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Resumo de Direito Administrativo

Serviços Públicos

Conceito: o conceito de serviço público não é A) Generalidade: os serviços públicos devem


pacífico na doutrina, variado conforme a ser prestados com a maior amplitude possível e
intervenção social do Estado. Fato é que tal diante das mesmas condições técnicas e
conceituação há de se compor de 3 elementos: jurídicas para fruição deverão ser prestados
sem discriminação entre os beneficiários (vide
I) Material: dispõe que o serviço público é uma Súmula 407, do STJ).
atividade administrativa que se materializa em
prestação de utilidade ou comodidade, material B) Continuidade: a prestação os serviços
ou imaterial, fruível individual ou públicos devem ser contínua, sem interrupções.
coletivamente, pelos administrados. Conforme o §3° do artigo 6° da Lei n°8.987/95,
II) Subjetivo: a titularidade desses serviços não se caracteriza como descontinuidade do
pertence ao Poder Público, conforme previsão serviço a sua interrupção em situação de
do art. 175 da CF/88. emergência ou após prévio aviso, quando:
Importante observar que a titularidade do • motivada por razões de ordem técnica
serviço se diferencia da titularidade de sua ou de segurança das instalações;
prestação. • por inadimplemento do usuário,
III) Formal: a atividade qualificada como considerado o interesse da coletividade (STJ,
serviço público submete-se a um regime AgRg no AREsp 196374/SP, DJe 06/05/2014).
jurídico de direito Público, impondo a Fato é que o corte no fornecimento do serviço
incidência de regras e princípios comuns à em razão de débito irrisório é ilegítimo por
atividade administrativa. configurar abuso de direito e ofensa aos
A submissão a esse regime jurídico específico princípios da proporcionalidade e
pode ser total ou parcial (de acordo com a razoabilidade, sendo cabível indenização ao
natureza do serviço público) e objetiva conferir consumidor por danos morais (STJ,. REsp
instrumentos de garantia à efetividade desses 811.690/RR, DJ 19/06/2006).
serviços.
Contudo, há peculiaridades nas relações
Conforme tais elementos, podemos apresentar jurídicas em que o usuário do serviço prestado
o seguinte conceito: pela concessionária é um órgão ou ente
público. Muitas vezes, a unidade pública
usuária depende do serviço oferecido pela
concessionária para efetivar a prestação de
outros serviços públicos ou atividades
administrativas essenciais, que devem ser
Princípios: Além dos princípios naturais à
igualmente resguardadas pelo nosso
incidência do regime jurídico de direito
ordenamento. Nesse diapasão, o STJ ressalva
administrativo (como legalidade, eficiência,
exceção para a interrupção de fornecimento de
isonomia, entre outros), a doutrina aponta
serviços públicos às unidades públicas que
princípios específicos dos serviços públicos, a
exercem atividades (serviços públicos)
saber:
essenciais ou indispensáveis à população.
C) Modicidade: a prestação de serviços
públicos deve respeitar a condição econômica B) Delegáveis (são aqueles que o Estado pode
do usuário, para que o estabelecimento de sua prestar diretamente ou por terceiros. EX:
remuneração, de forma excessiva, não serviço de transporte público) e Indelegáveis
prejudique a fruição por parte dos (são aqueles cuja prestação não pode ser
administrados. Tal princípio estabelece a repassada a terceiro, sendo executado pelos
premissa de que, para o Estado, a prestação do próprios agentes do Estado. Ex: serviço postal).
serviço público não tem como intuito alcançar
lucro, motivo pelo qual devem ser cobradas as C) Uti singuli – Individuais – (são aqueles que
menores tarifas possíveis pela Administração. atendem direta e individualmente um
administrado, sendo mensurável a utilização
É ilegal a cobrança de tarifa mínima de água por cada um dos indivíduos. Ex. serviço de
com base no número de economias existentes energia elétrica residencial) e Uti universi –
em condomínio, sem considerar o consumo Gerais – (são aqueles que não possuem
efetivamente registrado (na existência de usuários determinados, sendo prestados para
apenas um hidrômetro) (STJ, Ag 1398776/RJ, agrupamentos indeterminado de indivíduos, de
Julg. 09/08/2011). Por outro lado, o STJ já acordo com as opções e prioridades da
entendeu que, na falta de hidrômetro ou defeito Administração. Ex: serviço de iluminação
no seu funcionamento, a cobrança pelo pública)
fornecimento de água deve ser realizada pela
tarifa mínima, sendo vedada a cobrança por D) Administrativos (são executados pela
estimativa (STJ, REsp 1.513-218-RJ, DJe Administração para atender as suas
13/3/2015 - Informativo 557). necessidades internas de funcionamento),
Comerciais ou Industriais (são serviços que
D) Atualidade: exige a modernidade das envolvem o oferecimento de utilidades
técnicas, do equipamento e das instalações, materiais necessária ao indivíduo. Ex:
além da sua conservação, melhoria e expansão fornecimento de água tratada) e Serviços
do serviço. Sociais (são aqueles que satisfazem
necessidades de cunho social ou assistencial.
E) Mutabilidade do regime: permite a Ex: educação)
adequação do regime dos serviços públicos às
necessidades dos administrados, sempre E) Exclusivos (são aqueles cuja titularidade é
passíveis de mudanças e alterações. atribuída exclusivamente ao Estado) e Não
Exclusivos (são aqueles cuja titularidade pode
Classificação: As principais classificações dos ser tanto do Poder Público como pelo setor
serviços públicos são: privado, sendo no último caso
independentemente de delegação pública. Ex:
A) Próprios (são aqueles que o Estado assume a saúde, educação, previdência social).
titularidade do serviço e executa diretamente
por seus agentes ou por terceiros) e Impróprios Quando os serviços não exclusivos forem
(são aqueles cuja titularidade não pertence prestados por particulares, sem delegação
exclusivamente ao Estado, embora possam ser estatal, não haverá titularidade daquele serviço
regulamentos e fiscalizados por ele. Caso tais pelo Poder Público. Não obstante, pode o Poder
atividades sejam prestadas pelo particular, sem Público prestar tais serviços não exclusivos,
delegação estatal, não serão considerados direta ou indiretamente (nesse caso, haverá a
serviços públicos). titularidade pelo Estado).
• Iluminação pública. Não sendo divisível, o
Deve-se perceber que, apenas nas situações em serviço não pode ser remunerado por taxa. Esse
que houver titularidade do Estado, ter-se-á uma pensamento foi sedimentado na Súmula nº 670
prestação de serviço público (em sentido do STF, ao estabelecer que "o serviço de
estrito). Caso a titularidade não seja estatal, a iluminação pública não pode ser remunerado
prestação não se qualificará propriamente como mediante taxa". Diante desse precedente do
serviço público, embora o relevante interesse STF, foi alterada a Constituição Federal (EC
social envolvido permita a atuação estatal 39/2002), incluindo-se o artigo 149-A, que
reguladora e fiscalizadora. permitiu aos Municípios e ao Distrito Federal
instituir contribuição, na forma das respectivas
Remuneração: a doutrina costuma estabelecer leis, para o custeio do serviço de iluminação
que os serviços públicos podem ser gratuitos pública.
(remunerados por toda a sociedade através dos
tributos pagos) ou remunerados (custeado pelo • Serviço de telefonia. Embora tido como
administrado beneficiado pela prestação facultativo (não essencial), é rotineira a
pública, através do pagamento de taxas cobrança de valores fixos nas contas telefônicas
(compulsório) e tarifas ou preço público (assinatura mensal), o que suscitou a tese de
(facultativo)). que esses valores (como não corresponderiam a
uma efetiva prestação de serviço) teriam
Atenção! Preços de serviços públicos e taxas natureza de taxa, sendo incabíveis já que o
não se confundem porque estas, diferentemente serviço não era legitimamente compulsório.
daqueles, são compulsórias e têm sua cobrança Nada obstante, o Judiciário consolidou
condicionada à prévia autorização entendimento no sentido de que esses valores
orçamentária, em relação à lei que as instituiu fixos não teriam natureza de taxa, mas sim de
(STF, Súmula 545). tarifa básica, sendo admissível sua cobrança.

Se o serviço é individual e compulsório, tem-se Atenção! É legítima a cobrança da tarifa básica


considerado que a cobrança deve ser feita pelo uso dos serviços de telefonia fixa. (STJ.
através de taxa, que é uma espécie de tributo Súmula 356).
vinculado a uma contraprestação estatal (ainda
que o usuário não utilize efetivamente o Prestação e Execução dos Serviços Públicos:
serviço). Quando os serviços são compulsórios Os serviços públicos podem ser prestados de
e considerados essenciais para a coletividade, forma centralizada (diretamente pelo Ente
não podem ser recusados pelos destinatários. Público), desconcentrada (através dos órgãos
públicos) e descentralizada (através de
Se o serviço é individual e facultativo (ex: terceiros, por outorga ou por delegação). Nas
transporte público, telefonia, entre outros), tem- duas primeiras formas de prestação
se considerado que a cobrança deve ser feita (centralizada e desconcentrada), dá-se a
através de tarifa ou preço público. O usuário execução direta, pois é o próprio Estado,
aceitará ou não a prestação do serviço público e através do ente federativo ou de seus órgãos,
pagará pelo seu efetivo uso. que presta o serviço público, enquanto na
prestação descentralizada, contudo, dá-se a
Cabem observações sobre alguns serviços execução indireta, pois os serviços são
públicos em especial: realizados por pessoas jurídicas distintas dos
entes federativos, integrantes ou não da
Administração.
mandado de segurança (quando a impetração se
Delegação do Serviço Público: Com a voltar contra ato de dirigente de universidade),
descentralização, portanto, o Estado transfere é a Justiça Federal. Em relação às instituições
para terceiro a execução da titularidade da públicas estaduais ou municipais de ensino
prestação do serviço. Essa transferência pode se superior, elas agem por delegação dos Estados,
dar por delegação legal (outorga) ou por de forma que o foro competente para eventuais
delegação negocial. Em ambas as situações litígios, em mandado de segurança (quando a
ocorre a transferência da titularidade da impetração se voltar contra ato de dirigente de
prestação do serviço. universidade), é da Justiça Comum Estadual.

Mister ressaltar que no caso de outorga Nas ações de conhecimento, cautelares ou


transfere-se para entidades da administração quaisquer outras de rito especial que não o
indireta a titularidade de um serviço público, mandado de segurança, a competência será
não apenas sua execução. Assim sendo, não federal quando a ação indicar no polo passivo a
pode mais o Poder Público retomar esse União Federal ou quaisquer de suas autarquias
serviço, a não ser por lei (art. 109, 1, da Constituição da República); será
de competência estadual, entretanto, quando o
Por outro lado, com a delegação negocial, o ajuizamento voltar-se contra entidade estadual,
Estado transfere, por meio de contrato ou ato municipal ou contra instituição particular de
administrativo (concessão, permissão e ensino (Vide STJ, CC 108466, DJE
autorização), a titularidade da prestação do 01/03/2010).
serviço para outras pessoas jurídicas.
Concessão de Serviço Público: a concessão
A concessão e a permissão são formas consiste na delegação negocial de uma
negociais da delegação de serviços públicos, prestação de serviço público.
enquanto a autorização é instrumento unilateral
de delegação (ato administrativo). Segundo a Lei n° 8.987/95, apenas os entes
políticos (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios) são considerados poder
A titularidade do ente federativo é fundamental concedente, cabendo-lhes realizar a concessão
para a identificação do foro competente para o (delegação) de serviços públicos de sua
deslinde de eventuais litígios relacionados à competência.
prestação de serviço, bem como para a Pode-se apontar algumas características
delimitação do exercício de prestação do comuns à todas as espécies de concessão:
serviço público.
• A não pode ser feita a pessoas físicas, apenas
Nesse sentido, o ato do tabelião praticado na para pessoas jurídicas;
comarca para a qual não tem delegação não tem • A formalização se faz por meio de contrato
validade, mesmo que a parte, por sua livre administrativo;
escolha, eleja-o para praticar o ato (REsp • A delegação, em regra, é precedida de
682.399-CE, julgado em 7/5/2007). licitação, na modalidade concorrência;
• A delegação se dá por prazo determinado
Instituições particulares de ensino superior e (limitado);
instituições públicas federais de ensino superior
agem por delegação da União; assim, o foro Permissão de Serviço Público: é uma forma de
competente para eventuais litígios, em sede de delegação de serviço público, também
materializada através de contrato (natureza ju usuários, em caráter obrigatório, não deve ser
´ridica). Contudo, embora submeta-se à imposta para a cobrança do pedágio. Para que
licitação, a delegação é realizada a título isso ocorresse, deveria existir previsão expressa
precário, pelo poder concedente, à pessoa física na lei.
ou jurídica que demonstre capacidade para seu
desempenho, por sua conta e risco. II) Risco: nas concessões comuns, a exploração
econômica do serviço ou da obra se dá por
O caráter precário da permissão autoriza a conta e risco do concessionário.
revogação unilateral do contrato por ato do
Importante! Necessário perceber que as
poder concedente, hipótese em que, mediante concessões especiais alteraram esse raciocínio,
ação própria, é possível ao permissionário obter admitindo o compartilhamento de riscos entre o
indenização dos investimentos feitos para o particular e o Poder Público.
desempenho do serviço.
III) Responsabilidade do Concessionário:
Autorização de Serviço Público: é ato responde objetivamente por todos os prejuízos
administrativo unilateral (natureza jurídica), causados ao poder concedente, aos usuários ou
precário e discricionário, através do qual o a terceiros, sem que a fiscalização exercida
Poder Público consente que o particular realize pelo órgão competente exclua ou atenue essa
determinada atividade (Ex: seguros, bancos, responsabilidade. Logo, não há necessidade de
transporte de táxi etc). demonstração de culpa ou dolo, exceto nos
casos de danos causados em virtude de
DOS CONTRATOS DE CONCESSÃO DE condutas omissivas nos quais é necessário a
SERVIÇO PÚBLICO demonstração do elemento subjetivo.

A concessão de serviço público pode gerar A responsabilidade das concessionárias é


contratos administrativos de concessão. A objetiva, seja em relação aos danos causados a
escolha do concessionário se dá através de usuários como em relação aos danos causados
licitação, via de regra, na modalidade terceiros não usuários do serviço (RE
concorrência ou na modalidade leilão para 591874/MS, publ. 01/02/ 2010). Porém, a
alguns serviços "desestatizados”, conforme responsabilização objetiva em relação a
dispõe a Lei n° 9.491/97. terceiros (não usuários ou usuários) somente se
opera para aqueles danos decorrentes da
Dos Contratos de Concessões Comuns: os atividade administrativa, sendo necessário a
contratos de concessões comuns (tanto a demonstração do nexo de causalidade.
simples quanto a precedida de obra pública)
exigem cláusulas essenciais (art. 23, IV) Responsabilidade do concedente: O ente
Lei8.987/95) e se submetem a regime jurídico público pode ser responsabilizado, caso
específico, que impõe algumas características esgotadas as possibilidades de ressarcimento de
que serão, adiante, destacadas: danos, frente à concessionária. Trata-se,
portanto, de responsabilidade subsidiária.
I) Remuneração: a remuneração é paga pelos
usuários do serviço público. V) Arbitragem: O contrato de concessão poderá
prever o emprego de mecanismos privados para
Importante! O STJ já manifestou resolução de disputas decorrentes ou
entendimento no sentido de que a necessidade relacionadas ao contrato, inclusive a
de colocar uma via alternativa gratuita para os arbitragem, que deve ser realizada no Brasil e
em língua portuguesa.
normas pertinentes. A intervenção far-se-á por
VI) Valor da Tarifa: é fixada de acordo com a decreto do poder concedente, que designará o
proposta vencedora da licitação. Os valores das interventor, o prazo da intervenção, os
tarifas podem ser diferenciados em função das objetivos e limites da medida.
características técnicas e dos custos específicos
provenientes do atendimento aos distintos IX) Licitação: A concessão depende de
segmentos de usuários. procedimento licitatório prévio, sob a
modalidade concorrência. A Lei n° 9.497/97
Importante! É resguardado o direito de revisão estabeleceu, também, a adoção do leilão para
dos valores contratuais, para preservar a diversas operações previstas no Programa
respectiva equação econômica, mantendo o Nacional de Desestatização.
equilíbrio econômico-financeiro. Havendo
alteração unilateral do contrato que afete o seu X) Extinção: a extinção do contrato de
inicial equilíbrio econômico-financeiro, impõe- concessão, que exige o respeito ao contraditório
se sua revisão econômica. e à ampla defesa, pode ocorrer de:

No atendimento às peculiaridades de cada


serviço público, poderá o poder concedente
prever, em favor da concessionária, no edital de
licitação, a possibilidade de outras fontes
provenientes de receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos
associados, com ou sem exclusividade, com
vistas a favorecer a modicidade das tarifas (Ex:
concessionária de rodovia que cobra da
concessionária de energia elétrica pelo uso de
faixa de domínio de rodovia para a instalação
de postes e passagem de cabos aéreos
efetivados com o intuito de ampliar a rede de
energia, desde que prevista no edital de
licitação, a possibilidade de outras fontes
provenientes de receitas alternativas,
complementares, acessórias ou de projetos
associados, com ou sem exclusividade, com
vistas a favorecer a modicidade das tarifas
(STJ. EREsp 985.695-RJ, DJe 12/12/2014 –
Informativo 554)).

VII) Subconcessão: Desde que expressamente A caducidade da concessão poderá ser


autorizada pelo poder concedente e prevista no declarada pelo poder concedente quando:
contrato de concessão, é admitida a
subconcessão. • o serviço estiver sendo prestado de forma
inadequada ou deficiente, tendo por base as
VIII) Intervenção: O poder concedente poderá normas, critérios, indicadores e parâmetros
intervir na concessão para assegurar a adequada definidores da qualidade do serviço;
prestação do serviço e o fiel cumprimento das
• a concessionária descumprir cláusulas 11.079/2004 estabeleceu características
contratuais ou disposições legais ou especiais para essas formas de concessões.
regulamentares concernentes à concessão;
• a concessionária paralisar o serviço ou É que para as concessões administrativas,
concorrer para tanto, ressalvadas as hipóteses aplicam-se as disposições dos artigos 21, 23, 25
decorrentes de caso fortuito ou força maior; e 27 a 39 da Lei no 8.987/95 e do art. 31 da Lei
• a concessionária perder as condições no 9.074/95. Para as concessões patrocinadas,
econômicas, técnicas ou operacionais para aplicam-se, subsidiariamente, a Lei no 8.987/95
manter a adequada prestação do serviço e as leis correlatas.
concedido; As principais nuances acrescidas a estas
• a concessionária não cumprir as penalidades concessões especiais, são:
impostas por infrações, nos devidos prazos;
• a concessionária não atender a intimação do I) Prazo: o prazo de vigência do contrato deve
poder concedente no sentido de regularizar a ser compatível com a amortização dos
prestação do serviço; e investimentos realizados, não inferior a 5
• a concessionária não atender a intimação do (cinco), nem superior a 35 (trinta e cinco) anos,
poder concedente para, em 180 (cento e incluindo eventual prorrogação.
oitenta) dias, apresentar a documentação
relativa a regularidade fiscal, no curso da II) Remuneração: nas concessões especiais,
concessão, na forma do art. 29 da Lei n° 8.666, além da remuneração paga pelo usuário do
de 21 de junho de 1993. serviço, é realizada contraprestação pecuniária
ao parceiro privado, pelo parceiro público (na
XI) Penalidade: o contrato de concessão concessão patrocinada). Na concessão
comum prevê penalidades que sujeitam, administrativa, a própria Administração Pública
apenas, a concessionária. é a usuária do serviço.

XII) Reversão: é a incorporação dos bens III) Risco: há repartição objetiva de riscos entre
utilizados para a prestação do serviço público as partes, inclusive os referentes a caso fortuito,
concedido, quando da finalização do contrato força maior, fato do príncipe e álea econômica
de concessão. extraordinária. Assim como nas concessões
comuns, a PPP admite o emprego dos
XIII) Transferência da Concessão ou do mecanismos privados para resolução de
Controle Societário e Administração disputas, inclusive a arbitragem.
Temporária: a transferência de concessão ou
do· controle societário da concessionária, sem IV) Ganhos: há o compartilhamento, com o
prévia anuência do poder concedente, implicará Poder Público, de ganhos econômicos efetivos
a caducidade da concessão. do parceiro privado, decorrentes da redução do
risco de crédito dos financiamentos utilizados;
Dos Contratos de Concessões Especiais
(parceria público-privada): os contratos de V) Limites: é vedada a celebração de contrato
concessões especiais (tanto a patrocinada de parceria público-privada:
quanto a administrativa) também possuem a
natureza jurídica de contratos administrativos. • Com período de prestação do serviço inferior
Embora tenha tomado por base o regramento a 5 (cinco) anos.
dado para as concessões comuns, a Lei n°
• Com objeto único de fornecimento de mão de pelo Poder Público, em caso de
obra, de fornecimento e instalação de inadimplemento de contratos de financiamento.
equipamentos ou de execução de obra pública.
• Com valor contratual inferior a RS VIII) Autorização Legislativa Específica: as
10.000.000,00 (dez milhões de reais). concessões patrocinadas, em que mais de 70%
(setenta por cento) da remuneração do parceiro
VI) Garantias: as obrigações pecuniárias, privado for paga pela Administração Pública,
contraídas pela Administração Pública em dependerão de autorização legislativa
contrato de parceria público-privada, poderão específica.
ser garantidas mediante:
IX) Licitação: a contratação de parceria
• vinculação de receitas (vide inciso IV do art. público- privada também será precedida de
167 da Constituição Federal); licitação na modalidade de concorrência.
• instituição ou utilização de fundos especiais
previstos em lei; X) Remuneração Variável: a Lei n° 12.766, de
• contratação de seguro-garantia com as 27 de dezembro de 2012, alterou a Lei n°
companhias seguradoras que não sejam 11.079/2004 para admitir que o contrato de
controladas pelo Poder Público; concessão estabeleça pagamento de
• garantia prestada por organismos remuneração variável, ao parceiro privado. A
internacionais ou instituições financeiras que remuneração variável ficará vinculada ao
não sejam controladas pelo Poder Público; desempenho, conforme metas e padrões de
• garantias prestadas por fundo garantidor ou qualidade e disponibilidade definidos
empresa estatal criada para essa finalidade; contratualmente.
• outros mecanismos admitidos em lei.
XI) Penalidades: nas PPPs os contratos devem
VII) Sociedade de Propósito Específico: para prever cláusula de aplicação de penalidades,
implantar e gerir o objeto da parceria deverá ser tanto para o parceiro privado como para a
constituída sociedade de propósito específico, Administração Pública, em caso de
antes da celebração do contrato de PPP. Essa inadimplemento contratual.
pessoa jurídica poderá assumir a forma de
companhia aberta, com valores mobiliários XII) Reversão: as PPPs também admitem
admitidos à negociação no mercado, reversão (incorporação dos bens utilizados para
obedecendo a padrões de governança a prestação do serviço público concedido,
corporativa e adotando contabilidade e quando da finalização do contrato de
demonstrações financeiras padronizadas, concessão).
conforme regulamento.
Do Programa de Parcerias de Investimentos
A transferência do controle da sociedade de (PPI): a Lei n° 13.334/2016 estabeleceu o
propósito específico estará condicionada à Programa de Parcerias de Investimentos - PPI,
autorização expressa da Administração Pública. com o objetivo de ampliar e fortalecer a
interação entre o Estado e a iniciativa privada,
A Administração Pública não pode ser titular através da celebração de contratos de parceria
da maioria do capital votante da sociedade de para a execução de empreendimentos públicos
propósito específico, exceto em eventual de infraestrutura e de outras medidas de
aquisição da maioria do capital votante da desestatização.
sociedade, por instituição financeira controlada
De acordo com o §1° do artigo 1° da Lei n°
13.334/2016, podem integrar o PPI:

1 - os empreendimentos públicos de
infraestrutura em execução ou a serem
executados por meio de contratos de parceria
celebrados pela administração pública direta e
indireta da União;

II - os empreendimentos públicos de
infraestrutura que, por delegação ou com o
fomento da União, sejam executados por meio
de contratos de parceria celebrados pela
administração pública direta ou indireta dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios;
e

III - as demais medidas do Programa Nacional


de Desestatização a que se refere a Lei n°
9.491, de 9 de setembro de 1997.

(PAREI NA P. 527 (da prorrogação contratual


e antecipada) - 2 dias para acabar. Depois ver a
aula do Supremo Concursos no Youtube)

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