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Goiânia - GO
Maio/2019
Resumo
O TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento definido por níveis
prejudiciais de desatenção, desorganização e/ou hiperatividade-impulsividade.
TDAH e Gestalt-terapia
Do ponto de vista da Gestalt-terapia a doença está dentro da concepção de
fronteira de contato, espaço existencial onde o eu e o não-eu se experienciam, e os
eventos psicológicos acontecem. Desse modo, para esta abordagem as patologias
surgem na relação do indivíduo com o ambiente, fonte de conflito e tensão entre
necessidades originais do indivíduo versus as pressões e demandas sociais. Busca-se,
então, compreender o funcionamento psicológico da pessoa a partir das trocas
emocionais que ocorrem na fronteira do contato (Frazão, 1995; Antony, 2018).
A etiologia e a sintomatologia da hiperatividade são estudadas com objetivo
específico de estabelecer os critérios diagnósticos da doença, e muitas vezes, segundo
Antony & Ponciano (2005) os pesquisadores se referem à criança como o transtorno,
explique melhor. Na visão deles, falta uma compreensão daquilo que está além da
aparência da doença e visam com seus estudos dar ênfase ao sentido e significado da
hiperatividade através do conhecimento dos processos psicológicos e relacionais das
experiências subjetivas vividas por essa criança como forma de auxiliá-las a lidar com
os sintomas e melhor relacionarem consigo mesmo e com o meio que o cerca (Antony
& Ponciano, 2004, 2005).
A formação das patologias, portanto, é o caminho dos encontros e desencontros
relacionais. Antony (2005) realizou uma pesquisa utilizando o Ciclo dos fatores de Cura
e Bloqueios de Contato de Ribeiro, J (1997) a fim de compreender a dimensão
intrapsíquica e de que modo ela favorece e/ou dificulta os encontros relacionais da
criança com o seu meio.
O ciclo do contato expressa o funcionamento saudável do organismo, a
autorregulação espontânea da pessoa em interação com o meio visando a satisfação das
necessidades emergentes. Ele é capaz de expressar a psicodinâmica interna e relacional
de uma pessoa saudável ou patológica com seus vários mecanismos de defesa,
entendidos em Gestalt como bloqueios do contato (Antony, 2018).acho que não precisa
revisar todo o ciclo em detalhe, pode resumir e ir direto ao ponto.
A teoria de campo oferece o principal subsídios para compreender a teoria do
Ciclo do contato. O campo é composto de microáreas físicas e psicológicas e nele
existem fronteiras e contornos. O contato se dá no campo e o campo primeiro e mais
importante é nosso corpo, físico e psíquico, que constitui o espaço vital, síntese e
reflexo da totalidade de cada um. O corpo é desse modo, sujeito e objeto do contato,
tudo começando no campo (Ribeiro, 2007).
O contato acontece em vários níveis: consigo mesmo, com o outro e com o
mundo. Esses níveis de contato são fruto da percepção subjetiva que a pessoa tem da
relação dela com o outro e, da maneira que a realidade objetiva é captada pela
subjetividade. O contato pode ocorrer, fisicamente, da pessoa com a pessoa e da pessoa
com o outro, seja ele humano ou coisa, sendo sua origem e desenvolvimento
completamente diferentes em ambas as situações. Todo contato implica uma relação eu-
mundo. Primeiro a pessoa existe, depois ela sente, pensa, faz e fala. Percebe-se a
realidade fora de si, depois percebe que percebeu e por último reconhece o que percebeu
(Ribeiro, 2007).
As formas de contato são expressas, na Teoria do Ciclo do Contato, por meio de
círculos que representam o campo dentro do qual toda forma de contato é possível,
independentemente do tamanho do círculo. Contato é energia, e no círculo ele pode se
movimentar sem empecilhos. Dessa forma, Ribeiro (2007), apresenta nove unidades de
de sentido e ação que expressam algumas das possibilidades de como o contato
acontece (Ribeiro, 2007).
Para cada fase de contato há um mecanismo de bloqueio, que se interagem de
formas polares e complementares, mostrando a dinâmica entre saúde e doença,
conforme mostra figura (Antony e Ponciano 2005; Ribeiro, 1997).
Os bloqueios do contato são mecanismos psicológicos que exercem funções
defensivas e constituem padrões de comportamento e percepção pelos quais o indivíduo
mantém impedindo-o de realizar um contato saudável tornando o cristalizado. Segundo
Ribeiro (1997), o indivíduo pode interromper o ciclo em qualquer ponto, no entanto, há
um lugar em que o bloqueio é mais constante e define a sua dinâmica intra e
interpessoal. É válido ressaltar que esses processos do contato possuem uma função
saudável quando empregados flexivelmente, atendendo às condições da situação e às
necessidades originais do indivíduo.
O ciclo apresenta os fatores de cura no processo de contato:
FLUIDEZ: consiste na capacidade do indivíduo movimentar na formação e
resolução de figuras no campo. Para isso ele precisa ser capaz de se localizar no tempo e
no espaço, sair de uma posição para outra de forma livre e espontânea. Observa-se na
criança hiperativa fluidez na busca por coisas estimulantes, agindo de forma espontânea
e impulsiva (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
SENSAÇÃO: processo captação sensorial no corpo de estímulos internos e/ou
externos, de surgimento da excitação e com isso mais consciência das sensações
produzidas e sentidas pelo corpo. A criança hiperativa é sensoriomotora, procura
estímulos ambientais que a excitem e mobilize suas sensações corporais (Ribeiro, 2007;
Antony, 2018).
CONSCIÊNCIA: Processo pelo qual o indivíduo atento às suas necessidades
internas e ao que ocorre no ambiente ficando mais aberto as coisas que acontecem em
sua volta e mais receptivo as novidades. A criança hiperativa demonstra pouca
consciência de suas necessidades internas básicas e das demandas e limites do ambiente
por pensar pouco sobre a situação e agir por impulso (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
MOBILIZAÇÃO: processo no qual a pessoa sente vontade e necessidade de
expressar seus sentimentos, vontades e desejos gerando energia para uma ação.
Segundo, Antony (2018), a criança hiperativa se move por seus desejos e vontades de
forma impulsiva. Sente e age! (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
AÇÃO: processo escolha e realização de uma ação apropriada após consciência
de suas necessidades. Em crianças hiperativas nota-se uma baixa habilidade em parar e
pensar, suas ações tornam-se inapropriadas às demandas do ambiente. (Ribeiro, 2007;
Antony, 2018).
INTERAÇÃO: na relação com o outro há envolvimento e troca, com clara
discriminação das próprias necessidades e das alheias, gerando uma ação que não espera
retribuição e não há manipulação. A criança hiperativa impõe suas vontades, invade os
limites de fronteira de contato, e as vezes faz uso de condutas manipuladores para
satisfazer seus desejos e necessidades o que gera conflito nas suas relações (Ribeiro,
2007; Antony, 2018).
CONTATO FINAL: processo de engajamento total e pleno com o objeto
escolhido para interação. Nota que na criança hiperativa baixa capacidade de
envolvimento com os objetos, com as situações e com o outro, falhando no contato
pleno. (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
SATISFAÇÃO: processo de profunda satisfação da necessidade original, em que
ocorre o fechamento de uma Gestalt, a partir da troca plena com o ambiente. Raramente
se sente satisfeita consigo e com o outro, há sensação de querer mais de si e do outro
(Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
RETIRADA: processo no qual a pessoa entra em retraimento para que uma nova
necessidade surja, dando espaço para surgimento de novas experiencias. A criança
hiperativa tem dificuldade em perceber a satisfação de uma necessidade, de esperar o
surgimento de uma nova, deixando muitas gestalten abertas e situações inacabadas
(Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
Desse modo Antony (2018) conclui que a inquietação e a desatenção da criança
hiperativa, do ponto de vista dos fatores de cura no ciclo do contato, representam um
permanente processo de fluidez e busca de novos estímulos. O excesso de fluidez, a
coloca diante de várias figuras que demandam atenção e a levam a constante estado de
conflito. O alto nível de excitação gera excesso de mobilização de energia para a
execução de uma ação, a qual é efetuada pronta e impulsivamente. O contato é
superficial com as coisas, trocando incessante o foco da atenção de um objeto a outro
prematuramente, sem manter a continuidade até o fechamento da Gestalt. Não há
satisfação total de nenhuma necessidade, o que leva há uma busca incessante de
autorregulação e impossibilita uma ação com significação (Antony, 2018).
Para aliviar a tensão e angústia diante de situações vividas no campo
organismo/ambiente o indivíduo lança mão de mecanismos de defesa ou bloqueios de
contato. Esses mecanismos quando fixados e repetitivos se tornam um jeito que padrão
pessoal de funcionar (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
Os bloqueios de contato são:
FIXAÇÃO (Parei de existir): processo de apego excessivo as pessoas, ideias ou
coisas ao ponto de sentir-se incapaz de explorar situações novas, permanecendo
compulsivamente fixado às coisas. Permanece fixado em uma necessidade de forma
obsessiva evitando o surgimento de algo novo. A curiosidade e a motivação para
explorar novas situações estão bloqueadas. A criança hiperativa não apresenta esse
processo, mas funciona na polaridade oposta a fixação que é a fluidez (Ribeiro, 2007;
Antony, 2018).
DESSENSIBILIZAÇÃO (Não sei se existo): processo através do qual indivíduo
perde ou diminui a sensibilidade do corpo, perde o contato consigo mesmo e o interesse
por sensações novas e intensas. Em alguns casos a pessoa perde o tato, paladar, olfato.
A criança hiperativa tem uma hipersensibilidade e uma hiperatividade, só apresentará
esse bloqueio caso sofra alguma experiência traumática em seu corpo (Ribeiro, 2007;
Antony, 2018).
DEFLEXÃO (ele não existe, nem eu): processo de evitação do contato consigo,
com o outro, e com ambiente de forma frequente e abrupta de uma figura para outra sem
continuidade ou o foco. Constitui fuga prematura do contato em situações de tensão ou
ansiedade. Há consciência reduzida da necessidade prioritária impede a criança de
engajar-se com os objetos/pessoas no ambiente, e assim não alcança a satisfação plena
para entrar em retraimento. Na criança hiperativa percebe dificuldade de entrar em
contato íntimo devido constante mudança de atividades, adiamento da execução das
tarefas escolares e evitando o esforço mental para estudar (Ribeiro, 2007; Antony,
2018).
INTROJEÇÃO (“ele existe, eu não”): a pessoa não reflete sobre as informações
que recebe do meio e aceita tudo como se fosse verdade. Colocando em segundo plano
seus objetivos, vontades e desejos. Os códigos morais, as proibições dadas de forma
impositiva com ameaças de privação de amor, de rejeição, punição abandono que ao
serem introjetadas afetam a autoestima e geram angústia. As introjeções fazem a criança
inibir/bloquear sensações e necessidade corporais, a consciência de certos sentimentos
desejos ou ações. O pequeno hiperativo introjeta muitas mensagens negativas sobre o
seu jeito de ser e a respeito de sua agitação psicomotora. “Fica quieto, seu
destrambelhado”, “Você faz bagunça, Sempre faz as coisas mal feitas”, com isso a
criança constrói a ideia de que não é boa, não é capaz, e que faz tudo errado. (Ribeiro,
2007; Antony, 2018).
PROJEÇÃO (Eu existo, o outro eu crio): Dificuldade de identificar o que é seu.
Atribui aos outros os sentimentos, pensamentos, e comportamentos intoleráveis,
atribuindo aos outros a responsabilidade por seus erros, fracassos e defeitos.
Geralmente sente-se ameaçado pelo mundo, pensa excessivamente antes de agir, e
identifica nas outras pessoas dificuldades e defeitos semelhantes aos seus. Nega partes
de sua personalidade ou desejo que são alvo de crítica, depreciação, reprovação,
rejeição. Culpa o outro por suas falhas, insuficiências desapropriando-se de seus
próprios atos e pensamentos. A criança hiperativa faz uso da projeção para se defender
das críticas e reprovações a seu respeito. Por ser constantemente alvo de censuras e
punições não assume responsabilidades e acusa os outros ou partes dos seu corpo por
seu insucesso ou falha (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
PROFLEXÃO (Eu existo nele): movimento no qual a pessoa faz aos outros
aquilo que gostaria que fizesse com e para ela, deseja que eles sejam como ela própria é,
manipulando-os a fim de receber aquilo de que precisa. Costuma fazer o que o outro
deseja ou submete-se passivamente a vontades alheias, com objetivo de receber do outro
o que precisa e sentir-se amado. Tem dificuldade de se reconhecer como própria fonte
de nutrição, lamenta a ausência do contato externo, e a dificuldade do outro em
satisfazer as suas necessidades. É comum o sentimento de abandono. Nas crianças
hiperativas a Proflexão aparece na troca de favores, ações para agradar os colegas,
familiares e professores como tentativa de ser aceita e querida (Ribeiro, 2007; Antony,
2018).
RETROFLEXÃO (Ele existe em mim): processo pelo qual a pessoa faz a si o
que gostaria de fazer ao outro ou que alguém fizesse com ela ocasionando retenção e
bloqueio de uma ação ou impulso. Aprende que não pode expressar espontaneamente,
tendo que conter certos impulsos e emoções ocasionando tensões musculares e sintomas
somáticos, gerando conflitos no sistema motor e os impulsos inaceitáveis que lutam por
expressão e gratificação. É um mecanismo pouco utilizado pela criança hiperativa, uma
vez que a impulsividade a torna menos reflexiva, com poucas habilidades para conter as
ações muitas vezes irrefletidas e precipitadas (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
EGOTISMO (Eu existo, eles não): processo por meio do qual o sujeito se coloca
como centro das coisas, tendo por preocupação principal as próprias necessidades e a
própria identidade. O egotista investe grande energia em si mesmo para atender seus
desejos e necessidades, retirando-a do meio externo. Exerce controle rígido e excessivo
no mundo fora de si. Sempre atento para evitar fracassos e frustrações e surpresas.
Presta tanta atenção ao mundo externo que não consegue usufruir dos ganhos da
manipulação. (Ribeiro, 2007; Antony, 2018).
Antony (2018) relata que determinação e a teimosia das crianças em fazer
apenas o que quer e na hora que quer gera desconforto nos cuidadores. Sempre deseja
algo em troca para fazer o que lhe é solicitado, sendo necessário oferecer ou prometer
alguma coisa para que ela cumpra os combinados. O hiperativo passa a impressão que
sofre de uma angústia, inquietação, parece sempre ter algo por fazer, nunca está
satisfeito com o que tem e com o que lhe dão. Sempre quer mais, interrompendo o
funcionamento equilibrado do processo de dar e receber. Vive contínuos problemas na
relação com o outro, o qual ele tem a sensação de nunca ter suas necessidades atendidas
como deseja (Antony, 2018).
CONFLUÊNCIA (Nós existimos, eu não): processos através do qual o indivíduo
se liga fortemente aos outros. Não diferencia o que é seu com o que é do outro,
ocasionando falta de identidade e confusão de fronteiras. Há fraco senso de si, forte
desejo em agradar, teme o isolamento, agarrando-se aos outros, ao antigo e aceitando
que decidam por ele mesmo que isso o desagrade. (Ribeiro, 2007; Antony, 2018)
Essa dinâmica de contato é pouco comum em crianças hiperativas, a qual deseja
independência e autonomia. Não aceita ser mandada pelos outros, quer impor suas
vontades, tem uma força de si que a move a diferenciar-se do outro (Antony, 2018).
Antony (2005,108) correlacionou os mecanismos psicológicos da Gestalt-
Terapia, com análise interpretativa do Teste de Apercepção Temática – figura de
animais ( CAT-A) as principais categorias obtidas da análise do discurso das
professoras e dos pais e concluiu que, os bloqueios de contato presentes no
funcionamento psicológico da criança hiperativa são deflexão, projeção e o egotismo.
A deflexão aparece como o processo psicológico que define o transtorno e as
manifestações comportamentais da criança. A inquietação e hiperatenção (desatenção)
revelam a mudança constante de atividade ou de objeto que caracteriza um modo vago e
superficial de fazer contato com as coisas e com outros em razão da dificuldade em
enfrentar situações de tensão e ansiedade. O oposto complementar da deflexão no ciclo
é a consciência, significando que a criança carece da consciência de si mesma, de
reconhecer a necessidade emergente, da capacidade de escolher o objeto que irá
propiciar sua satisfação (Antony e Ribeiro, 2005).
A Projeção, bloqueio na ação, foi uma outra dinâmica encontrada. A criança não
realiza uma ação apropriada no meio por possuir introjeções negativas a respeito de si
que a impedem de agir conforme as suas necessidades genuínas e características
próprias de personalidade. A criança vê o mundo como agressivo, intolerante,
incompreensivo que não aceita seu modo de ser agitado satisfação (Antony e Ribeiro,
2005).
O egotismo aparece como processo psicológico que forma a base da
personalidade da criança, oriundo das categorias afetividade e determinação. Refere-se a
categoria de onipotência e auto referência da criança, ao seu modo imperativo e
voluntarioso de agir (dificuldade em aceitar opiniões e seguir regras), necessidade de ser
o centro das atenções, alta demanda de afeto que a que torna uma criança com uma
intensa reatividade e vulnerabilidade emocional. Destacando um outro paradoxo do seu
funcionamento déficit de afetividade x hiperemotividade. O polo complementar no ciclo
é a satisfação, indicando que a criança se encontra em estado permanente de insatisfação
em suas trocas com o meio. Por outro lado, apontam uma atitude não egoísta, um modo
prestativo de ser, dando o que é seu quando o outro precisa, fazendo uso da proflexão
(eu faço aos outros aquilo que gostaria que fizessem comigo) como mecanismo de
compensação satisfação (Antony e Ribeiro, 2005).
Considerando a descrição do funcionamento psicológico da criança hiperativa de
Antony (2005, 20018) este projeto visa compreender por meio da vivencia da mãe que
forma o modo de ser e existir da criança com TDAH reflete na relação mãe e filho.
Justificativa
Os profissionais da Gestalt-terapia por muito tempo excluíram todo e qualquer
tipo de diagnóstico por entenderem como uma maneira limitada de compreender o
indivíduo e, portanto, incompatível com a concepção de homem e mundo da Gestalt-
terapia que entende o homem como um constante vir a ser que se revela por si mesmo.
Com o tempo, perceberam a importância de dialogar com os diagnósticos
tradicionais, além de definir os princípios da abordagem. Desse modo, a construção
diagnóstica desta abordagem visa compreender a experiência do cliente, ao se relacionar
consigo mesmo e com mundo. O que implica numa atitude que possibilite o
aparecimento do fenômeno em sua originalidade. A compreensão enfatiza a observação,
a descrição da experiência singular do cliente, e a identificação de como ele interrompe
o fluxo do contato e o tipo de apelo que endereça ao mundo pelo modo como se
relaciona com os diversos elementos do campo do qual ele faz parte (Aguiar, 2014;
Pinto, 2016). Isso não justifica seu projeto, a questão não é o diagnóstico, mas a relação
mãe e filho.
Com base nisso esse projeto este projeto visa compreender por meio da vivencia
da mãe que forma o modo de ser e existir da criança com TDAH afeta o campo e reflete
na relação mãe e filho.Aqui você mudou o objetivo acrescentado a teoria de campo, se
você for aprofundar nela deve dedicar um espaço maior a ela na introdução. Acredita-se
que ao compreender experiência do cuidador com a criança e o modo como ela faz
contato com o mundo auxiliará as ações de orientação e possibilitará uma relação mais
fluída e harmoniosa para todos.
Falta a justificativa pessoal.
Fundamentação Teórica
Ribeiro (2012) afirma que toda e qualquer abordagem psicoterápica busca
delinear uma teoria do homem, traçando um sistema de comportamento com base no
pensar, e no agir do ser humano que possa ser aplicado a outros homens. Desse modo o
indivíduo traz em si características únicas e universais.
Pautada nisso, A Gestalt-terapia define a sua teoria do homem tendo como base
pressupostos filosóficos do Humanismo, Existencialismo e Fenomenologia e teóricos da
Psicologia da Gestalt, Teoria de Campo e Teoria Organísmica. As bases humanistas
entendem homem como centro, capaz de autogerir-se e autorregular-se, ou seja, o
homem é um ser de possibilidades e potencialidades (Ribeiro, 2012; Antony 2018)
O existencialismo entende o homem como ser particularizado, singularizado no
seu modo de ser e de agir, concebendo-se como único no universo e individualizando-se
a partir do encontro verdadeiro entre sua subjetividade e singularidade (Ribeiro, 2012).
Nas palavras de Antony (2018), para o existencialismo o homem é um sujeito ativo na
constituição do mundo e de si mesmo. Vive sua existência para-o-outro e com-o-outro,
centrado nessa relação de influência mútua, estando num processo constante de
complementar-se e vir-a-ser como indivíduo e se constitui a partir das contínuas
experiencias vividas desenvolvendo, assim, a sua essência.
Embasada na Psicologia da Gestalt, Teoria de Campo e Teoria Organísmica a
Gestalt terapia compreende a criança com uma Gestalt neuropsicomotora em constante
desenvolvimento que necessita ser vista como um todo unificado, sendo assim
entendida como singular no processo de tornar-se sujeito e formar sua identidade
(Antony, 2018). Desse modo toda e qualquer manifestação da criança, verbal ou não
verbal, corporal, emocional ou orgânica, representa a sua relação com o seu campo,
traduzindo à sua maneira possível de ser e estar no mundo em um dado momento
(Anthony, 2010; Aguiar, 2014).
No que tange a percepção, utilizando-se das leis da percepção, apresentadas pela
Psicologia da Gestalt, “nem tudo o que se olha é o que se vê”. Focalizar a atenção
requer uma intencionalidade da consciência, onde a atenção voluntária impõe um
esforço mental para orientar a atividade psíquica em direção a um estímulo e mantê-lo
dentro do campo perceptivo consciente. Todo ato de percepção revela, portanto, um
processo de “atenção seletiva” e/ou “desatenção seletiva”. (Antony e Ribeiro, 2005)
A hiperatividade como característica marcante e atrelada à impulsividade
distingue a criança por estar em constante movimentação corporal durante a execução
de uma atividade e por agir impulsivamente (“sinto, logo ajo”). A criança responde aos
múltiplos estímulos ambientais com uma prontidão imediata, parecendo não selecionar
conscientemente a tarefa ou o objeto prioritário de sua ação. A inquietação revela uma
falta de controle do próprio corpo, indicando uma desarmonia entre o sentir, o pensar e
o agir. (Antony e Ribeiro, 2004)
A psicomotricidade ocupa-se do movimento humano como primeiro instrumento
na construção do psiquismo e aponta com grande ênfase a ação recíproca entre
movimento, emoção, indivíduo e meio ambiente. Sustenta Quem sustenta? que a
atividade motora constrói a imagem corporal como resultado da ação dinâmica entre as
experiências intracorporais e extracorporais, e que a imagem corporal dá a base para a
criança agir no mundo de forma organizada e adaptada ao espaço envolvente. (Antony e
Ribeiro, 2004)
Portanto, o que fala é o sujeito através do seu corpo, das variações tônico-
motoras, do movimento, dos gestos e do esquema corporal que são representantes de
uma organização psíquica. Este é o desafio que nos lança a criança hiperativa com o seu
corpo em contínuo movimento. (Antony e Ribeiro, 2004)
Ribeiro (1997) sustentado na Teoria do Campo e na Teoria Organísmica-
Holística cria o modelo Campo Holístico Relacional (Figura 1), o qual anuncia que a
pessoa é um campo e é de um campo (grifo nosso). Esse modelo possibilita uma visão
macro e microsistêmica dos diversos campos que compõem a realidade existencial do
indivíduo (campo geo-biológico, campo sócio-ambiental, campo psico-emocional e
campo sacro-transcendental) e concebe a inter e intra-relação entre os campos, no qual
nada que ocorra em um campo é neutro para um outro e para o todo holístico relacional
Antony e Ribeiro, 2004)
O indivíduo é formado pelos sistemas sensorial-motor-cognitivo, os quais ora se
relacionam mais com um determinado campo, ora mais com outro, podendo criar
múltiplas possibilidades de formas de contato e de comportamento. O autor exemplifica
hipoteticamente a dinâmica do funcionamento psicológico de uma criança,
demonstrando como cada sistema se conecta com um dado campo, criando um padrão
de contato com o mundo: Assim, cada indivíduo pode apresentar comportamentos
diferentes em ambientes diferentes. O campo cria necessidades e comportamentos
diferentes, assim como a necessidade organiza o comportamento e o campo.
Compreende-se, portanto, a razão da criança hiperativa variar o seu comportamento
irrequieto em distintos contextos de vida (Antony e Ribeiro, 2004)
No processo terapêutico exploramos o funcionamento dos sistemas (cognitivo-
motor-emocional) e suas ricas interligações, entendendo que aspectos emocionais
podem influenciar a capacidade cognitiva da criança (e vice-versa), assim como podem
afetar a coordenação motora e outras questões relacionadas à corporeidade. (Antony,
2018). Encerrar com o objetivo.
Clarifique a relação da sua fundamentação teórica com o seu objetivo.
Objetivo Geral
Compreender por meio do olhar da mãe para o filho diagnosticado com TDAH
de que forma o modo de ser e existir da criança reflete na relação deles. Sempre escreva
o objetivo da mesma forma.
Objetivos Específicos
Conhecer a percepção da mãe a respeito do filho (como a mãe percebe o filho)
Apreender como é a relação mãe e filho
Como a mãe reconfigura o campo após o diagnóstico
Metodologia
A pesquisa é caracterizada como qualitativa fenomenológica por utilizar o
método de Giorgi (2008) que tem como propósito a compreensão da vivência das mães
na relação com o filhos diagnosticadas com TDAH.
Local
As entrevistas serão realizadas em um espaço que respeite o critério de
confidencialidade e que os fatores tempo e deslocamento não sejam impedimento para a
realização das mesmas
Participantes
Serão entrevistadas 3 mulheres que tenha filho diagnosticado com TDAH.
Critérios de inclusão
Adicionar
Critérios de Exclusão
Adicionar
Materiais
Os materiais a serem utilizados nesta pesquisa serão: um gravador digital
para registro da entrevista e para a posterior transcrição dos dados, papel e
caneta para anotações que forem pertinentes.
Procedimentos
Coleta de dados
As participantes que se encaixarem nos critérios de inclusão serão convidadas a
participar da pesquisa e caso aceite, será realizada a entrevista presencial no horário e
local combinados com o intuito de passar as informações acerca do TCLE, além de
descrever as informações sobre os objetivos da pesquisa e seus procedimentos
envolvidos os quais vão de encontro com a Resolução n. 510, de 07 de abril de 2016,
emanada do Conselho Nacional de Saúde, sendo as participantes esclarecidas sobre
riscos e benefícios, acompanhamento e assistência, sigilo e confidencialidade, uso e
destinação dos dados, indenização e liberdade de desistência sem prejuízos. Após os
esclarecimentos e leitura do TCLE, serão colhidas informações das participantes a
respeito das suas experiências vividas com o tema a ser investigado, tendo como
perguntas disparadoras: “Como é ser mãe de uma criança com TDAH?”
Cronograma
Abri Ju
Etapas Maio julho Agosto
l n
Revisão Bibliográfica x x
Coleta dos Dados x
Análise dos dados x x
Redação do Relatório de
x
Pesquisa
Apresentação x
Referências
Aguiar, L. (2014). Gestalt-terapia com crianças: teoria e prática. São Paulo: Summus.