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na constituição psíquica
INTRODUÇÃO
Crianças acometidas por doença crônica, além de lidar com desafios do próprio
desenvolvimento infantil, enfrentam perdas, lutos e ocupam um lugar dos discursos médicos e
parental, sempre permeados por um lugar de doente crônico somente. Pavone (2014) nos coloca
que impactos orgânicos podem tornar-se um entrave à constituição, uma vez que este traço possa
ser o único reconhecido pelo pais, impactando assim, que os pais fizessem sua função de constituinte
do sujeito.
O cuidado da criança com doença crônica exige além dos cuidados técnicos aplicados
adequadamente para seu tratamento e reabilitação, também necessitam da compreensão através da
escuta deste processo na vida dos pacientes. A criança desde seu nascimento é falada, porém pouco
se fala com ela. François Ansermet (2003) em sua experiência na clínica, aponta:
Trabalhar como analista em pediatria supõe levar em conta não somente a realidade física da
doença, mas também o lugar ocupado por ela na realidade psíquica do sujeito. Essa distinção
entre realidade física e realidade psíquica é um pré-requisito essencial para qualquer colaboração
entre um psicanalista e um pediatra junto à criança doente. Para isso, o psicanalista deve
contrariamente ao médico, preservar na sua relação com o paciente o que poderíamos designar
como o lugar da ignorância: deixar aberta a escuta do corpo tal qual ele aparece na dimensão
subjetiva, o corpo falante que apenas o paciente pode revelar (p. 15).
Daqui para baixo estava igual ao início do projeto. Deixei somente para relembrar um pouco
o que já tinha colocado
MÉTODO:
Trata-se de um estudo clínico qualitativo MINAYO (2002), fundamentado no campo teórico
psicanalítico. Participantes da pesquisa:
Crianças de 06 a 12 anos portadores de doença crônica internadas em unidade hospitalar
para tratamento de descompensações clínicas decorrentes da doença orgânica de base no
período de agosto de 2021 a agosto de 2022, que aceitem participar do estudo, e assinem o
termo de Assentimento e o Termo de Consentimento.
Cenário do estudo:
O estudo será desenvolvido em um hospital, no município de São Paulo. A escolha deste
cenário se deu pelo fato de o referido hospital ter cunho de assistência, ensino e pesquisa,
ser terciário e referência de vários tipos de patologias crônicas.
Critérios de inclusão:
Crianças portadoras de doença crônica atendidas regularmente na Enfermaria, com
possibilidades e interesse em participar da pesquisa.
Critérios de exclusão:
Crianças portadoras com as mesmas condições acima, mas com acometimentos severos de
desenvolvimento e dificuldades na comunicação.
PROCEDIMENTO
As crianças e suas famílias serão convocadas a participar da pesquisa pela pesquisadora.
Etapa 1:
a) Entrevista semiestruturada com familiares e/ou cuidadores para identificar em seu
discurso, as marcas do sofrimento psíquico em relação ao processo de adoecimento da
criança portadora de doença crônica.
b) Entrevista com as crianças em situação semi lúdica para identificar em seu discurso, as
marcas do sofrimento psíquico em decorrência do processo de adoecimento
c) Coleta de dados do prontuário de cada criança para um delineamento de seu estado
clínico.
Etapa 2: análise dos dados
Os dados serão analisados pela metodologia da análise de discurso de vertente francesa,
para observar a complexa rede de fatores que aí intervêm: suas condições de produção, os
lugares ocupados pelo sujeito na enunciação, os fatores histórico-sociais, a memória
retomada, o suporte que o sustenta.
Etapa 3: a intervenção
A partir da interpretação das manifestações nas narrativas das crianças portadoras de
doença crônica, identificar emoções, fantasias, pensamentos e angústias e através da escuta
acolhedora espera-se oferecer continência, fortalecendo as competências emocionais,
E espaço para elaborar conflitos e construir uma via para a significação desta vivência. Este
espaço de continência analítica contribui para que os aspectos emocionais sejam
compreendidos, compartilhados e nomeados, favorecendo a evolução do que é da ordem do
corpo ao psiquismo, das sensações a emoções e das percepções às representações.
RESULTADOS ESPERADOS
Proporcionar melhor compreensão do sofrimento psíquico da criança portadora de
doença crônica, possibilitando através das narrativas construção de sentido e elaboração a
experiência emocional vivenciada no processo de adoecimento.
Através da identificação das marcas de sofrimento promover acolhimento e ampliação
da escuta atenta para a narrativa dos sujeitos envolvidos na pesquisa, promovendo
transformações e impactos significativos na clínica do cuidado.
Contribuições para enriquecer a investigação e o desenvolvimento psíquico da criança
portadora, dando ênfase ao processo singular e subjetivo envolvido no processo de adoecer.
Fortalecendo a capacidade de elaboração emocional dessa vivência.
Compartilhar e enriquecer o conhecimento dos profissionais envolvidos no cuidado
da criança portadora de doença crônica.
Reconhecimento das necessidades de intervenção oportunas a partir da compreensão
dos aspectos emocionais apresentados na narrativa da criança portadora de doença crônica.
Promover acolhimento e ampliação da escuta atenta para a narrativa dos sujeitos envolvidos
na pesquisa, promovendo transformações e impactos significativos na clínica do cuidado.
Etapa 4: a intervenção
Durante nossa prática clínica, algumas inquietações foram surgindo e tornaram-se
objeto de nossos questionamentos. Um deles refere-se a como se dá a constituição psíquica
de um sujeito que se vê atravessado em seu desenvolvimento com vivências de ser portador
de uma condição crônica. O adoecimento e suas implicações podem se constituir como um
excesso de estímulo à mente.
A partir da compreensão das manifestações expressadas nas narrativas das crianças
portadoras de doença crônica, podemos identificar a comunicação das emoções, fantasias,
pensamentos e angústias e através da escuta empática e acolhedora espera-se oferecer
continência, fortalecendo as competências emocionais, espaço para elaborar conflitos e
construindo caminho para a significação desta vivência. Este espaço de continência analítica
contribui para que os aspectos emocionais sejam compreendidos, compartilhados e nomeados,
favorecendo a evolução do corporal aos psiquismos, das sensações a emoções e das
percepções às representações.
Ética: A pesquisa deverá ser submetida ao comitê de ética
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PAVONE, S., ABRÂO, L.V. Quando um déficit ou doença orgânica bate à porta do imaginário
parental: Os efeitos na constituição subjetiva da criança. Distúrbio da Comunicação. v. 26 n. 2 (2014)