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Disciplina: Direito Administrativo

Professor: Celso Spitzcovsky


Aula: 19| Data: 16/09/2020
| Data: 02/09/2020
/03/2018
ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

SERVIÇOS PÚBLICOS
1. Definição
2. Reflexos
3. Princípios

SERVIÇOS PÚBLICOS

A prestação de serviços públicos é atividade típica do estado.

1. Definição

Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por particulares, debaixo de regras de direito público,
para preservação dos interesses da coletividade.

2. Reflexos

Quem presta?

A Administração ou particulares.

Embora possa ser prestado por particulares, a titularidade do serviço público pertence à Administração (é dividida
entre as quatro esferas de governo) e é intransferível.

Para saber a qual das esferas a titularidade foi dada, deve-se consultar a CF. Ex: é da União a competência de
explorar serviços de telecomunicação (art. 21, XI); é dos Municípios a competência de explorar serviços funerários
(art. 30, I); é dos Estados a competência de explorar serviços de gás canalizado (art. 25, §2º).

A competência dos Estados é residual ou remanescente (todas as que não foram atribuídas à União ou aos
Municípios são dos Estados – art. 25).

Conforme art. 23, alguns serviços são de competência comum à União, Estados, DF e Municípios (ex.: saúde).

O art. 24 prevê competências concorrentes entre União, Estados e DF. União edita normas gerais, Estados e DF
suplementam tais normas. Se a União não edita, Estados e DF têm competência ampla para legslar sobre as
matérias. Todavia, caso posteriormente a União edite normas incompatíveis com a legislação estadual ou distrital,
prevalecem as normas da União.

A titularidade, quando conferida a uma esfera de governo, inibe as outras de atuarem nesse setor, por invasão de
competência.

As consequências de a Administração ser a titular dos serviços públicos são:

PROCURADORIAS ESTADUAIS E MUNICIPAIS


CARREIRAS JURÍDICAS
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- É ela quem edita normas para execução do serviço;
- Tem competência para fiscalizar o cumprimento dessas regras;
- Tem legitimidade para aplicar sanções pelo descumprimento.

Atenção: a titularidade é intransferível. Jamais a titularidade de serviço público pode ser transferida para
particulares. O máximo que o particular consegue é assumir a execução do serviço, nunca a titularidade.

3. Princípios específicos que comandam os serviços públicos

Como presta?

Sempre debaixo de regras de direito público (diversas das que comandam as atividades dos particulares, que atuam
em nome próprio).

a) Generalidade da sua prestação: indica a obrigação do administrador de estender esses serviços a maior
quantidade possível de usuários. Ainda, pelo princípio da generalidade da prestação, o administrador está proibido
de estabelecer discriminações gratuitas entre os usuários (discriminar pode, mas só se for para preservar interesse
público – ex: gratuidade de passagens para idosos, descontos para estudantes etc.). O princípio da generalidade é
desdobramento do princípio da impessoalidade.

b) Mutabilidade do regime jurídico: permite que o administrador mude a forma de execução dos serviços e de
forma unilateral. Os usuários não têm direito subjetivo de manutenção do regime jurídico de execução. No entanto,
a mutabilidade só será possível se for para preservação dos interesses públicos.

c) Modicidade das tarifas: as tarifas cobradas dos usuários têm limite. O valor não pode deixar de ser módico,
acessível, ao usuário comum do serviço (aquele que ganha um salário mínimo). Se deixar de ser, o valor passa a ser
ilegal.

d) Continuidade da prestação: como regra geral, a execução do serviço de caráter essencial não pode ser
interrompida, não pode ser paralisada. A execução interrompida dá direito a indenização a quem for prejudicado.
Previsão legal: art. 6º, §1º, da Lei 8.987/95, (lei das concessões e permissões):

“§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,


continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade,
cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.”

A mesma lei, no art. 6º, §3º, prevê três exceções, nas quais o legislador permite paralisação de serviços de forma
legítima:

“§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua


interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das
instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da
coletividade.”

A paralisação, portanto, é legítima:

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- Em situação de urgência, emergência: situação anormal, imprevisível. Não exige aviso prévio aos usuários, até por
questão de lógica (se é imprevisível, não é possível avisar com antecedência).

- Durante a execução de obras de manutenção: situação previsível, que exige planejamento prévio e, portanto,
exige aviso prévio aos usuários para que o corte possa ocorrer de forma legítima.

- Por inadimplência do usuário: exige aviso prévio ao inadimplente, para que ele possa, caso queira, lançar mão do
direito constitucional de ampla defesa.

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