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consumidor, que é a parte mais fraca — o vulnerável

DIA 63 — da relação jurídica de consumo


Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
CDC: art. 1-38 Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 62/68

LEI 12594/12 - SINASE

CÓDIGO DE DEFESA DO TÍTULO I - Dos Direitos do Consumidor


CAPÍTULO I - Disposições Gerais
CONSUMIDOR
Art. 1° O presente código estabelece normas de
*As tabelas foram feitas com base no livro Leis Especiais para Concursos, do autor
Leonardo Garcia proteção e defesa do consumidor, de ordem pública

DIREITO DO CONSUMIDOR e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso
XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48
DIREITO PRINCÍPIO DA PRAZO DE 120
de suas Disposições Transitórias.
FUNDAMENTAL ORDEM DIAS PARA
ECONÔMICA CODIFICAR

Art. 5º, XXXII, da Art. 170, V, da Art. 48 do ADCT Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica
CF CF que adquire ou utiliza produto ou serviço como
Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan destinatário final.
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 61
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que
CARACTERÍSTICAS DO CDC indetermináveis, que haja intervindo nas relações
de consumo.
LEI PRINCIPIOLÓGICA

É considerado uma lei principiológica, isto é, está


É possível aplicar o CDC ao adquirente de unidade
constituído de uma série de princípios que possuem
imobiliária, mesmo não sendo o destinatário final do
como objetivo maior conferir direitos aos
bem e apenas possuindo o intuito de investir ou
consumidores, que são os vulneráveis da relação, e
auferir lucro, com base na teoria finalista mitigada se
impor deveres aos fornecedores.
tiver agido de boa-fé e não detiver conhecimentos de
NORMAS DE ORDEM PÚBLICA E INTERESSE SOCIAL mercado imobiliário nem expertise em incorporação,
construção e venda de imóveis, sendo evidente a sua
Consequência:
vulnerabilidade.
■ as decisões decorrentes das relações de consumo
Em outras palavras, o CDC poderá ser utilizado para
não se limitam às partes envolvidas em litígio;
amparar concretamente o investidor ocasional
■ as partes não poderão derrogar os direitos do
(figura do consumidor investidor)” STJ. 4ª Turma.
consumidor;
AgInt no AREsp 1786252/RJ, Rel. Min. Antonio Carlos
■ juiz pode reconhecer de ofício direitos do
Ferreira, julgado em 17/05/2021
consumidor
No contrato de compra e venda de insumos
MICROSSISTEMA MULTIDISCIPLINAR
agrícolas, o produtor rural não pode ser considerado
É considerado um microssistema multidisciplinar
destinatário final, razão pela qual, nesses casos, não
porque alberga em seu conteúdo as mais diversas
incide o Código de Defesa do Consumidor.” STJ. 4ª
disciplinas jurídicas com o objetivo maior de tutelar o

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Turma. AgInt no AREsp 363.209/RS, Rel. Min. Raul Coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis,
Araújo, julgado em 15/06/2020. que haja intervindo nas relações de consumo.

“Ressalvadas circunstâncias especiais, sobressai a Todas as vítimas de danos ocasionados pelo


natureza jurídica de relação de consumo havida fornecimento de produto/serviço defeituoso –
entre locador e administradora, atraindo, por bystanders.
conseguinte, a incidência do CDC.” STJ. 3ª Turma.
Toda as pessoas determináveis ou não, expostas às
REsp 1846331/DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
práticas comerciais ou contratuais abusivas
em 10/03/2020

VULNERABILIDADE – STJ
CONSUMIDOR - TEORIAS
■ TÉCNICA: Não possui conhecimentos específicos
TEORIA FINALISTA TEORIA MAXIMALISTA
sobre o produto/serviço;
(SUBJETIVA) (OBJETIVA)
■ JURÍDICA ou CIENTÍFICA: Falta de conhecimento
Consumidor seria o não Consumidor seria apenas jurídico, contábil, econômico, matemático financeiro;
profissional (aquele que o destinatário fático, ■ ECONÔMICA ou FÁTICA: Vulnerabilidade real
adquire ou utiliza um pouco importando a diante do parceiro contratual. Posição de
produto para uso próprio destinação econômica superioridade;
ou de sua família). que o bem venha a ■ INFORMACIONAL: Dados insuficientes sobre o
É o que retira o bem do sofrer. produto ou serviço capazes de influenciar no
mercado ao adquirir ou processo decisório de compra.
simplesmente utilizá-lo CONSUMIDOR =
(destinatário final fático), DESTINATÁRIO FÁTICO
PJDPúblico pode ser consumidora, desde que
e coloca um fim na
presente a vulnerabilidade.
cadeia de produção
(destinatário final
econômico)- STJ
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
CONSUMIDOR =
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem
DESTINATÁRIO FÁTICO +
como os entes despersonalizados, que desenvolvem
ECONÔMICO
atividade de produção, montagem, criação,
STJ – CDC adotou teoria finalista. Admite mitigação construção, transformação, importação, exportação,
(vulnerabilidade no caso concreto – vulnerabilidade distribuição ou comercialização de produtos ou
técnica, jurídica, econômica ou informacional). prestação de serviços.
TEORIA DO FINALISMO APROFUNDADO/ § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,
MITIGADO/ATENUADO. material ou imaterial.
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no

CONSUMIDOR STRICTO SENSU OU STANDARD mercado de consumo, MEDIANTE REMUNERAÇÃO


(ainda que indireta - STJ), inclusive as de natureza
Toda PF/PJ que adquire ou utiliza produto/serviço
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo
como destinatário final.
as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
CONSUMIDOR EQUIPARADO

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FORNECEDOR Sociedade civil sem fins Relação entre seguro
lucrativos e associados. obrigatório DPVAT e
■ REAL: Fabricante, produtor e construtor;
beneficiário.
■ APARENTE: Detentor do nome, marca ou signo
Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
aposto no produto final; de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São

■ PRESUMIDO: Importador de produto Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 231/232

industrializado ou in natura e o comerciante de


JDC 686. Aplica-se o sistema de proteção e defesa
produto anônimo.
do consumidor, conforme disciplinado pela Lei n.
8.078, de 11 de setembro de 1990, às relações
RELAÇÃO DE CONSUMO contratuais formadas entre os aplicativos de

EXISTÊNCIA INEXISTÊNCIA transporte de passageiros e os usuários dos


serviços correlatos.
Relação entre entidade Relação entre
de previdência privada e associações desportivas e
seus participantes condomínios com os
respectivos associados e CAPÍTULO II - Da Política Nacional de Relações de
condôminos Consumo
(exceção é o Estatuto do
Torcedor). Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo

Relação entre bancos de Relação entre atividade tem por OBJETIVO o atendimento das necessidades

sangue e doador. bancária e os dos consumidores, o respeito à sua dignidade,

beneficiários do crédito saúde e segurança, a proteção de seus interesses

educativo. econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida,


bem como a transparência e harmonia das
Relação entre emissora Relação entre Advogado
relações de consumo, atendidos os seguintes
de TV e telespectador e cliente
PRINCÍPIOS:
(em alguns casos, como (ao menos nas questões
I - reconhecimento da vulnerabilidade do
no jogo “Show do contratuais para a
consumidor no mercado de consumo;
Milhão”). maioria no STJ).
II - ação governamental no sentido de proteger
Relação entre Relação entre locador e efetivamente o consumidor:
cooperativa de locatário de imóveis. a) por iniciativa direta;
assistência à saúde e b) por incentivos à criação e desenvolvimento de
filiados. associações representativas;
c) pela presença do Estado no mercado de
Relação entre sociedades Relação envolvendo
consumo;
cooperativas de contrato de edificação
d) pela garantia dos produtos e serviços com
empreendimentos por condomínio.
padrões adequados de qualidade, segurança,
habitacionais e
durabilidade e desempenho.
compradores.
III - harmonização dos interesses dos participantes das
Relação entre agente Relação entre relações de consumo e compatibilização da
financeiro do Sistema de franqueador e proteção do consumidor com a necessidade de
Habitação — SFH — e franqueado. desenvolvimento econômico e tecnológico, de
mutuário. modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a

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ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), FUNÇÕES DA BOA-FÉ OBJETIVA
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações
TELEOLÓGICA ou INTERPRETATIVA
entre consumidores e fornecedores;
IV - educação e informação de fornecedores e Serve de orientação para o juiz, devendo este
consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, sempre prestigiar, diante de convenções e contratos,
com vistas à melhoria do mercado de consumo; a teoria da confiança, segundo a qual as partes
V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios agem com lealdade na busca do adimplemento
eficientes de controle de qualidade e segurança de contratual.
produtos e serviços, assim como de mecanismos
CONTROLE ou LIMITADORA DE DIREITOS
alternativos de solução de conflitos de consumo;
VI - coibição e repressão eficientes de todos os Evitar abuso do direito subjetivo, limitando

abusos praticados no mercado de consumo, condutas e práticas comerciais abusivas, reduzindo,

inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de certa forma, a autonomia dos contratantes.

de inventos e criações industriais das marcas e nomes INTEGRATIVA OU CRIADORA DE DEVERES LATERAIS
comerciais e signos distintivos, que possam causar (ANEXOS)
prejuízos aos consumidores;
Insere novos deveres para as partes diante das
VII - racionalização e melhoria dos serviços
relações de consumo, pois além da verificação da
públicos;
obrigação principal, surgem novas condutas a serem
VIII - estudo constante das modificações do mercado
também observadas. São os denominados deveres
de consumo.
anexos ou deveres laterais pela doutrina e
IX - fomento de ações direcionadas à educação
jurisprudência. A violação dos deveres anexos
financeira e ambiental dos consumidores; (LEI
implica em inadimplemento contratual.
14181/21)
X - prevenção e tratamento do
superendividamento como forma de evitar a
exclusão social do consumidor. (LEI 14181/21) Art. 5° Para a execução da Política Nacional das
Relações de Consumo, contará o poder público com
os seguintes INSTRUMENTOS, entre outros:
VULNERABILIDADE HIPOSSUFICIÊNCIA
I - manutenção de assistência jurídica, integral e
Fenômeno de ordem Fenômeno de ordem gratuita para o consumidor carente;
material com presunção processual que deve ser II - instituição de Promotorias de Justiça de Defesa
absoluta – jure et de juris analisado no caso do Consumidor, no âmbito do Ministério Público;
concreto. III - criação de delegacias de polícia especializadas no
CONSUMIDOR PESSOA
FÍSICA: Vulnerabilidade atendimento de consumidores vítimas de infrações
presumida penais de consumo;
CONSUMIDOR PESSOA IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas
JURÍDICA: Causas e Varas Especializadas para a solução de
Vulnerabilidade a ser litígios de consumo;
comprovada V - concessão de estímulos à criação e
desenvolvimento das Associações de Defesa do
Consumidor.
VI - instituição de mecanismos de prevenção e
tratamento extrajudicial e judicial do

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superendividamento e de proteção do consumidor hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
pessoa natural; (LEI 14181/21) experiências;
VII - instituição de núcleos de conciliação e
mediação de conflitos oriundos de A inversão do ônus da prova prevista no art. 6º,
superendividamento. (LEI 14181/21) VIII, do Código de Defesa do Consumidor é regra
de instrução e não regra de julgamento, motivo
pelo qual a decisão judicial que a determina deve
CAPÍTULO III - Dos Direitos Básicos do Consumidor ocorrer antes da etapa instrutória ou, quando
proferida em momento posterior, há que se
Art. 6º São direitos básicos do consumidor: garantir à parte a quem foi imposto o ônus a
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os oportunidade de apresentar suas provas, sob
riscos provocados por práticas no fornecimento de pena de absoluto cerceamento de defesa. STJ. 4ª
produtos e serviços considerados perigosos ou Turma. REsp 1.286.273-SP, Rel. Min. Marco Buzzi,
nocivos; julgado em 08/06/2021 (Info 701)
II - a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a X - a adequada e eficaz prestação dos serviços
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; públicos em geral.
III - a informação adequada e clara sobre os XI - a garantia de práticas de crédito responsável,
diferentes produtos e serviços, com especificação de educação financeira e de prevenção e tratamento
correta de quantidade, características, composição, de situações de superendividamento, preservado o
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como mínimo existencial, nos termos da regulamentação,
sobre os riscos que apresentem; por meio da revisão e da repactuação da dívida, entre
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e outras medidas; (LEI 14181/21)
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, XII - a preservação do mínimo existencial, nos
bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou termos da regulamentação, na repactuação de dívidas
impostas no fornecimento de produtos e serviços; e na concessão de crédito; (LEI 14181/21)
V - a MODIFICAÇÃO das cláusulas contratuais que XIII - a informação acerca dos preços dos produtos
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua por unidade de medida, tal como por quilo, por litro,
REVISÃO em razão de fatos supervenientes que as por metro ou por outra unidade, conforme o caso.
tornem excessivamente onerosas; (LEI 14181/21)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos Parágrafo único. A informação de que trata o inciso
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa
difusos; com deficiência, observado o disposto em
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos regulamento.
com vistas à prevenção ou reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou
MODIFICAÇÃO REVISÃO
difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa
e técnica aos necessitados; Prestações Fatos supervenientes que

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive desproporcionais as tornem

com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no excessivamente

processo civil, quando, a critério do juiz, for onerosas;

verossímil a alegação OU quando for ele

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TEORIA DO embora haja colocado o
ROMPIMENTO DA BASE produto no mercado, o
TEORIA DA IMPREVISÃO
OBJETIVA DO defeito inexiste
– CÓDIGO CIVIL
NEGÓCIO JURÍDICO –
Art. 14, § 3º, I - O
CDC
fornecedor de serviços só
Exige a Não exige não será
imprevisibilidade e a responsabilizado
extraordinariedade do quando provar que,
fato superveniente tendo prestado o
serviço, o defeito
Exige a extrema Não exige
inexiste
vantagem para o credor
Art. 38 - O ônus da prova
Implica resolução (a Implica revisão
da veracidade e
revisão somente com a (resolução somente
correção da informação
voluntariedade do quando não houver
ou comunicação
credor) possibilidade de revisão –
publicitária cabe a
princípio da
quem as patrocina.
conservação dos
contratos)

Art. 7° Os direitos previstos neste código não excluem


O CDC adotou a DISTRIBUIÇÃO DINÂMICA DO
outros decorrentes de tratados ou convenções
ÔNUS DA PROVA (magistrado tem o poder de
internacionais de que o Brasil seja signatário, da
redistribuição – inversão – caso verificada
legislação interna ordinária, de regulamentos
verossimilhança da alegação ou hipossuficiência do
expedidos pelas autoridades administrativas
consumidor). O CPC adotou a regra da
competentes, bem como dos que derivem dos
DISTRIBUIÇÃO ESTÁTICA DO ÔNUS DA PROVA,
princípios gerais do direito, analogia, costumes e
distribuindo prévia e abstratamente o encargo
equidade.
probatório (autor – fatos constitutivos; réu – fatos
Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa,
modificativos, extintivos ou impeditivos). Importante
todos responderão solidariamente pela reparação
esclarecer que o NCPC prevê a possibilidade de
dos danos previstos nas normas de consumo.
aplicação da distribuição dinâmica do ônus da
prova pelo juiz no caso concreto – art. 373, §1°.

CAPÍTULO IV - Da Qualidade de Produtos e


INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos
SEÇÃO I - Da Proteção à Saúde e Segurança
OPE IUDICIS OPE LEGIS

Art. 6°, VIII - verossímil a Art. 12, § 3º, II -O


Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado
alegação OU quando for fabricante, o construtor,
de consumo não acarretarão riscos à saúde ou
ele hipossuficiente o produtor ou
segurança dos consumidores, exceto os
importador só não será
considerados normais e previsíveis em decorrência
responsabilizado
de sua natureza e fruição, obrigando-se os
quando provar que,

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fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as SEÇÃO II - Da Responsabilidade pelo Fato do
informações necessárias e adequadas a seu respeito. Produto e do Serviço
§ 1º Em se tratando de produto industrial, ao
fabricante cabe prestar as informações a que se
FATO VÍCIO
refere este artigo, através de impressos apropriados
que devam acompanhar o produto. Responsabilidade por Responsabilidade por
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os VÍCIOS DE SEGURANÇA VÍCIOS DE ADEQUAÇÃO
equipamentos e utensílios utilizados no (atinge a incolumidade
fornecimento de produtos ou serviços, ou colocados à física do consumidor)
disposição do consumidor, e informar, de maneira
A utilização do Produtos/serviços não
ostensiva e adequada, quando for o caso, sobre o
produto/serviço é capaz correspondem às
risco de contaminação.
de ocasionar um evento expectativas geradas pelo
danoso – acidente de consumidor quando da
consumo utilização/fruição,
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços
afetando a
potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou
prestabilidade,
segurança deverá informar, de maneira ostensiva e
tornando-os
adequada, a respeito da sua nocividade ou
inadequados.
periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras
medidas cabíveis em cada caso concreto. Garantia da Garantia da
INCOLUMIDADE INCOLUMIDADE
FÍSICO-PSÍQUICA do ECONÔMICA do

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no consumidor, protegendo consumidor

mercado de consumo produto ou serviço que sabe sua segurança

ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade O prejuízo é extrínseco O prejuízo é intrínseco
ou periculosidade à saúde ou segurança. ao bem ao bem
§ 1° O fornecedor de produtos e serviços que,
Prescrição Decadência
posteriormente à sua introdução no mercado de
consumo, tiver conhecimento da periculosidade
que apresentem, deverá comunicar o fato VÍCIO DEFEITO
imediatamente às autoridades competentes e aos
O vício pertence ao É o vício acrescido de
consumidores, mediante anúncios publicitários.
produto/serviço, um problema extra.
§ 2° Os anúncios publicitários a que se refere o
tornando-o inadequado, Gera não só
parágrafo anterior serão veiculados na imprensa,
mas não atinge o inadequação do
rádio e televisão, às expensas do fornecedor do
consumidor ou outras produto/serviço, mas
produto ou serviço.
pessoas dano ao consumidor ou
§ 3° Sempre que tiverem conhecimento de
a outras pessoas.
periculosidade de produtos ou serviços à saúde ou
Geram acidente de
segurança dos consumidores, a União, os Estados, o
consumo
Distrito Federal e os Municípios deverão informá-los a
respeito. Há vício sem defeito, mas não há defeito sem vício.

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Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, 3º do art. 12 do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, 1.955.890-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
independentemente da existência de culpa 05/10/2021 (Info 714)
(responsabilidade objetiva), pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos
PERICULOSIDADE INERENTE (LATENTE)
decorrentes de projeto, fabricação, construção,
montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou “Os bens de consumo de periculosidade inerente
acondicionamento de seus produtos, bem como por ou latente (unavoidably unsafe product or service)
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua trazem um risco intrínseco atado a sua própria
utilização e riscos. qualidade ou modo de funcionamento. Embora se
§ 1° O produto é defeituoso quando não oferece a mostre capaz de causar acidentes, a periculosidade
segurança que dele legitimamente se espera, dos produtos e serviços, nesses casos, diz-se normal
levando-se em consideração as circunstâncias e previsível em decorrência de sua natureza ou
relevantes, entre as quais: fruição, ou seja, está em sintonia com as
I - sua apresentação; expectativas legítimas dos consumidores.” Ex.: facas.
II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se
PERICULOSIDADE ADQUIRIDA
esperam;
“Os chamados produtos ou serviços de
periculosidade adquirida tornam-se perigosos em
O laboratório tem responsabilidade objetiva na
decorrência de um defeito que, por qualquer razão,
ausência de prévia informação qualificada quanto
apresentam. São bens de consumo que, se ausente o
aos possíveis efeitos colaterais da medicação, ainda
vício de qualidade por insegurança que trazem, não
que se trate do chamado risco de desenvolvimento.”
manifestam risco superior àquele legitimamente
STJ. 3ª Turma. REsp 1.774.372-RS, Rel. Min. Nancy
esperado pelo consumidor. A característica principal
Andrighi, julgado em 05/05/2020 (Info 671)
da periculosidade adquirida é exatamente a sua
imprevisibilidade para o consumidor. É impossível
III - a época em que foi colocado em circulação.
(ou, quando possível, inútil) qualquer modalidade de
§ 2º O produto não é considerado defeituoso pelo
advertência, já que esta não tem o condão de
fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado
eliminá-la.”
no mercado.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou PERICULOSIDADE EXAGERADA

importador só não será responsabilizado quando “Estes são, em verdade, uma espécie dos bens de
provar: consumo de periculosidade inerente embora Eike
I - que não colocou o produto no mercado; von Hippel (Verbraucherschutz, p. 50) prefira
II - que, embora haja colocado o produto no situá-los como portadores de defeito de concepção.
mercado, o defeito inexiste; Só que, ao contrário dos bens de periculosidade
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. inerente, a informação adequada aos consumidores
não produz maior resultado na mitigação de seus
Demonstrada, pelo consumidor, a relação de causa e riscos. Seu potencial danoso é tamanho que o
efeito entre o produto e o dano, incumbe ao requisito da previsibilidade não consegue ser
fornecedor o ônus de comprovar a inexistência totalmente preenchido pelas informações prestadas
de defeito do produto ou a configuração de outra pelos fornecedores.”
excludente de responsabilidade consagrada no §

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Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
solidários e seu credor, ela extingue a dívida em
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 507
relação aos codevedores). STJ. 3ª Turma. REsp
1.968.143-RJ, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 08/02/2022 (Info 724).
Art. 13. O comerciante é igualmente responsável,
nos termos do artigo anterior, quando:
I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o
importador não puderem ser identificados;
Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
II - o produto for fornecido sem identificação clara
independentemente da existência de culpa
do seu fabricante, produtor, construtor ou
(responsabilidade objetiva), pela reparação dos
importador;
danos causados aos consumidores por defeitos
III - não conservar adequadamente os produtos
relativos à prestação dos serviços, bem como por
perecíveis.
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao
fruição e riscos.
prejudicado poderá exercer o direito de regresso
§ 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a
contra os demais responsáveis, segundo sua
segurança que o consumidor dele pode esperar,
participação na causação do evento danoso.
levando-se em consideração as circunstâncias
relevantes, entre as quais:
A inexistência de responsabilidade solidária por
I - o modo de seu fornecimento;
fato do produto entre os fornecedores da cadeia
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se
de consumo impede a extensão do acordo feito
esperam;
por um réu em benefício do outro. Exemplo:
III - a época em que foi fornecido.
Marina adquiriu um suco de caixinha industrializado
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela
no supermercado e, depois de tomar o primeiro
adoção de novas técnicas.
gole, percebeu que o produto estava contaminado
§ 3° O fornecedor de serviços só não será
com um corpo estranho. A consumidora ajuizou ação
responsabilizado quando provar:
de indenização por danos morais contra a fabricante
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
do suco e o supermercado. O comerciante
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
(supermercado) resolveu fazer um acordo com a
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais
consumidora e pagou R$ 4 mil à autora. A fabricante,
liberais será apurada mediante a verificação de culpa
por sua vez, não participou da transação. O juiz, ao
(responsabilidade subjetiva).
homologar a transação, irá extinguir o processo
apenas no que tange ao supermercado,
O ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL GERA DIREITO
prosseguindo o feito com relação à fabricante. A
À INDENIZAÇÃO?
ingestão parcial de produto contaminado configura
hipótese de fato do produto, situação na qual o DANOS MORAIS

comerciante não possui responsabilidade solidária, Em regra, não são devidos. O mero descumprimento
mas sim subsidiária (art. 13 do CDC). Sendo a do prazo de entrega previsto no contrato não
responsabilidade do supermercado subsidiária, o acarreta, por si só danos morais.
acordo por ele firmado não se estende Em situações excepcionais é possível haver a
necessariamente à fabricante porque não se aplica o condenação em danos morais, desde que
§ 3º do art. 844 do CC (este dispositivo afirma que se devidamente comprovada a ocorrência de uma
a transação foi feita entre um dos devedores

9
significativa e anormal situação que repercuta na Em regra, o desconto indevido em conta corrente,
esfera de dignidade do comprador. Ex1: atraso muito posteriormente ressarcido ao correntista, não gera,
grande (2 anos); Ex2: teve que adiar o casamento por por si só, dano moral, sendo necessária a
conta do atraso. STJ. 3ª Turma. REsp 1654843/SP, Rel. demonstração, no caso concreto, do dano
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em eventualmente sofrido.
27/02/2018. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.870.773, Rel. Em outras palavras, não há dano moral in re ipsa. Ou
Min. Paulo de Tarso Sansenverino, julgado em seja, o prejuízo não é presumido. Deve-se comprovar
26/03/2021. STJ. 3ª Turma. AgInt-REsp 1.913.570, Rel. o abalo à honra.
Min. Ricardo Villas Boas Cueva, julgado em Assim, para que haja dano moral é necessária a
15/06/2021 demonstração, no caso concreto, do dano
eventualmente sofrido ou violação ao direito da
DANOS MATERIAIS
personalidade (exemplo: inscrição indevida em
O atraso pode acarretar a condenação da cadastro de inadimplentes ou cobrança vexatória).”
construtora/imobiliária ao pagamento de: STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp 1701311/GO, Rel. Min.
❖ Dano emergente (precisa ser provado pelo Raul Araújo, julgado em 01/03/2021.
adquirente);
A concessionária de serviço público de transporte
❖ Lucros cessantes (são presumidos; o
não tem responsabilidade civil em caso de assédio
adquirente não precisa provar). Os lucros
sexual cometido por terceiro em suas dependências.
cessantes devem ser calculados como sendo
A importunação sexual no transporte de passageiros,
o valor do aluguel do imóvel atrasado.
cometida por pessoa estranha à empresa, configura
Isso porque:
fato de terceiro, que rompe o nexo de causalidade
• o adquirente está morando em um imóvel
entre o dano e o serviço prestado pela
alugado, enquanto aguarda o seu; ou
concessionária – excluindo, para o transportador, o
• o adquirente não está morando de aluguel
dever de indenizar.
mas comprou o novo imóvel para investir.
O crime era inevitável, quando muito previsível
Está perdendo “dinheiro” porque poderia
apenas em tese, de forma abstrativa, com alto grau
estar alugando para alguém. STJ. 3ª Turma.
de generalização. Por mais que se saiba da
REsp 1662322/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi,
possibilidade de sua ocorrência, não se sabe quando,
julgado em 10/10/2017.
nem onde, nem como e nem quem o praticará.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Se a construtora atrasar a
Apenas se sabe que, em algum momento, em algum
entrega do imóvel o adquirente terá direito de ser indenizado
por danos materiais e morais?. Buscador Dizer o Direito, lugar, em alguma oportunidade, algum malvado o
Manaus. Disponível em: consumará. Então, só pode ter por responsável o
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detal próprio criminoso.” STJ. 2ª Seção. REsp 1.833.722/SP,
hes/a10a26631d45928cb8be4ebabbee8b8d>
Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 03/12/2020

O banco envolvido na portabilidade de crédito possui


O site intermediador do comércio eletrônico não
o dever de apurar a regularidade do consentimento
pode ser responsabilizado por fraude quando o
e da transferência da operação, respondendo
fraudador não tiver usufruído da plataforma utilizada
solidariamente pelas falhas na prestação do serviço.”
na intermediação.” STJ. 3ª Turma. REsp 1880344/SP,
STJ. 3ª Turma. REsp 1.771.984-RJ, Rel. Min. Marco
Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 09/03/2021.
Aurélio Bellizze, julgado em 20/10/2020 (Info 682).

10
As indenizações por danos morais decorrentes de própria atividade
extravio de bagagem e de atraso de voo desenvolvida).
internacional não estão submetidas à tarifação
O fortuito interno NÃO O fortuito externo é uma
prevista na Convenção de Montreal, devendo-se
exclui a obrigação do causa excludente de
observar, nesses casos, a efetiva reparação do
fornecedor de indenizar o responsabilidade
consumidor preceituada pelo CDC. A tese fixada pelo
consumidor.
STF no RE 636331/RJ (Tema 210) tem aplicação
https://www.buscadordizerodireito.com.br/teses/detalhes/8f53295a73878494e9bc8dd
apenas aos pedidos de reparação por danos 6c3c7104f?palavra-chave=EDI%C3%87%C3%83O+N.+39%3A+DIREITO+DO+CONSUMID
OR+I+&criterio-pesquisa=e
materiais.” STJ. 3ª Turma. REsp 1842066-RS, Rel. Min.
Moura Ribeiro, julgado em 09/06/2020 (Info 673).
Existe dever de indenizar em caso de roubo
mediante uso de arma de fogo?
FORTUITO INTERNO FORTUITO EXTERNO
REGRA
Está relacionado com a Não está relacionado
NÃO.
organização da empresa. com a organização da
Em caso de roubo mediante uso de arma de fogo,
É um fato ligado aos empresa.
em regra, não há dever de indenizar, ainda que no
riscos da atividade É um fato que não guarda
âmbito da responsabilidade civil objetiva. Isso
desenvolvida pelo nenhuma relação de
porque se trata de fato inevitável e irresistível,
fornecedor. causalidade com a
acarretando uma impossibilidade quase absoluta de
atividade desenvolvida
não ocorrência do dano.
pelo fornecedor.
É uma situação EXCEÇÕES
absolutamente estranha
a) serviços que, em sua Ex: atividades bancárias.
ao produto ou ao serviço
natureza, envolvem risco
fornecido.
à segurança. Aqui o risco
Ex1: o estouro de um Ex1: assalto à mão é um evento previsível.
pneu do ônibus da armada no interior de
b) quando há exploração Ex: estacionamentos
empresa de transporte ônibus coletivo (não é
econômica direta da pagos.
coletivo; parte da organização da
atividade.
Ex2: cracker invade o empresa de ônibus
sistema do banco e garantir a segurança dos c) quando, em troca dos Ex: estacionamentos
consegue transferir passageiros contra benefícios financeiros gratuitos de shoppings e
dinheiro da conta de um assaltos); indiretos, o fornecedor hipermercados.
cliente. Ex2: um terremoto faz assume, ainda que
Ex3: durante o transporte com que o telhado do implicitamente, o dever
da matriz para uma das banco caia, causando de lealdade e segurança.
agências, ocorre um danos aos clientes que lá
d), quando o Ex: se o fornecedor
roubo e são subtraídos estavam.
empreendedor acaba divulga essa segurança
diversos talões de cheque
atraindo para si tal em oferta ou publicidade.
(trata-se de um fato que
responsabilidade.
se liga à organização da
https://www.buscadordizerodireito.com.br/teses/detalhes/8f53295a73878494e9bc8dd
empresa e aos riscos da 6c3c7104f?palavra-chave=EDI%C3%87%C3%83O+N.+39%3A+DIREITO+DO+CONSUMID
OR+I+&criterio-pesquisa=e

11
1.823.284-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se
julgado em 13/10/2020 (Info 681).
aos consumidores todas as vítimas do evento.

§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou


ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior,
SEÇÃO III - Da Responsabilidade por Vício do
não podendo ser inferior a 7 nem superior a 180
Produto e do Serviço
dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo
deverá ser convencionada em separado, por meio
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo
de manifestação expressa do consumidor.
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a
razão da extensão do vício, a substituição das partes
que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
viciadas puder comprometer a qualidade ou
como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
características do produto, diminuir-lhe o valor ou
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
se tratar de produto essencial.
rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do
variações decorrentes de sua natureza, podendo o
inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
substituição do bem, poderá haver substituição por
outro de espécie, marca ou modelo diversos,
O comerciante tem a obrigação de intermediar a mediante complementação ou restituição de eventual
reparação ou a substituição de produtos nele diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos
adquiridos e que apresentem defeitos de fabricação incisos II e III do § 1° deste artigo.
(vício oculto de inadequação), com a coleta em suas § 5° No caso de fornecimento de produtos in
lojas e remessa ao fabricante e posterior devolução.” natura, será responsável perante o consumidor o
STJ. 3ª Turma. REsp 1568938-RS, Rel. Min. Moura FORNECEDOR IMEDIATO, exceto quando
Ribeiro, julgado em 25/08/2020 (Info 678). identificado claramente seu produtor.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de I - os produtos cujos prazos de validade estejam
30 dias, pode o consumidor exigir, vencidos;
alternativamente e à sua escolha: II - os produtos deteriorados, alterados,
I - a substituição do produto por outro da mesma adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,
espécie, em perfeitas condições de uso; fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou,
II - a restituição imediata da quantia paga, ainda, aqueles em desacordo com as normas
monetariamente atualizada, sem prejuízo de regulamentares de fabricação, distribuição ou
eventuais perdas e danos; apresentação;
III - o abatimento proporcional do preço. III - os produtos que, por qualquer motivo, se
revelem inadequados ao fim a que se destinam.

É obrigatória a devolução de veículo considerado


inadequado ao uso após a restituição do preço pelo
fornecedor no cumprimento de sentença prolatada Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente

em ação redibitória.” STJ. 3ª Turma. REsp pelos vícios de QUANTIDADE do produto sempre
que, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, seu conteúdo líquido for inferior às

12
indicações constantes do recipiente, da embalagem, I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o quando cabível;
consumidor exigir, alternativamente e à sua II - a restituição imediata da quantia paga,
escolha: monetariamente atualizada, sem prejuízo de
I - o abatimento proporcional do preço; eventuais perdas e danos;
II - complementação do peso ou medida; III - o abatimento proporcional do preço.
III - a substituição do produto por outro da mesma § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada
espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; a terceiros devidamente capacitados, por conta e
IV - a restituição imediata da quantia paga, risco do fornecedor.
monetariamente atualizada, sem prejuízo de § 2° São impróprios os serviços que se mostrem
eventuais perdas e danos. inadequados para os fins que razoavelmente deles
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo se esperam, bem como aqueles que não atendam
anterior. as normas regulamentares de prestabilidade.
§ 2° O fornecedor imediato será responsável
quando fizer a pesagem ou a medição e o
instrumento utilizado não estiver aferido segundo Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham
os padrões oficiais. por objetivo a reparação de qualquer produto
considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor

Há responsabilidade solidária de todos os de empregar componentes de reposição originais

integrantes da cadeia de fornecimento por vício adequados e novos, ou que mantenham as

no produto adquirido pelo consumidor, aí especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a

incluindo-se o fornecedor direto (ex: estes últimos, autorização em contrário do

concessionária de veículos) e o fornecedor consumidor.

indireto (ex: o fabricante do automóvel). Os


integrantes da cadeia de consumo, em ação Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça ou
indenizatória consumerista, também são componentes de reposição usados, sem autorização
responsáveis pelos danos gerados ao consumidor, do consumidor: Pena Detenção de três meses a um
não cabendo a alegação de que o dano foi gerado ano e multa.
por culpa exclusiva de um dos seus integrantes. STJ.
3ª Turma. REsp 1684132/CE, Rel. Min. Nancy
Andrighi, julgado em 02/10/2018. STJ. 4ª Turma. AgInt Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas
no AREsp 1183072/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, empresas, concessionárias, permissionárias ou sob
julgado em 02/10/2018. qualquer outra forma de empreendimento, são
obrigados a fornecer serviços adequados,
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos contínuos.
vícios de QUALIDADE que os tornem impróprios ao Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão
aqueles decorrentes da disparidade com as as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a
indicações constantes da oferta ou mensagem reparar os danos causados, na forma prevista neste
publicitária, podendo o consumidor exigir, código.
alternativamente e à sua escolha:

13
Os serviços públicos estão sujeitos ao CDC. solidários seu fabricante, construtor ou importador e

Entretanto, não é todo serviço público que se o que realizou a incorporação.

submete às regras do CDC, mas somente aqueles


realizados mediante uma contraprestação ou A previsão de solidariedade prevista no art. 25,
remuneração diretamente efetuada pelo §1º, do CDC deve ser interpretada
consumidor ao fornecedor. restritivamente. REsp 1.647.238-RJ, Rel. Min. Gurgel
O serviço público realizado mediante o pagamento de Faria, Primeira Turma, por unanimidade, julgado
de tributos, prestado a toda a coletividade, não se em 17/05/2022. (Info 737)
submete aos preceitos consumeristas.
Para o STJ, somente os serviços uti singuli estão
abrangidos pelo CDC.
SEÇÃO IV - Da Decadência e da Prescrição

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes


Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios
ou de fácil constatação caduca em:
de qualidade por inadequação dos produtos e
I - 30 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
serviços não o exime de responsabilidade.
de produtos não duráveis;
II - 90 dias, tratando-se de fornecimento de serviço e
de produtos duráveis.
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou
§ 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a
serviço independe de termo expresso, vedada a
partir da entrega efetiva do produto ou do término
exoneração contratual do fornecedor.
da execução dos serviços.
§ 2° Obstam a decadência:
GARANTIA LEGAL GARANTIA I - a reclamação comprovadamente formulada pelo
CONTRATUAL consumidor perante o fornecedor de produtos e

É obrigatória, não É complementar à legal e serviços até a resposta negativa correspondente,

podendo o fornecedor será facultativa. que deve ser transmitida de forma inequívoca (A

dela se exonerar. reclamação pode ser feita de forma documental ou


verbalmente – STJ, Info 614);
Independe de termo Será conferida mediante
III - a instauração de inquérito civil, até seu
escrito. termo escrito.
encerramento.
É nula qualquer cláusula
§ 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial
exoneratória.
inicia-se no momento em que ficar evidenciado o
defeito.

Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula


PRAZO DE DECADÊNCIA
que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação
de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores. VÍCIOS APARENTES OU DE FÁCIL CONSTATAÇÃO

§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação Produtos ou Prazo Início da contagem


do dano, todos responderão solidariamente pela serviços
reparação prevista nesta e nas seções anteriores.
Não 30 d Entrega efetiva do produto
§ 2° Sendo o dano causado por componente ou peça
duráveis ou do término da execução
incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis
dos serviços.

14
Duráveis 90 d § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa
jurídica sempre que sua personalidade for, de
VÍCIOS OCULTOS
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de
Produtos ou Prazo Início da contagem prejuízos causados aos consumidores.
serviços

Não 30 d Momento em que ficar TEORIA MAIOR TEORIA MENOR

duráveis evidenciado o defeito. O Direito Civil brasileiro No Direito do

Duráveis 90 d adotou, como regra geral, Consumidor e no Direito


a chamada teoria maior Ambiental, adotou-se a
da desconsideração. Isso teoria menor da
porque o art. 50 exige desconsideração. Isso
Art. 27. Prescreve em 5 anos a pretensão à
que se prove o desvio de porque, para que haja a
reparação pelos danos causados por fato do
finalidade (teoria maior desconsideração da
produto ou do serviço prevista na Seção II deste
subjetiva) ou a confusão personalidade jurídica
Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir
patrimonial (teoria maior nas relações jurídicas
do conhecimento do dano e de sua autoria.
objetiva). envolvendo consumo ou
responsabilidade civil
DECADÊNCIA PRESCRIÇÃO
ambiental não se exige
Vícios do produto/serviço Fato do produto/serviço desvio de finalidade nem
confusão patrimonial.

SEÇÃO V - Da Desconsideração da Personalidade Deve-se provar: De acordo com a Teoria


Jurídica 1) Abuso da Menor, a incidência da
personalidade (desvio de desconsideração se

Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade finalidade ou confusão justifica:

jurídica da sociedade quando, em detrimento do patrimonial); a) pela comprovação da

consumidor, houver abuso de direito, excesso de 2) Que os insolvência da pessoa

poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou administradores ou jurídica para o

violação dos estatutos ou contrato social. A sócios da pessoa jurídica pagamento de suas

desconsideração também será efetivada quando foram beneficiados direta obrigações, somada à má

houver falência, estado de insolvência, ou indiretamente pelo administração da

encerramento ou inatividade da pessoa jurídica abuso (novo requisito empresa (art. 28, caput,

provocados por má administração. trazido pela Lei nº do CDC); ou

§ 2° As sociedades integrantes dos grupos 13.874/2019). b) pelo mero fato de a

societários e as sociedades controladas, são personalidade jurídica

subsidiariamente responsáveis pelas obrigações representar um

decorrentes deste código. obstáculo ao

§ 3° As sociedades consorciadas são solidariamente ressarcimento de

responsáveis pelas obrigações decorrentes deste prejuízos causados aos

código. consumidores, nos

§ 4° As sociedades coligadas só responderão por termos do § 5º do art. 28

culpa. do CDC.

15
STJ. 3ª Turma. REsp determináveis ou não, expostas às práticas nele

1735004/SP, Rel. Min. previstas.

Nancy Andrighi, julgado


em 26/06/2018.
SEÇÃO II - Da Oferta
Adotada pelo art. 50 do Prevista no art. 4º da Lei
CC. nº 9.605/98 (Lei
Ambiental) e no art. 28, § Art. 30. Toda informação ou publicidade,

5º do CDC. suficientemente precisa, veiculada por qualquer

Tabela retirada do site www.dizerodireito.com.br


forma ou meio de comunicação com relação a
produtos e serviços oferecidos ou apresentados,
obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dela se
SOCIEDADES INTEGRANTES DE GRUPOS
utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado.
SOCIETÁRIOS

Formado pela sociedade controladora e suas O erro sistêmico grosseiro no carregamento de


controladas, mediante convenção, pela qual se preços e a rápida comunicação ao consumidor
obrigam a combinar recursos ou esforços para a podem afastar a falha na prestação do serviço e o
realização dos respectivos objetos, ou a participar princípio da vinculação da oferta.” STJ. 3ª Turma.
de atividades ou empreendimentos comuns. REsp 1.794.991-SE, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
Responsabilidade SUBSIDIÁRIA. em 05/05/2020 (Info 671).

SOCIEDADES CONTROLADAS

É aquela cuja preponderância nas deliberações e Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou
decisões pertencem à outra sociedade, dita serviços devem assegurar informações corretas,
controladora. claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa
Responsabilidade SUBSIDIÁRIA. sobre suas características, qualidades, quantidade,
composição, preço, garantia, prazos de validade e
SOCIEDADES CONSORCIADAS
origem, entre outros dados, bem como sobre os riscos
Reunião de sociedades que se agrupam para que apresentam à saúde e segurança dos
executar um determinado empreendimento. consumidores.
Responsabilidade SOLIDÁRIA. Parágrafo único. As informações de que trata este

SOCIEDADES COLIGADAS artigo, nos produtos refrigerados oferecidos ao


consumidor, serão gravadas de forma indelével.
Quando uma participa com 10% ou mais do capital
da outra, porém, sem controlá-la.
Só responde por culpa.
Art. 32. Os fabricantes e importadores deverão
assegurar a oferta de componentes e peças de
reposição enquanto não cessar a fabricação ou
CAPÍTULO V - Das Práticas Comerciais importação do produto.
SEÇÃO I - Das Disposições Gerais Parágrafo único. Cessadas a produção ou importação,
a oferta deverá ser mantida por período razoável de

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, tempo, na forma da lei.

equiparam-se aos consumidores todas as pessoas

16
1.947.757-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
Art. 33. Em caso de oferta ou venda por telefone ou 08/03/2022 (Info 728).
reembolso postal, deve constar o nome do fabricante
e endereço na embalagem, publicidade e em todos os
impressos utilizados na transação comercial.
SEÇÃO III - Da Publicidade
Parágrafo único. É proibida a publicidade de bens e
serviços por telefone, quando a chamada for
onerosa ao consumidor que a origina. Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal
forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a
identifique como tal.

Art. 34. O fornecedor do produto ou serviço é Parágrafo único. O fornecedor, na publicidade de seus

solidariamente responsável pelos atos de seus produtos ou serviços, manterá, em seu poder, para

prepostos ou representantes autônomos. informação dos legítimos interessados, os dados


fáticos, técnicos e científicos que dão sustentação à
mensagem.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços


recusar cumprimento à oferta, apresentação ou MERCHANDISING
publicidade, o consumidor poderá,
Técnica utilizada para veicular produtos e serviços de
alternativamente e à sua livre escolha:
forma camuflada, inserindo-o em programas de TV,
I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos
rádio.
termos da oferta, apresentação ou publicidade;
II - aceitar outro produto ou prestação de serviço TEASER

equivalente; Criar expectativa ou curiosidade em relação aos


III - rescindir o contrato, com direito à restituição de produtos ou serviços que serão lançados. Dar um
quantia eventualmente antecipada, monetariamente maior impacto ao anúncio. Dispensa identificação do
atualizada, e a perdas e danos. anunciante, do produto ou do serviço.

PUFFING
O mero fato de o fornecedor do produto não o
possuir em estoque no momento da contratação não Exagero publicitário.

é condição suficiente para eximi-lo do cumprimento Não pode induzir o consumidor a erro

forçado da obrigação.” STJ. 3ª Turma. REsp


1.872.048-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
23/02/2021 (Info 686). Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou
abusiva.
Se for uma situação de urgência, o plano de
§ 1° É ENGANOSA qualquer modalidade de
saúde é obrigado a custear o parto mesmo que,
informação ou comunicação de caráter publicitário,
no caso concreto, o plano da mãe não inclua
inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer
serviços de obstetrícia. A operadora de plano de
outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir
saúde tem o dever de cobrir parto de urgência, por
em erro o consumidor a respeito da natureza,
complicações no processo gestacional, ainda que o
características, qualidade, quantidade, propriedades,
plano tenha sido contratado na segmentação
origem, preço e quaisquer outros dados sobre
hospitalar sem obstetrícia. STJ. 3ª Turma. REsp
produtos e serviços.

17
§ 2° É ABUSIVA, dentre outras a publicidade verdadeira, parcial ou prejudicial ou perigosa à
discriminatória de qualquer natureza, a que incite total, sobre o produto ou sua saúde ou segurança.
à violência, explore o medo ou a superstição, se serviço;
aproveite da deficiência de julgamento e experiência • por omissão: que é
da criança, desrespeita valores ambientais, ou que quando deixa de
seja capaz de induzir o consumidor a se comportar informar sobre dado
de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou essencial do produto ou
segurança. serviço.
§ 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é CAVALCANTE, Márcio André Lopes. A ausência de informação relativa ao preço, por si

enganosa por omissão quando deixar de informar só, não caracteriza publicidade enganosa. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
sobre dado essencial do produto ou serviço. <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/6084e82a08cb97
9cf75ae28aed37ecd4>.

A ausência de informação relativa ao preço, por si só,


PUBLICIDADE DISSIMULADA
não caracteriza publicidade enganosa. Para a
caracterização da ilegalidade omissiva, a ocultação É mensagem com conotação jornalística, de cunho

deve ser de qualidade essencial do produto, do redacional. Nela geralmente ocorre uma entrevista

serviço ou de suas reais condições de contratação, ou pesquisa em que o ator principal da publicidade

considerando, na análise do caso concreto, o público se passa por um jornalista, mas o objetivo comercial

alvo do anúncio publicitário. STJ. 4ª Turma. REsp de promover um produto ou um serviço é o seu

1705278-MA, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, enfoque principal.

julgado em 19/11/2019 (Info 663). Desde que este tipo de publicidade venha
acompanhado de avisos, por exemplo “informe
publicitário”, a mensagem estará compatível com o

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção princípio da identificação fácil e imediata da

da informação ou comunicação publicitária cabe a publicidade

quem as patrocina. PUBLICIDADE SUBLIMINAR

É a mensagem que não é percebida pelo


PUBLICIDADE ILÍCITA
consciente, mas é captada pelo inconsciente do
Publicidade ENGANOSA Publicidade ABUSIVA consumidor.
Esse tipo de mensagem publicitária, quando passível
É a publicidade falsa ou É a publicidade...
de ser comprovada, será violador do princípio da
que possa induzir em • discriminatória;
fácil e imediata identificação da publicidade
erro o consumidor a • que incita violência;
respeito da natureza, • que explora o medo ou PUBLICIDADE CLANDESTINA (MERCHANDISING)
características, qualidade, a superstição;
A técnica de veiculação indireta de produtos ou
quantidade, • que se aproveita da
serviços por meio da respectiva inserção no
propriedades, origem, deficiência de julgamento
cotidiano da vida de personagens de novelas, filmes,
preço e quaisquer outros e experiência da criança;
programas de rádio ou TV, dentre outros. É o caso do
dados sobre produtos e • que desrespeita valores
galã da novela que aparece em determinada cena,
serviços. Pode ser: ambientais
sentado a uma mesa de bar, tomando certa marca
• por comissão: quando o • que seja capaz de
de refrigerante que aparece com seu rótulo no plano
fornecedor faz uma induzir o consumidor a se
central da imagem.
afirmação não comportar de forma

18
O Código de Defesa do Consumidor não veda LEI 12594/12 - SINASE
expressamente a veiculação do merchandising,
mas a doutrina entende pela necessidade de
TÍTULO I - DO SISTEMA NACIONAL DE
compatibilizá-lo com o princípio da identificação
ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO (Sinase)
fácil e imediata da publicidade.
CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS
Segundo Herman Benjamin, a melhor forma de se
atingir tal intento seria por meio da “utilização de
Art. 1o Esta Lei institui o Sistema Nacional de
‘créditos’, ou seja, a veiculação antecipada de uma
Atendimento Socioeducativo (Sinase) e regulamenta a
informação comunicando que, naquele programa,
execução das medidas destinadas a adolescente que
peça ou filme, ocorrerá merchandising de tais e tais
pratique ato infracional.
produtos ou serviços. Não vejo aí violação do
§ 1o Entende-se por SINASE o conjunto ordenado de
requisito da imediatidade. Esta tem por ratio evitar a
princípios, regras e critérios que envolvem a
identificação a posteriori.
execução de medidas socioeducativas, incluindo-se
PUBLICIDADE POR CORREIO ELETRÔNICO (SPAM) nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital e

O spam é a denominação dada à mensagem municipais, bem como todos os planos, políticas e

comercial não desejada e enviada por meio programas específicos de atendimento a

eletrônico — o e-mail — aos consumidores adolescente em conflito com a lei.

potenciais de determinado produto ou serviço. Para § 2o Entendem-se por medidas socioeducativas as

Herman Benjamin, trata-se de exemplo de previstas no art. 112 da Lei no 8.069, de 13 de julho de

publicidade abusiva, pois, em apertada síntese: 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), as quais

■ viola a garantia constitucional da intimidade e da têm por objetivos:

privacidade; I - a RESPONSABILIZAÇÃO do adolescente quanto às

■ viola a liberdade de escolha; consequências lesivas do ato infracional, sempre

■ causa danos diretos e indiretos, patrimoniais e que possível incentivando a sua reparação;

morais — aos consumidores, que são obrigados a II - a INTEGRAÇÃO SOCIAL do adolescente e a

gastar tempo e dinheiro em atividades como, por garantia de seus direitos individuais e sociais, por

exemplo, apagar as mensagens indesejáveis e meio do cumprimento de seu plano individual de

técnicas do tipo aquisição e instalação de programas atendimento; e

antispam. III - a DESAPROVAÇÃO DA CONDUTA INFRACIONAL,

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça efetivando as disposições da sentença como

não reconheceu responsabilidade por dano moral parâmetro máximo de privação de liberdade ou

no ônus de o consumidor deletar spam. restrição de direitos, observados os limites previstos

Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan em lei.
de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
§ 3o Entendem-se por programa de atendimento a
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 432/438; 780
organização e o funcionamento, por unidade, das
condições necessárias para o cumprimento das
medidas socioeducativas.
§ 4o Entende-se por unidade a base física
necessária para a organização e o funcionamento
de programa de atendimento.
§ 5o Entendem-se por entidade de atendimento a
pessoa jurídica de direito público ou privado que

19
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se

DIA 64 normas específicas não existirem, pela Associação


Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia,
CDC: art. 39-107
DECRETO 10741/20 - CONSELHO NACIONAL DE Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro);

DEFESA DO CONSUMIDOR IX - recusar a venda de bens ou a prestação de


serviços, diretamente a quem se disponha a
adquiri-los mediante pronto pagamento,
CÓDIGO DE DEFESA DO
ressalvados os casos de intermediação regulados

CONSUMIDOR em leis especiais;

SEÇÃO IV - Das Práticas Abusivas O art. 39, IX, do CDC é inaplicável às instituições
financeiras quando do encerramento unilateral de
conta bancária, afastando-se a obrigatoriedade de
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou
manutenção do contrato de conta-corrente.
serviços, dentre outras PRÁTICAS ABUSIVAS (rol
Isto porque, o encerramento do contrato de conta
exemplificativo):
corrente consiste em um direito subjetivo exercitável
I - condicionar o fornecimento de produto ou de
por qualquer das partes contratantes, desde que
serviço ao fornecimento de outro produto ou
observada a prévia e regular notificação.” STJ. 4ª
serviço, bem como, sem justa causa, a limites
Turma. AgInt no REsp 1473795/RJ, Rel. Min. Antonio
quantitativos;
Carlos Ferreira, julgado em 29/06/2020
II - recusar atendimento às demandas dos
consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou

conformidade com os usos e costumes; serviços.

III - enviar ou entregar ao consumidor, sem


solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer É válida a intermediação, pela internet, da venda de
qualquer serviço (caso envie, será equiparado a ingressos para eventos culturais e de entretenimento
amostra grátis); mediante cobrança de “taxa de conveniência”, desde
IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do que o consumidor seja previamente informado do
consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, preço total da aquisição do ingresso, com o destaque
conhecimento ou condição social, para impingir-lhe do valor da referida taxa.” STJ. 3ª Turma. EDcl no
seus produtos ou serviços; REsp 1.737.428-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. Acd.
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
excessiva; 06/10/2020 (Info 683).
VI - executar serviços sem a prévia elaboração de
orçamento e autorização expressa do consumidor,
XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento
ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores
de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo
entre as partes;
inicial a seu exclusivo critério
VII - repassar informação depreciativa, referente a ato
XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do
praticado pelo consumidor no exercício de seus
legal ou contratualmente estabelecido.
direitos;
XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos
VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer
comerciais ou de serviços de um número maior de
produto ou serviço em desacordo com as normas

1
consumidores que o fixado pela autoridade Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia
administrativa como máximo (caracteriza CRIME – indevida tem direito à repetição do indébito, por
art. 65, §2°) valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese hipótese de engano justificável.
prevista no inciso III, equiparam-se às amostras
grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de
débitos apresentados ao consumidor, deverão constar
Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a o nome, o endereço e o número de inscrição no
entregar ao consumidor orçamento prévio Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro
discriminando o valor da mão de obra, dos materiais e Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do
equipamentos a serem empregados, as condições de produto ou serviço correspondente.
pagamento, bem como as datas de início e término
dos serviços.
§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado SEÇÃO VI - Dos Bancos de Dados e Cadastros de
terá validade pelo prazo de 10 dias, contado de seu Consumidores
recebimento pelo consumidor.
§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o
Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no
orçamento obriga os contraentes e somente pode
art. 86, terá acesso às informações existentes em
ser alterado mediante livre negociação das partes.
cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de
§ 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus
consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as
ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços
suas respectivas fontes. (Direito de acesso)
de terceiros não previstos no orçamento prévio.
§ 1° Os cadastros e dados de consumidores devem
ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem
de fácil compreensão, não podendo conter
Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de
informações negativas referentes a período superior
serviços sujeitos ao regime de controle ou de
a 5 anos. (Direito à exclusão)
tabelamento de preços, os fornecedores deverão
§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados
respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo,
pessoais e de consumo deverá ser comunicada por
responderem pela restituição da quantia recebida em
escrito ao consumidor, quando não solicitada por
excesso, monetariamente atualizada, podendo o
ele. (Direito à informação)
consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do
§ 3° O consumidor, sempre que encontrar
negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis.
inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá
exigir sua imediata correção, devendo o arquivista,
no prazo de 5 dias úteis, comunicar a alteração aos
SEÇÃO V - Da Cobrança de Dívidas eventuais destinatários das informações incorretas.
(Direito à retificação)
Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor § 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a
inadimplente não será exposto a ridículo, nem será consumidores, os serviços de proteção ao crédito e
submetido a qualquer tipo de constrangimento ou congêneres SÃO CONSIDERADOS ENTIDADES DE
ameaça. CARÁTER PÚBLICO.

2
§ 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou
débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos não pelo fornecedor.
respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, § 1° É facultado o acesso às informações lá constantes
quaisquer informações que possam impedir ou para orientação e consulta por qualquer interessado.
dificultar novo acesso ao crédito junto aos § 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as
fornecedores. (Direito à exclusão) mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do
§ 6o Todas as informações de que trata o caput parágrafo único do art. 22 deste código.
deste artigo devem ser disponibilizadas em
formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com
deficiência, mediante solicitação do consumidor. CAPÍTULO VI - Da Proteção Contratual
SEÇÃO I - Disposições Gerais
BANCO DE DADOS CADASTROS DE
CONSUMIDORES Art. 46. Os contratos que regulam as relações de

Aleatoriedade da coleta Não aleatório (é consumo não obrigarão os consumidores, se não

particularizado no lhes for dada a oportunidade de tomar

interesse da atividade conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os

comercial) respectivos instrumentos forem redigidos de modo a


dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.
Organização permanente A permanência das
das informações informações é acessória
Na hipótese em que pactuada a capitalização diária
Transmissibilidade Transmissibilidade de juros remuneratórios, é dever da instituição
externa (beneficia interna (circula e financeira informar ao consumidor acerca da taxa
terceiros) beneficia somente o diária aplicada.” STJ. 2ª Seção. REsp 1.826.463-SC, Rel.
fornecedor e não Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em
terceiro) 14/10/2020 (Info 682).

Inexistência de Geralmente, há o
autorização ou conhecimento e
conhecimento do anuência do Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas
consumidor consumidor de maneira mais favorável ao consumidor.

Configura dano moral in re ipsa a ausência de INTERPRETAÇÃO MAIS INTERPRETAÇÃO MAIS

comunicação acerca da FAVORÁVEL NO CC FAVORÁVEL NO CDC

disponibilização/comercialização de informações Contrato de adesão Qualquer contrato de


pessoais em bancos de dados do consumidor. STJ. 3ª consumo.
Turma. REsp 1758799-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Depende de cláusulas Independe de cláusulas
julgado em 12/11/2019 (Info 660).
ambíguas ou ambíguas ou
contraditórias. contraditórias.
Almeida, Fabricio Bolzan de. Direito do consumidor esquematizado / Fabricio Bolzan
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor de Almeida. - Coleção esquematizado® / coordenador Pedro Lenza – 8. ed. – São
Paulo : Saraiva Educação, 2020, pag. 1015
manterão cadastros atualizados de reclamações
fundamentadas contra fornecedores de produtos e
serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. A

3
Art. 48. As declarações de vontade constantes de
escritos particulares, recibos e pré-contratos relativos SEÇÃO II - Das Cláusulas Abusivas
às relações de consumo vinculam o fornecedor,
ensejando inclusive execução específica, nos
Art. 51. São NULAS DE PLENO DIREITO, entre outras,
termos do art. 84 e parágrafos.
as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
produtos e serviços que:
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a
Art. 49 - [DIREITO DE ARREPENDIMENTO] - O
responsabilidade do fornecedor por vícios de
consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7
qualquer natureza dos produtos e serviços ou
dias a contar de sua assinatura ou do ato de
impliquem renúncia ou disposição de direitos. Nas
recebimento do produto ou serviço, sempre que a
relações de consumo entre o fornecedor e o
contratação de fornecimento de produtos e
CONSUMIDOR PESSOA JURÍDICA, a indenização
serviços ocorrer fora do estabelecimento
poderá ser limitada, em situações justificáveis;
comercial, especialmente por telefone ou a
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso
domicílio.
da quantia já paga, nos casos previstos neste código;
Parágrafo único. Se o consumidor exercitar o direito
III - transfiram responsabilidades a terceiros;
de arrependimento previsto neste artigo, os valores
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
eventualmente pagos, a qualquer título, durante o
abusivas, que coloquem o consumidor em
prazo de reflexão, serão devolvidos, de imediato,
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis
monetariamente atualizados.
com a boa-fé ou a equidade;
VI - estabeleçam inversão do ônus da prova em
prejuízo do consumidor;
Art. 50. A garantia contratual é complementar à
VII - determinem a utilização compulsória de
legal e será conferida mediante termo escrito.
arbitragem;
Parágrafo único. O termo de garantia ou equivalente
VIII - imponham representante para concluir ou
deve ser padronizado e esclarecer, de maneira
realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
adequada em que consiste a mesma garantia, bem
IX - deixem ao fornecedor a opção de concluir ou
como a forma, o prazo e o lugar em que pode ser
não o contrato, embora obrigando o consumidor;
exercitada e os ônus a cargo do consumidor, devendo
X - permitam ao fornecedor, direta ou
ser-lhe entregue, devidamente preenchido pelo
indiretamente, variação do preço de maneira
fornecedor, no ato do fornecimento, acompanhado de
unilateral;
manual de instrução, de instalação e uso do produto
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato
em linguagem didática, com ilustrações.
unilateralmente, sem que igual direito seja
conferido ao consumidor;
GARANTIA GARANTIA LEGAL XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de
CONTRATUAL cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe

É complementar à legal e É obrigatória, não seja conferido contra o fornecedor;

será facultativa podendo o fornecedor XIII - autorizem o fornecedor a modificar

dela se exonerar unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do


contrato, após sua celebração;
Será deferida mediante Independe de termo
XIV - infrinjam ou possibilitem a violação de normas
termo escrito escrito
ambientais;

4
XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção É abusiva cláusula contratual de plano de saúde que
ao consumidor; impõe à dependente a obrigação de assumir
XVI - possibilitem a renúncia do direito de eventual dívida do falecido titular, sob pena de
indenização por benfeitorias necessárias. exclusão do plano.” STJ. 3ª Turma. REsp 1.899.674/SP,
XVII - condicionem ou limitem de qualquer forma o Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 16/03/2021
acesso aos órgãos do Poder Judiciário; (LEI 14181/21) (Info 689).
XVIII - estabeleçam prazos de carência em caso de
impontualidade das prestações mensais ou
impeçam o restabelecimento integral dos direitos
Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que
do consumidor e de seus meios de pagamento a
envolva outorga de crédito ou concessão de
partir da purgação da mora ou do acordo com os
financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá,
credores; (LEI 14181/21)
entre outros requisitos, informá-lo prévia e
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros casos, a
adequadamente sobre:
vantagem que:
I - preço do produto ou serviço em moeda corrente
I - ofende os princípios fundamentais do sistema
nacional;
jurídico a que pertence;
II - montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual
II - restringe direitos ou obrigações fundamentais
de juros;
inerentes à natureza do contrato, de tal modo a
III - acréscimos legalmente previstos;
ameaçar seu objeto ou equilíbrio contratual;
IV - número e periodicidade das prestações;
III - se mostra excessivamente onerosa para o
V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
consumidor, considerando-se a natureza e conteúdo
§ 1° As multas de mora decorrentes do
do contrato, o interesse das partes e outras
inadimplemento de obrigações no seu termo não
circunstâncias peculiares ao caso.
poderão ser superiores a 2% do valor da prestação.
§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual abusiva
§ 2º É assegurado ao consumidor a liquidação
não invalida o contrato, exceto quando de sua
antecipada do débito, total ou parcialmente, mediante
ausência, apesar dos esforços de integração,
redução proporcional dos juros e demais acréscimos.
decorrer ônus excessivo a qualquer das partes.
§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou entidade
que o represente requerer ao Ministério Público que
Art. 53. Nos contratos de compra e venda de móveis
ajuíze a competente ação para ser declarada a
ou imóveis mediante pagamento em prestações,
nulidade de cláusula contratual que contrarie o
bem como nas alienações fiduciárias em garantia,
disposto neste código ou de qualquer forma não
consideram-se NULAS DE PLENO DIREITO as
assegure o justo equilíbrio entre direitos e obrigações
cláusulas que estabeleçam a perda total das
das partes.
prestações pagas em benefício do credor que, em
razão do inadimplemento, pleitear a resolução do
Não é abusiva a cláusula do contrato de cartão de contrato e a retomada do produto alienado (cláusula
crédito que autoriza a operadora/financeira, em caso de decaimento).
de inadimplemento, a debitar na conta-corrente do § 2º Nos contratos do sistema de consórcio de
titular o pagamento do valor mínimo da fatura, ainda produtos duráveis, a compensação ou a restituição
que contestadas as despesas lançadas.” STJ. 4ª das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá
Turma. REsp 1.626.997-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, descontada, além da vantagem econômica auferida
julgado em 01/06/2021 (Info 699). com a fruição, os prejuízos que o desistente ou
inadimplente causar ao grupo.

5
§ 3° Os contratos de que trata o caput deste artigo A cláusula de prazo As cláusulas que
serão expressos em moeda corrente nacional. deverá ser implicarem limitação de
convencionada em direito do consumidor
Em contrato de promessa de compra e venda de separada, por meio de deverão ser redigidas
imóvel na planta, no âmbito do Programa Minha manifestação expressa com destaque.
Casa, Minha Vida, para os beneficiários das faixas de do consumidor.
renda 1,5, 2 e 3, na aquisição de unidades
autônomas em construção, o contrato deverá
estabelecer, de forma clara, expressa e inteligível, o
prazo certo para a entrega do imóvel, o qual não CAPÍTULO VI-A - Da Prevenção e do Tratamento do
poderá estar vinculado à concessão do Superendividamento (LEI 14181/21)
financiamento, ou a nenhum outro negócio jurídico,
exceto o acréscimo do prazo de tolerância. STJ. 2ª
Art. 2º, Decreto 11150/22. Entende-se por
Seção. REsp 1.729.593-SP, Rel. Min. Marco Aurélio
superendividamento a impossibilidade manifesta de
Bellizze, julgado em 25/09/2019 (recurso repetitivo –
o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar a
Tema 996) (Info 657).
totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e
vincendas, sem comprometer seu mínimo
existencial.
SEÇÃO III - Dos Contratos de Adesão Parágrafo único. Para fins do disposto neste
Decreto, consideram-se dívidas de consumo os
Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas compromissos financeiros assumidos pelo
tenham sido aprovadas pela autoridade consumidor pessoa natural para a aquisição ou a
competente ou estabelecidas unilateralmente pelo utilização de produto ou serviço como destinatário
fornecedor de produtos ou serviços, sem que o final.
consumidor possa discutir ou modificar Art. 3º No âmbito da prevenção, do tratamento e da
substancialmente seu conteúdo. conciliação administrativa ou judicial das situações
§ 1° A inserção de cláusula no formulário NÃO de superendividamento, CONSIDERA-SE MÍNIMO
DESFIGURA a natureza de adesão do contrato. EXISTENCIAL a renda mensal do consumidor
§ 2° Nos contratos de adesão admite-se cláusula pessoa natural equivalente a 25% do salário
resolutória, desde que a alternativa, cabendo a mínimo vigente na data de publicação deste
escolha ao consumidor, ressalvando-se o disposto Decreto.
no § 2° do artigo anterior. § 1º A apuração da preservação ou do não
§ 3o Os contratos de adesão escritos serão redigidos comprometimento do mínimo existencial de que
em termos claros e com caracteres ostensivos e trata o caput será realizada considerando a base
legíveis, cujo tamanho da fonte não será inferior ao mensal, por meio da contraposição entre a
corpo 12, de modo a facilitar sua compreensão pelo renda total mensal do consumidor e as parcelas
consumidor. das suas dívidas vencidas e a vencer no mesmo
§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito mês.
do consumidor deverão ser redigidas com destaque, § 2º O reajustamento anual do salário mínimo não
permitindo sua imediata e fácil compreensão. implicará a atualização do valor de que trata o
caput.

Art. 18, §2° Art. 54, §4° § 3º Compete ao Conselho Monetário Nacional a

6
atualização do valor de que trata o caput. SUPERENDIVIDAMENTO

Impossibilidade global do devedor PESSOA FÍSICA,


Art. 54-A. Este Capítulo dispõe sobre a prevenção do consumidor leigo e de boa-fé, de pagar todas as
superendividamento da pessoa natural, sobre o suas dívidas atuais e futuras de consumo
crédito responsável e sobre a educação financeira do (excluídas as dívidas com o Fisco, oriundo de delitos
consumidor. (LEI 14181/21) e alimentos). Fenômeno social e jurídico.
§ 1º Entende-se por SUPERENDIVIDAMENTO a
SUPERENDIVIDAMENTO SUPERENDIVIDAMENTO
impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa
ATIVO PASSIVO
natural, de boa-fé, pagar a totalidade de suas
É aquele consumidor É aquele que se endivida
dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem
que se endivida em decorrência de
comprometer seu mínimo existencial, nos termos
voluntariamente, fatores externos
da regulamentação. (LEI 14181/21)
iludido pelas chamados de
§ 2º As dívidas referidas no § 1º deste artigo
estratégias de “acidentes da vida” (ex:
englobam quaisquer compromissos financeiros
marketing das empresas desemprego, divórcio).
assumidos decorrentes de relação de consumo,
fornecedoras.
inclusive operações de crédito, compras a prazo e
Pode ser:
serviços de prestação continuada. (LEI 14181/21)
- Consciente: aquele que
§ 3º O disposto neste Capítulo não se aplica ao
de má-fé contrai dívidas
consumidor cujas dívidas tenham sido contraídas
convicto de que não pode
mediante fraude ou má-fé, sejam oriundas de
pagá-las, com intenção
contratos celebrados dolosamente com o
de fraudar os credores
propósito de não realizar o pagamento ou
- Inconsciente: aquele
decorram da aquisição ou contratação de produtos
que agiu
e serviços de luxo de alto valor. (LEI 14181/21)
impulsivamente, de
maneira imprevidente e
SUPERENDIVIDAMENTO
sem malícia
ABRANGE NÃO ABRANGE
A doutrina sustenta que somente o
✔ Quaisquer ✗ Dívidas contraídas superendividamento ativo inconsciente e o
compromissos mediante fraude passivo é que merecerão tutela estatal.
financeiros assumidos ✗ Dívidas contraídas
decorrentes de relação mediante má-fé
de consumo ✗ Dívidas oriundas de Art. 54-B. No fornecimento de crédito e na venda a
✔ Operações de crédito contratos celebrados prazo, além das informações obrigatórias previstas no
✔ Compras a prazo dolosamente com o art. 52 deste Código e na legislação aplicável à
✔ Serviços de prestação propósito de não realizar matéria, o fornecedor ou o intermediário deverá
continuada o pagamento informar o consumidor, prévia e adequadamente,
✗ Dívidas decorram da no momento da oferta, sobre: (LEI 14181/21)
aquisição ou contratação I - o custo efetivo total e a descrição dos elementos
de produtos e serviços de que o compõem; (LEI 14181/21)
luxo de alto valor II - a taxa efetiva mensal de juros, bem como a taxa
dos juros de mora e o total de encargos, de qualquer

7
natureza, previstos para o atraso no pagamento; (LEI crédito, principalmente se se tratar de consumidor
14181/21) idoso, analfabeto, doente ou em estado de
III - o montante das prestações e o prazo de vulnerabilidade agravada ou se a contratação
validade da oferta, que deve ser, no mínimo, de 2 envolver prêmio; (LEI 14181/21)
dias; (LEI 14181/21) V - condicionar o atendimento de pretensões do
IV - o nome e o endereço, inclusive o eletrônico, do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à
fornecedor; (LEI 14181/21) desistência de demandas judiciais, ao pagamento
V - o direito do consumidor à liquidação antecipada de honorários advocatícios ou a depósitos
e não onerosa do débito, nos termos do § 2º do art. judiciais. (LEI 14181/21)
52 deste Código e da regulamentação em vigor. (LEI Parágrafo único. (VETADO).
14181/21)
§ 1º As informações referidas no art. 52 deste Código
e no caput deste artigo devem constar de forma Art. 54-D. Na oferta de crédito, previamente à
clara e resumida do próprio contrato, da fatura ou contratação, o fornecedor ou o intermediário
de instrumento apartado, de fácil acesso ao deverá, entre outras condutas: (LEI 14181/21)
consumidor. (LEI 14181/21) I - informar e esclarecer adequadamente o
§ 2º Para efeitos deste Código, o custo efetivo total da consumidor, considerada sua idade, sobre a natureza
operação de crédito ao consumidor consistirá em taxa e a modalidade do crédito oferecido, sobre todos os
percentual anual e compreenderá todos os valores custos incidentes, observado o disposto nos arts. 52
cobrados do consumidor, sem prejuízo do cálculo e 54-B deste Código, e sobre as consequências
padronizado pela autoridade reguladora do sistema genéricas e específicas do inadimplemento; (LEI
financeiro. (LEI 14181/21) 14181/21)
§ 3º Sem prejuízo do disposto no art. 37 deste Código, II - avaliar, de forma responsável, as condições de
a oferta de crédito ao consumidor e a oferta de venda crédito do consumidor, mediante análise das
a prazo, ou a fatura mensal, conforme o caso, devem informações disponíveis em bancos de dados de
indicar, no mínimo, o custo efetivo total, o agente proteção ao crédito, observado o disposto neste
financiador e a soma total a pagar, com e sem Código e na legislação sobre proteção de dados; (LEI
financiamento. (LEI 14181/21) 14181/21)
III - informar a identidade do agente financiador e
entregar ao consumidor, ao garante e a outros
Art. 54-C. É vedado, expressa ou implicitamente, na coobrigados cópia do contrato de crédito. (LEI
oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou 14181/21)
não: (LEI 14181/21) Parágrafo único. O descumprimento de qualquer
I - (VETADO); dos deveres previstos no caput deste artigo e nos
II - indicar que a operação de crédito poderá ser arts. 52 e 54-C deste Código poderá acarretar
concluída sem consulta a serviços de proteção ao judicialmente a redução dos juros, dos encargos ou
crédito ou sem avaliação da situação financeira do de qualquer acréscimo ao principal e a dilação do
consumidor; (LEI 14181/21) prazo de pagamento previsto no contrato original,
III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os conforme a gravidade da conduta do fornecedor e as
ônus e os riscos da contratação do crédito ou da possibilidades financeiras do consumidor, sem
venda a prazo; (LEI 14181/21) prejuízo de outras sanções e de indenização por
IV - assediar ou pressionar o consumidor para perdas e danos, patrimoniais e morais, ao
contratar o fornecimento de produto, serviço ou consumidor. (LEI 14181/21)

8
Art. 54-F. São conexos, coligados ou Art. 54-G. Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste
interdependentes, entre outros, o contrato Código e na legislação aplicável à matéria, é vedado
principal de fornecimento de produto ou serviço e ao fornecedor de produto ou serviço que envolva
os contratos acessórios de crédito que lhe garantam crédito, entre outras condutas: (LEI 14181/21)
o financiamento quando o fornecedor de crédito: (LEI I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em
14181/21) conta de qualquer quantia que houver sido
I - recorrer aos serviços do fornecedor de produto ou contestada pelo consumidor em compra realizada
serviço para a preparação ou a conclusão do contrato com cartão de crédito ou similar, enquanto não for
de crédito; (LEI 14181/21) adequadamente solucionada a controvérsia, desde
II - oferecer o crédito no local da atividade empresarial que o consumidor haja notificado a
do fornecedor de produto ou serviço financiado ou administradora do cartão com antecedência de
onde o contrato principal for celebrado. (LEI pelo menos 10 dias contados da data de vencimento
14181/21) da fatura, vedada a manutenção do valor na fatura
§ 1º O exercício do direito de arrependimento nas seguinte e assegurado ao consumidor o direito de
hipóteses previstas neste Código, no contrato deduzir do total da fatura o valor em disputa e
principal ou no contrato de crédito, implica a efetuar o pagamento da parte não contestada,
resolução de pleno direito do contrato que lhe seja podendo o emissor lançar como crédito em
conexo. (LEI 14181/21) confiança o valor idêntico ao da transação
§ 2º Nos casos dos incisos I e II do caput deste artigo, contestada que tenha sido cobrada, enquanto não
se houver inexecução de qualquer das obrigações e encerrada a apuração da contestação; (LEI
deveres do fornecedor de produto ou serviço, o 14181/21)
consumidor poderá requerer a rescisão do contrato II - recusar ou não entregar ao consumidor, ao
não cumprido contra o fornecedor do crédito. (LEI garante e aos outros coobrigados cópia da minuta do
14181/21) contrato principal de consumo ou do contrato de
§ 3º O direito previsto no § 2º deste artigo caberá crédito, em papel ou outro suporte duradouro,
igualmente ao consumidor: (LEI 14181/21) disponível e acessível, e, após a conclusão, cópia do
I - contra o portador de cheque pós-datado emitido contrato; (LEI 14181/21)
para aquisição de produto ou serviço a prazo; (LEI III - impedir ou dificultar, em caso de utilização
14181/21) fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o
II - contra o administrador ou o emitente de cartão consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a
de crédito ou similar quando o cartão de crédito ou anulação ou o imediato bloqueio do pagamento,
similar e o produto ou serviço forem fornecidos pelo ou ainda a restituição dos valores indevidamente
mesmo fornecedor ou por entidades pertencentes recebidos. (LEI 14181/21)
a um mesmo grupo econômico. (LEI 14181/21) § 1º Sem prejuízo do dever de informação e
§ 4º A invalidade ou a ineficácia do contrato esclarecimento do consumidor e de entrega da minuta
principal implicará, de pleno direito, a do contrato do contrato, no empréstimo cuja liquidação seja feita
de crédito que lhe seja conexo, nos termos do caput mediante consignação em folha de pagamento, a
deste artigo, ressalvado ao fornecedor do crédito o formalização e a entrega da cópia do contrato ou do
direito de obter do fornecedor do produto ou instrumento de contratação ocorrerão após o
serviço a devolução dos valores entregues, inclusive fornecedor do crédito obter da fonte pagadora a
relativamente a tributos. (LEI 14181/21)

9
indicação sobre a existência de margem consignável. de interesse do consumidor, resguardado o segredo
(LEI 14181/21) industrial.
§ 2º Nos contratos de adesão, o fornecedor deve
prestar ao consumidor, previamente, as informações
de que tratam o art. 52 e o caput do art. 54-B deste Art. 56. As infrações das normas de defesa do
Código, além de outras porventura determinadas na consumidor ficam sujeitas, conforme o caso, às
legislação em vigor, e fica obrigado a entregar ao seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das
consumidor cópia do contrato, após a sua de natureza civil, penal e das definidas em normas
conclusão. (LEI 14181/21) específicas:
I - multa;

Não é abusiva a cláusula do contrato de cartão de II - apreensão do produto;

crédito que autoriza a operadora, em caso de III - inutilização do produto;

inadimplemento, debitar na conta corrente do IV - cassação do registro do produto junto ao órgão

titular o pagamento do valor mínimo da fatura, competente;

ainda que contestadas as despesas lançadas. STJ. V - proibição de fabricação do produto;

4ª Turma. REsp 1626997-RJ, Rel. Min. Marco Buzzi, VI - suspensão de fornecimento de produtos ou

julgado em 01/06/2021 (Info 699). serviço;


VII - suspensão temporária de atividade;
VIII - revogação de concessão ou permissão de uso;
IX - cassação de licença do estabelecimento ou de
CAPÍTULO VII - Das Sanções Administrativas
atividade;
X - interdição, total ou parcial, de estabelecimento,
Art. 55. A União, os Estados e o Distrito Federal, em
de obra ou de atividade;
caráter concorrente e nas suas respectivas áreas de
XI - intervenção administrativa;
atuação administrativa, baixarão normas relativas à
XII - imposição de contrapropaganda.
produção, industrialização, distribuição e consumo de
Parágrafo único. As sanções previstas neste artigo
produtos e serviços.
serão aplicadas pela autoridade administrativa, no
§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal e os
âmbito de sua atribuição, podendo ser aplicadas
Municípios fiscalizarão e controlarão a produção,
cumulativamente, inclusive por medida cautelar,
industrialização, distribuição, a publicidade de
antecedente ou incidente de procedimento
produtos e serviços e o mercado de consumo, no
administrativo.
interesse da preservação da vida, da saúde, da
segurança, da informação e do bem-estar do
consumidor, baixando as normas que se fizerem
Art. 57. A PENA DE MULTA, graduada de acordo com
necessárias.
a gravidade da infração, a vantagem auferida e a
§ 3° Os órgãos federais, estaduais, do Distrito Federal
condição econômica do fornecedor, será aplicada
e municipais com atribuições para fiscalizar e
mediante procedimento administrativo, revertendo
controlar o mercado de consumo manterão comissões
para o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de
permanentes para elaboração, revisão e atualização
julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou para os
das normas referidas no § 1°, sendo obrigatória a
Fundos estaduais ou municipais de proteção ao
participação dos consumidores e fornecedores.
consumidor nos demais casos.
§ 4° Os órgãos oficiais poderão expedir notificações
Parágrafo único. A multa será em montante não
aos fornecedores para que, sob pena de
inferior a duzentas e não superior a três milhões de
desobediência, prestem informações sobre questões

10
vezes o valor da Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou § 1º A contrapropaganda será divulgada pelo
índice equivalente que venha a substituí-lo. responsável da mesma forma, freqüência e dimensão
e, preferencialmente no mesmo veículo, local, espaço
e horário, de forma capaz de desfazer o malefício da
Art. 58. As penas de apreensão, de inutilização de publicidade enganosa ou abusiva.
produtos, de proibição de fabricação de produtos,
de suspensão do fornecimento de produto ou
serviço, de cassação do registro do produto e TÍTULO II - Das Infrações Penais
revogação da concessão ou permissão de uso serão
aplicadas pela administração, mediante procedimento
Art. 61. Constituem crimes contra as relações de
administrativo, assegurada ampla defesa, quando
consumo previstas neste código, sem prejuízo do
forem constatados vícios de quantidade ou de
disposto no Código Penal e leis especiais, as condutas
qualidade por inadequação ou insegurança do
tipificadas nos artigos seguintes.
produto ou serviço.

Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos sobre a


Art. 59. As penas de cassação de alvará de licença,
nocividade ou periculosidade de produtos, nas
de interdição e de suspensão temporária da
embalagens, nos invólucros, recipientes ou
atividade, bem como a de intervenção
publicidade:
administrativa, serão aplicadas mediante
Pena - Detenção de 6 meses a 2 anos e multa.
procedimento administrativo, assegurada ampla
§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem deixar de
defesa, quando o fornecedor reincidir na prática das
alertar, mediante recomendações escritas ostensivas,
infrações de maior gravidade previstas neste código
sobre a periculosidade do serviço a ser prestado.
e na legislação de consumo.
§ 2° Se o crime é culposo:
§ 1° A pena de cassação da concessão será aplicada
Pena Detenção de 1 a 6 meses ou multa.
à concessionária de serviço público, quando violar
obrigação legal ou contratual.
§ 2° A pena de intervenção administrativa será
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade
aplicada sempre que as circunstâncias de fato
competente e aos consumidores a nocividade ou
desaconselharem a cassação de licença, a
periculosidade de produtos cujo conhecimento seja
interdição ou suspensão da atividade.
posterior à sua colocação no mercado:
§ 3° Pendendo ação judicial na qual se discuta a
Pena - Detenção de 6 meses a 2 anos e multa.
imposição de penalidade administrativa, não haverá
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas penas quem
reincidência até o trânsito em julgado da
deixar de retirar do mercado, imediatamente
sentença.
quando determinado pela autoridade competente,
os produtos nocivos ou perigosos, na forma deste
artigo.
Art. 60. A imposição de contrapropaganda será
cominada quando o fornecedor incorrer na prática
de publicidade enganosa ou abusiva, nos termos do
Art. 65. Executar serviço de alto grau de
art. 36 e seus parágrafos, sempre às expensas do
periculosidade, contrariando determinação de
infrator.
autoridade competente:
Pena Detenção de 6 meses a 2 anos e multa.

11
§ 1º As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo
das correspondentes à lesão corporal e à morte.
§ 2º A prática do disposto no inciso XIV do art. 39 desta Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça,
Lei (permitir o ingresso em estabelecimentos coação, constrangimento físico ou moral,
comerciais ou de serviços de um número maior de afirmações falsas incorretas ou enganosas ou de
consumidores que o fixado pela autoridade qualquer outro procedimento que exponha o
administrativa como máximo) também caracteriza o consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira
crime previsto no caput deste artigo. com seu trabalho, descanso ou lazer:
Pena Detenção de 3 meses a 1 ano e multa.

Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou


omitir informação relevante sobre a natureza, Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do consumidor
característica, qualidade, quantidade, segurança, às informações que sobre ele constem em cadastros,
desempenho, durabilidade, preço ou garantia de banco de dados, fichas e registros:
produtos ou serviços: Pena Detenção de 6 meses a 1 ano ou multa.
Pena - Detenção de 3 meses a 1 ano e multa.
§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar
a oferta. Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente
§ 2º Se o crime é culposo; informação sobre consumidor constante de cadastro,
Pena Detenção de um a seis meses ou multa. banco de dados, fichas ou registros que sabe ou
deveria saber ser inexata:
Pena Detenção de 1 a 6 meses ou multa.
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que sabe ou
deveria saber ser enganosa ou abusiva:
Pena Detenção de 3 meses a 1 ano e multa. Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor o termo
de garantia adequadamente preenchido e com
especificação clara de seu conteúdo;
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que sabe ou Pena Detenção de 1 a 6 meses ou multa.
deveria saber ser capaz de induzir o consumidor a
se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua
saúde ou segurança: Art. 75. Quem, de qualquer forma, concorrer para
Pena - Detenção de 6 meses a 2 anos e multa: os crimes referidos neste código, incide as penas a
esses cominadas na medida de sua culpabilidade,
bem como o diretor, administrador ou gerente da
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, técnicos e pessoa jurídica que promover, permitir ou por
científicos que dão base à publicidade: qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta,
Pena Detenção de 1 a 6 meses ou multa. exposição à venda ou manutenção em depósito de
produtos ou a oferta e prestação de serviços nas
condições por ele proibidas.
Art. 70. Empregar na reparação de produtos, peça
ou componentes de reposição usados, sem
autorização do consumidor: Art. 76. São circunstâncias AGRAVANTES dos crimes
Pena Detenção de 3 meses a 1 ano e multa. tipificados neste código:

12
I - serem cometidos em época de grave crise Parágrafo único. Se assim recomendar a situação
econômica ou por ocasião de calamidade; econômica do indiciado ou réu, a fiança poderá
II - ocasionarem grave dano individual ou coletivo; ser:
III - dissimular-se a natureza ilícita do a) reduzida até a metade do seu valor mínimo;
procedimento; b) aumentada pelo juiz até 20 vezes.
IV - quando cometidos:
a) por servidor público, ou por pessoa cuja condição
econômico-social seja manifestamente superior à Art. 80. No processo penal atinente aos crimes
da vítima; previstos neste código, bem como a outros crimes e
b) em detrimento de operário ou rurícola; de contravenções que envolvam relações de consumo,
menor de 18 ou maior de 60 anos ou de pessoas poderão intervir, como assistentes do Ministério
portadoras de deficiência mental interditadas ou Público, os legitimados indicados no art. 82, inciso
não; III e IV, aos quais também é facultado propor ação
V - serem praticados em operações que envolvam penal subsidiária, se a denúncia não for oferecida no
alimentos, medicamentos ou quaisquer outros prazo legal.
produtos ou serviços essenciais .

PODERÃO INTERVIR COMO ASSISTENTE DO MP

III - as entidades e órgãos da Administração


Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta Seção será
Pública, direta ou indireta, ainda que sem
fixada em dias-multa, correspondente ao mínimo e
personalidade jurídica, especificamente destinados
ao máximo de dias de duração da pena privativa da
à defesa dos interesses e direitos protegidos por este
liberdade cominada ao crime. Na individualização
código;
desta multa, o juiz observará o disposto no art. 60, §1°
do Código Penal. IV -as associações legalmente constituídas há pelo
menos 1 ano e que incluam entre seus fins
institucionais a defesa dos interesses e direitos
Art. 78. Além das penas privativas de liberdade e de protegidos por este código, dispensada a autorização
multa, podem ser impostas, cumulativa ou assemblear.
alternadamente, observado o disposto nos arts. 44 a
OBS: o CDC prevê a possibilidade de pessoa jurídica
47, do Código Penal:
ser assistente do MP. O CPP, no Cap. IV (processo e
I - a interdição temporária de direitos;
julgamento dos crimes contra a propriedade
II - a publicação em órgãos de comunicação de
imaterial) prevê, no Art. 530-H, que “As associações
grande circulação ou audiência, às expensas do
de titulares de direitos de autor e os que lhes são
condenado, de notícia sobre os fatos e a condenação;
conexos poderão, em seu próprio nome, funcionar
III - a prestação de serviços à comunidade.
como assistente da acusação nos crimes previstos no
art. 184 do Código Penal, quando praticado em
detrimento de qualquer de seus associados”.
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de que trata
este código, será fixado pelo juiz, ou pela autoridade
que presidir o inquérito, entre cem e duzentas mil
vezes o valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou TÍTULO III - Da Defesa do Consumidor em Juízo

índice equivalente que venha a substituí-lo. CAPÍTULO I - Disposições Gerais

13
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos
relação jurídica base pode se dar entre os membros
consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
do grupo, categoria ou classe (membros de uma
juízo individualmente, ou a título coletivo.
determinada associação ou pertencentes ao
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida
mesmo sindicato) ou com a parte contrária (ex: os
quando se tratar de:
estudantes em relação à determinada escola). A
I - interesses ou direitos DIFUSOS, assim entendidos,
relação jurídica base necessita ser anterior à lesão;
para efeitos deste código, os transindividuais, de
■ Indivisível: Indivisibilidade do direito - o direito ou
natureza indivisível, de que sejam titulares
interesse é insuscetível de ser dividido em quotas
pessoas indeterminadas e ligadas por
ou parcelas;
circunstâncias de fato;
■ Ligados por relações jurídicas individuais.
II - interesses ou direitos COLETIVOS, assim
entendidos, para efeitos deste código, os Interesses ou direitos INDIVIDUAIS
transindividuais, de natureza indivisível de que HOMOGÊNEOS
seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas
■ Determinável: os titulares são identificáveis;
ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
■ Divisível: O objeto pode ser divisível;
relação jurídica base;
■ Origem comum.
III - interesses ou direitos INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS, assim entendidos os decorrentes de
origem comum.
Art. 82. Para os fins do art. 81, parágrafo único, são
legitimados concorrentemente:
I - o Ministério Público,
Interesses ou direitos DIFUSOS
II - a União, os Estados, os Municípios e o Distrito
■ Grupo Indeterminável: Os titulares não são Federal;
somente pessoas indeterminadas, mas também III - as entidades e órgãos da Administração
indetermináveis, ou seja, não há nenhuma Pública, direta ou indireta, ainda que sem
vantagem para fins de tutela na sua identificação. personalidade jurídica, especificamente destinados
Há uma impossibilidade de se determinar os à defesa dos interesses e direitos protegidos por este
titulares dos direitos difusos; código;
■ Indivisível: A indivisibilidade justifica-se porque IV - as associações legalmente constituídas há pelo
os direitos difusos pertencem a todos os titulares menos 1 ano e que incluam entre seus fins
simultânea e indistintamente. Não podem ser institucionais a defesa dos interesses e direitos
compartilhados (só podem ser considerados como protegidos por este código, dispensada a autorização
um todo) porque não há como se partilhar algo assemblear.
quando os titulares são indefinidos; § 1° O requisito da pré-constituição pode ser
■ Ligados por situação de fato. dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91
e seguintes, quando haja manifesto interesse social
Interesses ou direitos COLETIVOS
evidenciado pela dimensão ou característica do
dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser
■ Grupo Determinável: Os titulares são
protegido.
determináveis, justamente porque possuem
entre si ou com a parte contrária uma relação
jurídica base anterior (origem do direito). Essa

14
Art. 83. Para a defesa dos direitos e interesses propositura da ação serão solidariamente
protegidos por este código são admissíveis todas as condenados em honorários advocatícios e ao
espécies de ações capazes de propiciar sua décuplo das custas, sem prejuízo da
adequada e efetiva tutela. responsabilidade por perdas e danos.

A isenção de custas e emolumentos judiciais prevista


Art. 84. Na ação que tenha por objeto o no art. 87 da Código de Defesa do Consumidor visa a
cumprimento da obrigação de fazer ou não fazer, o facilitar a defesa dos direitos dos consumidores, não
juiz concederá a tutela específica da obrigação ou sendo aplicável às ações, ainda que coletivas,
determinará providências que assegurem o propostas por sindicato em defesa dos
resultado prático equivalente ao do sindicalizados. STJ. Corte Especial. AgInt nos EREsp
adimplemento. 1623931/PE, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em
§ 1° A conversão da obrigação em perdas e danos 27/08/2019.
SOMENTE será admissível se por elas optar o autor
ou se impossível a tutela específica ou a obtenção
do resultado prático correspondente.
Art. 88. Na hipótese do art. 13, parágrafo único deste
§ 2° A indenização por perdas e danos se fará sem
código, a ação de regresso poderá ser ajuizada em
prejuízo da multa
processo autônomo, facultada a possibilidade de
§ 3° Sendo relevante o fundamento da demanda e
prosseguir-se nos mesmos autos, vedada a
havendo justificado receio de ineficácia do provimento
denunciação da lide.
final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou
após justificação prévia, citado o réu.
§ 4° O juiz poderá, na hipótese do § 3° ou na
Art. 90. Aplicam-se às ações previstas neste título as
sentença, impor multa diária ao réu,
normas do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347,
independentemente de pedido do autor, se for
de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao
suficiente ou compatível com a obrigação, fixando
inquérito civil, naquilo que não contrariar suas
prazo razoável para o cumprimento do preceito.
disposições.
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do
resultado prático equivalente, poderá o juiz
determinar as medidas necessárias, tais como busca e
CAPÍTULO II - Das Ações Coletivas Para a Defesa de
apreensão, remoção de coisas e pessoas,
Interesses Individuais Homogêneos
desfazimento de obra, impedimento de atividade
nociva, além de requisição de força policial.
Art. 91. Os legitimados de que trata o art. 82 poderão
propor, em nome próprio e no interesse das vítimas

Art. 87. Nas ações coletivas de que trata este código ou seus sucessores, ação civil coletiva de

não haverá adiantamento de custas, responsabilidade pelos danos individualmente

emolumentos, honorários periciais e quaisquer sofridos, de acordo com o disposto nos artigos

outras despesas, nem condenação da associação seguintes.

autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de


advogados, custas e despesas processuais.
Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a Art. 92. O Ministério Público, se não ajuizar a ação,

associação autora e os diretores responsáveis pela atuará sempre como fiscal da lei.

15
O MP não possui legitimidade para promover a
Art. 93. Ressalvada a competência da Justiça Federal, é execução coletiva prevista no art. 98 do CDC. O
competente para a causa a justiça local: Ministério Público não possui legitimidade para
I - no foro do lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o promover a execução coletiva do art. 98 do CDC por
dano, quando de âmbito local; ausência de interesse público ou social a justificar
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito sua atuação: Art. 98. A execução poderá ser coletiva,
Federal, para os danos de âmbito nacional ou sendo promovida pelos legitimados de que trata o
regional, aplicando-se as regras do Código de art. 82, abrangendo as vítimas cujas indenizações já
Processo Civil aos casos de competência concorrente. tenham sido fixadas em sentença de liquidação, sem
prejuízo do ajuizamento de outras execuções. Nessa
execução do art. 98, o que se tem é a perseguição de
Art. 94. Proposta a ação, será publicado edital no direitos puramente individuais. O objetivo é o
órgão oficial, a fim de que os interessados possam ressarcimento do dano individualmente
intervir no processo como litisconsortes, sem experimentado, de modo que a indivisibilidade do
prejuízo de ampla divulgação pelos meios de objeto cede lugar à sua individualização. Essa
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do particularidade da fase de execução constitui óbice à
consumidor. atuação do Ministério Público, pois o interesse social,
que justificaria a atuação do Parquet, à luz do art.
129, III, da Constituição Federal, era a
Art. 95. Em caso de procedência do pedido, a homogeneidade do direito que, no caso, não mais
condenação será genérica, fixando a existe. STJ. 4ª Turma. REsp 869.583-DF, Rel. Min. Luis
responsabilidade do réu pelos danos causados. Felipe Salomão, julgado em 05/06/2012. STJ. 3ª
Turma. REsp 1.801.518-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso
Art. 97. A liquidação e a execução de sentença Sanseverino, julgado em 14/12/2021 (Info 722).
poderão ser promovidas pela vítima e seus
sucessores, assim como pelos legitimados de que
trata o art. 82.
Art. 99. Em caso de concurso de créditos
decorrentes de condenação prevista na Lei n.° 7.347,
de 24 de julho de 1985 e de indenizações pelos
Art. 98. A execução poderá ser coletiva, sendo
prejuízos individuais resultantes do mesmo evento
promovida pelos legitimados de que trata o art. 82,
danoso, estas terão preferência no pagamento.
abrangendo as vítimas cujas indenizações já
Parágrafo único. Para efeito do disposto neste artigo,
tiveram sido fixadas em sentença de liquidação,
a destinação da importância recolhida ao fundo criado
sem prejuízo do ajuizamento de outras execuções.
pela Lei n°7.347 de 24 de julho de 1985, ficará sustada
§ 1° A execução coletiva far-se-á com base em certidão
enquanto pendentes de decisão de 2° grau as ações
das sentenças de liquidação, da qual deverá constar a
de indenização pelos danos individuais, salvo na
ocorrência ou não do trânsito em julgado.
hipótese de o patrimônio do devedor ser
§ 2° É competente para a execução o juízo:
manifestamente suficiente para responder pela
I - da liquidação da sentença ou da ação
integralidade das dívidas.
condenatória, no caso de execução individual;
II - da ação condenatória, quando coletiva a
execução.

16
Art. 100. Decorrido o prazo de 1 ano sem contra o segurador, vedada a denunciação da lide ao
habilitação de interessados em número Instituto de Resseguros do Brasil e dispensado o
compatível com a gravidade do dano, poderão os litisconsórcio obrigatório com este.
legitimados do art. 82 promover a liquidação e
execução da indenização devida.
Parágrafo único. O produto da indenização devida Art. 102. Os legitimados a agir na forma deste código
reverterá para o fundo criado pela Lei n.° 7.347, de 24 poderão propor ação visando compelir o Poder
de julho de 1985. Público competente a proibir, em todo o território
nacional, a produção, divulgação distribuição ou

Para que a associação tenha legitimidade para venda, ou a determinar a alteração na composição,

promover a execução de sentença coletiva estrutura, fórmula ou acondicionamento de produto,

envolvendo direitos individuais homogêneos é cujo uso ou consumo regular se revele nocivo ou

necessário que esteja presente a situação perigoso à saúde pública e à incolumidade pessoal.

descrita no art. 100 do CDC. A legitimidade


subsidiária da associação e dos demais sujeitos
previstos no art. 82 do CDC em cumprimento de CAPÍTULO IV - Da Coisa Julgada
sentença coletiva fica condicionada, passado 1 ano
do trânsito em julgado, a não haver habilitação por Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código,
parte dos beneficiários ou haver em número a sentença fará coisa julgada:
desproporcional ao prejuízo, nos termos do art. 100 I - ERGA OMNES, exceto se o pedido for julgado
do CDC. STJ. 3ª Turma. REsp 1.955.899-PR, Rel. Min. improcedente por insuficiência de provas, hipótese
Nancy Andrighi, julgado 15/03/2022 (Info 729). em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova
prova, na hipótese do inciso I do parágrafo único do

CAPÍTULO III - Das Ações de Responsabilidade do art. 81;

Fornecedor de Produtos e Serviços II - ULTRA PARTES, mas limitadamente ao grupo,


categoria ou classe, salvo improcedência por
insuficiência de provas, nos termos do inciso
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do
anterior, quando se tratar da hipótese prevista no
fornecedor de produtos e serviços, sem prejuízo do
inciso II do parágrafo único do art. 81;
disposto nos Capítulos I e II deste título, serão
III - ERGA OMNES, apenas no caso de procedência
observadas as seguintes normas:
do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
I - a ação pode ser proposta no domicílio do autor;
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo
II - o réu que houver contratado seguro de
único do art. 81.
responsabilidade poderá chamar ao processo o
§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos
segurador, vedada a integração do contraditório pelo
incisos I e II não prejudicarão interesses e direitos
Instituto de Resseguros do Brasil. Nesta hipótese, a
individuais dos integrantes da coletividade, do
sentença que julgar procedente o pedido condenará o
grupo, categoria ou classe.
réu nos termos do art. 80 do Código de Processo Civil.
§ 2° Na hipótese prevista no inciso III (dir. individual
Se o réu houver sido declarado falido, o síndico será
homogêneo), em caso de improcedência do pedido,
intimado a informar a existência de seguro de
os interessados que não tiverem intervindo no
responsabilidade, facultando-se, em caso afirmativo, o
processo como litisconsortes poderão propor ação
ajuizamento de ação de indenização diretamente
de indenização a título individual.

17
§ 3° Os efeitos da coisa julgada de que cuida o art. 16,
■ ERGA OMNES, apenas no caso de procedência
combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de
do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus
julho de 1985, não prejudicarão as ações de
sucessores;
indenização por danos pessoalmente sofridos,
■ Em caso de improcedência do pedido, os
propostas individualmente ou na forma prevista
interessados que não tiverem intervindo no
neste código, mas, se procedente o pedido,
processo como litisconsortes poderão propor
beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que
ação de indenização a título individual.
poderão proceder à liquidação e à execução, nos
termos dos arts. 96 a 99.
§ 4º Aplica-se o disposto no parágrafo anterior à EFEITOS DA SENTENÇA
sentença penal condenatória.
INTERESSES OU DIREITOS DIFUSOS

EFEITOS DA SENTENÇA ■ PROCEDENTE: Fará coisa julgada erga omnes.


■ IMPROCEDENTE COM EXAME DAS PROVAS
INTERESSES OU DIREITOS DIFUSOS
➔ Fará coisa julgada erga omnes.
➔ Impede nova ação coletiva.
■ ERGA OMNES, exceto se o pedido for julgado
➔ O lesado pode propor ação individual.
improcedente por insuficiência de provas,
■ IMPROCEDENTE POR FALTA DE PROVAS
hipótese em que qualquer legitimado poderá
➔ Não fará coisa julgada erga omnes.
intentar outra ação, com idêntico fundamento
➔ Qualquer legitimado pode propor nova
valendo-se de nova prova;
ação coletiva, desde que haja prova nova.
■ Não induzem litispendência para as ações
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga
INTERESSES OU DIREITOS COLETIVOS
omnes ou ultra partes não beneficiarão os
autores das ações individuais, se não for ■ PROCEDENTE: Fará coisa julgada ultra partes.
requerida sua suspensão no prazo de 30 dias, a ■ IMPROCEDENTE COM EXAME DAS PROVAS
contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação ➔ Fará coisa julgada ultra partes.
coletiva. ➔ Impede nova ação coletiva.
➔ O lesado pode propor ação individual.
INTERESSES OU DIREITOS COLETIVOS
■ IMPROCEDENTE POR FALTA DE PROVAS
➔ Não fará coisa julgada erga omnes.
■ ULTRA PARTES, mas limitadamente ao grupo,
➔ Qualquer legitimado pode propor nova
categoria ou classe, salvo improcedência por
ação coletiva, desde que haja prova nova.
insuficiência de provas;
■ Não induzem litispendência para as ações
INTERESSES OU DIREITOS INDIVIDUAIS
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga
HOMOGÊNEOS
omnes ou ultra partes não beneficiarão os
autores das ações individuais, se não for ■ PROCEDENTE: Fará coisa julgada erga omnes.
requerida sua suspensão no prazo de 30 dias, a ■ IMPROCEDENTE COM EXAME DAS PROVAS
contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação ➔ Impede nova ação coletiva.
coletiva. ➔ O lesado pode propor ação individual se
não participou da ação coletiva.
INTERESSES OU DIREITOS INDIVIDUAIS
■ IMPROCEDENTE POR FALTA DE PROVAS
HOMOGÊNEOS
➔ Impede nova ação coletiva.

18
Art. 104. As ações coletivas, previstas nos incisos I
➔ O lesado pode propor ação individual se
(difusos) e II (coletivos) e do parágrafo único do art.
não participou da ação coletiva. Logo, não
81, não induzem litispendência para as ações
se admite a regra secundum eventum
individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga
probationis (impossível a repropositura da
omnes ou ultra partes a que aludem os incisos II e III
mesma demanda coletiva diante da
do artigo anterior não beneficiarão os autores das
improcedência por falta de provas)
ações individuais, se não for requerida sua
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível a repropositura de ação coletiva de
direitos individuais homogêneos julgada improcedente, ainda que por falta de provas. SUSPENSÃO no prazo de 30 dias, a contar da
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1843e35d41ccf6
e63273495ba42df3c1>.

III - ERGA OMNES, apenas no caso de procedência CAPÍTULO V - Da Conciliação no


do pedido, para beneficiar todas as vítimas e seus Superendividamento (LEI 14181/21)
sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo
único do art. 81. Art. 104-A. A requerimento do consumidor

Se a ação coletiva envolvendo direitos individuais superendividado pessoa natural, o juiz poderá

homogêneos for julgada PROCEDENTE instaurar processo de repactuação de dívidas, com


vistas à realização de audiência conciliatória, presidida
■ A sentença fará coisa julgada erga omnes e
por ele ou por conciliador credenciado no juízo, com a
qualquer consumidor pode se habilitar na liquidação
presença de todos os credores de dívidas previstas no
e promover a execução, provando o dano sofrido
art. 54-A deste Código, na qual o consumidor
Se a ação coletiva envolvendo direitos individuais apresentará proposta de plano de pagamento com
homogêneos for julgada IMPROCEDENTE prazo máximo de 5 anos, preservados o mínimo
(não importa o motivo) existencial, nos termos da regulamentação, e as
garantias e as formas de pagamento originalmente
■ Os interessados individuais que não tiverem
pactuadas. (LEI 14181/21)
intervindo no processo coletivo como litisconsortes
§ 1º Excluem-se do processo de repactuação as
(art. 94 do CDC) poderão propor ação de indenização
dívidas, ainda que decorrentes de relações de
a título individual. Ex: os consumidores do
consumo, oriundas de contratos celebrados
medicamento que não tiverem atendido ao chamado
dolosamente sem o propósito de realizar
do art. 94 do CDC e não tiverem participado da
pagamento, bem como as dívidas provenientes de
primeira ação coletiva poderão ajuizar ações
contratos de crédito com garantia real, de
individuais de indenização contra a empresa.
financiamentos imobiliários e de crédito rural. (LEI
■ Não cabe a repropositura de nova ação coletiva
14181/21)
mesmo que por outro legitimado coletivo (não
§ 2º O não comparecimento injustificado de
importa se ele participou ou não da primeira ação;
qualquer credor, ou de seu procurador com poderes
não pode nova ação coletiva).
especiais e plenos para transigir, à audiência de
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Não é possível a repropositura de ação coletiva de
direitos individuais homogêneos julgada improcedente, ainda que por falta de provas. conciliação de que trata o caput deste artigo
Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/1843e35d41ccf6
ACARRETARÁ A SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO
e63273495ba42df3c1> DÉBITO E A INTERRUPÇÃO DOS ENCARGOS DA
MORA, bem como a sujeição compulsória ao plano
de pagamento da dívida se o montante devido ao
credor ausente for certo e conhecido pelo

19
consumidor, devendo o pagamento a esse credor ser DÍVIDAS QUE NÃO PODEM SER OBJETO DO
estipulado para ocorrer apenas após o pagamento aos PROCESSO DE REPACTUAÇÃO
credores presentes à audiência conciliatória. (LEI
✔ oriundas de contratos celebrados dolosamente
14181/21)
sem o propósito de realizar pagamento;
§ 3º No caso de conciliação, com qualquer credor, a
✔ provenientes de contratos de crédito com
sentença judicial que homologar o acordo descreverá
garantia real;
o plano de pagamento da dívida e terá eficácia de
✔ provenientes de financiamentos imobiliários;
título executivo e força de coisa julgada. (LEI
✔ provenientes de crédito rural.
14181/21)
https://www.dizerodireito.com.br/2021/07/breves-comentarios-lei-do
§ 4º Constarão do plano de pagamento referido no §
.html
3º deste artigo: (LEI 14181/21)
I - medidas de dilação dos prazos de pagamento e
de redução dos encargos da dívida ou da
Art. 104-B. Se não houver êxito na conciliação em
remuneração do fornecedor, entre outras destinadas
relação a quaisquer credores, o juiz, a pedido do
a facilitar o pagamento da dívida; (LEI 14181/21)
consumidor, instaurará processo por
II - referência à suspensão ou à extinção das ações
superendividamento para revisão e integração dos
judiciais em curso; (LEI 14181/21)
contratos e repactuação das dívidas remanescentes
III - data a partir da qual será providenciada a exclusão
mediante plano judicial compulsório e procederá à
do consumidor de bancos de dados e de cadastros de
citação de todos os credores cujos créditos não
inadimplentes; (LEI 14181/21)
tenham integrado o acordo porventura celebrado. (LEI
IV - condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo
14181/21)
consumidor, de condutas que importem no
§ 1º Serão considerados no processo por
agravamento de sua situação de superendividamento.
superendividamento, se for o caso, os documentos e
(LEI 14181/21)
as informações prestadas em audiência. (LEI
§ 5º O pedido do consumidor a que se refere o caput
14181/21)
deste artigo não importará em declaração de
§ 2º No prazo de 15 dias, os credores citados
insolvência civil e poderá ser repetido somente
juntarão documentos e as razões da negativa de
após decorrido o prazo de 2 anos, contado da
aceder ao plano voluntário ou de renegociar. (LEI
liquidação das obrigações previstas no plano de
14181/21)
pagamento homologado, sem prejuízo de eventual
§ 3º O juiz poderá nomear administrador, desde
repactuação. (LEI 14181/21)
que isso não onere as partes, o qual, no prazo de
até 30 dias, após cumpridas as diligências
PROCESSO DE REPACTUAÇÃO DE DÍVIDAS eventualmente necessárias, apresentará plano de

✔ Instaurado pelo juiz a requerimento do pagamento que contemple medidas de

consumidor superendividado pessoa natural temporização ou de atenuação dos encargos. (LEI

✔ O pedido do consumidor para instaurara 14181/21)

processo de repactuação: § 4º O plano judicial compulsório assegurará aos

· não importará em declaração de insolvência civil; e credores, no mínimo, o valor do principal devido,

· poderá ser repetido somente após decorrido o corrigido monetariamente por índices oficiais de

prazo de 2 anos, contado da liquidação das preço, e preverá a liquidação total da dívida, após a

obrigações previstas no plano de pagamento quitação do plano de pagamento consensual previsto

homologado, sem prejuízo de eventual repactuação. no art. 104-A deste Código, em, no máximo, 5 anos,
sendo que a primeira parcela será devida no prazo

20
máximo de 180 dias, contado de sua homologação do Distrito Federal e municipais e as ENTIDADES
judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas PRIVADAS de defesa do consumidor.
mensais iguais e sucessivas. (LEI 14181/21)

Art. 106. O Departamento Nacional de Defesa do


Art. 104-C. Compete concorrente e Consumidor, da Secretaria Nacional de Direito
facultativamente aos órgãos públicos integrantes do Econômico (MJ), ou órgão federal que venha
Sistema Nacional de Defesa do Consumidor a fase substituí-lo, é organismo de coordenação da política
conciliatória e preventiva do processo de repactuação do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor,
de dívidas, nos moldes do art. 104-A deste Código, no cabendo-lhe:
que couber, com possibilidade de o processo ser I - planejar, elaborar, propor, coordenar e executar a
regulado por convênios específicos celebrados entre política nacional de proteção ao consumidor;
os referidos órgãos e as instituições credoras ou suas II - receber, analisar, avaliar e encaminhar consultas,
associações. (LEI 14181/21) denúncias ou sugestões apresentadas por entidades
§ 1º Em caso de conciliação administrativa para representativas ou pessoas jurídicas de direito público
prevenir o superendividamento do consumidor ou privado;
pessoa natural, os órgãos públicos poderão III - prestar aos consumidores orientação permanente
promover, nas reclamações individuais, audiência sobre seus direitos e garantias;
global de conciliação com todos os credores e, em IV - informar, conscientizar e motivar o consumidor
todos os casos, facilitar a elaboração de plano de através dos diferentes meios de comunicação;
pagamento, preservado o mínimo existencial, nos V - solicitar à polícia judiciária a instauração de
termos da regulamentação, sob a supervisão desses inquérito policial para a apreciação de delito contra os
órgãos, sem prejuízo das demais atividades de consumidores, nos termos da legislação vigente;
reeducação financeira cabíveis. (LEI 14181/21) VI - representar ao Ministério Público competente
§ 2º O acordo firmado perante os órgãos públicos de para fins de adoção de medidas processuais no
defesa do consumidor, em caso de âmbito de suas atribuições;
superendividamento do consumidor pessoa natural, VII - levar ao conhecimento dos órgãos competentes
incluirá a data a partir da qual será providenciada as infrações de ordem administrativa que violarem os
a exclusão do consumidor de bancos de dados e de interesses difusos, coletivos, ou individuais dos
cadastros de inadimplentes, bem como o consumidores;
condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo VIII - solicitar o concurso de órgãos e entidades da
consumidor, de condutas que importem no União, Estados, do Distrito Federal e Municípios, bem
agravamento de sua situação de como auxiliar a fiscalização de preços, abastecimento,
superendividamento, especialmente a de contrair quantidade e segurança de bens e serviços;
novas dívidas. (LEI 14181/21) IX - incentivar, inclusive com recursos financeiros e
outros programas especiais, a formação de entidades
de defesa do consumidor pela população e pelos

TÍTULO IV - Do Sistema Nacional de Defesa do órgãos públicos estaduais e municipais;

Consumidor XIII - desenvolver outras atividades compatíveis com


suas finalidades.
Parágrafo único. Para a consecução de seus objetivos,
Art. 105. Integram o Sistema Nacional de Defesa do
o Departamento Nacional de Defesa do Consumidor
Consumidor (SNDC), os órgãos federais, estaduais,

21
poderá solicitar o concurso de órgãos e entidades de Súmula 130-STJ: A empresa responde, perante o
notória especialização técnico-científica. cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo
ocorridos em seu estacionamento.
TÍTULO V - Da Convenção Coletiva de Consumo
Súmula 285-STJ: Nos contratos bancários
posteriores ao Código de Defesa do Consumidor
Art. 107. As ENTIDADES CIVIS DE CONSUMIDORES e incide a multa moratória nele prevista.
as ASSOCIAÇÕES DE FORNECEDORES ou
Súmula 286-STJ: A renegociação de contrato
SINDICATOS DE CATEGORIA ECONÔMICA podem
bancário ou a confissão da dívida não impede a
regular, por convenção escrita, relações de
possibilidade de discussão sobre eventuais
consumo que tenham por objeto estabelecer
ilegalidades dos contratos anteriores.
condições relativas ao preço, à qualidade, à
quantidade, à garantia e características de Súmula 297-STJ: O Código de Defesa do Consumidor
produtos e serviços, bem como à reclamação e é aplicável às instituições financeiras.
composição do conflito de consumo.
Súmula 302-STJ: É abusiva a cláusula contratual de
§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do
plano de saúde que limita no tempo a internação
REGISTRO do instrumento no cartório de títulos e
hospitalar do segurado.
documentos.
§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às Súmula 322-STJ: Para a repetição de indébito, nos
entidades signatárias. contratos de abertura de crédito em conta-corrente,
§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o não se exige a prova do erro.
fornecedor que se desligar da entidade em data Súmula 323-STJ: A inscrição do nome do devedor
posterior ao registro do instrumento. pode ser mantida nos serviços de proteção ao
crédito por até o prazo máximo de 5 anos,
SÚMULAS SOBRE CONSUMIDOR INDEPENDENTEMENTE DA PRESCRIÇÃO DA
EXECUÇÃO.
STF
Súmula 356-STJ: É legítima a cobrança da tarifa
Súmula 28-STF: O estabelecimento bancário é
básica pelo uso dos serviços de telefonia fixa.
responsável pelo pagamento de cheque falso,
ressalvadas as hipóteses de culpa exclusiva ou Súmula 359-STJ: Cabe ao órgão mantenedor do
concorrente do correntista. (Superada, em parte: cadastro de proteção ao crédito a notificação do
Segundo entendimento do STF o Código de Defesa devedor antes de proceder à inscrição.
do Consumidor é aplicado nas relações entre as
Súmula 381-STJ: Nos contratos bancários, é
instituições financeiras e seus clientes (ADI 2591/DF).
vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
O CDC afirma que somente a culpa exclusiva do
abusividade das cláusulas.
consumidor (no caso o correntista é que exclui a
responsabilidade do fornecedor de serviços (art. 14, Súmula 385-STJ: Da anotação irregular em cadastro

§ 3º, II). Logo, mesmo havendo culpa concorrente do de proteção ao crédito, não cabe indenização por

correntista, persistirá a responsabilidade do dano moral, quando preexistente legítima

estabelecimento bancário. A culpa concorrente inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.

servirá, no máximo, como fator de atenuação do Súmula 404-STJ: É DISPENSÁVEL o aviso de


montante indenizatório). recebimento (AR) na carta de comunicação ao

STJ

22
consumidor sobre a negativação de seu nome em realizado em parcela única, após o prazo de 180 dias,
bancos de dados e cadastros. contado da data do desfazimento do contrato.

Súmula 407-STJ: É legítima a cobrança da tarifa de Súmula 548-STJ: Incumbe ao credor a exclusão do
água fixada de acordo com as categorias de usuários registro da dívida em nome do devedor no cadastro
e as faixas de consumo. de inadimplentes no prazo de 5 dias úteis, a partir
do integral e efetivo pagamento do débito.
Súmula 412-STJ: A ação de repetição de indébito de
tarifas de água e esgoto sujeita-se ao prazo Súmula 550-STJ: A utilização de escore de crédito,
prescricional estabelecido no Código Civil. método estatístico de avaliação de risco que não
constitui banco de dados, dispensa o
Súmula 477-STJ: A decadência do art. 26 do CDC não
consentimento do consumidor, que terá o direito de
é aplicável à prestação de contas para obter
solicitar esclarecimentos sobre as informações
esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e
pessoais valoradas e as fontes dos dados
encargos bancários.
considerados no respectivo cálculo.
Súmula 479-STJ: As instituições financeiras
Súmula 563-STJ: O Código de Defesa do Consumidor
respondem objetivamente pelos danos gerados
é aplicável às entidades abertas de previdência
por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
complementar, não incidindo nos contratos
praticados por terceiros no âmbito de operações
previdenciários celebrados com entidades
bancárias.
fechadas.
Súmula 532-STJ: Constitui prática comercial
Súmula 572-STJ: O Banco do Brasil, na condição de
abusiva o envio de cartão de crédito sem prévia e
gestor do Cadastro de Emitentes de Cheques sem
expressa solicitação do consumidor,
Fundos (CCF), não tem a responsabilidade de
configurando-se ato ilícito indenizável e sujeito à
notificar previamente o devedor acerca da sua
aplicação de multa administrativa.
inscrição no aludido cadastro, tampouco
Súmula 543 -STJ: Na hipótese de resolução de legitimidade passiva para as ações de reparação de
contrato de promessa de compra e venda de imóvel danos fundadas na ausência de prévia comunicação.
submetido ao Código de Defesa do Consumidor,
Súmula 595-STJ: As instituições de ensino superior
deve ocorrer a imediata restituição das parcelas
respondem objetivamente pelos danos suportados
pagas pelo promitente comprador -
pelo aluno/consumidor pela realização de curso não
integralmente, em caso de culpa exclusiva do
reconhecido pelo Ministério da Educação, sobre o
promitente vendedor/construtor, ou
qual não lhe tenha sido dada prévia e adequada
parcialmente, caso tenha sido o comprador quem
informação.
deu causa ao desfazimento.
Lei nº 13.786/2018: Súmula 597-STJ: A cláusula contratual de plano de
• Quando a incorporação estiver submetida ao saúde que prevê carência para utilização dos
regime do patrimônio de afetação: o incorporador serviços de assistência médica nas situações de
restituirá os valores pagos pelo adquirente no prazo emergência ou de urgência é considerada abusiva
máximo de 30 dias após o habite-se ou documento se ultrapassado o prazo máximo de 24 horas
equivalente expedido pelo órgão público municipal contado da data da contratação.
competente.
Súmula 601-STJ: O Ministério Público tem
• Caso a incorporação não esteja submetida ao
legitimidade ativa para atuar na defesa de direitos
regime do patrimônio de afetação: o pagamento será
difusos, coletivos e individuais homogêneos dos

23
consumidores, ainda que decorrentes da 5) Em demanda que trata da responsabilidade
prestação de serviço público. pelo fato do produto ou do serviço (arts. 12 e 14
do CDC), a inversão do ônus da prova decorre da
Súmula 602-STJ: O Código de Defesa do Consumidor
lei (ope legis), não se aplicando o art. 6º, inciso
é aplicável aos empreendimentos habitacionais
VIII, do CDC.
promovidos pelas sociedades cooperativas
6) A redução da multa moratória para 2% prevista no
Súmula 608-STJ: Aplica-se o Código de Defesa do
art. 52, § 1º, do CDC aplica-se às relações de
Consumidor aos contratos de plano de saúde, salvo
consumo de natureza contratual, não incidindo
os administrados por entidades de autogestão.
sobre as sanções tributárias, que estão sujeitas à
Súmula 609-STJ: A recusa de cobertura securitária, legislação própria de direito público. (Tese julgada
sob a alegação de doença preexistente, é ilícita se sob o rito do art 543-C do CPC)
não houve a exigência de exames médicos prévios à
7) A devolução em dobro dos valores pagos pelo
contratação ou a demonstração de má-fé do
consumidor, prevista no art. 42, parágrafo único,
segurado.
do CDC, PRESSUPÕE tanto a existência de
PAGAMENTO INDEVIDO quanto a MÁ-FÉ do
JURISPRUDÊNCIA EM TESES DO STJ credor.

EDIÇÃO N. 39: DIREITO DO CONSUMIDOR I A restituição em dobro do indébito (parágrafo único


do artigo 42 do CDC) independe da natureza do
1) O Superior Tribunal de Justiça admite a
elemento volitivo do fornecedor que cobrou valor
mitigação da teoria finalista para autorizar a
indevido, revelando-se cabível quando a cobrança
incidência do Código de Defesa do Consumidor
indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé
nas hipóteses em que a parte (pessoa física ou
objetiva. STJ. Corte Especial. EAREsp 676608/RS, Rel.
jurídica), apesar de não ser destinatária final do
Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2020.
produto ou serviço, apresenta-se em situação de
vulnerabilidade. 8) Não se aplica o Código de Defesa do
Consumidor à relação contratual entre
2) A inversão do ônus da prova, nos termos do
advogados e clientes, a qual é regida pelo Estatuto
art. 6º, VIII, do CDC, não ocorre ope legis, mas ope
da Advocacia e da OAB - Lei n. 8.906/94.
iudicis, vale dizer, é o juiz que, de forma prudente e
fundamentada, aprecia os aspectos de 9) Não é abusiva a cláusula de cobrança de juros

verossimilhança das alegações do consumidor ou de compensatórios incidentes em período anterior à

sua hipossuficiência. entrega das chaves nos contratos de compromisso


de compra e venda de imóveis em construção sob o
3) A estipulação de juros remuneratórios superiores
regime de incorporação imobiliária.
a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade.
(SÚMULA 382/STJ) 10) Considera-se consumidor por equiparação
(bystander), nos termos do art. 17 do CDC, o
4) A vedação à denunciação da lide prevista no
terceiro estranho à relação consumerista que
art. 88 do CDC não se restringe à
experimenta prejuízos decorrentes do produto ou
responsabilidade de comerciante por fato do
serviço vinculado à mencionada relação , bem
produto (art. 13 do CDC), sendo aplicável também
como, a teor do art. 29, as pessoas determináveis
nas demais hipóteses de responsabilidade civil
ou não expostas às práticas previstas nos arts. 30
por acidentes de consumo (arts. 12 e 14 do CDC).
a 54 do referido código.

24
12) É descabida a aplicação do Código de Defesa do 10) Da anotação irregular em cadastro de proteção
Consumidor alheia às normas específicas inerentes à ao crédito, não cabe indenização por dano moral,
relação contratual de previdência privada quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o
complementar e à modalidade contratual da direito ao cancelamento. (Recurso Repetitivo - Tema
transação, negócio jurídico disciplinado pelo Código 41) (Súmula n. 385/STJ)
Civil, inclusive no tocante à disciplina peculiar para o Admite-se a flexibilização da orientação contida na
seu desfazimento. súmula 385/STJ para reconhecer o dano moral
decorrente da inscrição indevida do nome do
EDIÇÃO N. 42: DIREITO DO CONSUMIDOR II
consumidor em cadastro restritivo, ainda que não
1) Na avaliação do risco de crédito, devem ser tenha havido o trânsito em julgado das outras
respeitados os limites estabelecidos pelo sistema de demandas em que se apontava a irregularidade das
proteção do consumidor no sentido da tutela da anotações preexistentes, desde que haja nos autos
privacidade e da máxima transparência nas relações elementos aptos a demonstrar a verossimilhança das
negociais, conforme previsão do CDC e da Lei n. alegações. STJ. 3ª Turma. REsp 1.704.002-SP, Rel. Min.
12.414/2011. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do Nancy Andrighi, julgado em 11/02/2020 (Info 665).
CPC TEMA 710)
11) A agência de turismo que comercializa pacotes
3) A instituição de ensino superior responde de viagens responde solidariamente, nos termos
objetivamente pelos danos causados ao aluno em do art. 14 do CDC, pelos defeitos na prestação dos
decorrência da falta de reconhecimento do curso serviços que integram o pacote.
pelo MEC.
12) O INÍCIO DA CONTAGEM do prazo de
5) É cabível indenização por dano moral quando o decadência para a reclamação de vícios do
consumidor de veículo zero-quilômetro necessita produto (art. 26 do CDC) se dá APÓS O
retornar à concessionária por diversas vezes para ENCERRAMENTO DA GARANTIA CONTRATUAL.
reparo de defeitos apresentados no veículo.
14) O roubo no interior de estacionamento de
6) A constatação de defeito em veículo veículos, pelo qual seja direta ou indiretamente
zero-quilômetro revela hipótese de vício do produto responsável a instituição financeira, não caracteriza
e impõe a responsabilização solidária da caso fortuito ou motivo de força maior capaz de
concessionária e do fabricante. desonerá-la da responsabilidade pelos danos

7) As bandeiras ou marcas de cartão de crédito suportados por seu cliente vitimado, existindo

respondem solidariamente com os bancos e as solidariedade se o estacionamento for explorado por

administradoras de cartão de crédito pelos danos terceiro.

decorrentes da má prestação de serviços. EDIÇÃO N. 74: DIREITO DO CONSUMIDOR III

9) A ausência de prévia comunicação ao 1) A relação entre concessionária de serviço


consumidor da inscrição do seu nome em público e o usuário final para o fornecimento de
cadastros de proteção ao crédito, prevista no art. serviços públicos essenciais é consumerista,
43, § 2º, do CDC, enseja o direito à compensação sendo cabível a aplicação do Código de Defesa do
por danos morais. (Tese julgada sob o rito do art. Consumidor.
543-C do CPC - TEMA 40)
2) As empresas públicas, as concessionárias e as
permissionárias prestadoras de serviços públicos
respondem objetivamente pelos danos causados a

25
terceiros, nos termos do art. 37, §6º da Constituição concomitante de outro produto ou serviço de
Federal e dos art. 14 e 22 do Código de Defesa do natureza distinta e comercializado em separado,
Consumidor. hipótese em que se configura a venda casada.

3) É obrigatória a restituição em dobro da 10) O Ministério Público é parte legítima para


cobrança indevida de tarifa de água, esgoto, atuar em defesa dos direitos difusos, coletivos e
energia ou telefonia, salvo na hipótese de erro individuais homogêneos dos consumidores.
justificável (art. 42, parágrafo único, do CDC), que
11) O Ministério Público tem legitimidade para
não decorra da existência de dolo, culpa ou
ajuizar ação civil pública visando tutelar direitos
má-fé.
dos consumidores relativos aos serviços públicos.
A restituição em dobro do indébito (parágrafo único
do artigo 42 do CDC) independe da natureza do 12) As normas do Código de Defesa do Consumidor

elemento volitivo do fornecedor que cobrou valor são aplicáveis aos contratos do Sistema Financeiro

indevido, revelando-se cabível quando a cobrança de Habitação - SFH, desde que não vinculados ao

indevida consubstanciar conduta contrária à boa-fé Fundo de Compensação de Variações Salariais -

objetiva. STJ. Corte Especial. EAREsp 676608/RS, Rel. FCVS e posteriores à entrada em vigor da Lei

Min. Og Fernandes, julgado em 21/10/2020. 8.078/90.

5) É objetiva a responsabilidade civil das instituições 13) O Código de Defesa do Consumidor não é

financeiras pelos crimes ocorridos no interior do aplicável aos contratos locatícios regidos pela Lei

estabelecimento bancário por se tratar de risco n. 8.245/91.

inerente à atividade econômica (art. 14 do CDC). 14) Não incide o Código de Defesa do Consumidor

6) É admitida a revisão das taxas de juros nas relações jurídicas estabelecidas entre

remuneratórios em situações excepcionais, desde condomínio e condôminos.

que caracterizada a relação de consumo e que a 15) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às
abusividade (capaz de colocar o consumidor em entidades abertas de previdência complementar,
desvantagem exagerada - art. 51, §1 º, do CDC) fique não incidindo nos contratos previdenciários
cabalmente demonstrada, ante as peculiaridades do celebrados com entidades fechadas. (Súmula n.
julgamento em concreto. (Tese julgada sob o rito do 563/STJ)
art. 543-C do CPC/73 - Tema 27)
17) O Código de Defesa do Consumidor não se aplica
7) Não existindo anotação irregular nos órgãos de ao contrato de plano de saúde administrado por
proteção ao crédito, a mera cobrança indevida de entidade de autogestão, por inexistir relação de
serviços ao consumidor não gera danos morais consumo.
presumidos.
18) É solidária a responsabilidade entre aqueles que
8) A ação de indenização por danos morais veiculam publicidade enganosa e os que dela se
decorrente da inscrição indevida em cadastro de aproveitam na comercialização de seu produto ou
inadimplentes não se sujeita ao prazo quinquenal serviço.
do art. 27 do CDC, mas ao prazo de 3 anos,
19) A diferenciação de preços para o pagamento em
conforme previsto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002.
dinheiro, cheque ou cartão de crédito caracteriza
9) Considera-se abusiva a prática de limitar a prática abusiva no mercado de consumo – A Lei nº
liberdade de escolha do consumidor vinculando a 13.455/17 passou a admitir a diferenciação: Art. 1o
compra de produto ou serviço à aquisição Fica autorizada a diferenciação de preços de bens e

26
serviços oferecidos ao público em função do prazo 5) A pretensão indenizatória do consumidor de
ou do instrumento de pagamento utilizado. receber ressarcimento por prejuízos decorrentes de
Parágrafo único. É nula a cláusula contratual, vício no imóvel se submente ao prazo prescricional
estabelecida no âmbito de arranjos de pagamento previsto no art. 205 do Código Civil.
ou de outros acordos para prestação de serviço de O prazo decadencial previsto no art. 26 do CDC
pagamento, que proíba ou restrinja a relaciona-se ao período de que dispõe o consumidor
diferenciação de preços facultada no caput deste para exigir em juízo alguma das alternativas que lhe
artigo. são conferidas pelos arts. 18, § 1º, e 20, caput, do
mesmo diploma legal (a saber, a substituição do
EDIÇÃO N. 160: DIREITO DO CONSUMIDOR - IV
produto, a restituição da quantia paga, o abatimento
1) Na ação consumerista, o Ministério Público faz jus proporcional do preço e a reexecução do serviço),
à inversão do ônus da prova, independentemente não se confundindo com o prazo prescricional a que
daqueles que figurem como autores ou réus da se sujeita o consumidor para pleitear indenização
demanda. decorrente da má-execução do contrato. STJ. 3ª

2) A ausência de comunicação acerca da Turma. REsp 1819058/SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,

disponibilização/comercialização de informações julgado em 03/12/2019.

pessoais do consumidor em bancos de dados 6) O serviço prestado por laboratórios na realização


configura dano moral presumido (in re ipsa). de exames médicos em geral, a exemplo do teste
Configura dano moral in re ipsa a ausência de genético para fins de investigação de paternidade e
comunicação acerca da do HIV, está sujeito às disposições do Código de
disponibilização/comercialização de informações Defesa do Consumidor.
pessoais em bancos de dados do consumidor. STJ. 3ª Os serviços prestados por clínicas e laboratórios na
Turma. REsp 1.758.799-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, realização de exames médicos em geral podem ser
julgado em 12/11/2019 (Info 660). considerados como relação de consumo, nos termos

3) O clube de turismo e a rede conveniada de hotéis do art. 14 do CDC, devendo o prestador do serviço

são responsáveis solidariamente pelo padrão de responder de forma objetiva, independente de culpa,

atendimento e pela qualidade dos serviços bastando que esteja presente o nexo causal entre a

prestados, em razão da indissociabilidade entre as conduta e o resultado. STJ. 4ª Turma. AgInt no REsp

obrigações de fazer assumidas pela empresa e pelo 1830752/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado

hotel credenciado (art. 34 do CDC). em 29/06/2020.

4) É possível a flexibilização da orientação contida 7) A operadora do plano de saúde, na condição de

na Súmula n. 385/STJ, para reconhecer dano moral fornecedora de serviço, responde solidariamente

decorrente de inscrição indevida do nome do perante o consumidor pelos defeitos em sua

consumidor em cadastro restritivo de crédito, prestação, seja quando os fornece por meio de

quando existentes nos autos elementos aptos a hospital próprio e médicos contratados ou por meio

demonstrar a ilegitimidade da preexistente de médicos e hospitais credenciados.

anotação. A demora para a autorização da cirurgia indicada


como urgente pela equipe médica do hospital
próprio ou credenciado, sem justificativa plausível,
caracteriza defeito na prestação do serviço da
operadora do plano de saúde, resultando na sua
responsabilização. STJ. 4ª Turma. AgInt no AREsp

27
1.414.776-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em desacordo com a avença ou fora das especificações
11/02/2020 (Info 666). técnicas –, conferem condição especial à
Administração, dispensando-se o uso do CDC, na
8) O Código de Defesa do Consumidor - CDC, em
maior parte dos casos.
regra, é inaplicável aos contratos
5) a legislação especial relativa à contratação de
administrativos, tendo em vista as prerrogativas já
bens, obras e serviços públicos não confere proteção
asseguradas pela lei à administração pública.
direta à Administração Pública na posição de
9) Em situações excepcionais, a administração consumidora final ou usuária de serviços, sendo que
pública pode ser considerada consumidora de a própria Lei de Licitações e Contratos prevê a
serviços (art. 2º do CDC) por ser possível aplicação supletiva das normas de direito privado.
reconhecer sua vulnerabilidade, mesmo em 6) a Administração Pública celebra contratos
relações contratuais regidas, preponderantemente, regulados predominantemente por regras de direito
por normas de direito público, e por se aplicarem privado, nos termos do art. 62, § 3º, da Lei 8.666/93,
aos contratos administrativos, de forma supletiva, as como os de locação, seguro e mesmo os bancários.
normas de direito privado (art. 54 da Lei n. Caso concreto: ação de cobrança ajuizada pelo
8.666/1993). Distrito Federal contra o Banco devido a
O STJ admite excepcionalmente, que a Administração transferência bancária feita pela instituição
Pública possa ser considerada consumidor de financeira em favor de pessoa diversa da que deveria
serviços. Argumentos: ser beneficiada.
1) art. 2º do CDC não restringiu seu conceito à pessoa STJ. 2ª Turma. REsp 1772730/DF, Rel. Min. Herman
jurídica de direito privado; Benjamin, julgado em 26/05/2020.
2) as normas de direito privado podem ser aplicadas,
10) O Código de Defesa do Consumidor é inaplicável
supletivamente, aos contratos administrativos,
a contrato acessório de contrato administrativo,
conforme prevê o art. 54 da Lei nº 8.666/93.
pois não se origina de uma relação de consumo.
Ademais, mesmo em relações contratuais regidas
por normas de direito público preponderantemente, EDIÇÃO N. 161: DIREITO DO CONSUMIDOR - V
é possível que haja vulnerabilidade da
1) Nos contratos bancários posteriores ao início da
Administração.
vigência da Resolução-CMN n. 3. 518/2007, em
3) apesar de a Administração Pública poder definir o
30/4/2008, pode ser cobrada a tarifa de cadastro no
objeto da licitação (bens, serviços e obras), o fato é
início do relacionamento entre o consumidor e a
que serão contratados os disponíveis no mercado,
instituição financeira. (Súmula n. 566/STJ)
segundo as regras nele praticadas, de modo que o
Súmula 565-STJ: A pactuação das tarifas de abertura
Estado não necessariamente estará em posição
de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou
privilegiada ou diferente dos demais consumidores,
outra denominação para o mesmo fato gerador, é
podendo, eventualmente, existir vulnerabilidade
válida apenas nos contratos bancários anteriores ao
técnica, científica ou econômica, por exemplo.
início da vigência da Resolução-CMN n. 3.518/2007,
4) a existência das cláusulas exorbitantes que
em 30/4/2008.
permitem a modificação das cláusulas contratuais e
a revisão diante de fatos supervenientes, além das 2) É abusiva a cláusula contratual que restringe a

prerrogativas decorrentes do regime jurídico de responsabilidade de instituição financeira pelos

direito público – como a possibilidade de aplicar danos decorrentes de roubo, furto ou extravio de

sanções, fiscalizar e rescindir unilateralmente o bem entregue em garantia no âmbito de contrato de

contrato e recusar o bem ou serviço executado em penhor civil. (Súmula n. 638/STJ)

28
3) Aplica-se o prazo prescricional do art. 27 do CDC 1) É suficiente para a aplicação da teoria menor
às ações de repetição de indébito por descontos da desconsideração da personalidade jurídica (art.
indevidos decorrentes de defeito na prestação do 28, § 5º, do CDC) a existência de obstáculo ao
serviço bancário. ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores.
4) Nas ações de repetição de indébito por defeito do
serviço bancário (art. 27 do CDC), o termo inicial da 2) A desconsideração da personalidade jurídica de
contagem do prazo prescricional é a data em que sociedade cooperativa, com fundamento no art. 28,
ocorreu a lesão ou pagamento. § 5º, do CDC (teoria menor), não pode atingir o
patrimônio pessoal de membros do Conselho
5) Não há relação de consumo entre a instituição
Fiscal sem que haja a mínima presença de
financeira e a pessoa jurídica que busca
indícios de que estes contribuíram, ao menos
financiamento bancário ou aplicação financeira
culposamente, e com desvio de função, para a
para ampliar o capital giro ou fomentar atividade
prática de atos de administração.
produtiva.
3) Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor
6) As normas do Código de Defesa do Consumidor
aos contratos relativos a aplicações em fundos de
são aplicáveis às atividades de cooperativas que
investimento celebrados entre instituições
são equiparadas àquelas típicas de instituições
financeiras e seus clientes.
financeiras.
4) É ilícito o investimento de risco realizado pela
7) A ocorrência de fortuito externo afasta
instituição financeira sem autorização expressa do
responsabilidade civil objetiva das instituições
correntista, nos termos dos arts. 6º, III, e 39, III e VI,
financeiras, por não caracterizar vício na prestação
ambos do Código de Defesa do Consumidor, sendo
do serviço.
cabível a indenização por danos materiais e
8) As instituições financeiras são responsáveis por morais decorrentes da operação realizada.
reparar os danos sofridos pelo consumidor que
5) A instituição financeira responde por vício na
tenha o cartão de crédito roubado, furtado ou
qualidade do produto ao emitir comprovantes de
extraviado e que venha a ser utilizado
suas operações por meio de papel termossensível
indevidamente, ressalvada as hipóteses de culpa
(papel térmico).
exclusiva do consumidor ou de terceiros.
6) É abusiva e ilegal cláusula prevista em contrato
9) As entidades bancárias são responsáveis pelos
de prestação de serviços de cartão de crédito que
prejuízos resultantes de investimentos malsucedidos
autoriza o banco contratante a compartilhar
quando houver defeito na prestação do serviço de
dados dos consumidores com outras entidades
informação/conscientização dos riscos envolvidos na
financeiras ou mantenedoras de cadastros
operação.
positivos e negativos de consumidores, sem que
10) As regras do CDC não se aplicam aos contratos haja opção de discordar daquele
firmados no âmbito do Programa de compartilhamento, por desrespeitar os princípios da
Financiamento Estudantil - FIES, pois não se trata transparência e da confiança.
de serviço bancário, mas de programa
7) A responsabilidade da instituição financeira deve
governamental custeado pela União.
ser afastada quando o evento danoso decorre de
EDIÇÃO N. 162: DIREITO DO CONSUMIDOR – VI transações realizadas com a apresentação física

29
do cartão original e mediante uso de senha vendedor/construtor, ou parcialmente, caso
pessoal do correntista. tenha sido o comprador quem deu causa ao
desfazimento. (Súmula n. 543/STJ)
8) Nos contratos de locação de cofre particular, não
1) O desfazimento do contrato ocorreu por culpa
se revela abusiva a cláusula limitativa de valores
exclusiva do promitente vendedor: as parcelas pagas
e de objetos a serem armazenados, sobre os quais
deverão ser INTEGRALMENTE devolvidas.
recairá a obrigação de guarda e de proteção do
2) O desfazimento do contrato ocorreu por culpa
banco locador.
exclusiva do consumidor: as parcelas pagas deverão
9) O banco não é responsável por fraude em ser PARCIALMENTE devolvidas.
compra on-line paga via boleto de produto não Em caso de resolução do contrato, em quanto tempo a
recebido, uma vez que a instituição financeira não incorporadora deverá promover devolução dos valores
pertence à cadeia de fornecimento nem ao adquirente?
apresentou falha em sua prestação de serviço. - Posição do STJ: imediatamente. Súmula 543-STJ: Na

10) A legislação consumerista impede a adoção hipótese de resolução de contrato de promessa de

prévia e compulsória da arbitragem no momento compra e venda de imóvel submetido ao Código de

da celebração do contrato, mas não proíbe que, Defesa do Consumidor, deve ocorrer a imediata

posteriormente, em face de eventual litígio, restituição das parcelas pagas pelo promitente

havendo consenso entre as partes, seja instaurado o comprador - integralmente, em caso de culpa

procedimento arbitral. exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou


parcialmente, caso tenha sido o comprador quem
11) É lícita a estipulação de cláusula de fidelização
deu causa ao desfazimento.
em contrato de serviços de telecomunicação,
- Lei nº 13.786/2018:
considerando-se os benefícios concedidos pelas
• Quando a incorporação estiver submetida ao
operadoras aos assinantes, assim como a
regime do patrimônio de afetação: o incorporador
necessidade de garantir um retorno mínimo do
restituirá os valores pagos pelo adquirente no prazo
investimento realizado pela empresa.
máximo de 30 dias após o habite-se ou documento
12) O Código de Defesa do Consumidor não se aplica equivalente expedido pelo órgão público municipal
à relação jurídica instaurada entre postos de competente.
combustível e distribuidores, pois aqueles não se • Caso a incorporação não esteja submetida ao
enquadram no conceito de consumidor final, regime do patrimônio de afetação: o pagamento será
estabelecido no art. 2º da referida lei. realizado em parcela única, após o prazo de 180 dias,
contado da data do desfazimento do contrato.
EDIÇÃO N. 163: DIREITO DO CONSUMIDOR - VII
3) É válida a cláusula contratual que transfere ao
1) O Código de Defesa do Consumidor é aplicável
promitente-comprador a obrigação de pagar a
aos empreendimentos habitacionais promovidos
comissão de corretagem nos contratos de
pelas sociedades cooperativas. (Súmula n. 602/STJ).
promessa de compra e venda de unidade autônoma
2) Na hipótese de resolução de contrato de em regime de incorporação imobiliária, desde que
promessa de compra e venda de imóvel submetido previamente informado o preço total da aquisição da
ao Código de Defesa do Consumidor, deve ocorrer a unidade autônoma, com o destaque do valor da
imediata restituição das parcelas pagas pelo comissão de corretagem. (Tese julgada sob o rito do
promitente comprador - integralmente, em caso art. 1036 do CPC/2015 - TEMA 938 (ii)
de culpa exclusiva do promitente

30
4) Não é abusiva a cláusula de tolerância nos EDIÇÃO N. 164: DIREITO DO CONSUMIDOR - VIII
contratos de promessa de compra e venda de imóvel
1) As agências de turismo não respondem
em construção que prevê prorrogação do prazo
solidariamente pela má prestação do serviço de
inicial para a entrega da obra pelo lapso máximo
transporte aéreo na hipótese de compra e venda de
de 180 dias, desde que observado o direito de
passagens sem a comercialização de pacotes de
informação ao consumidor.
viagens.
5) A recusa de cobertura securitária, sob a alegação Agência de turismo vendeu o pacote de viagens:
de doença preexistente, é ilícita se não houve a possui responsabilidade solidária
exigência de exames médicos prévios à Agência de turismo foi mera intermediária da
contratação ou a demonstração de má-fé do compra de passagem aérea: não possui
segurado. (Sumula n. 609/STJ) responsabilidade solidária

6) A cláusula contratual de plano de saúde que prevê 2) Configura defeito do serviço, a ausência de
carência para utilização dos serviços de assistência informação adequada e clara pelas empresas
médica nas situações de emergência ou de urgência aéreas e agências de viagem aos consumidores,
é considerada abusiva se ultrapassado o prazo quanto à necessidade de obtenção de visto
máximo de 24 horas contado da data da (consular ou trânsito) ou de compra de passagem
contratação. (Súmula n. 597/STJ) aérea de retorno ao país de origem para a
utilização do serviço contratado.
7) É abusiva a negativa de cobertura para
tratamento de emergência ou urgência do 3) A ausência de condições dignas de
segurado mesmo sob o argumento de necessidade acessibilidade de pessoa com deficiência ao
de cumprimento do período de carência, sendo interior da aeronave configura má prestação do
devida a reparação por danos morais. serviço e enseja a responsabilidade da empresa
aérea pela reparação dos danos causados (art. 14
8) Na ausência de previsão contratual expressa,
da Lei n. 8.078/1990).
impõe-se o afastamento do dever de custeio da
fertilização in vitro pela operadora do plano de 4) O atraso ou cancelamento de voo pela
saúde, por não se tratar de hipótese de cobertura companhia aérea NÃO CONFIGURA DANO MORAL
obrigatória. PRESUMIDO (IN RE IPSA), sendo necessária a
demonstração, por parte do passageiro, da
9) A ausência de informação qualificada quanto aos
ocorrência de lesão extrapatrimonial.
possíveis efeitos colaterais e reações adversas de
medicação configura defeito do produto, conforme 5) É abusiva a prática comercial consistente no
disposto no art. 12, § 1º, II, do CDC, ocasionando cancelamento unilateral e automático de um dos
responsabilidade objetiva do fabricante/fornecedor trechos da passagem aérea, em virtude da não
apresentação do passageiro para embarque no
10) Não se aplica o Código de Defesa do
voo antecedente (no show), configurando dano
Consumidor - CDC aos contratos de plano de
moral.
seguro de saúde de reembolso de despesas
médico-hospitalares destinados à fruição dos 6) As indenizações por DANOS MORAIS envolvendo
empregados do empregador contratante, pois, transporte aéreo internacional de passageiros
dentro do pacote de retribuição e de benefícios não estão submetidas à tarifação prevista nas
ofertado, a relação do contratante-empregador com normas e nos tratados internacionais, devendo-se
a seguradora é comercial. observar, nesses casos, a efetiva reparação do

31
consumidor preceituada pelo Código de Defesa do falha na prestação do serviço e o princípio da
Consumidor – CDC. vinculação da oferta.
A indenização decorrente de extravio de bagagem e
3) A ausência de informação relativa ao preço, por si
de atraso de voo internacional está submetida à
só, não caracteriza publicidade enganosa.
tarifação prevista na Convenção de Montreal?
• Em caso de danos MATERIAIS: SIM. 4) É possível o redirecionamento da condenação de

• Em caso de danos MORAIS: NÃO. veicular contrapropaganda imposta a posto de


gasolina matriz à sua filial, respondendo esta pela
7) As normas e os tratados internacionais
prática de propaganda enganosa ou abusiva ao
limitadores da responsabilidade das transportadoras
consumidor (art. 60 da Lei n. 8.078/1990).
aéreas de passageiros prevalecem sobre o Código
de Defesa do Consumidor nas hipóteses de 5) É abusiva a publicidade de alimentos

INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. direcionada, de forma explícita ou implícita, ao


público infantil.
8) Não é abusiva a cobrança de uma diária
completa de 24 horas em hotéis, pois os serviços 6) Constitui prática comercial abusiva e

de limpeza e organização do espaço de repouso propaganda enganosa o lançamento de dois

estão abrangidos pelo contrato de hospedagem, modelos diferentes para o mesmo automóvel, no

razão pela qual a garantia de acesso aos quartos mesmo ano, ambos anunciados como novo modelo

pelo período integral da diária não é razoável nem para o próximo ano.

proporcional. 7) Inexiste a obrigação legal de se inserir nos

9) O provedor de buscas de produtos voltado ao rótulos dos vinhos informações acerca da

comércio eletrônico que não realiza qualquer quantidade de sódio ou de calorias (valor

intermediação entre consumidor e vendedor não energético) presente no produto.

pode ser responsabilizado por vício de mercadoria 8) A inserção de cartões informativos, inserts ou
ou inadimplemento contratual. onserts, no interior das embalagens de cigarros não

10) É válida a intermediação, pela internet, da constitui prática de publicidade abusiva apta a

venda de ingressos para eventos culturais e de caracterizar dano moral coletivo, por não

entretenimento mediante cobrança de "taxa de transmitir nenhum elemento de persuasão ao

conveniência", desde que o consumidor seja consumidor.

previamente informado do preço total da 9) Configura dano moral coletivo in re ipsa a


aquisição do ingresso, com o destaque do valor da exploração de jogos de azar, por constituir atividade
referida taxa. ilegal da qual resultam relações de consumo que

EDIÇÃO N. 165: DIREITO DO CONSUMIDOR - IX transcendem os interesses individuais dos


frequentadores das casas de jogo.
1) A condenação por danos a mercadoria ou carga
em transporte aéreo internacional está sujeita 10) É abusiva, por falha no dever geral de

aos limites previstos nas convenções e tratados informação ao consumidor (art. 6º, III, do CDC),

internacionais, sendo inaplicável o Código de cláusula de contrato de seguro limitativa da

Defesa do Consumidor – CDC. cobertura apenas a furto qualificado que deixa


de esclarecer o significado e o alcance do termo
2) A depender do caso, o erro grosseiro de
técnico-jurídico específico e a situação referente
carregamento no sistema de preços e a rápida
ao furto simples.
comunicação ao consumidor podem afastar a

32
11) Em ação redibitória, o consumidor que teve julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Tema
restituição do valor pago pelo fornecedor deve 922)
devolver o bem considerado inadequado ao uso.
10) É cabível a aplicação de multa diária como
12) O estabelecimento comercial responde pela meio coercitivo para o cumprimento de decisão
reparação de danos sofridos pelo consumidor judicial que determina a exclusão ou impede a
vítima de crime ocorrido no drive-thru. inscrição do nome do devedor em cadastro de
restrição de crédito.
13) Nos contratos de telecomunicação com previsão
de permanência mínima, é abusiva a cobrança 11) Diante da presunção legal de veracidade e
integral da multa rescisória de fidelização, que publicidade inerente aos registros do cartório de
deve ser calculada de forma proporcional ao período distribuição judicial e cartório de protesto, a
de carência remanescente. reprodução objetiva, fiel, atualizada e clara
desses dados na base de órgão de proteção ao
EDIÇÃO N. 59: CADASTRO DE INADIMPLENTES
crédito - ainda que sem a ciência do consumidor-,
1) A inscrição indevida em cadastro de não tem o condão de ensejar obrigação de
inadimplentes configura dano moral in re ipsa. reparação de danos. (Tese julgada sob o rito do art.

2) É possível que o magistrado, no âmbito da 543-C do CPC/73 - Temas 793 e 806)

execução de alimentos, adote as medidas 12) A abstenção da inscrição/manutenção em


executivas do protesto e da inscrição do nome do cadastro de inadimplentes, requerida em
devedor nos cadastros de restrição ao crédito, antecipação de tutela e/ou medida cautelar,
caso se revelem eficazes para o pagamento da somente será deferida se, cumulativamente: a) a
dívida. ação for fundada em questionamento integral ou

5) Os órgãos mantenedores de cadastros parcial do débito; b) houver demonstração de que

possuem legitimidade passiva para as ações que a cobrança indevida se funda na aparência do

buscam a reparação dos danos morais e bom direito e em jurisprudência consolidada do

materiais decorrentes da inscrição, sem prévia STF ou STJ; c) houver depósito da parcela

notificação, do nome de devedor em seus incontroversa ou for prestada a caução fixada

cadastros restritivos, inclusive quando os dados conforme o prudente arbítrio do juiz. (Tese julgada

utilizados para a negativação são oriundos do CCF sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Temas 31 a 34)

do Banco Central ou de outros cadastros 14) A inscrição do nome do devedor nos cadastros
mantidos por entidades diversas. (Tese julgada de inadimplência é ilícita quando
sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Temas 37 e 38) descaracterizada a mora em razão de

6) Somente após a concessão da recuperação abusividades na cobrança dos encargos

judicial, com a homologação do plano e a novação contratuais no período de normalidade. (Tese

dos créditos, é possível promover a retirada do julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 - Temas 31

nome da recuperanda dos cadastros de e 32)

inadimplentes. 15) Os débitos de natureza tributária, inscritos

8) O entendimento da Súmula n. 385/STJ é em dívida ativa, podem ser inseridos nos

aplicável às ações opostas em face do suposto cadastros de proteção ao crédito,

credor que efetivou a inscrição irregular. (Tese independentemente de sua cobrança mediante
execução fiscal.

33
16) O Sistema de Informações de Crédito do Banco a) medidas para a prestação adequada da defesa

Central - Sisbacen possui natureza semelhante aos dos interesses e direitos do consumidor, da livre

cadastros de inadimplentes, tendo suas informações iniciativa e do aprimoramento e da harmonização das

potencialidade de restringir a concessão de crédito relações de consumo;

ao consumidor. b) adequação das políticas públicas de defesa do


consumidor às práticas defendidas por organismos
17) A data em que o consumidor tem ciência do
internacionais, tais como a Organização para
registro indevido de seu nome nos cadastros de
Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE e a
inadimplentes é o termo inicial da prescrição
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
para o ajuizamento da demanda indenizatória.
Desenvolvimento;
18) A ação de indenização por danos morais c) medidas para coibir fraudes e abusos contra o
decorrente da inscrição indevida em cadastro de consumidor;
inadimplentes não se sujeita ao prazo quinquenal d) aperfeiçoamento, consolidação e revogação de atos
do art. 27 do CDC, mas ao prazo de 3 anos normativos relativos às relações de consumo; e
previsto no art. 206, § 3º, V, do CC/2002. e) interpretações da legislação consumerista que
garantam segurança jurídica e previsibilidade,
19) Não existindo anotação irregular nos órgãos de
destinadas a orientar, em caráter não vinculante, os
proteção ao crédito, a mera cobrança indevida de
diversos órgãos de defesa do consumidor em âmbito
serviços ao consumidor não gera danos morais
federal, estadual, distrital e municipal;
presumidos.
II - promover programas de apoio aos consumidores
menos favorecidos;
III - propor medidas de educação do consumidor
DECRETO 10741/20 - CONSELHO sobre seus direitos e suas obrigações decorrentes da
legislação consumerista;
NACIONAL DE DEFESA DO IV - opinar:
a) nos conflitos de competência decorrentes da
CONSUMIDOR instauração de mais de um processo
administrativo por pessoas jurídicas de direito
Art. 1º Fica instituído o Conselho Nacional de Defesa público distintas, para apuração de infração
do Consumidor, com a finalidade de assessorar o decorrente de fato imputado ao mesmo
Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública na fornecedor, de acordo com o disposto no parágrafo
formulação e na condução da Política Nacional de único do art. 5º do Decreto nº 2.181, de 20 de março
Defesa do Consumidor, e, ainda, formular e propor de 1997; e
recomendações aos órgãos integrantes do Sistema b) nas medidas de avocação de processos
Nacional de Defesa do Consumidor para adequação administrativos em trâmite em mais de um
das políticas públicas de defesa do consumidor. Estado, que envolvam interesses difusos ou
coletivos, de acordo com o disposto no art. 16 do
Decreto nº 2.181, de 1997;
Art. 2º Ao Conselho Nacional de Defesa do V - requerer a qualquer órgão público a colaboração e
Consumidor compete: a observância às normas que, direta ou indiretamente,
I - propor aos órgãos integrantes do Sistema promovam a livre iniciativa; e
Nacional de Defesa do Consumidor: VI - sugerir e incentivar a adoção de mecanismos de
negociação, de mediação e de arbitragem para

34
pequenos litígios referentes às relações de consumo § 2º O membro de que trata o inciso II do caput e
ou para convenção coletiva de consumo. respectivo suplente será indicado pelo Ministro de
Estado da Economia.
§ 3º Os membros de que tratam os incisos III ao V do
Art. 3º O Conselho Nacional de Defesa do Consumidor caput e respectivos suplentes serão indicados pela
é composto (15 membros): autoridade máxima das entidades que representam.
I - pelo Secretário Nacional do Consumidor do § 4º Os membros de que tratam os incisos VI ao X do
Ministério da Justiça e Segurança Pública, que o caput e respectivos suplentes serão indicados pelo
presidirá; Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública,
II - por 1 representante indicado pelo Ministério da após chamamento público, conforme normas
Economia; definidas em ato do Ministro de Estado da Justiça e
III - por 1 representante indicado pelo Conselho Segurança Pública, e terão mandato de 2 anos,
Administrativo de Defesa Econômica - Cade; permitida uma recondução.
IV - por 1 representante indicado pelo Banco Central § 5º Na ausência do Presidente, as reuniões do
do Brasil; Conselho Nacional de Defesa do Consumidor serão
V - por 4 representantes de agências reguladoras, dos presididas por seu substituto no cargo.
quais:
a) 1 indicado pela Agência Nacional de Aviação Civil;
b) 1 indicado pela Agência Nacional de Art. 4º O quórum de reunião do Conselho Nacional
Telecomunicações; de Defesa do Consumidor será de 2/3 dos membros
c) 1 indicado pela Agência Nacional de Energia Elétrica; e o quórum de aprovação será de maioria simples
e dos membros.
d) 1 indicado pela Agência Nacional de Petróleo; Parágrafo único. Além do voto ordinário, o
VI - por 3 representantes de entidades públicas Presidente do Conselho Nacional de Defesa do
estaduais ou distritais destinadas à defesa do Consumidor terá o voto de qualidade em caso de
consumidor de três regiões diferentes do País; empate.
VII - por 1 representante de entidades públicas
municipais destinadas à defesa do consumidor;
VIII - por 1 representante de associações destinadas à Art. 5º O Conselho Nacional de Defesa do Consumidor
defesa do consumidor com conhecimento e se reunirá em caráter ordinário, no mínimo, 4
capacidade técnica para realizar análises de impacto vezes ao ano, na cidade de Brasília, Distrito Federal, e
regulatório; em caráter extraordinário a pedido de seu
IX - por 1 representante dos fornecedores com Presidente ou por solicitação de, no mínimo, 1/4 de
conhecimento e capacidade técnica para realizar seus membros.
análises de impacto regulatório; e
X - por 1 jurista de notório saber e reconhecida
atuação em direito econômico, do consumidor ou de Art. 6º Serão convidados a compor o Conselho
regulação. Nacional de Defesa do Consumidor, sem direito a
§ 1º Cada membro do Conselho Nacional de Defesa voto:
do Consumidor terá um suplente, que o substituirá I - um membro de Ministério Público Estadual,
em suas ausências e impedimentos. indicado pelo Conselho Nacional de
Procuradores-Gerais;

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II - um membro do Ministério Público Federal,
indicado pelo Procurador-Geral da República; e Art. 12. É vedado aos membros a divulgação de
III - um membro da Defensoria Pública, indicado discussões em curso no Conselho Nacional de Defesa
pelo Colégio Nacional dos Defensores Públicos Gerais. do Consumidor sem a prévia anuência de seu
Presidente.

Art. 7º O Conselho Nacional de Defesa do Consumidor


poderá convidar autoridades, técnicos e Art. 13. A participação no Conselho Nacional de
representantes de órgãos públicos ou privados para Defesa do Consumidor e nas comissões especiais será
prestar esclarecimentos, informações e participar de considerada prestação de serviço público relevante,
suas reuniões, sem direito a voto. não remunerada.

Art. 8º A Secretaria Nacional do Consumidor do Art. 14. O Decreto nº 2.181, de 1997, passa a vigorar
Ministério da Justiça e Segurança Pública exercerá a com as seguintes alterações:
função de Secretaria-Executiva do Conselho Nacional “Art. 5º
de Defesa do Consumidor. .................................................................................................
......
Parágrafo único. Se instaurado mais de um processo
Art. 9º O Conselho Nacional de Defesa do Consumidor administrativo por pessoas jurídicas de direito público
poderá instituir comissões especiais com a finalidade distintas, para apuração de infração decorrente de um
de realizar tarefas e estudos específicos destinados à mesmo fato imputado ao mesmo fornecedor,
defesa do consumidor na ordem econômica eventual conflito de competência será dirimido pela
constitucional brasileira. Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da
Justiça e Segurança Pública, que poderá ouvir o
Conselho Nacional de Defesa do Consumidor,
Art. 10. As comissões especiais: considerada a competência federativa para legislar
I - serão compostas na forma de ato do Conselho sobre a respectiva atividade econômica.” (NR)
Nacional de Defesa do Consumidor; “Art. 16. Nos casos de processos administrativos em
II - não poderão ter mais de 7 membros; trâmite em mais de um Estado, que envolvam
III - terão caráter temporário e duração não superior interesses difusos ou coletivos, a Secretaria Nacional
a 1 ano; e do Consumidor do Ministério da Justiça e Segurança
IV - estarão limitadas a 3 operando simultaneamente. Pública poderá avocá-los, ouvido o Conselho Nacional
de Defesa do Consumidor, e as autoridades máximas
dos sistemas estaduais.” (NR)
Art. 11. Os membros do Conselho Nacional de Defesa
do Consumidor e das comissões especiais que se
encontrarem no Distrito Federal se reunirão Art. 15. Ficam revogados:
presencialmente ou por videoconferência e os I - o Decreto de 28 de setembro de 1995, que cria a
membros que se encontrem em outros entes Comissão Nacional Permanente de Defesa do
federativos participarão da reunião por meio de Consumidor; e
videoconferência. II - o Decreto de 11 de janeiro de 1996, que acrescenta
inciso ao art. 2º do Decreto de 28 de setembro de

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1995, que cria a Comissão Nacional Permanente de
Defesa do Consumidor.

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