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DIREITO DO CONSUMIDOR - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

1. CARACTERÍSTICAS DO CDC APLICAÇÃO DO CDC NÃO APLICAÇÃO DO CDC


• Instituições Financeiras • Relação entre advogado
Normas de ordem pública: a principal característica
(Súmula n. 297 do STJ). e cliente: prevalece que
do CDC é que suas normas são de ordem pública, ou seja,
não se aplica o CDC, uma
são inderrogáveis pela vontade das partes, podendo o juiz • Contratos de Plano vez que a relação é regida
conhecê-las de ofício.
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de Saúde, salvo os pelo Estatuto da OAB.


administrados por
Abusividade de cláusulas do contrato de consumo:
entidades de autogestão • Relação entre condomínio
como se trata de norma de ordem pública, o juiz poderá
(Súmula n. 608 do STJ). e condômino.
conhecer de ofício a abusividade de uma cláusula
do contrato de consumo. Entretanto, o STJ firmou • Serviço Público impróprio • Locação de Imóveis
posicionamento no sentido de que nos contratos bancários (específicos, uti singuli): Urbanos: jurisprudência
é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade O STJ entende que se majoritária entende que
das cláusulas (Súmula n. 381). aplica o CDC aos serviços não incide o CDC porque se
públicos impróprios, como aplica a Lei do inquilinato.
2. ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE o serviço de esgoto e de
energia elétrica, que são • Relações de Emprego:
CONSUMO remunerados por meio de aplica-se a CLT.
tarifa ou preço público.
ELEMENTOS SUBJETIVOS: a) consumidor e b) fornecedor • Serviços Públicos Próprios
• Entidades Abertas de (usuários indeterminados,
Conceito legal de consumidor: de acordo com o art. previdência Complementar uti universi), remunerados
2º, caput, do CDC, “consumidor é toda pessoa física ou (Súmula n. 563 do STJ). por taxa. Prevalece que
jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como não se aplica do CDC (Ex:
destinatário final”. serviço de asfaltamento).
Teorias: a) teoria maximalista: destinatário final • Entidades fechadas de
seria o destinatário fático, bastando que a pessoa física previdência Complementar
ou jurídica retire o bem do mercado para ser considerada (Súmula n. 563 do STJ).
consumidora; b) teoria finalista: a expressão “destinatário
final” se refere ao caráter econômico da relação, de modo • Contratos de financiamento
que é considerado consumidor apenas aquele que se vale do estudantil – FIES .
produto para satisfazer interesse próprio ou de sua família,
excluindo praticamente de seu conceito as pessoas jurídicas;
c) teoria finalista aprofundada ou mitigada: destinatário 3. PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL
final terá o aspecto econômico avaliado de acordo com a sua DAS RELAÇÕES DE CONSUMO
vulnerabilidade, ou seja, a relação de consumo decorrerá
essencialmente da vulnerabilidade de uma das partes e não Principais Princípios:
em função da pessoa ser física ou jurídica.
Princípio da Vulnerabilidade (art. 4°, I, do CDC): a
Consumidor por equiparação: a) art. 2º, parágrafo presunção de vulnerabilidade do consumidor pessoa física
único, do CDC: equipara-se a consumidor a coletividade de não depende de prova, enquanto que a do consumidor
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo pessoa jurídica deve ser comprovada no caso concreto, com
nas relações de consumo; b) art. 17 do CDC: “equiparam- base na teoria finalista mitigada acima estudada. O conceito
se aos consumidores todas as vítimas do evento”; c) art. de vulnerabilidade é plurissignificativo, podendo ser: a)
29 do CDC: “Para os fins deste Capítulo e do seguinte técnica: consumidor não possui conhecimento específico
(“Das Práticas Comerciais” e “Da Proteção Contratual”), acerca do produto ou serviço; b) jurídica ou cientifica:
equiparam-se aos consumidores todas as pessoas ocorre quando consumidor não possui conhecimentos
determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas”. jurídicos, econômicos ou de contabilidade suficientes; c)
fática ou socioeconômica: quando se verifica um grande
Fornecedor: conforme previsto no art. 3° do CDC, desnível do poder econômico do fornecedor em relação ao
fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou consumidor, como no caso das concessionárias de energia
privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes elétrica em relação a seus usuários; d) informacional:
despersonalizados, que desenvolvem atividade de o consumidor não possui as informações essenciais
produção, montagem, criação, construção, transformação, sobre o produto ou serviço, seja pela omissão por parte
importação, exportação, distribuição ou comercialização do fornecedor, seja pela manipulação ou o exagero das
de produtos ou prestação de serviços. Para que haja informações prestadas.
relação de consumo, é essencial que o fornecedor exerça
sua atividade de forma habitual. Princípio da Boa-fé: possui previsão na parte final do
art. 4º, III, do CDC, sendo certo que o referido dispositivo
ELEMENTOS OBJETIVOS: a) Produto: qualquer bem, se refere à boa-fé objetiva, que não se confunde com a
móvel ou imóvel, material ou imaterial (§ 1° do art. 3° do boa-fé subjetiva (relacionada à intenção das partes).
CDC); b) Serviço: qualquer atividade fornecida no mercado
de consumo, mediante remuneração, inclusive as de Boa-fé objetiva: padrão ético de conduta, de
natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo observância obrigatória por todos os sujeitos integrantes
as decorrentes das relações de caráter trabalhista (§ 2° do da relação de consumo. Analisa-se, portanto, o
art. 3° do CDC). comportamento das partes e não a intenção dos sujeitos.
Além disso, as características inerentes à boa-fé objetiva,
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como honestidade, lealdade, sinceridade, razoabilidade, verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
são considerados deveres anexos à conduta que devem segundo as regras ordinárias de experiências;
ser observados em todas as fases que envolvem o contrato
(pré-contratual, contratual e pós-contratual).
A inversão do ônus da prova não é automática, já que
depende de decisão do juiz após verificar a existência
4. DIREITOS DO CONSUMIDOR
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de verossimilhança (plausibilidade das alegações,


alegações razoáveis com grande chance de serem
Conforme art. 6º do CDC, são direitos básicos verdadeira) OU de hipossuficiência, caracterizada
do consumidor: pela dificuldade processual de defesa em razão de
circunstâncias técnicas, econômicas ou até mesmo
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra jurídicas (como no caso do consumidor que não teve
os riscos provocados por práticas no fornecimento de acesso a documentos ou cópia do contrato).
produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos;
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos
dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de
em geral.
escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação
adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, Proteção à saúde e segurança
com especificação correta de quantidade, características,
composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem
como sobre os riscos que apresentem; PRODUTOS
RISCOS PRODUTOS OU SERVIÇOS
OU SERVIÇOS
NORMAIS E COM ALTO
POTENCIALMENTE
O art. 31 do CDC estabelece que “a oferta e apresentação PREVISÍVEIS GRAU DE
NOCIVOS OU
de produtos ou serviços devem assegurar informações (ART. 8º DO NOCIVIDADE
PERIGOSOS (ART.
CDC) OU PERICU-
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua 9º DO CDC) LOSIDADE
portuguesa sobre suas características, qualidades,
quantidade, composição, preço, garantia, prazos de Fornecedor é Fornecedor Não podem
validade e origem, entre outros dados, bem como obrigado a dar deve informar ser colocados
sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança informações de maneira no mercado.
dos consumidores necessárias e ostensiva e
adequadas. adequada.
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e
abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem Alteração Importante: a Lei nº 13.486/2017
como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no acrescentou o § 2º ao art. 8º do CDC, exigindo como
fornecimento de produtos e serviços; obrigação do fornecedor “higienizar os equipamentos
e utensílios utilizados no fornecimento de produtos ou
serviços, ou colocados à disposição do consumidor, e
PUBLICIDADE
ENGANOSA PUBLICIDADE ABUSIVA informar, de maneira ostensiva e adequada, quando for o
caso, sobre o risco de contaminação”.
Veicula informação total é aquela discriminatória
ou parcialmente falsa, ou de qualquer natureza, Recall: o art. 10 do CDC estabelece que o fornecedor,
ainda quando deixa de a que incite à violência, assim que tiver conhecimento de que seus produtos e/ou
considerar informação explore o medo ou a serviços introduzidos no mercado de consumo apresentam
essencial do produto ou superstição, se aproveite grau considerável de periculosidade ao consumidor,
serviço (§ 1° e § 3° do art. da deficiência de deverá, às suas expensas, comunicar o fato imediatamente
37 do CDC. julgamento e experiência às autoridades competentes e aos consumidores, mediante
da criança, desrespeita anúncios publicitários veiculados na imprensa, rádio e
valores ambientais, televisão. Deve-se registrar ainda que se o consumidor não
ou que seja capaz de for encontrado pelo recall ou, ainda que encontrado, não
induzir o consumidor a comparecer para trocar o produto, o fabricante não ficará
se comportar de forma isento da obrigação de indenizar em caso de eventual
prejudicial ou perigosa à acidente, já que a responsabilidade do fabricante é objetiva
sua saúde ou segurança (art. 12 do CDC).
(§ 2° do art. 37 do CDC). RESPONSABILIDADE PELO FATO DO PRODUTO E
DO SERVIÇO
V - a modificação das cláusulas contratuais que
estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão Conceito: a responsabilidade pelo fato do produto ou
em razão de fatos supervenientes que as tornem serviço tem como pressuposto a existência de produto/
excessivamente onerosas. VI - a efetiva prevenção e serviço defeituoso, ou seja, que não apresenta a segurança
reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, esperada e, em razão de evento externo (acidente de
coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários consumo), coloca em risco a incolumidade física-psíquica
e administrativos com vistas à prevenção ou reparação do consumidor. O produto não é considerado defeituoso
de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado
difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e no mercado (§ 2º do art. 12 do CDC).
técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de
seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, Responsabilidade: é, em regra, objetiva (independe
a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for da existência de culpa) e solidária conforme previsto no
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art. 12 do CDC: “O fabricante, o produtor, o construtor, responsabilidade pelo fato do produto ou serviço, em que
nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, o comerciante responde apenas de forma subsidiária (art.
independentemente da existência de culpa, pela reparação 13 do CDC).
dos danos causados aos consumidores por defeitos
decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, VÍCIO DA QUALIDADE DO PRODUTO: se o vício não for
fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento sanado no prazo máximo de 30 (trinta) dias, o consumidor
poderá exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a
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de seus produtos, bem como por informações insuficientes


ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”. substituição do produto por outro da mesma espécie, em
perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da
Excludentes de Responsabilidade pelo fato do quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de
produto: o fornecedor e demais responsáveis solidários eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional
(fabricante, produtor, etc.) apenas poderão se isentar do do preço (§ 1° do art. 18 do CDC).
dever de indenizar pelo fato do produto se comprovarem
uma das excludentes de responsabilidade expressamente Dispensa do prazo de 30 dias: se, em razão da
previstas no § 3º do art. 12 do CDC, ou seja, se extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder
demonstrarem: I - que não colocou o produto no mercado; comprometer a qualidade ou características do produto,
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial, o
defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas §
de terceiros. 1° do art. 18 do CDC, dispensando-se o prazo de 30 dias.

Excludentes de responsabilidade pelo fato do serviço: VÍCIO NA QUANTIDADE DO PRODUTO: ocorre sempre
também se trata, como regra geral, de responsabilidade que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
objetiva, sendo que o fornecedor apenas se eximirá da seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes
responsabilidade de indenizar quando provar: I - que, tendo do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem
prestado o serviço, o defeito inexiste; II - culpa exclusiva do publicitária, podendo o consumidor exigir, nestes casos,
consumidor ou de terceiros. alternativamente e à sua escolha: I - o abatimento
proporcional do preço; II - complementação do peso ou
Responsabilidade do comerciante: é considerada medida; III - a substituição do produto por outro da mesma
subsidiária, podendo ser responsabilizado quando: I - o espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a
fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não restituição imediata da quantia paga, monetariamente
puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos.
identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor
ou importador; III - não conservar adequadamente os Responsabilidade direta do fornecedor: não obstante
produtos perecíveis. Entretanto, se o comerciante for a responsabilidade seja solidária entre os fornecedores
condenado a efetivar o pagamento ao prejudicado, poderá no caso de vício de quantidade, o fornecedor imediato
exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, será diretamente responsável quando fizer a pesagem ou
segundo sua participação na causação do evento danoso a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido
(art. 13 do CDC). segundo os padrões oficiais, conforme previsto no § 2°do
art. 19 do CDC.
Responsabilidade do profissional liberal: trata-se de
exceção à regra geral, já que exige a comprovação de culpa, RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DE QUALIDADE
ou seja, trata-se de responsabilidade subjetiva, conforme DO SERVIÇO
previsto no § 4° do art. 14 do CDC.
Conceito: consideram-se vícios de qualidade do
Prescrição: de acordo com o art. 27 do CDC, a serviço as falhas que os tornem impróprios ao consumo ou
pretensão à reparação pelos danos causados por fato do lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes
produto ou do serviço prescreve em cinco anos, iniciando- da disparidade com as indicações constantes da oferta ou
se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano mensagem publicitária.
e de sua autoria.
Nesses casos, de acordo com o art. 20 do CDC, o
RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRODUTO E consumidor poderá exigir, alternativamente e à sua
DO SERVIÇO escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional
e quando cabível, que poderá ser confiada a terceiros
Conceito: os fornecedores de produtos de consumo devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor;
duráveis ou não duráveis respondem solidariamente II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente
pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o
impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam abatimento proporcional do preço.
ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações constantes RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DE QUALIDADE DO
do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem SERVIÇO PÚBLICO
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua
natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das Apenas incidirão as regras do CDC em relação ao vício
partes viciadas (art. 18 do CDC). de qualidade se o serviço público for prestado mediante
pagamento de tarifa ou preço público. Nas hipóteses em que
Responsabilidade: objetiva e solidária. houver pagamento de taxa, não haverá relação de consumo.

Responsabilidade do comerciante: a responsabilidade No caso específico dos serviços públicos com vício
do comerciante pelo vício do produto e do serviço é de qualidade, como ficaria inviável aplicar a regra geral
solidária e objetiva (art. 18 do CDC), diferentemente da prevista no art. 20, o CDC estabelece que “nos casos de
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descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar
os danos causados” (parágrafo único do art. 22 do CDC).

DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO

No que diz respeito à responsabilidade pelos danos causados por fato do produto e do serviço, prescreve em cinco
anos a pretensão à reparação pelos danos causados, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano
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e de sua autoria (art. 27 do CDC).

Já em relação à responsabilidade pelo vício do produto ou serviço, o prazo será decadencial, contato da
seguinte forma:

PRAZO DECADENCIAL

PRODUTO NÃO DURÁVEL PRODUTO DURÁVEL


(PERECÍVEL) - 30 DIAS - 90 DIAS

Se o vício for
Se o vício for oculto, Se o vício for Se o vício for oculto,
aparente, o prazo
o prazo, o prazo aparente, o prazo o prazo decadencial
começa a partir da
decadencial inicia-se começa a partir da inicia-se no momento
entrega do bem ou do
no momento em que entrega do bem ou do em que ficar
término da prestação
ficar evidenciado término da prestação evidenciado o defeito
do serviço
o defeito do serviço

Garantia: se o fornecedor conceder prazo de garantia, Sociedades coligadas: As sociedades coligadas só


o art. 50 do CDC estipula que a garantia contratual deve ser responderão por culpa (responsabilidade subjetiva).
fornecida por escrito e o seu prazo é complementar à legal,
ou seja, primeiro computa-se o prazo de garantia contratual
que depois será acrescido do prazo da garantia legal. 5. PRÁTICAS COMERCIAIS
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA OFERTA

No direito do consumidor (art. 28 do CDC) a No âmbito do CDC, se a oferta for suficientemente


desconsideração da personalidade jurídica é mais simples precisa, ou seja, suficiente para o consumidor ter o seu
que no direito civil, podendo ocorrer em diversas situações, convencimento sobre a viabilidade do bem ou serviço
como no caso abuso de direito, excesso de poder, infração ofertado, ela será vinculante (art. 30 do CDC), obrigando
da lei, fato ou ato ilícito, violação dos estatutos ou contrato o fornecedor a cumpri-la e integrando o futuro contrato
social, falência, estado de insolvência, encerramento a ser celebrado (princípio da vinculação da oferta), sendo
ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má que a negativa ao cumprimento da oferta configura prática
administração, ou ainda no caso da personalidade ser, de abusiva, conforme art. 39, II, do CDC.
alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos
aos consumidores (teoria menor). Oferta pela internet: a oferta feita pela internet deve
ocorrer “mediante divulgação ostensiva do preço à vista,
RESPONSABILIDADE DAS SOCIEDADES junto à imagem do produto ou descrição do serviço, em
caracteres facilmente legíveis com tamanho de fonte não
Grupos societários e sociedades controladas: inferior a doze” (art. 2º, III, da Lei nº 10.962/2004).
as sociedades integrantes dos grupos societários e as
sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis Recusa do cumprimento da oferta: se o fornecedor se
pelas obrigações decorrentes do CDC. recusar a cumprir a oferta, além de configurar prática abusiva
(art. 39, II, do CDC), o consumidor poderá alternativamente
Sociedades consorciadas: as sociedades consorciadas são e à sua livre escolha: I - exigir o cumprimento forçado
solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do CDC. da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou
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publicidade; II - aceitar outro produto ou prestação de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem
serviço equivalente ou III - rescindir o contrato, com como, sem justa causa, a limites quantitativos (exemplos:
direito à restituição de quantia eventualmente antecipada, venda de uma sobremesa condicionada à compra do prato
monetariamente atualizada, e a perdas e danos. principal (venda casada), ou consumação mínima em
determinado estabelecimento).
Expressões subjetivas e exageradas: a oferta feita
para estimular o consumo por meio de expressões • Recusar atendimento às demandas dos
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subjetivas como “o melhor”, “o mais saboroso” não consumidores, na exata medida de suas disponibilidades
obriga o fornecedor, uma vez que a avaliação de ser “o de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e
melhor” ou “o mais saboroso” não é intrínseca ao produto, costumes (exemplos: a título de exemplo, o taxista não
dependendo da avaliação do consumidor. No mesmo pode recusar um passageiro alegando que o trajeto a ser
sentido, as ofertas notoriamente exageradas (puffing), que percorrido é muito curto)
veiculam expressões como “o melhor produto do mundo”
o “produto realizará todos os seus sonhos” também não • Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação
vinculam o fornecedor, já que, em razão do exagero, não prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço.
garantem a precisão da informação. Além disso, o parágrafo único do art. 39 do CDC estabelece
que os serviços prestados e os produtos remetidos ou
Retratação ou revogação da oferta: o fornecedor entregues ao consumidor, sem solicitação prévia, equiparam-
poderá retificar ou revogar a oferta, desde que o faça pela se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento.
mesma publicidade veiculada originariamente. Nesse caso,
entendemos que a revogação ou retratação tem efeito • Prevalecer-se da fraqueza ou ignorância
ex nunc (não retroage), ou seja, desobriga o fornecedor do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde,
apenas a partir da data da publicação da retratação/ conhecimento ou condição social, para impingir-lhe
revogação. seus produtos ou serviços (exemplo: exigência de cheque
caução pelo hospital como requisito para a internação de
Produtos importados: os fabricantes e importadores paciente em estado grave). Aliás, a exigência de cheque
deverão assegurar a oferta de componentes e peças de caução passou a ser considerada crime, conforme art. 135-
reposição enquanto não cessar a fabricação ou importação A do CP.
do produto. Além disso, caso a produção ou importação
sejam cessadas, a oferta deverá ser mantida por período • Repassar informação depreciativa, referente a ato
razoável de tempo, na forma da lei (art. 32 do CDC). praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos
(exemplo: é vedada a criação de listas clandestinas contendo
PUBLICIDADE o nome dos consumidores que mais reclamam ou que mais
entram com ações judiciais. A proibição, evidentemente,
O Código de Defesa do Consumidor veda expressamente não abrange os serviços de proteção ao crédito).
qualquer tipo de publicidade enganosa ou abusiva.
• Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto
PUBLICIDADE ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos
PUBLICIDADE ABUSIVA órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não
ENGANOSA
existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas
Informação inteira ou Discriminatória, que incite ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional
parcialmente falsa, à violência, explore o de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
capaz de induzir o medo ou a superstição, se (CONMETRO) – os fornecedores devem cumprir as normas
consumidor a erro. aproveite da deficiência de técnicas, como forma de garantir a qualidade e segurança
julgamento e experiência da dos produtos vendidos.
Pode ser comissiva criança, desrespeita valores
ou omissiva ambientais, ou que seja capaz • Recusar a venda de bens ou a prestação de
de induzir o consumidor serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los
a se comportar de forma mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de
prejudicial ou perigosa à sua intermediação regulados em leis especiais – veda-se a
saúde ou segurança exigência de intermediários na aquisição de produtos e
serviço pelo consumidor, salvo quando a necessidade de
Apenas na forma comissiva intermediação decorre de lei.

PRÁTICAS ABUSIVAS • Elevar sem justa causa o preço de produtos


ou serviços – proíbe-se a elevação abusiva, sem
Conceito: as práticas abusivas são consideradas justificativa razoável (exemplo: considera-se abusivo o
condutas ilícitas do fornecedor em razão de abuso de aumento excessivo do preço da água que ocorreu nos
direito, ou seja, condutas do titular de um direito que, ao estabelecimentos comerciais localizados nas Cidades
exercê-lo, excedem manifestamente os limites impostos afetadas pelo desastre de Mariana).
pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes (art. 187 do CC). Alteração Importante: entendia-se majoritariamente
que o estabelecimento comercial não podia estabelecer
Hipóteses: as práticas abusivas são enumeradas diferença de preço para o cliente que pagasse em
exemplificativamente (rol não exaustivo) no art. 39 do CDC. dinheiro, em cartão de crédito, à vista ou a prazo. A Lei
n. 13.455/2017, entretanto, passou a considerar válida
Principais hipóteses: a referida diferenciação, permitindo a fixação de preços
diferentes para bens e serviços oferecidos ao público em
• Condicionar o fornecimento de produto ou de função do prazo ou do instrumento de pagamento utilizado.
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• Deixar de estipular prazo para o cumprimento de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pré-
sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial contratos relativos às relações de consumo vinculam o
a seu exclusivo critério - o fornecedor deve especificar fornecedor, ensejando inclusive execução específica, nos
previamente o termo inicial e o prazo para a execução do termos do art. 84 e parágrafos do CDC; c) Nas compras
serviço sob pena de se caracterizar prática abusiva. fora do estabelecimento comercial (telefone, internet,
por exemplo), o consumidor pode desistir do contrato,
• Permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais
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no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato


ou de serviços de um número maior de consumidores que de recebimento do produto ou serviço. O direito de
o fixado pela autoridade administrativa como máximo arrependimento é potestativo, isto é, o consumidor
(Lei n. 13.425/2017). Além disso, permitir o ingresso de não precisa justificar por que se arrependeu da compra.
um número maior de pessoas do que o permitido também Ressalta-se ainda que o fornecedor deve arcar com
configura o crime previsto no § 2º do art. 65 do CDC. todos os custos necessários para a garantir a devolução
do produto, além do que o direito de arrependimento
COBRANÇA DE DÍVIDAS não pode ser afastado por cláusula contratual (art. 51 do
CDC); d) A garantia contratual é complementar à legal.
Exposição ao ridículo: o consumidor inadimplente não Para a prova da OAB, deve-se considerar que os prazos
será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer decadenciais de 30 dias (produto não durável) e 90 dias
tipo de constrangimento ou ameaça, além do que todos (produto durável) previstos no art. 26 do CDC integram o
os documentos de cobrança de débitos apresentados prazo de garantia legal, os quais devem ser somados aos
ao consumidor deverão constar o nome, o endereço e o prazos de garantia contratual. Assim, se o consumidor
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF adquirir um carro com garantia de 5 anos e este possuir
ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do um vício de fácil constatação, ele terá o prazo de 5 anos
fornecedor do produto ou serviço correspondente (artigos (garantia contratual) + 90 dias (garantia legal de produto
42, caput, e 42-A do CDC). durável) para reclamar do vício.
Cobrança indevida: se o consumidor for cobrado em CLÁUSULAS ABUSIVAS
quantia indevida, terá direito à repetição do indébito, por
valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido HIPÓTESES: o art. 51 do CDC elenca exemplificativamente
de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de como cláusulas contratuais abusivas aquelas que:
engano justificável (parágrafo único do art. 42 do CDC).

BANCOS DE DADOS E CADASTROS DE CONSUMIDORES I - Impossibilitem, exonerem ou atenuem a


responsabilidade do fornecedor por vícios de qualquer
Finalidade: fornecer subsídio para as empresas fornecedoras natureza dos produtos e serviços ou impliquem renúncia
de crédito se certificarem acerca da inadimplência dos consumidores. ou disposição de direitos. Nas relações de consumo entre
o fornecedor e o consumidor pessoa jurídica, a indenização
Natureza: são considerados entidades de caráter poderá ser limitada, em situações justificáveis;
público (§ 4° do 43 do CDC), de modo que os consumidores
poderão inclusive se valer de habeas data para garantir II - Subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da
o acesso ou a retificação das informações constantes. A quantia já paga, nos casos previstos neste código;
recusa ao fornecimento das informações que constam no
banco de dados pode caracterizar o crime previsto no art. III - Transfiram responsabilidades a terceiros;
72 do CDC
IV - Estabeleçam obrigações consideradas iníquas,
Comunicação: a negativação do nome o consumidor abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem
deve ser comunicada por escrito, normalmente encaminhada exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a
por carta, não se exigindo, entretanto, o aviso de recebimento equidade;
(AR), conforme disposto na Súmula n. 404 do STJ.
VI - Estabeleçam inversão do ônus da prova em
Cancelamento: se o devedor pagar a dívida, o prejuízo do consumidor;
credor deverá providenciar, no prazo de 5 dias úteis,
o cancelamento da anotação do nome do devedor no VII - Determinem a utilização compulsória de
cadastro de proteção ao crédito, conforme disposto na arbitragem;
Súmula n. 548 do STJ.
VIII - Imponham representante para concluir ou
Prazo: os bancos de dados não podem conter realizar outro negócio jurídico pelo consumidor;
informações negativas referentes a período superior a
cinco anos, além do que, consumada a prescrição relativa à IX - Deixem ao fornecedor a opção de concluir ou não o
cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, contrato, embora obrigando o consumidor;
pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito,
quaisquer informações que possam impedir ou dificultar X - Permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente,
novo acesso ao crédito junto aos fornecedores (§§ 1° e 5° variação do preço de maneira unilateral;
do art. 43 do CDC). XI - Autorizem o fornecedor a cancelar o contrato
unilateralmente, sem que igual direito seja conferido
6. PROTEÇÃO CONTRATUAL ao consumidor;

XII - Obriguem o consumidor a ressarcir os custos de


Regras mais importantes: a) as cláusulas contratuais cobrança de sua obrigação, sem que igual direito lhe
serão interpretadas de maneira mais favorável ao seja conferido contra o fornecedor;
consumidor (art. 47 do CDC); b) as declarações de
6
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DIREITO DO CONSUMIDOR - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

A defesa do consumidor em juízo poderá ser feita


XIII - Autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente por ações individuais ou por ações coletivas.
o conteúdo ou a qualidade do contrato, após sua
celebração; INTERESSES DIFUSOS, COLETIVOS E INDIVIDUAIS
HOMOGÊNEOS
XIV - Infrinjam ou possibilitem a violação de
normas ambientais; Interesses difusos (art. 81, I, do CDC): entendidos
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como os transindividuais, de natureza indivisível,


XV - Estejam em desacordo com o sistema de proteção de que sejam titulares pessoas indeterminadas e
ao consumidor; ligadas por circunstâncias de fato.
XVI - possibilitem a renúncia do direito de indenização Interesses coletivos (art. 81, II, do CDC):
por benfeitorias necessárias. entendidos como os transindividuais, de natureza
indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou
Consequência: as cláusulas abusivas são nulas. classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte
Deve-se salientar, no entanto, que a nulidade de contrária por uma relação jurídica base.
uma cláusula contratual abusiva não invalida todo o
contrato, salvo se sua ausência, apesar dos esforços Interesses individuais homogêneos (art. 81, III,
de integração, causar ônus excessivo a qualquer das do CDC): são aqueles decorrentes de origem comum.
partes (§ 2° do art. 51 do CDC). esses interesses são essencialmente individuais,
mas poderão ser tutelados coletivamente se forem
Venda à prestação: nas vendas de móveis homogêneos e possuírem origem comum de fato ou
ou imóveis mediante pagamento em prestações, de direito (vítimas de uma explosão ocorrida em um
bem como nas alienações fiduciárias em garantia, shopping center). O objeto nos direitos individuais
consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas homogêneos será divisível, na medida em que a
que estabeleçam a perda total das prestações decisão judicial pode variar para cada membro do
pagas em benefício do credor que, em razão do grupo (no caso da explosão do shopping, embora
inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a todos tenham sido vítimas do evento, a reparação do
retomada do produto alienado. Entretanto, permite- dano poderá variar para cada um dos indivíduos).
se que sejam descontados, além da vantagem
econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o
desistente ou inadimplente causar ao grupo. Sujeitos Indetermináveis

Súmula nº 543 do STJ: “Na hipótese de resolução INTERESSES DIFUSOS Objeto Indivisível
de contrato de promessa de compra e venda de imóvel
submetido ao Código de Defesa do Consumidor, deve Circunstância de fato
ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo
promitente comprador – integralmente, em caso de Sujeitos Determináveis
culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, INTERESSES Objeto Indivisível
ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem COLETIVOS
deu causa ao desfazimento”. Relação Jurídica base
Súmula nº 302 do STJ: “É abusiva a cláusula Sujeitos Determináveis
contratual de plano de saúde que limita no tempo a INTERESSES
internação hospitalar do segurado”. INDIVIDUAIS Objeto Divisível
HOMOGÊNEOS
Súmula nº 597 do STJ: “A cláusula contratual de Origem comum
plano de saúde que prevê carência para utilização
dos serviços de assistência médica nas situações de LEGITIMIDADE PARA AS AÇÕES COLETIVAS
emergência ou de urgência é considerada abusiva se
ultrapassado o prazo máximo de 24 horas, contado Legitimados: possuem legitimidade concorrente para
da data da contratação.” o ajuizamento de ação coletiva: I - Ministério Público,
II - União, Estados, Municípios e Distrito Federal, III -
CONTRATO DE ADESÃO Entidades e órgãos da Administração Pública, direta
ou indireta, ainda que sem personalidade jurídica,
Principais regras: a) nos contratos de adesão especificamente destinados à defesa dos interesses e
admite-se cláusula resolutória (aquela que deixa a direitos protegidos pelo CDC e IV - Associações legalmente
arbítrio de uma das partes a extinção contratual), constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre
mas essa cláusula apenas terá validade se for utilizada seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos
em favor do consumidor e b) os contratos de adesão protegidos CDC, dispensada a autorização assemblear.
escritos devem ser redigidos em termos claros e
com caracteres ostensivos e legíveis, cujo tamanho Associações: o requisito da pré-constituição de pelo
da fonte não será inferior ao corpo doze, de modo a menos 1 ano das associações pode ser dispensado pelo juiz
facilitar sua compreensão pelo consumidor, além do quando haja manifesto interesse social evidenciado pela
que as cláusulas que implicarem limitação de direito dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do
do consumidor deverão ser redigidas com destaque, bem jurídico a ser protegido (§ 1° do art. 82 do CDC).
permitindo sua imediata e fácil compreensão.
Ministério Público: se o MP não intervier no processo
como parte, atuará obrigatoriamente como fiscal da lei.
7. DEFESA DO CONSUMIDOR EM JUÍZO
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DIREITO DO CONSUMIDOR - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

HONORÁRIOS, CUSTAS E DESPESAS PROCESSUAIS Litisconsortes: proposta a ação coletiva que tutela
interesses individuais homogêneos, será publicado edital
Para facilitar o acesso do consumidor à justiça e no órgão oficial, a fim de que os interessados possam
estimular o uso as ações coletivas, o CDC dispensa o intervir no processo como litisconsortes, sem prejuízo de
adiantamento de qualquer despesa processual, além ampla divulgação pelos meios de comunicação social por
do que isenta o autor do pagamento de honorários de parte dos órgãos de defesa do consumidor.
advogados, custas e despesas processuais, salvo no caso
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de má-fé, hipóteses em que a associação autora e os Liquidação e Execução: se o pedido for julgado
diretores responsáveis pela propositura da ação serão procedente, a condenação será genérica, fixando a
solidariamente condenados em honorários advocatícios e responsabilidade do réu pelos danos causados, sendo
ao décuplo das custas, sem prejuízo da responsabilidade que a liquidação e a execução de sentença poderão ser
por perdas e danos. promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como
pelos legitimados de que trata o art. 82 do CDC
AÇÃO COLETIVA PARA DEFESA DE INTERESSE
INDIVIDUAL HOMOGÊNEO Falta de habilitação dos interessados: Decorrido
o prazo de um ano sem habilitação de interessados em
Competência: estabelece o art. 93 do CDC que, número compatível com a gravidade do dano, poderão os
ressalvada a competência da Justiça Federal, é competente legitimados do art. 82 promover a liquidação e execução
para a causa a justiça local: I - no foro do lugar onde da indenização devida, devendo o produto da indenização
ocorreu ou deva ocorrer o dano, quando de âmbito local; ser revertido para o fundo criado pela Lei n.º 7.347/1985.
II - no foro da Capital do Estado ou no do Distrito Federal,
para os danos de âmbito nacional ou regional, aplicando- COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS
se as regras do Código de Processo Civil aos casos de
competência concorrente.

INTERESSE INTERESSES COLETIVOS INTERESSES INDIVIDUAIS


DIFUSOS HOMOGÊNEOS
Efeito erga omnes, Efeito ultra partes, Efeito erga omnes, bastando
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO beneficiando todos limitadamente ao grupo, ao consumidor se habilitar na
da coletividade. categoria ou classe. liquidação e promover a execução.
Efeito erga omnes, Efeito ultra partes, A coisa julgada alcança apenas
mas não prejudica mas não prejudica os indivíduos que se habilitaram
IMPROCEDÊNCIA DO ações individuais ações individuais dos como litisconsorte do legitimado
PEDIDO POR QUALQUER dos interessados. interessados. Ou seja, coletivo. Os indivíduos que não se
FUNDAMENTO QUE NÃO apenas os legitimados habilitaram como litisconsortes
SEJA INSUFICIÊNCIA DE coletivos que não poderão poderão ingressar com ações
PROVA discutir novamente a individuais.
questão transitada em
julgado.
Não possui efeito Não possui efeito ultra A coisa julgada alcança apenas
erga omnes (não partes (não há coisa os indivíduos que se habilitaram
há coisa julgada julgada material), de como litisconsorte do legitimado
material), de modo modo que os legitimados coletivo. Os indivíduos que não se
IMPROCEDÊNCIA que os legitimados do art. 82 do CDC podem habilitaram como litisconsortes
DO PEDIDO POR
INSUFICIÊNCIA DE PROVA do art. 82 do CDC entrar com nova ação, poderão ingressar com ações
podem entrar com desde que haja prova individuais.
nova ação, desde nova.
que haja prova
nova.

Conclusão: a coisa julgada coletiva, portanto, independentemente do interesse transindividual tutelado, não
prejudicará as pretensões individuais, ou seja, o consumidor poderá se valer da ação individual mesmo que a ação coletiva
seja julgada improcedente. A única exceção a essa regra ocorre quando se tratar de ação coletiva tutelando interesses
individuais homogêneos em que os indivíduos se habilitaram como litisconsorte, já que, neste caso, a coisa julgada vai
atingir os litisconsortes de qualquer forma (procedente ou improcedente), de modo que eles não poderão ingressar com
ação individual sobre o mesmo assunto já decidido.

8. CONVENÇÃO COLETIVA DE CONSUMO


Conceito: entende-se por convenção coletiva de consumo o instrumento feito por escrito, em que fornecedores e
consumidores, por meio de suas entidades representativas, estabelecem antecipadamente determinados elementos e
regras que irão compor os contratos individuais de consumo, como condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade,
à garantia e características de produtos e serviços, bem como no que diz respeito à composição de eventuais conflitos.
8
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DIREITO DO CONSUMIDOR - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

Art. 107do CDC - As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria
econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto estabelecer condições
relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características de produtos e serviços, bem como à reclamação
e composição do conflito de consumo.

§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos e documentos.


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§ 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias.

§ 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data posterior ao registro
do instrumento.

9. SUPERENDIVIDAMENTO judiciais, data de exclusão do consumidor de bancos de


dados e de cadastros de inadimplentes. O pedido de
A quem se aplica o superendividamento? a) repactuação não acarreta insolvência civil e não pode ser
pessoas físicas, b) de Boa-fé, c) dívidas altas que podem repetido em 2 anos.
comprometer o mínimo existencial. Conciliação Administrativa (art. 104-C do CDC):
Não são casos de superendividamento (54-A, § 3º, do possibilidade de os órgãos do Sistema Nacional de Defesa
CDC) as dívidas do consumidor que: a) forem contraídas do Consumidor (PROCON, por exemplo) realizarem a fase
mediante fraude ou má-fé; b) forem oriundas de contratos conciliatória e preventiva do processo de repactuação.
celebrados dolosamente com o propósito de não realizar o Excluídos do Processo de Repactuação (art. 104-A, §
pagamento; c) decorrerem da aquisição ou contratação de 1º, do CDC): a) dívidas oriundas de contratos celebrados
produtos e serviços de luxo de alto valor. dolosamente sem o propósito de realizar pagamento;
Mudanças importantes: b) dívidas provenientes de contratos de crédito com
garantia real; c) dívidas provenientes de financiamentos
1) Dois novos princípios da Política Nacional das imobiliários; d) provenientes de crédito rural.
Relações de Consumo (art. 4º do CDC): IX - fomento de
ações direcionadas à educação financeira e ambiental Processo por superendividamento (art. 104-B do
dos consumidores e X - prevenção e tratamento do CDC): se não houver êxito na conciliação da repactuação
superendividamento como forma de evitar a exclusão das dívidas, o juiz, a pedido do consumidor, instaurará
social do consumidor. processo por superendividamento. Será elaborado um
plano judicial compulsório. Os credores serão citados
2) Dois novos instrumentos da Política Nacional das para, no prazo de 15 dias, juntar documentos e apresentar
Relações de Consumo (art. 5º do CDC): VI - instituição as razões pelas quais se negam a aceder (anuir) ao plano
de mecanismos de prevenção e tratamento extrajudicial voluntário ou se negam a renegociar. O plano judicial
e judicial do superendividamento e de proteção do compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o
consumidor pessoa natural; VII - instituição de núcleos valor do principal devido, corrigido monetariamente por
de conciliação e mediação de conflitos oriundos de índices oficiais de preço. Além disso, preverá a liquidação
superendividamento. total da dívida, após a quitação do plano de pagamento
consensual, em, no máximo, 5 anos, sendo que a primeira
3) Três novos direitos do consumidor (art. 6º do parcela será devida no prazo máximo de 180 dias, contado
CDC): XI - a garantia de práticas de crédito responsável, de sua homologação judicial, e o restante do saldo será
de educação financeira e de prevenção e tratamento de devido em parcelas mensais iguais e sucessivas (art. 104-B,
situações de superendividamento, preservado o mínimo § 4º).
existencial, nos termos da regulamentação, por meio da
revisão e da repactuação da dívida, entre outras medidas;
XII - a preservação do mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, na repactuação de dívidas e na concessão
de crédito; XIII - a informação acerca dos preços dos
produtos por unidade de medida, tal como por quilo, por
litro, por metro ou por outra unidade, conforme o caso.

4) Duas novas cláusulas consideradas abusivas (art.


51 do CDC): XVII - condicionem ou limitem de qualquer
forma o acesso aos órgãos do Poder Judiciário; XVIII -
estabeleçam prazos de carência em caso de impontualidade
das prestações mensais ou impeçam o restabelecimento
integral dos direitos do consumidor e de seus meios de
pagamento a partir da purgação da mora ou do acordo com
os credores;

Processo de Repactuação de dívidas (art. 104-A


do CDC): é designada uma audiência de conciliação, e
o consumidor deve apresentar proposta de plano de
pagamento com prazo máximo de 5 anos (dilação de
prazos, redução de encargos, suspensão/extinção de ações
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