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SERVIÇOS PÚBLICOS

Art. 175 CF/88

LEIS:
8987/95;
11.079/04
Prof. Waltinho Alves
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviço públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre: (leis 8.987/95 e 11.079/04).
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem
como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão; (ver arts. 35 e 38 § 1º. da lei 8.987/95).
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.(g.n.) (ver art. 6º. da lei
8.987/95).
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS À PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO
Do serviço adequado
Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço
adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido
nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,
continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia
na sua prestação e modicidade das tarifas.
§ 2o A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do
equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a
melhoria e expansão do serviço.
Além dos princípios constitucionais tais como Legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência,
supremacia do interesse público sobre o particular,
indisponibilidade do interesse público, razoabilidade e
proporcionalidade, temos princípios na legislação
especifica
1 Princípio da regularidade na prestação: é dever do Estado a prestação regular do serviço
público, direta ou indiretamente. A ausência do Poder Público na prestação desse serviço
poderá causar danos e, consequentemente, dever de indenizar terceiros prejudicados. Ex. Se o
ônibus que passa todos os dias às 6hs no ponto começa a chegar 6h:30min, depois 7h, outro
dia não passa, viola o princípio da regularidade.
2. Princípio da eficiência: serviço eficiente é aquele que atinge o resultado pretendido, seja no
tocante à qualidade, seja no aspecto da quantidade. A eficiência é um plus em relação à
adequação. Ex: o ônibus é um instrumento adequado para a prestação do transporte coletivo.
Entretanto, se o ônibus não atender os quesitos de qualidade, não será considerado eficiente.
3. Princípio da segurança: por esse princípio o Estado deverá prestar o serviço público de
forma a não colocar em perigo a integridade física e a vida do usuário.
4. Princípio da atualidade (P. da Adaptabilidade): esse princípio está bem definido no § 2º do
art. 6o da Lei n. 8.987/85:

 Art. 6º, § 2º A atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das


instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
5. Princípio da generalidade/universalidade: esse princípio busca a universalidade na
prestação do serviço público, isto é, o serviço deve ser prestado a todos os usuários de
forma igualitária e impessoal, sem qualquer espécie de discriminação. Ex: o ônibus da
periferia deve ter a mesma qualidade dos daqueles que circulam nos centros empresariais.
6. Princípio da cortesia na prestação: o serviço público deve ser prestado por pessoas que
tratem os usuários com respeito e educação.
7. Princípio da modicidade das tarifas: trata-se de princípio que exige a prestação de
serviço público a um preço reduzido, de forma a atingir a universalidade na prestação. Esse
princípio será atendido quando o preço da tarifa corresponder à justa relação de custo-
benefício na prestação da atividade.
8. Princípio da continuidade do serviço público: por esse princípio o serviço público não
pode ser interrompido, em razão da sua relevância perante a coletividade.
9. Princípio da mutabilidade do regime jurídico: autoriza mudanças no regime de
execução do serviço para adaptá-lo ao interesse público, que é variável com o tempo.
Princípios do Serviço Público Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello:
 1) Princípio do dever inescusável do Estado de promover-lhe a prestação: cabe
ao Estado promover o serviço público, de modo direto ou indireta, sob pena
de, na sua omissão ser ajuizada ação judicial para compeli-lo a fazer, ou,
responder pelas perdas e danos que a omissão haja causado;
 2) Princípio da Supremacia do Interesse Público: os serviços públicos devem
ser convenientes à coletividade, não se admitindo que o interesse coletivo
seja subestimado em face de qualquer outro interesse;
 3) Princípio da Adaptabilidade: deve haver a modernização e atualização do
serviço público, respeitada a possibilidades econômicas do Estado, tal
princípio está conceituado no artigo 6º, § 2º da Lei 8987/95.;
 4) Princípio da Universalidade: a prestação do serviço público deve ser
destinada à toda coletividade;
 5) Princípio da Impessoalidade: o serviço público é prestado de forma
impessoal, sendo vedada a discriminação entre os usuários;
6) Princípio da Continuidade: o serviço público não pode ser
interrompido, devendo ser prestados de forma contínua;
7) Princípio da Transparência: todo os assuntos que envolverem o
serviço público e a sua prestação, devem ser amplamente
divulgados.
8) Princípio da Motivação: todas as decisões tomadas pelo
Estado, deverão ser motivadas;
9) Princípio da Modicidade: tal princípio exige que na prestação
de um serviço público a Administração cobre as menores tarifas
possíveis;
10) Princípio do Controle: consiste na fiscalização efetiva do
serviço prestado, podendo tal controle ser exercido pela própria
Administração, demais Poderes do Estado, assim como pelo
cidadão.
CLASSIFICAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
1. Quanto à Natureza
STF (RE 89.876, relator Ministro Moreira Alves), que classifica a natureza do
serviço público de seguinte modo:
a) Serviços públicos propriamente estatais: são aqueles em que há atuação
Estatal baseada na soberania, que não podem ser delegados e são remunerados
mediante taxa lei, em geral, cobrada de quem os usa efetivamente. Ex.: serviços
judiciários.
b) Serviços públicos essenciais ao interesse público: São de interesse de todos
remunerados mediante taxa por quem os usa ou deveria usar, neste último caso,
se houver previsão legal: é dito uso efetivo ou potencial. Ex.: coleta domiciliar de
lixo.
c) Serviços públicos não essenciais: como regra, podem ser delegados e
remunerados por tarifas. Ex.: telefonia, energia elétrica, gás, transporte coletivo.
Quanto aos Destinatários
a) Geral ou “uti universi”: não possui usuários determinados ou
determináveis, sendo prestados à coletividade como um todo. Não se
pode individualizar cada beneficiário, tampouco mensurar o quanto usou
do serviço. São exemplos os seguintes: polícia, limpeza urbana,
iluminação pública, calçamento, segurança nacional.
b) Individual ou “uti singuli”: têm usuários determinados e pode-se
mensurar o quanto utilizado pelo destinatário. Assim, são ditos divisíveis,
de utilização individual, facultativa, mensurável e remunerado através de
taxas (fixadas em lei) ou de preço público (previsto em contrato). Como
exemplo, citem-se os serviços de telefonia, gás, água, energia elétrica,
postal e coleta domiciliar de lixo.
Quanto às Entidades Competentes:
a) Federais;
b) Estaduais e Distritais ou;
c) Municipais.
Quanto à Obrigatoriedade:
a) compulsórios (como coleta de lixo) ou;
b) facultativos (como serviços postais).
Quanto à Forma de Execução:
a) Execução direita (pela própria Administração Pública e seus agentes) ou;
b) indireta (prestados por concessionário, permissionários).
Quanto à Exclusividade:
a) exclusivos, ou próprios (serviço postal, correio aéreo nacional, telecomunicações, radiodifusão,
energia elétrica);
b) e não exclusivos, ou impróprios, (executados pelo Estado ou pelo particular, como educação,
saúde, previdência e assistência social).

Quanto à Essencialidade:
a) Essenciais (que não podem faltar, pois são de necessidade pública, como segurança externa e
serviços judiciários) e;
b) Não essenciais (considerados, por lei ou por sua própria natureza, apenas de utilidade pública).
Outras classificações:
Levando-se em conta a essencialidade, a adequação, a finalidade e os destinatários dos serviços,
podemos classificá-los em:
1. Públicos
São os que a Administração presta diretamente à comunidade por reconhecer sua essencialidade e
necessidade para a sobrevivência do grupo social e do Estado.
a) Privativos do Poder Público;
b) Exigem atos de império e medidas compulsórias em relação aos administrados;
c) Pró-comunidade – visa satisfazer necessidades gerais e essenciais da sociedade.
Ex.: defesa nacional, polícia, saúde pública.
2. Utilidade Pública
São os que a Administração, reconhecendo sua conveniência para os membros da coletividade, presta-os
diretamente ou aquiesce em que sejam prestados por terceiros.
Pró-cidadão – visam facilitar a vida do indivíduo na coletividade, proporcionando mais conforto e bem-estar. Ex.:
gás, fone
3. Próprios do Estado
Privativos do Poder Público porque se relacionam intimamente com suas atribuições – segurança, polícia, higiene e
saúde pública. Geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração.

4. Impróprios do Estado
a) Não afetam as necessidades da comunidade, mas satisfazem interesses comuns de seus membros;
b) A Administração os presta por seus órgãos ou entidades descentralizadas ou delega a concessionários,
permissionários ou autorizatários;
c) São rentáveis.
.
Administrativos -A Administração executa para atender as suas necessidades internas.
Ex.: imprensa oficial.
6. Industriais
a) Impróprios do Estado por serem atividades econômicas;
b) Produzem renda para quem os presta.
7. Gerais - A Administração presta sem ter usuários determinados para atender a coletividade no
seu todo.
a) São indivisíveis;
b) Devem ser mantidos por impostos.
Ex.: polícia, iluminação pública
8. Individuais -São de utilização individual, facultativa e mensurável. Devem ser remunerados por
taxa ou tarifa (preço público). Ex.: fone, luz.
.
9. Indelegáveis
São também conhecidos como serviços públicos próprios. São aqueles que só podem ser prestados
diretamente pelo Estado, isto é, por seus órgãos ou agentes ou por autarquias ou fundações
públicas. Ex: defesa nacional, segurança interna. Não podem ser delegados a terceiros.

10. Delegáveis ou Impróprios


São aqueles que comportam ser executados pelo estado ou por particulares colaboradores. Ex:
transporte coletivo, energia elétrica, telefonia, etc .
FORMAS DE PRESTAÇÃO DE ACORDO COM A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
A Constituição Federal, prevê a competência para a prestação dos serviços públicos, que não é rol
exaustivo e que podem ser classificados em:
a) serviços de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, como é o caso de serviço postal e correio
aéreo nacional, previsto no artigo 21, X, da CF;
b) serviços de prestação obrigatória pelo Estado, são casos em que também é obrigatório fazer sua
concessão a terceiros, como ocorre na prestação de serviço de rádio e televisão, em que o Estado e a
concessionária prestam serviço ao mesmo tempo (artigo 223, CF);
c) serviço de prestação obrigatória pelo Estado, mas sem exclusividade: é o serviço que tanto o
Estado, como o particular são titulares em decorrência de previsão constitucional, é o que ocorre,
com a saúde, previdência social, dentre outros;
d) serviços de prestação não obrigatória pelo Estado, mas, não os prestando, terá de promover-lhes
a prestação mediante concessão ou permissão. Neste caso, o particular presta o serviço em nome do
Estado, tendo somente a execução e não a titularidade.
DELEGAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS (art; 2ºo.)
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se
encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou
permissão;
II - concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente,
mediante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo competitivo, a pessoa jurídica ou
consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por
prazo determinado; (Redação dada pela Lei nº 14.133, de 2021)
III - concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou
parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público,
delegados pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade concorrência ou diálogo
competitivo, a pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua
realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e
amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado; (Redação dada
pela Lei nº 14.133, de 2021)
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de
serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade
para seu desempenho, por sua conta e risco.

Art. 3o As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fiscalização pelo poder concedente responsável


pela delegação, com a cooperação dos usuários.
Art. 4o A concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra pública, será
formalizada mediante contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das normas pertinentes e
do edital de licitação.
*Permissão – Contrato de adesão ( art. 40)
Art. 5o O poder concedente publicará, previamente ao edital de licitação, ato justificando a
conveniência da outorga de concessão ou permissão, caracterizando seu objeto, área e prazo.
SERVIÇOS PÚBLICOS
Concessão Permissão Autorização

Natureza Contrato Contrato Ato administrativo


administrativo administrativo (de Ou contrato de adesão. (lei
adesão) 12.815/13)
Licitação (modalidade) Sempre exigida Sempre exigida Dispensável.
(Concorrência ou (Depende do valor) Na Lei dos Portos (art. 8º), previu-
Dialogo se a autorização (contrato de
competitivo adesão) precedida de chamada
pública ou de processo seletivo
público.
Vínculo Estável Precariedade e Precariedade e
revogabilidade revogabilidade
Partes envolvidas Pessoas jurídicas Pessoas jurídicas ou Pessoas jurídicas ou físicas
ou consórcios de físicas
empresas
Obs. No caso de Copncessão das privatizações havidas no âmbito do Programa Nacional de Desestatização, é possível o uso da
modalidade de licitação leilão (§ 3.º do art. 4.º da Lei 9.491/1997). Com a venda das ações, o Estado transfere o controle acionário para
particulares, os quais passam à condição de prestadores de serviços públicos.
DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO ( art. 35 da lei 8987/95)
Art. 35. Extingue-se a concessão por:
I - advento do termo contratual; ( fim do prazo do contrato) ( art. 36)
II - encampação; ( ou resgate) – revogação. (conveniência/
oportunidade) ( art. 37)
III - caducidade; ( decadência)
IV - rescisão; ( amigável ou judicial).
V - anulação; e ( ilegal)
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e falecimento ou
incapacidade do titular, no caso de empresa individual.
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os
bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário
conforme previsto no edital e estabelecido no contrato.
 § 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos
levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
 § 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das
instalações e a utilização, pelo poder concedente, de
todos os bens reversíveis.
 § 4o Nos casos previstos nos incisos I e II deste
artigo, o poder concedente, antecipando-se à extinção
da concessão, procederá aos levantamentos e
avaliações necessários à determinação dos montantes
da indenização que será devida à concessionária, na
forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.
 Art. 36. A reversão no advento do termo contratual
far-se-á com a indenização das parcelas dos
investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não
amortizados ou depreciados, que tenham sido
realizados com o objetivo de garantir a continuidade e
atualidade do serviço concedido.
 Art. 37. Considera-se encampação a retomada do
serviço pelo poder concedente durante o prazo da
concessão, por motivo de interesse público, mediante
lei autorizativa específica e após prévio pagamento da
indenização, na forma do artigo anterior.

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