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de Direito
Administrativo
Administração Pública
*É um conceito polissémico, pode ser empregue com um de dois significados, referindo-se à
atividade ou em sentido orgânico-subjetivo.
Em sentido orgânico-subjetivo inclui as pessoas coletivas públicas. Importa distinguir entre
pessoas coletivas públicas primárias e pessoas coletivas de fins específicos. As primeiras são
inquestionavelmente públicas, a sua existência é obrigatória. Já as segundas são, em regra,
constituídas pelas pessoas coletivas públicas primárias.
*No entanto, também integram a administração pública pessoas coletivas privadas. As pessoas
coletivas privadas em relação às quais a entidade pública instituidora exerça influência pública
dominante, a pessoa coletiva pública que institui a pessoa coletiva privada tem poderes efetivos
sobre está última. Podem ser, também, entidades privadas, às quais foi delegado o exercício de
tarefas públicas.
*Um dos traços fundamentais da AP é o facto de estar vinculada jurídico constitucionalmente à
realização de interesses públicos. Os interesses públicos são um conceito jurídico e cabe ao
legislador, de acordo com os critérios constitucionalmente fixados nos artigos 9º e 81º da CRP,
definir as necessidades coletivas suscetíveis de se qualificarem como fins de interesse público.
Principio da legalidade
*O direito administrativo teve como epicentro a revolução francesa de 1789 que veio consagrar na
europa continental o estado de direito e a separação de poderes. O direito administrativo assumiu
a forma histórica de Estado de Direito. Este direito não é concebível sem que o Estado seja visto
como pessoa coletiva.
*Em suma, o primeiro fundamento histórico é a subordinação do Estado à lei, segundo o principio
da legalidade, isto implica a primazia a reserva de lei, bem como, o principio da precedência da lei.
A administração passa a estar vinculada ao principio da legalidade, este tipifica o exercício do poder
da administração, se os atos forem praticados de forma contrária à lei esses atos gozam de vicio.
*A atividade administrativa é altamente jurisdificada, mas cabe aos tribunais alguma criação de
direito. A função jurisdicional tem como objetivo decidir uma questão de direito em sentido amplo.
A função administrativa tem como objetivo a regulação dos interesses públicos previstos na lei.
normas especiais não foram aprovadas continuam a provar-se o artigo 149º do CPA de 1991, onde
o privilégio de execução esta configurado como principio e não como exceção.
*No início do Direito Constitucional, praticamente, só havia uma fonte de DA: a Lei do
Parlamento.
*Com a evolução jurídica, passou a verificar-se uma maior diversificação e pluralização de fontes
do DA, essa diversificação deve-se:
a) A emergência da ordem jurídica supranacional, direito comunitário, presidida por dois
grandes princípios: primado e efeito direto;
b) Importância crescente do direito internacional como fonte autónoma das ordens jurídicas
internas e em particular do direito administrativo;
c) Descentralização territorial da produção normativa (não legislativa): universidades, etc.
d) Aumento considerável da produção de regulamentos;
e) Desenvolvimento do soft law administrativo: advertências, recomendações, etc. Têm uma
forma compulsória, muitas vezes, maior que o hard law;
*Podem ordenar-se as fontes de DA de acordo com dois critérios:
a) Critério da conformação/relação com a Administração Pública:
i. Heterovinculativas: são externas à Administração, por exemplo, as normas
extranacionais, qualquer norma de Direito Internacional Administrativo;
ii. Autovinculativas: são internas à Administração, por exemplo, estatutos.
b) Critério da origem da produção normativa:
i. Fontes externas: quando o modo de criação é externo;
ii. Fontes internas: quando o se modo de criação é interno (Constituição,
direito legislativo ordinário e regulamentos administrativo);
Convenções normativas
*As fontes de produção normativa, normalmente, resultam de um poder unilateralmente
vinculativo, neste caso, no caso da produção normativa de convecções estas resultam da
combinação de vontades que podem ser de outros sujeitos de direito público ou entre sujeitos de
direito público e sujeitos de direito privado. Pode pensar-se em duas figuras: acordos endo
procedimentais e contratos administrativos.
*Os contratos administrativos, são um exemplo de auto vinculação bilateral, vinculam as relações
entre a administração e entidades privadas contratantes, só que, alguns contratos, projetam os seus
efeitos jurídicos sobre destinatários e sobre terceiros que não participaram na formação e
celebração do contrato, como contratos administrativos com eficácia normativa. Por exemplo, um
contrato de concessão de serviço público, portanto, estes contratos para além de disciplinar as
relações entre as partes possuem cláusulas que tem como destinatários terceiros.
Direito comunitário
Constituição
Direito Internacional
Convencional
Principios fundamnetais/gerais
do DA
Regulamento
Organização administrativa
*Organização equivale a tratar da administração pública em sentido orgânico.
*A organização administrativa seria um conjunto de entidades organizatórias que desempenham a
título principal a função administrativa, conjunto de sistemas, entidades, órgãos, serviços e agentes
do estado que asseguram de forma continua e disciplinada a regulação dos serviços públicos no
termo da lei.
*Freitas de Amaral entende a organização administrativa como o modo de estruturação concreta
que, em cada época, a lei dá à Administração Pública de um dado país.
mistos, quer quanto à composição, quer quanto ao regime jurídico vieram perturbar os antigos
critérios de distinção entre pessoas coletivas públicas e pessoas coletivas privadas.
*O interesse principal da distinção e dos respetivos critérios classificatórios da publicidade do ente
prende-se na identificação do regime jurídico aplicável e da jurisdição competente, uma vez que
começou a desaparecer a identificação entre personalidade pública e regime jurídico-público: as
pessoas coletivas já não atuam somente sob a égide do direito público, nem detêm apenas
capacidade jurídica pública. Pode haver pessoas coletivas públicas com um regime essencialmente
de direito privado e pessoas coletivas privadas sujeitas a um regime parcialmente de direito público.
*A doutrina apresentou uma multiplicidade de critérios para o efeito:
a) Critério da iniciativa quanto à criação: são públicas as pessoas jurídicas criadas por ato do
Estado ou das Autarquias locais;
b) Critério da finalidade da entidade: são públicas as pessoas coletivas que têm por
finalidade satisfazer interesses públicos;
c) Critério da capacidade jurídica: são públicas as pessoas jurídicas dotadas de poderes de
autoridade.
Na opinião do professor, hoje o critério mais correto é um critério misto baseado por um lado não
tanto na iniciativa quanto à criação, mas mais num citério teleológico, o citério da finalidade e por
outro lado no critério da capacidade jurídica pública. O conceito de personalidade jurídica é neutro,
o que o distingue a personalidade jurídica pública privada é a capacidade jurídica dominante, ou
seja, se esta é pública ou privada.
Estado de administração
*Constitui a forma de personificação maior de um ordenamento jurídico de fins gerais, ele de facto
constitui o ente público maior, é uma pessoa coletiva universal e de fins gerais, é necessária e
primária.
Entes territoriais
*Possuem uma base territorial;
*Substrato populacional universal;
*Caráter originário e necessário;
*Generalidade de atribuições (satisfação das necessidades gerais da respetiva população);
*Tipificação constitucional
*Poder para criar outros entes públicos e exercer controlo sobre eles mesmos.
Entes funcionais
*O território não entra na sua definição. Tem, quanto muito, importância na delimitação da
circunscrição onde ele exerce a sua competência;
*Quanto têm substrato pessoal, não se trata de uma coletividade de cidadãos definidos somente
pelo território de residências, mas sim por algum outro traço distintivo;
*Caráter contingente:
*Administração ou finalidades especiais;
*Caráter atípico e singular;
*Em princípio, incapacidade para criar outros entes públicos.
Institutos públicos
*Substrato constituído por um acervo patrimonial ou um serviço público;
*São criadas por outras pessoas coletivas, cujos fins prosseguem através de dirigentes
heterodesignados;
*Obedecem a uma vontade externa;
*São um instrumento da administração estadual, constituindo formas de descentralização
imprópria;
*O Estado exerce sobre elas o poder de superintendência e o poder de tutela.
Corporações públicas
*Substrato pessoal constituído por uma coletividade de pessoas;
*Promovem a prossecução dos interesses dos seus membros mediante órgãos representativos;
*São governados por uma vontade interna, autogoverno;
*São formas de descentralização administrativa, prosseguindo sob a sua responsabilidade e sem
ter de prestar contas ao Governo, os interesses que lhe são confiados pela constituição e pela lei;
*O Estado exerce sobre elas somente o poder de tutela.
DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
*Artigo 267º/2 da CRP
*A descentralização acontece quando os órgãos das autarquias locais são livremente eleitos pelas
respetivas populações, quando a lei os considera independentes na órbita das suas atribuições e
competências, e quanto estiverem sujeitos a formas atenuadas de tutela administrativa, em regra
uma tutela de mera legalidade.
*Tem como vantagens: garantir as liberdades locais, servindo de base a um sistema pluralista de
Administração Pública; proporciona a participação dos cidadão na tomada das decisões públicas
em matérias que concernem aos seus interesses; aproveitar para a realização do bem comum a
sensibilidade das populações locais relativamente aos seus problemas, e facilita a mobilização das
iniciativas e das energias locais para as tarefas da administração pública; proporcionar soluções mas
vantajosas do que a centralização em termos de custo-eficácia.
*Tem como desvantagens: gerar alguma descoordenação no exercício da função administrativa;
abrir a porta ao mau uso dos poderes discricionários da Administração por parte de pessoas nem
sempre bem preparadas para os exercer.
*Descentralização em sentido impróprio: pessoas coletivas públicas territoriais que constituem
pessoas coletivas para as auxiliar na prossecução das suas atribuições, trata-se de uma
administração indireta. Não precisam de ser pessoas coletivas públicas, podem ser privadas desde
que sujeitos a influencia pública dominante. Possuem os mesmos fins da pessoa coletiva que as
criou.
*Descentralização em sentido próprio: artigo 6º da CRP, permite a constituição de por um lado
pessoas coletivas públicas territoriais de fins genéricos (Regiões autónomas e autarquias locais) e
por outro de pessoas coletivas públicas de base não territorial com fins específicos (associações
públicas).
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
*Artigo 6º da CRP.
*Acontece nas relações entre a Administração Pública e a Sociedade e nas relações entre
Administrações públicas (interadministrativa).
* Entre a AP e a Sociedade apresenta uma dimensão negativa e uma dimensão positiva. A dimensão
negativa como limite à intervenção pública com referência às entidades privadas.
A dimensão positiva que cria nas entidades públicas um dever de agir perante a inércia ou
insuficiência das entidades privadas.
Administração autónoma
*Os entes autárquicos dão a si próprios uma direção ou orientação político-administrativa que não
é definida pelo Estado: auto-orientação.
*Controlo apenas destinado a verificar se os respetivos órgãos ultrapassam os limites fixados na
lei.
*Os órgãos são eleitos pela respetiva comunidade sendo responsáveis perante ela: autogoverno.
*Enquanto a Administração do Estado, seja direta ou indireta, tem como finalidade a prossecução
de interesses públicos de âmbito nacional, a Administração autónoma, enquanto expressão da
autoadministração, visa a prossecução de interesses públicos próprios de certas coletividades ou
formações sociais intraestaduais.
*A Administração autónoma corresponde ao reconhecimento da existência de coletividades
estruturadas, com interesses públicos próprios, que merecem o seu reconhecimento jurídico-
administrativo, e que implica a distinção das tarefas para satisfação dos interesses nacionais e as
tarefas administrativas que são próprias destas coletividades. Parte-se da ideia de que certos
interesses públicos de natureza local ou regional devem ser destacados dos interesses nacionais,
por se entender que são melhor realizados nestas coletividades.
*A Administração autónoma seria, então, a administração de interesses públicos específicos de
certas coletividades intraestaduais, de natureza territorial ou associativa (não territorial), através de
pessoas coletivas públicas territoriais ou através de associações públicas, dotadas de poderes
administrativos para o efeito, que exercem sobre responsabilidade própria sem qualquer sujeição
ao poder de direção ou de superintendência ou a tutela de mérito por parte do Estado, havendo
apenas tutela de mera legalidade.
*Desta noção decorrem elementos constitutivos, que são cumulativos:
a) a existência de uma coletividade territorial ou de uma formação social (não territorial),
têm um elemento comum: elemento residência no caso da coletividade territorial;
elemento exercício de uma profissão no caso da coletividade não territorial;
b) a existência de interesses públicos específicos destas coletividades, que a própria
Constituição e a Lei entenderam por bem destacar, por se entender que são estes
interesses públicos melhor satisfeitos através dos órgãos destas coletividades;
c) o autogoverno, significa administração pelos próprios administrados, ou pelos seus
administrados ou administradores;
d) a autoadministração, definir a administração própria, com responsabilidade própria,
sem controlo externo, exceto o de mera legalidade;
e) não há Administração autónoma se não estivermos perante um certo grau de
autonomia dos órgãos através dos quais a Administração atue, seja a territorial ou não
não seja legítimo superior do subalterno; quando uma ordem respeite a um assunto da vida
particular do superior ou do subalterno; ou quando tenha sido verbalmente se a lei exigia que fosse
escrita.
*O dever de obediência não é absoluto (artigos 263º CRP).
PODERES DO SUPERIOR
*Poder de supervisão: faculdade de o superior revogar ou suspender os atos administrativos
praticados pelo subalterno. Este poder pode ser exercido por duas maneiras: por iniciativa do
superior, que para o efeito avocará a resolução do caso; ou em consequência de recurso hierárquico
perante ele interposto pelo interessado.
*Poder de inspeção: tem o poder de fiscalizar o comportamento dos funcionários e o
funcionamento dos serviços.
*Poder disciplinar: faculdade de o superior punir o subalterno, mediante a aplicação de sanções
previstas na lei em consequência das infrações à disciplina da função pública cometidas.
*Poder de reapreciar o recurso hierárquico interposto por um particular de um ato praticado por
um subalterno e pode anular ou revogar os atos. Mas se o subalterno for o titular de uma
competência exclusiva, o superior hierárquico só pode anular o ato, não o pode revogar. Apenas
se for titular de uma competência concorrente pode revogá-lo. A revogação insere-se no âmbito
da administração ativa, enquanto que a anulação se insere sobre o controlo da função.
Poder de dirimir conflitos de competência entre órgãos administrativos, de competência positiva
ou negativa, quando ambos se acham competentes ou quando nenhum se acha competente para a
realização de determinada tarefa (artigos 51º e 52º CPA).
SUPERINTENDÊNCIA
*Poder conferido ao Estado, ou a outra pessoa coletiva de fins múltiplos, de definir os objetivos e
guiar a atuação das pessoas coletivas de fins singulares colocados por lei na sua dependência.
*A superintendência não tem os poderes expressamente declarados numa lei, decorre da própria
natureza das funções da chefia. O professor acha que a superintendência tem que estar declarada
na lei, assim como a tutela. Mas há quem entenda que não seja necessária a consagração legal. Mas
na hierarquia é inequívoco, não é necessário que haja declaração legal.
serviços locais do Estado e os serviços próprios das autarquias locais. O mesmo acontece na
administração autonomia regional, em que serviços regionais do Estado, a chamada administração
periférica do Estado, coabita com os órgãos e serviços da administração local dos Açores e da
Madeira.
ADMINISTRAÇÃO DIRETA
*Lei 4/2004
*Integram a administração direta do Estado os serviços centrais e periféricos que devam estar
sujeitos ao poder de direção do respetivo membro do Governo.
*Principais características do Estado e da sua administração direta:
a) Unicidade: o Estado é a única espécie deste género;
b) Caráter originário: o Estado não é criado pelo poder constituído, tem natureza originária,
não derivada. Vários dos seus órgãos são órgãos de soberania;
c) Territorialidade: o Estado é uma pessoa coletiva de cuja natureza faz parte um certo
território, o território nacional. O Estado é a primeira e mais importante pessoa coletiva
de população e território;
d) Multiplicidade de atribuições: o Estado é uma pessoa coletiva de fins múltiplos;
e) Organização em ministérios: os órgãos e serviços do Estado-administração, a nível central,
estão estruturados em departamentos, organizados por assuntos ou matérias.
GOVERNO
*O Governo é, do ponto de vista administrativo, o órgão principal da administração central do
Estado.
*O artigo 182º da CRP declara que o Governo é o órgão de condução da política geral do país e o
órgão superior da administração pública. No artigo 199º da CRP, encontram-se definidas as
competências administrativas do Governo.
*O Governo enquanto órgão administrativo exerce a sua competência de forma colegial por
intermedio do conselho de ministro ou de forma individual através de cada um dos ministros.
Os ministros são os membros do Governo que participam no Conselho de Ministros e exercem
funções políticas e administrativas. Artigo 201º/2 da CRP
Estes são dotados de variadíssimos poderes, tem o poder administrativo de dirigir a administração
direta e superintender e tutelar a administração indireta, no fundo, são os vértices da administração
central.
*Os ministérios são departamentos da administração central do Estado dirigidos pelos Ministros
respetivos. Lei 4/2004
*O critério que preside a delimitação da esfera de atribuições de cada ministério tem uma natureza
mista, ou passa pela individualização de áreas funcionais de atuação ou identifica-se através da
definição de órgãos e serviços a que passam a estra sujeito a direção e controlo do respetivo
ministro.
*Nos termos do artigo 4º a lei orgânica de cada ministério é que define as respetivas atribuições e
a estrutura orgânica necessária ao seu funcionamento.
*Os órgãos dirigentes são normalmente designados pela administração principal (no caso do
Estado, pelo Governo), sendo responsáveis perante ela, que os pode destituir.
*A administração indireta caracteriza-se, essencialmente, pela presença de duas pessoas jurídicas
públicas que são os institutos públicos de regime público e as empresas públicas. Estas entidades
estão adstritas ao Ministério da Tutela que exerce sobre as primeiras tutela de mérito e de
legalidade.
*Administração autónoma regional dos Açores e da Madeira: são pessoas coletivas públicas de
povoação e território porque exercem poderes administravas, políticos e legislativos. É
completamente independentes da administração do Estado, não há tutela de legalidade, no entanto,
não são independentes em relação aos órgãos de governo próprio que estabelecem relações de
direção, superintendência e de tutela.
*Decorre da constituição nos termos do artigo 225º e seguintes, decorre das leis de âmbito
nacional, decorre das leis reforçadas da república, decorre dos decretos legislativos regionais e
decretos regulamentares regionais.
*O órgão administrativo superior deste tipo de administração são os governos gerais no exercício
da função administrativa, estando a sal administração direta modelada nos mesmo termos em que
esta a organização administrativa da administração direta do Estado.
Autarquias locais
*São pessoa coletivas públicas e territoriais dotadas de órgãos representativo, que visam a
prossecução de interesses próprios das populações respetivas (Artigo 235º da CRP).
FREGUESIAS
*Lei nº169/99 e 75/2013
*As atribuições da freguesia encontram-se previstas no artigo 7º da lei 75/2013.
*As freguesias são compostas pela assembleia de freguesia e pela junta de freguesia.
*A assembleia de freguesia é eleita por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos recenseados
na área da freguesia. Os artigos referentes às freguesias são os artigos 3º a 20º da lei 169/99 e
artigos 8º a 14º da lei 75/2013
*A junta de freguesia é constituída por um presidente e por vogais e as suas disposições encontram-
se previstas nos artigos 23º a 29º da lei 169/99 e artigos 15º a 22º da lei 75/2013.
MUNICÍPIOS
*Lei nº169/99 e 75/2013
*Os municípios são compostos por uma assembleia municipal, pela câmara municipal e pelo
presidente da câmara
Princípio da generalidade: significa que devem ser atribuídas as autarquias locais todas as
atribuições que correspondam aos interesses públicos específicos destas coletividades
intraestaduais. Porque se entende que as tarefas administrativas levadas a cabo pelas autarquias
locais são melhor levadas a cabo a um nível infra-estadual.
Autonomia financeira das autarquias locais (artigo 238º da CRP e Lei 73/2013): expressa-se
na existência de receitas próprias que resultam de impostos privativos das autarquias locais, taxas
da urbanização e da edificação. A autonomia financeira traduz-se, também, na existência de um
orçamento próprio. Todavia não é completa porque as autarquias locais recebem fundos estaduais
do orçamento geral do Estado e de fundos comunitários.
Problema da tutela administrativa estadual (Lei 27/96): no artigo 242º da CRP fala-se no nº1
de tutela de mera legalidade, regime restritivo da intervenção tutelar e por consequência retirando
uma grande margem de manobra ao legislador. Quando falamos em tutela de mera legalidade sob
a administração local estamos a falar no âmbito das atribuições exclusivas das autarquias locais. A
tutela do mérito, na visão do professor, não esta totalmente afastada, pode ser utilizada
excecionalmente e fora do âmbito das atribuições exclusivas das autarquias locais e, quando
utilizada, seria sempre uma tutela fraca e nunca seria uma tutela que incidisse sobre a liberdade de
tomar decisões, por exemplo, na tutela sobre uma autarquia local a tutela estadual nunca podia
intervir sobre as decisões do PDN do Porto. Em suma, quanto ao fim só pode haver tutela de
mera legalidade. Quanto aos meios poderia ser constitucionalmente admissível a tutela integrativa
desde que se cumprissem 3 requisitos: a titela integrativa estivesse expressamente prevista na lei,
fosse necessária e adequada à pressuporão dos interesses públicos em causa, fosse proporcional à
compressão dos poderes locais. Na lei 27/96 constatamos que é mais que uma lei sobre a tutela
do Estado sobre as autarquias locais (porque se olharmos para o artigo 15º há uma previsão de
meios jurisdicionais e processual) e ao mesmo tempo menos (porque apenas fala da tutela
inspetiva). Esta lei exclui medidas de tutela administrativa sancionatória. Definem-se os
fundamentos da perda de mandato e da dissolução dos órgãos.
INSTITUTOS PÚBLICOS
*Lei nº3/2004
*Os institutos públicos são pessoas coletivas de direito público, de tipo institucional, criadas para
assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de caráter geral não empresarial,
pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva pública.
*São institutos públicos do Estado ou da administração autónoma dos Açores e da Madeira. O
substrato pode ser constituído por um fundo, um estabelecimento público, por um
estabelecimento comercial ou industrial (institutos públicos de natureza empresarial que existiram,
tinham como vantagem o facto de se regerem pelo direito privado). Entretanto, procedeu-se a uma
Tem o dever de colaborar com o estado, mas este dever só pode acontecer se não colocar em
causa a sua independência e a sua autonomia.
jurídicas privadas, na opinião do professor não deixam de estar sujeitas a certas vinculações
jurídico-publicas, nomeadamente, em matéria de proteção de direitos fundamentais.
*Não podem constituir a forma geral comum de organização administrativa porque na perspetiva
do professor à administração pública correspondera por natureza a existência coletiva de pessoas
de direito público. Não parece constitucionalmente legitimo que o legislador crie entidades
administrativas de natureza de direito privado para aqueles setores cujas funções deveriam ser
desempenhadas por pessoas coletivas de direito público.
TIPOS DE ÓRGÃOS
*Órgãos singulares: têm apenas um titular (EX: presidente da câmara). Artigo 21º e seguintes do
CPA.
Órgãos colegiais: compostos por 3 ou mais titulares. Artigo 21º/4, de acordo com esta disposição
só o presidente do órgão pode reagir judicialmente contra deliberações tomadas pelo órgão quando
as considera ilegais. Tem um presidente e um secretario. Reuniões ordinárias (artigo 23º) reuniões
extraordinárias (artigo 24º). Quórum de funcionamento (artigo 29º) quórum deliberativo (por
maioria absoluta, por maioria qualificada, maioria relativa). As formas de votação estão previstas
no artigo 31º. Ata da reunião prevista no artigo 34º.
*Órgãos centrais: têm competência sobre todo o território nacional;
Órgãos locais: a sua competência é limitada a uma circunscrição administrativa, ou seja, apenas a
uma parcela do território nacional;
*Órgãos primários: são aqueles que dispõem de uma competência própria para decidir as matérias
que lhe estão confiadas;
Órgãos secundários: são aqueles que possuem competência delegada;
Órgãos vicários: são aqueles que só podem exercer a competência por substituição de outro órgão;
*Órgãos representativos: aqueles cujos titulares são livremente designados por eleição
Órgãos não representativos:
*Órgãos ativos: são aqueles a quem compete tomar decisões ou executá-las;
Órgãos consultivos: aquela cuja função é esclarecer os órgãos ativos antes de estes tomarem uma
decisão, nomeadamente através da emissão de pareceres;
Órgãos de controlo: têm por missão fiscalizar a regularidade do funcionamento de outros órgãos.
pelas atribuições da pessoa coletiva em cujo nome atua. Neste sentido, atribuições e competências
limitam-se reciprocamente uma às outras: nenhum órgão pode prosseguir atribuições da pessoa
coletiva a que pertence por meio de competências que não sejam as suas, nem tão pouco pode
exercer a sua competência fora das atribuições da pessoa coletiva em que se integra. Quando os
atos administrativos praticados por um órgão são estranhos às atribuições das pessoas coletivas
públicas em que se integram a consequência jurídica é a mais grave, traduz-se numa nulidade (artigo
161º do CPA).
*Quanto à competência (artigo 36º e seguintes do CPA): aplica-se o princípio da legalidade da
competência (a competência é definida pela lei); a competência não se presume, tal significa que
só há competência quando a lei inequivocamente a confere a um dado órgão; a competência é
irrenunciável e inalienável: os órgãos administrativos não podem praticar atos pelos quais
renunciem aos seus poderes ou os transmitam para outros órgãos da Administração ou para
entidades privadas.
*A distribuição de competências pelos vários órgãos de uma pessoa coletiva pública pode ser feita
em função de 2 critérios: em razão da matéria: quando a lei diz, por exemplo, que à Assembleia
Municipal incumbe fazer regulamentos e ao Presidente da Câmara celebrar contratos; em razão do
território: a repartição de poderes entre órgãos centrais e órgãos locais, ou a distribuição de poderes
por órgãos locais em função das respetivas áreas ou circunscrições.
DELEGAÇÃO DE PODERES
*Artigos 44º e seguintes do CPA.
*Há 3 teses quando a delegação de poderes:
a) Alineação e transferência de competências;
b) Tese da autorização: o órgão delegado já seria titular de certos poderes ao abrigo da lei
habilitante só que estava dependente de uma permissão do delegante para exercitar uma
competência de que já era titular.
c) Tese da transferência de exercício das competências: o ato de delegação cria apenas na
esfera do órgão delegado uma qualidade e uma qualificação que lhe permite exercer em
nome próprio uma competência alheia, competência que é do órgão delegante, de modo
que não configura qualquer irrenunciabilidade da competência.
*A lei fixa requisitos para existir uma delegação de poderes, previstos no artigo 44º e 47º, a
existência de lei habilitante, a existência de um ato de delegação de poderes, mencionar a norma
atributiva do poder delegado e aquela que habilita o órgão a delegar, como requisito de eficácia é
exigida a sua publicação nos termos do artigo 47º/2.
*No artigo 46º encontra-se a previsão de subdelegação de poderes, neste caso não é necessário
existir uma lei habilitante, é necessário que o delegante autorize o delegado a subdelegar desde que
a lei não proíba e desde que não tenham estabelecido entre eles nada em contrário.
*O artigo 48º menciona a menção da qualidade de delegado ou subdelegado, tal significa que na
prática dos atos o delegado precisa de indicar que está a realizar aquele ato ao abrigo da delegação
de poderes, no entanto, a não menção não afeta a validade do ato.
*Os poderes de delegante encontram-se previsto no artigo 49º.
*O artigo 50º prevê a extinção da delegação ou subdelegação.
Poderes de administração
*Autotutela declarativa: administração sem necessidade de recorrer previamente ao tribunal decide
as ...
*Autotutela executiva: privilégio da execução prévia, possibilidade de executar as decisões sem
necessidade de uma autorização judicial prévia e, se necessário, executar essas decisões de forma
coerciv
*Poder regulamentar: elaborar normas e regulamentos administrativos, através destes
regulamentos pode definir de forma geral e abstrata as relações entre os particulares e a
Administração.
*Poder sancionatório: a administração através de decisões unilaterais pode aplicar sanções
administrativas.
*Poder de se apropriar de bens dos particulares de forma definitiva ou de forma temporária: os
bens imóveis e os direitos a eles inerentes podem ser expropriados por causa de utilidade pública
compreendida nas atribuições, fins ou objeto da entidade expropriante, mediante o pagamento
contemporâneo de uma justa indemnização. A expropriação deve limitar-se ao necessário para a
realização do seu fim.
Limites da administração
*Respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos nos termos artigo 266º da CRP e artigo
4º do CPA. Muitos dos direitos consagrado na CRP são direitos dos particulares face à
Administração. Não é legitimo que a administração prossiga de forma aleatória, desregulada,
intuitiva o interesse público sem ter o conta o respeito pelos direitos e interesses legalmente
protegidos dos particulares.
*Principio da legalidade em sentido amplo, abrange as fontes internas e as normas do direito da
união. A administração está duplamente vinculada pela lei, num primeiro sentido porque a
administração tem que fazer o que a lei ordena, num segundo sentido porque a administração só
pode fazer o que a lei permite. Mesmo quando a administração atua no âmbito do seu poder
discricionária, é a lei que determina as suas competências através do principio da precedência da
lei.
*Requisitos procedimentais: direito ao procedimento administrativo neste sentido, o palco natural
de qualquer forma de atividade administrativo é o procedimento administrativo, não há nenhum
ato que não seja o culminar de um processo administrativo. Direito à participação no
procedimento (artigo 267º/2 da CRP e 11º e 12º do CPA). Direito de acesso à informação.
*A administração tem que prestar contas a entidades externas, há um controlo externa da sua
atividade, desde logo pelos tribunais administrativos, pelo provedor de justiça, pelas finanças
públicas.
A administração e os particulares
*O que caracteriza hoje o direito administrativo já não é a centralidade do ato, mas sim a relação
jurídico-administrativa. Este conceito altera o paradigma fundamental do direito administrativo,
passamos para um direito administrativo mais democrático, em que o particular é visto como uma
parte com direitos e deveres, a administração não olha para ele como um súbdito. Este conceito
veio descentrar a importância das manifestações das atividades administrativas.
A relação jurídica assume a forma jurídica de forma procedimental, é a lei do procedimento que
regula todos os passos em que a administração e os interessados são chamados a praticar atos. O
Como já vimos não é legitimo que a administração prossiga de forma aleatória, desregulada,
intuitiva o interesse público sem ter em conta o respeito pelos direitos e interesses legalmente
protegidos dos particulares. Como tal, importa saber o que são esses interesses e direitos
legalmente protegidos.
Estamos perante um direito subjetivo quando a norma jurídica protege direta e intencionalmente
os interesses do particular/cidadão. Quando há um direito subjetivo esta posição jurídica é objeto
de uma tutela autónoma, direta e especifica. A tutela desse bem jurídico do particular é considerada
pelo legislador mais digna de tutela e proteção jurídica que propriamente a posição jurídica da
administração. Nos direitos sujeitos negativos (direito à vida) há uma exigência de abstenção da
administração, já nos direitos subjetivos positivos exigem por parte da administração uma atuação
(direito ao vencimento). Tem um reflexo ao nível da tutela jurisdicional, desde logo, a tutela
jurisidonal tem que ser plena e efetiva, é preciso recompor a esfera jurídica que tenha sido ofendida
pela atuação da administração e eliminar a ilegalidade. O que caracteriza em grande medida o
direito subjetivo é que ele normalmente esta inserido no âmbito de uma atividade administrativa
vinculada, por exemplo, uma pessoa que faz 66 anos de idade e tenha 40 anos de trabalho te direito
a uma reforma a administração não se pode recusar a dar.
Interesses legalmente protegidos: equiparados a designação clássica interesses legítimos. São a
segunda manifestação das posições jurídicas substantivas favoráveis dos particulares. Tal como o
Nas relações especiais de direito administrativo: nestas relações os direitos dos particulares podem
sofrer alguma limitação. São relações que se estabelecem entre a administração e determinadas
categorias de sujeitos e de particulares, estabelecendo com eles uma relação mais intensa. Fundam-
se num tipo jurídico especifico nos termos do qual os particulares ficam situados no âmbito de
uma determinada esfera de atuação administrativa, no âmbito da qual pode haver limitações dos
respetivos direitos. EX: relações dos funcionários públicos com a administração, quando visitamos
um museu ou uma biblioteca pública.
No âmbito das relações especiais há que distinguir 2 categorias:
-relações orgânicas ou de funcionamento, conjunto de disposições que são relativas à organização
e funcionamento de serviços, a distribuição de tarefas entre os funcionários, aqui o funcionário é
objeto direto dessa norma sendo visto como apenas um destinatário das normas, há uma menor
juridicidade e uma compressão maior dos direitos do funcionário, o professor defende que mesmo
no âmbito das relações especiais das relações orgânicas não há hoje atos puramente internos que
seriam de mais difícil impugnação pois se são internos não são lesivos e como tal não podem ser
impugnados judicialmente, o professor diz que não se compreende que existem atos jurídicos que
não possam ser diretamente impugnados pelos particulares que consideram esses atos ilegais.
-Relações fundamentais, o funcionário da administração pública é visto como uma pessoa titular
de direitos fundamentais, qualquer diploma que viesse diminuir os seus direitos como pessoa este
regulamento seria um regulamento especial externo e ele podia impugná-lo.
Pode haver relações especiais entre as diversas entidades públicas.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
*Artigo 3º do CPA e 266º da CRP
* O nascimento do direito administrativo pressupõe a sujeição do poder público ao Direito, por
contraposição à imunidade jurídica própria do Estado absoluto e pré-constitucional. Esta ideia
elementar designa-se habitualmente por princípio da legalidade da Administração. Este princípio
veio permitir a tipicidade do poder administrativo num duplo sentido: nas formas da sua atribuição,
através da norma que atribui um poder administrativo a um órgão para a prossecução das
atribuições da pessoa coletiva onde está inserido; seja quanto ao seu modo de exercício, uma vez
que o ato administrativo e agora também os procedimentos administrativos não podem ser
livremente configurados pela administração.
* O espaço e o tempo do direito administrativo são heteronomamente determinados pela lei.
Atualmente, quando se refere a subordinação da Administração à lei, isto quer dizer que a
Administração está sujeita a um bloco normativo composto por normas da União Europeia,
normas constitucionais, direito internacional, leis ordinárias e regulamentos. Como tal, a doutrina
tenha substituído a expressão princípio da legalidade pela expressão princípio da juridicidade.
*A Constituição deixou de estar sob reserva de lei como acontecia antes. Atualmente, a lei deixou
de ser o único parâmetro normativo regulador-ordenador da Administração. Hoje o principal
parâmetro normativo da Administração é constituído pelas normas comunitárias.
*No início da era constitucional, o princípio da legalidade, através da tipicidade do poder
administrativo, foi o grande auxiliador do nascimento do direito administrativo ao subordinar a
organização e, sobretudo, a atividade administrativa a regras jurídicas, mais exatamente à lei que
nessa altura correspondia às normas emanadas pelo Parlamento. Como a Administração passou a
obedecer à lei, o princípio da legalidade manifestava-se em dois subprincípios: o principio da
reserva de lei e o princípio do primado da lei. Daqui resulta uma conceção da Administração
enquanto mera executora da lei.
*Uma redução da Administração a tarefas executivas comportava, ainda que o âmbito do princípio
da reserva de lei fosse limitado, a necessidade da lei conter um conjunto crescente de tarefas e
funções dirigidas à Administração difícil de prever pelo comando legislativo.
Os fatores de mudança do princípio da legalidade começaram, desde log, pelo motivo supra
exposto, mas também pela necessidade de configurar e disciplinar em termos novos o poder
discricionário que se constituía até aí numa espécie de poder originário que a Administração exercia
livremente fora do campo de reserva da lei e sempre que não estivesses limitado por qualquer lei.
diz que não tem sentido a administração aplicar normas que sabe que são ilegais ou
inconstitucionais e que vão ferir a moldura legal da prática do ato administrativo, ou seja, o ato
praticado à luz dessa moldura legal é um ato ilícito que vai ser anulado pelos tribunais
administrativos.
A jurisprudência do TJUE vai no sentido da desaplicação das normas que estejam em colisão com
o direito comunitário. A nível de jurisprudência do tribunal constitucional há uma preponderância
da tese maioritária. Na opinião do professor os nossos tribunais não podem continuar a ser
indiferentes à jurisprudência do TJUE, o primeiro passo é em casos limite quando a ilegalidade
seja manifesta a administração devia poder legitimamente desaplicar a norma.
*PL e o Estado de necessidade: o estado de necessidade é uma figura que comporto alguma
compressão ao principio da legalidade. É uma exceção implícita ao princípio da legalidade, o estado
de necessidade em certos termos pode tronar licitas ou válidas decisões que normalmente seriam
ilícitas ou invalidas. Normalmente há dois princípios que presidem à atuação da administração:
procedimetalização e da decisão prévia. O que pode acontecer no estado de necessidade é a
administração aplicar um regime provisório à margem da lei em que não siga um dos princípios
que presidem à sua atuação (3º/2 do CPA e 177º/1 e 2 do CPA).
As circunstâncias particulares do estado de necessidade podem tornar legitimas decisões que não
o seriam, desde que: se as medidas adotadas eram exigíveis ou necessárias criadas pelo estado de
necessidade; se essas medidas eram adequadas a essa situação; que as medidas sejam proporcionais.
*Princípio da presunção da legalidade: a doutrina clássica associava este princípio por um lado ao
regime jurídicos dos atos anuláveis; e por outro lado, a ação proposta contra um ato anulável é
feita por um pedido principal que em regra, no nosso procedimento administrativo, não suspende
a eficácia do ato (artigo 50º/2 do CPTA). Isto acontece porque seria excessivo que bastasse a
invocação por parte de um particular de uma legalidade para paralisar toda a atividade
administrativa. Também, porque o ónus da prova compete exclusivamente aos particulares, no
entanto, o professor não concorda, acha que a administração tem sempre o dever de fundamentar
a sua atuação, devendo existir uma repartição do ónus da prova entre o particular e a administração.
PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE
*Artigo 266º/2 da CRP e 9º da CPA
*Impõem que a administração pública trate isentamente os particulares, não os favorecendo ou
desfavorecendo por razões que se prenda, com a posição dos titulares dos órgãos ou dos agentes
que têm de decidir ou de atuar.
*Tem mais eco nas garantias de imparcialidade previstas nos artigos 69º e seguintes do CPA.
As garantias de imparcialidade são os casos de impedimento e casos de escusa e suspeição.
*O impedimento (artigo 69º e seguintes) refere-se a casos respeitando a interesses mais evidentes
de decisor administrativo, do seu cônjuge, parente ou afim em linha reta ou até em 2º grau da linha
colateral, bem como de qualquer pessoa com quem viva em economia comum. A causa de
impedimento deve ser comunicada pelo titular de órgão ou agente administrativo, sob pena de
responsabilidade disciplinar, e pode ser arguida por qualquer interessado até à decisão definitiva
ou prática do ato por aquele.
Uma vez comunicada ou conhecida a arguição de causa de impedimento e até a sua apreciação
pelo superior hierárquico, deve o titular do órgão ou agente suspender a sua atividade, salvo ordem
em contrário do superior hierárquico ou inadiabilidade de medidas em situação de urgência ou de
perigo, medidas essas que deverão ser depois ratificadas por quem substituir o impedido.
Declarado o impedimento o órgão é de imediato substituído.
A consequência jurídica de uma decisão tomada em situação de impedimento é a anulabilidade nos
termos do artigo 76º.
*No caso da escusa e da suspeição (artigo 73º e seguintes), não basta a constatação de uma situação
de facto, é necessário uma avaliação e ponderação de cada caso em especifico.
A escusa e suspeição são incidentes que colocam em dúvida a imparcialidade, mas na escusa o
incidente é da iniciativo do órgão na suspeição é do lesado.
No elenco exemplificativo de casos de escusa e de suspeição o legislado usa termos muito
ambíguos.
PRINCÍPIO DA BOA FÉ
*Artigo 10º do CPA.
*Em sentido objetivo, pressupõe uma conduta leal, transparente, ética das partes da relação
jurídico-administrativa.
*O legislador inclui no princípio da boa fé dois subprincípios: principio da primazia material
subjacente e proteção da confiança legitima. O primeiro significa que o direito não se divorcia de
atingir resultados efetivos e materiais, não se basta com comportamentos ou condutas que levaram
a atingir determinado resultado.
O segundo significa uma proteção do particular contra contas e comportamentos decisões da
administração injustificadamente imprevisível. No entender do professor este deveria ser um
princípio autónomo. Os pressupostos subjacentes a este subprincípio: que haja a atuação de um
sujeito jurídico que crie uma situação de confiança no particular; que se trate de uma confiança
legitima e justificada; que haja um investimento de confiança, ou seja, com base na confiança
legítima o beneficiário do ato pode adotar condutas; que haja um nexo de causalidade entre por
um aldo a atuação da administração e a situação de confiança do particular e por outro lado entre
PRINCÍPIO DA IGUALDADE
*Artigo 13º da CRP e artigo 6º do CPA
*O órgão tem que verificar da semelhança ou dissemelhança,
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
*Artigo 8º, onde aparece associado ao artigo da justiça.
*O vinculo jurídico é a garantia dos direitos subjetivos e interesses legalmente protegidos.
*É um princípio mais vago, o raio de ação não se restringe à atividade administrativa discricionária.
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
*Artigo 7º do CPA
*A AP deve adotar os comportamentos adequados aos fins prosseguidos. As decisões da
administração que colidam com direitos subjetivos ou interesses legalmente protegidos dos
particulares só podem afetar essas posições na medida do necessário e em termos proporcionais
aos objetivos a realizar.
*Constitui um limite interno da discricionariedade administrativa.
PRICÍPIO DA JUSTIÇA
A discricionariedade administrativa
*A discricionariedade significa que a lei não determina integralmente a conduta a adotar pela
administração, a lei concede à administração uma maior ou menor liberdade de escolher a melhor
solução para o caso concreto.
*Quando falamos em poder discricionário, falamos na liberdade que a lei dá à Administração de
escolher, entre uma entre várias soluções possíveis e legítimas. Apesar de haver esta hipótese, a
administração deve escolher a melhor solução para o caso concreto à luz do interesse público e à
luz da tutela dos interesses legalmente protegidos dos particulares.
*É impossível ao legislador prever todas as situações da vida, e parece também difícil prever
soluções para todas delas. É como se o legislador confiasse que a Administração está mais
habilitada a dar as respostas jurídicas, pois está mais próxima dos problemas e conhece-os melhor,
conseguindo, assim, encontrar soluções mais equitativas, atendendo às particularidades do caso
concreto.
*Com o subprincípio da precedência da lei, o poder discricionário é hoje uma concessão legislativa,
no sentido em que a Administração só dispõe dessa margem de decisão quando e na medida em
que a lei a concede. O poder discricionário é, hoje, um poder jurídico (e não arbitrário ou
caprichoso). Tem até aspetos vinculados – o fim e a competência, a que acrescem os princípios
fundamentais da atividade administrativa.
Quando o legislador pretende conferir essa margem de
liberdade, esta deve resultar de uma opção clara do legislador, mas isso nem sempre acontece. As
técnicas legislativas diferem, e há a problemática dos conceitos jurídicos indeterminados.
O
problema da discricionariedade não é a margem de liberdade conferida, mas o défice de controlo
jurisdicional da atividade discricionária. Se a Administração tiver agentes bem formados é até
melhor do que aplicar normas gerais e abstratas para os casos, para daí resultarem melhores
soluções e mais justas.
Vinculação VS Discricionariedade
*São duas formas típicas pelas quais a lei modela a atividade da Administração Pública.
*Na competência administrativa vinculada a verificação da hipótese legal desencadeia, ao invés da
competência discricionária, necessariamente uma certa solução administrativa, a prevista na
estatuição legal. Nesta situação, a administração não tem o poder de escolha de soluções, tomando
a solução prevista pelo legislador.
Modalidades de discricionariedade
*Temporal: quando vai ser praticado o ato;
Controlo jurisdicional
*O juiz não tem dificuldade sindicar os aspetos vinculados.
*Controlo jurisdicional de inteira legalidade, artigo 161º/b CPA.
*Quanto aos princípios fundamentais da atividade administrativa, estamos numa situação de
fronteira entre a legalidade e o mérito. Este controlo é simultaneamente mais restrito e mais amplo.
*Artigo 3º/1 CPTA: os tribunais não podem julgar o mérito da atuação da Administração, mas
apenas a sua legalidade; os tribunais não podem substituir a Administração na tomada de uma
decisão, por uma questão de mérito – isto seria uma violação da separação de poderes.
*O juiz fará, então, no caso dos princípios, um controlo da legalidade mais intenso do que o
controlo da legalidade de uma norma formal. Juiz pode invalidar a atuação da Administração pela
violação de normas, mas também pela violação de princípios – ato anulável.
*Outras questões em que o juiz pode “ir mais além”: erro de facto; erro manifesto de
apreciação.
O juiz não pode julgar com base em factos inexistentes ou falseados (ex.: ato que tem
pressupostos fácticos errados).
Esta técnica tem como limite a evidência do erro – o erro tem de
ser evidente. Isto limita o alcance, o âmbito e a profundidade do controlo jurisdicional. Por causa
deste limite, este é hoje um passo tímido no controlo jurisdicional dos atos discricionários,
podendo haver erros que, por não serem manifestos, gozam de imunidade.
*O professor destaca a importância de distinguir três operações intelectuais:
a) Constatação do facto – existe ou não existe;
b) Apreciação do facto – consequências práticas que resultam dessa constatação dos factos;
c) Qualificação jurídica – retirar as consequências jurídicas do facto. Enquadrar a situação
factual numa categoria jurídica e daí retirar o regime jurídico aplicável. Aqui falamos de
consequências não práticas, mas jurídicas, sobre as quais o juiz pode manifestar-se. Na
apreciação das consequências fácticas da situação, o juiz já não pode intervir.
Problema
da jurisprudência atual: confundir-se apreciação fáctica com qualificação jurídica do facto
e consequência jurídica (aqui o tribunal pode intervir). A qualificação jurídica é um
momento inteiramente vinculado – prende-se com interpretar e aplicar a lei e, aqui, quem
tem a última palavra é o juiz.
A apreciação jurisdicional é mais reduzida (o juiz tende a
acantonar-se nos aspetos vinculativos da atividade administrativa) e mais ampla
(importância dos princípios como parâmetros normativos autónomos do juiz). O controlo
jurisdicional é mais restrito (por causa da dicotomia e fronteira entre legalidade e mérito) e
é mais amplo (porque engloba princípios e considerações que, normalmente, não entram
em âmbitos vinculados, a não ser para a interpretação).
O exercício do poder
discricionário é um poder jurídico. Noção próxima/complementar mas distinta da noção
de mérito (melhor solução para o caso concreto). O mérito é um resultado do exercício do
poder discricionário. Não tem sentido que o resultado do exercício do poder discricionário
não seja também suscetível de apreciação jurisdicional. O resultado do exercício deste
poder devia ser, nem que apenas indiretamente, sindicável.