Referências do Glossário:

01 Sítio do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM.IV). Disponível em: http://virtualpsy.locaweb.
com.br/dsm.php?busca=tdah. Consulta em 30/09/2013. DSM.IV.

02 Descritores em Ciências da Saúde (Decs). Disponível em: http://decs.bvs.br/. Acessado em: 28 de outubro de 2013.

03 Dicionário Médico. Disponível em http://www. dicionariomedico.com/. Acesso em 23.10.2013.

04 Dicionário PsiqWeb. Disponível em: http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerDicionario&id


ZDicionario=411. Acesso em 07/11/13.

05 Coutinho, Evandro Silva Freire e Cunha, Geraldo Marcelo da. Conceitos básicos de epidemiologia e estatística para a
leitura de ensaios clínicos controlados. Rev. Bras. Psiquiatr., Jun 2005, vol.27, no.2, p.146-151. ISSN 1516-4446.

06 Moore, A. What is na NNT? What is...? series: Statistics. Hayward Group Ltd. Second edition. April 2009. Disponível
em: www.whatisseries.co.uk.

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DECLARAÇÃO DE POTENCIAIS CONFLITOS DE INTERESSE


Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde (BRATS):

Roberta Moreira Wichmann


Marina Gonçalves de Freitas
Metilfenidato (Ritalina®, Ritalina LA® e Concerta®) no tratamento

Kathiaja Miranda Souza


Equipe responsável pela

Gabriela Vilela de Brito


de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

Nashira Campos Vieira


Betânia Ferreira Leite
Aline Silveira Silva

Júlia Souza Vidal


redação do texto
1 – Nos últimos cinco anos você recebeu os suportes financeiros, abaixo listados, de alguma instituição ou organização que possa, de
alguma forma, se beneficiar ou ser financeiramente prejudicada pelo conteúdo do BRATS?
a) Reembolso por comparecimento a simpósio? Não Não Não Não Não Não Não Não
b) Honorários por apresentação, conferência ou palestra? Não Não Não Não Não Não Não Não
c) Honorários para organizar atividade de ensino? Não Não Não Não Não Não Não Não
d) Financiamento para realização de pesquisa? Não Não Não Não Não Não Não Não
e) Recursos ou apoio financeiro para membro da equipe? Não Não Não Não Não Não Não Não
f ) Honorários para consultoria? Não Não Não Não Não Não Não Não
2 - Durante os últimos cinco anos você prestou serviços a uma
instituição ou organização que possa de alguma forma se beneficiar Não Não Não Não Não Não Não Não
ou ser financeiramente prejudicada pelo conteúdo do BRATS?
3 - Você possui apólices ou ações em uma instituição que possa de
alguma forma se beneficiar ou ser financeiramente prejudicada pelo Não Não Não Não Não Não Não Não
conteúdo do BRATS?
4 - Você atuou como perito judicial sobre o assunto do BRATS? Não Não Não Não Não Não Não Não
5 - Você tem algum interesse financeiro conflitante? Não Não Não Não Não Não Não Não
6 - Você possui um relacionamento íntimo ou uma forte antipatia
por uma pessoa cujos interesses possam ser afetados pelo conteúdo Não Não Não Não Não Não Não Não
do BRATS?
7 - Você possui uma ligação ou rivalidade acadêmica com alguém
Não Não Não Não Não Não Não Não
cujos interesses possam ser afetados pelo conteúdo do BRATS?
9 - Você possui profunda convicção pessoal ou religiosa que
pode comprometer o que você irá escrever e que deveria ser do
Não Não Não Não Não Não Não Não
conhecimento dos tomadores de decisão na aplicabilidade do
conteúdo do BRATS?
10 - Você participa de partido político, organização não-
governamental ou outro grupo de interesse que possa influenciar o Não Não Não Não Não Não Não Não
conteúdo do BRATS?
1
Adaptado do modelo disponível em:http://www.cnpq.br/editais/ct/2009/docs/067_anexo1.doc

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