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FACULDADE DE DIREITO
AMÉLIA GIGANTE
ELIZABETE CERVEJA
FAUSIA NTICAMA
LODOVINA TALAPA
NAIRA DE FÁTIMA
DIREITO DO TRABALHO:
NAMPULA
2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
FACULDADE DE DIREITO
AMÉLIA GIGANTE
ELIZABETE CERVEJA
FAUSIA NTICAMA
LODOVINA TALAPA
NAIRA DE FÁTIMA
O DIREITO DE TRABALHO:
NAMPULA
2023
i
LISTA DE ABREVIATURAS
Art°-artigo;
P- página;
P.p- páginas;
Séc- século;
ii
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 1
1. NÓTULA HISTÓRICA DO DIREITO DE TRABALHO....................................................... 2
2. O DIREITO DE TRABALHO ................................................................................................. 5
2.1. Noções Gerais .......................................................................................................................... 5
2.2. Função do Direito de Trabalho ................................................................................................. 6
2.3. Natureza Jurídica do Direito do Trabalho ................................................................................ 7
3. O DIREITO DE TRABALHO MOÇAMBICANO ................................................................. 8
3.1. Evolução do Laboral Moçambicano......................................................................................... 8
3.1.1. Evolução Legislativa ................................................................................................................ 8
3.1.1.1. Lei nº 8/85, de 14 de Dezembro ............................................................................................... 8
3.1.1.2. Lei no 8/98, de 20 de Julho ...................................................................................................... 9
3.1.2. A vida laboral do povo Moçambicano antes da penetração portuguesa ................................... 9
3.1.3. A Penetração Portuguesa ........................................................................................................ 10
3.1.3.1. A Lei do Trabalho Forçado .................................................................................................... 11
3.1.4. A Constituição de 1975 .......................................................................................................... 11
3.1.5. A Constituição de 1990 .......................................................................................................... 12
3.1.5.1. A Constituição de 2004 .......................................................................................................... 13
4. O DIREITO DE TRABALHO CONTEMPORÂNEO MOÇAMBICANO ........................... 13
4.1. Generalidades ......................................................................................................................... 13
4.2. Sujeitos Controvertidos .......................................................................................................... 14
4.2.1. Personalidade e Capacidade Jurídica...................................................................................... 15
4.2.2. Trabalho de Menores .............................................................................................................. 16
4.3. PRINCÍPIOS DO DIREITO DE TRABALHO MOÇAMBICANO ...................................... 16
4.3.1. Princípios Fundamentais ........................................................................................................ 18
4.3.2. Princípios específicos da Legislação Trabalhista ................................................................... 18
4.3.2.1. Princípio da Liberdade Contratual.......................................................................................... 19
4.3.2.2. Princípio da não discriminação .............................................................................................. 20
4.3.2.3. Princípio do Tratamento mais Favorável ............................................................................... 21
4.3.2.4. Princípio da Liberdade de Associação ................................................................................... 21
4.3.2.5. Princípio de Direito ao Trabalho ............................................................................................ 22
CONCLUSÃO ....................................................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 25
LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................................... 25
iii
INTRODUÇÃO
Trabalho é toda actividade desenvolvida pelo homem para prover o seu
sustento e para produzir riquezas e, ao longo do tempo, diversas foram as suas formas, que
variaram conforme as condições históricas que vigoraram em cada época. A história do
trabalho começa exactamente quando o homem percebe que é possível utilizar a mão-de-obra
alheia não só para a produção de bens em proveito próprio, mas também como forma de
produzir riquezas. Assim, o trabalho se desenvolve e torna -se dependente e ligado às relações
sociais e económicas vigentes em cada período histórico específico.
Este trabalho segue uma estrutura lógica, estando dividido em partes, contendo
assim, os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, de modo a tornar mais fácil a
compreensão e manuseamento deste trabalho.
1
1. NÓTULA HISTÓRICA DO DIREITO DE TRABALHO
1
PAULO, Vicente e ALEXANDRINO, Marcelo, Manual de Direito do Trabalho, 14ª EDIÇÃO, Editora
Método, São Paulo, 2010, pág. 1.
2
CALVO, Adriana, Manual de Direito do Trabalho, 5ª Edição, Editora Saraiva, São Paulo, 2020, pág. 19.
3
OLEA, Manoel Alonso, Introdução ao direito do trabalho, Editora Gênesis, Curitiba, 1997, pág. 45.
4
PAULO, Vicente e ALEXANDRINO, Marcelo, Manual de Direito do Trabalho…, Ob. Cit, pág. 1.
2
e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha sentido pejorativo. Compreendia apenas a força
física. A dignidade do homem consistia em participar dos negócios da cidade por meio da
palavra. Os escravos faziam o trabalho duro, enquanto os outros poderiam ser livres. O
trabalho não tinha o significado de realização pessoal. As necessidades da vida tinham
características servis, sendo que os escravos é que deveriam desempenhá-las, ficando as
actividades mais nobres destinadas às outras pessoas, como a política. Hesíodo, Protágoras e
os sofistas mostram o valor social e religioso do trabalho, que agradaria aos deuses, criando
riquezas e tomando os homens independentes. A ideologia do trabalho manual como
actividade indigna do homem livre foi imposta pelos conquistadores dóricos (que pertendam à
aristocrada guerreira) aos aqueus. Nas dasses mais pobres, na religião dos mistérios, o
trabalho é considerado como actividade dignificante.5
Em Roma, o trabalho era feito pelos escravos. A Lex Aquilia (284 a.C.)
considerava o escravo como coisa. Era visto o trabalho como desonroso. A locatio conâuctio
tinha por objetivo regular a actividade de quem se comprometia alocar suas energias ou
resultado de trabalho em troca de pagamento. Estabelecida, portanto, a organização do
trabalho do homem livre. Era dividida de três formas: (a) locatio conâuctio rei, que era o
arrendamento de uma coisa; (b) locatio conâuctio operarum, em que eram locados serviços
mediante pagamento; (c) locatio conâuctio operis, que era a entrega de uma obra ou resultado
me• diante pagamento (empreitada).6
8
PAULO, Vicente e ALEXANDRINO, Marcelo, Manual de Direito do Trabalho…, Ob. Cit, p.p. 1-2.
9
Idem, pág. 2.
10
MARTINS, Sérgio Pinto, Direito do Trabalho, 28ª Edição, Editora Atlas, São Paulo, 2012, pág. 3.
4
entre o trabalhador e a pessoa beneficiária do seu trabalho passou a consubstanciar a relação
que viria a ser conhecida como regime de emprego, dando origem, também, ao salário. Sem
dúvida, o Direito do Trabalho, o contrato de trabalho e o salário tiveram o seu marco inicial
de desenvolvimento na Revolução Industrial.11
2. O DIREITO DE TRABALHO
2.1. Noções Gerais
O Direito do Trabalho pode ser conceituado como o ramo do Direito que tem
por objecto as normas, as instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de
trabalho subordinado, determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à protecção
desse trabalho em sua estrutura e actividade. Esse ramo do Direito disciplina as relações
existentes entre empresários e trabalhadores ou as entidades sindicais que os representam,
visando a assegurar ao trabalhador melhores condições de trabalho e sociais, por meio de
medidas de protecção (normas jurídicas protectívas) que lhes são destinadas, tendo em vista o
facto de o trabalhador, em razão de sua inferioridade económica, representar o lado mais fraco
nas relações trabalhistas.12
11
DELGADO, Maurício Godinho, Curso de Direito do Trabalho. 17. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: LTr,
2018, pág. 12.
12
PAULO, Vicente e ALEXANDRINO, Marcelo, Manual de Direito do Trabalho…, Ob. Cit, , pag. 9.
13
MAGANO, Octavio Bueno. Manual de Direito do Trabalho. Parte Geral, 4. ed. São Paulo: LTr, 1991, p. 59.
14
DELGADO, Maurício Godinho, Curso de Direito de Trabalho…, Ob. Cit, , pág. 49.
5
2.2. Função do Direito de Trabalho
15
ALVES, Amauri César. Direito do Trabalho Essencial, doutrina, legislação, jurisprudência, exercício. São
Paulo: LTr, 2013, pag. 15.
16
ALVES, Ivan Dias Rodrigues e MALTA, Christovão Piragibe Tostes. Teoria e Prática do Direito do
Trabalho. São Paulo: LTr, 1995, pag. 26.
6
2.3. Natureza Jurídica do Direito do Trabalho
18
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito do Trabalho. 2º Ed. Revista e Atua. Editora Método:
São Paulo, 2010. Pág. 03.
19
BERNARDES, Hugo Gueiros. Direito do Trabalho. V. I. São Paulo: LTr, 1989, pag. 34.
20
CARVALHO, Augusto César Leite de. Direito Individual do Trabalho. 2. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2007,
pag. 12.
21
GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito do Trabalho…, Ob. Cit, Pág. 12.
7
Temos uma visão clara que a natureza do direito do trabalho pode ser dividida
em Direito Público, Privado, Misto, ou até mesmo Social e Unitário (o que serão pouco
abordados neste texto por sua mínima tese encontrado em um estudo geral). O direito do
trabalho sendo público ou objectivo, e privado ou subjectivo tem uma abrangência especial no
ramo do Direito. É difícil conceituar outros ramos do Direito positivo tendo mais de uma
natureza jurídica, que por sua vez, o Direito do trabalho pode se confundir entre direito
público e privado em nosso tempo contemporâneo. Porém, por mais que o direito do trabalho
possa ser visto como um direito público, o entendimento majoritário diz que este direito é
privado, pois seu centro visa o contrato de trabalho. A sua essência é a relação de empregado
e empregador, seja esta público ou privado, sendo assim, um contrato que os rege.22
8
material eléctrico para indústria); e) Decreto-Lei nº 23/77, de 28 de Maio (atribui competências
aos Governadores Provinciais e aos Ministros para, em casos específicos, determinarem
alterações nos horários de trabalho); f) Decreto nº 6/87, de 30 de Janeiro (fixa o regime jurídico
da duração de trabalho); g) Decreto nº 35/87, de 23 de Dezembro (estabelece o regime jurídico de
trabalho aplicável ao trabalhador-estudante ou em formação profissional no aparelho de Estado e
nas unidades económicas); h) Despacho de 29 de Abril de 1988 (esclarece dúvidas surgidas na
aplicação do Decreto nº 35/87, de 23 de Dezembro).
Em 1990 entra em vigor uma nova Constituição da República que, como dissemos,
representou um corte com a de 1975. Esta última fora moldada por ventos revolucionários do
Marxismoleninismo e a de 1990 orientada para um novo estado capitalista, de economia de
mercado e de justiça social.
Tendo ocorrido aquele corte constitucional, muitos, ou pelo menos alguns, dos
preceitos nucleares da primeira Lei do trabalho tinham caído em desuso ou feriam alguns dos
princípios da nova Constituição. É o caso da muito propalada exploração do homem pelo homem,
da luta contra o imperialismo, etc. Ao longo da análise da primeira Lei fizemos estas referências,
pelo que para aí remetermos a Leitura149. No entanto, e paradoxalmente, na vigência da segunda
Lei do Trabalho, aconteceram fenómenos pouco divulgados e também nunca falados, pelo menos
em debates públicos ou académicos, aos quais vamos dedicar o último espaço deste Capítulo.
Apenas para ficar claro, temos uma segunda Lei do trabalho para dar resposta a um
corte constitucional consubstanciado na mudança de uma economia centralizada para uma
economia de mercado, na mudança de um considerado sistema socialista para o capitalista.
9
3.1.3. A Penetração Portuguesa
Neste período, o trabalho não era visto como um acto de dignidade, mas sim
uma repressão ou punição. O trabalho prisional foi o primeiro recurso utilizado pelos
colonizadores, aplicado através de multas de trabalho aos "indígenas" quando condenados por
"embriaguez, desordem, ofensa à moral e ao pudor, desobediência às autoridades e infracções
dos regulamentos policiais".27 Durante a administração da Companhia do Niassa foram
utilizados outros mecanismos violentos para adquirir braços para o trabalho forçado. Em
1894, a prisão foi substituída pela condenação ao trabalho forçado, enquanto, em 1903, o
imposto a ser pago pelos "indígenas" passou a ser trocado por trabalho. O trabalho forçado foi
25
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho…, Ob. Cit, pag.84.
26
BARREIROS, José António. As instituições criminais em Portugal no século XIX: subsídios para sua a
história. Análise Social Lisboa, vol. XVI (63), 1980, pag. 87.
27
ZAMPARONI, Valdemir. Da escravatura ao trabalho forçado: teorias e práticas. Africana Studia, nº 7.
Edição da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004, pag. 303.
10
usado em vários setores da economia colonial, com maior frequência na abertura de estradas,
em obras públicas e no cultivo das machambas (plantações).28
28
MEDEIROS, Eduardo da Conceição. História de Cabo Delgado e do Niassa (c. 1836-1929). Maputo:
Arquivo Histórico de Moçambique, 1997, p.p. 178-180.
29
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 5. Ed. Ver. E ampl. São Paulo: LTr. 2009.pag.86
30
Idem, pag.87
31
Idem, pag.87
32
DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História Geral do Direito do Trabalho. 1. ed. São Paulo:
Scipione, 2010.pag.90.
11
acentuada das liberdades públicas em moldes autoritários, recusa de separação de poderes a
nível da organização política e o primado formal da Assembleia Popular Nacional.33
33
Jorge Miranda, Direito Constitucional, Tomo I, 6ª Edição, Coimbra Editora, 1997, pg. 237
34
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 44, de 6 de Outubro de 1975, .art. 7.
35
Jorge Miranda, Direito Constitucional, Tomo I, 6ª Edição, Coimbra Editora, 1997, pg. 238.
36
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 44, de 2 de novembro de 1990, .art. 88
12
3.1.5.1. A Constituição de 2004
37
Jorge Miranda, Direito Constitucional…, Ob. Cit, , p.p.. 239-240.
38
ROMITA. Arion Sayão. Direitos Fundamentais nas Relações de Trabalho. 3. ed. São Paulo: Ltr, 2009, pag.
15.
39
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei do Trabalho, publicada
no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23 de Agosto, art. 12.
13
trabalho, sendo impraticável o seu desaparecimento, muito embora possa ser atenuada pela
dita democracia industrial.40
40
XAVIER, Lobo, Curso de Direito do Trabalho, 3ª ed., Verbo, Lisboa, 2004, p. 290.
41
PINTO, Geraldo Augusto. A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo. 2. ed.
São Paulo: Expressão Popular, 2010, pag. 16.
42
DELGADO, Gabriela Neves. Direito fundamental ao trabalho digno. São Paulo: LTr, 2006, pag. 311.
43
SUSSEKIND, Arnaldo; MARANHÃO, Délio; VIANNA, Segadas; TEIXEIRA, Lima. Instituições de Direito
do Trabalho. 22. ed. atual. por Arnaldo Sussekind e João de Lima Teixeira Filho. São Paulo: LTr, 2005, pag. 45.
14
relacionados com a entidade laboral ou serviços prestados ou que devam ser prestados e, com
o modo como essa prestação deva ser efectuado.44
44
. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei do Trabalho, publicada
no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23 de Agosto, art. 19.
45
PINTO, Carlos Alberto da Mota et al, Teoria Geral do Direito Civil. 4.a ed., Coimbra: Coimbra Editora, 2012,
p. 98
46
PONTES DE MIRANDA, Tratado de Direito Privado: pessoas físicas e jurídicas, tomo I, São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2012, p. 243
47
DANTAS, Fabiana Santos - Direito Fundamental à memória. Curitiba: Juruá Editora, 2010, pag. 76.
48
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-Lei n° 47 344, de 25 de Novembro de 1966, que aprova o novo
Código Civil, in Portaria n°22 869, de 4 de Setembro de 1967, art- 66-68.
15
A Capacidade é um conceito que, por muitas vezes, é confundido com a
personalidade. Entretanto, existe diferença entre esses dois conceitos. A Capacidade é a
projecção da personalidade de determinada pessoa, que pode ser quantificada para definir a
aptidão para titularizar direitos, assumir deveres, praticar actos e celebrar negócios jurídicos.
A capacidade de alguém é a aptidão que o agente possui de contrair obrigações e adquirir
direitos.49
49
DA SILVA, J. A.; Curso de Direito Constitucional Positivo, 31.ª Edição, Malheiros Editores, São Paulo,
2008, pag. 122.
50
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei do Trabalho, publicada
no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23 de Agosto, art. 22.
51
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei do Trabalho, publicada
no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23 de Agosto, art. 23.
52
HOUAISS, Antônio, ET alii. In: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva,
2001.p. 2299.
16
princípio que buscamos aqui e sim seu significado perante o direito. O estudo da Teoria dos
Princípios nos revela a importância do lugar que ocupam os “princípios” no sistema jurídico
moderno, enquanto normas de grande relevância que expressam ideais morais, compondo um
modelo se sistema em que as normas jurídicas se expressam por meio de princípios e regras e
se aplicam por meio de um procedimento. Então, o que são princípios?
53
REALE, Miguel. Lições Preliminares do Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.p. 303.
54
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 25ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 443.
55
Idem, 443.
56
REALE, Miguel. Lições Preliminares do Direito. 27 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.p. 304-305.
17
Os princípios fundamentais não são por si normas nem leis, apesar de apare-
cerem em vários instrumentos legais. São eles ideais que fundamentam toda a dinâmica das
leis. Eles podem se dividir em princípios constitucionais, que dominam a totalidade de uma
nação e princípios especiais, que são próprios do sector em análise, e no nosso caso, a Lei do
Trabalho.57
61
NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito do Trabalho. 20. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva,
2005, pag. 34.
62
BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Disponibilidade dos direitos da personalidade e autonomia privada.
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 52-53.
63
MOLINA, André Araújo; GUERRA FILHO, Willis Santiago. Renúncia e transação no direito do trabalho –
uma nova visão constitucional à luz da teoria dos princípios. Revista LTr – Legislação do Trabalho, São Paulo,
v. 74, n. 02, fev. 2010, p. 191.
19
O contrato de trabalho rege-se pelo princípio de liberdade. É pressuposto deste
princípio que as partes, o trabalhador e entidade empregadora, são livres de fixar, alterar,
modificar as cláusulas que regem o contrato, desde que não violem os princípios e regras
estabelecidas na Lei do Trabalho.64
O princípio da não discriminação supõe que deve ser dado um cuidado igual a
indivíduos em situações iguais e implica a existência de uma norma que determine essa
igualdade de tratamento.65
Este princípio que, em bom rigor, está ligado com o princípio da igualdade
estabelecido na Constituição, este que pressupõe que todos os cidadãos são iguais perante a lei
goza dos mesmos direitos, e estão sujeitos aos mesmos deveres, independentemente da cor,
raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau, de instrução, posição social,
estado civil dos pais, profissão ou opção política.66 E o homem e a mulher são iguais perante a
lei em todos os domínios da vida política, económica, social e cultural.67
64
KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego dos juros e do dinheiro. São Paulo: Nova Cultural,
1985, pag. 34.
65
CUNHA JÚNIOR. Dirley. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Bahia: Juspodivm, 2016, pag. 133.
66
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 51, de 22 de Dezembro de 2004, Actualizada pela Lei no 1/2018, de 12 de Junho .art. 35.
67
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 51, de 22 de Dezembro de 2004, Actualizada pela Lei no 1/2018, de 12 de Junho .art. 36.
20
proporcionar a reconversão profissional e a integração em postos de trabalho adequados à
capacidade residual de trabalhadores com deficiência.68
68
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei do Trabalho, publicada
no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23 de Agosto, art. 28.
69
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei do Trabalho, publicada
no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23 de Agosto, art. 17.
70
VEIGA, António Jorge da Motta, Lições de Direito de Trabalho, 4ª Edição, Universidade Lisboa, Lisboa,
1992, p. 133.
21
política. No processo democrático em curso, há que suprimir a exigência de autorizações
administrativas que condicionavam a livre constituição de associações e o seu normal
desenvolvimento. O direito à constituição de associações passa a ser livre e a personalidade
jurídica adquire-se por mero acto de depósito dos estatutos. Exige-se das associações que se
subordinem ao princípio da especificidade dos fins e ao respeito pelos valores normativos que
são a base e garantia da liberdade de todos os cidadãos.71
71
AMARAL, Lídia Miranda de Lima. Mediação e Arbitragem — uma solução para os confl itos trabalhistas
no Brasil. São Paulo: LTr, 1994, pag. 132.
72
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 51, de 22 de Dezembro de 2004, Actualizada pela Lei no 1/2018, de 12 de Junho .art. 86.
73
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei do Trabalho, publicada
no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23 de Agosto, art. 137.
74
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 51, de 22 de Dezembro de 2004, Actualizada pela Lei no 1/2018, de 12 de Junho .art. 84.
75
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 51, de 22 de Dezembro de 2004, Actualizada pela Lei no 1/2018, de 12 de Junho .art. 85.
76
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in Boletim da República I
SÉRIE n. 51, de 22 de Dezembro de 2004, Actualizada pela Lei no 1/2018, de 12 de Junho .art. 84.
22
preenchem esses requisitos, considerando-se desde o princípio, como potenciais candidatos e
só se selecciona o melhor.77
77
BITTAR, Carlos Alberto. Curso de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1994, v.1, pag. 54.
23
CONCLUSÃO
24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEGISLAÇÃO
• REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Decreto-Lei n° 47 344, de 25 de Novembro de
1966, que aprova o novo Código Civil, in Portaria n°22 869, de 4 de Setembro de
1967.
• REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in
Boletim da República I SÉRIE n o 51, de 22 de Dezembro de 2004, Actualizada pela
Lei no 1/2018, de 12 de Junho.
• REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n.º 23/2007, de 1 de Agosto que aprova a Lei
do Trabalho, publicada no BR n.º 31, I Série, Imprensa Nacional de Moçambique, 23
de Agosto.
• REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in
Boletim da República I SÉRIE n. 44, de 2 de novembro de 1990.
• REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República de Moçambique, in
Boletim da República I SÉRIE n. 44, de 6 de Outubro de 1975.
DOUTRINA
25
• CARVALHO, Augusto César Leite de. Direito Individual do Trabalho. 2. ed., Rio de
Janeiro: Forense, 2007
• CORRÊA, Flávia Soares. Educação e Trabalho na Dimensão Humana — o dilema
da juventude. São Paulo: LTr, 2011
• CUNHA JÚNIOR. Dirley. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. Bahia: Juspodivm,
2016
• DA SILVA, J. A.; Curso de Direito Constitucional Positivo, 31.ª Edição, Malheiros
Editores, São Paulo, 2008
• DANTAS, Fabiana Santos - Direito Fundamental à memória. Curitiba: Juruá
Editora, 2010
• DELGADO, Maurício Godinho, Curso de Direito do Trabalho. 17. ed. rev., atual. e
ampl. São Paulo: LTr, 2018
• DORIGO, Gianpaolo; VICENTINO, Cláudio. História Geral do Direito do Trabalho.
1. ed. São Paulo: Scipione, 2010.
• GARCIA, Gustavo Filipe Barbosa. Manual de Direito do Trabalho. 2º Ed. Revista e
Atua. Editora Método: São Paulo, 2010
• HOUAISS, Antônio, ET alii. In: Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001
• ITF AFRICA, Compreendendo a lei do trabalho: um guia para sindicalistas, s/ed.,
Editora da ITF, Nairobi, 2014.
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