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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso de Direito
4º ano
Segundo Semestre
Cadeira:
Direito Bancário e Seguros
Tema:
Os sujeitos da relação bancária
- O banqueiro como sujeito da relação jurídica bancária
- O cliente: menores, interditos e inabilitados
- Objecto da relação jurídica bancária
- Abertura de conta
Discentes:
Joanito Lucas Alberto
Filipe Dionizio Nhamaze
José Machulane
Castigo Guene Alberto

Trabalho apresentado com o recurso avaliativo

Da cadeira: Direito Bancário e Seguros,

Ministrada pelo docente Dr. Azarias Magul

BEIRA, 2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

Curso de Direito
4º ano
Segundo Semestre
Cadeira:
Direito Bancário e Seguros
Tema:
Os sujeitos da relação bancária
- O banqueiro como sujeito da relação jurídica bancária
- O cliente: menores, interditos e inabilitados
- Objecto da relação jurídica bancária
- Abertura de conta
Discentes:
Joanito Lucas Alberto
Filipe Dionizio Nhamaze
José Machulane
Castigo Guene Alberto

Trabalho apresentado com o recurso avaliativo

Da cadeira: Direito Bancário e Seguros,

Ministrada pelo docente Dr. Azarias Magul

BEIRA, 2023
Índice
Capitulo I – Introdução ................................................................................................. 1

1.2.1. Objectivo Geral: .................................................................................................. 1

1.2.2. Objectivo Especifico: .......................................................................................... 1

1.3. Metodologia ........................................................................................................... 1

Capitulo II- Os sujeitos da relação jurídica bancária ...................................................... 3

2.2.1. O banqueiro como o sujeito da relação jurídica bancária ...................................... 3

2.2. Banco como fornecedor dos serviços Bancários de consumo .................................. 4

2.3. O Cliente ................................................................................................................ 4

2.3.1. Os menores, interditos e inabilitados ................................................................... 5

2.3.2. O cliente como consumidor dos serviços Bancários ............................................. 6

2.3.3. Defesa do cliente nas relações bancárias .............................................................. 7

2.3.4. Objecto da relação jurídica bancária .................................................................... 8

2.3.5. Abertura de conta ................................................................................................ 9

2.3.6. Conteúdo necessário .......................................................................................... 10

2.3.7. Conteúdo eventual ............................................................................................. 11

Conclusão ................................................................................................................... 13

Referências bibliográficas ........................................................................................... 14


Capitulo I – Introdução

O trabalho em apreço é concebido na cadeira de Direito Bancário e Seguros, incumbido


ao tema: Os sujeitos da relação jurídica Bancária, o banqueiro como sujeito da relação
bancária; O cliente: menores, interditos inabilitados; Objecto da relação jurídica bancária;
e Abertura de conta. De forma sucinta falar da relação jurídica bancária é referir-se do
vínculo afetivo, ou seja, uma conexão existente entre duas entidades cuja relação referida
só acontece quando uma determinada pessoa física ou colectiva tem umas relações
jurídicas que originam-se a partir de factos jurídicos, ou seja, acontecimentos que por
alguma razão, são relevantes para a situação jurídica bancária. Acontecido um facto
jurídico, desencadeia-se uma reação que toca a esfera jurídica em um ou vários pontos do
sistema, ocorrendo um processo de identificação dos factos acontecido, com a norma
jurídica, para que então, possam ser identificados os direitos e as obrigações provocadas
pelo facto ocorrido. Nesta ordem de ideia, o trabalho em apreço comporta os seguintes
objectivos:

1.2.1. Objectivo Geral:


 Identificar os sujeitos da relação jurídica bancária;
 Analisar a situação jurídica dos clientes: menores, interditos e inabilitados;
 Identificar o objecto da relação jurídica bancária; e
 Abertura de conta.

1.2.2. Objectivo Especifico:


 Descrever os sujeitos da relação jurídica bancária;
 Explicar a situação jurídica dos clientes: menores, interditos e inabilitados;
 Descrever o objecto da relação jurídica bancária e
 Descrever elementos e natureza da abertura de conta.

1.3. Metodologia
DEMO FONSECA (2012, p.14) defende que a ciência tem a forma própria de se
desenvolver e, a metodologia é que detém o apanágio do tratamento da forma de fazer

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ciência. Pois, a metodologia ocupa-se dos caminhos e procedimentos para o descortino
da realidade teórica e prática, afinal esta é a finalidade da ciência.

Nesta senda, para a materialização do trabalho em apreço socorreu-se pelo método


bibliográfico que consistiu na consulta de obras relacionadas com o tema em questão e, a
interpretação das normas jurídicas ligada a cadeira e outras áreas do saber jurídico.

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Capitulo II- Os sujeitos da relação jurídica bancária

2.2.1. O banqueiro como o sujeito da relação jurídica bancária


Segundo o autor TEODORO WATY, no que refere aos sujeitos da relação jurídica
bancária, defende que um dos sujeitos da relação jurídica bancária é o banco ou banqueiro
cuja caracterização é a prática habilitada, legal, profissional e exclusiva de actos
bancários.

O banco como sujeito, surge portanto, necessariamente, uma instituição de crédito, uma
sociedade financeira ou uma empresa de investimento, na enumeração da lei “banqueiro”,
segundo a tradição continental.

A prática profissional caracteriza-se pelos seguintes parâmetros:

 Habitual;
 Lucrativa; e
 Tendencialmente exclusiva.

O autor MENEZES CORDEIRO, defende que a relação jurídica bancária é caracterizada


pelos seus sujeitos e pelo seu objecto.

Como sujeito surge, necessariamente, uma instituição de crédito, uma sociedade


financeira ou uma “ empresa de investimento”

Os bancos são, apenas, um dos tipos admitidos de instituição de crédito. No entanto, por
se tratar da forma mais impressiva e historicamente moldante, eles deram o nome ao ramo
global “ Direito bancário”.

Retomando a elegante tradição continental, usaremos o termo “banqueiro” para designar,


globalmente, as instituições de crédito, as sociedades financeiras ou as “ empresas de
investimento”, enquanto entidades legalmente habilitadas a praticar, em termos
profissionais, actos bancários.

A ideia de “ prática profissional” deixa-se precisar com recurso aos seguintes parâmetros:

Prática habitual

É uma prática habitual na medida em que o banqueiro não se limita, como em qualquer
profissão a praticar actos ocasionais ou isolados, antes os leva a cabo em cadeia, numa
sequência articulada.
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Prática lucrativa

Sendo uma prática lucrativa o banqueiro pretende cobrir os custos da sua actividade e,
ainda, realizar um determinado lucro; mesmo quando, por razões conjunturais ou de
fundo, haja prejuízos, a actuação desenvolve-se com uma mira de benefício; por isso, toda
a organização do banqueiro assume, de modo necessário, uma feição empresarial.

Prática tendencialmente exclusiva

A prática tendencialmente exclusiva assenta-se em dois sentidos:

 Só o banqueiro pode, profissionalmente, praticar actos bancários;


 O banqueiro só deve, pelo menos em termos nucleares desenvolver actividades
bancárias.

Como seria de esperar, a habitualidade, a natureza lucrativa e a exclusividade vão levar o


banqueiro a assumir uma orgânica própria e muito especializada. Diversos mecanismos
de controlo, entre nós supervisionados pelo banco de Moçambique.

2.2. Banco como fornecedor dos serviços Bancários de consumo


O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem actividades de produção,
montagem, criação, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.

A prestação de serviços pode ser definida como qualquer actividade fornecida no mercado
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de carácter laboral.

2.3. O Cliente
A pessoa que contacte com o banqueiro é, tradicionalmente, designada “cliente do
banqueiro” ou, simplesmente, cliente.

Os clientes podem ser classificados em função da sua própria natureza. Teremos clientes
singulares e colectivos e dentro destes, associações, sociedades ou instituições de diversa
natureza, pública ou privada.

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Tem actualidade uma contraposição entre pequenos e grandes clientes: aos primeiros é
dispensada uma tutela pelas regras de protecção do consumidor.

A habitualmente, e exclusivamente, e principalmente, a natureza lucrativa não seriam,


possíveis sem um cliente que, se não é a sua razão de ser, é absolutamente a única
condição de ser do Banqueiro e da sua orgânica muito especializada.

Em princípio, todo aquele que têm capacidade patrimonial privada, isto é, quem tenha
capacidade para a prática de determinado acto patrimonial, tem, salvo excepção,
capacidade para o fazer em modo bancário.

Na relação que se estabelece entre ambos (banqueiro e o cliente) predominam os deveres


de informação e de diligência do primeiro, normas programáticas e de enquadramento,
que têm de ser complementadas por outras, de natureza legal ou contratual.

Está regra não oferece dificuldades em relação as pessoas colectivas, em relação as


pessoas físicas, as regras serão as do Direito Civil, em relação a menores, interditos e
inabilitados. Significa isto que as pessoas nestas categorias podem, perfeitamente, ter
acesso a serviços bancários, quando em actos ao alcance da sua capacidade de exercício,
estamos perante a aplicação dos artigos 124º, 138º e 153º do Código Civil, sobre as regras
básicas para suprir as incapacidades dos menores, interditos e inabilitados.

2.3.1. Os menores, interditos e inabilitados


Os menores, os interditos e os inabilitados podem aceder à banca na medida em que
estejam em causa actos ao alcance da sua capacidade de exercício. Quando isso não
suceda, deverão ser representados ou assistidos, nos termos legais.

No tocante aos menores, a regra básica é a da incapacidade artigo 123º do CC. Os menores
devem ser representados junto do banqueiro artigo 124º do CC numa regra que, nos
termos prescritos e com as devidas adaptações, se aplica aos interditos artigo 138º do CC
e aos inabilitados, artigo 153. Todos do Código Civil através da assistência de um curador.

Contudo, há excepções a ter em conta, artigo 127º do Código Civil. Poucos actos
bancários poderão ser considerados próprios da vida corrente do menor nos termos do
artigo 127, n°1, al, b); provavelmente, apenas seriam admitidas, por essa via, pequenas
operações de câmbio.

No entanto:

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 O menor poderá praticar os actos bancários relativamente a bens que haja
adquirido pelo seu trabalho artigo 127º, n°1, al, a), do Código Civil;
 O menor autorizado a exercer determinada actividade, relativamente aos bens que
lhe advenham por essa via, poderá, igualmente, fazê-lo artigo 127º, n°1, al, c) do
mesmo diploma legal.

A aplicação do artigo 127 do código civil e a prática permitem que haja actos bancários
crescentemente praticados por menores.

2.3.2. O cliente como consumidor dos serviços Bancários


Teoria das relações de consumo

A relação de consumo é jurídica e marcada pela diferença das relações contratuais


comuns, uma vez que nestas pressupõe-se a igualdade das partes, enquanto nas de
consumo existe a presunção legal da superioridade de uma das partes sobre a outra.

Desta forma, conclui-se que o direito do consumidor é um direito protecionista, o que


reflete a intervenção do Estado, pois dada a presunção de superioridade do fornecedor
frente ao consumidor, há-de proteger-se o último por sua clara condição de
vulnerabilidade.

Assim, a relação de consumo é um conjunto de normas imperativas, de ordem pública e


interesse social, e, portanto, inderrogáveis pela via negocial e de aplicação irrenunciável.

A defesa do consumidor procura tratar dos vícios redibitórios, compra e venda e outros
institutos tradicionais, dando nova roupagem a alguns dos institutos do direito civil e
comercial de modo a torná-los mais modernos e consentâneos com a revolução
tecnológica e de mercado.

Os pólos da relação de consumo estão preenchidos pelas figuras de consumidor e do


fornecedor, ambos merecedores de proteção legal em suas demandas, pois em uma
relação obrigacional o ónus é estabelecido para os dois pólos, de forma que se atinja o
objetivo em torno do qual a relação se efectivou fundada nos princípios do equilíbrio
contratual, da boa-fé objetiva , da tutela do hipossuficiente, da transparência, do dirigismo
contratual público, entre outros que serão abordados oportunamente.

Há duas correntes: dos finalistas e a dos maximalistas.

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A corrente finalista defende que o destinatário final é o fático e Econômico do bem, que
poderá ser pessoa física ou jurídica; destacado que não basta retirar o produto da cadeia
produtiva, mas sim não adquiri-lo com fins de revenda ou uso profissional. Tal posição
evoluiu com o entendimento de dever ser adoptada a posição mais branda na
interpretação, pois, tendo em vista que se deve enfocar a vulnerabilidade do adquirente,
a corrente defende estarem enquadrados nesta posição as pequenas empresas e os
profissionais liberais.

Já os maximalistas entendem que as normas se voltam para a sociedade de consumo em


função de protegê-las.

Toda relação de consumo envolve basicamente duas partes bem definidas: de um lado, o
adquirente de um produto ou serviço, denominado consumidor; e, de outro, o fornecedor
aquele que disponibiliza produtos e/ou serviços. Tal relação está baseada na satisfação
das vontades humanas, e vem a gerar produção, circulação de mercadorias e riqueza.

2.3.3. Defesa do cliente nas relações bancárias


Para que seja aplicado o código de defesa do consumidor a determinada relação é
necessária a presença de três elementos:

 Sujeitos;
 Objecto; e
 Finalidade.

Os sujeitos

Os sujeitos da relação jurídica de consumo são o consumidor e o fornecedor. O


consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire produto ou serviço como
destinatário final.

O fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,


bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem actividades de produção,
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.

O objecto

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O objecto da relação é o produto que é qualquer bem móvel ou imóvel, material ou
imaterial, ou serviço que é qualquer actividade fornecida no mercado de consumo,
mediante uma remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeiras, de crédito e
securitárias, salvo as decorrentes das relações de carácter laboral.

2.3.4. Objecto da relação jurídica bancária


Considerando que a actividade bancária se caracteriza pela intermediação de recursos
financeiros com finalidade de lucro, supõe a captação de recursos de terceiros em nome
próprio e o repasse desses recursos, mediante operações diversas, sob a centralidade dos
contratos de depósito e mutuo. Todavia, como já se observou, o objecto da relação
bancaria é complexo. Envolve multiplicidade de prestações, obrigações de dar, fazer e
não fazer, com a finalidade de assegurar a utilidade esperada pelos sujeitos do contrato.

Nesse sentido se distinguem operações e serviços bancários. As operações bancárias tem


como objecto a mobilização de crédito. Constituem obrigações cuja prestação principal é
dar e receber recursos financeiros, com ou sem remuneração.

Dai se dizer operações activas como aquelas em que a instituição financeira é quem presta
o capital, a título de empréstimo, para um determinado tomador. Tornam o banco credor.

E as operações passivas, quando a instituição financeira recebe em depósito uma certa


quantia de recursos financeiros, obrigando-se perante o tomador, ou à simples restituição,
ou a restituir e remunerar os recursos financeiros que, sob sua custódia, permanecem por
certo tempo. Tornam o banco devedor de restituição e, quando ajustado, de remuneração.
Tratando-se a moeda de bem fungível, note-se que resulta dos recursos obtidos em
depósito pela instituição financeira, o objecto de suas operações ativas de concessão de
crédito, em actividade circular de mobilização e intermediação de recursos financeiros,
mediante a qual se autoriza que dê em crédito certa razão dos recursos mantidos em
depósito.

Os negócios que envolvem crédito pressupõem a existência de remuneração e/ou a


recompensa pela disponibilidade ou mobilização dos recursos de uma pessoa para outra.

O objecto da relação jurídica bancária não é uno. Pode-se considerar como seu típico,
especialmente quando se refere às operações bancárias, a mobilização do crédito.

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Neste caso, a prestação compõe-se de um dar e de um fazer. Fornecer crédito é tornar
disponível e entregar ao tomador determinado valor monetário. Variam os modos em que
se ajustam a entrega e, especialmente, as obrigações das partes no tocante a tempo, modo
e garantia dos créditos objecto da relação jurídica. Assim também quando alguém
deposita sob a guarda do banco determinada quantia em dinheiro, sob obrigação de
remuneração ou não, se tem a obrigação de fazer, assegurando a integridade dos recursos
em depósito.

Professor WATY o diz que, o objecto da relação Jurídica Bancária é o facto jurídico que
o origina e que tenha objecto especificamente bancária. Resulta daqui que o objecto
bancário é determinante para que a situação seja bancária, não bastando que o acto tenha
como sujeito um banco.

O objecto da relação jurídica bancária, esse é o complexo de direitos e deveres emergentes


do concreto acto bancário considerado.

Tutela de confiança e de boa-fé por fim limitação de eventuais na relação contratual de


consumo bancário. Ou seja, objecto da relação jurídica bancária, é o produto que qualquer
bem móvel imóvel, material ou imaterial ou serviço que é qualquer actividade fornecida
no mercado de consumo, mediante e remuneração, inclusive as de natureza bancária,
financeira, de credito, e societárias.

2.3.5. Abertura de conta


A abertura de conta é um contrato celebrado entre o banqueiro e o seu cliente, pelo qual
ambos assumem deveres recíprocos relativos a diversas práticas bancárias. Trata-se do
contrato que marcam início de uma relação bancaria complexa e duradoura, fixando as
margens fundamentais em que ela se ira desenrolar.

A abertura de conta não deve ser tomada como um simples contrato bancário, a ordenar
entre outros contratos dessa natureza: ela opera como um acto nuclear cujo conteúdo
constitui, na prática, o troco comum dos actos bancários subsequentes. Como por uma
vez sucede com os elementos mais básicos, o papel da abertura de conta passa
desapercebido: muitas vezes ela era confundida ou com uma vulgar conta-corrente, ou
com o depósito bancário recentemente, esse aspecto vem sendo corrigido: entre nós e no
estrangeiro.

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A abertura de conta não dispõe de qualquer regime legal explícito. Ela assenta, no
essencial, nas cláusulas contratuais gerais dos bancos e nos usos bancários. Neste
momento, supomos haver já um conjunto de elementos que permitirão estabilizar uma
linha dogmática coerente. Antes de examinar as diversas facetas de abertura de conta,
podemos adiantar que ela traduz um negócio jurídico explicito. Impõe-se, por isso,
avançar algumas noções jurídicas que condicionam o seu entendimento.

Independentemente das questões técnicas envolvidas, é importante reter que a abertura


de conta corresponde a um negócio tipicamente bancário, perdendo-se nos tempos. Ela
estará na origem do próprio direito bancário como a disciplina privada especializada no
dinheiro. Assim, ela corresponde, antes de mais, a um todo logico, no qual apena para
fins de estudo podemos isolar a apartes.

2.3.6. Conteúdo necessário


A abertura de conta é, como temos vindo a repetir, o negócio bancário nuclear. Ela marca
o início de uma relação bancaria complexa entre o banqueiro e o seu cliente e traça o
quadro básico do relacionamento entre essas duas entidades. Antes de quaisquer
considerações tendentes a defini-la ou a qualifica-la, impõe-se verificar qual o seu
conteúdo, isto é: qual o regime que, dela, deriva para as partes.

A análise subsequente assenta nas cláusulas contratuais gerais e bancos representativos


dos principais grupos bancários nacionais. À partida, existem “condições” distintas,
embora não muito diferente, consoante o cliente seja uma pessoa singular, ou um
“particular”, na linguagem bancaria ou uma pessoa colectiva, por vezes dita “empresa”.

As “condições gerais” definem-se como aplicáveis, à abertura, à movimentação, à


manutenção e ao encerramento de conta de depósito junto do banco; não obstante elas
reportam-se a um contrato que dominam “contrato de abertura de conta”, expressão
corrente e consagrada, que a que adoptamos. Elas admitem estipulações em um contrário,
acordadas por escrito, entre as partes e no omisso, elas remetem para os usos bancário e
pare legislação bancaria.

O contrato de abertura de conta conclui-se pelo preenchimento de uma ficha, com


assinatura e pela aposição da mesma assinatura bem demarcado. Trata-se de ponto
importante, uma vez que essa assinatura passara a ser valida para todas as comunicações

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dirigidas ao banqueiro e para todas as ordens inerentes, máxime: para assinatura de
cheque, caso seja emitido.

As cláusulas contratuais gerais regulam o envio de correspondência: para locais indicado


pelo cliente, considerando-se recebida com o seu envio.

O banqueiro pode alterar as cláusulas contratuais gerais, remetendo as alterações ao


cliente. Não havendo oposição deste, dentro de determinado prazo, alteração tem-se por
aceite.

A abertura de conta prevê um quadro para a constituição de depósito bancários que o


banqueiro se obriga, desde logo, a receber. Além disso, ela regula dois aspectos da maior
importância prática:

 A conta-corrente bancária;
 O giro bancário.

Quanto à conta-corrente, ficam assentes os termos em que a conta em termos de crédito


e de débito é movimentada, em moldes abaixo estudados. No que toca ao giro: ela prevê
regras sobre os seus movimentos, incluindo jurus, comissão e despesas que o banqueiro
poderá debitar e sobre os aspectos.

Implicitamente, temos aqui uma assunção pelo banqueiro, de todo o serviço de caixa
relacionado com a conta aberta. De notar que, nalgumas cláusulas contratuais gerais a
própria celebração do contrato de abertura de conta depende de um depósito inicial,
enquanto, noutras, isso não sucede. E na verdade é concebível uma abertura de conta com
uma subsequente conta-corrente bancaria, sem qualquer depósito: a conta funcionaria na
base da concessão de crédito ou de cobranças feitas, pelo banqueiro, a terceiro.

2.3.7. Conteúdo eventual


As cláusulas contratuais gerais atinentes à abertura de conta podem prever, ainda, três
negócios subsequentes:

 A convenção de cheque;
 A emissão de cartões;
 A concessão de crédito por descobertos em conta.

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A convenção de cheque fica na disponibilidade do banqueiro: todas as “condições”
reservam, a este, o direito de não emitir cheques.

De todo o modo, os aspectos essenciais relativos à convenção de cheque constam, logo,


das cláusulas relativas à abertura de conta. A emissão de cartões de débito, de crédito ou
outras fica dependente de um acordo ulterior, com a intervenção de novas clausulas
contratuais gerais. A concessão de crédito por descobertos em conta portando: pela
admissão dum saldo favorável ao banqueiro e não ao cliente, depende duma decisão a
tomar pelo banqueiro, na altura devida.

As cláusulas contratuais gerais regulam diversas modalidades de depósito, num tema a


retomar ulteriormente. Por vezes, reconhecem ao banqueiro o direito de compensar, com
o saldo favorável ao cliente, quaisquer outros créditos que ele detenha, isto é: de “debitar
tais créditos na conta”. A compensação bancaria constitui, hoje, um problema autónomo,
abaixo considerado.

São, ainda, tratados diversos outros aspectos, como o foro competente e a lei aplicável, o
sigilo bancário e a cessação do contrato.

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Conclusão
Finda a realização do trabalho em apreço, se tem por concluído que os sujeitos da relação
jurídica bancária é o banqueiro ou o banco e os seus clientes, e esta relação se constitui
basicamente a partir do momento em que o cliente e o banqueiro concluam em princípio
um primeiro negócio significativo, normalmente esta relação consiste na abertura de
conta onde se estabelece, entre eles, uma afinidade social e económica que por sua vez
pressupõe-se ser o objecto principal. Essa relação tenderá a ter continuidade. Surgindo
mais negócios entre ambos, ela intensificar-se-á na medida em que esta relação coexistir
e ambas as partes terão deveres de conduta derivados da boa-fé. Quanto aos clientes
menores, interditos e inabilitados, concluímos que, a situação jurídica bancária destes, em
princípio a regra básica é a da incapacidade – artigo 123 do CC, no entanto, podem aceder
à banca na medida em que estejam em causa actos ao alcance da sua capacidade de
exercício, quando isso não suceda, deverão ser representados ou assistidos, nos termos
legais.

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Referências bibliográficas

CORDEIRO, António Menezes. Manual de Direito Bancário, 4.ª ed., Almedina,


Coimbra, 2010.

WATY, Teodoro. Direito Bancário, 1 ˚ Edição, Maputo, 2011.

Legislação consultada:

CÓDIGO CIVIL_Moçambique

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