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1. CARACTERÍSTICAS DO CDC
essencial que o fornecedor exerça sua atividade de
Normas de ordem pública: a principal característica do forma habitual.
CDC é que suas normas são de ordem pública, ou
seja, são inderrogáveis pela vontade das partes, ELEMENTOS OBJETIVOS: a) Produto: qualquer
podendo o juiz conhecê-las de ofício. bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial (§ 1° do
art. 3° do CDC); b) Serviço: qualquer atividade
Abusividade de cláusulas do contrato de consumo: fornecida no mercado de consumo, mediante
como se trata de norma de ordem pública, o juiz remuneração, inclusive as de natureza bancária,
poderá conhecer de ofício a abusividade de uma financeira, de crédito e securitária, salvo as
cláusula do contrato de consumo. Entretanto, o STJ decorrentes das relações de caráter trabalhista (§ 2°
firmou posicionamento no sentido de que nos do art. 3° do CDC).
contratos bancários é vedado ao julgador conhecer, de
ofício, da abusividade das cláusulas (Súmula n. 381).

2. ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE CONSUMO

ELEMENTOS SUBJETIVOS: a) consumidor e b) Relação entre advogado e


cliente: prevalece que não
fornecedor se aplica o CDC, uma vez
que a relação é regida pelo
Conceito legal de consumidor: de acordo com o art. Estatuto da OAB.
2º, caput, do CDC, “consumidor é toda pessoa física Instituições Financeiras
(Súmula n. 297 do STJ).
ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço Relação entre condomínio e
como destinatário final”. Contratos de Plano de
condômino.
Saúde, salvo os
Teorias: a) teoria maximalista: destinatário final seria Locação de Imóveis
administrados por
o destinatário fático, bastando que a pessoa física ou Urbanos: jurisprudência
entidades de autogestão
majoritária entende que não
jurídica retire o bem do mercado para ser considerada (Súmula n. 608 do STJ).
incide o CDC porque se
consumidora; b) teoria finalista: a expressão aplica a Lei do inquilinato.
“destinatário final” se refere ao caráter econômico da Serviço Público impróprio
relação, de modo que é considerado consumidor (específicos, uti singuli): O
Relações de Emprego:
STJ entende que se aplica
apenas aquele que se vale do produto para satisfazer aplica-se a CLT.
o CDC aos serviços
interesse próprio ou de sua família, excluindo públicos impróprios, como
praticamente de seu conceito as pessoas jurídicas; c) Serviços Públicos Próprios
o serviço de esgoto e de
teoria finalista aprofundada ou mitigada: (usuários indeterminados,
energia elétrica, que são
destinatário final terá o aspecto econômico avaliado de uti universi), remunerados
remunerados por meio de
por taxa. Prevalece que não
acordo com a sua vulnerabilidade, ou seja, a relação tarifa ou preço público.
se aplica do CDC (Ex:
de consumo decorrerá essencialmente da serviço de asfaltamento).
vulnerabilidade de uma das partes e não em função da Entidades Abertas de
pessoa ser física ou jurídica. previdência Complementar
Entidades fechadas de
(Súmula n. 563 do STJ).
previdência Complementar
Consumidor por equiparação: a) art. 2º, parágrafo (Súmula n. 563 do STJ).
único, do CDC: equipara-se a consumidor a
coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, Contratos de financiamento
que haja intervindo nas relações de consumo; b) art. estudantil – FIES
17 do CDC: “equiparam- se aos consumidores todas
as vítimas do evento”; c) art. 29 do CDC: “Para os fins
deste Capítulo e do seguinte (“Das Práticas 3. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DAS
Comerciais” e “Da Proteção Contratual”), equiparam- RELAÇÕES DE CONSUMO
se aos consumidores todas as pessoas determináveis
ou não, expostas às práticas nele previstas”. Principais Princípios:

Fornecedor: conforme previsto no art. 3° do CDC, Princípio da Vulnerabilidade (art. 4°, I, do CDC): a
fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou presunção de vulnerabilidade do consumidor pessoa
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes física não depende de prova, enquanto que a do
despersonalizados, que desenvolvem atividade de consumidor pessoa jurídica deve ser comprovada no
produção, montagem, criação, construção, caso concreto, com base na teoria finalista mitigada
transformação, importação, exportação, distribuição acima estudada. O conceito de vulnerabilidade é
ou comercialização de produtos ou prestação de plurissignificativo, podendo ser: a) técnica: consumidor
serviços. Para que haja relação de consumo, é não possui conhecimento específico acerca do
produto ou serviço; b) jurídica ou cientifica: ocorre
quando consumidor não possui conhecimentos
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jurídicos, econômicos ou de contabilidade suficientes;


c) fática ou socioeconômica: quando se verifica um
grande desnível do poder econômico do fornecedor
em relação ao consumidor, como no caso das
concessionárias de energia elétrica em relação a seus
usuários; d) informacional: o consumidor não possui as É aquela discriminatória de
informações essenciais sobre o produto ou serviço, qualquer natureza, a que
seja pela omissão por parte do fornecedor, seja pela incite à violência, explore o
Veicula informação total
medo ou a superstição, se
manipulação ou o exagero das informações prestadas. ou parcialmente falsa,
aproveite da deficiência de
ou ainda quando deixa
julgamento e experiência da
Princípio da Boa-fé: possui previsão na parte final do de considerar
criança, desrespeita valores
art. 4º, III, do CDC, sendo certo que o referido informação essencial
ambientais, ou que seja capaz
do produto ou serviço (§
dispositivo se refere à boa-fé objetiva, que não se de induzir o consumidor a se
1° e § 3° do art. 37 do
confunde com a boa-fé subjetiva (relacionada à CDC.
comportar de forma prejudicial
intenção das partes). ou perigosa à sua saúde ou
segurança (§ 2° do art. 37 do
Boa-fé objetiva: padrão ético de conduta, de CDC).
observância obrigatória por todos os sujeitos
integrantes da relação de consumo. Analisa-se,
portanto, o comportamento das partes e não a V - a modificação das cláusulas contratuais que
intenção dos sujeitos. Além disso, as características estabeleçam prestações desproporcionais ou sua
inerentes à boa-fé objetiva, como honestidade, revisão em razão de fatos supervenientes que as
lealdade, sinceridade, razoabilidade, são tornem excessivamente onerosas. VI - a efetiva
considerados deveres anexos à conduta que devem prevenção e reparação de danos patrimoniais e
ser observados em todas as fases que envolvem o morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso
contrato (pré-contratual, contratual e pós-contratual). aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e
4. DIREITOS DO CONSUMIDOR morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
proteção Jurídica, administrativa e técnica aos
Conforme art. 6º do CDC, são direitos básicos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus
do consumidor: direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a
seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz,
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os for verossímil a alegação ou quando for ele
riscos provocados por práticas no fornecimento de hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
produtos e serviços considerados perigosos ou experiências;
nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo
adequado dos produtos e serviços, asseguradas a A inversão do ônus da prova não é automática, já que
liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; depende de decisão do juiz após verificar a existência
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes de verossimilhança (plausibilidade das alegações,
produtos e serviços, com especificação correta de alegações razoáveis com grande chance de serem
quantidade, características, composição, qualidade, verdadeira) OU de hipossuficiência, caracterizada pela
tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos dificuldade processual de defesa em razão de
que apresentem; circunstâncias técnicas, econômicas ou até mesmo
jurídicas (como no caso do consumidor que não teve
O art. 31 do CDC estabelece que “a oferta e acesso a documentos ou cópia do contrato).
apresentação de produtos ou serviços devem
assegurar informações corretas, claras, precisas, X - a adequada e eficaz prestação dos serviços
ostensivas e em língua portuguesa sobre suas públicos em geral.
características, qualidades, quantidade, composição,
preço, garantia, prazos de validade e origem, entre Proteção à saúde e segurança
outros dados, bem como sobre os riscos que
apresentam à saúde e segurança dos consumidores. Fornecedor é obrigado a dar
informações necessárias e
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e adequadas.
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais,
bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou Fornecedor deve informar de
impostas no fornecimento de produtos e serviços; maneira ostensiva e adequada.

Não podem ser colocados no


mercado.

Alteração Importante: a Lei nº 13.486/2017


acrescentou o § 2º ao art. 8º do CDC, exigindo como
obrigação do fornecedor “higienizar os equipamentos
e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou
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serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador


informar, de maneira ostensiva e adequada, quando não puderem ser identificados; II - o produto for
for o caso, sobre o risco de contaminação”. fornecido sem identificação clara do seu fabricante,
produtor, construtor ou importador; III - não conservar
Recall: o art. 10 do CDC estabelece que o fornecedor, adequadamente os produtos perecíveis. Entretanto, se
assim que tiver conhecimento de que seus produtos o comerciante for condenado a efetivar o pagamento
e/ou serviços introduzidos no mercado de consumo ao prejudicado, poderá exercer o direito de regresso
apresentam grau considerável de periculosidade ao contra os demais responsáveis, segundo sua
consumidor, deverá, às suas expensas, comunicar o participação na causação do evento danoso (art. 13 do
fato imediatamente às autoridades competentes e aos CDC).
consumidores, mediante anúncios publicitários
veiculados na imprensa, rádio e televisão. Deve-se Responsabilidade do profissional liberal: trata-se
registrar ainda que se o consumidor não for de exceção à regra geral, já que exige a comprovação
encontrado pelo recall ou, ainda que encontrado, não de culpa, ou seja, trata-se de responsabilidade
comparecer para trocar o produto, o fabricante não subjetiva, conforme previsto no § 4° do art. 14 do CDC.
ficará isento da obrigação de indenizar em caso de
eventual acidente, já que a responsabilidade do Prescrição: de acordo com o art. 27 do CDC, a
fabricante é objetiva (art. 12 do CDC). pretensão à reparação pelos danos causados por fato
do produto ou do serviço prescreve em cinco anos,
RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E iniciando- se a contagem do prazo a partir do
DO SERVIÇO conhecimento do dano e de sua autoria.

Conceito: a responsabilidade pelo fato do produto ou RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E


serviço tem como pressuposto a existência de produto/ DO SERVIÇO
serviço defeituoso, ou seja, que não apresenta a
segurança esperada e, em razão de evento externo Conceito: os fornecedores de produtos de consumo
(acidente de consumo), coloca em risco a duráveis ou não duráveis respondem solidariamente
incolumidade física-psíquica do consumidor. O pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem
produto não é considerado defeituoso pelo fato de impróprios ou inadequados ao consumo a que se
outro de melhor qualidade ter sido colocado no destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por
mercado (§ 2º do art. 12 do CDC). aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou
Responsabilidade: é, em regra, objetiva (independe mensagem publicitária, respeitadas as variações
da existência de culpa) e solidária conforme previsto decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor
no art. 12 do CDC: “O fabricante, o produtor, o exigir a substituição das partes viciadas (art. 18 do
construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador CDC).
respondem, independentemente da existência de
culpa, pela reparação dos danos causados aos Responsabilidade: objetiva e solidária.
consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, Responsabilidade do comerciante: a responsabilidade
manipulação, apresentação ou acondicionamento de do comerciante pelo vício do produto e do serviço é
seus produtos, bem como por informações solidária e objetiva (art. 18 do CDC), diferentemente da
insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, em
riscos”. que o comerciante responde apenas de forma
subsidiária (art. 13 do CDC).
Excludentes de Responsabilidade pelo fato do
produto: o fornecedor e demais responsáveis VÍCIO DA QUALIDADE DO PRODUTO: se o vício não
solidários (fabricante, produtor, etc.) apenas poderão for sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, o
se isentar do dever de indenizar pelo fato do produto consumidor poderá exigir, alternativamente e à sua
se comprovarem uma das excludentes de escolha: I - a substituição do produto por outro da
responsabilidade expressamente previstas no § 3º do mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a
art. 12 do CDC, ou seja, se demonstrarem: I - que não restituição imediata da quantia paga, monetariamente
colocou o produto no mercado; II - que, embora haja atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - III - o abatimento proporcional do preço (§ 1° do art. 18
a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiros. do CDC).

Excludentes de responsabilidade pelo fato do Dispensa do prazo de 30 dias: se, em razão da


serviço: também se trata, como regra geral, de extensão do vício, a substituição das partes viciadas
responsabilidade objetiva, sendo que o fornecedor puder comprometer a qualidade ou características do
apenas se eximirá da responsabilidade de indenizar produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto
quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o essencial, o consumidor poderá fazer uso imediato das
defeito inexiste; II - culpa exclusiva do consumidor ou alternativas § 1° do art. 18 do CDC, dispensando-se o
de terceiros. prazo de 30 dias.
Responsabilidade do comerciante: é considerada
subsidiária, podendo ser responsabilizado quando: I -

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VÍCIO NA QUANTIDADE DO PRODUTO: ocorre Já em relação à responsabilidade pelo vício do produto


sempre que, respeitadas as variações decorrentes de ou serviço, o prazo será decadencial, contato da
sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às seguinte forma:
indicações constantes do recipiente, da embalagem,
rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o PRAZO DECADENCIAL
consumidor exigir, nestes casos, alternativamente e à
sua escolha: I - o abatimento proporcional do preço; II
- complementação do peso ou medida; III - a
substituição do produto por outro da mesma espécie,
marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a
restituição imediata da quantia paga, monetariamente
atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. Se o vício for aparente, o
prazo começa a partir da Se o vício for aparente, o
entrega do bem ou do prazo começa a partir da
Responsabilidade direta do fornecedor: não término da prestação do entrega do bem ou do
obstante a responsabilidade seja solidária entre os serviço; término da prestação do
fornecedores no caso de vício de quantidade, o serviço;
fornecedor imediato será diretamente responsável Se o vício for oculto, o
quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento prazo, o prazo Se o vício for oculto, o
utilizado não estiver aferido segundo os padrões decadencial inicia-se no prazo decadencial inicia-
oficiais, conforme previsto no § 2°do art. 19 do CDC. momento em que ficar se no momento em que
evidenciado ficar evidenciado o defeito;
o defeito;
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DE QUALIDADE
DO SERVIÇO
Garantia: se o fornecedor conceder prazo de garantia,
Conceito: consideram-se vícios de qualidade do o art. 50 do CDC estipula que a garantia contratual
serviço as falhas que os tornem impróprios ao deve ser fornecida por escrito e o seu prazo é
consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por complementar à legal, ou seja, primeiro computa-se o
aqueles decorrentes da disparidade com as indicações prazo de garantia contratual que depois será acrescido
constantes da oferta ou mensagem publicitária. do prazo da garantia legal.

Nesses casos, de acordo com o art. 20 do CDC, o DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


consumidor poderá exigir, alternativamente e à sua JURÍDICA
escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo
adicional e quando cabível, que poderá ser confiada a No direito do consumidor (art. 28 do CDC) a
terceiros devidamente capacitados, por conta e risco desconsideração da personalidade jurídica é mais
do fornecedor; II - a restituição imediata da quantia simples que no direito civil, podendo ocorrer em
paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de diversas situações, como no caso abuso de direito,
eventuais perdas e danos; III - o abatimento excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito,
proporcional do preço. violação dos estatutos ou contrato social, falência,
estado de insolvência, encerramento ou inatividade
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DE QUALIDADE da pessoa jurídica provocados por má administração,
DO SERVIÇO PÚBLICO ou ainda no caso da personalidade ser, de alguma
forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos aos
Apenas incidirão as regras do CDC em relação ao vício consumidores (teoria menor).
de qualidade se o serviço público for prestado
mediante pagamento de tarifa ou preço público. Nas RESPONSABILIDADE DAS SOCIEDADES
hipóteses em que houver pagamento de taxa, não
haverá relação de consumo. Grupos societários e sociedades controladas:
as sociedades integrantes dos grupos societários e as
No caso específico dos serviços públicos com vício de sociedades controladas são subsidiariamente
qualidade, como ficaria inviável aplicar a regra geral responsáveis pelas obrigações decorrentes do CDC.
prevista no art. 20, o CDC estabelece que “nos casos Sociedades consorciadas: as sociedades
de descumprimento, total ou parcial, das obrigações consorciadas são solidariamente responsáveis pelas
referidas, serão as pessoas jurídicas compelidas a obrigações decorrentes do CDC.
cumpri-las e a reparar os danos causados” (parágrafo Sociedades coligadas: As sociedades coligadas só
único do art. 22 do CDC). responderão por culpa (responsabilidade subjetiva).

DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO
No que diz respeito à responsabilidade pelos danos
causados por fato do produto e do serviço, prescreve
em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos
causados, iniciando-se a contagem do prazo a partir
do conhecimento do dano e de sua autoria (art. 27 do
CDC).

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5. PRÁTICAS COMERCIAIS

OFERTA
No âmbito do CDC, se a oferta for suficientemente
precisa, ou seja, suficiente para o consumidor ter o seu Discriminatória, que incite
convencimento sobre a viabilidade do bem ou serviço à violência, explore o
ofertado, ela será vinculante (art. 30 do CDC), medo ou a superstição, se
obrigando o fornecedor a cumpri-la e integrando o aproveite da deficiência de
futuro contrato a ser celebrado (princípio da vinculação Informação inteira ou julgamento e experiência
da oferta), sendo que a negativa ao cumprimento da parcialmente falsa, capaz da criança, desrespeita
oferta configura prática abusiva, conforme art. 39, II, de induzir o consumidor a valores ambientais, ou que
do CDC. erro. seja capaz de induzir o
consumidor a se
Pode ser comissiva ou comportar de forma
Oferta pela internet: a oferta feita pela internet deve omissiva; prejudicial ou perigosa à
ocorrer “mediante divulgação ostensiva do preço à sua saúde ou segurança.
vista, junto à imagem do produto ou descrição do
serviço, em caracteres facilmente legíveis com Apenas na forma
tamanho de fonte não inferior a doze” (art. 2º, III, da Lei comissiva;
nº 10.962/2004).
PRÁTICAS ABUSIVAS
Recusa do cumprimento da oferta: se o fornecedor
se recusar a cumprir a oferta, além de configurar Conceito: as práticas abusivas são consideradas
prática abusiva (art. 39, II, do CDC), o consumidor condutas ilícitas do fornecedor em razão de abuso de
poderá alternativamente e à sua livre escolha: I - exigir direito, ou seja, condutas do titular de um direito que,
o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da ao exercê-lo, excedem manifestamente os limites
oferta, apresentação ou publicidade; II - aceitar outro impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-
produto ou prestação de serviço equivalente ou III - fé ou pelos bons costumes (art. 187 do CC).
rescindir o contrato, com direito à restituição de quantia
eventualmente antecipada, monetariamente Hipóteses: as práticas abusivas são enumeradas
atualizada, e a perdas e danos. exemplificativamente (rol não exaustivo) no art. 39 do
CDC.
Expressões subjetivas e exageradas: a oferta feita
para estimular o consumo por meio de expressões Principais hipóteses:
subjetivas como “o melhor”, “o mais saboroso” não
obriga o fornecedor, uma vez que a avaliação de ser − Condicionar o fornecimento de produto ou de
“o melhor” ou “o mais saboroso” não é intrínseca ao serviço ao fornecimento de outro produto ou
produto, dependendo da avaliação do consumidor. No serviço, bem como, sem justa causa, a limites
mesmo sentido, as ofertas notoriamente exageradas quantitativos (exemplos: venda de uma sobremesa
(puffing), que veiculam expressões como “o melhor condicionada à compra do prato principal (venda
produto do mundo” o “produto realizará todos os seus casada), ou consumação mínima em determinado
sonhos” também não vinculam o fornecedor, já que, estabelecimento).
em razão do exagero, não garantem a precisão da
informação. − Recusar atendimento às demandas dos
consumidores, na exata medida de suas
Retratação ou revogação da oferta: o fornecedor disponibilidades de estoque, e, ainda, de
poderá retificar ou revogar a oferta, desde que o faça conformidade com os usos e costumes (exemplos:
pela mesma publicidade veiculada originariamente. a título de exemplo, o taxista não pode recusar um
Nesse caso, entendemos que a revogação ou passageiro alegando que o trajeto a ser percorrido
retratação tem efeito ex nunc (não retroage), ou seja, é muito curto)
desobriga o fornecedor apenas a partir da data da
publicação da retratação/ revogação.
− Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação
prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer
Produtos importados: os fabricantes e importadores
serviço. Além disso, o parágrafo único do art. 39 do
deverão assegurar a oferta de componentes e peças
CDC estabelece que os serviços prestados e os
de reposição enquanto não cessar a fabricação ou
produtos remetidos ou entregues ao consumidor,
importação do produto. Além disso, caso a produção
sem solicitação prévia, equiparam- se às amostras
ou importação sejam cessadas, a oferta deverá ser
grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
mantida por período razoável de tempo, na forma da
− Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do
lei (art. 32 do CDC).
consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
PUBLICIDADE conhecimento ou condição social, para impingir-lhe
seus produtos ou serviços (exemplo: exigência de
cheque caução pelo hospital como requisito para a
O Código de Defesa do Consumidor veda
internação de paciente em estado grave). Aliás, a
expressamente qualquer tipo de publicidade enganosa
exigência de cheque caução passou a ser
ou abusiva.
considerada crime, conforme art. 135- A do CP.
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Exposição ao ridículo: o consumidor inadimplente


− Repassar informação depreciativa, referente a ato não será exposto a ridículo, nem será submetido a
praticado pelo consumidor no exercício de seus qualquer tipo de constrangimento ou ameaça, além do
direitos (exemplo: é vedada a criação de listas que todos os documentos de cobrança de débitos
clandestinas contendo o nome dos consumidores apresentados ao consumidor deverão constar o nome,
que mais reclamam ou que mais entram com ações o endereço e o número de inscrição no Cadastro de
judiciais. A proibição, evidentemente, não abrange Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de
os serviços de proteção ao crédito). Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou
serviço correspondente (artigos 42, caput, e 42-A do
− Colocar, no mercado de consumo, qualquer CDC).
produto ou serviço em desacordo com as normas
expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se Cobrança indevida: se o consumidor for cobrado em
normas específicas não existirem, pela Associação quantia indevida, terá direito à repetição do indébito,
Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade por valor igual ao dobro do que pagou em excesso,
credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo
Normalização e Qualidade Industrial (CONMETRO) hipótese de engano justificável (parágrafo único do art.
– os fornecedores devem cumprir as normas 42 do CDC).
técnicas, como forma de garantir a qualidade e
segurança dos produtos vendidos. BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE
CONSUMIDORES
− Recusar a venda de bens ou a prestação de
serviços, diretamente a quem se disponha a Finalidade: fornecer subsídio para as empresas de
adquiri-los mediante pronto pagamento, créditos e certificarem acerca da inadimplência dos
ressalvados os casos de intermediação regulados consumidores.
em leis especiais – veda-se a exigência de
intermediários na aquisição de produtos e serviço Natureza: são considerados entidades de caráter
pelo consumidor, salvo quando a necessidade de público (§ 4° do 43 do CDC), de modo que os
intermediação decorre de lei. consumidores poderão inclusive se valer de habeas
data para garantir o acesso ou a retificação das
− Elevar sem justa causa o preço de produtos ou informações constantes. A recusa ao fornecimento das
serviços – proíbe-se a elevação abusiva, sem informações que constam no banco de dados pode
justificativa razoável (exemplo: considera-se caracterizar o crime previsto no art. 72 do CDC
abusivo o aumento excessivo do preço da água que
ocorreu nos estabelecimentos comerciais Comunicação: a negativação do nome o consumidor
localizados nas Cidades afetadas pelo desastre de deve ser comunicada por escrito, normalmente
Mariana). encaminhada por carta, não se exigindo, entretanto, o
aviso de recebimento (AR), conforme disposto na
− Alteração Importante: entendia-se majoritariamente Súmula n. 404 do STJ.
que o estabelecimento comercial não podia
estabelecer diferença de preço para o cliente que Cancelamento: se o devedor pagar a dívida, o credor
pagasse em dinheiro, em cartão de crédito, à vista deverá providenciar, no prazo de 5 dias úteis, o
ou a prazo. A Lei n. 13.455/2017, entretanto, cancelamento da anotação do nome do devedor no
passou a considerar válida a referida diferenciação, cadastro de proteção ao crédito, conforme disposto na
permitindo a fixação de preços diferentes para bens Súmula n. 548 do STJ.
e serviços oferecidos ao público em função do
prazo ou do instrumento de pagamento utilizado. Prazo: os bancos de dados não podem conter
informações negativas referentes a período superior a
− Deixar de estipular prazo para o cumprimento de cinco anos, além do que, consumada a prescrição
sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo relativa à cobrança de débitos do consumidor, não
inicial a seu exclusivo critério - o fornecedor deve serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de
especificar previamente o termo inicial e o prazo Proteção ao Crédito, quaisquer informações que
para a execução do serviço sob pena de se possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito
caracterizar prática abusiva. junto aos fornecedores (§§ 1° e 5° do art. 43 do CDC).

− Permitir o ingresso em estabelecimentos 6. PROTEÇÃO CONTRATUAL


comerciais ou de serviços de um número maior de
consumidores que o fixado pela autoridade Regras mais importantes: a) as cláusulas contratuais
administrativa como máximo (Lei n. 13.425/2017). serão interpretadas de maneira mais favorável ao
Além disso, permitir o ingresso de um número maior consumidor (art. 47 do CDC); b) as declarações de
de pessoas do que o permitido também configura o vontade constantes de escritos particulares, recibos e
crime previsto no § 2º do art. 65 do CDC. pré- contratos relativos às relações de consumo
vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execução
COBRANÇA DE DÍVIDAS específica, nos termos do art. 84 e parágrafos do CDC;
c) Nas compras fora do estabelecimento comercial
(telefone, internet, por exemplo), o consumidor pode

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desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua alienações fiduciárias em garantia, consideram-se
assinatura ou do ato de recebimento do produto ou nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a
serviço. O direito de arrependimento é potestativo, isto perda total das prestações pagas em benefício do
é, o consumidor não precisa justificar por que se credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a
arrependeu da compra. Ressalta-se ainda que o resolução do contrato e a retomada do produto
fornecedor deve arcar com todos os custos alienado. Entretanto, permite- se que sejam
necessários para a garantir a devolução do produto, descontados, além da vantagem econômica auferida
além do que o direito de arrependimento não pode ser com a fruição, os prejuízos que o desistente ou
afastado por cláusula contratual (art. 51 do CDC); d) A inadimplente causar ao grupo.
garantia contratual é complementar à legal. Para a
prova da OAB, deve-se considerar que os prazos Súmula nº 543 do STJ: “Na hipótese de resolução de
decadenciais de 30 dias (produto não durável) e 90 contrato de promessa de compra e venda de imóvel
dias (produto durável) previstos no art. 26 do CDC submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve
integram o prazo de garantia legal, os quais devem ser ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo
somados aos prazos de garantia contratual. Assim, se promitente comprador – integralmente, em caso de
o consumidor adquirir um carro com garantia de 5 anos culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou
e este possuir um vício de fácil constatação, ele terá o parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu
prazo de 5 anos (garantia contratual) + 90 dias causa ao desfazimento”.
(garantia legal de produto durável) para reclamar do
vício. Súmula nº 302 do STJ: “É abusiva a cláusula
contratual de plano de saúde que limita no tempo a
CLÁUSULAS ABUSIVAS internação hospitalar do segurado”.

HIPÓTESES: o art.51 do CDC elenca de forma Súmula nº 597 do STJ: “A cláusula contratual de
exemplificativa como cláusulas contratuais abusivas plano de saúde que prevê carência para utilização dos
aquelas que: serviços de assistência médica nas situações de
emergência ou de urgência é considerada abusiva se
I. Subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da ultrapassado o prazo máximo de 24 horas, contado da
quantia já paga, nos casos previstos neste código; data da contratação.”
II. Transfiram responsabilidades a terceiros;
III. Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, CONTRATO DE ADESÃO
abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
equidade; Principais regras: a) nos contratos de adesão admite-
IV. Estabeleçam inversão do ônus da prova em prejuízo se cláusula resolutória (aquela que deixa a arbítrio de
do consumidor; uma das partes a extinção contratual), mas essa
V. Determinem a utilização compulsória de cláusula apenas terá validade se for utilizada em favor
arbitragem; do consumidor e b) os contratos de adesão escritos
VI. Imponham representante para concluir ou devem ser redigidos em termos claros e com
realizar outro negócio jurídico pelo consumidor; caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho da
VII. Deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a
contrato, embora obrigando o consumidor;
facilitar sua compreensão pelo consumidor, além do
VIII. Permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,
variação do preço de maneira unilateral; que as cláusulas que implicarem limitação de direito do
IX. Autorizem o fornecedor a cancelar o contrato consumidor deverão ser redigidas com destaque,
unilateralmente, sem que igual direito seja conferido ao permitindo sua imediata e fácil compreensão.
consumidor;
X. Obriguem o consumidor a ressarcir os custos de 7. DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe
seja conferido contra o fornecedor; A defesa do consumidor em juízo poderá ser feita por
XI. Autorizem o fornecedor a modificar ações individuais ou por ações coletivas.
unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do contrato,
após sua celebração;
XII. Infrinjam ou possibilitem a violação de INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E
normas ambientais; INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS
XIII. Estejam em desacordo com o sistema de
proteção ao consumidor; Interesses difusos (art. 81, I, do CDC): entendidos
XIV. possibilitem a renúncia do direito de como os transindividuais, de natureza indivisível, de
indenização por benfeitorias necessárias. que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas
por circunstâncias de fato.
Consequência: as cláusulas abusivas são nulas.
Deve-se salientar, no entanto, que a nulidade de uma Interesses coletivos (art. 81, II, do CDC): entendidos
cláusula contratual abusiva não invalida todo o como os transindividuais, de natureza indivisível, de
contrato, salvo se sua ausência, apesar dos esforços que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas
de integração, causar ônus excessivo a qualquer das ligadas entre si ou com a parte contrária por uma
partes (§ 2° do art. 51 do CDC). relação jurídica base.

Venda à prestação: nas vendas de móveis ou imóveis


mediante pagamento em prestações, bem como nas
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Interesses individuais homogêneos (art. 81, III, do AÇÃO COLETIVA PARA DEFESA DE INTERESSE
CDC): são aqueles decorrentes de origem comum. INDIVIDUAL HOMOGÊNEO
esses interesses são essencialmente individuais, mas
poderão ser tutelados coletivamente se forem Competência: estabelece o art. 93 do CDC que,
homogêneos e possuírem origem comum de fato ou ressalvada a competência da Justiça Federal, é
de direito (vítimas de uma explosão ocorrida em um competente para a causa a justiça local: I - no foro do
shopping center). O objeto nos direitos individuais lugar onde ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de
homogêneos será divisível, na medida em que a âmbito local; II - no foro da Capital do Estado ou no do
decisão judicial pode variar para cada membro do Distrito Federal, para os danos de âmbito nacional ou
grupo (no caso da explosão do shopping, embora regional, aplicando- se as regras do Código de
todos tenham sido vítimas do evento, a reparação do Processo Civil aos casos de competência concorrente.
dano poderá variar para cada um dos indivíduos).
Litisconsortes: proposta a ação coletiva que tutela
interesses individuais homogêneos, será publicado
− Sujeitos Indetermináveis edital no órgão oficial, a fim de que os interessados
− Objeto Indivisível possam intervir no processo como litisconsortes, sem
− Circunstância de fato prejuízo de ampla divulgação pelos meios de
comunicação social por parte dos órgãos de defesa do
− Sujeitos Determináveis consumidor.
− Objeto Indivisível
− Relação Jurídica base Liquidação e Execução: se o pedido for julgado
procedente, a condenação será genérica, fixando a
− Sujeitos Determináveis responsabilidade do réu pelos danos causados, sendo
− Objeto Divisível que a liquidação e a execução de sentença poderão
− Origem comum ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim
como pelos legitimados de que trata o art. 82 do CDC
LEGITIMIDADE PARA AS AÇÕES COLETIVAS Falta de habilitação dos interessados: Decorrido o
prazo de um ano sem habilitação de interessados em
Legitimados: possuem legitimidade concorrente para número compatível com a gravidade do dano, poderão
o ajuizamento de ação coletiva: I - Ministério Público, os legitimados do art. 82 promover a liquidação e
II - União, Estados, Municípios e Distrito Federal, III - execução da indenização devida, devendo o produto
Entidades e órgãos da Administração Pública, direta da indenização ser revertido para o fundo criado pela
ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica, Lei n.º 7.347/1985.
especificamente destinados à defesa dos interesses e
direitos protegidos pelo CDC e IV - Associações COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS
legalmente constituídas há pelo menos um ano e que
incluam entre seus fins institucionais a defesa dos A coisa julgada coletiva, independentemente do
interesses e direitos protegidos CDC, dispensada a interesse transindividual tutelado, não prejudicará as
autorização assemblear. pretensões individuais, ou seja, o consumidor poderá
se valer da ação individual mesmo que a ação coletiva
Associações: o requisito da pré-constituição de pelo seja julgada improcedente. A única exceção a essa
menos 1 ano das associações pode ser dispensado regra ocorre quando se tratar de ação coletiva
pelo juiz quando haja manifesto interesse social tutelando interesses individuais homogêneos em que
evidenciado pela dimensão ou característica do dano, os indivíduos se habilitaram como litisconsorte, já que,
ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido (§ neste caso, a coisa julgada vai atingir os litisconsortes
1° do art. 82 do CDC). de qualquer forma (procedente ou improcedente), de
modo que eles não poderão ingressar com ação
Ministério Público: se o MP não intervier no processo individual sobre o mesmo assunto já decidido.
como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
8. CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO
HONORÁRIOS, CUSTAS E DESPESAS
PROCESSUAIS Conceito: entende-se por convenção coletiva de
consumo o instrumento feito por escrito, em que
Para facilitar o acesso do consumidor à justiça e fornecedores e consumidores, por meio de suas
estimular o uso as ações coletivas, o CDC dispensa o entidades representativas, estabelecem
adiantamento de qualquer despesa processual, além antecipadamente determinados elementos e regras
do que isenta o autor do pagamento de honorários de que irão compor os contratos individuais de consumo,
advogados, custas e despesas processuais, salvo no como condições relativas ao preço, à qualidade, à
caso de má-fé, hipóteses em que a associação autora quantidade, à garantia e características de produtos e
e os diretores responsáveis pela propositura da ação serviços, bem como no que diz respeito à composição
serão solidariamente condenados em honorários de eventuais conflitos.
advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da
responsabilidade por perdas e danos.

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Art. 107 do CDC - As entidades civis de consumidores e as Judiciário; XVIII - estabeleçam prazos de carência
associações de fornecedores ou sindicatos de categoria em caso de impontualidade das prestações
econômica podem regular, por convenção escrita, relações de
consumo que tenham por objeto estabelecer condições mensais ou impeçam o restabelecimento integral
relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e dos direitos do consumidor e de seus meios de
características de produtos e serviços, bem como à pagamento a partir da purgação da mora ou do
reclamação e composição do conflito de consumo. acordo com os credores;
§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do
instrumento no cartório de títulos e documentos. Processo de Repactuação de dívidas (art. 104-A do
CDC): é designada uma audiência de conciliação, e o
§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades consumidor deve apresentar proposta de plano de
signatárias.
pagamento com prazo máximo de 5 anos (dilação de
§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que prazos, redução de encargos, suspensão/extinção de
se desligar da entidade em data posterior ao registro do ações judiciais, data de exclusão do consumidor de
instrumento. bancos de dados e de cadastros de inadimplentes. O
pedido de repactuação não acarreta insolvência civil e
não pode ser repetido em 2 anos.
9. SUPERENDIVIDAMENTO
Conciliação Administrativa (art. 104-C do CDC):
A quem se aplica o superendividamento? a) possibilidade de os órgãos do Sistema Nacional de
pessoas físicas, b) de Boa-fé, c) dívidas altas que Defesa do Consumidor (PROCON, por exemplo)
podem comprometer o mínimo existencial. realizarem a fase conciliatória e preventiva do
processo de repactuação.
Não são casos de superendividamento (54-A, § 3º,
do CDC) as dívidas do consumidor que: a) forem Excluídos do Processo de Repactuação (art. 104-
contraídas mediante fraude ou má-fé; b) forem A, § 1º, do CDC): a) dívidas oriundas de contratos
oriundas de contratos celebrados dolosamente com o celebrados dolosamente sem o propósito de realizar
propósito de não realizar o pagamento; c) decorrerem pagamento;
da aquisição ou contratação de produtos e serviços de b) dívidas provenientes de contratos de crédito com
luxo de alto valor. garantia real; c) dívidas provenientes de
Mudanças importantes: financiamentos imobiliários; d) provenientes de crédito
rural.
− Dois novos princípios da Política Nacional das
Relações de Consumo (art. 4º do CDC): IX - Processo por superendividamento (art. 104-B do
fomento de ações direcionadas à educação CDC): se não houver êxito na conciliação da
financeira e ambiental dos consumidores e X - repactuação das dívidas, o juiz, a pedido do
prevenção e tratamento do superendividamento consumidor, instaurará processo por
como forma de evitar a exclusão social do superendividamento. Será elaborado um plano judicial
consumidor. compulsório. Os credores serão citados para, no prazo
de 15 dias, juntar documentos e apresentar as razões
− Dois novos instrumentos da Política Nacional das pelas quais se negam a aceder (anuir) ao plano
Relações de Consumo (art. 5º do CDC): VI - voluntário ou se negam a renegociar. O plano judicial
instituição de mecanismos de prevenção e compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o
tratamento extrajudicial e judicial do valor do principal devido, corrigido monetariamente por
superendividamento e de proteção do consumidor índices oficiais de preço. Além disso, preverá a
pessoa natural; VII - instituição de núcleos de liquidação total da dívida, após a quitação do plano de
conciliação e mediação de conflitos oriundos de pagamento consensual, em, no máximo, 5 anos,
superendividamento. sendo que a primeira parcela será devida no prazo
máximo de 180 dias, contado de sua homologação
− Três novos direitos do consumidor (art. 6º do CDC): judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas
XI - a garantia de práticas de crédito responsável, mensais iguais e sucessivas (art. 104-B, § 4º).
de educação financeira e de prevenção e
tratamento de situações de superendividamento,
preservado o mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, por meio da revisão e da
repactuação da dívida, entre outras medidas; XII -
a preservação do mínimo existencial, nos termos
da regulamentação, na repactuação de dívidas e na
concessão de crédito; XIII - a informação acerca
dos preços dos produtos por unidade de medida, tal
como por quilo, por litro, por metro ou por outra
unidade, conforme o caso.

− Duas novas cláusulas consideradas abusivas (art.


51 do CDC): XVII - condicionem ou limitem de
qualquer forma o acesso aos órgãos do Poder

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