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Leciane Isabela de Souza

Psicóloga – CRP 04/50177


 Histórico do transtorno: Primeiro relato formal
aconteceu em 1902, por George Still (ABDA,
2010).

 TDAH: É um transtorno neurobiológico, com


grande participação genética, tendo início na
infância podendo persistir na vida adulta,
comprometendo o funcionamento do indivíduo
em vários aspectos de sua vida (ABDA, 2010).
 O DSM V (2013), relata que o aspecto elementar
do Transtorno de Déficit de
atenção/Hiperatividade é um padrão perseverante
de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade
que afeta o desempenho ou o desenvolvimento.

 Apresenta-se em 3 tipos.
 Na infância/adolescência, o TDAH está associado
a baixo desempenho escolar, sucesso acadêmico
reduzido e rejeição social. Nos adultos nota-se
fracasso e baixo desempenho, pouca assiduidade
no campo profissional e maior probabilidade de
desemprego, bem como altos níveis de conflito
interpessoal (DSM-V, 2013).
 A iniciativa variável ou inadequada a tarefas que
exijam esforço prolongado frequentemente é
interpretada como preguiça, irresponsabilidade ou
falta de cooperação, tornando assim, as relações
familiares conflituosas e com interações
negativas.
 A ABDA (2010) indica também que o TDAH
pode ocorrer acompanhado de outras
comorbidades, tais como Transtornos do
Aprendizado, Transtorno Opositor Desafiador e
Transtorno de Conduta, Tiques, Transtornos
Ansiosos, Transtornos do Humor e abuso de
drogas e alcoolismo
 De acordo com a ABDA (2010), não existe nenhum exame ou
teste psicológico que permita fazer o diagnóstico desse
transtorno;

 Ele é feito através de entrevistas com pais e professores,


verificando o desempenho escolar, a presença de
comorbidades psiquiátricas, bem como apuração do histórico
médico, psicossocial e familiar (Wagner, Rohde, & Trentini,
2016).
Padrão predominantemente desatento:
Não presta atenção, cometendo erros por descuido;
Dificuldades de manter a atenção;
Parece não escutar;
Não conclui as atividades iniciadas;
Dificuldade em organizar-se;
Evitam tarefas que exigem muito esforço;
Perde coisas necessárias;
Distração fácil por estímulos externos;
Esquece de fazer atividades.
Padrão predominantemente hiperativo:
Remexe, batuca, se contorce quando sentado;
Levanta-se, quando é para ficar sentado;
Corre ou sobe em coisas;
Não consegue brincar calmamente;
Não para quieto;
Fala muito;
Responde precipitadamente;
Dificuldade de esperar sua vez;
Interrompe pessoas ou se interrompe.
 A triagem para o TDAH e a investigação médica sobre os
prejuízos do sintoma;
 Entrevista detalhada com os pais de crianças pré-
escolares;
 História médica dos pacientes;
 Avaliação de transtornos psiquiátricos comórbidos.
(Louzã Neto, 2010)
Quanto mais completa e cautelosa for a avaliação em
termos instrumentais e multidisciplinares, menor a
probabilidade de equívoco no diagnóstico e maiores
serão os recursos que o profissional dispõe para traçar
uma intervenção adequada (Graeff & Vaz, 2008).
 Envolve um trabalho realizado junto à criança, à
família e à escola, através de psicoeducação, além da
Terapia Cognitiva Comportamental, considerada como
fundamental, associados ou não ao uso de medicações.
(Bargas e Lipp, 2013)

 Os pais e professores tem grande participação no


processo de tratamento do TDAH.
 A Terapia Cognitiva Comportamental auxilia na
mudança, viabilizando uma maior flexibilidade
cognitiva que possibilitará modificar os esquemas
cognitivos pessoais do indivíduo (Louzã Neto,
2010).
No Brasil os medicamentos autorizados são a Ritalina e o
Concerta, porém o Venvance, um composto a base de
dexanfetamina já vem sendo amplamente indicado para o
tratamento de TDAH (França, 2012).
 Medicalização é o processo no qual problemas que não são
considerados de ordem médica passam a ser vistos e tratados
como tais (Brzozowski & Caponi, 2013).

 Ao mesmo tempo em que a área da saúde foi entrando na vida


familiar e escolar, a Medicina foi assumindo o papel de agente
de normalização dos desvios (Brzozowski & Caponi, 2013).

 Os medicamentos utilizados no tratamento do TDAH agem


pela supressão da habilidade cerebral de gerar
comportamentos mentais espontâneos (Brzozowski & Caponi,
2013).
 Com a medicalização, questões sociais tornam-se
biológicas, o que naturaliza a vida e os processos nela
envolvidos (Brzozowski & Caponi, 2013).

 As instâncias de poder podem facilmente ser isentas de


responsabilidades (Brzozowski & Caponi, 2013).
 Conclui-se que o diagnóstico de TDAH, muitas vezes, é
atribuído de forma indevida. O tratamento, que deveria ser
multidisciplinar, é centralizado no uso compulsório de
psicofármacos, o que aponta para traços da cultura de
medicalização da vida. No caso do portador de TDAH, essa
cultura já vem sendo reafirmada desde a infância.

 É importante enxergar as crianças como indivíduos que


possuem sua própria subjetividade e que, além disso,
necessitam vivenciar de forma livre aquilo que sua faixa
etária lhe proporciona.
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