Você está na página 1de 49

lOMoARcPSD|6281504

1º semestre - Resumo Teoria Geral do Direito Civil

Teoria Geral do Direito Civil (Universidade do Porto)

A StuDocu não é patrocinada ou endossada por alguma faculdade ou universidade


Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)
lOMoARcPSD|6281504

Apontamentos
de Direito
Administrativo

Cátia Rocha 2ºano Faculdade de Direito


da Universidade do
Porto

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Relevância e ubiquidade do Direito Administrativo


*Uma boa parte das condições materiais e civilizacionais de uma sociedade moderna não são
indiferentes à atuação da administração. Grande parte das atividades desenvolvidas entre
particulares carecem de autorização da administração. A vida de uma empresa ou de uma pessoa
esta substancialmente condicionada pela qualidade da atividade administrativa desenvolvida pelas
pessoas que trabalham na administração.
*Fala-se na sua ubiquidade porque de facto ele esta presente em todas as esferas na nossa vida,
rodeia-nos de todas as formas.
*Quando se fala em administração pública fala-se num conjunto de necessidades coletivas cuja
satisfação é assumida como tarefa fundamental pela coletividade, através de serviços por esta
organizada e mantida. A satisfação dessas necessidades exige avultados meios humanos e
materiais.
*Onde quer que exista e se manifeste com intensidade suficiente uma necessidade coletiva, aí
surgirá um serviço público, destinado a satisfazê-la, em nome e no interesse da coletividade.
*Nem todos os serviços têm a mesma origem: uns são criados e geridos pelo Estado, outros são
entregues a organismos autónomos que se autossustentam financeiramente.
*Quando as necessidades coletivas entram na esfera administrativa e dão origem ao conjunto, vasto
e complexo, de atividade e organismo a que se costuma chamar administração pública.

Noções operativas de Direito Administrativo e


administração pública
Direito Administrativo
*É o conjunto de normas e princípios de direito público que se aplicam à atividade administrativa
independentemente de se tratar de uma pessoa coletiva pública ou de uma pessoa coletiva privada.
*Esta atividade materialmente administrativa é caraterizada por 2 traços: por um lado, pelo
ordenamento jurídico que concede poderes de autoridade para que a administração consiga
satisfazer os interesses públicos, a administração beneficia daquilo que os franceses chamaram de
poderes exorbitantes de direito privado; por outro, a administração esta sujeita a restrições, a
limitações especiais a que os particulares não estão sujeitos.
*Um aspeto que enfraquece esta definição é o facto de a administração atuar crescentemente
através do Direito Privado. Outra critica é o facto de o direito administrativo não regular toda a
administração e não regular apenas a administração e a sua atividade, por exemplo, disciplinam
também atuações materialmente administrativas praticadas por órgãos públicos que não integram
a administração, como é o caso da Assembleia da República.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Administração Pública
*É um conceito polissémico, pode ser empregue com um de dois significados, referindo-se à
atividade ou em sentido orgânico-subjetivo.
Em sentido orgânico-subjetivo inclui as pessoas coletivas públicas. Importa distinguir entre
pessoas coletivas públicas primárias e pessoas coletivas de fins específicos. As primeiras são
inquestionavelmente públicas, a sua existência é obrigatória. Já as segundas são, em regra,
constituídas pelas pessoas coletivas públicas primárias.
*No entanto, também integram a administração pública pessoas coletivas privadas. As pessoas
coletivas privadas em relação às quais a entidade pública instituidora exerça influência pública
dominante, a pessoa coletiva pública que institui a pessoa coletiva privada tem poderes efetivos
sobre está última. Podem ser, também, entidades privadas, às quais foi delegado o exercício de
tarefas públicas.
*Um dos traços fundamentais da AP é o facto de estar vinculada jurídico constitucionalmente à
realização de interesses públicos. Os interesses públicos são um conceito jurídico e cabe ao
legislador, de acordo com os critérios constitucionalmente fixados nos artigos 9º e 81º da CRP,
definir as necessidades coletivas suscetíveis de se qualificarem como fins de interesse público.

Fundamentos históricos do Direito Administrativo

Principio da legalidade
*O direito administrativo teve como epicentro a revolução francesa de 1789 que veio consagrar na
europa continental o estado de direito e a separação de poderes. O direito administrativo assumiu
a forma histórica de Estado de Direito. Este direito não é concebível sem que o Estado seja visto
como pessoa coletiva.
*Em suma, o primeiro fundamento histórico é a subordinação do Estado à lei, segundo o principio
da legalidade, isto implica a primazia a reserva de lei, bem como, o principio da precedência da lei.
A administração passa a estar vinculada ao principio da legalidade, este tipifica o exercício do poder
da administração, se os atos forem praticados de forma contrária à lei esses atos gozam de vicio.

Especialidade do Direito Administrativo


*Subordinação da administração a um ordenamento especial pois o direito administrativo tem
características jurídicas próprias.
*Este segundo principio comporta a construção de novos institutos jurídicos públicos de natureza
administrativa. Foram criadas figuras que se inspiraram no direito civil, nomeadamente, o ato

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

administrativo, o contrato administrativo foi inspirado no contrato de direito privado com os


poderes exorbitantes pois pode por termo a um contrato administrativo unilateralmente desde que
indemnize por razões de interesse público enquanto que os particulares não podem.

Existência de uma jurisdição própria- a jurisdição administrativa


*No início da era constitucional imperou uma leitura radical do principio da separação de poderes:
se a administração não intervém no poder judicial este não pode intervir na administração, tal
tornou a administração imune ao controlo judicial.
Esta realidade acabou por sofrer alterações e foram criados os tribunais administrativos a par dos
tribunais judiciais.
*No entanto, a criação de uma ordem judicial própria não é elemento definidor do direito
administrativo, por exemplo, o reino unido não tem tribunal administrativo, mas tem direito
administrativo.

Transformações da administração e do seu direito

*O direito administrativo surge quando Estado assume a forma histórica de um ordenamento


jurídico de fins gerais.
*Em todos os Estado de direito administrativo é possível distinguir 3 fases na evolução deste
direito: Estado polícia (oitocentista); Estado administracional; Estado regulador.
*Numa primeira fase o direito administrativo, caracteriza-se pelas primeiras tentativas de jurisdição
do poder administrativo. A primeira pedra angular da construção do direito administrativo foi a
conceção do Estado como pessoa jurídica e centro de imputação maior de outras formas de
organização administrativa. A formalização da relação jurídico-administrativa, como uma relação
jurídica desigual, com predomínio da Administração Pública. O direito administrativo funcionava
então como direito de garantia da administração. A forma de atuação principal da administração
era o ato administrativo.
*Numa segunda fase, ocorre um alargamento das tarefas da administração e dá-se um reforço e
alargamento dos direitos e tutela jurisdicional dos particulares. O direito administrativo passou a
ser um direito de garantia dos particulares face à Administração, foram postos limites face aos
poderes que tinha. O particular pode agir quando é atingido de forma ilegal na sua esfera legal. É
um direito administrativo que goza de uma administração prestacional (educação, saúde,
transportes, etc.), a administração pública chama a si um conjunto de tarefas que não existiam no
início do século XIX. A administração nesta fase é muito mais complexa e ampla, com um
acréscimo dos serviços administrativos, novas categorias jurídicas (empresa pública, por exemplo).

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Dá-se a emergência de uma nova administração prestacional dotada de uma estrutura


procedimental, com refrações ao nível da atividade administrativa e das suas principais
manifestações.
*A fase contemporânea do direito administrativo é uma fase contraditória, marcada pela
descontinuidade, uma vez que, por um lado, temos o reforço da jurisdição do poder administrativo
e da tutela judicial e, por outro, deteta-se um fenómeno de desarticulação da administração e do
seu direito, marcado inexoravelmente pela preferência da utilização de instrumentos jurídicos de
direito privado. Há uma emergência que a doutrina chama de direito administrativo europeu, na
realidade, as fontes do direito administrativo são hoje especialmente conformadas pelas normas
administrativas comunitárias, tanto primárias como secundárias.

Características fundamentais do DA atual

*Procedimetalização da atividade administrativa, com o aparecimento do de um código de


procedimento administrativo. A Administração deixou de poder, livremente, tomar as suas
decisões, estando a sua atuação previamente definida no código. Não há ato, regulamento ou
contrato sem que seja precedido de um procedimento administrativo, o ato é o final do
procedimento administrativo (ex.: a audiência prévia tem que ser realizada antes da decisão);
*Há um claro desincentivo administrativo por parte do Estado que tem cedido para o setor certas
funções que até há pouco realizava;
*É um Direito de garantia dos direitos administrativos, públicos, dos particulares face à
Administração. Há um Direito Processual Administrativo, uma justiça administrativa, que
garantem ao particular a existência de uma via judicial adequada para apurar as condições
favoráveis;
*Existência de uma dimensão europeia e até internacional do DA: atualmente grandes partes das
fontes de DA e do procedimento administrativo têm uma origem direta ou indireta no direito da
união europeia;
*Fenómeno de deslegalização e rarefação jurídica de aspetos importantes do direito
administrativo substantivo; estes passaram a ser disciplinados pelo direito da união europeia;
*Economização do DA: o direito da união europeia é em grande medida um direito económico
administrativo;
Face a estas características, o direito administrativo é o conjunto de normas e princípios jurídicos
de direito público que regulam a atividade de qualquer entidade independemente da sua natureza
jurídica desde que se proponham a seguir interesses públicos ou que atuem sob o controlo de
uma pessoa coletiva de direito público.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Funções administrativas entre as funções do Estado

Função politica VS Função administrativa


*A atividade politica é uma atividade primaria que se desenvolve em aplicação direta da
constituição que fixa as suas competências e funções. Compete a função politica definir os
interesses fundamentais das comunidades politicas.
*A administração tem por base a lei. Quem qualifica os interesses públicos é a função politica. A
administração não tem discricionariedade quanto aos fins e quanto aos interesses. A competência
é resultante do principio da legalidade. Há quem entenda que as entidades administrativas
independentes têm função politicas, mas não possuem poder para definir os interesses gerais de
uma comunidade.

Função legislativa VS Função administrativa


*No início não havia grande distinção entre estas duas funções. Partia-se do princípio que a função
legislativa regulava as funções gerais e abstratas, a função administrativa as específicas e concretas.
No entanto, houve uma alteração do conceito material do ato legislativo e o conceito material de
lei, o que tornou a distinção mais difícil. O que permite distinguir é, fundamentalmente, a ideia de
novidade que assiste à função administrativa, permitindo diferenciar uma lei-medida de um ato
administrativo, o que é uma lei do que não pode ser objeto de matéria regulamentar.
*Por exemplo, quando se atribui uma pensão por invalidez levanta-se a questão de saber se é uma
questão administrativa ou legislativa.
*Há casos em que se torna difícil estabelecer uma distinção entre atos administrativos e a atos
legislativos (artigo 112º/1 da CRP), por exemplo, a criação, modificação e extinção de autarquias
locais (164º/n da CRP), é uma matéria sobre a qual só pode ser exercida função legislativa por
parte da AR não existindo qualquer margem para atuação da administração (acórdão do STA de
26/06/2014); outro exemplo, existem atos administrativos praticados sobre a forma de decretos
lei, há decretos lei que materialmente são atos administrativos, um decreto de lei que constitui uma
empresa pública, tem a forma de um decreto lei mas é um ato administrativo porque constitui uma
empresa, a consequência desta situação é que estes atos estão sujeitos a uma possibilidade de duplo
controlo, são controlados pelo TC e pelos TA.

Função jurisdicional VS Função administrativa


*Aos tribunais compete a função jurisdicional, estes são órgãos independentes e imparciais. A
função jurisdicional procura o justo.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*A atividade administrativa é altamente jurisdificada, mas cabe aos tribunais alguma criação de
direito. A função jurisdicional tem como objetivo decidir uma questão de direito em sentido amplo.
A função administrativa tem como objetivo a regulação dos interesses públicos previstos na lei.

Sistemas de Administração: administração


executiva e administração judiciária
*Ao falar em sistemas de administração estamos a falar nos modos jurídicos de organização,
funcionamento e controlo da administração, porque quer a administração quer o direito não
apresentam a mesma fisionomia em todos os ordenamentos.

Sistema de administração executiva


*É um sistema de origem francesa, com a Revolução Francesa, em 1789, foi proclamado o
principio da separação de poderes, desta forma, a administração ficou separada da justiça.
*Há uma sujeição da administração aos tribunais administrativos, o poder judicial não podia
interferir no funcionamento da Administração Pública, como tal, foram criados em 1799 os
tribunais administrativos. O regime jurídico que disciplinava a administração passou a ser um ramo
autónomo do direito.
*A administração passou a dispor de poderes de autoridade, que lhes permitam impor as suas
decisões aos particulares, e de privilégios ou imunidades pessoais, que os coloquem ao abrigo de
perseguições ou más vontades.
*O fundamental deste sistema é o privilégio da execução prévia, as decisões unilaterais da AP
tinham força executória própria, e podem por isso ser impostas pela coação aos particulares, sem
necessidades de qualquer intervenção prévia do poder judicial.

Sistema de administração judiciária


*É um sistema de origem inglesa. Em Inglaterra cedo se praticou a distinção entre a administração
local e administração central.
*A administração encontra-se submetida ao controlo jurisdicional dos tribunais comuns. Todos os
órgãos e agentes da AP estão submetidos ao direito comum, o que significa que não dispõem de
privilégios ou de prerrogativas de autoridade pública.
*A administração pública não pode executar as suas decisões por autoridade própria. Se um órgão
da administração toma uma decisão desfavorável a um particular, e se o particular não a acata
voluntariamente, esse órgão não pode por si só impor meios coativos, terá de ir a tribunal. Ou seja,
as decisões unilaterais da administração não têm força executória própria.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Sistema de administração executiva e judiciário


*Com a evolução do tempo existiu uma aproximação entre ambas, o que contribuiu muito para
isso foi o aparecimento do direito comunitário. Por um lado, houve uma crescente judicialização
do sistema de administração executiva e uma executivização do sistema de administração judicial.
A aproximação entre ambas traduz-se essencialmente nos seguintes pontos:
a) Da organização, atualmente ambos são descentralizados (esta em causa a constituição de
uma nova pessoa coletiva) e desconcentrados (o que esta em causa é a distribuição de
competências entre órgãos);
b) Garantia dos administrados: os dois sistemas proporcionam garantias aduadas e efetivas
de tutela dos direitos e interesses legalmente protegidos dos administrados;
c) Direito regulador: continua a existir uma diferença essencial que reside no facto de o DA
no sistema tipo francês se definir como um todo coerente e uniforme correspondendo-lhe
assim a sua configuração como sistema. Já na administração judiciaria o modelo de DA é
diferente e define-se como a consagração de leis avulsas que introduzem exceções ao
Direito privado;

Portugal como um ordenamento jurídico de sistema de DA executivo


*Dualidade de jurisdições, ou seja, a CRP a partir da revisão constitucional de 1989 começou por
prever a existência de TA nos artigos 209º e 212º, definindo uma reserva que não é absoluta aos
TA e TF, tal significa que todos os litígios jurídico-administrativos são julgados pelos tribunais
administrativos e fiscais. O artigo 4º do ETFA é neste sentido essencial porque no seu número 1
incluiu uma enumeração exemplificativa de todos os litígios que caem no âmbito da jurisdição
administrativa e fiscal fazendo depois os números 3 e 4 uma enumeração negativa, excluindo
determinados litígios.
*Privilégio da execução prévia: artigo 176º do CPA, esta previsto como exceção, ou seja, se um
particular se recusar a cumprir um ato administrativo a administração pública em principio não o
pode obrigar a fazê-lo tendo de recorrer previamente aos tribunais, a exceção é que isto só não
acontece se existisse uma norma especial que lhe permitisse a executar determinado ato sem
recorrer aos tribunais. Esta norma levantou uma grande questão na doutrina, na redação do 149º
do CPA de em principio executava-se sem recorrer aos tribunais, no CPA de 2015 passou a ser
configurado como uma exceção, assim, tudo dependeria das normas especiais que fossem
aprovadas, no decreto lei 4/2015 aprova em anexo o CPA o artigo 6º e 8º são os mais importantes
porque nos diz que foi dado ao legislador um prazo de 60 dias após a entrada em vigor do CPA
de 2015 o legislador aprovar as tais normas especiais. Diz-nos, também, que enquanto essas

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

normas especiais não foram aprovadas continuam a provar-se o artigo 149º do CPA de 1991, onde
o privilégio de execução esta configurado como principio e não como exceção.

Direito administrativo como base da criação da UE


*A principal razão para o DA ser uma base para a criação da UE é que o Direito Comunitário (em
grande medida DA económico) foi buscar uma categoria jurídica essencial do DA: o princípio da
legalidade. É um princípio virtuoso, porque não se pode contrariar as medidas tomadas pelos seus
órgãos, de forma lícita, o ordenamento jurídico comunitário. Mas este princípio tem conexões com
ordens jurídicas comunitárias: o primado e o efeito direto. O primado refere-se a qualquer norma
de direito comunitário primário ou derivado prevalece sobre qualquer norma interna. O efeito
direito corresponde a não necessidade de um regulamento ser transporto por uma lei, o
regulamento é por excelência o ato normativo da união europeia pois tem efeito direto.
*Grande parte do aparelho conceptual e das categorias jurídicas do Direito europeu são oriundas
do universo jurídico do DA: regulamentos, diretivas, decisões, os recursos, vícios do ato, violação
de lei, incompetência, desvio de poder, vícios formais. Todas estas são categorias jurídicas próprias
do DA.
*A partir de quando podemos começar a falar de um DA europeu? Se formos atrás da alienação
semântica, poderíamos dizer que o DA europeu surgiu logo após o início da criação das
Comunidades, nomeadamente, a CEE. Aqui havia já esta linguagem, mas não se poderia ainda
falar de DA europeu, porque faltavam alguns requisitos essenciais: um ordenamento jurídico de
fins gerais; os sujeitos e a normatividade.
*Tudo isto permitiu a afirmação do DA europeu. Se, antes, o movimento foi de baixo para cima,
agora o DA europeu reelaborou estas categorias e institutos jurídicos que recebeu dos
ordenamentos jurídicos nacionais, dando-lhes uma configuração própria. Por exemplo, os
princípios da legalidade e da proporcionalidade são muito mais materiais no DA europeu do que
no DA nacional. Porque o que interessa é a teleologia. Aplicar objetivamente o Direito não é fácil
a nível europeu, não há possibilidade de impor coativamente sanções como há no Direito nacional.
É este DA que foi recebido dos ordenamentos jurídicos nacionais que foi reconfigurando as
categorias jurídicas europeias.
Hoje a personificação de um ordenamento jurídico de fins gerais é a União Europeia.

Fontes de Direito Administrativo


*As fontes de DA são modelos jurídicos de criação e manifestação das normas administrativas.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*No início do Direito Constitucional, praticamente, só havia uma fonte de DA: a Lei do
Parlamento.
*Com a evolução jurídica, passou a verificar-se uma maior diversificação e pluralização de fontes
do DA, essa diversificação deve-se:
a) A emergência da ordem jurídica supranacional, direito comunitário, presidida por dois
grandes princípios: primado e efeito direto;
b) Importância crescente do direito internacional como fonte autónoma das ordens jurídicas
internas e em particular do direito administrativo;
c) Descentralização territorial da produção normativa (não legislativa): universidades, etc.
d) Aumento considerável da produção de regulamentos;
e) Desenvolvimento do soft law administrativo: advertências, recomendações, etc. Têm uma
forma compulsória, muitas vezes, maior que o hard law;
*Podem ordenar-se as fontes de DA de acordo com dois critérios:
a) Critério da conformação/relação com a Administração Pública:
i. Heterovinculativas: são externas à Administração, por exemplo, as normas
extranacionais, qualquer norma de Direito Internacional Administrativo;
ii. Autovinculativas: são internas à Administração, por exemplo, estatutos.
b) Critério da origem da produção normativa:
i. Fontes externas: quando o modo de criação é externo;
ii. Fontes internas: quando o se modo de criação é interno (Constituição,
direito legislativo ordinário e regulamentos administrativo);

Fontes de DA do Direito Internacional Administrativo


*Dentro do Direito Internacional, temos o Direito comum e o convencional. As convenções
podem ser tratados ou acordos em forma simplificada. Coloca-se aqui o problema da hierarquia
normativa, não da posição da norma internacional quanto à Constituição, mas sim em relação à
legislação ordinária. Se está num plano igual à Lei ou num plano inferior. O problema coloca-se
quando a norma internacional é posterior à norma nacional.
*No Direito Comunitário também se coloca o mesmo problema, mas ainda é mais fácil de resolver.
O problema aqui coloca-se não na hierarquia, porque é o Comunitário que prevalece. O problema
é saber se prevalece mesmo sobre uma norma constitucional. Se olharmos para a jurisprudência
da UE, há acórdãos que afirmam claramente a primariedade do Direito Comunitário relativamente
às normas constitucionais.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Fontes de DA no Direito Interno


*Começa-se por falar da Constituição Administrativa (artigos 266º a 272º CRP): normas e
princípios constitucionais respeitantes à Administração, seja da sua organização seja da atividade.
A Constituição Administrativa é hoje uma fonte de Direito Administrativo importante. Nas
Constituições liberais e até na de 1911, as referências à Administração eram parcas, apenas as duas
últimas (1933 e 1976) se referem à Administração de modo substancial. Houve uma densificação
das normas constituintes dirigidas à Administração. A Administração ampliou as suas tarefas. Mas
também houve um reforço das garantias dos particulares face à Administração. Muitos dos direitos
e garantias dos particulares face à Administração estão consagrados na Constituição, nos artigos
33º e 76º CRP.
Evolução constitucional:
-Revisão de 82, 89, 97: a própria evolução do DA tem sido “pilotada” pelas revisões
constitucionais. Estas revisões são analisadas com base em 3 parâmetros: crescente vinculação da
administração à CRP; maior complexidade da estrutura organizatória da administração; reforço e
garanti dos direitos e garantias dos cidadãos perante a administração.
Quanto às garantias jurisdicionais na revisão de 82 o legislador criou um novo meio processual ao
admitir que o particular propusesse uma ação mesmo quando não estivesse vinculado ao ato
administrativo. Em 89 a revolução ainda foi maior, passou a admitir-se que qualquer ato
administrativo independentemente da sua forma fosse impugnável desde que o ato fosse lesivo da
esfera jurídica de um terceiro; até esta revisão os tribunais administrativos eram facultativos depois
desta revisão a sua constituição passou a ser obrigatória. A revisão de 97 reforçou a tutela cautelar,
esta permite a garantia da utilidade da sentença que venha a ser proferida no termo do processo
principal.
*Lei continua a ser uma fonte primária de direito administrativo, atualmente qualquer atuação da
administração tem como limite e fundamento a própria lei. A lei desempenha 2 funções quanto à
administração: define e qualifica os interesses públicos que a administração deve realizar e a
competência dos órgãos para praticar determinados atos.
*Os princípios fundamentais do direito administrativo, tradicionalmente quando se falava no
princípios eram aquele que ainda não tinham obtido reconhecimento legal ou constitucional, ao
serem constitucionalizados ou legalizados perdem a autonomia como fonte de direito na medida.
As suas vantagens são: conferir unidade a uma ramo de direito que é caracterizado por uma certa
pulverização legislativa; funcionar como parâmetro das atuações discricionárias da administração;
dar uma resposta as lacunas do próprio ordenamento jurídico-administrativo. Coloca-se aqui um
problema, o de saber em que posição hierárquica das fontes de DA se colocaria os princípios.

Regulamentos administrativos (como fonte de DA)

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*Os regulamentos administrativos são uma espécie de ordenamento jurídico particular da


administração, possuem no DA uma importância enquanto fonte que não tem nos outros ramos
do Direito. São normas jurídicas editadas, em principio, pela administração no exercício da função
administrativa.
*Da noção de regulamentos resultam 3 elementos essenciais:
a) Material: tratam-se de normas jurídicas e como tal possuem generalidade e a abstração,
como tal, possuem uma pretensão de imanente durabilidade, o regulamento não se esgota
numa única aplicação, enquanto estiver em vigor aplica-se a todas as situações que nele se
encontram previstas;
b) Orgânico: são normas que em regra são elaboradas pela administração, no entanto, hoje
em dia no CPA de 2015 no artigo 135º encontramos o conceito de regulamento
administrativo e não há uma referência direta aos órgãos administrativos, como tal, outras
entidades podem elaborar regulamentos desde que atuem no exercício de poderes jurídico
administrativos. Por exemplo, um tribunal pode desempenhar tarefas administrativas
auxiliares como a elaboração de um regulamento;
c) Funcional: tem que ver com o facto do governo ter um tripla personalidade, o governo
pode ser visto como órgão politico (197º), como órgão legislativo (artigo 198º CRP) e
como órgão administrativo nos termos do artigo 199º da CRP.

Estatutos de certas entidades púbicas


*Estatutos de entidades com autonomia estatutária, portanto, entes públicos a que a constituição
reconhece o poder de autodisciplinar a sua organização e o seu funcionamento, esta consagrada
num documento que se chama estatutos, por exemplo, os estatutos da UP. São uma espécie de
regulamentos com valor normativo reforçado e nessa medida fixam critérios heterovinculativas
que qualquer outro órgão pertencente a essa entidade tenha realizado, funciona como uma espécie
de constituição para esses órgãos.
*Quanto à hierarquia os estatutos devem subordinação as fontes externas e internas, aos princípios
gerais de DA.

Convenções normativas
*As fontes de produção normativa, normalmente, resultam de um poder unilateralmente
vinculativo, neste caso, no caso da produção normativa de convecções estas resultam da
combinação de vontades que podem ser de outros sujeitos de direito público ou entre sujeitos de
direito público e sujeitos de direito privado. Pode pensar-se em duas figuras: acordos endo
procedimentais e contratos administrativos.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*Os contratos administrativos, são um exemplo de auto vinculação bilateral, vinculam as relações
entre a administração e entidades privadas contratantes, só que, alguns contratos, projetam os seus
efeitos jurídicos sobre destinatários e sobre terceiros que não participaram na formação e
celebração do contrato, como contratos administrativos com eficácia normativa. Por exemplo, um
contrato de concessão de serviço público, portanto, estes contratos para além de disciplinar as
relações entre as partes possuem cláusulas que tem como destinatários terceiros.

Soft law administrativo


*Não é bem uma fonte de direito porque se referem a atuações informais por parte de
administrações nacionais e supranacionais. Por exemplo, a ANACOM pode dirigir uma
advertência a outra entidade de telecomunicações e essa entidade pode ou não seguir essa
advertência sem que daí resulte qualquer sanção.
*Este soft law tem uma força vinculativa própria.

Ordenação das fontes

Direito comunitário

Constituição

Direito Internacional
Convencional

Normas relativas (Lei e


Decreto-Lei)

Principios fundamnetais/gerais
do DA

Regulamento

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Organização administrativa
*Organização equivale a tratar da administração pública em sentido orgânico.
*A organização administrativa seria um conjunto de entidades organizatórias que desempenham a
título principal a função administrativa, conjunto de sistemas, entidades, órgãos, serviços e agentes
do estado que asseguram de forma continua e disciplinada a regulação dos serviços públicos no
termo da lei.
*Freitas de Amaral entende a organização administrativa como o modo de estruturação concreta
que, em cada época, a lei dá à Administração Pública de um dado país.

CRITÉRIO DA PERSONALIDADE JURÍDICA PÚBLICA


*Um dos problemas fundamentais da dogmática administrativa atual é a desconstrução de uma
das categorias fundamentais do direito administrativo, a pessoa coletiva pública. A procura de um
critério qualificatório não deve ser visto como a procura de um critério para a sua definição, mas
saber como reconhecer uma pessoa coletiva pública.
*A administração pública é tradicionalmente representada suas relações com os particulares por
pessoas coletivas de direito público, que constituem o seu elemento principal e constituinte. São
elas que gozam de personalidade e capacidade jurídicas, incluindo a capacidade de contratar, para
responder pelos danos causados pela sua ação a omissão, para demandar e ser demandado
judicialmente.
*No início da era constitucional, quando o Estado se assumiu como a forma histórica de um
ordenamento jurídico de fins gerais, quando o Estado era a medida de todas as coisas em direito
público, as pessoas coletivas de direito público identificavam-se fundamentalmente com as pessoas
coletivas públicas territoriais, em que o Estado pontificava com a pessoa coletiva pública por
excelência, resultando essa qualificação diretamente da Constituição e da lei.
*O problema da procura de um critério de definição para a pessoa coletiva pública, começou a
colocar-se com mais agudeza a partir da segunda metade do século passado, quando as entidades
públicas primárias começaram a criar entes públicos instrumentais que só parcialmente detinham
os predicados da publicidade, a par da criação de pessoas coletivas típicas de direito privado,
começando a desenhar-se a privatização da Administração nas suas formas de organização. A lei
começou a cometer tarefas públicas a entes formados por pessoas jurídicas privadas ou de
composição mista, sujeitando-as a um regime mais ou menos publicístico, sem que resultasse da
lei se se tratava de pessoas jurídicas públicas ou privadas.
Em suma, a criação pelo Estado de pessoas coletivas de direito privado, a adminissbildiade de
entidades privadas dotadas de funções públicas, a emergência de vários formatos organizatórias

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

mistos, quer quanto à composição, quer quanto ao regime jurídico vieram perturbar os antigos
critérios de distinção entre pessoas coletivas públicas e pessoas coletivas privadas.
*O interesse principal da distinção e dos respetivos critérios classificatórios da publicidade do ente
prende-se na identificação do regime jurídico aplicável e da jurisdição competente, uma vez que
começou a desaparecer a identificação entre personalidade pública e regime jurídico-público: as
pessoas coletivas já não atuam somente sob a égide do direito público, nem detêm apenas
capacidade jurídica pública. Pode haver pessoas coletivas públicas com um regime essencialmente
de direito privado e pessoas coletivas privadas sujeitas a um regime parcialmente de direito público.
*A doutrina apresentou uma multiplicidade de critérios para o efeito:
a) Critério da iniciativa quanto à criação: são públicas as pessoas jurídicas criadas por ato do
Estado ou das Autarquias locais;
b) Critério da finalidade da entidade: são públicas as pessoas coletivas que têm por
finalidade satisfazer interesses públicos;
c) Critério da capacidade jurídica: são públicas as pessoas jurídicas dotadas de poderes de
autoridade.
Na opinião do professor, hoje o critério mais correto é um critério misto baseado por um lado não
tanto na iniciativa quanto à criação, mas mais num citério teleológico, o citério da finalidade e por
outro lado no critério da capacidade jurídica pública. O conceito de personalidade jurídica é neutro,
o que o distingue a personalidade jurídica pública privada é a capacidade jurídica dominante, ou
seja, se esta é pública ou privada.

TIPOLOGIA DAS PESSOAS COLETIVA DE DIREITO PÚBLICO

Estado de administração
*Constitui a forma de personificação maior de um ordenamento jurídico de fins gerais, ele de facto
constitui o ente público maior, é uma pessoa coletiva universal e de fins gerais, é necessária e
primária.

Entes territoriais
*Possuem uma base territorial;
*Substrato populacional universal;
*Caráter originário e necessário;
*Generalidade de atribuições (satisfação das necessidades gerais da respetiva população);
*Tipificação constitucional
*Poder para criar outros entes públicos e exercer controlo sobre eles mesmos.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Entes funcionais
*O território não entra na sua definição. Tem, quanto muito, importância na delimitação da
circunscrição onde ele exerce a sua competência;
*Quanto têm substrato pessoal, não se trata de uma coletividade de cidadãos definidos somente
pelo território de residências, mas sim por algum outro traço distintivo;
*Caráter contingente:
*Administração ou finalidades especiais;
*Caráter atípico e singular;
*Em princípio, incapacidade para criar outros entes públicos.

Institutos públicos
*Substrato constituído por um acervo patrimonial ou um serviço público;
*São criadas por outras pessoas coletivas, cujos fins prosseguem através de dirigentes
heterodesignados;
*Obedecem a uma vontade externa;
*São um instrumento da administração estadual, constituindo formas de descentralização
imprópria;
*O Estado exerce sobre elas o poder de superintendência e o poder de tutela.

Corporações públicas
*Substrato pessoal constituído por uma coletividade de pessoas;
*Promovem a prossecução dos interesses dos seus membros mediante órgãos representativos;
*São governados por uma vontade interna, autogoverno;
*São formas de descentralização administrativa, prosseguindo sob a sua responsabilidade e sem
ter de prestar contas ao Governo, os interesses que lhe são confiados pela constituição e pela lei;
*O Estado exerce sobre elas somente o poder de tutela.

Entes públicos dependentes


*São criados por outros entes públicos autónomos, por razões de agilidade e conveniência
administrativa;
*Incapacidade para prossegui outros fins que não os do ente que o criou;
*Os seus dirigentes são nomeados pelo ente-matriz e dependem dele;
*Estão sujeitos a orientação e controlo de mérito do ente-matriz;
*Pertencem à administração indireta;
*Pertencem à administração autónoma ou independente.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Entes públicos independentes


*Gozam de autonomia em relação a outros;
*Capacidade para definir por si mesmos a sua própria orientação, podendo mesmo divergir da
orientação do Estado;
*Existe uma substancial independência dos seus órgãos face ao Estado;
*Não estão sujeitos a orientação do Estado nem a controlo de mérito da sua ação;
*Pertencem à administração autónoma ou independente.

Princípios fundamentais da organização


administrava
PRINCÍPIO DA DESCONCENTRAÇÃO
*Artigo 267º/2 da CRP
*A desconcentração acontece quando se faz uma divisão de funções ou de tarefas dentro da
organização administrava de uma mesma pessoa coletiva pública, sendo que, esta distribuição de
funções é feita normalmente de forma vertical com a distribuição de poderes e de competências
pelos vários órgãos de uma mesma pessoa coletiva de direito publico.
*A atividade administrava é descentralizada quando o poder decisório se encontra repartido pelo
superior hierárquico e os vários órgãos. Sendo vertical pode ser de natureza burocrática (do
governo para uma direção geral por exemplo) ou territorial (por exemplo de serviços centrais de
um ministério para outros órgãos).
*Traduz-se num processo de descongestionamento de competências.
*Tem como vantagens o facto de aumentar a eficiência dos serviços públicos. Este aumento de
eficiência traduz-se, desde lodo, na maior rapidez de resposta às solicitações dirigidas à
Administração e na melhor qualidade do serviço. A desconcentração enquanto liberta os
superiores da tomada de decisões de menor relevância, cria-lhes condições para ponderarem a
resolução de questões de maior responsabilidade.
*Tem como desvantagens o facto de a multiplicidade de centros decisórios poder inviabilizar uma
atuação harmoniosa, coerente e concentrada da Administração
*Desconcentração originária é aquela que resulta diretamente da lei sem a dependência da prática
de um ato administrativo que a concretize é o que acontece com a Administração Direta periférica
do Estado.
*Desconcentração derivada é aquela que resulta da delegação de poderes. Artigos 36º, 44º a 50º
do CPA.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

DESCENTRALIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
*Artigo 267º/2 da CRP
*A descentralização acontece quando os órgãos das autarquias locais são livremente eleitos pelas
respetivas populações, quando a lei os considera independentes na órbita das suas atribuições e
competências, e quanto estiverem sujeitos a formas atenuadas de tutela administrativa, em regra
uma tutela de mera legalidade.
*Tem como vantagens: garantir as liberdades locais, servindo de base a um sistema pluralista de
Administração Pública; proporciona a participação dos cidadão na tomada das decisões públicas
em matérias que concernem aos seus interesses; aproveitar para a realização do bem comum a
sensibilidade das populações locais relativamente aos seus problemas, e facilita a mobilização das
iniciativas e das energias locais para as tarefas da administração pública; proporcionar soluções mas
vantajosas do que a centralização em termos de custo-eficácia.
*Tem como desvantagens: gerar alguma descoordenação no exercício da função administrativa;
abrir a porta ao mau uso dos poderes discricionários da Administração por parte de pessoas nem
sempre bem preparadas para os exercer.
*Descentralização em sentido impróprio: pessoas coletivas públicas territoriais que constituem
pessoas coletivas para as auxiliar na prossecução das suas atribuições, trata-se de uma
administração indireta. Não precisam de ser pessoas coletivas públicas, podem ser privadas desde
que sujeitos a influencia pública dominante. Possuem os mesmos fins da pessoa coletiva que as
criou.
*Descentralização em sentido próprio: artigo 6º da CRP, permite a constituição de por um lado
pessoas coletivas públicas territoriais de fins genéricos (Regiões autónomas e autarquias locais) e
por outro de pessoas coletivas públicas de base não territorial com fins específicos (associações
públicas).

PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE
*Artigo 6º da CRP.
*Acontece nas relações entre a Administração Pública e a Sociedade e nas relações entre
Administrações públicas (interadministrativa).
* Entre a AP e a Sociedade apresenta uma dimensão negativa e uma dimensão positiva. A dimensão
negativa como limite à intervenção pública com referência às entidades privadas.
A dimensão positiva que cria nas entidades públicas um dever de agir perante a inércia ou
insuficiência das entidades privadas.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Administração autónoma
*Os entes autárquicos dão a si próprios uma direção ou orientação político-administrativa que não
é definida pelo Estado: auto-orientação.
*Controlo apenas destinado a verificar se os respetivos órgãos ultrapassam os limites fixados na
lei.
*Os órgãos são eleitos pela respetiva comunidade sendo responsáveis perante ela: autogoverno.
*Enquanto a Administração do Estado, seja direta ou indireta, tem como finalidade a prossecução
de interesses públicos de âmbito nacional, a Administração autónoma, enquanto expressão da
autoadministração, visa a prossecução de interesses públicos próprios de certas coletividades ou
formações sociais intraestaduais.
*A Administração autónoma corresponde ao reconhecimento da existência de coletividades
estruturadas, com interesses públicos próprios, que merecem o seu reconhecimento jurídico-
administrativo, e que implica a distinção das tarefas para satisfação dos interesses nacionais e as
tarefas administrativas que são próprias destas coletividades. Parte-se da ideia de que certos
interesses públicos de natureza local ou regional devem ser destacados dos interesses nacionais,
por se entender que são melhor realizados nestas coletividades.
*A Administração autónoma seria, então, a administração de interesses públicos específicos de
certas coletividades intraestaduais, de natureza territorial ou associativa (não territorial), através de
pessoas coletivas públicas territoriais ou através de associações públicas, dotadas de poderes
administrativos para o efeito, que exercem sobre responsabilidade própria sem qualquer sujeição
ao poder de direção ou de superintendência ou a tutela de mérito por parte do Estado, havendo
apenas tutela de mera legalidade.
*Desta noção decorrem elementos constitutivos, que são cumulativos:
a) a existência de uma coletividade territorial ou de uma formação social (não territorial),
têm um elemento comum: elemento residência no caso da coletividade territorial;
elemento exercício de uma profissão no caso da coletividade não territorial;
b) a existência de interesses públicos específicos destas coletividades, que a própria
Constituição e a Lei entenderam por bem destacar, por se entender que são estes
interesses públicos melhor satisfeitos através dos órgãos destas coletividades;
c) o autogoverno, significa administração pelos próprios administrados, ou pelos seus
administrados ou administradores;
d) a autoadministração, definir a administração própria, com responsabilidade própria,
sem controlo externo, exceto o de mera legalidade;
e) não há Administração autónoma se não estivermos perante um certo grau de
autonomia dos órgãos através dos quais a Administração atue, seja a territorial ou não

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

territorial. Os órgãos que são eleitos e representativos, representam a coletividade infra


estadual, não respondem perante o governo, respondem apenas perante a coletividade
infra estadual que representam. Claro que não significa uma independência absoluta,
por exemplo, no mínimo, na administração do Estado existe sempre a possibilidade de
fiscalizar os atos que fazem parte da Administração autónoma.

TIPOS DE ADMINISTRAÇÃO AUTÓNOMA


*Administração autónoma territorial: congrega todos os membros da comunidade local respetiva.
É de fins múltiplos. É constitucionalmente necessária. Tem uma forma organizatória idêntica à do
Estado. É fortemente regulada pela Constituição e a lei, não podendo criar outros tipos para além
dos ali previstos.
A Constituição menciona explicitamente as suas principais dimensões: autonomia regulamentar,
autonomia financeira, etc.
*Administração autónoma não territorial: congrega somente as pessoas integrantes de
agrupamentos sociais que partilhem determinada qualidade. Tem atribuições específicas. É
constitucionalmente facultativa dependendo da decisão do legislador. Tem uma variedade de
forma organizatórias. Atribui-se um amplo espaço de manobra ao legislador para reconhecer e
erigir as estruturas que a integram. Os seus poderes dependem do legislador.

DIMENSÕES DA ADMINISTRAÇÃO AUTÓNOMA


*Autonomia/personalidade jurídica: estabelece um centro de imputação de relações jurídicas,
de direitos e de deveres, património, pessoal e órgãos próprios.
*Autonomia administrativa: possibilidade de praticar atos administrativos, suscetíveis de
impugnação direta em via contenciosa.
*Autonomia financeira: garantia de receitas próprias e capacidade de as efetuar segundo um
orçamento próprio e despesas decidias e aprovados autonomamente:
a) autonomia patrimonial;
b) autonomia orçamental;
c) autonomia tesouraria;
d) autonomia creditícia;
e) poderes tributários
*Autonomia normativa: possibilidade de emissão regulamentos autónomos com eficácia externa.
*Autonomia disciplinar interna: possibilidade de aplicação de sanções disciplinares ao seu
pessoal.
*Autonomia sancionatória: capacidade de aplicação de sanções administrativas.
*Autonomia organizatória: definição dos seus órgãos e organização dos seus serviços.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*Autonomia estatutária: capacidade de definição do seu estatuto, não é essencial à administração


autónoma, por via de regra os seus estatutos são hétero-estatutos.
*Autonomia de orientação: capacidade de definir a sua própria orientação, sem submissão a
instruções e orientações de outrem dentro do quadro das atribuições legalmente definidos.
*Autogoverno: governo mediante órgãos próprios, representativos, escolhidos mediante eleição
e não nomeadas por entidades exteriores.

Relações jurídicas que se estabelece entre órgãos


da mesma pessoa coletiva pública
HIEARQUIA
*Freitas do Amaral define a hierarquia como um modelo de organização administrativa vertical,
constituído por dois ou mais órgãos e agentes com atribuições comuns, ligados por um vínculo
jurídico que confere ao superior o poder de direção e impões ao subalterno o dever de obediência.
*Para haver a hierarquia é indispensável que existam pelo menos, dois órgãos administrativos ou
um órgão ou agente.
*É indispensável que tanto o superior como o subalterno atuem para a prossecução de atribuições
comuns.
*Na hierarquia existe um vínculo jurídico, chamada relação hierárquica, que confere ao superior
hierárquico o poder de direção e ao subalterno o dever de obediência.
O elemento principal da relação jurídica hierárquica é o poder de direção, que consiste no poder
de emitir comandos jurídicos vinculantes para todos os órgãos subordinados, comandos jurídicos
que podem ser: ordens, quando tenham uma natureza individual e concreta; e instruções, que são
mais quando o comando jurídico tem as características da generalidade e abstração e têm a ver
com o comportamento futuro.
*O superior hierárquico pode ditar diretivas para os órgãos subalternos, conferindo uma certa
margem de discricionariedade na realização das tarefas. Este poder de direção confere ao superior
hierárquico o poder sobre todas as matérias de todos os órgãos administrativos inferiores, mesmo
quando o órgão superior hierárquico não pode praticar atos com eficácia jurídica externa, por se
inserirem na competência própria do subalterno, pode sempre ditar comandos.
*Ao poder de direção corresponde um dever de obediência dos órgãos subalternos. Para que haja
dever de obediência são necessários três requisitos cumulativos: a ordem emana de um verdadeiro
superior hierárquico; a ordem incide sobre matéria do serviço; a ordem tem que assumir forma
legal. Como tal, não existe dever de obediência quando, por hipótese, o comando emane de quem

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

não seja legítimo superior do subalterno; quando uma ordem respeite a um assunto da vida
particular do superior ou do subalterno; ou quando tenha sido verbalmente se a lei exigia que fosse
escrita.
*O dever de obediência não é absoluto (artigos 263º CRP).

PODERES DO SUPERIOR
*Poder de supervisão: faculdade de o superior revogar ou suspender os atos administrativos
praticados pelo subalterno. Este poder pode ser exercido por duas maneiras: por iniciativa do
superior, que para o efeito avocará a resolução do caso; ou em consequência de recurso hierárquico
perante ele interposto pelo interessado.
*Poder de inspeção: tem o poder de fiscalizar o comportamento dos funcionários e o
funcionamento dos serviços.
*Poder disciplinar: faculdade de o superior punir o subalterno, mediante a aplicação de sanções
previstas na lei em consequência das infrações à disciplina da função pública cometidas.
*Poder de reapreciar o recurso hierárquico interposto por um particular de um ato praticado por
um subalterno e pode anular ou revogar os atos. Mas se o subalterno for o titular de uma
competência exclusiva, o superior hierárquico só pode anular o ato, não o pode revogar. Apenas
se for titular de uma competência concorrente pode revogá-lo. A revogação insere-se no âmbito
da administração ativa, enquanto que a anulação se insere sobre o controlo da função.
Poder de dirimir conflitos de competência entre órgãos administrativos, de competência positiva
ou negativa, quando ambos se acham competentes ou quando nenhum se acha competente para a
realização de determinada tarefa (artigos 51º e 52º CPA).

Relações que se estabelecem entre órgãos de


pessoas coletivas públicas distintas
TUTELA
*Lei 27/96
*Por tutela administrativa entende-se o conjunto dos poderes de intervenção de uma pessoa
coletiva pública na gestão de outra pessoa coletiva, a fim de assegurar a legalidade ou o mérito da
sua atuação.
*Pressupõe a existência de duas pessoas coletivas: a pessoa coletiva tutelar, e a pessoa coletiva
tutelada. Uma destas pessoas é necessariamente uma pessoa coletiva pública, a segunda será
igualmente, na maior parte dos casos, uma pessoa coletiva pública.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*A tutela existe tanto relativamente à administração indireta e autónoma, mas na administração


autónoma a tutela é de mera legalidade; na administração indireta, a tutela é de legalidade mais
intensa até do que na administração autónoma e acresce a tutela de mérito.
*Quanto ao conteúdo, a tutela pode ser:
a) tutela inspetiva: o poder de fiscalizar o funcionamento de serviços, o acesso às contas,
aos documentos, etc.;
b) tutela integrativa: o poder que a entidade tutelar tem sobre a tutelada de autorizar ou
aprovar os atos da entidade tutelada;
c) tutela sancionatória: poder de aplicar sanções administrativas quando a entidade
tutelada não cumpre o que está prescrito na lei;
d) tutela revogatória: revogar atos da entidade tutelada;
e) tutela substitutiva: a entidade tutelar pode substituir-se quando confrontada com uma
omissão da entidade tutelada, praticando atos em substituição da entidade tutelada por
conta da entidade tutelada.
Para o Prof. Colaço, apenas os dois primeiros tipos de tutela são compatíveis com o conceito de
administração autónoma. As outras formas não têm cabimento jurídico-constitucional no âmbito
da administração regional e autónoma, com algumas dúvidas poderia incluir-se a tutela integrativa.

SUPERINTENDÊNCIA
*Poder conferido ao Estado, ou a outra pessoa coletiva de fins múltiplos, de definir os objetivos e
guiar a atuação das pessoas coletivas de fins singulares colocados por lei na sua dependência.
*A superintendência não tem os poderes expressamente declarados numa lei, decorre da própria
natureza das funções da chefia. O professor acha que a superintendência tem que estar declarada
na lei, assim como a tutela. Mas há quem entenda que não seja necessária a consagração legal. Mas
na hierarquia é inequívoco, não é necessário que haja declaração legal.

Organização administrativa Portuguesa


*Num Estado como um estado Português, profundamente descentralizado é normal que existem
vários níveis de administração territorial de níveis infra-estadual. Tal significa que enquanto no
continente há dois níveis de administração territorial (a administração estadual e a administração
autónoma local) nas RA há 3 níveis de administração territorial: a administração do estado, a
administração regional e a administração autónoma local. Por outro lado, é natural que as
administrações superiores tenham servições e órgãos territorialmente desconcentrados aos níveis
tantos da administração autónomas das RA como ao nível a administração autónoma das
autarquias locais, tal significa que em virtude desta desconcentração, que há coexistência entre

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

serviços locais do Estado e os serviços próprios das autarquias locais. O mesmo acontece na
administração autonomia regional, em que serviços regionais do Estado, a chamada administração
periférica do Estado, coabita com os órgãos e serviços da administração local dos Açores e da
Madeira.

ADMINISTRAÇÃO DIRETA
*Lei 4/2004
*Integram a administração direta do Estado os serviços centrais e periféricos que devam estar
sujeitos ao poder de direção do respetivo membro do Governo.
*Principais características do Estado e da sua administração direta:
a) Unicidade: o Estado é a única espécie deste género;
b) Caráter originário: o Estado não é criado pelo poder constituído, tem natureza originária,
não derivada. Vários dos seus órgãos são órgãos de soberania;
c) Territorialidade: o Estado é uma pessoa coletiva de cuja natureza faz parte um certo
território, o território nacional. O Estado é a primeira e mais importante pessoa coletiva
de população e território;
d) Multiplicidade de atribuições: o Estado é uma pessoa coletiva de fins múltiplos;
e) Organização em ministérios: os órgãos e serviços do Estado-administração, a nível central,
estão estruturados em departamentos, organizados por assuntos ou matérias.

GOVERNO
*O Governo é, do ponto de vista administrativo, o órgão principal da administração central do
Estado.
*O artigo 182º da CRP declara que o Governo é o órgão de condução da política geral do país e o
órgão superior da administração pública. No artigo 199º da CRP, encontram-se definidas as
competências administrativas do Governo.
*O Governo enquanto órgão administrativo exerce a sua competência de forma colegial por
intermedio do conselho de ministro ou de forma individual através de cada um dos ministros.
Os ministros são os membros do Governo que participam no Conselho de Ministros e exercem
funções políticas e administrativas. Artigo 201º/2 da CRP
Estes são dotados de variadíssimos poderes, tem o poder administrativo de dirigir a administração
direta e superintender e tutelar a administração indireta, no fundo, são os vértices da administração
central.
*Os ministérios são departamentos da administração central do Estado dirigidos pelos Ministros
respetivos. Lei 4/2004

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*O critério que preside a delimitação da esfera de atribuições de cada ministério tem uma natureza
mista, ou passa pela individualização de áreas funcionais de atuação ou identifica-se através da
definição de órgãos e serviços a que passam a estra sujeito a direção e controlo do respetivo
ministro.
*Nos termos do artigo 4º a lei orgânica de cada ministério é que define as respetivas atribuições e
a estrutura orgânica necessária ao seu funcionamento.

ADMINISTRAÇÃO PERIFÉRICA DO ESTADO


*A administração periférica é o conjunto de órgãos e serviços de pessoas coletivas públicas que
dispõem de competência limitada a uma área territorial restrita e funcionam sob a direção dos
correspondentes órgãos.
*É constituída por um conjunto de órgãos e serviços quer locais quer externos. Esses órgãos e
serviços pertencem ao Estado, ou a pessoas coletivas públicas de tipo institucional ou associativo.
A competência de tais órgãos é limitada em função do território nacional. Os órgãos e serviços da
administração periférica funcionam sempre na dependência hierárquica dos órgãos centrais da
pessoa coletiva a que pertencem.
*Para efeitos de delimitação da área da competência dos órgãos regionais ou locais do Estado
procede-se à institucionalização de circunscrições administrativas, e neste ponto, há que distinguir
entre:
a) Visão administrativa geral que engloba os distritos e as circunscrições regionais. Existem 5
circunscrições regionais: regiões do Norte, regiões do Centro, região de Lisboa e Vale do
Tejo, região do Alentejo e região do Algarve. Estas não são regiões administrativas apesar
de previstas na CRP nunca foram instituídas e também não se confundem com distritos
administrativos. DL n.º 228/2012, de 25 de Outubro.
De acordo com um primeiro modelo as regiões correspondem ao agrupamento de distritos
administrativos, num segundo modelo a área territorial destas circunscrições define-se de
acordo com as NUTS e só grosso modo correspondem a agrupamentos de distrito.
b) Divisões administrativas especiais que assumem uma grande variedade e também se
assumem como setores ou ramos de administração.

ADMINISTRAÇÃO INDIRETA DO ESTADO


*O Estado orienta a sua atuação através da emissão de diretivas.
*Controlo destinado a verificar a observância da orientação político-administrativa da entidade
mãe, podendo, por isso, envolver não apenas os controlos de legalidade, mas também de mérito,
conveniência ou oportunidade da sua atuação.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*Os órgãos dirigentes são normalmente designados pela administração principal (no caso do
Estado, pelo Governo), sendo responsáveis perante ela, que os pode destituir.
*A administração indireta caracteriza-se, essencialmente, pela presença de duas pessoas jurídicas
públicas que são os institutos públicos de regime público e as empresas públicas. Estas entidades
estão adstritas ao Ministério da Tutela que exerce sobre as primeiras tutela de mérito e de
legalidade.
*Administração autónoma regional dos Açores e da Madeira: são pessoas coletivas públicas de
povoação e território porque exercem poderes administravas, políticos e legislativos. É
completamente independentes da administração do Estado, não há tutela de legalidade, no entanto,
não são independentes em relação aos órgãos de governo próprio que estabelecem relações de
direção, superintendência e de tutela.
*Decorre da constituição nos termos do artigo 225º e seguintes, decorre das leis de âmbito
nacional, decorre das leis reforçadas da república, decorre dos decretos legislativos regionais e
decretos regulamentares regionais.
*O órgão administrativo superior deste tipo de administração são os governos gerais no exercício
da função administrativa, estando a sal administração direta modelada nos mesmo termos em que
esta a organização administrativa da administração direta do Estado.

Autarquias locais
*São pessoa coletivas públicas e territoriais dotadas de órgãos representativo, que visam a
prossecução de interesses próprios das populações respetivas (Artigo 235º da CRP).

Elementos que constituem as autarquias locais


*Território: é um elemento da maior importância no conceito de autarquia local, tanto que as
autarquias locais se definem como pessoas coletivas territoriais.
*Agregado populacional: é em função dele que se definem os interesses a prosseguir pela autarquia
*Existência de interesses púbicos próprios específicos das coletividades locais: estes servem de
fundamento à existência das autarquias locais. É a existência de interesses locais diferentes dos
interesses gerais da coletividade nacional que justifica que ao lado do Estado existam entidades
especificamente locais, destinadas a tratar dos interesses locais.
*Órgãos representativos: não há, em rigor, autarquia local quando ela não é administrada por
órgãos representativos das populações que a compõem.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

FREGUESIAS
*Lei nº169/99 e 75/2013
*As atribuições da freguesia encontram-se previstas no artigo 7º da lei 75/2013.
*As freguesias são compostas pela assembleia de freguesia e pela junta de freguesia.
*A assembleia de freguesia é eleita por sufrágio universal, direto e secreto dos cidadãos recenseados
na área da freguesia. Os artigos referentes às freguesias são os artigos 3º a 20º da lei 169/99 e
artigos 8º a 14º da lei 75/2013
*A junta de freguesia é constituída por um presidente e por vogais e as suas disposições encontram-
se previstas nos artigos 23º a 29º da lei 169/99 e artigos 15º a 22º da lei 75/2013.

MUNICÍPIOS
*Lei nº169/99 e 75/2013
*Os municípios são compostos por uma assembleia municipal, pela câmara municipal e pelo
presidente da câmara

Princípio da generalidade: significa que devem ser atribuídas as autarquias locais todas as
atribuições que correspondam aos interesses públicos específicos destas coletividades
intraestaduais. Porque se entende que as tarefas administrativas levadas a cabo pelas autarquias
locais são melhor levadas a cabo a um nível infra-estadual.

Serviços municipais em sentido amplo: serviços municipalizados, estes serviços não se


confundem com os serviços administrativos propriamente ditos, são serviços que integram a
pessoa coletiva município, carecem de personalidade jurídica, mas gozam de uma certa autotomia
de gestão quer no campo administrativo quer no campo financeiro.
Passagem de serviços municipalizados para a administração indireta das autarquias locais: as
autarquias locais criaram empresas públicas municipais, muitas vezes até em número exagerado, a
criação destas pessoas coletivas públicas deve-se à passagem dos serviços municipalizados para
empresas públicas municipais e devido à crescente emprelizialiação dos serviços da administração
direta das autarquias locais

Autonomia financeira das autarquias locais (artigo 238º da CRP e Lei 73/2013): expressa-se
na existência de receitas próprias que resultam de impostos privativos das autarquias locais, taxas
da urbanização e da edificação. A autonomia financeira traduz-se, também, na existência de um

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

orçamento próprio. Todavia não é completa porque as autarquias locais recebem fundos estaduais
do orçamento geral do Estado e de fundos comunitários.

Autonomia regulamentar: possuem autonomia regulamentar prevista no artigo 241º da CRP,


reconhece-se o poder regulamentar geral das autarquias locais no âmbito das suas atribuições. Há
aqui um problema que se coloca, o de saber se os regulamentos das autarquias locais poderem
disciplinar matérias objeto de reserva de lei com os seguintes fundamentos, os regulamentos locais
como expressão a autonomia local e como manifestação de um poder normativo democrático.

Problema da tutela administrativa estadual (Lei 27/96): no artigo 242º da CRP fala-se no nº1
de tutela de mera legalidade, regime restritivo da intervenção tutelar e por consequência retirando
uma grande margem de manobra ao legislador. Quando falamos em tutela de mera legalidade sob
a administração local estamos a falar no âmbito das atribuições exclusivas das autarquias locais. A
tutela do mérito, na visão do professor, não esta totalmente afastada, pode ser utilizada
excecionalmente e fora do âmbito das atribuições exclusivas das autarquias locais e, quando
utilizada, seria sempre uma tutela fraca e nunca seria uma tutela que incidisse sobre a liberdade de
tomar decisões, por exemplo, na tutela sobre uma autarquia local a tutela estadual nunca podia
intervir sobre as decisões do PDN do Porto. Em suma, quanto ao fim só pode haver tutela de
mera legalidade. Quanto aos meios poderia ser constitucionalmente admissível a tutela integrativa
desde que se cumprissem 3 requisitos: a titela integrativa estivesse expressamente prevista na lei,
fosse necessária e adequada à pressuporão dos interesses públicos em causa, fosse proporcional à
compressão dos poderes locais. Na lei 27/96 constatamos que é mais que uma lei sobre a tutela
do Estado sobre as autarquias locais (porque se olharmos para o artigo 15º há uma previsão de
meios jurisdicionais e processual) e ao mesmo tempo menos (porque apenas fala da tutela
inspetiva). Esta lei exclui medidas de tutela administrativa sancionatória. Definem-se os
fundamentos da perda de mandato e da dissolução dos órgãos.

INSTITUTOS PÚBLICOS
*Lei nº3/2004
*Os institutos públicos são pessoas coletivas de direito público, de tipo institucional, criadas para
assegurar o desempenho de determinadas funções administrativas de caráter geral não empresarial,
pertencentes ao Estado ou a outra pessoa coletiva pública.
*São institutos públicos do Estado ou da administração autónoma dos Açores e da Madeira. O
substrato pode ser constituído por um fundo, um estabelecimento público, por um
estabelecimento comercial ou industrial (institutos públicos de natureza empresarial que existiram,
tinham como vantagem o facto de se regerem pelo direito privado). Entretanto, procedeu-se a uma

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

desagregação da categoria de institutos públicos que tem como substrato um estabelecimento


comercial ou industrial, estes deram lugar as entidades públicas empresariais.
*A lei quadro distingue entre institutos públicos de regime comum e institutos públicos.
Institutos públicos de regime especial como é o caso das autoridades reguladoras independentes e
das fundações públicas excluídas do âmbito de aplicação da lei 24/2012. As fundações
universitárias e a agência de avaliação e acreditação do ensino superior, constituem na verdade
forma de administração pública autónoma estando sujeitas a uma tutela de mera legalidade (Artigo
48º). No toca as universidades estas são autónomas artigo 76º da CRP, autonomia administrativa,
financeira, cientifica etc. para garantia destas autonomias é normal que o seu controlo seja de mera
legalidade.
*As autoridades reguladoras independentes são entidades administrativas independentes com
personalidade jurídica, são pessoas coletivas públicas que desempenham funções de regulação
económica e ou supervisão financeira, embora sejam resultado de descentralização em sentido
impróprio são administração independente.
*Artigo 48º da Lei vemos a ideia de que existem pessoas coletivas públicas de base institucional
que não constituem formas de administração indireta.
*Os institutos públicos não gozam de uma garantia institucional na lei fundamental, só aparecem
mencionadas na constituição muito levemente no artigo 227º. Os únicos que gozam dessa garantia
na lei fundamental são as universidades.
*3 modalidades de institutos públicos:
a) Serviços administrativos: são serviços a quem a lei dá personalidade jurídica e
autonomia para poderem funcionar como se fossem verdadeiras instituições
independentes (Artigo 3º/ 1 e 2);
b) Fundos personalizados ou fundações públicas: patrimónios que são afetados á
prossecução de fins públicos e especiais. Para um instituto público ser designado de
fundação deve ter parte considerável das suas receitas assente em rendimentos do seu
património e dedicar-se as finalidades de interesse social (Artigo 51º)
c) Estabelecimento públicos: institutos públicos de caráter cultural ou social, organizados
como serviços abertos ao público, e destinado a efetuar prestações individuais à
generalidade dos cidadãos que delas carecem.
*Os institutos públicos são ato legislativo nos termos do artigo 9º e a sua criação deve obedecer a
requisitos estabelecidos no artigo 10º.
*Desempenham funções prestacionais, funções reguladoras, funções de apoio e fomento a
atividade económica e privada (instituto de apoio as pequenas e medias empresas).
*Estão sujeitos a uma intervenção do Governo bastante apertada que se traduz em poderes de
superintendência e tutela administrativa (artigo 41º e 42º).

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS PROFISSIONAIS:


*Lei nº2/2013
*São pessoas coletivas de direito público, de tipo associativo, destinadas a assegurar
autonomamente a prossecução de determinados interesses públicos pertencentes a um grupo de
pessoas que se organizam com esse fim. (Ordem dos Advogados, Ordem dos Médico, etc.)
*Possui autogoverno e autodeterminação. O seu substrato é de natureza associativa, têm por esteio
um agrupamento de indivíduos e ou de pessoas coletivas com um objetivo comum, existem para
prosseguir interesses públicos próprios das pessoas que as constituem, como tal fazem parte da
administração autónoma.
* Possuem funções de representação da profissão face ao exterior; funções de apoio aos seus
membros; funções de regulação da profissão; funções administrativas acessórias.
*Os seus elementos constitutivos:
a) Existência de uma coletividade de membros definidos profissionalmente;
b) São criados por lei (artigo 7º);
c) Tem uma estrutura associativa;
d) Possuem autogoverno;
e) Desempenham tarefas públicas específicas;
f) Gozam de autodeterminação.
*Na medida em que são pessoas coletivas de direito público são regidas pelo direito público, direito
administrativo. Todavia, gozam de um regime dualista, que se expressa no artigo 4º/2b.
*Quanto à tutela, só há tutela de mera legalidade (artigo 45º).
*Gozam de um conjunto de poderes que lhe são atribuídos pela lei:
a) Privilégio da unicidade: impede a existência de outras associações públicas com os mesmos
objetivos e com o mesmo âmbito de jurisdição;
b) Gozam do beneficio da inscrição prévia obrigatória como condição obrigatória para o
exercício da profissão (artigo 24º/1);
c) Regulam o acesso à profissão e o seu exercício (arrigo 24º);
d) Podem impor uma quotização obrigatória;
e) Autonomia jurídica;
f) Autonomia regulamentar (artigo 17º);
g) Autonomia administrativa e financeira (artigos 9º e 10º);
h) Poder disciplinar que pode ir até a interdição do exercício da profissão (artigo 18º);

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Tem o dever de colaborar com o estado, mas este dever só pode acontecer se não colocar em
causa a sua independência e a sua autonomia.

ENTIDADES ADMINISTRATIVAS INDEPENDENTES


*Lei nº67/2013.
*Surgem nos anos 80 na Europa e correspondem a uma retração da intervenção do Estado na
esfera económica e social, correspondem a um dos símbolos do Estado mínimo regulador,
entendeu-se que para certas áreas administrativas era bom desgovernamentalizar essas esferas.
*Consagradas na Constituição no artigo 267º/3.
*Num sentido genérico estaremos a falar de todas as entidades administrativas que dentro das
atribuições e competência definidas pela constituição e pela lei definem elas próprias a sua
orientação.
*Em sentido restrito, são organismos administrativos criados pelo Estado para desempenhar
tarefas que lhe competem (ao Estado), mas que o Estado isenta de subordinação e controlo. Estas
entidades não dispõem de coletividades territoriais ou funcionais, nem dispõem de autogoverno,
tem características que se aproximam da administração indireta, outas que as aproxima da
administração autónoma, mas que não constituem administração autónoma porque não tem
autogoverno.
*Competência fundamental é a competência regulamentar (artigos 40º e seguintes).
*Possuem poderes em matéria de inspeção e auditoria e poderes sancionatórios.
Características:
a) Podem ser criadas pelo Governo ou pela AR;
b) Os seus membros não recebem ordens do Governo, o seu mandato é de 6 anos. São
irresponsáveis no que tocas as sus decisões, não podendo ser destituídos.
c) Gozam de uma autonomia de natureza financeira;
d) São pessoas coletivas de direito público;
*As entidades reguladoras independentes regulam a atividade dos agentes, mas não intervém na
gestão desses serviços, nomeadamente, incidem sobre o campo económico e financeiros. Tem
personalidade jurídica, são serviços administrativos personalizados.
*Importa referir a autoridade de garantia de certos direitos fundamentais que são entidades que
desenvolvem mecanismos de proteção de certos direitos fundamentais.

ENTIDADES ADMINISTRATIVAS DE DIREITO PRIVADO


*Entidades administrativas que possuem um estatuto de direito privado e que fazem parte da
organização administrativa, são de criação pública, grande parte do financiamento é público, mas
possuem personalidade jurídica privada, regem-se pelo direito privado. Mesmo sendo pessoas

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

jurídicas privadas, na opinião do professor não deixam de estar sujeitas a certas vinculações
jurídico-publicas, nomeadamente, em matéria de proteção de direitos fundamentais.
*Não podem constituir a forma geral comum de organização administrativa porque na perspetiva
do professor à administração pública correspondera por natureza a existência coletiva de pessoas
de direito público. Não parece constitucionalmente legitimo que o legislador crie entidades
administrativas de natureza de direito privado para aqueles setores cujas funções deveriam ser
desempenhadas por pessoas coletivas de direito público.

Administração por particulares: exercício de funções públicas por intermédio de pessoas


jurídicas privadas em regra por empresas privadas. Incidem sobre matérias muito amplas, desde
serviços públicos até a gestão de estabelecimentos de natureza social. Artigo 2º do CPA.
Esta delegação de tarefas públicas não pode ser a forma comum de administração.
As formas mais frequentes deste tipo de administração são:
a) a delegação de tarefas públicas em particulares;
b) a concessão de serviços públicos através de contratos administrativos, uma empresa
privada fica com a liberdade de construir e explorar obrar publica ou de explorar o serviço
público durante um tempo definido em contrato, possuindo para o efeito poderes de
autoridade;
c) o Estado concede a titulo pleno a faculdade de um particular gerir um serviço ou
estabelecimento publico, por exemplo, os hospitais públicos;

Formas de cooperação interadministrativa:

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Órgãos administrativos (Artigo 20º e seguintes do


CPA)

TIPOS DE ÓRGÃOS
*Órgãos singulares: têm apenas um titular (EX: presidente da câmara). Artigo 21º e seguintes do
CPA.
Órgãos colegiais: compostos por 3 ou mais titulares. Artigo 21º/4, de acordo com esta disposição
só o presidente do órgão pode reagir judicialmente contra deliberações tomadas pelo órgão quando
as considera ilegais. Tem um presidente e um secretario. Reuniões ordinárias (artigo 23º) reuniões
extraordinárias (artigo 24º). Quórum de funcionamento (artigo 29º) quórum deliberativo (por
maioria absoluta, por maioria qualificada, maioria relativa). As formas de votação estão previstas
no artigo 31º. Ata da reunião prevista no artigo 34º.
*Órgãos centrais: têm competência sobre todo o território nacional;
Órgãos locais: a sua competência é limitada a uma circunscrição administrativa, ou seja, apenas a
uma parcela do território nacional;
*Órgãos primários: são aqueles que dispõem de uma competência própria para decidir as matérias
que lhe estão confiadas;
Órgãos secundários: são aqueles que possuem competência delegada;
Órgãos vicários: são aqueles que só podem exercer a competência por substituição de outro órgão;
*Órgãos representativos: aqueles cujos titulares são livremente designados por eleição
Órgãos não representativos:
*Órgãos ativos: são aqueles a quem compete tomar decisões ou executá-las;
Órgãos consultivos: aquela cuja função é esclarecer os órgãos ativos antes de estes tomarem uma
decisão, nomeadamente através da emissão de pareceres;
Órgãos de controlo: têm por missão fiscalizar a regularidade do funcionamento de outros órgãos.

ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS


*As pessoas coletivas existem para prosseguir determinados interesses públicos específicos, a isto
se chama atribuições. As atribuições são os fins ou interesses que a lei incumbe as pessoas coletivas
públicas de prosseguir.
*Para realizar estas atribuições a pessoa coletiva precisa de órgãos, os órgãos possuem um conjunto
de poderes funcionais a que chamamos competências. As competências são o conjunto de poderes
funcionais que a lei confere para a prossecução das atribuições das pessoas coletivas públicas.
*Qualquer órgão da administração, ao agir, conhece e encontra pela frente uma dupla limitação:
por um lado, está limitado pela sua própria competência e, por outro lado, está também limitado

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

pelas atribuições da pessoa coletiva em cujo nome atua. Neste sentido, atribuições e competências
limitam-se reciprocamente uma às outras: nenhum órgão pode prosseguir atribuições da pessoa
coletiva a que pertence por meio de competências que não sejam as suas, nem tão pouco pode
exercer a sua competência fora das atribuições da pessoa coletiva em que se integra. Quando os
atos administrativos praticados por um órgão são estranhos às atribuições das pessoas coletivas
públicas em que se integram a consequência jurídica é a mais grave, traduz-se numa nulidade (artigo
161º do CPA).
*Quanto à competência (artigo 36º e seguintes do CPA): aplica-se o princípio da legalidade da
competência (a competência é definida pela lei); a competência não se presume, tal significa que
só há competência quando a lei inequivocamente a confere a um dado órgão; a competência é
irrenunciável e inalienável: os órgãos administrativos não podem praticar atos pelos quais
renunciem aos seus poderes ou os transmitam para outros órgãos da Administração ou para
entidades privadas.
*A distribuição de competências pelos vários órgãos de uma pessoa coletiva pública pode ser feita
em função de 2 critérios: em razão da matéria: quando a lei diz, por exemplo, que à Assembleia
Municipal incumbe fazer regulamentos e ao Presidente da Câmara celebrar contratos; em razão do
território: a repartição de poderes entre órgãos centrais e órgãos locais, ou a distribuição de poderes
por órgãos locais em função das respetivas áreas ou circunscrições.

DELEGAÇÃO DE PODERES
*Artigos 44º e seguintes do CPA.
*Há 3 teses quando a delegação de poderes:
a) Alineação e transferência de competências;
b) Tese da autorização: o órgão delegado já seria titular de certos poderes ao abrigo da lei
habilitante só que estava dependente de uma permissão do delegante para exercitar uma
competência de que já era titular.
c) Tese da transferência de exercício das competências: o ato de delegação cria apenas na
esfera do órgão delegado uma qualidade e uma qualificação que lhe permite exercer em
nome próprio uma competência alheia, competência que é do órgão delegante, de modo
que não configura qualquer irrenunciabilidade da competência.
*A lei fixa requisitos para existir uma delegação de poderes, previstos no artigo 44º e 47º, a
existência de lei habilitante, a existência de um ato de delegação de poderes, mencionar a norma
atributiva do poder delegado e aquela que habilita o órgão a delegar, como requisito de eficácia é
exigida a sua publicação nos termos do artigo 47º/2.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*No artigo 46º encontra-se a previsão de subdelegação de poderes, neste caso não é necessário
existir uma lei habilitante, é necessário que o delegante autorize o delegado a subdelegar desde que
a lei não proíba e desde que não tenham estabelecido entre eles nada em contrário.
*O artigo 48º menciona a menção da qualidade de delegado ou subdelegado, tal significa que na
prática dos atos o delegado precisa de indicar que está a realizar aquele ato ao abrigo da delegação
de poderes, no entanto, a não menção não afeta a validade do ato.
*Os poderes de delegante encontram-se previsto no artigo 49º.
*O artigo 50º prevê a extinção da delegação ou subdelegação.

CONFLITOS DE ATRIBUIÇÕES E DE COMPETÊNCIA


*Na prática da vida administrativa corrente ocorrem conflitos de atribuições e conflitos de
competência. Estes conflitos podem ser positivos ou negativos. São positivos quando dois ou mais
órgãos reivindicam para si a prossecução da mesma atribuição ou o exercício da mesma
competência. São negativos quando dois ou mais órgãos consideram que lhes faltam atribuições
ou a competência para decidir um dado caso concreto.
*Os conflitos de competências acontecem quando existe uma disputa acerca da existência ou do
exercício de um determinado poder funcional, ou seja, quando várias pessoas coletivas reclamam
para si a mesma competência, ou nenhuma reclama essa competência. Artigo 51º/2 do CPA.
*Os conflitos de atribuições acontecem quando a disputa versa sobre a existência ou a prossecução
de um determinado interesse público, ou seja, quando várias pessoas coletivas reclamam para mim
a mesma atribuição ou nenhum dos órgãos reclama para si essa atribuição. Artigo 51º/1 do CPA.

Poderes de administração
*Autotutela declarativa: administração sem necessidade de recorrer previamente ao tribunal decide
as ...
*Autotutela executiva: privilégio da execução prévia, possibilidade de executar as decisões sem
necessidade de uma autorização judicial prévia e, se necessário, executar essas decisões de forma
coerciv
*Poder regulamentar: elaborar normas e regulamentos administrativos, através destes
regulamentos pode definir de forma geral e abstrata as relações entre os particulares e a
Administração.
*Poder sancionatório: a administração através de decisões unilaterais pode aplicar sanções
administrativas.
*Poder de se apropriar de bens dos particulares de forma definitiva ou de forma temporária: os

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

bens imóveis e os direitos a eles inerentes podem ser expropriados por causa de utilidade pública
compreendida nas atribuições, fins ou objeto da entidade expropriante, mediante o pagamento
contemporâneo de uma justa indemnização. A expropriação deve limitar-se ao necessário para a
realização do seu fim.

Limites da administração
*Respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos nos termos artigo 266º da CRP e artigo
4º do CPA. Muitos dos direitos consagrado na CRP são direitos dos particulares face à
Administração. Não é legitimo que a administração prossiga de forma aleatória, desregulada,
intuitiva o interesse público sem ter o conta o respeito pelos direitos e interesses legalmente
protegidos dos particulares.
*Principio da legalidade em sentido amplo, abrange as fontes internas e as normas do direito da
união. A administração está duplamente vinculada pela lei, num primeiro sentido porque a
administração tem que fazer o que a lei ordena, num segundo sentido porque a administração só
pode fazer o que a lei permite. Mesmo quando a administração atua no âmbito do seu poder
discricionária, é a lei que determina as suas competências através do principio da precedência da
lei.
*Requisitos procedimentais: direito ao procedimento administrativo neste sentido, o palco natural
de qualquer forma de atividade administrativo é o procedimento administrativo, não há nenhum
ato que não seja o culminar de um processo administrativo. Direito à participação no
procedimento (artigo 267º/2 da CRP e 11º e 12º do CPA). Direito de acesso à informação.
*A administração tem que prestar contas a entidades externas, há um controlo externa da sua
atividade, desde logo pelos tribunais administrativos, pelo provedor de justiça, pelas finanças
públicas.

A administração e os particulares
*O que caracteriza hoje o direito administrativo já não é a centralidade do ato, mas sim a relação
jurídico-administrativa. Este conceito altera o paradigma fundamental do direito administrativo,
passamos para um direito administrativo mais democrático, em que o particular é visto como uma
parte com direitos e deveres, a administração não olha para ele como um súbdito. Este conceito
veio descentrar a importância das manifestações das atividades administrativas.
A relação jurídica assume a forma jurídica de forma procedimental, é a lei do procedimento que
regula todos os passos em que a administração e os interessados são chamados a praticar atos. O

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

procedimento administrativo veio encurtar a distância entre atividade administrativa vinculada e


atividade administrativa discricionária. O procedimento pode reduzir a discricionariedade da
administração a zero.
Ao assumir forma procedimental aumenta-se consideravelmente o acesso ao direito e ao tribunal
por pare dos lesados, porque quando vigora uma conceção substancialista do procedimento o
particular só podia impugnar o ato final. Hoje os procedimentos administrativos são muito
complexos e não é necessário esperar a impugnação do ato final. Artigo 51º/3 do CPTA.
* A principal relação jurídico-administrativa é a da administração com os particulares, no entanto,
pode haver relação jurídico-administrativa entre entidades públicas, entre órgãos (delegação de
poderes), entre o órgão e os seus respetivos membros.
*A relação jurídico-administrativa pode assumir diversas formas: pode ser simétrica (quando a uma
posição jurídica passiva corresponde uma posição ativa de outro sujeito); pode ser assimétrica
(quando a posição passiva de um sujeito não corresponde necessariamente uma posição ativa da
contraparte); pode ser dissimétrica (quando as partes são simultaneamente titulares de direitos e
deveres, caso da relação jurídica dos contratos administrativos sinalagmáticos); pode ser poligonais
(quando é constituída por mais de dois sujeitos).

Como já vimos não é legitimo que a administração prossiga de forma aleatória, desregulada,
intuitiva o interesse público sem ter em conta o respeito pelos direitos e interesses legalmente
protegidos dos particulares. Como tal, importa saber o que são esses interesses e direitos
legalmente protegidos.
Estamos perante um direito subjetivo quando a norma jurídica protege direta e intencionalmente
os interesses do particular/cidadão. Quando há um direito subjetivo esta posição jurídica é objeto
de uma tutela autónoma, direta e especifica. A tutela desse bem jurídico do particular é considerada
pelo legislador mais digna de tutela e proteção jurídica que propriamente a posição jurídica da
administração. Nos direitos sujeitos negativos (direito à vida) há uma exigência de abstenção da
administração, já nos direitos subjetivos positivos exigem por parte da administração uma atuação
(direito ao vencimento). Tem um reflexo ao nível da tutela jurisdicional, desde logo, a tutela
jurisidonal tem que ser plena e efetiva, é preciso recompor a esfera jurídica que tenha sido ofendida
pela atuação da administração e eliminar a ilegalidade. O que caracteriza em grande medida o
direito subjetivo é que ele normalmente esta inserido no âmbito de uma atividade administrativa
vinculada, por exemplo, uma pessoa que faz 66 anos de idade e tenha 40 anos de trabalho te direito
a uma reforma a administração não se pode recusar a dar.
Interesses legalmente protegidos: equiparados a designação clássica interesses legítimos. São a
segunda manifestação das posições jurídicas substantivas favoráveis dos particulares. Tal como o

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

direito subjetivo é objeto de uma ponderação e de um reconhecimento normativo. O que a


distingue do direito subjetivo é o facto de os interesses legalmente protegidos é uma posição
jurídica favorável, mas de natureza reflexa secundaria, o legislador coloca em primeiro lugar a
proteção do interesse público e de forma consequencial e secundária a proibição jurídica do
particular. Quando a lei fixa um determina comportamento legal que a administração deve
prosseguir para satisfazer o interesse público, se a administração não agir de acordo com o
comportamento legalmente fixado atinge ou pode atingir a posição jurídica do particular, quer
dizer, no fundo, o titular do interesse legalmente protegido tem o direito de exigir que a decisão
que a administração tome não se afeaste do comportamento legalmente definido. Porque ela ao
afastar-se pode atingir reflexamente a posição jurídica do particular. Tem o direito de exigir a
administração que essas decisões sejam legalmente tomadas, ou seja, a posição jurídica do particular
aprece relacionada com a correta persecução do interesse público pela administração. Não há só
posições jurídicas substantivas favoráveis, também há posições jurídicas desfavoráveis,
nomeadamente, as obrigações, sujeições, ónus e os deveres. Na obrigação o sujeito tem o direito
de exigir a contraparte o comportamento em que esse dever se traduz, no dever isso não acontece
(impostos), O ónus particular deve adotar um determina comportamento se pretender obter um
determino resultado, é uma faculdade a lei não o exige.

Nas relações especiais de direito administrativo: nestas relações os direitos dos particulares podem
sofrer alguma limitação. São relações que se estabelecem entre a administração e determinadas
categorias de sujeitos e de particulares, estabelecendo com eles uma relação mais intensa. Fundam-
se num tipo jurídico especifico nos termos do qual os particulares ficam situados no âmbito de
uma determinada esfera de atuação administrativa, no âmbito da qual pode haver limitações dos
respetivos direitos. EX: relações dos funcionários públicos com a administração, quando visitamos
um museu ou uma biblioteca pública.
No âmbito das relações especiais há que distinguir 2 categorias:
-relações orgânicas ou de funcionamento, conjunto de disposições que são relativas à organização
e funcionamento de serviços, a distribuição de tarefas entre os funcionários, aqui o funcionário é
objeto direto dessa norma sendo visto como apenas um destinatário das normas, há uma menor
juridicidade e uma compressão maior dos direitos do funcionário, o professor defende que mesmo
no âmbito das relações especiais das relações orgânicas não há hoje atos puramente internos que
seriam de mais difícil impugnação pois se são internos não são lesivos e como tal não podem ser
impugnados judicialmente, o professor diz que não se compreende que existem atos jurídicos que
não possam ser diretamente impugnados pelos particulares que consideram esses atos ilegais.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

-Relações fundamentais, o funcionário da administração pública é visto como uma pessoa titular
de direitos fundamentais, qualquer diploma que viesse diminuir os seus direitos como pessoa este
regulamento seria um regulamento especial externo e ele podia impugná-lo.
Pode haver relações especiais entre as diversas entidades públicas.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Princípios fundamentais que regem a atividade


administrativa

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
*Artigo 3º do CPA e 266º da CRP
* O nascimento do direito administrativo pressupõe a sujeição do poder público ao Direito, por
contraposição à imunidade jurídica própria do Estado absoluto e pré-constitucional. Esta ideia
elementar designa-se habitualmente por princípio da legalidade da Administração. Este princípio
veio permitir a tipicidade do poder administrativo num duplo sentido: nas formas da sua atribuição,
através da norma que atribui um poder administrativo a um órgão para a prossecução das
atribuições da pessoa coletiva onde está inserido; seja quanto ao seu modo de exercício, uma vez
que o ato administrativo e agora também os procedimentos administrativos não podem ser
livremente configurados pela administração.
* O espaço e o tempo do direito administrativo são heteronomamente determinados pela lei.
Atualmente, quando se refere a subordinação da Administração à lei, isto quer dizer que a
Administração está sujeita a um bloco normativo composto por normas da União Europeia,
normas constitucionais, direito internacional, leis ordinárias e regulamentos. Como tal, a doutrina
tenha substituído a expressão princípio da legalidade pela expressão princípio da juridicidade.
*A Constituição deixou de estar sob reserva de lei como acontecia antes. Atualmente, a lei deixou
de ser o único parâmetro normativo regulador-ordenador da Administração. Hoje o principal
parâmetro normativo da Administração é constituído pelas normas comunitárias.
*No início da era constitucional, o princípio da legalidade, através da tipicidade do poder
administrativo, foi o grande auxiliador do nascimento do direito administrativo ao subordinar a
organização e, sobretudo, a atividade administrativa a regras jurídicas, mais exatamente à lei que
nessa altura correspondia às normas emanadas pelo Parlamento. Como a Administração passou a
obedecer à lei, o princípio da legalidade manifestava-se em dois subprincípios: o principio da
reserva de lei e o princípio do primado da lei. Daqui resulta uma conceção da Administração
enquanto mera executora da lei.
*Uma redução da Administração a tarefas executivas comportava, ainda que o âmbito do princípio
da reserva de lei fosse limitado, a necessidade da lei conter um conjunto crescente de tarefas e
funções dirigidas à Administração difícil de prever pelo comando legislativo.
Os fatores de mudança do princípio da legalidade começaram, desde log, pelo motivo supra
exposto, mas também pela necessidade de configurar e disciplinar em termos novos o poder
discricionário que se constituía até aí numa espécie de poder originário que a Administração exercia
livremente fora do campo de reserva da lei e sempre que não estivesses limitado por qualquer lei.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*Existiram outros motivos de alteração do princípio da legalidade como vinha confecionado


positivisticamente no início do Estado de Direito. Desde logo, o processo de transformação da lei,
que passou a funcionar não apenas como limite, mas também como fundamento de toda e
qualquer atividade administrativa. Na fase do Estado Social, verificam-se uma série de alterações,
desde a ampliação dos domínios de reserva de lei até a reforço e ampliação do subprincípio do
primado da lei. No entanto, a principal alteração prendeu-se com a ideia de que a lei deixou de ser
apenas um limite para a Administração para passar a ser também um pressuposto e fundamento
de toda a atividade administrativa. Passa, assim, a integrar o princípio da legalidade-juridicidade,
ao lado da reserva de lei e do primado, um novo princípio, o (sub)princípio da precedência da lei,
que se materializa na necessidade e obrigatoriedade de habilitação legal para a toda a atividade
jurídica da Administração. A lei transformou-se em pressuposto obrigatório de toda a atividade
administrativa. O poder discricionário é agora uma concessão legislativa que só existe quando e na
medida em que a lei o confere e nos limites que o confere.
*Numa terceira fase, que começou a delinear-se nas duas últimas décadas do século passado,
define-se pela perda do monopólio legislativo por parte dos Estados no espaço jurídico europeu.
Existe uma multiplicidade de sedes de decisão e de controlo eu não deixam de influenciar e regular
a atuação da Administração comunitária. À legalidade nacional junta-se a legalidade comunitária e
global com uma intensidade até há pouco tempo desconhecida ou inexistente. Dada a variedade
das fontes e da hipotética, mas frequente, contradição entre si, o principio da legalidade adquire
nos dias de hoje uma extrema complexidade que torna muito espinhosa a atuação da
Administração e do respetivo controlo jurisdicional.
*A nova legalidade principialista trazida pela segunda metade do século XX, levanta a questão de
saber se o princípio da legalidade é suficiente para garantir efetiva e plenamente as legítimas
pretensões dos interessados, sobretudo das pessoas físicas. A “crise” do princípio da legalidade
poderá estar na multiplicidade e contrariedade das fontes que a Administração e os particulares
estão sujeitas.

Outras dimensões do princípio da legalidade


*Princípio da legalidade e a hierarquia normativa: a administração quando atua está sujeita a normas
jurídicas de hierarquia diferente. No entanto, existem um conjunto de normas ou de atos
normativos que disciplinam de forma mais direta a atuação da administração: ou é a lei ou é o
regulamento administrativo. O problema que se coloca aqui é se terá ou não administração um
dever de fiscalizar a legalidade e a constitucionalidade das normas jurídicas que mais diretamente
disciplinam a sua atuação? No nosso panorama jurídico há duas teorias para responder a esta
questão: a teoria dominante, mas não controversa diz que a administração não pode deixar de
aplicar normas que entenda que seja ilegais ou mesmo inconstitucionais; a outra teses minoritária

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

diz que não tem sentido a administração aplicar normas que sabe que são ilegais ou
inconstitucionais e que vão ferir a moldura legal da prática do ato administrativo, ou seja, o ato
praticado à luz dessa moldura legal é um ato ilícito que vai ser anulado pelos tribunais
administrativos.
A jurisprudência do TJUE vai no sentido da desaplicação das normas que estejam em colisão com
o direito comunitário. A nível de jurisprudência do tribunal constitucional há uma preponderância
da tese maioritária. Na opinião do professor os nossos tribunais não podem continuar a ser
indiferentes à jurisprudência do TJUE, o primeiro passo é em casos limite quando a ilegalidade
seja manifesta a administração devia poder legitimamente desaplicar a norma.
*PL e o Estado de necessidade: o estado de necessidade é uma figura que comporto alguma
compressão ao principio da legalidade. É uma exceção implícita ao princípio da legalidade, o estado
de necessidade em certos termos pode tronar licitas ou válidas decisões que normalmente seriam
ilícitas ou invalidas. Normalmente há dois princípios que presidem à atuação da administração:
procedimetalização e da decisão prévia. O que pode acontecer no estado de necessidade é a
administração aplicar um regime provisório à margem da lei em que não siga um dos princípios
que presidem à sua atuação (3º/2 do CPA e 177º/1 e 2 do CPA).
As circunstâncias particulares do estado de necessidade podem tornar legitimas decisões que não
o seriam, desde que: se as medidas adotadas eram exigíveis ou necessárias criadas pelo estado de
necessidade; se essas medidas eram adequadas a essa situação; que as medidas sejam proporcionais.
*Princípio da presunção da legalidade: a doutrina clássica associava este princípio por um lado ao
regime jurídicos dos atos anuláveis; e por outro lado, a ação proposta contra um ato anulável é
feita por um pedido principal que em regra, no nosso procedimento administrativo, não suspende
a eficácia do ato (artigo 50º/2 do CPTA). Isto acontece porque seria excessivo que bastasse a
invocação por parte de um particular de uma legalidade para paralisar toda a atividade
administrativa. Também, porque o ónus da prova compete exclusivamente aos particulares, no
entanto, o professor não concorda, acha que a administração tem sempre o dever de fundamentar
a sua atuação, devendo existir uma repartição do ónus da prova entre o particular e a administração.

PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE
*Artigo 266º/2 da CRP e 9º da CPA
*Impõem que a administração pública trate isentamente os particulares, não os favorecendo ou
desfavorecendo por razões que se prenda, com a posição dos titulares dos órgãos ou dos agentes
que têm de decidir ou de atuar.
*Tem mais eco nas garantias de imparcialidade previstas nos artigos 69º e seguintes do CPA.
As garantias de imparcialidade são os casos de impedimento e casos de escusa e suspeição.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*O impedimento (artigo 69º e seguintes) refere-se a casos respeitando a interesses mais evidentes
de decisor administrativo, do seu cônjuge, parente ou afim em linha reta ou até em 2º grau da linha
colateral, bem como de qualquer pessoa com quem viva em economia comum. A causa de
impedimento deve ser comunicada pelo titular de órgão ou agente administrativo, sob pena de
responsabilidade disciplinar, e pode ser arguida por qualquer interessado até à decisão definitiva
ou prática do ato por aquele.
Uma vez comunicada ou conhecida a arguição de causa de impedimento e até a sua apreciação
pelo superior hierárquico, deve o titular do órgão ou agente suspender a sua atividade, salvo ordem
em contrário do superior hierárquico ou inadiabilidade de medidas em situação de urgência ou de
perigo, medidas essas que deverão ser depois ratificadas por quem substituir o impedido.
Declarado o impedimento o órgão é de imediato substituído.
A consequência jurídica de uma decisão tomada em situação de impedimento é a anulabilidade nos
termos do artigo 76º.
*No caso da escusa e da suspeição (artigo 73º e seguintes), não basta a constatação de uma situação
de facto, é necessário uma avaliação e ponderação de cada caso em especifico.
A escusa e suspeição são incidentes que colocam em dúvida a imparcialidade, mas na escusa o
incidente é da iniciativo do órgão na suspeição é do lesado.
No elenco exemplificativo de casos de escusa e de suspeição o legislado usa termos muito
ambíguos.

PRINCÍPIO DA BOA FÉ
*Artigo 10º do CPA.
*Em sentido objetivo, pressupõe uma conduta leal, transparente, ética das partes da relação
jurídico-administrativa.
*O legislador inclui no princípio da boa fé dois subprincípios: principio da primazia material
subjacente e proteção da confiança legitima. O primeiro significa que o direito não se divorcia de
atingir resultados efetivos e materiais, não se basta com comportamentos ou condutas que levaram
a atingir determinado resultado.
O segundo significa uma proteção do particular contra contas e comportamentos decisões da
administração injustificadamente imprevisível. No entender do professor este deveria ser um
princípio autónomo. Os pressupostos subjacentes a este subprincípio: que haja a atuação de um
sujeito jurídico que crie uma situação de confiança no particular; que se trate de uma confiança
legitima e justificada; que haja um investimento de confiança, ou seja, com base na confiança
legítima o beneficiário do ato pode adotar condutas; que haja um nexo de causalidade entre por
um aldo a atuação da administração e a situação de confiança do particular e por outro lado entre

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

a situação de confiança legitima e o investimento de confiança; que as expectativas sejam


defraudadas.

PRINCÍPIO DA IGUALDADE
*Artigo 13º da CRP e artigo 6º do CPA
*O órgão tem que verificar da semelhança ou dissemelhança,

PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
*Artigo 8º, onde aparece associado ao artigo da justiça.
*O vinculo jurídico é a garantia dos direitos subjetivos e interesses legalmente protegidos.
*É um princípio mais vago, o raio de ação não se restringe à atividade administrativa discricionária.

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
*Artigo 7º do CPA
*A AP deve adotar os comportamentos adequados aos fins prosseguidos. As decisões da
administração que colidam com direitos subjetivos ou interesses legalmente protegidos dos
particulares só podem afetar essas posições na medida do necessário e em termos proporcionais
aos objetivos a realizar.
*Constitui um limite interno da discricionariedade administrativa.

PRICÍPIO DA JUSTIÇA

PRINCÍPIO DA BOA ADMINISTRAÇÃO


*Artigo 5º
*Traduz o atual estado do direito.
*Implica passar por um procedimento administrativo, sobretudo na fase instrutória. Uma instrução
aberta e transparente em que todas as pretensões legítimas tenham cabimento e em que a decisão
final seja um reflexo da instrução.
*Assim, a boa administração deve ser aberta, transparente, acolher todas as pretensões legítimas
das partes interessadas e que o ato final seja aquele reflexo da fase instrutória.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

A discricionariedade administrativa
*A discricionariedade significa que a lei não determina integralmente a conduta a adotar pela
administração, a lei concede à administração uma maior ou menor liberdade de escolher a melhor
solução para o caso concreto.
*Quando falamos em poder discricionário, falamos na liberdade que a lei dá à Administração de
escolher, entre uma entre várias soluções possíveis e legítimas. Apesar de haver esta hipótese, a
administração deve escolher a melhor solução para o caso concreto à luz do interesse público e à
luz da tutela dos interesses legalmente protegidos dos particulares.
*É impossível ao legislador prever todas as situações da vida, e parece também difícil prever
soluções para todas delas. É como se o legislador confiasse que a Administração está mais
habilitada a dar as respostas jurídicas, pois está mais próxima dos problemas e conhece-os melhor,
conseguindo, assim, encontrar soluções mais equitativas, atendendo às particularidades do caso
concreto.
*Com o subprincípio da precedência da lei, o poder discricionário é hoje uma concessão legislativa,
no sentido em que a Administração só dispõe dessa margem de decisão quando e na medida em
que a lei a concede. O poder discricionário é, hoje, um poder jurídico (e não arbitrário ou
caprichoso). Tem até aspetos vinculados – o fim e a competência, a que acrescem os princípios
fundamentais da atividade administrativa. 
Quando o legislador pretende conferir essa margem de
liberdade, esta deve resultar de uma opção clara do legislador, mas isso nem sempre acontece. As
técnicas legislativas diferem, e há a problemática dos conceitos jurídicos indeterminados. 
O
problema da discricionariedade não é a margem de liberdade conferida, mas o défice de controlo
jurisdicional da atividade discricionária. Se a Administração tiver agentes bem formados é até
melhor do que aplicar normas gerais e abstratas para os casos, para daí resultarem melhores
soluções e mais justas. 


Vinculação VS Discricionariedade
*São duas formas típicas pelas quais a lei modela a atividade da Administração Pública.
*Na competência administrativa vinculada a verificação da hipótese legal desencadeia, ao invés da
competência discricionária, necessariamente uma certa solução administrativa, a prevista na
estatuição legal. Nesta situação, a administração não tem o poder de escolha de soluções, tomando
a solução prevista pelo legislador.

Modalidades de discricionariedade
*Temporal: quando vai ser praticado o ato;

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

*Quo modo: Discricionariedade quanto ao procedimento e à forma a adotar;


*Discricionariedade quanto ao quid: atípica. Conteúdo do ato: quando a Administração escolhe a
melhor solução para o caso concreto e a lei não a define (ex.: possibilidade de um instrutor de um
processo disciplinar aplicar, no fim do processo, uma sanção mais pesada ou menos pesada)
*Discricionariedade quanto ao an: a lei pode conceder à Administração o poder de decidir ou não
decidir, de praticar ou não praticar certo ato. O juiz não pode condenar a Administração a praticar
um ato existindo esta discricionariedade.

Como podemos detetar quando estamos perante o exercício de uma competência


vinculada ou discricionária?
*Vinculada: verificada a hipótese legal, a estatuição determina qual a medida a adotar. 

*Discricionária: a verificação da situação congruente com a hipótese legal não determina o sentido
da decisão de forma unívoca (norma tem abertura que permite ao agente administrativo escolher
uma solução entre várias igualmente legítimas, sendo que entre essas deve-se escolher a melhor,
quer à luz do interesse público, quer à luz das garantias e interesses legalmente protegidos dos
particulares. As normas que conferem poder discricionário, normalmente, têm o conceito “pode”
ou apontam para medidas ou 
soluções em alternativa. 


A problemática dos conceitos jurídicos


indeterminados
*Por vezes, o legislador usa conceitos cujo conteúdo não é determinado prima facie. O problema
da determinação é também de grau (bem comum; urgente conveniência). A imprecisão pode ser
mais notória (bem comum, por exemplo) ou menos notória (jurista de reconhecido mérito; filme
de qualidade; prazo razoável; afetar a estética de uma povoação...). Há, por outro lado, conceitos
que são aparentemente indeterminados, os chamados conceitos classificatórios (ex.: a incapacidade
para o trabalho em resultado de um acidente, que poderá ser preenchido por um médico).
Portanto, para este efeito, falamos de conceitos relativamente indeterminados (diferentes dos
classificatórios e dos conceitos absolutamente vagos).
*Estes conceitos têm uma estrutura híbrida:
a) Uma dimensão suscetível de ver o seu conteúdo determinado pela hermenêutica;
b) Uma dimensão irredutível a qualquer tentativa de determinar o seu sentido e alcance
objetivamente através da hermenêutica. Apenas nesta dimensão surge a discricionariedade.

Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

Auto vinculação da Administração


*Quando a lei concede à Administração uma margem de liberdade para encontrar a melhor solução
para o caso concreto sempre à luz do interesse público e dos interesses legalmente protegidos, a
Administração pode decidir auto vincular-se/autolimitar-se através de normas gerais e abstratas,
que estabelecerão os critérios que vão presidir à resolução de um certo tipo de casos – critérios
previamente definidos – e, assim, a Administração não vai decidir caso a caso à luz das situações
concretas mas à luz das normas gerais e abstratas que criou para aquela categoria de atos/situações.
Outra questão que se coloca aqui é de saber se a lei atributiva de poder discricionário exige ou não
o mínimo de abertura na estatuição da norma, para que esta permita que a Administração disponha
de alguma margem de livre decisão na aquisição do material de ponderação. Não pode ser auto
vinculação total e absoluta que faça com que o agente fique sem uma margem mínima de captação
do material instrutório e de livre decisão. Atender a circunstancialismos que dão a capacidade para
atender a contornos próprios da situação concreta.

Controlo jurisdicional
*O juiz não tem dificuldade sindicar os aspetos vinculados.
*Controlo jurisdicional de inteira legalidade, artigo 161º/b CPA.
*Quanto aos princípios fundamentais da atividade administrativa, estamos numa situação de
fronteira entre a legalidade e o mérito. Este controlo é simultaneamente mais restrito e mais amplo.
*Artigo 3º/1 CPTA: os tribunais não podem julgar o mérito da atuação da Administração, mas
apenas a sua legalidade; os tribunais não podem substituir a Administração na tomada de uma
decisão, por uma questão de mérito – isto seria uma violação da separação de poderes.
*O juiz fará, então, no caso dos princípios, um controlo da legalidade mais intenso do que o
controlo da legalidade de uma norma formal. Juiz pode invalidar a atuação da Administração pela
violação de normas, mas também pela violação de princípios – ato anulável.
*Outras questões em que o juiz pode “ir mais além”: erro de facto; erro manifesto de
apreciação.
O juiz não pode julgar com base em factos inexistentes ou falseados (ex.: ato que tem
pressupostos fácticos errados).
Esta técnica tem como limite a evidência do erro – o erro tem de
ser evidente. Isto limita o alcance, o âmbito e a profundidade do controlo jurisdicional. Por causa
deste limite, este é hoje um passo tímido no controlo jurisdicional dos atos discricionários,
podendo haver erros que, por não serem manifestos, gozam de imunidade.

*O professor destaca a importância de distinguir três operações intelectuais:
a) Constatação do facto – existe ou não existe; 


Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)


lOMoARcPSD|6281504

b) Apreciação do facto – consequências práticas que resultam dessa constatação dos factos;
c) Qualificação jurídica – retirar as consequências jurídicas do facto. Enquadrar a situação
factual numa categoria jurídica e daí retirar o regime jurídico aplicável. Aqui falamos de
consequências não práticas, mas jurídicas, sobre as quais o juiz pode manifestar-se. Na
apreciação das consequências fácticas da situação, o juiz já não pode intervir. 
Problema
da jurisprudência atual: confundir-se apreciação fáctica com qualificação jurídica do facto
e consequência jurídica (aqui o tribunal pode intervir). A qualificação jurídica é um
momento inteiramente vinculado – prende-se com interpretar e aplicar a lei e, aqui, quem
tem a última palavra é o juiz. 
A apreciação jurisdicional é mais reduzida (o juiz tende a
acantonar-se nos aspetos vinculativos da atividade administrativa) e mais ampla
(importância dos princípios como parâmetros normativos autónomos do juiz). O controlo
jurisdicional é mais restrito (por causa da dicotomia e fronteira entre legalidade e mérito) e
é mais amplo (porque engloba princípios e considerações que, normalmente, não entram
em âmbitos vinculados, a não ser para a interpretação). 
O exercício do poder
discricionário é um poder jurídico. Noção próxima/complementar mas distinta da noção
de mérito (melhor solução para o caso concreto). O mérito é um resultado do exercício do
poder discricionário. Não tem sentido que o resultado do exercício do poder discricionário
não seja também suscetível de apreciação jurisdicional. O resultado do exercício deste
poder devia ser, nem que apenas indiretamente, sindicável. 


Descarregado por Zuleica Barbosa (vibesb34@gmail.com)

Você também pode gostar