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DIREITO DO CONSUMIDOR

DATA: 31/07/2023 - AULA 01 – APRESENTAÇÃO / PROGRAMA DA


DISCIPLINA / CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
AULA DIA 07/08/2023 – DIREITO DO CONSUMIDOR
Noções Introdutórias (UNIDADE I)
• Contexto histórico
A revolução industrial – trouxe a produção em larga escala / em massa. De
forma que consumidor e fornecedor passaram a não mais se relacionarem de
forma direta. A solução foi a criação de um CONTRATO, o qual serviria para
substituir esses diálogos de antes.
Todavia, esse modelo de negociação, em muitos casos cria uma situação de
vulnerabilidade para uma das partes. Ex. caso das concessionárias de energia,
em que o cliente não pode negociar as condições de preço do produto. Nestes
casos o Estado estabeleceu critérios para que essa relação não se torne
abusiva. E isso está no Art. 51 do CDC.
Consumidor é a parte vulnerável da relação de consumo
• Fundamentos
• Insuficiente aplicação apenas do CC
 Pacta sunt servanda – “o contrato nasce para ser cumprido”. Neste caso,
nas situações abusivas, o Estado garante o direito de uma revisão
contratual.
 Autonomia da vontade das partes- tudo pode ser colocado nas cláusulas
de um contrato, desde que a Lei não proíba. A autonomia da vontade
das partes pode ser relativizada nas situações em que há uma cláusula
abusiva.
 Responsabilidade subjetiva – nos casos em que houver uma conduta,
um nexo causal, um dano (prejuízo), a parte vulnerável não precisa
provar a CULPA. Havendo o nexo causal entre a conduta e o dano ao
bem, o consumidor tem direito a reclamar.
Marcos históricos
15 de março de 1962 (dia do consumidor):
• Direito à informação – direito de ser informado sobre os dados oficiais
• Direito à segurança -não pode ser colocado no mercado produtos
nocivos ou perigosos ao consumidor. Exceto os casos necessários,
como, por exemplo, os produtos pesticidas agrícolas, mas estes devem
vir com as observações.
• Direito de escolha -
• Direito de ser ouvido – direito à elaboração de políticas públicas sobre
serviços a ser prestado.
Conferência mundial do consumidor 1972 - em Estocolmo.
O PROCON surgiu na década de 1970.
Direito do consumidor no Brasil
• Movimentos na década de 1976
• Na constituição federal de 1988
 Art. 5º XXXII – garantias e direitos fundamentais (na forma da Lei)
 Art. 150, § único
 Art. 170, V
 Art. 48, ADCT – 120 dias
 Lei 8.078/1990 – CDC – somente uma disposição protege o fornecedor,
as restantes protegem o consumidor.
• Norma principiológica – auxilia a aplicação da defesa do consumidor
para os casos em que o CDC, as analogias, os costumes não apresentarem
solução para uma lide.
• Microssistema autoaplicável – para efeitos de CDC, é um conjunto de
normas de diferentes códigos como, por exemplo, o CC/2002, o Dir. Processual
Civil (ônus da prova), o Dir. Administrativo (sanção administrativa), o Dir. Penal
(crimes, como expor o consumidor a constrangimento, art. 71 - CP/1948).
• Teoria do diálogo das fontes – CDC dialoga com outras fontes como, por
exemplo, o CC/2002, a CF/1988.

PRINCÍPIOS (UNIDADE II)


Serão abordados 12 princípios (rol exemplificativo):
1º) Proteção ao Consumidor – Art. 1º
Aplica-se a toda relação de consumo. Matéria estabelece norma de ordem
pública, neste caso, o juiz pode agir de ofício. Exceto os contratos bancários,
súmula - nº 381 do STJ - “Nos contratos bancários é vedado ao julgador
reconhecer de ofício conteúdo não identificado na ação”.
2º) Vulnerabilidade – fragilidade, fraqueza, de uma das partes:
• Informacional – o consumidor não tem como conhecer o produto em
sua amplitude, sua fórmula, sua composição, sua estrutura, etc
• Jurídica / científica – termos técnicos, conceitos, que não são
relacionados à base de conhecimento do consumidor.
• Fática / socioeconômica / real – poder econômico – demonstrada por
maior poder econômico do fornecedor.
Obs.: basta uma destas características para ser aplicado o CDC.
Pessoa física – todo consumidor é vulnerável. Todavia, se for PJ, esta deverá
provar.
AULA DO DIA 14/08/2023 -
Palestra sobre feminicídio – no auditório da Unisulma – não assisti a essa aula.
Princípios:
3)
4)
5)
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AULA DO DIA 21/08/2023 - PRINCÍPIOS (CONTINUAÇÃO)


7) EQUIVALÊNCIA NEGOCIAL -Art. 6º, II, CDC/1990 - Equilíbrio nas
cláusulas contratuais
8) EDUCAÇÃO FINANCEIRA AMBIENTAL
Lei n. 14.181 - A Lei n. 14.181, de 1º de julho de 2021, promoveu alterações no
Código de Defesa do Consumidor (CDC) para aperfeiçoar a disciplina do
crédito ao consumidor e dispor sobre a prevenção e o tratamento do
superendividamento.
Art. 4º, IX (Lei 14.181/2021) - Art. 4º. IX - fomento de ações direcionadas à
educação financeira e ambiental dos consumidores;
9) PREVENÇÃO E TRATAMENTO DO SUPERENDIVIDAMENTO – Art. 4º,
X, CDC
10) REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS
Dano material
• Dano emergente – valor real da dívida
• Lucro cessante – valor futuro da dívida
• Dano moral – direito da personalidade – (ex. prótese de
silicone que deslocou e gerou câncer – causando prejuízos
emergentes, cessantes, morais e estéticos)
• Dano estético –
• Dano coletivo – anticoncepcional de farinha – o MP tomou pra
si a missão de ajuizar uma ação coletiva contra a indústria. Na
contestação do laboratório ele alegou que “engravidar é uma
dádiva de Deus”.
• Dano difuso – Dano difuso geralmente atinge direito ambiental
– são encaminhados pelo Min. Público ou Defensoria Pública.
ELEMENTOS DA RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
O CDC não traz o CONCEITO de relação jurídica. Apenas os elementos da
relação de consumo. São de dois tipos: subjetivos e objetivos. Esses
elementos são interdependentes:
ELEMENTOS subjetivos (sujeitos)
Fornecedor (Art. 3° CDC/1990) – “é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços.”
Fornecedor Pessoa Física – habitualidade – (sem habitualidade aplica-se o
CC/2015 – vício redibitório);
Fornecedor Pessoa Jurídica – habitualidade.
Venda esporádica (sem habitualidade) não é caso de CDC.
• Consumidor – (Art. 2º do CDC) – “é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final”.
Teorias que definem destinatário final:
ELEMENTOS objetivos
• Produto
• Serviço
Não tendo um destes não tem uma relação de consumo. Neste caso,
recorre-se ao Código Civil (CC/2015).
FORNECEDOR – Art. 3º, CDC C/C Art. 966, CC/2015
CONSUMIDOR –
1) Padrão (Art. 2º, Caput – CDC) – Destinatário final
Teorias:
a) Finalista / Subjetiva –
Destinatário final:
• Fático - é um produto que alguém compra pra satisfazer as
necessidades próprias ou da sua família.
• Econômico – não pode ter nenhuma finalidade de lucro (sem
transformação / sem que seja meio para a obtenção de lucro)
b) Maximalista ou Objetiva – não importa saber se é fático ou econômica,
desde que não revenda o produto. Problema: super amplitude desta teoria.
c) Finalista mitigada, aprofundada, temperada, mista ou híbrida (STJ):
• Vulnerabilidade – teoria restringiu o CDC à existência de relação de
vulnerabilidade do consumidor perante o fornecedor.
• Pessoa física – presumida
• Pessoa jurídica – deve provar
2) Equiparado em sentido coletivo - Art. 2º §único, CDC
3) Equiparado vítima do evento danoso - Art. 17, CDC
4) Equiparado virtual ou potencial - Art. 2º, CDC

AULA DO DIA 28/08/2023 - CONSUMIDOR


• Consumidor (em sentido coletivo) equiparado – art. 2º §único
• Consumidor (art. 17) equiparado - vítima do evento danoso
• Consumidor (art. 29) equiparado – virtual ou potencial
Produto – art. 3º §1º
Serviço – art. 3º §2º
Zona azul – cabe o CDC, porque existe a remuneração.
Relações Jurídicas e Incidência do CDC
• Quando é o CDC
• Quando é o Código Civil
• Quando é uma Lei Especial

INCIDÊNCIA DO CDC:

1) Entidade de previdência privada e seus participantes


Súmula 563, STJ - Aberta / Fechada - Art. 37, §6º - Previdência complementar
aberta (que qualquer pessoa pode entrar – incide o CDC);
Previdência do serviço público estadual – é previdência fechada (não incide o
CDC)
2) Planos de Saúde - Súmula 608, STJ - Auto gestão (planos de saúde de
entidades governamentais, como o FUNBEM, do Estado do Maranhão).
3) Contrato de Transporte - Art. 730 CC
Rec. Extraordinário 636.331 – EVENTOS EXTERNOS
Indenização: extensão dos danos. Ex. uma mala que contem roupa é menos
dispendiosa que uma mala de iphones, assim, o valor da indenização poderá
variar de acordo com o evento.
Nos eventos INTERNOS o CDC determina a indenização pela extensão dos
danos.
Convenção de Varsóvia e Montreal – tabela os valores de indenização nos
eventos EXTERNOS.
4) Serviços Públicos e o CDC
Gerais
Individuais
Entendimentos sobre o corte
1º doutrinário
2º jurisprudencial
5) Locação urbana – Lei 8.245/1991 - Locação cujo locador seja uma
pessoa qualquer, eventual.
6) Relação advogado – cliente
7) Relação condominial
8) Atividade bancária e beneficiários do crédito estudantil

AULA DO DIA 04/09/2023 - SERVIÇO PÚBLICO E INCIDÊNCIA DO CDC


• GERAIS E INDIVIDUAIS
Os gerais são aqueles serviços públicos `que não se consegue individualizar:
Ex. segurança pública, construção civil de vias públicas – Nestes NÃO
INCIDEM o CDC
SERVIÇOS INDIVIDUAIS: Nestes incide o CDC – EX: Serviço de energia
elétrica, Água, Telefonia – nestes, embora sejam um serviço público, são
oferecidos por concessionárias, nestes, HÁ A INCIDÊNCIA do CDC
• CORTE DE SERVIÇO ESSENCIAL
Doutrina: com base no Art. 22 do CDC devem ser prestados de forma contínua
1º ENTENDIMENTO – DOUTRINA
Defende a não interrupção (Art. 22/CDC) – fere o princípio da dignidade da
pessoa humana;
Também se ampara no Art. 42 do CDC – “Na cobrança de débitos, o
consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a
qualquer tipo de constrangimento ou ameaça”.
2º ENTENDIMENTO – JURISPRUDÊNCIA (STJ)
A JURISPRUDÊNCIA defende que os serviços públicos podem ser
interrompidos (Lei 8.987/95 – Art. 6º, §3º, II).
Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao
pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.

[...] - § 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em


situação de emergência ou após prévio aviso, quando:

[...] - II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

A interrupção não pode atingir pessoas em extrema pobreza, com


necessidades vitais do serviço;
Contas antigas não podem ser empregadas como justificativa para o corte do
serviço.
• ADVOGADO – CLIENTE
Falhas na prestação de serviço de advogados – código de ética da OAB;
• RELAÇÃO CONDOMINAL
CONDOMÍNIO – PJ – se relaciona com os condôminos sem relação de
consumo.
• ATIVIDADE BANCÁRIA E BENEFICIÁRIOS DO CRÉDITO
ESTUDANTIL
De acordo com o STJ não é uma relação de consumo.
O FIES não é produto/ sem fim lucrativo, mas POLÍTICA PÚBLICA (STJ);
RESPONSABILIDADE CIVIL NO CDC
• CÓDIGO CIVIL – SISTEMA DUALISTA
A responsabilidade civil adota o sistema dualista: contratual ou extracontratual.
• Extracontratual: deriva de ato ilícito ou abuso de direito.
• Subjetiva = Culpa
RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SOLIDÁRIA
RESPONSABILIDADE OBJETIVA – O DANO FALA POR SI, não necessita do
reconhecimento do fornecedor.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA – a MARCA/INDÚSTRIA e o
FORNECEDOR/COMÉRCIO são solidários (inclusive o TRANSPORTADOR).
FUNDAMENTO: ART. 23/CDC – “Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os
vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de
responsabilidade”.
• TIPOS:
Vício x Defeito:
Vício – O EFEITO NÃO REPERCUTE - fica restrito ao próprio produto ou
serviço. Ex. telefone que apaga sozinho.
Defeito – o dano atinge outras esferas – gerando outros danos, prejuízos,
ofensa a direitos. Ex. celular explodiu e queimou a casa.
AULA DO DIA 11/09/2023 – RESPONSABILIDADE POR VÍCIO DO PRODUTO
Art. 18. Vício por inadequação:
1. Oculto
2. Aparente
São impróprios - §6º do Art. 18 do CDC -
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:

I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;

II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados,


corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em
desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;

III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que
se destinam.

Obs.: Em regra, o comerciante (prestador de serviços) e o fornecedor são


solidários. Todavia, há exceções:
Art. 18, § 5º

§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o


consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.

Ou seja, se não for possível identificar o produto, será responsabilizado o comerciante


imediato.

Art. 19, § 2º

§ 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o


instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais.

Vício de quantidade: Compra-se 10 kg, mas vem somente 8 kg;


Prazo para que o fornecedor sane o vício - §1º, art. 18 - Em regra, 30 dias.
§2º, art. 18 - As partes podem convencionar prazo distinto, não inferior a 7 dias,
nem superior a 180 dias.
Opções do consumidor - Art. 18, §1º -
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições


de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

Objetos adquiridos no ambiente físico da loja não dão direito ao


arrependimento.
Vício de quantidade – art. 19

Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do


produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente
e à sua escolha:

- Opções do consumidor
Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do
produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu
conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente
e à sua escolha:

I - O abatimento proporcional do preço;

II - Complemento do peso ou medida;

III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem
os aludidos vícios;

IV - A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos.

Responsabilidade por vício do serviço


Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem
impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes
da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária,
podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:

I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;

II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem


prejuízo de eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

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