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Direito Administrativo Prof.

Gustavo Santanna
gssantanna@hotmail.com

Serviços públicos  Administrativo – comercial – industrial –


social: o primeiro atende às necessidades
Conceitos internas da própria administração. Por exemplo, a
imprensa oficial. O segundo e o terceiro atendem
Existem três correntes distintas que tentam às necessidades coletivas de ordem econômica,
conceituar o que seja serviço público. A primeira delas produzindo renda aos seus prestadores
tem por base o critério orgânico (ou subjetivo), pelo qual (encontrado nos arts. 170, 173, 175, 176, 177,
serviço público seria a atividade prestada diretamente todos da CRFB/88). Já os sociais são aqueles que
pelo Estado; pelo critério formal todo o serviço que fosse atendem às necessidades coletivas em que a
prestado sob o regime de direito público, e pelo critério atuação do Estado é essencial, como segurança,
material a atividade que atendesse às necessidades da saúde e previdência, muito embora conviva com a
coletividade seria serviço público. iniciativa privada.
Para a autora Maria Sylvia Zanella Di Pietro  Individuais ou ut singuli: são os serviços
(2003, p. 99), serviço público é toda atividade material públicos prestados para um número determinado
que a lei atribui ao Estado para que exerça diretamente de usuários. Pode-se especificar, individualizar as
ou por meio de seus delegados, com o objetivo de pessoas atendidas. É remunerado por taxa ou
satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob tarifa (preço público). São exemplos: coleta de lixo
o regime jurídico total ou parcialmente público. domiciliar, serviço telefônico, energia domiciliar,
gás, etc.
 Gerais ou ut universi: são os serviços prestados
Classificação dos serviços públicos a toda coletividade indistintamente. Abrangem um
Em linhas gerias, utiliza-se a seguinte número indeterminado ou indeterminável de
classificação para os serviços públicos: pessoas. Não há como parcelar, mensurar a
quantidade de serviço prestado a cada usuário
individualmente. São remunerados por imposto ou
 Propriamente dito: são os serviços públicos contribuição, porque não há vinculação entre o
prestados pelo Estado e que não aceitam sua pagamento e os fins a que se destinam (Súmula
delegação ou concessão a particulares, como nº 670 do STF). São exemplos a limpeza urbana,
segurança pública, defesa nacional, fiscalização de a iluminação pública, segurança pública, etc.
atividades e atividade postal (na ADPF nº 46/DF
entendeu-se que os serviços postais são exercidos
sob regime de monopólio pela ECT das atividades Princípios
postais). Alguns princípios são inerentes ao assunto
 Próprio: aqueles prestados diretamente pelo serviços públicos.
Estado ou por particulares colaboradores
(concessionárias ou permissionárias). Por exemplo:
energia elétrica, transporte coletivo, distribuição de
água, etc.
O princípio da eficiência está ligado à noção
 Impróprio: mesmo atendendo às necessidades de custo-benefício, ou seja, a busca pela melhor
públicas, não são assumidos (privativamente) pelo qualidade no serviço público, com o menor custo.
Estado. O Poder Público aparece muito mais como Consubstancia-se na busca pela qualidade do serviço
um fomentador, do que um executor. São serviços público prestado. Busca a otimização, rapidez e
prestados por particulares, mas que atendem a aperfeiçoamento dos resultados com o menor
necessidades coletivas, sendo pelo Estado apenas desperdício de recursos possíveis.
autorizado, regulado e fiscalizado. Exemplo: serviço
de táxi, despachante, previdência privada, ensino,
saúde, etc. Em verdade a denominação como
sendo serviços públicos é imprópria, porque são
serviços de utilidade pública. As atividades de Os serviços públicos não devem ser
serviço público desta categoria, quando prestadas interrompidos ou paralisados, devendo ser prestados
pelo Poder Público, são consideradas serviços de forma contínua. Cita-se exemplificativamente os
públicos. Entretanto, quando desempenhadas por arts. 6º, §1º, 35, §3º e 39, parágrafo único, da Lei nº
particulares são consideradas de interesse público 8.987/95.
(utilidade pública).
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O princípio da continuidade não impede que em seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para mais ou para
determinados momentos o serviço público não possa menos, conforme o caso.
ser interrompido ou suspenso, como ocorre no caso do § 4o Em havendo alteração unilateral do contrato que afete o
art. 6º, §3º, da Lei nº 8.987/95; art. 78, XV, da Lei nº seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder
concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à
8.666/93; art. 40, V, da Lei nº 11.445/07, desde que
alteração.
atendidos determinados requisitos, como por exemplo o Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do
aviso prévio do consumidor. contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econômico-
Existem casos, entretanto, que nem mesmo por financeiro.
falta de pagamento os serviços públicos podem ser Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada serviço
público, poderá o poder concedente prever, em favor da
interrompidos, quando se tratem de serviços essenciais concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de
e inadiáveis como saúde, segurança, educação outras fontes provenientes de receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos associados,
com ou sem exclusividade, com vistas a favorecer a
modicidade das tarifas, observado o disposto no art. 17
desta Lei.
Por este princípio, os serviços públicos devem Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste artigo
ser remunerados a preços módicos, suficientes para serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do
remunerar pelo serviço prestado. A remuneração pelo inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato.
serviço deve ser compatível com o poder aquisitivo de Art. 12. VETADO
seus usuários. Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função das
características técnicas e dos custos específicos
Expressamente previsto no art. 6º, §1º, da Lei provenientes do atendimento aos distintos segmentos de
nº 8.987/95, é por força deste princípio que deve a usuários.
prestadora do serviço público criar fontes de receita
alternativas, complementares ou acessórias, tudo
visando o barateamento dos valores cobrados (arts. 9º a
13 da Lei nº 8.987/95). É por esse princípio, também, Os serviços públicos devem ser prestados
que se utiliza dos mecanismos de reajuste (decorrente tendo a maior amplitude possível, ou seja, abrangendo
de circunstâncias ordinárias, previsíveis, como a o maior número de usuários possível. Da mesma
atualização monetária) e revisão (decorrente de forma que devem ser prestados de forma isonômica,
situações imprevistas, extraordinárias), ambos com a igualitária: sem discriminação entre os usuários.
finalidade de manter o equilíbrio econômico-financeiro
do contrato.
Referente ao tema tarifas existe uma súmula do
Supremo Tribunal Federal nº 545 preços de serviços
Os serviços públicos devem ser prestados em
públicos e taxas não se confundem, porque estas,
quantidade e periodicidade suficientes para atender às
diferentemente daqueles, são compulsórias e tem sua
demandas de seus usuários.
cobrança condicionada à prévia autorização
orçamentária, em relação a lei que as instituiu; e outra Concessão de serviços públicos
do Superior Tribunal de Justiça de nº 670 O serviço de Utilizando-se a conceituação trazida pelo
iluminação pública não pode ser remunerado mediante
doutrinador Diógenes Gasparini (2006, p. 360),
taxa. concessão de serviço público é o contrato
Lei nº 8.987/95 Capítulo IV – Da política tarifária administrativo pelo qual a Administração Pública
Art. 9o A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço
transfere, sob condições, a execução e exploração de
da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de certo serviço público, que lhe é privativo a um
revisão previstas nesta Lei, no edital e no contrato. particular que para isso manifeste interesse e que será
§ 1o A tarifa não será subordinada à legislação específica anterior e remunerado adequadamente mediante a cobrança,
somente nos casos expressamente previstos em lei, sua cobrança
dos usuários, de tarifa previamente por ela aprovada.
poderá ser condicionada à existência de serviço público alternativo e
gratuito para o usuário. Atualmente, convivem no ordenamento pátrio
§ 2o Os contratos poderão prever mecanismos de revisão das quatro espécies de concessões de serviços públicos,
tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio econômico-financeiro.
divididas em dois grandes grupos, quais sejam:
§ 3o Ressalvados os impostos sobre a renda, a criação,
alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos
legais, após a apresentação da proposta, quando comprovado
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CONCESSÃO COMUM (Lei nº 8.987/95): É vedado à União, aos Estados, ao Distrito


Federal e aos Municípios executarem obras e serviços
 _______________________________:
públicos por meio de concessão ou permissão de
Definida no art. 2º, II, da Lei nº 8.987/95, é a
serviço público, sem lei que lhes autorize e fixe os
delegação da prestação do serviço público,
termos, dispensada nos casos de saneamento básico
feita pelo poder concedente (União, Estado,
e limpeza urbana e nos referidos na Constituição
Distrito Federal ou Município), mediante
Federal, nas Constituições Estaduais e nas Leis
licitação, na modalidade de concorrência, à
Orgânicas do Distrito Federal e Municípios, observado,
pessoa jurídica ou consórcio de empresas
em qualquer caso, os termos da Lei nº 8.987/95.
(concessionário) que demonstre capacidade
para seu desempenho, por sua conta e risco e
por prazo determinado.
 ______________________________________
________________________________:
Definida no art. 2º, III, da Lei nº 8.987/95, é a É uma medida investigatória em que o poder
construção, conservação, reforma, ampliação concedente objetiva assegurar a adequação na
ou melhoramento de quaisquer obras de prestação do serviço bem como o fiel cumprimento das
interesse público, delegada pelo poder normas contratuais, regulamentares e legais
concedente, mediante licitação, na modalidade pertinentes (arts. 32 a 34 da Lei nº 8.987/95).
de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio O ato deflagrador da intervenção é o decreto,
de empresas que demonstre capacidade para a que designa o interventor, o prazo e os objetivos da
sua realização, por sua conta e risco, de forma intervenção.
que o investimento da concessionária seja
remunerado e amortizado mediante a Após declarada a intervenção, deverá ser
exploração do serviço ou da obra por prazo instaurado procedimento administrativo em até 30 dias,
determinado. para comprovar as causas determinantes da medida,
bem como apurar as responsabilidades, assegurada a
ampla defesa, que deverá ser concluído em até 180
CONCESSÃO NA MODALIDADE PÚBLICO-PRIVADA dias, sob pena de se considerar inválida a intervenção.
(Lei nº 11.079/04) Encerrado o procedimento dois resultados
 __________________________: Definida no podem ser encontrados:
art. 2º, §1º, da Lei nº 11.079/04 (que disciplinou
as parcerias público-privadas), como sendo a
concessão de serviço público ou de obras  Nenhuma culpa contra o concessionário é
públicas de que trata a Lei nº 8.987/95 quando apurada, caso em que o serviço é devolvido a
envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos este, precedido de prestação de contas pelo
usuários, contraprestação pecuniária do interventor; ou
parceiro público ao parceiro privado  Concluído pela responsabilidade do
 ______________________________: Também concessionário, fato que induz à extinção da
definida na Lei nº 11.079/04, no art. 2º, §2º, é o concessão.
contrato de prestação de serviço, de que a
Administração Pública seja usuária direta ou
indireta, ainda que envolva execução de obra A não observação da intervenção aos
ou fornecimento e instalação de bens pressupostos legais e regulamentares leva à
declaração de nulidade da intervenção, retornando,
imediatamente, o serviço à concessionária, sem
Na concessão patrocinada, a tarifa cobrada do prejuízo à indenização a que tenha direito.
usuário é em parte subsidiada (contraprestação
pecuniária do parceiro público) pelo Poder Público,
enquanto na concessão administrativa não há esta Lei nº 8.987/95 Capítulo IX – Da intervenção
cobrança de tarifa do usuário. Na concessão Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão,
patrocinada quando mais de 70% do valor final da tarifa com o fim de assegurar a adequação na prestação do
for remunerado pela Administração Pública, dependerá serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
de autorização legislativa específica. contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
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Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do poder Extingue-se a concessão por:
concedente, que conterá a designação do interventor, o prazo I - advento do termo contratual;
da intervenção e os objetivos e limites da medida. II - encampação;
Art. 33. Declarada a intervenção, o poder concedente deverá, III - caducidade;
no prazo de trinta dias, instaurar procedimento administrativo
IV - rescisão;
para comprovar as causas determinantes da medida e apurar
responsabilidades, assegurado o direito de ampla defesa. V - anulação; e
§ 1o Se ficar comprovado que a intervenção não observou os VI - falência ou extinção da empresa concessionária e
pressupostos legais e regulamentares será declarada sua falecimento ou incapacidade do titular, no caso de
nulidade, devendo o serviço ser imediatamente devolvido à empresa individual.
concessionária, sem prejuízo de seu direito à indenização.
§ 2o O procedimento administrativo a que se refere o caput
deste artigo deverá ser concluído no prazo de até cento e
oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a intervenção.
É a forma natural de extinção: o esgotamento
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a
concessão, a administração do serviço será devolvida à do prazo da concessão, com o retorno ao poder
concessionária, precedida de prestação de contas pelo concedente dos bens reversíveis, direitos e privilégios,
interventor, que responderá pelos atos praticados durante a bem como com a assunção imediata do serviço pelo
sua gestão. poder concedente (art. 35, I e §§1º, 2º e 3º da Lei nº
8.987/95).
Regulamentação, controle e fiscalização As demais formas apresentadas de extinção
da concessão dar-se-ão durante o prazo contratual da
A regulamentação dos serviços públicos mesma.
concedidos compete ao Poder Público, por
determinação do art. 175 da CRFB/88 (incumbe ao
Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob
regime de concessão ou permissão, sempre através de
licitação, a prestação de serviços públicos) e da Lei nº
8.987/95 e Lei nº 11.079/04, pois a concessão é sempre É declarada sempre que há vício de
feita no interesse da coletividade. legalidade na licitação ou contrato da concessão,
Afirma Hely Lopes Meirelles (2009, p. 391) produzindo efeito ex tunc, possuindo o mesmo sentido
entende-se sempre reservado ao concedente o poder de da anulação estudada no capítulo referente aos atos
regulamentar e controlar a atuação do concessionário, administrativos.
desde a organização da empresa até a sua situação
econômica e financeira...
A fiscalização mais que um poder, é um dever,
um encargo ao poder concedente, para o fiel
cumprimento do contrato e lei por parte da Única forma que a concessionária tem de
concessionária. extinguir uma concessão por sua iniciativa. Deve ter
por fundamento o descumprimento das normas
contratuais pelo poder concedente e necessita de ação
Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente terá
judicial. Contudo, os serviços não poderão deixar de
acesso aos dados relativos à administração, contabilidade,
recursos técnicos, econômicos e financeiros da ser prestados (interrompidos ou paralisados) pela
concessionária. concessionária até o trânsito em julgado da decisão. É
a aplicação do princípio da continuidade do serviço
Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita por público, e vedação da alegação da exceptio non
intermédio de órgão técnico do poder concedente ou por
adimpleti contractus (art. 39 da Lei nº 8.987/95).
entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme
previsto em norma regulamentar, por comissão composta de Nada impede, ao que tudo indica, que a
representantes do poder concedente, da concessionária e dos concessão também possa ser rescindida
usuários. amigavelmente (rescisão bilateral).
Formas de extinção das concessões
Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido por
Várias são as formas de extinção das iniciativa da concessionária, no caso de descumprimento
concessões expostas no art. 35 da Lei nº 8.987/95, que das normas contratuais pelo poder concedente, mediante
serão objeto de estudo separadamente. ação judicial especialmente intentada para esse fim.
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Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste artigo, I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada ou
os serviços prestados pela concessionária não poderão ser deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicadores e
interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial transitada parâmetros definidores da qualidade do serviço;
em julgado. II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou
disposições legais ou regulamentares concernentes à
concessão;
III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer para
tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso fortuito
ou força maior;
IV - a concessionária perder as condições econômicas,
Também chamada de resgate é a forma de técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação
extinção unilateral da concessão em que prevalece o do serviço concedido;
interesse público, retomando o poder concedente, V - a concessionária não cumprir as penalidades impostas
por infrações, nos devidos prazos;
mediante lei autorizativa e após prévio pagamento de
VI - a concessionária não atender a intimação do poder
indenização (correspondente aos investimentos concedente no sentido de regularizar a prestação do
vinculados e bens reversíveis ainda não amortizados), o serviço; e
objeto da concessão. Está prevista nos arts. 35, II, e 37 VII - a concessionária for condenada em sentença transitada
da Lei nº 8.987/95. em julgado por sonegação de tributos, inclusive
contribuições sociais.
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do § 2o A declaração da caducidade da concessão deverá ser
serviço pelo poder concedente durante o prazo da precedida da verificação da inadimplência da concessionária
concessão, por motivo de interesse público, mediante lei em processo administrativo, assegurado o direito de ampla
autorizativa específica e após prévio pagamento da defesa.
indenização, na forma do artigo anterior. § 3o Não será instaurado processo administrativo de
inadimplência antes de comunicados à concessionária,
Veja-se que Não há qualquer inadimplência por detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos
parte da concessionária. Há sim um interesse da no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as
Administração em retomar o serviço concedido falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento,
nos termos contratuais.
§ 4o Instaurado o processo administrativo e comprovada a
inadimplência, a caducidade será declarada por decreto do
poder concedente, independentemente de indenização
prévia, calculada no decurso do processo.
Com previsão nos arts. 35, III, e 38 da Lei nº § 5o A indenização de que trata o parágrafo anterior, será
8.987/95, a caducidade pode (a critério do poder devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato,
concedente – ato administrativo discricionário) ser descontado o valor das multas contratuais e dos danos
declarada unilateralmente pelo poder concedente causados pela concessionária.
sempre que haja um descumprimento das cláusulas § 6o Declarada a caducidade, não resultará para o poder
contratuais ou normas legais, seja por inadimplemento, concedente qualquer espécie de responsabilidade em
seja por adimplemento defeituoso por parte da relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos
concessionária. com terceiros ou com empregados da concessionária
Há ainda a caducidade exposta no art. 27 da Lei nº
Contudo, até chegar à declaração de 8.987/95, decretada obrigatoriamente (implicará – ato
caducidade, o poder concedente deve instaurar um administrativo vinculado) sempre que houver a transferência
processo administrativo, assegurando o direito à ampla de concessão ou do controle societário da concessionária
defesa, com o intuito de comprovar a inadimplência do sem prévia anuência do poder concedente.
concessionário. A declaração da caducidade se dá por
decreto do poder concedente, e independentemente de Art. 27. A transferência de concessão ou do controle
prévia indenização. A indenização da caducidade é societário da concessionária sem prévia anuência do poder
devida, nos mesmos moldes da encampação, com a concedente implicará a caducidade da concessão.
ressalva de que não é prévia.
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acarretará, a
critério do poder concedente, a declaração de caducidade da
concessão ou a aplicação das sanções contratuais, Assim como o falecimento ou incapacidade do
respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as titular no caso de empresa individual, a falência e
normas convencionadas entre as partes. extinção da empresa concessionária (Lei nº 11.101/05,
§ 1o A caducidade da concessão poderá ser declarada pelo art. 195) provocam a extinção de pleno direito do
poder concedente quando:
contrato de concessão, porque inviabiliza, por óbvio, a
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execução do serviço púbico concedido (art. 35, VI, da (interesse privado) o exercício de certa atividade, como
Lei nº 8.987/95). A impossibilidade de execução da exercício profissional de taxista, despachantes,
atividade também está consignada no art. 75 da Lei vigilância privada, etc. É modalidade de serviço
11.101/05, porquanto a falência implica o afastamento adequada às atividades que não exigem execução
do devedor de suas atividades. direta pela Administração, nem mesmo grande
especialização.
Não é precedido de licitação e independe da
celebração de contrato, pois é ato administrativo
(unilateral). Logo, pode ser revogado ou modificado
sumariamente, sem direito à indenização (regra geral).
Ainda que de natureza diferente da concessão
Possui previsão na Carta Magna nos arts. 21, XI, XII e
(contratual), a permissão (ato administrativo) acabou
223.
recebendo o mesmo tratamento pela Constituição
Federal e pela legislação infraconstitucional, ainda que
pela doutrina não se confundam. A Constituição Federal
no art. 175 (incumbe ao Poder Público, na forma da lei, EXERCICIOS
diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, a prestação de serviços 1-(ESAF/Analista Compras Recife/2003) Quanto à
concessão, permissão e autorização, a celebração
públicos) e a Lei nº 8.987/95, art. 2º, IV (permissão de de contrato é incompatível em caso de:
serviço público: a delegação, a título precário, mediante a) Permissão de uso ou de serviço
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo b) Concessão de permissão
poder concedente à pessoa física ou jurídica que c) Concessão e autorização
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua d) Concessão de serviços públicos
e) Autorização
conta e risco) e art. 40 (a permissão de serviço público
será formalizada mediante contrato de adesão, que 2-(ESAF/Especialista em Pol. Públ. e Gest.
observará os termos desta Lei, das demais normas Gov/MPOG/2000) Na ordem constitucional
pertinentes e do edital de licitação, inclusive quanto à brasileira, os seguintes serviços públicos podem
ser concedidos para a execução por particulares,
precariedade e à revogabilidade unilateral do contrato exceto:
pelo poder concedente. Aplica-se às permissões o a) Serviço de energia elétrica
disposto nesta Lei 8.987/95 – Leis das Concessões) b) Navegação aérea
atribuíram um caráter contratual às permissões de c) Serviços de radiodifusão sonora e de sons e
serviço público, precedida, inclusive, de licitação. imagens
d) Serviço postal
e) Serviços de transporte rodoviário interestadual
Afirma o art. 2º, IV, da Lei nº 8.987/95 que a
permissão de serviço público é um ato precário. O art. 3-(ESAF/Contador Recife/2003) A extinção do
40 da mesma lei expõe que pode inclusive ser revogada contrato de concessão de serviço publico por
motivo de inexecução contratual denomina-se:
unilateralmente. a) Encampação
As permissões de serviços públicos, ao b) Rescisão
c) Caducidade
contrário das concessões, admitem a delegação à d) Anulação
pessoa física, não aceitando, porém, consórcio de e) Reversão
empresas.
4-(ESAF/AFRF2002-2) Não se considera hipótese
De qualquer forma, o art. 2º, IV, da Lei nº de caducidade de concessão de serviço público
8.987/95 conceituou permissão de serviço público como quando:
sendo uma delegação a título precário, mediante a) O serviço estiver sendo prestado de forma
inadequada, conforme os critérios definidores da
licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo qualidade do serviço.
poder concedente à pessoa física ou jurídica que b) A concessionária perder as condições econômicas
demonstre capacidade para seu desempenho, por sua para manter a adequada prestação do serviço
conta e risco. concedido.
c) A concessionária não cumprir as penalidades
impostas por infrações, nos devidos prazos.
d) A concessionária descumprir cláusulas
regulamentares concernentes à concessão.
e) A concessionária for condenada, em processo
administrativo, por sonegação de tributos, inclusive
É ato administrativo discricionário, precário, contribuições sociais.
pelo qual o Poder Público Federal outorga à alguém
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5-(ESAF/AFRF/2003) No julgamento das propostas 3) Serviços uti universi ou gerais são aqueles
de licitação para concessão de serviço público, nos prestados para usuários indeterminados, para atender
termos da Lei Federal nº 8.987/95, não se pode à coletividade no seu todo, sendo exemplos os de
adotar o seguinte critério: polícia e de iluminação pública. Por serem gerais,
a) Menor valor da tarifa do serviço público a ser devem ser custeados pela espécie tributária taxa ou
prestado. por tarifa (preço público).
b) Melhor proposta técnica, com preço fixado no edital. 4) Serviços uti singuli, divisíveis ou individuais são
c) Maior oferta, nos casos de pagamento ao poder aqueles que têm usuários determinados e utilização
concedente pela outorga da concessão. particular e mensurável para cada destinatário,
d) Menor valor da tarifa do serviço público a ser prestado devendo por isso, ser custeados por meio de impostos.
após qualificação de propostas técnicas. São exemplos os serviços de telefone e energia
e) Melhor proposta, em razão da combinação de elétrica domiciliares.
critérios de maior oferta pela outorga da concessão com 5) A doutrina aponta cinco princípios ou requisitos do
o de melhor técnica. serviço público: a permanência, a generalidade, a
eficiência, a modicidade e a cortesia.
6-(ESAF/AFC/CGU/Correição/2006) A concessão de
serviço público, pela qual o Estado delega a 11-A respeito de concessão, julgue os seguintes
terceiros a sua execução e/ou exploração, procedida itens:
de regulamentação das condições do seu 1) Na concessão, a fiscalização do serviço delegado
funcionamento, organização e modo de prestação, compete ao Poder Público concedente, que dispõe,
uma vez selecionado o concessionário, ela se ultima inclusive de poder de intervenção para regularizar o
e formaliza mediante: serviço, quando este estiver sendo prestado
a) Ato concessivo unilateral vinculado deficientemente aos usuários.
b) Ato unilateral discricionário 2) O serviço concedido deve ser remunerado por meio
c) Ato unilateral precário das espécies tributárias tarifa ou preço público.
d) Ato discricionário e precário 3) Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal
e) Contrato bilateral, oneroso, comutativo e realizado Federal, o usuário de serviço público concedido pode
intuitu personae. demandar diretamente o concessionário para
constrangê-lo a prestar o serviço, sob pena de lhe
7-(FCC/ISS-SP/2007) Nos termos do tratamento legal pagar perdas e danos ou a multa correspondente,
da matéria, a: cominada na sentença judicial.
a) Concessão e a permissão de serviços públicos são 4) Reversão é a forma normal de extinção da
contratos. concessão, quando ocorre o retorno do serviço ao
b) Concessão de serviços públicos é contrato, mas a Poder Público concedente ao término de prazo
permissão é ato unilateral. contratual estipulado. O Poder Público concedente
c) Permissão de serviços públicos é contrato, mas a receberá de volta o serviço com todo o acervo aplicado
concessão é ato unilateral. na sua prestação, sem necessidade de pagamento.
d) Concessão e a permissão de serviços públicos é Porém, determina a lei que o poder concedente
contrato e a permissão de serviços, não mais existe. indenize o concessionário de todas as parcelas de
e) Concessão de serviços públicos é contrato e a investimentos vinculados aos bens reversíveis, ainda
permissão de serviços não mais existe. não amortizados ou depreciados, que tenham sido
realizados com o objetivo de garantir a continuidade e
8-(CESPE/Min.Público do TCU/2004) Denomina-se a atualidade do serviço.
encampação a retomada dos serviço concedido pelo 5) encampação ou resgate é a retomada coativa de
poder concedente, durante o prazo da concessão, serviço, pelo poder concedente, durante o prazo da
por motivo de interesse publico. concessão, por motivo de interesse público. A
encampação ou resgate depende de lei autorizadora
9-(ESAF/SEFAZ-CE/Analista Contábil/2007) Assinale específica e o concessionário terá direito ao
a opção que contenha condições que não são tidas pagamento prévio da indenização apurada.
como necessárias para a caracterização do serviço
adequado, nos termos da Lei nº 8.987/95: 12-A respeito das formas de extinção da
a) Regularidade/modicidade das tarifas concessão, julgue os seguintes itens:
b) Continuidade/cortesia 1) Caducidade é a rescisão da concessão por
c) Controle/economicidade inadimplência do concessionário, nas hipóteses
d) Eficiência/generalidade previstas em lei. O poder concedente, ao decretar a
e) Atualidade/segurança caducidade – após comprovada a inadimplência do
contratado em processo administrativo em que lhe seja
10-A respeito dos serviços públicos, julgue os assegurado o contraditório – apurará a indenização
seguintes itens: devida ao concessionário, dela devendo ser
1) Serviços públicos propriamente ditos são os que a descontado o valor das multas contratuais e dos danos
Administração presta diretamente à comunidade, devido causados ao Poder Público.
à sua essencialidade, sendo exemplo os de defesa 2) Anulação é a extinção do contrato por ilegalidade na
nacional e de polícia. concessão ou na formalização do ajuste, como ocorre
2) Serviços de utilidade pública são os que a na concessão de serviço público sem concorrência,
Administração, por reconhecer sua conveniência, presta- quando exigida por lei, ou com concorrência fraudada.
o diretamente ou por meio de terceiros, sendo exemplos 3) A concessão se extingue, também, pela falência ou
os de transporte coletivo, energia elétrica e telefone. extinção da empresa concessionária.
Direito Administrativo Prof. Gustavo Santanna
gssantanna@hotmail.com

4) A concessão não se confunde com a permissão e a


autorização. Enquanto aquela é ato bilateral e precário,
resultante de um contrato, estas consubstanciam ato
unilateral da Administração. Gabarito
5) A autorização e a permissão têm natureza precária e 1-E 2-D 3-C
são utilizadas pela Administração na chamada 4-E 5-D 6-E
delegação. Em regra, a permissão exige maior 7-A 8-V 9-C
formalidade e garante maior estabilidade para o serviço. 10-VVFFV 11- VFVVV 12- VVVFV
13- VVFVV 14-A 15-C
13-Julgue os seguintes itens: 33-D
1) A permissão de serviço público pode ser conceituada
como delegação, a título precário, mediante licitação, da
prestação de serviços públicos, feita pelo poder
concedente, a pessoa física ou jurídica que demonstre
capacidade para seu desempenho, por sua conta e
risco.
2) A permissão deverá ser formalizada mediante
contrato de adesão, e tem como característica se ajuste
intuitu personae.
3) A concessão é, em regra, ato discricionário e
precário. Entretanto, a fim de garantir uma melhor
prestação dos serviços públicos, admite-se sejam
previamente ajustados prazos e condições para a
execução do serviço (concessão condicionada).
4) A lei estabelece sejam aplicados à permissão, no que
couber, os preceitos referentes às concessões.
5) Serviços autorizados são aqueles que o Poder
Público, por ato unilateral, precário e discricionário,
consente na sua execução por particular para atender a
interesses coletivos instáveis ou emergência transitória.
Não dependem de licitação, sendo exemplos a
autorização para serviços de táxi, de despachantes, de
vigilância particular em residências etc.

14-O serviço público concedido deve ser


remunerado mediante:
a) tarifa
b) Taxa
c) Tributo
d) Contribuição
e) Imposto

15-(ESAF/PFN/2006) A legislação federal estabelece


com formas de Parceria Pública Privada apenas:
a) A concessão comum
b) A concessão patrocinada
c) A concessão patrocinada e a concessão
administrativa
d) As concessões comum, patrocinada e administrativa
e) As formas de concessão admitidas em direito, e
demais contratos administrativos

33-(CESPE/Exame de Ordem 2007.3) A campanha de


prevenção à dengue desenvolvida em todo o
território nacional pelo Ministério da Saúde,
inclusive com a utilização dos populares fumacês,
pode ser classificada como serviço público:
a) social autônoma
b) uti singuli
c) social vinculado
d) uti universi

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