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MONOGRAFIA JURÍDICA
DIANTE DO SUPERENDIVIDAMENTO
GOIÂNIA
2021
GISELLY LOPES SANTANA ABREU
DIANTE DO SUPERENDIVIDAMENTO
GOIÂNIA
2021
GISELLY LOPES SANTANA ABREU
DIANTE DO SUPERENDIVIDAMENTO
BANCA EXAMINADORA
INTRODUÇÃO.....................................................................................................6
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................57
REFERÊNCIAS.................................................................................................60
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INTRODUÇÃO
Por fim, cumpre frisar que a presente pesquisa será dividida em três
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Embora àquela época ainda não houvesse nada que aventasse sobre
direito do consumidor, existiam contornos acerca das relações de troca e do comando
que o Estado exercia intervindo diretamente na ordem econômica, quando exercia o
controle sobre os lucros abusivos praticados pelos comerciantes.
Essa região estava localizada entre os rios Tigre e o Eufrates, por isso
Mesopotâmia significa “terra entre rios”. Em virtude disto, a referida legislação aborda
a irrigação e a profissão de barqueiro, evidenciando a importância da água para este
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Cumpre assinalar que não havia incentivos patrocinados pelo governo para
o comércio no Egito, uma vez que o rei possuía todas as terras e era proprietário de
tudo o que fosse produzido ali. O rei era ordenado e santificado pelos deuses que
haviam criado tudo e atuado como mediador entre os deuses e o povo, ele, portanto,
era reconhecido como legítimo gestor da terra.
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Ressalta-se que a Grécia é um país cercado por água, com isso os antigos
gregos eram conhecidos como excelentes marinheiros, que buscavam oportunidades
de comércio. Eles possuíam uma economia dinâmica, na qual teve destaque pelo seu
grande desenvolvimento econômico. Neste prisma, podemos destacar que a
agricultura, o artesanato e o comércio marítimo foram as principais atividades
econômicas dos gregos.
Por seu turno, vislumbra-se que desde a antiga Grécia, a dívida foi um
instrumento de dominação e exploração. Santos (1987, p. 25) considera que a
democracia de Atenas estava relacionada com o cerceamento da participação dos
servos, devido às suas dívidas. Sobre o assunto, Giancoli (2008, p. 177) entende que:
Vislumbra-se que o sistema feudal perdurou até a Baixa Idade Média, até
o momento em que as necessidades da população culminaram com a substituição da
estrutura social feudal por uma economia comercial. A aludida mudança ocorreu, uma
vez que as forças políticas do feudalismo estavam sendo sobrepostas pelo surgimento
de um novo grupo social, a burguesia.
[...] O consumidor, refém do reajuste diário de preços, que corroía seu salário
trazendo incertezas e imprevisibilidade, se via desestimulado em recorrer ao
crediário e procurava, então, comprar o estritamente necessário. A economia
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Como foi exposto, o período anterior ao Plano Real foi marcado pela alta
na inflação, grave instabilidade e recessão econômica. Verifica-se que nesta época,
as instituições financeiras adotaram estratégias defensivas que não permitiam a
redução de juros para facilitar a concessão de crédito, e consequentemente lucravam
com a inflação. O aludido momento histórico, foi demarcado pelos preços altos e pelo
enfraquecimento da economia brasileira.
Adiante, segundo Lima (2014, p. 29), o País norte americano padeceu com
uma severa crise financeira em 2008, desencadeada por uma falta de regulamentação
do setor financeiro e com uma “bolha” no mercado imobiliário, fomentando o debate
sobre a necessidade de regulação do crédito para sustentar a economia e proteger os
consumidores do superendividamento.
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Por conseguinte, o ano de 2008 foi marcado por uma enorme crise
financeira global e recessão nos países centrais, levando a derrubadas no seguimento
empresarial com aumento do número de pedidos de recuperação judicial e falências
no Brasil.
Neste diapasão, pode-se verificar que o cenário brasileiro foi marcado pela
oferta desassociada da conscientização para o uso, acarretando em sua utilização
impulsiva por grande parte dos consumidores, que culminou no ônus da inadimplência
e no crescimento desenfreado do superendividamento.
De acordo com Lima (2014, p. 29), isso tudo refletiu no governo pátrio, que
priorizou a criação de políticas públicas para famílias de baixa renda, facilitação na
concessão de crédito e a redução nos juros. Entretanto, é indispensável que se
observe tais medidas com cautela, uma vez que a publicidade abusiva, o estímulo ao
consumo desenfreado e o acesso facilitado ao crédito, inclusive para idosos e pessoas
de baixa renda, sem mecanismos de proteção ao consumidor, podem impulsionar o
superendividamento deste.
Deste modo, compreende-se que o Brasil foi marcado por uma demanda
por crédito que sempre se manteve em níveis elevados, oscilando em altos
patamares. Assim, nota-se que com o decorrer dos anos, a concessão
desembaraçada de crédito, o consumo desenfreado, a publicidade apelativa e a falta
de informação clara, dentre outras causas ocasionaram efeitos nocivos para o
consumidor, como o superendividamento.
1.3.1 França
[...] Para solucionar situações onde o devedor não dispõe de bens e nem
recursos para o pagamento de suas dívidas, o legislador francês criou
medidas extraordinárias como a moratória e o perdão parcial das dívidas. A
moratória é a suspensão temporária da cobrança dos créditos e dos juros
pelo prazo máximo de dois anos, espaço de tempo que objetiva a estabilidade
ou melhora financeira do devedor, evitando o perdão que fica como última
opção, aplicada quando a situação do devedor não melhora. Após a
moratória, duas situações podem acontecer: 1º) se a situação financeira do
devedor melhorar, o juiz pode aplicar medidas que permitam o pagamento
das dívidas aos credores; 2º) se a situação financeira não melhorou, o juiz
pode por meio de decisão fundamentada perdoar parcialmente as dívidas do
devedor.
Ademais, nota-se que caso haja uma melhoria nas finanças do devedor, o
juiz poderá estabelecer medidas destinadas ao pagamento das dívidas aos credores.
Doravante, caso a condição financeira não tenha melhora, o magistrado poderá,
através de decisão fundamentada, perdoar, ainda que de forma parcial, as dívidas do
superendividado.
Estados Unidos. A partir daí, este passou a ser visto de duas formas: para impulsionar
a economia nacional, e como um problema demasiado, gerando inúmeras dívidas.
Neste sentido, observa-se que nos EUA, basta que a pessoa procure um
advogado para apresentação de uma petição com base na Lei de Falência para
impedir que sejam tomados os seus bens.
Em seu turno, Marques (2016, p. 215) pondera que o modelo fresh start é
adotado por países que seguem a tradição do common law, como os Estados Unidos,
Inglaterra, Canadá e Austrália. Este modelo permite que o superendividado siga em
frente sem o peso esmagador de tantas dívidas. Sendo assim, a principal finalidade
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1.3.3 Bélgica
Marques (2016, p. 15) entende ainda que a lei belga resiste em oferecer a
liberação e em permitir devedores de escapar dos seus débitos. Assim, permite às
Cortes imporem um plano liberando débitos por penalidades e taxas, mas não pelo
principal ou juros.
1.3.4 Portugal
Por seu turno, Marques (2010, p. 23) faz uma explanação a respeito da
boa-fé:
Art. 2º. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda
que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
A teoria finalista mitigada, por sua vez, é considerada uma junção das duas
teorias supracitadas, e nasceu no Superior Tribunal de Justiça. Segundo Ogrodowski
e Mendes (2020, p. 03), esta teoria não leva em consideração apenas a destinação
do bem ou servindo-se também o potencial econômico do consumidor, alcançando-
se, portanto, todas as relações de consumeristas.
Somente em julho de 2021 que foi publicada a Lei nº 14.181, criada para
aperfeiçoar o crédito ao consumidor, assim como prevenir e tratar o
superendividamento, alterando diversos artigos do Código de Defesa do Consumidor
e o Estatuto do Idoso. Esta Lei inclui ainda a possibilidade de audiências de
negociação entre o credor e o devedor, além de conter instrumentos para afastar
abusos na oferta de crédito a idosos e vulneráveis.
CDC, não o torna nulo, devendo ser demonstrada a ilegalidade das cláusulas
contratuais.
Isto posto, o art. 51, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor dispõe
acerca da nulidade das cláusulas contratuais abusivas:
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem
o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a equidade;
No entanto, Wodtke (2014, p. 09) apontou que tal nivelamento social ainda
é bem utópico, uma vez que ainda existe grande disparidade entre as classes sociais,
onde os mais pobres até conseguem adquirir bens de valor mais alto, mas ainda assim
são isolados e mantidos nas periferias e favelas por todo o país.
Cumpre ressaltar que tanto a pessoa física quanto a jurídica podem ser
consumidoras em uma relação de consumo, conforme aduz o art. 2º do Código de
Defesa do Consumidor. No entanto, a pessoa jurídica não pode ser considerada
superendividada, no sentido estrito desta terminologia, que é destinada para
classificar uma condição econômica específica de pessoas físicas. No entanto, a
pessoa jurídica também pode padecer com crises financeiras e ficar incapacitada de
adimplir suas obrigações, ocorrendo então sua falência.
específica, sendo inclusive inserida no bojo da Lei nº 14.181/21. Este princípio exige
que o fornecedor de crédito examine as condições do consumidor adimplir com a
dívida sem comprometer seu mínimo existencial e de sua família, a fim de que este
não contraia uma obrigação que não possa cumprir posteriormente, diminuindo assim
o superendividamento.
Não obstante, salienta-se que este entendimento era lacunoso, uma vez
que as hipóteses de aplicação não eram claras. Nesse sentido, era comum o
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Isto posto, Kirmse (2013, p. 26) foi ferino ao pontuar que a ausência de
legislação específica sobre o superendividamento acarreta na desproteção do
consumidor, que fica desamparado na via legislativa e judicial.
medida abusiva e contrária à dignidade humana, haja vista que pode abalar
irreversivelmente a forma do recorrido manter a si e a sua família.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por conseguinte, o consumidor sofria com a falta de amparo legal, sem uma
garantia concreta de renegociação de dívidas com a devida atenção à preservação
de sua subsistência com dignidade.
REFERÊNCIAS
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de direito civil: direito dos
contratos. Vol. 4, 11ª ed. Juspodivm, 2021.
FILOMENO, José Geraldo Brito. Manual de Direitos do Consumidor. 1ª Ed. São Paulo:
Atlas, 1991.
MARCONI, Marina. Metodologia Científica, para o curso de Direito. São Paulo: Editora
Atlas S.A. 2003
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NUNES, Luis Antônio Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. 13. ed. São Paulo:
Saraiva, 2019.
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil, volume único. 10ª. ed. São Paulo: Método.
2020.
ANEXO I
APÊNDICE ao TCC
Assinatura do autor:
Nome completo do autor: Giselly Lopes Santana Abreu
Assinatura do professor-orientador:
Nome completo do professor-orientador: Ernesto Martim Schönholzer Dunck