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1. Informações iniciais sobre a Lei 14.181/2021 para concursos públicos: Toda lei nova (no
caso foi uma lei que alterou o CDC) é importante, para concurso público, saber o seu teor.
Normalmente (como ainda não há muita doutrina e jurisprudência sobre o tema) é cobrado
o teor da lei. Assim, é importante fazer uma leitura atenta dos dispositivos. Abaixo eu
procurei detalhar as possíveis pegadinhas que os concursos poderão fazer em relação à lei
nova.
→ Antes de analisarmos os artigos da nova lei, abordaremos brevemente o conceito de
superendividamento e a sua classificação em ativo (consciente e inconsciente) e passivo.
2. Conceito doutrinário de Superendividamento: Conforme expõe Cláudia Lima Marques,
“o superendividamento pode ser definido como impossibilidade global do devedor pessoa
física, consumidor, leigo e de boa-fé, de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de
consumo (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundo de delitos e de alimentos). Este estado é
um fenômeno social e jurídico, a necessitar algum tipo de saída ou solução pelo Direito do
Consumidor, a exemplo do que aconteceu com a falência e concordata no Direito da
Empresa, seja o parcelamento, os prazos de graça, a redução dos montantes, dos juros, das
taxas, e todas as demais soluções possíveis para que possa pagar ou adimplir todas ou quase
todas as suas dívidas, frente a todos os credores, fortes e fracos, com garantias ou não. Estas
soluções, que vão desde a informação e controle da publicidade, direito de arrependimento,
para prevenir o superendividamento, assim como para tratá-lo, são fruto dos deveres de
informação, cuidado e principalmente de cooperação e lealdade oriundas da boa-fé para
evitar a ruína do parceiro (exceção da ruína), que seria esta sua ‘morte civil’, exclusão do
mercado de consumo ou sua ‘falência’ civil com o superendividamento.”1
3. Superendividamento ativo e passivo:
O superendividado ativo é aquele consumidor que se endivida voluntariamente, iludido pelas
estratégias de marketing das empresas fornecedoras. Esta categoria se subdivide em duas: o
superendividado ativo consciente e ativo inconsciente. O ativo consciente é aquele que de má-
1 MARQUES, Cláudia Lima. “Sugestões para uma lei sobre o tratamento do superendividamento de pessoas físicas em contratos
de consumo: proposições com base em pesquisa empírica de 100 casos no Rio Grande do Sul”. Revista de Direito do
Consumidor 55/11-52, p. 12, São Paulo, RT, jul-set. 2005.
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 3
fé contrai dívidas convicto de que não poderá pagá-las, com intenção deliberada de fraudar os
credores (é o consumidor de má-fé). Por outro lado, o ativo inconsciente é aquele que agiu
impulsivamente, de maneira imprevidente e sem malícia, deixando de fiscalizar seus gastos.
Acabou, por assim dizer, “gastando mais do que deveria”.
Já o superendividado passivo é aquele que se endivida em decorrência de fatores externos
chamados de “acidentes da vida”, tais como desemprego; divórcio; nascimento, doença ou
morte na família; necessidade de empréstimos; redução do salário; etc.
Esta classificação é importante porque a doutrina irá sustentar que somente o
superendividado ativo inconsciente e o passivo é que merecerão a tutela estatal para
reorganizar suas vidas financeiras. O superendividado ativo consciente, por agir
maliciosamente (má-fé), não receberá o tratamento do superendividamento, não podendo
renegociar suas dívidas com o apoio estatal
Curso (novo)
Lei do Superendividamento
Após a edição da lei, gravei um curso para o JUSAULAS em que abordo:
a) a necessidade da lei no contexto brasileiro,
b) a sociedade de consumo que vivemos para explicar o porquê devemos contemplar
o superendividado ativo inconsciente nos planos de pagamento (processo de
repactuação de dívidas),
c) qual a visão que a sociedade possui do falido (do superendividado) e como isso
reflete na interpretação da lei;
d) classificação do superendividamento: ativo e passivo;
e) princípios contemplados na Lei 14.181/2021 (Lei do Superendividamento) →
importante para argumentação em provas discursivas e orais;
f) modelos de tratamento ao consumidor superendividado (modelo francês e
americano), demonstrando qual o modelo que foi adotado pela legislação brasileira.
g) comentários artigo por artigo (foi gravado um vídeo sobre cada artigo).
Assim, para quem estiver fazendo segunda fase ou prova oral, especialmente para
concursos do Ministério Público, Magistratura e Defensoria, seria uma boa opção para
compreender bem todo o contexto da lei e como tratar o tema nas provas.
Assista a apresentação do curso. Basta mirar a câmera do celular no QRCODE abaixo ou clicar
no link abaixo.
Art. 4º ........................................................................................................
1. Foram inseridos dois incisos ao artigo 4º que trata dos princípios e objetivos da Política Nacional
das Relações de Consumo (PNRC).
3. Uma das formas mais eficazes de prevenir o superendividamento é promover ações visando a
educação financeira dos consumidores.
Art. 5º .........................................................................................................
1. O art. 5º do CDC trata dos instrumentos de execução da PNRC (Política Nacional das Relações de
Consumo).
2. Importante mencionar que o foco destas alterações do CDC, com relação à temática do
superendividamento, é primeiramente PREVENIR (ou seja, evitar que o consumidor fique
superendividado) e TRATAR (aqueles que já estão na situação de superendividamento). Importante
lembrar que o tratamento (que está previsto a partir do art. 104-A) deve se dar tanto no âmbito
judicial, mas também extrajudicial.
3. Possível pegadinha de prova: uma questão que mencione, por exemplo, que o tratamento
previsto na lei é somente judicial. Então, lembrar que o tratamento pode ser extrajudicial também.
Art. 6º .......................................................................................................
XIII - a informação acerca dos preços dos produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por
litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso.
4. Informação dos preços por unidade de medida (por quilo, por metro, etc) → para que o
consumidor consiga comparar mais facilmente os preços os produtos. Assim, o fornecedor deve
informar o preço do produto e também o preço referencial. Ex: Um refrigerante de 500 ml custa R$
3,00. Assim, deve informar o preço referencial por litro: R$ 6,00.
XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário;
XIX - (VETADO).
2. Ler com atenção os dois incisos novos que estabelecem duas cláusulas abusivas.
CAPÍTULO VI-A
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 7
Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do superendividamento da pessoa natural, sobre
o crédito responsável e sobre a educação financeira do consumidor.
§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas
mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de contratos celebrados dolosamente com o propósito
de não realizar o pagamento ou decorram da aquisição ou contratação de produtos e serviços de
luxo de alto valor.
1. Houve o acréscimo de um capítulo inteiro (arts. 54-A ao 54-G) para tratar especificamente da
prevenção do superendividamento.
4. Art. 54-A, §1º. Conceito de superendividamento. Importante porque define quem poderá ser
tratado pelo CDC.
4.1 Assim, lembrar que é somente a pessoa natural que estiver de boa-fé. O que estiver de
má-fé (adquire a dívida sabendo que não terá condições de pagar o débito) está excluído da
aplicação do código (§3 do art. 54-A).
4.2. As dívidas acobertadas pelo tratamento são as consumo. Dívidas que não são de consumo
(aluguel, pensão alimentícia, tributos, etc) não serão tratadas pelo CDC.
4.3. As dívidas são as exigíveis e também as vincendas (que irão vencer). Ou seja, para analisar
se o consumidor tem condições de pagar ou não a totalidade das dívidas (para verificar se está
ou não superendividado), considera as que já venceram e as que estão por vencer...
5. Art. 54-A, §2º. Lembrar que as dívidas vincendas também são consideradas para a análise do
superendividamento. Assim, as compras a prazo e serviços de prestação continuada, embora ainda
algumas parcelas estão por vencer, entram na contabilidade para constatação do
superendividamento.
Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a prazo, além das informações obrigatórias
previstas no art. 52 deste Código e na legislação aplicável à matéria, o fornecedor ou o intermediário
deverá informar o consumidor, prévia e adequadamente, no momento da oferta, sobre:
II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa dos juros de mora e o total de encargos, de
qualquer natureza, previstos para o atraso no pagamento;
III - o montante das prestações e o prazo de validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 (dois)
dias;
§ 1º As informações referidas no art. 52 deste Código e no caput deste artigo devem constar de
forma clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou de instrumento apartado, de fácil acesso
ao consumidor.
§ 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da operação de crédito ao consumidor consistirá
em taxa percentual anual e compreenderá todos os valores cobrados do consumidor, sem prejuízo
do cálculo padronizado pela autoridade reguladora do sistema financeiro.
§ 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, a oferta de crédito ao consumidor e a oferta
de venda a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem indicar, no mínimo, o custo efetivo
total, o agente financiador e a soma total a pagar, com e sem financiamento.
1.2. Pegadinha de prova. Cuidado com a questão que mencionar que o dever de informar
cabe somente ao fornecedor de crédito.
2. Pegadinha de prova referente aos incisos do caput do art. 54-B. O examinador pode alterar
algumas informações para tornar as alternativas erradas. Assim, lembrar que:
b) o prazo de validade da oferta é de 2 dias (sempre que lei menciona algum prazo é
importante ficar atento para concurso....).
d) o direito à liquidação antecipada é não onerosa (ou seja, não pode cobrar nenhuma taxa
para que o consumidor consiga pagar antecipadamente a dívida ou as parcelas).
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 9
3. As informações do art. 54-B e do art. 52 do CDC devem constar de forma clara e resumida e de
fácil acesso ao consumidor.
4. Pegadinha de prova - Custo efetivo total: chamado usualmente de CET, é importante lembrar que:
c) o cálculo do CET (para o CDC) independe (sem prejuízo) do cálculo padronizado pela
autoridade reguladora do sistema financeiro. Assim, ainda que o Banco Central defina que
determinado encargo cobrado do consumidor não componha o cálculo do CET, para fins de
informação ao consumidor pelo CDC, ele deve ser incluído.
5. Para não incorrer em publicidade enganosa (art. 37 do CDC), a oferta de crédito ao consumidor e
a oferta de venda a prazo devem indicar, no mínimo:
b) o agente financiador,
I - (VETADO);
II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao
crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor;
1. O artigo elenca proibições no tocante à oferta de crédito, seja por qualquer meio de divulgação:
pessoalmente dirigida ao consumidor ou através da publicidade.
Parágrafo único. O descumprimento de qualquer dos deveres previstos no caput deste artigo e nos
arts. 52 e 54-C deste Código poderá acarretar judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou
de qualquer acréscimo ao principal e a dilação do prazo de pagamento previsto no contrato original,
conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as possibilidades financeiras do consumidor, sem
prejuízo de outras sanções e de indenização por perdas e danos, patrimoniais e morais, ao
consumidor.
1. O artigo prevê uma série de condutas (exemplificativa e não taxativa – “entre outras condutas”)
que deverão ser adotadas pelo fornecedor ou intermediário na oferta de crédito com base no
princípio do crédito responsável.
3. Sanções aplicadas ao fornecedor de crédito pelo não cumprimento dos dispositivos do CDC.
Observações: o parágrafo único do art. 54-D menciona que somente haverá penalização ao
fornecedor pelo descumprimento dos deveres previstos nos arts. 52, 54-D (o próprio artigo) e art.
54-C. Por equívoco não mencionou o art. 54-B. Inicialmente (no projeto de lei), as sanções seriam
aplicadas pelo descumprimento de todos os deveres previstos no novo Capítulo VI-A. Mas durante a
tramitação do projeto houve alteração e reorganização dos artigos de modo que faltou a menção ao
artigo 54-B.
Mas e aí? O que considerar para concurso? Embora acredite que a jurisprudência irá corrigir este
equívoco, para concurso vale considerar a literalidade do que está presente no parágrafo único.
Assim, caso mencione que o descumprimento do art. 54-B acarrete as penalidades do parágrafo
único (e a questão mencionar que deve ser considerado o texto do CDC) deve ser marcada como
errada, porque, conforme mencionado, o art. 54-B não foi mencionado no parágrafo único do art.
54-D.
3.1. Importante: as sanções previstas no pu do art. 54-D somente poderão ser aplicadas
JUDICIALMENTE. Pegadinha de prova → Assim, os Procons não poderão aplicar estas
sanções.
a) Redução dos juros, dos encargos ou de qualquer acréscimo ao principal (ou seja,
poderá ser decotado todo e qualquer valor além do principal).
b) dilação de pagamento.
3.4. A aplicação destas sanções não impede a aplicação de outras sanções previstas na
legislação (ex: art. 56 do CDC) e da condenação do fornecedor em indenização por perdas
e danos, patrimoniais e morais.
1. Este artigo tratava de uma série de deveres impostos ao fornecedor no tocante ao crédito
consignado, estipulando, inclusive, o direito de o consumidor exercer o direito de arrependimento
no prazo de 7 dias da contratação. Assim, como o artigo foi vetado, o consumidor somente poderá
arrepender caso a contratação do crédito consignado se dê fora do estabelecimento comercial (nos
moldes do art. 49 do CDC) e não em toda e qualquer contratação de empréstimo consignado.
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 12
2. Quer dizer que os dispositivos que tratam do superendividamento não podem ser aplicados ao
crédito consignado? Não, muito pelo contrário. Somente o art. 54-E é que foi vetado. Todos os outros
dispositivos serão utlizados para evitar que o crédito consignado acarrete o superendividamento.
Art. 54-F. São conexos, coligados ou interdependentes, entre outros, o contrato principal de
fornecimento de produto ou serviço e os contratos acessórios de crédito que lhe garantam o
financiamento quando o fornecedor de crédito:
§ 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, se houver inexecução de qualquer das
obrigações e deveres do fornecedor de produto ou serviço, o consumidor poderá requerer a rescisão
do contrato não cumprido contra o fornecedor do crédito.
I - contra o portador de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo;
c) o direito a rescisão do contrato não cumprido também pode ser exercido contra o portador
de cheque pós-datado emitido para aquisição de produto ou serviço a prazo e contra o
administrador ou o emitente de cartão de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou
similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo mesmo fornecedor ou por entidades
pertencentes a um mesmo grupo econômico.
Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste Código e na legislação aplicável à matéria, é
vedado ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas:
I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido
contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não
for adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a
administradora do cartão com antecedência de pelo menos 10 (dez) dias contados da data de
vencimento da fatura, vedada a manutenção do valor na fatura seguinte e assegurado ao
consumidor o direito de deduzir do total da fatura o valor em disputa e efetuar o pagamento da
parte não contestada, podendo o emissor lançar como crédito em confiança o valor idêntico ao da
transação contestada que tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a apuração da contestação;
II - recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados cópia da minuta do
contrato principal de consumo ou do contrato de crédito, em papel ou outro suporte duradouro,
disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato;
III - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o
consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento,
ou ainda a restituição dos valores indevidamente recebidos.
2. Compras contestadas no cartão de crédito → é proibida a cobrança enquanto não for solucionada
a controvérsia, desde que o consumidor tenha notificado o administrador do cartão com
antecedência de 10 dias contados da data do vencimento da fatura. O valor contestado também não
poderá ser incluído na fatura seguinte até que seja solucionada a controvérsia. Caso o valor tenha
sido incluso na fatura, é direito do consumidor pagar o valor total deduzido do valor contestado.
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 14
2.1. Pegadinha de prova: atentar para o prazo de 10 dias que o consumidor tem que avisar o
administrador do cartão de crédito para não ser incluso o valor contestado na fatura.
CAPÍTULO V
DA CONCILIAÇÃO NO SUPERENDIVIDAMENTO
3. Importante para concursos: estes 3 artigos apresentam muitas informações e detalhes (como
prazos, etc). Assim, é preciso ler com atenção!
4. Como o art. 104-A possui muitas informações importantes (e creio que serão cobradas em
concursos), vou separar os incisos e parágrafos.
Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado pessoa natural, o juiz poderá instaurar
processo de repactuação de dívidas, com vistas à realização de audiência conciliatória, presidida por
ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a presença de todos os credores de dívidas
previstas no art. 54-A deste Código, na qual o consumidor apresentará proposta de plano de
pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas.
2. Atenção em relação a este esquema acima referente ao caput do art. 104-A. Ficar atento em alguns
detalhes importantes que poderão ser explorados em concursos, como:
a) no processo de repactuação de dívidas há necessidade de requerimento do consumidor.
Então não pode ser de ofício;
b) somente a pessoa natural poderá requerer este processo de repactuação....Então a
pessoa jurídica não pode;
c) a audiência conciliatória poderá ser presidida por conciliador credenciado;
d) quem apresenta o plano de pagamento é o consumidor;
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 15
1. Importante: há dívidas que, mesmo sendo de relações de consumo (lembrem que, pelo art. 54-A,
somente se aplica as normas de superendividamento em dívidas de consumo) não podem fazer parte
do plano de pagamento. Ou seja, estas dívidas deverão ser pagas pelo valor que foram contratadas.
São elas:
c) Financiamentos imobiliários;
d) Crédito real.
Atenção (Pegadinha de prova): saber estas dívidas que são excluídas do processo de repactuação de
dívidas.
1. Sanções ao não comparecimento INJUSTIFICADO do credor (ou do seu procurador com poderes
especiais para transigir):
§ 3º No caso de conciliação, com qualquer credor, a sentença judicial que homologar o acordo
descreverá o plano de pagamento da dívida e terá eficácia de título executivo e força de coisa
julgada.
1. Sentença judicial que homologar o acordo → eficácia de título executivo e força de coisa julgada.
III - data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de
cadastros de inadimplentes;
condicionamento
redução dos outras suspensão data para de seus efeitos à
medidas de
encargos da medidas ou à exclusão do abstenção, pelo
dilação dos
dívida ou da destinadas a extinção das consumidor consumidor, de
prazos de
remuneração facilitar o ações nos bancos condutas que
pagamento
do fornecedor pagamento judiciais de dados importem no
agravamento
Importante (Pegadinha em prova): com o plano de pagamento definido através da sentença que irá
homologá-lo, o nome do consumidor não é excluído dos bancos de dados automaticamente. Deverá
constar a data a partir do qual o nome será excluído. Assim, a questão de concurso que afirmar que
o nome do consumidor será excluído automaticamente com a sentença estará errada.
§ 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput deste artigo não importará em declaração de
insolvência civil e poderá ser repetido somente após decorrido o prazo de 2 (dois) anos, contado da
liquidação das obrigações previstas no plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual
repactuação.
2. Novo pedido de repactuação de dívidas → somente pode ser feito após 2 anos → contado da
liquidação das obrigações do plano de pagamento. Assim, o consumidor somente poderá requerer
outro processo de repactuação de dívidas após 2 anos que pagar todos os credores do plano de
pagamento anterior.
Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do
consumidor, instaurará processo por superendividamento para revisão e integração dos contratos
e repactuação das dívidas remanescentes mediante plano judicial compulsório e procederá à
citação de todos os credores cujos créditos não tenham integrado o acordo porventura celebrado.
§ 3º O juiz poderá nomear administrador, desde que isso não onere as partes, o qual, no prazo de
até 30 (trinta) dias, após cumpridas as diligências eventualmente necessárias, apresentará plano de
pagamento que contemple medidas de temporização ou de atenuação dos encargos.
§ 4º O plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido,
corrigido monetariamente por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total da dívida, após
a quitação do plano de pagamento consensual previsto no art. 104-A deste Código, em, no máximo,
5 (cinco) anos, sendo que a primeira parcela será devida no prazo máximo de 180 (cento e oitenta)
dias, contado de sua homologação judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas mensais
iguais e sucessivas.
1. Plano judicial compulsório → Não havendo êxito na conciliação (seja pelo art. 104-A, seja pelo art.
104-C) → a requerimento do consumidor → será instaurado → processo por superendividamento
para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas → mediante plano judicial
compulsório → com a citação de todos os credores que não participaram do acordo porventura
celebrado.
2. Por que plano judicial compulsório? Porque, não havendo acordo na conciliação, haverá um plano
definido pelo juiz.
3. Lembrem: será necessário SEMPRE o requerimento do consumidor → seja para fase conciliatória,
seja para a fase compulsória.
5. Após a citação → credores terão 15 dias → para juntar documentos e justificar o porquê não
querem renegociar.
9. Plano judicial compulsório → durará no máximo 5 anos (ou seja, o juiz não poderá estipular um
plano para pagamento em 10 anos por exemplo) → a primeira parcela será devida no prazo máximo
de 180 (cento e oitenta) dias → restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e
sucessivas (então, não pode estipular valores diferentes para determinados períodos – ex:
pagamentos de semestrais ou anuais. Deverá ser mensal, igual e sucessiva)
10. Atenção: O §4º do art. 104-B possui uma redação dúbia. Para concurso procure se ater á
literalidade da redação. Se quiser entender as várias interpretações possíveis sobre este parágrafo,
disponibilizei abaixo os comentários que fiz a este artigo no curso que eu gravei para o JUSAULAS.2
Art. 104-C. Compete concorrente e facultativamente aos órgãos públicos integrantes do Sistema
Nacional de Defesa do Consumidor a fase conciliatória e preventiva do processo de repactuação de
dívidas, nos moldes do art. 104-A deste Código, no que couber, com possibilidade de o processo ser
regulado por convênios específicos celebrados entre os referidos órgãos e as instituições credoras
ou suas associações.
1. Conciliação administrativa → feita pelos órgãos públicos do SNDC (Sistema Nacional de Defesa do
Consumidor) → Ex: Procons, MPs, Defensorias, etc.
2
Quem tiver interesse em aprofundar na Lei do Superendividamento, gravei um curso para o JUSAULAS em
que comento artigo por artigo da lei. CLIQUE AQUI para saber mais informações sobre este curso.
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 19
3. “...no que couber” → os dispositivos do art. 104-A se aplicarão também aqui na conciliação
administrativa. Assim, o prazo máximo do plano de pagamento é de 5 anos; deverá ser preservado
as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas; excluem do processo de
repactuação as dívidas contraídas de má-fé (com intenção de não pagar), de financiamento
imobiliários, etc.
3
Art. 105 do CDC. Integram o Sistema Nacional de Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais,
do Distrito Federal e municipais e as entidades privadas de defesa do consumidor.
Professor Leonardo Garcia – Comentários à Lei do Superendividamento para concursos 20
O art. 96 da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso), passa a vigorar acrescido
do seguinte § 3º:
Esta negativa não será considerada discriminação, nos moldes do art. 96 do Estatuto do Idoso que
possui a seguinte redação em seu caput:
Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações
bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou
instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade: