TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE – TDAH –
CONSIDERAÇÕES SOBRE EDUCAÇÃO E INCLUSÃO NO CURSO DE MEDICINA
Autor: Ariane Lutke Obersteiner
Autor: Brenna Eduarda Fernandes Olanda Ferraz Autor: Carolina Branco Alvares Autor: Eliane Martins de Oliveira Kazmierczak Autor: Igor Oliveira da Costa Autor: Luis Antonio Pereira da Silva Orientador: Eduardo Alves
Introdução: Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é considerado um
distúrbio neurofisiológico pela Associação Americana de Psiquiatria, ou seja, é um transtorno do neurodesenvolvimento, de causa genética, manifestando-se na infância e permanecendo na vida adulta em mais da metade dos casos. Os critérios característicos do TDAH são queixas comuns entre universitários, com a prevalência estimada entre 12,5% e 21,8% nesta população. Objetivo: Identificar a prevalência e características dos portadores de TDAH e o uso de psicoestimulantes para neuroaprimoramento entre acadêmicos de Medicina. Método: Revisão Integrativa, contextualizada, de caráter quali-quantitativo, através de um levantamento realizado em base de dados nacionais. Como técnica, a pesquisa bibliográfica foi desenvolvida pela leitura de artigos científicos, guias e manuais, utilizando-se descritores pela interoperação com o DeCS (Descritores em Ciência da Saúde) sendo eles: “TDAH”, “Metilfenidato”; “Estudantes”; “Medicina”. A base de dados foi o Google Acadêmico, encontrando-se 644 pesquisas científicas. Os critérios de filtragem utilizados foram: “Publicação 2008 - 2023”, “Idioma Português” e pesquisa com dados livres. Excluindo-se artigos anteriores a 2008 e os que não discutiam o tema proposto, teve-se como resultado final 8 artigos de base científica. Os artigos selecionados encontram-se indexados nas seguintes bases de dados: DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), MEDLINE (Sistema Online de Buscas e Análise de Literatura Médica), Revista Arco: jornalismo científico e cultural da Universidade Federal de Santa Maria, Revista Acervo Mais, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed (Plataforma de busca da National Library of Medicine), os quais foram analisados e discutidos de acordo com o objetivo do tema pesquisado. Resultado: Os sintomas do TDAH são verificados no convívio social, onde o portador deste transtorno não consegue se adaptar adequadamente ao meio em que vive e nem corresponder às expectativas dos docentes e colegas, elevando assim, o nível de estresse das pessoas com as quais se relaciona bem como do próprio portador, devido à falta de atenção e impulsividade inadequadas ao nível de desenvolvimento, tornando o aprendizado insatisfatório. No Brasil, no ano de 2018, foi detectada uma prevalência de 4,5%, entre acadêmicos do curso de medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro. No meio acadêmico pelo menos 25% dos estudantes com dificuldades nas universidades são diagnosticados com TDAH, esta frequência elevada dos critérios diagnósticos de TDAH em estudantes de medicina transpõe a prevalência deste transtorno nesta população, o que sugere uma relação com momento de maior estresse e transição na vida destes indivíduos, tornando- os mais predispostos a manifestarem tais sintomas de TDAH. Estima-se que cerca de 4 a 5% da população mundial adulta tenha TDAH. Mesmo estudantes sem o transtorno, quando responderam questionários básico para presença de sintomas de TDAH, apresentaram resultados positivos, pois consideravam sua concentração aquém durante a realização das atividades, bem como, a má organização do tempo exigido pelo curso. Este cenário de baixo rendimento acadêmico proporciona o uso indiscriminado de medicamentos psicofármacos e estimulantes do sistema nervoso central (Ritalina, Concerta e Venvanse) para o “tratamento do TDAH”, pelos estudantes, o que é muito preocupante. A expressão “melhoramento cognitivo” se refere a uma alternativa ou conjunto de alternativas que os indivíduos buscam com a finalidade de desenvolver ainda mais a cognição. Uma das estratégias comumente utilizadas para atingir tal resultado é o uso das Substâncias Psicoestimulantes (SPEs) (DALL’AGNOL D, 2017). Entretanto, a análise da venda UFD (Unidades Físicas Distribuídas), a cada 1.000 habitantes mostra que o consumo é mais intenso nas capitais do Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Goiás. Em Porto Alegre, cerca de 3 pessoas a cada 100 compraram uma caixa de Ritalina no ano de 2013. Considerações Finais: A alta prevalência de comorbidades nessa população acadêmica de medicina, principalmente ansiedade e depressão, podem se confundir com os sintomas do TDAH, determinando impactos na vida destes universitários, como maior preocupação com o desempenho acadêmico e tendência a postergar a graduação. Crianças, adolescentes e adultos sem TDAH podem ter algum grau de desatenção, hiperatividade ou impulsividade. O tratamento deve ser multimodal, integrando psicoeducação sobre a doença com a família e o próprio portador com a universidade, oferecendo suporte acadêmico, psicoterapias, treinamento de habilidades parentais e farmacoterapia. Referencias Bibliográfica
AFFONSO RS, et al. O uso indiscriminado do cloridrato de metilfenidato como
estimulante por estudantes da área da saúde da Faculdade Anhanguera de Brasília (FAB). Infarma Ciências Farmacêuticas, 2016; 28(3): 166-172. American Psychiatric Association. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5. 5.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. BARKLEY, R. A. Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade – TDAH: guia completo para pais, professores e profissionais da saúde. Porto Alegre: Artmed, 2002. BARTLEY, Russell. A.; BENTON, Christine M. Vencendo o TDAH Adulto: Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. 2ª ed. São Paulo: Artmed, 2022. BARKLEY, Russell A.; CUNNINGHAM, Charles E.; FARAONE, Stephen V.; GORDON, Michael; LEWANDOWSKI, Larry; MURPHY, Kevin R. ADHD Symptoms vs. Impairment: Revisited. ADHD Report. 2006; 14:1-9. BARTLEY, Russell. A., MURRAY, Kevin R. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: exercícios clínicos. 3a. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. Organização Mundial de Saúde. CID10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. 10. ed. São Paulo: EDUSP; 2011. BERTOLDI, Andréa D; MIRANDA, Vanessa I. A.; PRETA, Bianca C. et al. Uso de psicoestimulantes para neuroaprimoramento (drogas inteligentes) entre universitários no Brasil. 2019; 1(1): 1532-2491. Transtornos do Neurodesenvolvimento. In: Association AP. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 5a ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p. 71-115.