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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

1. INTRODUÇÃO TRABALHO DO
TRABALHO DA CRIANÇA
ADOLESCENTE
(ATÉ 12 ANOS)
CONCEITO DE CRIANÇA E ADOLESCENTE (DE 12 A 18 ANOS)

O art. 2° do ECA dispõe que criança é a pessoa de Expressamente vedado pela Vedado o trabalho noturno,
até 12 anos incompletos e adolescente a pessoa entre Constituição Federal de 1988 perigoso ou insalubre para
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12 e 18 anos de idade. Destaca-se que as convenções menores de 18 anos.


internacionais das quais o Brasil é signatário referem-se
à criança como a pessoa com menos 18 anos de idade. Vedado qualquer trabalho a
menores de 16 anos, salvo
No entanto, o ECA é aplicável excepcionalmente na condição de aprendiz, a
às pessoas entre 18 e 21 anos de idade, quando o partir de 14 anos.
adolescente pratica ato infracional ficando sujeito à
medida socioeducativa que perdura após completar 18 Inimputabilidade: A inimputabilidade penal dos
anos, ocorrendo sua liberação compulsória apenas aos menores de 18 anos se baseia no critério biológico,
21 anos. sendo considerados inimputáveis ainda que tenham
discernimento sobre as consequências do crime.
DOUTRINA DA SITUAÇÃO IRREGULAR X DOUTRINA
DA PROTEÇÃO INTEGRAL Jovem: a nova redação do art. 227 da CF/88 (EC
n. 65/2010) dispõe que o jovem também é destinatário
Vejamos as principais diferenças entre as doutrinas: da absoluta prioridade. De acordo com o Estatuto da
Juventude (Lei n. 12.852/2013), são consideradas jovens
as pessoas com idade entre 15 e 29 anos.
DOUTRINA DA DOUTRINA DA
SITUAÇÃO IRREGULAR PROTEÇÃO INTEGRAL
Código de Menores de 1979. Estatuto da Criança e do
2. DIREITOS FUNDAMENTAIS
Adolescente.
DIREITO À VIDA E À SAÚDE
Cultura assistencialista: Criança e o adolescente
preocupava-se com criança assumem a condição de sujeitos A criança e o adolescente têm direito a proteção à
e o adolescente encontrados de direito, que necessitam de vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais
em “situação irregular”. proteção especial. públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento
sadio e harmonioso, em condições dignas de existência
Considerava-se “situação A criança e o adolescente (art. 7° do ECA). Destacam-se, nesse sentido, as principais
irregular” quando o menor de são sujeitos de direito regras previstas no ECA: a) acesso aos programas e
18 anos fosse encontrado em independentemente de situação às políticas de saúde da mulher e de planejamento
certas situações (ex.: privado de risco ou de infringência à lei, reprodutivo, nutrição adequada das gestantes e atenção
de condições essenciais à sendo aplicada pelo simples humanizada à gravidez; b) direito de que a gestante possa
sua subsistência, vítima de fato de se reconhecer que contar com o médico que lhe atendeu nos últimos meses
maus tratos, autor de infração merecem atenção especial do de gestação também na hora do parto; c) proporcionar
penal, etc.). ordenamento jurídico. assistência psicológica à gestante e à mãe, no período pré
e pós-natal; d) acompanhante, da preferência da gestante,
PRINCIPAIS DISPOSITIVOS SOBRE OS DIREITOS durante o trabalho de parto e do pós-parto imediato,
DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NA CONSTITUIÇÃO além de outras normas que devem ser observadas por
FEDERAL DE 1988 hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde
de gestantes, públicos e particulares; e) permanência,
Competência: para legislar sobre a proteção aos em tempo integral, de um dos pais ou responsável,
direitos da criança e do adolescente é, conforme art. nos casos de internação de criança ou adolescente; f)
24, XV, da CF/88, concorrente entre a União (estabelece apoio às gestantes ou mães que manifestem interesse
normal geral), Estados (normas específicas) e Distrito em entregar seus filhos para adoção; g) assistência
Federal. médica e odontológica, pelo SUS, para a prevenção das
enfermidades que ordinariamente afetam a população
Proteção à infância: por se tratar de direito social infantil; e h) vacinação obrigatória das crianças nos casos
(direito fundamental de segunda geração), exige uma recomendados pelas autoridades sanitárias.
postura ativa por parte do Estado, principalmente por
meio de adoção de políticas públicas em prol das crianças DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE
e adolescentes (art. 6º da CF/88).
Para garantir o saudável desenvolvimento da criança
Trabalho: para que o trabalho não lhe seja prejudicial, e do adolescente, o art. 15 do ECA lhes garante o direito à
o art. 7º, XXXIII, da CF/88, impõe as seguintes restrições liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas.
ao trabalho do menor de 18 anos:

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I - ir, vir e estar nos logradouros FAMÍLIA FAMÍLIA FAMÍLIA


públicos e espaços comunitários, NATURAL EXTENSA SUBSTITUTA
ressalvadas as restrições legais; II (ART. 25 (ART. 25, PU, (ART. 28
- opinião e expressão; III - crença e DO ECA) DO ECA) DO ECA)
LIBERDADE culto religioso; IV - brincar, praticar
(ART. 16) esportes e divertir-se; V - participar Pais biológicos Além da unidade Formada nos
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da vida familiar e comunitária, sem ou qualquer do casal, é formada casos de guarda,


discriminação; VI - participar da vida deles e seus por parentes com tutela ou adoção.
política, na forma da lei; VII - buscar descendentes. os quais a criança/ Deve ser adotada
refúgio, auxílio e orientação Em regra, é adolescente convive apenas em casos
onde a criança/ e mantem vínculo excepcionais.
Inviolabilidade da integridade física, adolescente de afinidade e
psíquica e moral da criança e do deve ser criada. afetividade.
RESPEITO adolescente, abrangendo a preservação
(ART. 17) da imagem, da identidade, da autonomia, Poder familiar: engloba deveres de sustento, guarda
dos valores, ideias e crenças, dos e educação dos filhos menores, bem como o dever de
espaços e objetos pessoais cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais.
Mãe, pai ou responsáveis têm direitos iguais e deveres
A criança e o adolescente devem e responsabilidades compartilhados no cuidado e na
estar a salvo de qualquer tratamento educação da criança. Não há qualquer distinção entre
desumano, violento, aterrorizante, filhos concebidos na constância ou fora do casamento
vexatório ou constrangedor, sendo (art. 20 do ECA).
DIGNIDADE vedado o uso de castigo físico ou de
(ART. 18) tratamento cruel ou degradante, como Perda do poder familiar: I - castigar imoderadamente
formas de correção, disciplina, educação o filho; II - deixar o filho em abandono; III - praticar atos
ou qualquer pretexto, por qualquer contrários à moral e aos bons costumes; IV - incidir,
pessoa encarregada de cuidar, tratar ou reiteradamente, nas faltas previstas no artigo 1.637
educar a criança ou adolescente (abuso de autoridade reiterado, faltando aos deveres a
eles inerentes ou arruinando os bens dos filhos).
Castigo físico ou tratamento cruel ou degradante:
a pessoa encarregada de cuidar de crianças e de Importante: a) condenação criminal do pai ou da mãe
adolescentes que utilizar castigo físico ou tratamento não implicará a destituição do poder familiar, exceto na
cruel ou degradante estará sujeita, sem prejuízo de hipótese de condenação por crime doloso sujeito à pena
outras sanções cabíveis, a medida aplicáveis pelo de reclusão contra outrem igualmente titular do mesmo
Conselho Tutelar de acordo com a gravidade do caso, poder familiar ou contra filho, filha ou outro descendente;
tais como, advertência, encaminhamento a programa b) a falta ou a carência de recursos materiais não
oficial ou comunitário de proteção à família, a tratamento constitui motivo suficiente para a perda ou a suspensão
psicológico ou psiquiátrico, participação em cursos ou do poder familiar; c) a existência de pessoas dependentes
programas de orientação, obrigação de encaminhar a de substâncias entorpecentes, por si só, não é causa de
criança a tratamento especializado. suspensão do poder familiar.

Acolhimento institucional e familiar: visam proteger


TABELA COMPARATIVA a criança e o adolescente, garantindo abrigo e orientação,
além de retirar o menor da situação de risco social e
TRATAMENTO CRUEL
CASTIGO FÍSICO pessoal em que se encontre. O programa de acolhimento
OU DEGRADANTE
destina-se a menores de 18 anos de idade. O acolhimento
Natureza disciplinar ou Forma cruel de tratamento familiar (famílias acolhedoras) deve ter preferência
punitiva; que: a) humilhe, b) ameace em relação ao institucional (abrigo, casa lar e casa de
gravemente ou c) ridicularize passagem). O acolhimento institucional não pode durar
Aplicado com uso de força a criança ou o adolescente. mais de 18 meses, salvo necessidade devidamente
física sobre a criança ou o fundamentada pela autoridade judiciária. O prazo de 18
adolescente; meses não se aplica ao acolhimento familiar.

Resultam em: a) sofrimento FAMÍLIA NATURAL


físico ou b) lesão.
Conceito: família natural é a comunidade formada
DIREITO DE CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA pelos pais biológicos ou qualquer deles e seus
descendentes, não se confundido com a família extensa
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê 3 tipos ou ampliada, considerada aquela que se estende para
de entidades familiares: além da unidade pais e filhos ou da unidade do casal,
formada por parentes próximos com os quais a criança
ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
afetividade (art. 25 do ECA).

Filiação: o reconhecimento do estado de filiação é


direito personalíssimo, indisponível e imprescritível (art.
27 do ECA).

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FAMÍLIA SUBSTITUTA ATENÇÃO: a) recebida a guarda da criança, inicia-se


o prazo de 15 dias para propor a ação de adoção; b) o
Conceito: família substitua é aquela que substitui prazo máximo para conclusão da ação de adoção será de
a entidade familiar biológica em determinados casos 120 dias, prorrogável uma única vez por igual período.
específicos, podendo ser por meio de um dos seguintes
institutos: guarda, tutela ou adoção. Trata-se de medida Os laços advindos da adoção são eternos, ou seja, não
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excepcional, exigindo a observância de regras previstas são rompidos nem com a morte dos pais adotivos, caso em
no ECA, com destaque para as seguintes: a) sempre que que o poder familiar dos pais biológicos não é reestabelecido.
possível, a criança ou o adolescente será previamente
ouvido por equipe interprofissional; b) os grupos de irmãos
serão colocados, em regra, sob adoção, tutela ou guarda ADOÇÃO UNILATERAL ADOÇÃO BILATERAL
da mesma família substituta; c) a medida será precedida O rompimento do vínculo Rompem-se os vínculos
de preparação gradativa e acompanhamento posterior; d) ocorre em relação a familiares tanto do pai
a colocação em família substituta estrangeira constitui apenas um dos genitores, quanto da mãe.
medida excepcional, somente admissível na modalidade devendo ser verificado
de adoção (art. 31). o interesse do adotando
Criança ou adolescente indígena: a colocação em (ex.: adoção pleiteada
família substituta de criança ou adolescente indígena pelo padrasto ou em
exige um procedimento diferenciado, com a participação relação ao filho da esposa
do órgão federal responsável pela política indigenista ou companheira).
(FUNAI) e de um antropólogo.
Principais regras sobre a adoção: a) o adotando
Vejamos agora cada uma das modalidades da deve contar com, no máximo, 18 anos à data do pedido,
família substituta. salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos adotantes
(a adoção de pessoas maiores de 18 anos não é regida
Guarda: modalidade que objetiva regularizar a pelo ECA e sim pelo Código Civil); b) podem adotar os
situação de fato da criança ou adolescente, sendo concedida maiores de 18 anos, independentemente do estado civil
de forma provisória e transferindo ao seu detentor o dever (o adotante deve ser, pelo menos, 16 anos mais velho do
de prestar assistência à criança ou adolescente. que o adotando, c) não podem adotar os ascendentes e os
irmãos do adotando (nesses casos, poderá ser deferida a
Características: a) a guarda pode ser revogada a tutela); d) a adoção exige estágio de convivência prévio
qualquer tempo, mediante ato judicial fundamentado, com a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90
ouvido o Ministério Público; b) a guarda não suspende dias, acompanhado pela equipe interprofissional, que
nem destitui o poder familiar, mantendo-se o dever de apresentará relatório minucioso acerca da conveniência
prestar alimentos e o direito de visita (salvo no caso de do deferimento da medida; e) a adoção depende do
guarda incidental em processo de adoção ou por expressa consentimento dos pais ou do representante legal
determinação judicial nesse sentido). do adotando (salvo em caso de pais desconhecidos
ou que tenham sido destituídos do poder familiar); f)
Tutela: conferida a pessoa até 18 anos incompletos, adotando maior de 12 anos de idade: necessário o seu
pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar e consentimento; adotando menor de 12 anos: recomenda-
implica necessariamente o dever de guarda. O Direito de se que sua opinião seja devidamente considerada; g)
nomear tutor incumbe aos pais, em conjunto, sendo que para adoção conjunta é indispensável, em regra, que os
a nomeação deve constar de testamento ou de qualquer adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união
outro documento autêntico. estável (os divorciados, os judicialmente separados e os
ex-companheiros podem adotar conjuntamente, desde
Na falta de tutor nomeado pelos pais, incumbe a que observadas algumas peculiaridades).
tutela aos parentes consanguíneos do menor, na ordem
prevista no art. 1.731 do CC. Prioridade de Cadastro: deve ser assegurada
prioridade no cadastro de pessoas interessadas em adotar
Adoção: é considerada medida excepcional e criança ou adolescente com deficiência, doença crônica
irrevogável, à qual se deve recorrer apenas quando ou necessidades específicas de saúde, além de grupo de
esgotados os recursos de manutenção da criança ou irmãos.
adolescente na família natural ou extensa.
Adoção internacional: destacam-se as seguintes
A mãe a que manifeste interesse em entregar seu regras: a) em caso de adoção por pessoa ou casal
filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, deverá residente ou domiciliado fora do País, o estágio de
ser encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude convivência será de, no mínimo, 30 dias e, no máximo,
para que seja ouvida por uma equipe interprofissional, 45 dias, prorrogável por até igual período, uma única vez;
que apresentará relatório à autoridade judiciária, b) o estágio de convivência será cumprido no território
considerando inclusive os eventuais efeitos do estado nacional, preferencialmente na comarca de residência
gestacional e puerperal (art. 19-A ao ECA). da criança ou adolescente; c) a adoção internacional só
será deferida se, após consulta aos cadastros relativos à
Antes de se decretar a extinção do poder familiar e
adoção, não for encontrado interessado com residência
determinar a colocação da criança sob guarda provisória,
permanente no Brasil. Na adoção internacional, além
a prioridade é tentar que o genitor assuma a guarda da
da prioridade de casal brasileiro, residente no brasil,
criança e, caso isso não seja possível, deve-se tentar
também terão preferência os brasileiros residentes no
ainda, no prazo máximo de 90 dias, acolher a criança em
exterior, conforme art. 51, §2º, do ECA; d) o pedido de
sua “família extensa”.
habilitação à adoção deve ser feito perante a Autoridade
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Central do país de acolhida, assim entendido aquele onde degradante e difundir formas não violentas de educação
está situada a residência habitual do interessado; e) de crianças e de adolescentes (artigos 70-A e 70-B do
antes de transitada em julgado a decisão que concedeu ECA, acrescentados pela Lei n. 13.010/14, conhecida
a adoção internacional, não será permitida a saída do como Lei do Menino Bernardo).
adotando do território nacional.
Prevenção Especial: o ECA estabelece regras de
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DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA AO ESPORTE E proteção especial relacionadas aos seguintes temas: a)
AO LAZER informação, cultura, lazer, esportes, diversões e espetáculos;
b) produtos e serviços; c) autorização para viajar.
Regras mais importantes: a) os pais ou responsável
têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos Informação, cultura, lazer, esportes, diversões
na rede regular de ensino; b) é direito dos pais ou e espetáculos: a maior preocupação do ECA é vedar
responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem a publicação de conteúdo impróprio para crianças e
como participar da definição das propostas educacionais; adolescentes, estabelecendo, dentre outras regras, que: a)
c) a criança e o adolescente têm direito à educação, divulgação sobre a natureza do espetáculo e a faixa etária
visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, especificada no certificado de classificação; b) crianças
assegurados, dentre outros direitos, acesso à escola menores de 10 anos só poderão ingressar e permanecer
pública e gratuita próxima de sua residência. Além disso, nos locais de apresentação ou exibição de espetáculos
devem ser garantidas vagas no mesmo estabelecimento quando acompanhadas dos pais ou responsável; c)
a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de as emissoras de rádio e televisão exibirão, no horário
ensino da educação básica (art. 53 do ECA). recomendado para o público infanto juvenil, programas
com finalidades educativas, artísticas, culturais e
Acesso ao ensino: a) o acesso ao ensino obrigatório informativas; d) revistas e publicações contendo material
e gratuito é direito público subjetivo, sendo que o não impróprio ou inadequado deverão ser comercializadas
oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público em embalagem lacrada.
ou sua oferta irregular importa responsabilidade
da autoridade competente; b) os dirigentes de Produtos e serviços: o art. 81 do ECA estabelece
estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão que é proibida a venda à criança ou ao adolescente de: I -
ao Conselho Tutelar casos de maus-tratos, reiteração de armas, munições e explosivos; II - bebidas alcoólicas; III -
faltas injustificadas e de evasão escolar e elevados níveis produtos cujos componentes possam causar dependência
de repetência. O Conselho Tutelar deve ser notificado física ou psíquica ainda que por utilização indevida; IV
quando a quantidade de falta do aluno for superior a 30% - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que
do percentual permitido em lei (Lei n. 13.803/2019). pelo seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar
qualquer dano físico em caso de utilização indevida; V -
DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO revistas e publicações a que alude o art. 78 (conteúdo
AO TRABALHO impróprio); VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Em razão da condição peculiar de desenvolvimento Importante: o art. 82 do ECA proíbe a hospedagem
da pessoa menor de 18 anos de idade, para que o trabalho de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou
não lhe seja prejudicial, a Constituição Federal veda estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou
expressamente o trabalho noturno, perigoso ou insalubre acompanhado pelos pais ou responsável.
a menores de 18 e de qualquer trabalho a menores de 16
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. No que tange ao tema autorização para viajar, o
ECA estabelece que: a) nenhuma criança ou adolescente
Aprendizagem: formação técnico-profissional do menor de 16 anos (Lei n. 13.812/2019) poderá viajar para
adolescente a partir dos 14 anos de idade, devendo fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais
observar os seguintes princípios: I - garantia de acesso ou responsável, sem expressa autorização judicial, salvo
e frequência obrigatória ao ensino regular; II - atividade algumas exceções (comarca contígua, mesma região
compatível com o desenvolvimento do adolescente; III - metropolitana ou criança acompanhada de ascendente
horário especial para o exercício das atividades. ou colateral maior, ou de pessoa maior, expressamente
autorizada pelo pai, mãe ou responsável); b) quando se
Vedações: atividades que não garantam o tratar de viagem ao exterior, haverá necessidade de
desenvolvimento do adolescente, como aquelas autorização judicial ou dos pais, com firma reconhecida,
repetitivas e sem aprendizado efetivo (corte da cana, salvo se os pais estiverem presentes no embarque (Lei n.
carga e descarga de caminhões, limpeza em geral, 13.726/2018), ou se a criança ou adolescente: I - estiver
ensacamento de mercadorias) são incompatíveis com a acompanhado de ambos os pais ou responsável; II - viajar
aprendizagem. na companhia de um dos pais, autorizado expressamente
pelo outro através de documento com firma reconhecida.
3. PREVENÇÃO Importante: sem prévia e expressa autorização
judicial, nenhuma criança ou adolescente nascido em
Conceito: é dever de todos prevenir a ocorrência território nacional poderá sair do País em companhia de
de ameaça ou violação dos direitos da criança e do estrangeiro residente ou domiciliado no exterior.
adolescente (art. 70 do ECA).

Atuação: União, Estados, Distrito Federal e os 4. POLÍTICA DE ATENDIMENTO


Municípios devem atuar de forma articulada na elaboração
de políticas públicas e na execução de ações destinadas Entre as diretrizes da política de atendimento,
a coibir o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou destacam-se a municipalização do atendimento, bem
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como a criação de conselhos municipais, estaduais e no local mais próximo à residência dos pais ou do
nacional dos direitos da criança e do adolescente, órgãos responsável e, como parte do processo de reintegração
deliberativos e controladores das ações em todos os familiar, sempre que identificada a necessidade, a
níveis, assegurada a participação popular paritária por família de origem será incluída em programas oficiais
meio de organizações representativas. de orientação, de apoio e de promoção social, sendo
facilitado e estimulado o contato com a criança ou com o
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Contato com pais e parentes: salvo determinação adolescente acolhido (§ 7º do art. 101 do ECA).
em contrário da autoridade judiciária competente, as
entidades que desenvolvem programas de acolhimento Importante: as entidades que mantenham programa
familiar ou institucional, se necessário com o auxílio de acolhimento institucional poderão, em caráter
do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes
estimularão o contato da criança ou adolescente com sem prévia determinação da autoridade competente, ou
seus pais e parentes (§ 4º do art. 92 do ECA). seja, sem a expedição de guia de acolhimento, fazendo
comunicação do fato em até 24 horas ao Juiz da Infância e
Requisitos para o registro: para que a entidade da Juventude, sob pena de responsabilidade.
recebe o registro e tenha sua renovação, deverá
observar os seguintes requisitos: a) estar regulamente Programa de apadrinhamento: visa permitir que a
constituída; b) com pessoas idôneas em seus quadros; criança e o adolescente mantenham vínculos externos,
c) oferecer instalações físicas em condições adequadas fora do acolhimento institucional ou familiar, com os
de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; denominados “padrinhos”, pessoas físicas ou jurídicas, que
d) apresentar plano de trabalho compatível com os se disponibilizam a dar amor e carinho a essas crianças e
princípios do ECA. adolescentes, levando-os para passear, comemorar datas
especiais, visitar suas casas, etc. O perfil da criança ou do
adolescente a ser apadrinhado será definido no âmbito de
5. MEDIDAS DE PROTEÇÃO cada programa de apadrinhamento, com prioridade para
crianças ou adolescentes com remota possibilidade de
DISPOSIÇÕES GERAIS reinserção familiar ou colocação em família adotiva.
Conceito: as medidas de proteção à criança e ao MEDIDAS PERTINENTES AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
adolescente são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos no ECA forem ameaçados ou violados, Quando a criança ou adolescente estiver em situação
podendo ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem de risco em razão de conduta de seus pais ou responsável,
como substituídas a qualquer tempo. o ECA prevê, em seu art. 129, medidas especiais que
devem ser aplicadas: I - encaminhamento a serviços e
programas oficiais ou comunitários de proteção, apoio
MEDIDAS DE PROTEÇÃO e promoção da família; II - inclusão em programa oficial
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento
termo de responsabilidade; a alcoólatras e toxicômanos; III - encaminhamento
a tratamento psicológico ou psiquiátrico; IV -
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; encaminhamento a cursos ou programas de orientação; V
- obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar
III - matrícula e frequência obrigatórias em sua frequência e aproveitamento escolar; VI - obrigação
estabelecimento oficial de ensino fundamental; de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento
especializado; VII - advertência; VIII - perda da guarda;
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou IX - destituição da tutela, e X - suspensão ou destituição
comunitários de proteção, apoio e promoção da família, do poder familiar.
da criança e do adolescente;

V - requisição de tratamento médico, psicológico ou 6. PRÁTICA DE ATO INFRACIONAL


psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial;
MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio,
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Conforme previsto no art. 228 da CF/88, os menores
de 18 anos de idade são penalmente inimputáveis, ou
VII - acolhimento institucional; seja, não praticam crime nem contravenção penal e sim
atos infracionais, conforme art. 103 do ECA.
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar;

IX - colocação em família substituta. MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS


Advertência
Prioridade: a inclusão da criança ou adolescente
em programas de acolhimento familiar (pessoa ou casal Obrigação de reparar o dano
cadastrado no programa de acolhimento familiar) deve
ter preferência em relação ao acolhimento institucional Prestação de serviços à comunidade
(abrigo, casa lar ou casa de passagem), observado, em
Liberdade assistida
qualquer caso, o caráter temporário e excepcional da
medida. Inserção em regime de semiliberdade
O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer Internação em estabelecimento educacional
Medidas de proteção previstas no art. 101, I a VI, do ECA 5
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PROCEDIMENTO PARA A APURAÇÃO DE


TABELA COMPARATIVA ATO INFRACIONAL
MEDIDAS Apreensão: o adolescente pode ser apreendido em
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
SOCIOEDUCATIVAS
duas situações diferentes: por ordem judicial ou em razão
Aplicadas ao adolescente Podem ser aplicadas a de flagrante de ato infracional.
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infrator crianças ou adolescentes


Violência ou grave ameaça: se o ato infracional for
Previstas no art. 112 do ECA Previstas no art. 101 do ECA cometido com violência ou grave ameaça, será necessário
lavrar auto de apreensão, com a oitiva de testemunhas e
Podem ser aplicadas Podem ser aplicadas pelo do adolescente, apreensão dos produtos e instrumentos
apenas pelo Juiz juiz ou pelo Conselho da infração e requisição de exames e perícias. Nos
Tutelar, salvo os casos demais casos, a lavratura de auto de apreensão pode ser
de acolhimento familiar substituída por boletim de ocorrência circunstanciado.
e colocação em família
substituta, que são de Oitiva: apresentado o adolescente, o representante
competência exclusiva do Ministério Público, no mesmo dia e à vista do auto
do juiz. de apreensão, boletim de ocorrência ou relatório
policial, devidamente autuados pelo cartório judicial e
Importante: a criança que pratica ato infracional com informação sobre os antecedentes do adolescente,
está sujeita às medidas de proteção previstas no art. procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em
101 do ECA, enquanto que o adolescente que pratica ato sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e
infracional estará sujeito às medidas socioeducativas. testemunhas (art. 179, caput, do ECA).

DIREITOS INDIVIDUAIS E GARANTIAS PROCESSUAIS Atuação do MP: após a formação do seu convencimento,
o representante do Ministério Público, poderá adotar uma
das seguintes medidas: 1) promover o arquivamento dos
DIREITOS INDIVIDUAIS GARANTIAS PROCESSUAIS autos, 2) conceder a remissão e 3) representar à autoridade
judiciária para a aplicação de medida socioeducativa.
Art. 106. Nenhum Art. 110. Nenhum
adolescente será privado adolescente será privado Representação: oferecida a representação, se o juiz
de sua liberdade senão em de sua liberdade sem o entender adequada a remissão, ouvirá o representante
flagrante de ato infracional devido processo legal. do Ministério Público, proferindo decisão. Caso não
ou por ordem escrita e seja dada a remissão pelo juiz, o advogado constituído
fundamentada da autoridade Art. 111. São asseguradas ao ou o defensor nomeado, no prazo de três dias contado
judiciária competente. adolescente, entre outras, as da audiência de apresentação, oferecerá defesa prévia
seguintes garantias: e rol de testemunhas. Na audiência em continuação,
Art. 107. A apreensão de ouvidas as testemunhas arroladas na representação e
qualquer adolescente I - pleno e formal na defesa prévia, cumpridas as diligências e juntado o
e o local onde se conhecimento da atribuição relatório da equipe interprofissional, será dada a palavra
encontra recolhido serão de ato infracional, mediante ao representante do Ministério Público e ao defensor,
incontinenti comunicados citação ou meio equivalente; sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada
à autoridade judiciária um, prorrogável por mais dez, a critério da autoridade
competente e à família do II - igualdade na relação
processual, podendo judiciária, que em seguida proferirá decisão.
apreendido ou à pessoa
por ele indicada. confrontar-se com Sentença: na sentença o juiz poderá: a) não aplicar
vítimas e testemunhas e qualquer medida socioeducativa nos casos de estar
Art. 108. A internação, produzir todas as provas provada a inexistência do fato; não haver prova da
antes da sentença, necessárias à sua defesa; existência do fato; não constituir o fato ato infracional; não
pode ser determinada existir prova de ter o adolescente concorrido para o ato
pelo prazo máximo de III - defesa técnica por
advogado; infracional (art. 189), ou c) aplicar medida socioeducativa
quarenta e cinco dias. (art. 112).
Parágrafo único. A decisão IV - assistência judiciária
deverá ser fundamentada gratuita e integral aos
necessitados, na forma
7. CONSELHO TUTELAR
e basear-se em indícios
suficientes de autoria e da lei;
Conceito: órgão permanente e autônomo, não
materialidade, demonstrada jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo
a necessidade imperiosa V - direito de ser ouvido
pessoalmente pela cumprimento dos direitos da criança e do adolescente
da medida. previstos no ECA. O exercício efetivo da função de
autoridade competente;
conselheiro constituirá serviço público relevante e
Art. 109. O adolescente estabelecerá presunção de idoneidade moral (art. 135 do
civilmente identificado VI - direito de solicitar a
presença de seus pais ou ECA).
não será submetido a
identificação compulsória responsável em qualquer
fase do procedimento. Impedimentos: são impedidos de servir no mesmo
pelos órgãos policiais, Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes,
de proteção e judiciais, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o
salvo para efeito de cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
confrontação, havendo Além disso, estende-se o impedimento do conselheiro em
dúvida fundada.
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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

relação à autoridade judiciária e ao representante do importantes regras sobre a competência territorial da Vara
Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Infância e Juventude, disciplinando que a competência
da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou territorial será determinada: a) pelo domicílio dos pais ou
distrital. responsável; b) pelo lugar onde se encontre a criança ou
adolescente, à falta dos pais ou responsável, c) nos casos
Reeleição: A Lei nº 13.824/2019 alterou o art.132 do de ato infracional, será competente a autoridade do lugar
OAB NA MEDIDA | ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

ECA para dispor que os conselheiros tutelares poderão ser da ação ou omissão, observadas as regras de conexão,
reconduzidos ao cargo de forma ilimitada. continência e prevenção.
Atribuições do Conselho Tutelar: a) atender as Competência material: o caput do art. 148 do ECA,
crianças e adolescentes em situação de risco, criança que por sua vez, elenca as hipóteses de competência material
pratica ato infracional; b) atender e aconselhar os pais ou da Vara da Infância e da Juventude, independentemente
responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a da existência de situação de risco, estabelecendo sua
VII; c) promover a execução de suas decisões; d) requisitar competência para: I - conhecer de representações
certidões de nascimento e de óbito de criança ou adolescente promovidas pelo Ministério Público, para apuração de
quando necessário; e) assessorar o Poder Executivo local ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as
na elaboração da proposta orçamentária para planos e medidas cabíveis; II - conceder a remissão, como forma
programas de atendimento dos direitos da criança e do de suspensão ou extinção do processo; III - conhecer de
adolescente; f) representar ao Ministério Público para efeito pedidos de adoção e seus incidentes; IV - conhecer de
das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após ações civis fundadas em interesses individuais, difusos
esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado
do adolescente junto à família natural. o disposto no art. 209; V - conhecer de ações decorrentes
de irregularidades em entidades de atendimento,
Importante: a) se o Conselho Tutelar entender necessário aplicando as medidas cabíveis; VI - aplicar penalidades
o afastamento do convívio familiar, comunicará imediatamente administrativas nos casos de infrações contra norma
o fato ao Ministério Público; b) as decisões do Conselho Tutelar de proteção à criança ou adolescente; VII - conhecer de
somente poderão ser revistas pela autoridade judiciária a casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as
pedido de quem tenha legítimo interesse. medidas cabíveis.

Situação de risco: o parágrafo único do art. 148 do


8. TUTELA JURISDICIONAL DOS ECA estabelece as hipóteses em que a Vara da Infância e
DIREITOS DA CRIANÇA E DO Juventude é competente para situações em que a criança
ADOLESCENTE ou adolescente são encontrados em situação de risco
(art. 98 do ECA), dispondo que ela será competente para:
Garantias: de acordo com o art. 141 do ECA, é garantido a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; b) conhecer
o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria de ações de destituição do poder familiar, perda ou
Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por modificação da tutela ou guarda; c) suprir a capacidade ou
qualquer de seus órgãos. A assistência judiciária gratuita o consentimento para o casamento; d) conhecer de pedidos
será prestada aos que dela necessitarem, através de baseados em discordância paterna ou materna, em relação
defensor público ou advogado nomeado, sendo que as ao exercício do poder familiar; e) conceder a emancipação,
ações judiciais da competência da Justiça da Infância nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f) designar
e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, curador especial em casos de apresentação de queixa
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. ou representação, ou de outros procedimentos judiciais
ou extrajudiciais em que haja interesses de criança
Curador especial: a autoridade judiciária dará ou adolescente; g) conhecer de ações de alimentos; h)
curador especial à criança ou adolescente, sempre que determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento
os interesses destes colidirem com os de seus pais ou dos registros de nascimento e óbito.
responsável, ou quando carecer de representação ou
assistência legal ainda que eventual. Autorização: o art. 149 do ECA estabelece que
compete à autoridade judiciária autorizar mediante
Sigilo: é vedada a divulgação de atos judiciais, alvará ou disciplinar por meio de portaria a entrada e
policiais e administrativos que digam respeito a crianças e permanência de criança ou adolescente em determinados
adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional (art. locais, desacompanhados de pais ou responsável,
143 do ECA). Além disso, qualquer notícia a respeito do fato bem como sua participação em espetáculos públicos e
não poderá identificar a criança ou adolescente, vedando-se concursos de beleza. Vejamos:
fotografia, referência a nome, apelido, filiação, parentesco,
residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. Recurso: contra as decisões proferidas com base
no art. 149 (portaria e alvará) cabe apelação (art. 199 do
VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE ECA).

Varas Especializadas: dispõe o art. 145 do ECA PROCEDIMENTOS ESPECIAIS


que os Estados e o Distrito Federal poderão criar
varas especializadas e exclusivas da infância e da Perda e suspensão do poder familiar: de acordo
juventude, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua com o art. 155 do ECA, o procedimento para a perda
proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de ou a suspensão do poder familiar poderá ter início por
infraestrutura e dispor sobre o atendimento, inclusive em provocação do Ministério Público (como na hipótese em
plantões. que a criança sofreu abuso dos pais e está abrigada em
entidade) ou de quem tenha legítimo interesse, a exemplo
Competência territorial: o art. 147 do ECA traz do particular que pretende pleitear a tutela ou a adoção.
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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

Alteração Legislativa: quando o procedimento de adoção, embora a competência seja como regra geral da
destituição de poder familiar for iniciado pelo Ministério Vara da infância e da juventude, tratando-se de adoção de
Público, não haverá necessidade de nomeação de curador adultos, a competência será da Vara de Família.
especial em favor da criança ou adolescente (§ 4º do art.
162 do ECA, acrescentado pela Lei n. 13.509/2017). Além disso, a colocação em família substituta
poderá ocorrer sob a modalidade de jurisdição
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Ação: a ação deve ser proposta observando-se os voluntária ou contenciosa.


requisitos do art. 156 do ECA, sendo que, se for ajuizada
por particular, o Ministério Público deve atuar como fiscal Jurisdição Voluntária (art. 166 do ECA): não existe
do ordenamento jurídico. propriamente uma lide e ocorre quando: a) houver
concordância dos pais; b) os pais forem desconhecidos e c) já
Motivo grave: ao receber a petição inicial o juiz ocorreu a destituição do poder familiar. Nestes casos, o pedido
determinará a citação do requerido para resposta em de colocação em família substituta poderá ser formulado
10 (dez dias), mas, havendo motivo grave, o juiz poderá, diretamente em cartório, em petição assinada pelos próprios
ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão requerentes, dispensada a assistência de advogado.
do poder familiar, liminar ou incidentalmente, até o
julgamento definitivo da causa, ficando a criança ou Jurisdição contenciosa: Existe uma lide, e a petição
adolescente confiado a pessoa idônea, mediante termo de inicial deve ser assinada por advogado. Além disso, nas
responsabilidade (art. 157 do ECA). hipóteses em que a destituição da tutela, a perda ou a
suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico
Audiência de contestação: não sendo contestado o da medida principal de colocação em família substituta,
pedido, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao aplica-se subsidiariamente o procedimento de suspensão
Ministério Público, por cinco dias, salvo quando este for ou perda do poder familiar, com todas as consequências
o requerente, decidindo em igual prazo (art. 161 do ECA). que já foram vistas.
Mesmo sem a apresentação de contestação, o juiz deve
determinar a realização de estudo social ou perícia por Adoção Internacional: na adoção Internacional existe
equipe interprofissional ou multidisciplinar, bem como uma fase prévia que tramita perante as autoridades
a oitiva de testemunhas que comprovem a presença de centrais, sendo que haverá a expedição de um laudo
uma das causas de suspensão ou destituição do poder de habilitação que será requisito da petição inicial do
familiar. processo judicial de adoção.

Contestação: apresentada a resposta, a autoridade Adoção Nacional: na adoção nacional os adotantes


judiciária dará vista dos autos ao Ministério Público, por devem providenciar sua habilitação no cadastro de adoção
cinco dias, salvo quando este for o requerente, designará, existente na Vara da Infância e Juventude. O prévio
desde logo, audiência de instrução e julgamento e poderá, a cadastramento não será necessário nos casos de adoção:
requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, a) Unilateral b) Por parentes c) Por quem tem a guarda
ou de ofício, determinar a realização de estudo social ou, se legal.
possível, de perícia por equipe interprofissional.
Sistema recursal: a sistemática recursal prevista
Audiência: na audiência, presentes as partes e nos artigos 198 e 199 do ECA adota como regra geral
o Ministério Público, serão ouvidas as testemunhas, as regras do Código de Processo Civil. Há, entretanto,
colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando algumas adaptações: a) os recursos serão interpostos
apresentado por escrito, manifestando-se sucessivamente independentemente de preparo; b) em todos os recursos,
o requerente, o requerido e o Ministério Público, pelo salvo nos embargos de declaração, o prazo para o
tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais Ministério Público e para a defesa será sempre de 10
dez. A decisão será proferida na audiência, podendo a (dez) dias; c) os recursos terão preferência de julgamento
autoridade judiciária, excepcionalmente, designar data e dispensarão revisor; d) antes de determinar a remessa
para sua leitura no prazo máximo de cinco dias. dos autos à superior instância, no caso de apelação,
ou do instrumento, no caso de agravo, a autoridade
Prazo máximo: o prazo máximo para conclusão do judiciária proferirá despacho fundamentado, mantendo ou
procedimento será de 120 (cento e vinte) dias e a sentença reformando a decisão, no prazo de cinco dias; e) mantida
que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar a decisão apelada ou agravada, o escrivão remeterá os
será averbada à margem do registro de nascimento da autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte
criança ou do adolescente (art. 163 do ECA). e quatro horas, independentemente de novo pedido do
recorrente; se a reformar, a remessa dos autos dependerá
Custas e emolumentos: o procedimento de perda de pedido expresso da parte interessada ou do Ministério
ou suspensão do poder familiar, assim como todas as Público, no prazo de cinco dias, contados da intimação.
ações judiciais da competência da Justiça da Infância
e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, Sentença que defere a adoção: o art. 199-A do ECA
ressalvada a hipótese de litigância de má-fé, conforme estabelece que a sentença que deferir a adoção produz
art. 141, § 2º, do ECA. efeito desde logo, embora sujeita a apelação, que será
recebida exclusivamente no efeito devolutivo, salvo se
Colocação em família substituta: conforme já se tratar de adoção internacional ou se houver perigo de
estudado, existem três modalidades de família substituta: dano irreparável ou de difícil reparação ao adotando.
a) guarda; b) tutela e c) adoção.
Sentença de destituição do poder familiar: o art. 199-
Guarda e tutela: o procedimento da guarda e da tutela B, da mesma forma, dispõe que sentença que destituir
será de competência da Vara da Infância e da Juventude ambos ou qualquer dos genitores do poder familiar fica
apenas se existir situação de risco, enquanto que, na sujeita a apelação, que deverá ser recebida apenas no
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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

efeito devolutivo. responsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à


criança e ao adolescente, referentes ao não oferecimento ou
Recursos: os recursos nos procedimentos de adoção oferta irregular de: I - ensino obrigatório; II - de atendimento
e de destituição de poder familiar, em face da relevância educacional especializado às pessoas com deficiência; III
das questões, serão processados com prioridade – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de
absoluta, devendo ser imediatamente distribuídos, ficando zero a cinco anos de idade; IV - de ensino noturno regular,
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vedado que aguardem, em qualquer situação, oportuna adequado às condições do educando; V - de programas
distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento suplementares de oferta de material didático-escolar,
sem revisão e com parecer urgente do Ministério transporte e assistência à saúde do educando do ensino
Público. O relator deverá colocar o processo em mesa fundamental; VI - de serviço de assistência social visando à
para julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, proteção à família, à maternidade, à infância e à adolescência,
contado da sua conclusão, sendo que o Ministério Público bem como ao amparo às crianças e adolescentes que dele
será intimado da data do julgamento e poderá na sessão, necessitem; VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
se entender necessário, apresentar oralmente seu parecer VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes
(arts. 199-C e 199-D). privados de liberdade. IX - de ações, serviços e programas de
orientação, apoio e promoção social de famílias e destinados
MINISTÉRIO PÚBLICO ao pleno exercício do direito à convivência familiar por
crianças e adolescentes; X - de programas de atendimento
Intervenção: a intervenção do Ministério Público para a execução das medidas socioeducativas e aplicação de
é obrigatória em todos os processos de competência medidas de proteção.
da Justiça da Infância e Juventude, sendo que o rol de
atribuições previstos no art. 201 do ECA é meramente Tipos de ação: são admissíveis todos os tipos de
exemplificativo. A intimação do Ministério Público, em ação para a defesa dos interesses previstos no estatuto,
qualquer caso, será feita pessoalmente e a falta de sem dúvida alguma, para a defesa dos interesses
sua intervenção acarreta a nulidade do feito, que será transindividuais, a ação mais importante é a ação civil
declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qualquer pública.
interessado.
Legitimidade concorrente: possuem legitimidade
Ação Civil Pública: um dos principais mecanismos concorrentemente para o ajuizamento de ação que vida
de atuação do Ministério Público para garantir os direitos a proteção de interesse transindividuais o Ministério
previstos no ECA é o ajuizamento de ação civil pública, Público; todos os entes federados e as associações
utilizada para tratar de interesses difusos, coletivos e legalmente constituídas há pelo menos um ano e que
também individuais indisponíveis. incluam entre seus fins institucionais a defesa dos
interesses e direitos protegidos pelo ECA, dispensada a
Prazo em dobro: o membro do Ministério Púbico terá autorização da assembleia, se houver prévia autorização
prazo em dobro para se manifestar nos autos, conforme estatutária.
previsto no art. 180 do CPC/2015.
Regras aplicáveis: no processo que envolver
ADVOGADO os interesses tratados neste tópico, aplicam-se
Dispõe o art. 133 da CF/88 que o “o advogado é subsidiariamente as regras da lei de Ação Civil Pública
indispensável à administração da justiça”. No plano (Lei n. 7.347/85), de modo que, apesar de não prevista
infraconstitucional, o ECA prevê que a criança ou o expressamente no ECA, entendemos que a defensoria
adolescente, seus pais ou responsável, e qualquer pessoa pública também possui legitimidade para ingressar com
que tenha legítimo interesse na solução da lide terão o ação civil pública (art. 5, II, da LEI n. 7.347/95).
direito de ser assistidos por advogado, sendo garantida Interesses: além de interesses difusos e coletivos,
ainda a assistência judiciária integral e gratuita àqueles a ação civil pública movida pelo Ministério Público pode
que dela necessitarem. tratar também de interesses individuais indisponíveis da
O Advogado será intimado para todos os atos, pessoalmente criança ou adolescente (art. 127 da CF/88 c/c art. 201, V
ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. e 208, VII, do ECA), objetivando impor ao Poder Público
obrigações de fazer e não fazer para garantir os direitos
O art. 2017 do ECA, por sua vez, garante que nenhum previstos no ECA.
adolescente a quem se atribua a prática de ato infracional,
ainda que ausente ou foragido, será processado sem
defensor. Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á
nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, 9. CRIMES PRATICADOS CONTRA
constituir outro de sua preferência.
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A ausência do defensor não determinará o adiamento de
nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, Ação penal pública incondicionada: todos os crimes
ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. Será previstos no ECA são de ação penal pública incondicionada,
dispensada a outorga de mandato, quando se tratar de ou seja, cabe ao Ministério Público a propositura da ação
defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por penal, independentemente da representação da vítima.
ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.

PROTEÇÃO JUDICIAL DOS INTERESSES INDIVIDUAIS,


DIFUSOS E COLETIVOS

Estabelece o art. 208 do ECA que haverá


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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

CRIMES PREVISTOS NO ECA


Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente envolvendo criança ou adolescente.
de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de
manter registro das atividades desenvolvidas, na forma e Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir,
prazo referidos no art. 10 desta Lei, bem como de fornecer à distribuir, publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive
OAB NA MEDIDA | ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

parturiente ou a seu responsável, por ocasião da alta médica, por meio de sistema de informática ou telemático, fotografia,
declaração de nascimento, onde constem as intercorrências vídeo ou outro registro que contenha cena de sexo explícito
do parto e do desenvolvimento do neonato. ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente.

Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de § 1º Nas mesmas penas incorre quem: I – assegura os meios
estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas
corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem ou imagens de que trata o caput deste artigo; II – assegura,
como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei. por qualquer meio, o acesso por rede de computadores às
fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, artigo.
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de
ato infracional ou inexistindo ordem escrita da autoridade § 2º As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1º deste artigo
judiciária competente. são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,
oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela ilícito de que trata o caput deste artigo.
apreensão de criança ou adolescente de fazer imediata
comunicação à autoridade judiciária competente e à família Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer
do apreendido ou à pessoa por ele indicada. meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que
contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, criança ou adolescente.
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento.
ATENÇÃO: Não há crime se a posse ou o armazenamento
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, tem a finalidade de comunicar às autoridades competentes
de ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, a ocorrência das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-
tão logo tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão. A e 241-C desta Lei, quando a comunicação for feita por: I
– agente público no exercício de suas funções; II – membro
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta
de entidade, legalmente constituída, que inclua, entre suas
Lei em benefício de adolescente privado de liberdade.
finalidades institucionais, o recebimento, o processamento
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos
judiciária, membro do Conselho Tutelar ou representante do neste parágrafo; III – representante legal e funcionários
Ministério Público no exercício de função prevista nesta Lei. responsáveis de provedor de acesso ou serviço prestado por
meio de rede de computadores, até o recebimento do material
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem relativo à notícia feita à autoridade policial, ao Ministério
o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, Público ou ao Poder Judiciário.
com o fim de colocação em lar substituto.
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente
Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de
terceiro, mediante paga ou recompensa. adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo
ou qualquer outra forma de representação visual.
Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância ATENÇÃO: Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda,
das formalidades legais ou com o fito de obter lucro. disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qualquer meio, adquire,
possui ou armazena o material pornográfico.
Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por
pornográfica, envolvendo criança ou adolescente. qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com
ela praticar ato libidinoso.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta,
coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: I – facilita ou induz
criança ou adolescente nas cenas referidas no caput deste o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou
artigo, ou ainda quem com esses contracena. pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; II – pratica
as condutas descritas no caput deste artigo com o fim de induzir
§ 2º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete o criança a se exibir de forma pornográfica ou sexualmente explícita.
crime: I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto
de exercê-la; II – prevalecendo-se de relações domésticas, de ALTERAÇÃO LEGISLATIVA: A Lei n. 13.441/2017 acrescentou
coabitação ou de hospitalidade; ou III – prevalecendo-se de o art. 190-A ao ECA, prevendo a possibilidade de infiltração
relações de parentesco consanguíneo ou afim até o terceiro policial na internet com o fim de investigar os crimes dos
grau, ou por adoção, de tutor, curador, preceptor, empregador arts. 240, 241, 241-A, 241-B, 241-C e 241-D no ECA e dos arts.
da vítima ou de quem, a qualquer outro título, tenha autoridade 154-A (invasão de dispositivo informático), 217-A (estupro de
sobre ela, ou com seu consentimento. vulnerável), 218 (corrupção de menores), 218-A (Satisfação
de lascívia mediante presença de criança ou adolescente)
ATENÇÃO: De acordo com o art. 241-E do ECA, a expressão “cena e 218-B (Favorecimento da prostituição ou de outra forma
de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer situação de exploração sexual de criança ou adolescente ou de
que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais vulnerável) do CP.
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de 10
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais.
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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, devida, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou
munição ou explosivo. documento de procedimento policial, administrativo ou
judicial relativo a criança ou adolescente a que se atribua
Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ato infracional.
ainda que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou
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a adolescente, bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o
produtos cujos componentes possam causar dependência dobro em caso de reincidência.
física ou psíquica.
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmente,
Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato
entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos infracional, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou
de estampido ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu se refira a atos que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir
reduzido potencial, sejam incapazes de provocar qualquer sua identificação, direta ou indiretamente.
dano físico em caso de utilização indevida.
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou
Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente à prostituição emissora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste
ou à exploração sexual. artigo, a autoridade judiciária poderá determinar a apreensão
da publicação.
Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda de
bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo dos ATENÇÃO: O § 2º previa a possibilidade de suspensão da programação
Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação. da emissora até por dois dias, bem como da publicação do periódico
até por dois números, mas essas penalidades foram consideradas
§ 1º Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou
inconstitucionais pelo STF (ADIN 869-2).
o responsável pelo local em que se verifique a submissão de
criança ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres
inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou
§ 2º Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da guarda, bem assim determinação da autoridade judiciária ou
licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. Conselho Tutelar.
ATENÇÃO: Entendemos que o art. 244-A do ECA foi Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o
tacitamente revogado pelo art. 218-B do Código Penal, dobro em caso de reincidência.
introduzido pela Lei 12.015/2009, que, além de abranger
a redação do art. 244-A do ECA, prevendo como crime a Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado
exploração da prostituição de pessoas menores de dezoito dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses
anos, pune também quem pratica a conjunção carnal ou ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou
outro ato libidinoso com adolescente menor de 18 (dezoito) congênere.
e maior de 14 (catorze) anos na situação de exploração
sexual. Lembramos ainda que a conjunção carnal ou prática Pena – multa.
de outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos de
idade configura o crime de estupro de vulnerável, conforme § 1º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa,
art. 217- A do CP. a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do
estabelecimento por até 15 (quinze) dias.
Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor
de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou § 2º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30
induzindo-o a praticá-la. (trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado
e terá sua licença cassada.
§ 1º Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer ATENÇÃO: Para se permitir a hospedagem de criança ou adolescente
meios eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. desacompanhada dos pais é necessária a autorização escrita dos pais
ou responsável ou da autoridade judiciária, mesmo que a criança
esteja acompanhada de outra pessoa maior de 18 anos de idade, como
10. INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS namorado (a), amigo, tio, etc.

Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer


Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85
estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, desta Lei (viagem para fora da comarca e para o exterior)
pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente
os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o
confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente. dobro em caso de reincidência.

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo
dobro em caso de reincidência. público de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza
da diversão ou espetáculo e a faixa etária especificada no
certificado de classificação:

Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o


dobro em caso de reincidência.

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ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer


representações ou espetáculos, sem indicar os limites de
idade a que não se recomendem.

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada em caso


de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espetáculo e aos
OAB NA MEDIDA | ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE | RESUMO PARA A PROVA DA OAB/FGV

órgãos de divulgação ou publicidade.

Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão,


espetáculo em horário diverso do autorizado ou sem aviso
de sua classificação:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada em


caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar a
suspensão da programação da emissora por até dois dias.

Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere


classificado pelo órgão competente como inadequado às
crianças ou adolescentes admitidos ao espetáculo:

Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reincidência,


a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo ou o
fechamento do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de


programação em vídeo, em desacordo com a classificação
atribuída pelo órgão competente:

Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de


reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento
do estabelecimento por até quinze dias.

Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78


(revistas e publicações com material impróprio devem ser
lacradas) e 79 (as publicações destinadas ao público infanto-
juvenil não poderão fazer referência a bebidas alcoólicas,
tabaco, armas e munições) desta Lei.

Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-se a


pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da revista
ou publicação.

Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de


estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar
imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de
que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em
entregar seu filho para adoção.

Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais).

Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso


II do art. 81 (Venda a criança ou adolescente de bebida
alcoólica.

Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil


reais

Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comercial até


o recolhimento da multa aplicada.

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