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Resumo: Leonardo Garcia Conforme STF e STJ, o CDC NÃO incide nos

contratos celebrados antes de sua vigência,


TÍTULO I salvo os contratos de execução diferida e prazo
Dos Direitos do Consumidor indeterminado, uma vez que o contrato é
renovado a cada pagamento efetuado
CAPÍTULO I (contrato de trato sucessivo e execução
Disposições Gerais continuada).

Art. 1° O presente código estabelece O preceito de respeito ao ato jurídico perfeito


normas de proteção e defesa do consumidor, tb se aplica às leis de ordem pública.
de ordem pública e interesse social, nos termos
dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou
Constituição Federal e art. 48 de suas jurídica que adquire ou utiliza produto ou
Disposições Transitórias. serviço como destinatário final.

Por ser de ordem pública, prevalece sobre a Parágrafo único. Equipara-se a consumidor
vontade das partes, sendo indisponíveis e a coletividade de pessoas, ainda que
inafastáveis por regularem valores básicos e indetermináveis, que haja intervindo nas
fundamentais do Estado Social. relações de consumo.

Diante disso, o juiz pode apreciar qualquer Duas correntes sobre o conceito de
matéria de ofício (nulidade de cláusula, consumidor: Finalista e Maximalistas:
inversão do ônus da prova, desconsideração da
personalidade jurídica), exceção é a súmula 381 Finalista- ou subjetiva: Parte do conceito
que veda o reconhecimento de cláusula abusiva econômico de consumidor, propõe
nos contratos bancários. interpretação restrita quando ao “consumidor
final”, ou seja, apenas a parte mais vulnerável
Súmula 381 do STJ: "Nos contratos bancários, é na relação contratual merece tutela.
vedado ao julgador conhecer, de ofício, da
abusividade das cláusulas. Consumidor seria, então, o não profissional, ou
seja, aquele que retira o bem do mercado ao
O artigo 5º da CF coloca a defesa do adquiri-lo ou utilizá-lo (destinatário final fático),
consumidor dentro dos direitos e garantias e que coloca fim a cadeia de produção
fundamentais. (destinatário final econômico).

Ademais, a defesa do consumidor foi elencada A utilização deve romper a atividade econômica
como princípio da atividade econômica, para o ,atendimento de necessidade privada,
procurando compatibilizar a defesa do pessoal, não podendo ser reutilizado, o bem ou
consumidor com a livre iniciativa. serviço, no processo produtivo, ainda que de
forma indireta.
Assim, há dois tratamentos: como direito
fundamental (cláusula pétrea) e como princípio Essa teoria exclui a proteção do consumidor
da ordem econômica).- Prova oral MPMG. intermediário, considerado como aquele cujo
produto retorna para a cadeia de produção e
O Direito do consumidor está inserido na 3º distribuição, compondo o custo, no produto
geração (dimensão) dos direitos fundamentais. fina, de um novo bem e serviço.

Ademais, é um microssistema jurídico na Maximalista: o consumidor seria o destinatário


medida em que regula todos os aspectos da fático, pouco importando a destinação
proteção do direito do consumidor. econômica. Definição puramente objetiva, uma
vez que não importa a finalidade da aquisição.
Obs: o CDC não é formado em sua integralidade
por normas de direito público, se aplicando STJ: adota a teoria finalista.
apenas nas relações de consumo.

@Andreza_concurseira
Finalismo aprofundado ou mitigado: Todavia,
o STJ admite uma mitigação da teoria finalista,
se comprovado uma vulnerabilidade no caso
concreto. (Vulnerabilidade econômica/ jurídica Obs: ente despersonalizado pode ser
e técnica). Há um aprofundamento no caso consumidor (Ex: condomínio).
concreto para enquadrar como consumidor.
Consumidor é tanto que adquire, quando o que
A relação de consumo se caracteriza, não pela utiliza os bens e serviços.
pessoas física ou jurídica do outro polo, mas
por conta da vulnerabilidade de uma das
Comprar pra revender: não é consumidor (é
partes.
comerciante).

Segundo o STJ, numa relação interempresarial,


Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou
poderá apresentar novas formas de
jurídica, pública ou privada, nacional ou
vulnerabilidade: relação de dependência de
estrangeira, bem como os entes
uma das partes frente a outra, monopólio no
despersonalizados, que desenvolvem atividade
fornecimento de bens e serviços, etc.
de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou


imóvel, material ou imaterial.

Ex: de imaterial: programa de computador.

§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida


no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária,
salvo as decorrentes das relações de caráter
trabalhista.

Fornecedor é gênero, do qual são espécies: o


produtor, o montador, o criador, o fabricante, o
construtor, o transformador, o importador, o
exportador, o distribuidor, o comerciante e o
A vulnerabilidade da pessoa física é presumida,
prestador de serviço.
a da pessoa física deve ser provada.

Quando o CDC refere-se à fornecedor, ele


No Brasil, as pessoas jurídicas de direito
abarca todos na referida reponsabilidade,
PÚBLICO PODEM ser consumidoras, desde que
quando quer direcionar a responsabilidade, usa
vulneráveis na relação jurídica.
a espécie. Ex: em caso de produto industrial,
cabe o fabricante prestar as informações (art.
08,§1º)- não é solidária. Ex: cabe ao fabricante
(não o comerciante assegurar oferta de
componentes e peças de reposição.

@Andreza_concurseira
Elementos subjetivos da relação de consumo:
consumidor e fornecedor.

Elemento objetivo: produto e serviço

Para ser fornecedor tem que desenvolver a Aplica-se o CDC entre o canal de televisão e seu
atividade com habitualidade. Ex: uma empresa público.
de viagem que vende veículo próprio não é
fornecedora, segundo STJ. Aplica-se o CDC entre o agente financeiro do
SFH, que concede empréstimos para aquisição
Fornecedor equiparado: teoria criada por da casa própria, e o mutuário. Exceção: não
Leonardo Bessa, é o terceiro na relação de aplica do CDC quando SFH possuir cláusula de
consumo (intermediário) que atua frente ao FCVS (Fundo de Compensação de Variação
consumidor, como se fornecedor fosse. Ex: Salarial), por importar garantia do governo em
banco de dados. relação ao saldo devedor.

O estatuto do torcedor equipara a fornecedor a Aplica-se o CDC nos casos de sociedades e


entidade responsável pela organização da associações sem fins lucrativos quando
competição, bem como a entidade detentora fornecem produtos ou prestam serviços
do mando de jogo. remunerados.

A doutrina classifica os fornecedores nas


seguintes categorias:

Fornecedor Envolve o fabricante, o


Real produtor e construtor
Fornecedor O detentor do nome, da
Aparente marca colocado no produto
final.
Fornecedor O importador de produto
Presumido industrializado ou in natura
e o comerciante de
produto anônimo.

Produto: é amplo, o código não limitou,


inclusive, os brindes.

Serviço: exclui as atividades desempenhadas à


título gratuito (puramente). Remuneração
indireta enquadra no conceito de serviço.
Súmula 608 STJ: aplica-se o CDC aos contratos
STJ: Não incide o CDC na prestação do serviço de plano de saúde, salvo os administrados por
público de saúde, uma vez que não há entidade de autogestão. (Entidade de
nenhuma espécie de remuneração. autogestão é pessoa jurídica de direito privado
sem finalidade lucrativa que opera plano de
Súmula 297- STJ: o código de defesa do saúde de forma exclusiva a um determinado
consumidor é aplicável as instituições grupo de beneficiários. Não há
financeiras. comercialização.)

Súmula 563 STJ: o CDC é aplicável as entidades


abertas de previdência complementar, não
incidindo nos contratos previdenciários
celebrados com entidade fechada.

@Andreza_concurseira
Aplica-se o CDC à cooperativa de crédito, pois CAPÍTULO II
esta integra o sistema financeiro nacional. Da Política Nacional de Relações de Consumo

Aplica-se o CDC em relação ao correio e os Art. 4º A Política Nacional das Relações de


usuários dos serviços. Consumo tem por objetivo o atendimento das
necessidades dos consumidores, o respeito à
sua dignidade, saúde e segurança, a proteção
de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a
transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes
Súmula 602 STJ: aplica-se o CDC aos princípios: (Redação dada pela Lei nº
empreendimentos habitacionais promovidos 9.008, de 21.3.1995)
pelas sociedades cooperativas.
I - reconhecimento da vulnerabilidade do
NÃO APLICAÇÃO DO CDC: consumidor no mercado de consumo;

- Não incide no Fundo de Financiamento A vulnerabilidade é reconhecida a todo


Estudantil (FIES),por ser programa consumidor, elencada como princípio da
governamental custeado pela Unão. política nacional de consumo, que visa garantir
igualdade formal-material aos sujeitos da
- relações entre condômino e condomínio; relação jurídica.

- não aplicação em contrato de aluguel predial A doutrina diferencia a vulnerabilidade da


urbano; hipossuficiência. A vulnerabilidade é um
fenômeno de direito MATERIAL com presunção
absoluta (Jure et de Juris). A hipossuficiência é
-não se aplica à atividade notarial (cartórios);
fenômeno de direito PROCESSUAL, que deverá
ser analisado em cada caso concreto.
-não se aplica no contrato de franquia na
relação franqueador e franqueado.
Todo consumidor hipossuficiente é vulnerável,
mas a recíproca não é verdadeira.
-não se aplica na execução fiscal;
O STJ utiliza da análise da vulnerabilidade do
- não se aplica à previdência social;
caso concreto para aplicar a teoria finalista
mitigada (aprofundado).
-não se aplica na relação entre contador e
condômino;
HIPERVULNERABILIDADE: expressão do
ministro do STJ Antônio Herman Benjamin.
- Não se aplica entre lojistas e administradores Trata-se da vulnerabilidade agravada em alguns
de Shopping Center; circunstância, que pode ser permanente
(deficiente físico ou mental) ou temporárias
- Não se aplica em serviços advocatícios; (doença, criança, idoso, gravidez, entre outros).

-plano de saúde de autogestão (súmula 608); “Os vulneráveis incluem um subgrupo de


sujeitos hipervulneráveis. A proteção de
- não aplica em entidade FECHADA de subgrupo beneficia toda a sociedade, por
previdência complementar; abraçar a dimensão intangível e humanista dos
princípios da dignidade da pessoa humana e da
- não aplica ao segurados do DPVAT; solidariedade.”

- não se aplica entre empresa intermediadora II - ação governamental no sentido de


de moeda virtual (BITCOIN) e instituição proteger efetivamente o consumidor:
financeira;
a) por iniciativa direta;

@Andreza_concurseira
b) por incentivos à criação e abusivas, reduzindo, de certa
desenvolvimento de associações forma, a autonomia dos
representativas; contratantes,
Função Integrativa/ Insere novos deveres anexos
c) pela presença do Estado no mercado criadora de deveres para as partes. Além do
de consumo; laterais (anexos)- 422 CC. contrato, as partes devem
Tb chamado pela observar outras condutas
d) pela garantia dos produtos e serviços doutrina: “violação (deveres anexos / deveres
com padrões adequados de qualidade, positiva do contrato” ou laterais). A violação desses
segurança, durabilidade e desempenho. “adimplemento ruim”. deveres implica
inadimplemento do contrato.
III - harmonização dos interesses dos Ex: proteção, informação,
participantes das relações de consumo e cooperação, cuidado, etc.
compatibilização da proteção do consumidor
com a necessidade de desenvolvimento Dever anexo de informação: na seara médica,
econômico e tecnológico, de modo a viabilizar vige o princípio do consentimento esclarecido.
os princípios nos quais se funda a ordem Para o STJ “age com cautela e conforme os
econômica (art. 170, da Constituição Federal), ditames da boa-fé objetiva, o médico que colhe
sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas a assinatura do paciente em “termo de
relações entre consumidores e fornecedores; consentimento informado” de maneira a alertá-
lo acerca de eventuais problemas que possam
Com efeito, a intervenção do Estado na surgir no pós-operatório, sendo o ônus da
atividade econômica encontra autorização prova do médico. Com efeito, a
constitucional, quando tem por finalidade a responsabilidade subjetiva do médico não
proteção do consumidor, a fim de evitar impede a inversão do ônus da prova se
distorções e desequilíbrios. presente os requisitos do artigo 6º, VIII.

Verifica-se, neste artigo, a presença do Teoria do DUTY TO MITIGATE THE LOSS: trata-
princípio da boa-fé objetiva e o princípio do se do dever anexo do credor de mitigar suas
equilíbrio nas relações de consumo. próprias perdas em virtude do inadimplemento
do devedor, baseado nos deveres anexos de
cooperação, lealdade, eticidade. Essa teoria foi
A boa-fé objetiva estabelece um dever de
disposta no enunciado 169 da III jornada de CC:
conduta entre os fornecedores e consumidores,
“o princípio da boa-fé objetiva deve levar
no sentido de agirem com lealdade e confiança
credor a evitar o agravamento do seu próprio
no adimplemento do contrato, protegendo as
prejuízo. STJ: os contratantes devem tomar
expectativas de ambas as partes. Em resumo,
medidas necessárias e possíveis para que o
consiste um conjunto de padrões éticos de
dano não seja agravado.
comportamentos, aferíveis objetivamente, que
devem ser seguidos pelas partes.
Contratos relacionais: São contratos em que
criam-se relações jurídica complexas de longa
O princípio da confiança não está expresso no
duração, no qual o consumidor fica dependente
CDC.
de sua manutenção. Ex: contrato de plano de
saúde, de seguro, de previdência privada.
Funções da boa-fé objetiva: (Cláudia Limas marques denomina esses
contratos de “contratos cativos de longa
Função teleológica/ Serve de orientação para o juiz,
duração”, pois tratam de relações contratuais
interpretativa devendo este prestigiar, diante
que utilizam métodos de contratação em
de convenções e contratos,massa,
a visando fornecer serviços essenciais no
teoria da confiança, segundomercado,
a formada por fornecedores com uma
qual as partes agem com característica fundamental: a posição de
lealdade na busca do
catividade ou dependência dos consumidores”
adimplemento contratual.
Função de controle/ Visa evitar abuso do direito
Conforme o STJ, como se trata de contratos
limitadora (187 cc) subjetivo, limitando as
relacionais, de longa duração, ofende a boa-fé
condutas e práticas comerciais
o aumento abrupto das mensalidades.

@Andreza_concurseira
IV - educação e informação de III - criação de delegacias de polícia
fornecedores e consumidores, quanto aos seus especializadas no atendimento de
direitos e deveres, com vistas à melhoria do consumidores vítimas de infrações penais de
mercado de consumo; consumo;

Lei 12.291/2010 tornou obrigatória a IV - criação de Juizados Especiais de


manutenção de um exemplar do CDCD nos Pequenas Causas e Varas Especializadas para a
estabelecimento comerciais e de prestação de solução de litígios de consumo;
serviço.
V - concessão de estímulos à criação e
Lei 12.741/2012 dispõe sobre as medidas de desenvolvimento das Associações de Defesa do
esclarecimentos do consumidor sobre tributos Consumidor.
incidentes nos preços dos produtos e serviços.
§ 1° (Vetado).
Lei 13.305/2016 que determinou que os rótulos
de alimentos, que contenham lactose, devem § 2º (Vetado).
indicar a presença da substância.

V - incentivo à criação pelos fornecedores


de meios eficientes de controle de qualidade e CAPÍTULO III
segurança de produtos e serviços, assim como Dos Direitos Básicos do Consumidor
de mecanismos alternativos de solução de
conflitos de consumo;
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
rol Exemplificativo.
Foi criada pela Secretaria Nacional do
Consumidor uma plataforma em que o
Os direitos elencados no CDC só podem
consumidor registra a reclamação e acompanha
proteger os vulneráveis, ou seja, o consumidor,
a resposta de seu problema.
não pode ser usado a favor do fornecedor.

VI - coibição e repressão eficientes de


I - a proteção da vida, saúde e segurança
todos os abusos praticados no mercado de
contra os riscos provocados por práticas no
consumo, inclusive a concorrência desleal e
fornecimento de produtos e serviços
utilização indevida de inventos e criações
considerados perigosos ou nocivos;
industriais das marcas e nomes comerciais e
signos distintivos, que possam causar prejuízos
II - a educação e divulgação sobre o
aos consumidores;
consumo adequado dos produtos e serviços,
asseguradas a liberdade de escolha e a
VII - racionalização e melhoria dos serviços
igualdade nas contratações;
públicos;
III - a informação adequada e clara sobre os
VIII - estudo constante das modificações do
diferentes produtos e serviços, com
mercado de consumo.
especificação correta de quantidade,
características, composição, qualidade, tributos
Art. 5° Para a execução da Política Nacional incidentes e preço, bem como sobre os riscos
das Relações de Consumo, contará o poder que apresentem;
público com os seguintes instrumentos, entre
outros:
IV - a proteção contra a publicidade
enganosa e abusiva, métodos comerciais
I - manutenção de assistência jurídica, coercitivos ou desleais, bem como contra
integral e gratuita para o consumidor carente; práticas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços;
II - instituição de Promotorias de Justiça de
Defesa do Consumidor, no âmbito do V - a modificação das cláusulas contratuais
Ministério Público; que estabeleçam prestações desproporcionais

@Andreza_concurseira
ou sua revisão em razão de fatos limitação da indenização, nos termos da
supervenientes que as tornem excessivamente convenção de Varsóvia e Montreal.
onerosas;
Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos
Lesão: gera a modificação. consistente em transportes aéreo, aquático e terrestre,
prestações desproporcionais. Diferente do CC, devendo, quanto à ordenação do transporte
que exige a demonstração da necessidade ou internacional, observar os acordos firmados
inexperiência, o CDC já considera o consumidor pela União, atendido o princípio da
como vulnerável, basta as prestações reciprocidade.
desproporcionais.
As convenções não regulamentam os danos
Onerosidade excessiva: gera a revisão. Teoria MORAIS, assim, prevalece o princípio da
do rompimento da base objetiva do negócio reparação integral.
jurídico. Não se adotou, diferente do CC, a
teoria da imprevisão. Assim, não exige-se que o Ademais, o prazo prescricional passa a ser de
evento seja imprevisível, basta que o fato 02 anos e 05 ano (CDC), contados a partir da
superveniente altere objetivamente as bases data da chegada ao destino.
pelas quais as partes contrataram, alterando a
situação econômica inicialmente presente, não VII - o acesso aos órgãos judiciários e
levando em consideração, assim, os aspectos administrativos com vistas à prevenção ou
subjetivos (fato imprevisível). reparação de danos patrimoniais e morais,
individuais, coletivos ou difusos, assegurada a
478, adotou claramente a teoria da imprevisão. proteção Jurídica, administrativa e técnica aos
Prescreve o mesmo que "nos contratos de necessitados;
execução continuada ou diferida, se a
prestação de uma das partes se tornar DANO MORAL: 5, V, X da CF/88- 186 CC/ 6, VI, e
excessivamente onerosa, com extremo VII CDC.
vantagem para a outra, em virtude de
acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
poderá o devedor pedir a resolução do
contrato".

VI - a efetiva prevenção e reparação de


danos patrimoniais e morais, individuais,
coletivos e difusos;

Possibilidade de ressarcimento integral dos


danos sofridos (princípio da ampla reparação):
Não aplicação da indenização tarifária.

Todavia, o STF, em julgamento de RE com afirmou que ele teria "cara de vagabundo".
repercussão geral, entendeu que as
Convenções de Varsóvia e Montreal, em razão O simples soar falso do alarme antifurto não
do artigo 178 da CF, tem prevalência sobre o acarreta dano moral. (STJ, REsp. 470.694-PR,
CDC. Assim, no tocante aos danos MATERIAIS, Rei. Min. Aldir Passarinho Junior, j. 7/2/2008).
em transporte aéreo internacional, haverá

@Andreza_concurseira
"O valor do dano moral tem sido enfrentado no Julgamentos importantes sobre dano moral no
STJ com o escopo de atender a sua dupla STJ:
função (reparar e punir): reparar o dano
buscando minimizar a dor da vítima e punir o - não gera dano moral ao torcedor de futebol, o
ofensor, para que não volte a reincidir." (STJ, erro que NÃO foi intencional da arbitragem na
REsp 715320/SC, Rei. Min. Eliana Calmon, DJ partida de futebol;
11.09.2007).
- Extravio de carta registrada gera dano moral.
A modificação do quantum arbitrado a título de
danos morais somente é admitida, em sede de
recurso especial pelo STJ, na hipótese de
fixação em valor irrisório ou abusivo.

De um modo geral, são três os critérios


avaliados na estipulação do valor do dano
moral: grau de culpa do ofensor; gravidade da
ofensa e situação econômica do ofensor e do
ofendido. (deve ser feito com moderação,
proporcionalidade, usando da experiência e do
bom senso, atento a peculiaridade de cada
caso).
- Fila em banco. O simples excesso do tempo
Método bifásico do Ministro do STJ Tarso permitido na legislação não é suficiente para o
Sanseverino: Na primeira fase, estipula o valor dano moral.
básico (inicial) da indenização, em
conformidade com os precedentes - não há dano moral, se o consumidor consome
jurisprudencial sobre a matéria, segundo a produto com larvas, se o consumo ocorrer após
justiça comutativa, em que é razoável dispensar a data de validade. Essa circunstância rompe
tratamento igualitário para casos semelhantes, com o nexo de causalidade e afasta o dever de
assim como que, em situações distintas, sejam indenizar.
tratadas desigualmente na medida em que se
diferenciam. - "apenas em situações excepcionais, quando,
por exemplo, o consumidor necessita retornar
Na segunda fase, procede-se a fixação à concessionária por diversas vezes para
definitiva da indenização, ajustando o reparar o veículo adquirido, a jurisprudência
montante com base nas peculiaridade do caso desta Corte tem considerado cabível
em análise. Partindo da indenização base, indenização por dano moral em decorrência de
eleva-se ou reduzir-se o valor de acordo com o defeito em veículo zero quilômetro ... "
caso concreto (grau de culpa do ofensor,
intensidade da gravidade, situação econômica
do ofensor e ofendido, culpa concorrente da
vítima.)

Outros posicionamentos: Os contratos de


seguro por danos pessoais abrangem
automaticamente os danos patrimoniais e
morais. (Dano pessoal engloba o dano moral).
Súmula 402 (salvo cláusula expressa de
exclusão). De igual forma, os danos estéticos,
para serem excluídos do seguro, devem estar
de forma expressa.

@Andreza_concurseira
situações intoleráveis, em que há desídia e
desrespeito aos consumidores, que muitas
vezes se veem compelidos a sair de sua rotina e
perder o tempo livre para solucionar problemas
causados por atos ilícitos ou condutas abusivas
de fornecedores. Tais situações fogem do que
usualmente se aceita como "normal", em se
tratando de espera por parte do consumidor.
São aqueles famosos casos de cal/ center em
que se espera durante 30 minutos ou mais,
sendo transferido de um atendente Para outro.

Dano moral coletivo: STJ, em um julgado há 12


anos, não aceitava, exigindo, para tanto, dor,
sofrimento ligado à uma pessoa. Atualmente, é
amplamente aceita pela jurisprudência e
doutrina. “O dano extrapatrimonial coletivo
prescinde da prova da dor, sentimento ou abalo
psicológico sofridos pelos indivíduos. Como
transindividual, manifesta-se no prejuízo à
imagem e moral coletivas e sua averiguação
deve pautar-se nas características próprias aos
interesses difusos e coletivos. Dessarte, o dano
moral coletivo pode ser examinado e
- vício do produto não causa, por si só, dano mensurado.”
moral./ - atraso na entrega no imóvel não
causa, por si só, dano moral (2017);/ - não há
Os danos morais coletivos estão expressamente
dano moral presumidor no simples atraso de
previstos no inciso VI deste artigo, sendo a
voo internacional (2018);/ - o simples atraso na
primeira norma a tratar expressamente do
entrega de móveis planejados não gera dano
dano moral coletivo.
moral; / -venda de imóvel em duplicidade não
gera, por si só, dano moral (2018);/ Ficar 5 dias
seguidos sem energia, por si só, não gera dano
moral (2018);

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos


(fundamento), inclusive com a inversão do ônus
da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a
alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

A inversão, nesse artigo, não é automática, mas


sim ope judici (por ato do juiz), que pode ser
Teoria da indenização pela perda do tempo concedida de OFÍCIO ou a requerimento, por
livre (desvio produtivo do consumidor): a ser norma de ordem pública.
indenização pela perda do tempo livre trata de

@Andreza_concurseira
A regra adotada pelo CDC é da distribuição pagamento das despesas. (Julgado de 2020
dinâmica da prova, justamente, pela nesse sentido também), no entanto, sofre as
possibilidade de inversão do ônus pelo consequências processuais advindas da não
magistrado. O CPC/73, por sua vez, adotada a produção da prova.
distribuição estativa, de forma a distribuir o
ônus da prova de forma prévia e abstrata. O Ressalta-se que o CDC adotou 3 hipóteses de
CPC/15 adotou as duas possibilidades. inversão ope legIs:

Vulnerabilidade x Hipossuficiência:

A vulnerabilidade é um fenômeno de direito


material com presunção absoluta - jure et de
juris (art. 4. O consumidor é reconhecido pela
lei como um ente "vulnerável"), enquanto a
hipossuficiência, é um fenômeno de índole
processual que deverá ser analisado
casuisticamente (art. 6. VIII - a hipossuficiência 12,§3º,II e 14,§3º, I: é do fornecedor o ônus de
deverá ser averiguada pelo juiz segundo as provar que não existe defeito no produto/
regras ordinárias de experiência). serviço.

A hipossuficiência econômica e técnica: 38: que atribui ao patrocinador da publicidade


o ônus de provar a veracidade das informações
Econômico: relaciona-se à carência econômica veiculadas.
do consumidor. O Segundo referente ao
desconhecimento técnico científico em provar Ademais, o artigo 51, VI, estabelece a nulidade
os fatos constitutivos de seu direito. da cláusula que inverte o ônus em prejuízo ao
consumidor.
A hipossuficiência que pode dar ensejo à
inversão do ônus da prova não é apenas a
econômica, mas também a técnica, decorrente
tanto da dificuldade de acesso do consumidor
ao sistema produtivo, quanto do conhecimento
do funcionamento do produto.

Regra de julgamento x Regra de instrução:

A Segunda Seção do STJ, julgando a divergência


que havia entre a Terceira e a Quarta Turmas,
por maioria, adotou a regra de procedimento
como a melhor regra para o momento da
inversão do ônus da prova. (STJ, REsp
802832/MG, Rei. Ministro Paulo de Tarso
Sanseverino, Segunda Seção, DJe 21/09/2011) IX - (Vetado);

X - a adequada e eficaz prestação dos


serviços públicos em geral.

Parágrafo único. A informação de que trata


o inciso III do caput deste artigo deve ser
acessível à pessoa com deficiência, observado o
disposto em regulamento. (Incluído pela
A inversão do ônus da prova não tem o condão Lei nº 13.146, de 2015- estatuto da pessoa com
de obrigar o fornecedor a arcar com as custas deficiência) (Vigência)
da prova requerida pelo consumidor. Diferença
entre inversão do ônus da prova e inversão do

@Andreza_concurseira
Banco tem que fornecer documentos em braile um prazo maior previsto no CC, para demanda
a clientes com deficiência visual. (STJ, REsp proposta pelo consumidor, não aplicando o
1315822/RJ, Rei. Ministro Marco Aurélio prazo do artigo 27 do CDC, mas sim, o prazo de
Bellizze, Terceira Turma, DJe 16/04/2015) dez anos, previsto no artigo 205 do CC.

Art. 7° Os direitos previstos neste código Solidariedade dos causadores do danos:


não excluem outros decorrentes de tratados ou
convenções internacionais de que o Brasil seja
signatário, da legislação interna ordinária, de
regulamentos expedidos pelas autoridades
administrativas competentes, bem como dos
que derivem dos princípios gerais do direito,
analogia, costumes e eqüidade. Rol não
taxativo.

Parágrafo único. Tendo mais de um autor a


ofensa, todos responderão solidariamente pela Exceção da regra da solidariedade: Art. 19, § 2,
reparação dos danos previstos nas normas de Responsabilidade EXCLUSIVA do fornecedor
consumo imediato ou comerciante quando fizer a
pesagem ou a medição do produto e o
Três espécie de diálogos das fontes, Cláudia instrumento utilizado não estiver aferido
lima marques: segundo os padrões oficiais.

O diálogo sistemático de coerência: é CAPÍTULO IV


identificado pela aplicação conjunta e Da Qualidade de Produtos e Serviços, da
simultânea de duas leis, uma lei deve servir de Prevenção e da Reparação dos Danos
base conceitual para a outra, evitando a
sobreposição, preservando o âmbito de SEÇÃO I
aplicação de ambas às leis, utilizando-se o Da Proteção à Saúde e Segurança
fundamento teleológico das norma. Ex. 1:
Compra e venda de consumo, são aplicáveis as Art. 8° Os produtos e serviços colocados no
regras básicas do CC/02 com os princípios do mercado de consumo não acarretarão riscos à
CDC. saúde ou segurança dos consumidores, exceto
os considerados normais e previsíveis em
Diálogo de complementariedade e decorrência de sua natureza e fruição,
subsidiariedade: é a possibilidade de uma lei obrigando-se os fornecedores, em qualquer
incidir de maneira complementar (forma direta) hipótese, a dar as informações necessárias e
ou subsidiária (forma indireta) a aplicação de adequadas a seu respeito.
outra, no sentido contrário da revogação ou ab-
rogação clássicas, em que uma lei era superada § 1º Em se tratando de produto industrial,
e ‘retirada’ do sistema pela outra. Ex. 1: ao fabricante cabe prestar as informações a
Contrato que são de consumo e de adesão ao que se refere este artigo, através de impressos
mesmo tempo, no que diz respeito as cláusulas apropriados que devam acompanhar o
abusivas, poderá ser aplicado o art.51 do CDC e produto. (Redação dada pela Lei nº 13.486, de
também o art. 424 CC ambos para proteção dos 2017)
consumidores. (Art. 424. Nos contratos de
adesão, são nulas as cláusulas que estipulem a
§ 2º O fornecedor deverá higienizar os
renúncia antecipada do aderente a direito
equipamentos e utensílios utilizados no
resultante da natureza do negócio.). Há uma
fornecimento de produtos ou serviços, ou
aplicação subsidiária ou complementar entre as
colocados à disposição do consumidor, e
leis.
informar, de maneira ostensiva e adequada,
quando for o caso, sobre o risco de
Diálogo de coordenação e adaptação contaminação. (Incluído pela Lei nº 13.486, de
sistemática ou de influências recíprocas: é a 2017)
influência do sistema especial no sistema geral,
bem como do geral no especial. Ex: A busca de

@Andreza_concurseira
No caput do art. 8º. Responsabilidade do informando de maneira ostensiva e adequada,
"fornecedor" informar sobre os riscos dos quando for o caso, sobre os riscos de
produtos e serviços. § 1º do art. 8, A contaminação. O exemplo dado, no projeto de
responsabilidade é do "fabricante" e não do lei justificando a necessidade de inclusão desta
"fornecedor", uma vez que se trata obrigatoriedade é que as pesquisas mostram
especificamente de produto industrial. que equipamentos como carrinhos de
(fornecedor é gênero, enquanto que fabricante supermercados e mouses usados em
é espécie). computadores de cybercafés são os objetos
usados no dia a dia mais contaminados por
O Ministro Antônio Herman Benjamin, bactérias.
amparado no direito comparado, propõe a
seguinte divisão: periculosidade inerente Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços
(latente/ escondido/obscuro); periculosidade potencialmente nocivos ou perigosos à saúde
adquirida (em razão de defeito) e ou segurança deverá informar, de maneira
periculosidade exagerada. ostensiva e adequada, a respeito da sua
nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da
adoção de outras medidas cabíveis em cada
caso concreto.

Art. 10. O fornecedor não poderá colocar


no mercado de consumo produto ou serviço
que sabe ou deveria saber apresentar alto grau
de nocividade ou periculosidade à saúde ou
segurança.

§ 1° O fornecedor de produtos e serviços


que, posteriormente à sua introdução no
mercado de consumo, tiver conhecimento da
periculosidade que apresentem, deverá
comunicar o fato imediatamente às
autoridades competentes e aos consumidores,
mediante anúncios publicitários.

§ 2° Os anúncios publicitários a que se


refere o parágrafo anterior serão veiculados na
imprensa, rádio e televisão, às expensas do
Medicamento que adverte na bula sobre fornecedor do produto ou serviço.
possíveis riscos e danos a serem causados.
Periculosidade inerente. Não indenização ao § 3° Sempre que tiverem conhecimento de
consumidor: periculosidade de produtos ou serviços à saúde
ou segurança dos consumidores, a União, os
Em se tratando de produto de periculosidade Estados, o Distrito Federal e os Municípios
inerente, cujos riscos são normais à sua deverão informá-los a respeito.
natureza (medicamento com contra-indicações)
e previsíveis (na medida em que o consumidor Teoria do Risco do Negócio (da atividade): a
é deles expressamente advertido), eventual obrigação do fornecedor de comunicar aos
dano por ele causado ao consumidor não consumidores e autoridades sobre produtos
enseja a responsabilização do fornecedor, pois, perigosos introduzidos no mercado mediante
de produto defe i tuoso não se cuida.'' (STJ, anúncios publicitários (dever pós-contratual)
REsp 1599405/SP, Rei. Ministro Marco Aurélio por meio do RECALL.
Beillizze, Terceira Turma, DJe 17/04/2017).
Recai/. Quando se descobre que um produto,
Inclusão do §2º pela Lei 13.486/2017: estipula a por exemplo, foi posto no mercado de
obrigação de o fornecedor higienizar os consumo com algum defeito de fabricação,
equipamentos e utensílios utilizados no deve o fornecedor comunicar a constatação aos
fornecimento de produtos ou serviços,

@Andreza_concurseira
consumidores, chamando de volta do mercado § 1° O produto é defeituoso quando não
os produtos imprestáveis - nocivos ou oferece a segurança que dele legitimamente se
perigosos – de modo a possibilitar o conserto espera, levando-se em consideração as
do vício e/ou ressarcir o consumidor por circunstâncias relevantes, entre as quais:
eventuais danos. Por intermédio da
observância do disposto no § 1º é que se I - sua apresentação;
procede ao denominado recai/ (chamar de
volta). II - o uso e os riscos que razoavelmente
dele se esperam;
O recai/ não exclui a responsabilidade do
fornecedor. O fato de o fornecedor alertar os III - a época em que foi colocado em
consumidores, através de anúncios publicitários circulação.
ou comunicar o ato imediatamente as
autoridades competentes, não o exime da
§ 2º O produto não é considerado
responsabilidade objetiva sobre os danos
defeituoso pelo fato de outro de melhor
provenientes dos vícios e defeitos de tais
qualidade ter sido colocado no mercado.
produtos e serviços, devendo responder nos
exatos termos do art. 12 e ss do CDC.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor
ou importador só não será responsabilizado
O STJ não considerou culpa concorrente o fato
quando provar:
do consumidor não ter atendido ao Recall.
I - que não colocou o produto no mercado;

II - que, embora haja colocado o produto


no mercado, o defeito inexiste; Este inciso é
uma das hipóteses da chamada inversão do
ônus da prova ope legis. (conferir art. 6º)

III - a culpa exclusiva do consumidor ou de


terceiro.

Diferença entre FATO do produto e serviço e


VÍCIO do produto e serviço: o fato está
Infração penal: 63 a 65 relacionado ao “acidente de consumo” (o
prejuízo é extrínseco ao bem, ou seja, não há
SEÇÃO II uma limitação da inadequação do produto em
Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e si, mas uma inadequação que gera danos além
do Serviço do produto). O Vício, por sua vez, está
relacionado a inadequação do produto/
serviços no que tange à utilização ou fruição.
Aqui, o prejuízo é intrínseco, estando o bem
somente em desconformidade com o fim a que
se destina.

Art. 12. O fabricante, o produtor, o Assim, a responsabilidade pelo fato centraliza


construtor, nacional ou estrangeiro, e o suas atenções na garantia da incolumidade
importador respondem, independentemente físico-psíquica do consumidor, protegendo sua
da existência de culpa, pela reparação dos saúde e segurança. Já a responsabilidade por
danos causados aos consumidores por defeitos vício busca garantir a incolumidade econômica
decorrentes de projeto, fabricação, construção, do consumidor. (incolumidade: livre de
montagem, fórmulas, manipulação, dano/perigo, não alteração, inalterado).
apresentação ou acondicionamento de seus
produtos, bem como por informações Prescrição do fato: 27
insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos. Decadência do Vício: 26

@Andreza_concurseira
Doutrina: diferença entre vício e defeito: Prova O STJ faz a diferença entre "fortuito interno" e
oral MPMG "fortuito externo": O caso fortuito interno é
fato que se liga à organização da empresa,
A doutrina diferencia os termos "vício" e relacionando-se com os riscos da atividade
"defeito". Assim, vício pertence ao produto ou desenvolvida pelo fornecedor. Assim, conforme
serviço, tornando-o inadequado, mas que não leciona Sérgio Cavalieri Filho, seriam exemplos
atinge o consumidor ou outras pessoas. Já o de fortuito interno o estouro de um pneu do
defeito é o vício acrescido de um problema ônibus, o incêndio do veículo, o mal súbito do
extra. O defeito não só gera uma inadequação motorista etc., já que não obstante
do produto ou serviço, mas um dano ao acontecimentos imprevisíveis, estão ligados à
consumidor ou a outras pessoas. Ex: televisão organização do negócio explorado pelo
que explode causando danos a pessoas. Nesse fornecedor.
sentido, há vício sem defeito, mas não defeito
sem vício.

Para o Direito do Consumidor não importa a


distinção entre responsabilidade contratual e
responsabilidade extracontratual (aquiliana)
Teoria Unitária da Responsabilidade.

Responsabilidade objetiva fundada na teoria do Súmula 479 do STJ: "As instituições financeiras
risco da atividade sendo suficiente que o respondem objetivamente pelos danos gerados
consumidor demonstre o dano ocorrido por fortuito interno relativo a fraudes e delitos
(acidente de consumo) e a relação de praticados por terceiros no âmbito de
causalidade entre o dano e o produto adquirido operações bancárias."
(nexo causal).
Importante: O STJ afastou a responsabilidade
STJ: o comerciante não pode ser considerado do banco quando as transações são feitas com
"terceiro" para eximir de responsabilidade o o cartão pessoal e a senha do correntista.
fabricante. § 3°, III: Nessas circunstâncias, a jurisprudência do STJ
tem afastado a responsabilidade das
instituições financeiras sob o fundamento de
que o cartão pessoal e a respectiva senha são
de uso exclusivo do correntista, que deve
tomar as devidas cautelas para impedir que
terceiros tenham acesso a eles

O caso fortuito externo é fato estranho à


organização do negócio, não guardando
nenhuma ligação com a atividade negocial do
fornecedor.

Fortuito externo: Assalto à mão armada no


interior de ônibus coletivo. (STJ, REsp 726371 /
RJ, Rei. Min. Hélio Quaglia Barbosa, DJ
05.02.2007)

Importante: Por se tratar de uma situação


Atenção para o CASO FORTUITO E FORÇA diferente, o STJ entende que o assalto à mão
MAIOR como excludentes de responsabilidade: armada dentro de estacionamentos em
O STJ possui entendimento que os consideram shoppings e bancos não configura caso fortuito
como excludentes de responsabilidade, embora externo. (STJ, EREsp 419059/SP, Rei. Min. Luís
não constem expressamente nos textos dos Felipe Salomão, Segunda Seção, DJe
arts. 12 e 14 do coe. A enumeração das 12/06/2012)
excludentes não seria taxativa e sim
exemplificativa.

@Andreza_concurseira
537427, Rei Min. Marco Aurélio, Tribunal Pleno,
DJe 17-08-2011.

Art. 13. O comerciante é igualmente


responsável, nos termos do artigo anterior,
quando:

I - o fabricante, o construtor, o produtor ou


o importador não puderem ser identificados;

II - o produto for fornecido sem


identificação clara do seu fabricante, produtor,
Risco de desenvolvimento: é aquele risco que construtor ou importador;
nãô pode ser identificado quando da colocação
do produto no mercado mas, em função de
III - não conservar adequadamente os
avanços científicos e técnicos, é descoberto
produtos perecíveis.
posteriormente, geralmente depois de algum
tempo de uso do produto. A questão é: poderia
o risco de desenvolvimento ser considerado Parágrafo único. Aquele que efetivar o
pagamento ao prejudicado poderá exercer o
excludente de responsabilidade? A maioria da
direito de regresso contra os demais
doutrina consumerista considera que não.
responsáveis, segundo sua participação na
causação do evento danoso.

Denunciação da lide: A maioria da doutrina não


admite a denunciação da lide em nenhuma
hipótese nas relações de consumo. Aplicação
do art. 88 do CDC.

Segundo o novo posicionamento, aderindo ao


entendimento da Quarta Turma, a denunciação
da lide é vedada tanto nas hipóteses de fato do
produto como também nas de fato do serviço.
(STJ, REsp 1165279/SP, Rei. Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em
22/05/2012, DJe 28/05/2012)

STJ -Responsabilidade solidária do


comerciante por ilícito administrativo:

Observação: o STF entendeu pela


incompetência do juizado especial para julgar
indenização por danos por fumo em razão da
complexidade da demanda. Nesse sentido, RE

@Andreza_concurseira
A obrigação de meio é aquela em que o
profissional se obriga a empenhar todos os
esforços possíveis para a prestação de
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, determinados serviços, não existindo qualquer
independentemente da existência de culpa, compromisso com a obtenção de um resultado
pela reparação dos danos causados aos específico.
consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por Já a obrigação de resultado é aquela que o
informações insuficientes ou inadequadas profissional garante a consecução de um
sobre sua fruição e riscos. resultado final específico. Ex: cirurgia est ética.

§ 1° O serviço é defeituoso quando não O STJ tinha entendimento que se a obrigação


fornece a segurança que o consumidor dele for de resultado, a responsabilidade do
pode esperar, levando-se em consideração as profissional liberal será "objetiva". Assim,
circunstâncias relevantes, entre as quais: somente quando for obrigação de meio é que
será responsabilidade subjetiva, nos moldes do
I - o modo de seu fornecimento; art. 14, § 4º.

II - o resultado e os riscos que Importante destacar que parte da doutrina


razoavelmente dele se esperam; discorda desta diferenciação. Sustentam que
não houve por parte do legislador a intenção de
criar regime especial para os profissionais
III - a época em que foi fornecido.
liberais no tocante à responsabilidade de meio
e de resultado. O que legislador fez foi
§ 2º O serviço não é considerado
excepcionar a regra da responsabilidade
defeituoso pela adoção de novas técnicas.
objetiva, imputando aos profissionais liberais a
responsabilidade subjetiva (com culpa!). Assim,
§ 3° O fornecedor de serviços só não será não haveria como imputar responsabilidade
responsabilizado quando provar: objetiva aos profissionais liberais, mesmo na
obrigação de resultado, pois a norma não
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito autoriza tal interpretação. O que pode
inexiste; hipótese de inversão do ônus da prova acarretar na obrigação de resultado é a
ope legis. inversão do ônus da prova quanto à culpa, ou
seja, haveria o que chamamos de culpa
(conferir presumida, em que o profissional liberal teria o
ônus de provar que não agiu com culpa.
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de
terceiro.

§ 4° A responsabilidade pessoal dos


profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa. o STF alterou o entendimento anteriormente
adotado para consagrar que a responsabilidade
Responsabilidade pelo Fato do Serviço. -= O art. civil das empresas que prestam serviço público
14 tratou do "fornecedor". Sendo assim, não há é objetiva, mesmo com relação a não usuários.
responsabilidade diferenciada para o
comerciante. A responsabilidade é de todos os
agentes (fornecedores) de modo solidária.

O CDC não adotou a Teoria do risco integral.

Profissionais Liberais: Obrigação de meio x Na verdade, analisando o julgamento


Obrigação de resultado: Responsabilidade proferido pela Segunda Seção, depois de longa
subjetiva: discussão dos ministros, verifica-se que o STJ
faz primeiramente uma diferenciação
importante, qual seja, se o médico causador do

@Andreza_concurseira
dano tem ou não vínculo com o hospital. Se o
médico não possuir vínculo algum com o
hospital, não haverá responsabilidade deste
último.

Assim, o hospital somente será


responsabilizado se o médico tinha vínculo com
ele. Mas qual o tipo de responsabilidade terá o
hospital nestes casos? Conforme decidido pelo Art. 17. Para os efeitos desta Seção,
STJ, será objetiva quanto à atividade do equiparam-se aos consumidores todas as
médico. Expliquemos melhor. A vítimas do evento.
responsabilidade dos profissionais liberais,
dentre os quais o médico se enquadra, é As vítimas em um acidente de consumo são
subjetiva (mediante culpa). Ou seja, para que o equiparadas a consumidores, ainda que não
dano seja indenizado, é necessário que se adquiram ou utilizem produtos ou serviços
prove a culpa do médico (negligência, como destinatários finais. São chamados pela
imprudência ou imperícia). Uma vez constatada doutrina norte-americana de "bystanders"
a culpa do médico, a responsabilidade do (espectadores).
hospital é objetiva e solidária, ou seja, não
poderá entrar na discussão de prática culposa bystander está relacionado somente à
de sua parte. Desta forma, uma vez constatada responsabilidade pelo FATO (veja o teor do art.
a culpa do médico e reconhecido o vínculo 17 - "para os efeitos desta seção ... ") e não ao
deste com o hospital, responderá o hospital VÍCIO.
pelos danos causados.
Consumidor (bystander) atingido por arma de
Por sua vez, nas hipóteses de serviços de fogo em assalto à transportadora de valores
atribuição do hospital (instrumentação que retirava malotes de dinheiro de
cirúrgica, higienização adequada, vigilância, supermercado. Responsabilidade solidária do
ministração de remédios etc.), a supermercado. (STJ, REsp 1327778/SP, Rei.
responsabilidade será objetiva. Ministro Luis Felipe Salomão, Quarta Turma,
DJe 23/08/2016).
A responsabilidade das sociedades empresárias
hospitalares por dano causado ao paciente- Pessoa que é atingida por tiroteio entre
consumidor pode ser assim sintetizada: seguranças de uma loja e bandidos é
consumidora equiparada (bystander). (STJ,
: REsp 1732398/ RJ, Rei. Ministro Marco Aurélio
Bellizze, Terceira Turma, DJe 01/06/2018).

SEÇÃO III
Da Responsabilidade por Vício do Produto e
do Serviço

Art. 18. Os fornecedores (gênero) de


produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem
impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim
como por aqueles decorrentes da disparidade,
com a indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou mensagem

@Andreza_concurseira
publicitária, respeitadas as variações corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à
decorrentes de sua natureza, podendo o saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em
consumidor exigir a substituição das partes desacordo com as normas regulamentares de
viciadas. fabricação, distribuição ou apresentação;

§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo III - os produtos que, por qualquer motivo,
máximo de trinta dias, pode o consumidor se revelem inadequados ao fim a que se
exigir, alternativamente e à sua escolha: destinam.

I - a substituição do produto por outro da


mesma espécie, em perfeitas condições de uso;

II - a restituição imediata da quantia paga,


monetariamente atualizada, sem prejuízo de
eventuais perdas e danos;
Art. 18. Responsabilidade por Vício de
III - o abatimento proporcional do preço. Qualidade do Produto (embora o art. fale de
vícios de "qualidade ou quantidade", é somente
§ 2° Poderão as partes convencionar a de qualidade). O de quantidade está no art.19.
redução ou ampliação do prazo previsto no
parágrafo anterior, não podendo ser inferior a Não há responsabilidade diferenciada para o
sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos comerciante. Todos são solidários.
contratos de adesão, a cláusula de prazo
deverá ser convencionada em separado, por
Art. 18, § 12. Direito (potestativo) do
meio de manifestação expressa do consumidor.
fornecedor de consertar as partes viciadas em
30 dias.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso
imediato das alternativas do § 1° deste artigo
STJ: se o consumidor consumir produto "fora
sempre que, em razão da extensão do vício, a
do prazo de validade", o fabricante não tem o
substituição das partes viciadas puder
comprometer a qualidade ou características do dever de indenizá-lo. o fabricante ao
produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de estabelecer prazo de validade para con- sumo
produto essencial. de seus produtos, atende aos comandos
imperativos do próprio Código de Defesa do
Consumidor, especificamente, acerca da
§ 4° Tendo o consumidor optado pela
segurança do produto, bem como a saúde dos
alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e
consumidores. O prazo de validade é resultado
não sendo possível a substituição do bem,
de estudos técnicos, químicos e biológicos, a
poderá haver substituição por outro de espécie,
fim de possibilitar ao mercado consumidor, a
marca ou modelo diversos, mediante
segurança de que, naquele prazo, o produto
complementação ou restituição de eventual
estará em plenas condições de consumo.
diferença de preço, sem prejuízo do disposto
nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
STJ: Dever de o comerciante encaminhar o
produto viciado à assistência técnica: Essa
§ 5° No caso de fornecimento de produtos
prática é considerada abusiva e não pode ser
in natura, será responsável perante o
tolerada, podendo, inclusive, a loja
consumidor o fornecedor imediato, exceto
(comerciante) responder por perdas e danos,
quando identificado claramente seu produtor.
uma vez que, conforme exposto, a
responsabilidade por vícios é solidária.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
STJ: Prazo de 3 dias para troca de produto
I - os produtos cujos prazos de validade viciado. O STJ considerou válida prática do
estejam vencidos; comerciante de estipu lar prazo de 3 dias
corridos a partir da compra (emissão da nota
II - os produtos deteriorados, alterados, fiscal) para que o consumidor troque direta
adulterados, avariados, falsificados, ente o produto viciado na própria loja, sem ter

@Andreza_concurseira
que esperar o prazo de 30 dias. (STJ, REsp segundo os padrões oficiais. Exceção à
1459555/RJ, Rei. Ministro Ricardo Villas Bôas responsabilidade solidária.
Cueva, Terceira Turma, OJe 20/02/2017).
Art. 20. O fornecedor de serviços responde
STJ: Prazo máximo de 30 dias corridos para o pelos vícios de qualidade que os tornem
saneamento do vício. impróprios ao consumo ou lhes diminuam o
valor, assim como por aqueles decorrentes da
O STJ entendeu que o fornecedor tem o prazo disparidade com as indicações constantes da
máximo de 30 dias para o saneamento do vício oferta ou mensagem publicitária, podendo o
apresentado no produto, iniciando a contagem consumidor exigir, alternativamente e à sua
desde a primeira manifestação do vício escolha:
(entenda-se o momento em que o consumidor
comunicou o vício ao fornecedor) até o seu I - a reexecução dos serviços, sem custo
efetivo reparo, sem interrupção ou suspensão, adicional e quando cabível;
após o que nasce para o consumidor o direito
potestativo de exigir a substituição do produto, II - a restituição imediata da quantia paga,
ou a restituição imediata da quantia paga ou o monetariamente atualizada, sem prejuízo de
abatimento proporcional do preço. eventuais perdas e danos;

III - o abatimento proporcional do preço.

Art. 19. Os fornecedores respondem § 1° A reexecução dos serviços poderá ser


solidariamente pelos vícios de quantidade do confiada a terceiros devidamente capacitados,
produto sempre que, respeitadas as variações por conta e risco do fornecedor.
decorrentes de sua natureza, seu conteúdo
líquido for inferior às indicações constantes do § 2° São impróprios os serviços que se
recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mostrem inadequados para os fins que
mensagem publicitária, podendo o consumidor razoavelmente deles se esperam, bem como
exigir, alternativamente e à sua escolha: aqueles que não atendam as normas
regulamentares de prestabilidade.
I - o abatimento proporcional do preço;
Responsabilidade Objetiva. Aqui não há a
II - complementação do peso ou medida; exceção quanto à responsabilidade objetiva
para os profissionais liberais nos moldes do art.
III - a substituição do produto por outro da 14, § 4. A exceção, então, somente se verifica
mesma espécie, marca ou modelo, sem os para a responsabilidade por fato do serviço
aludidos vícios; (art. 14) e não para a responsabilidade por vício
do serviço (art. 20).
IV - a restituição imediata da quantia paga,
monetariamente atualizada, sem prejuízo de Vício de quantidade dos serviços. Não há
eventuais perdas e danos. tratamento expresso pelo código com relação
aos vícios de quantidade dos serviços. Todavia,
§ 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § não significa que o consumidor ficará sem a
4° do artigo anterior. devida proteção. Nesses casos, a doutrina
busca, por analogia, a aplicação das regras
§ 2° O fornecedor imediato será estipuladas para os vícios de quantidade dos
responsável quando fizer a pesagem ou a produtos (art. 19), bem como a ratio do
medição e o instrumento utilizado não estiver dispositivo legal.
aferido segundo os padrões oficiais.
Art. 21. No fornecimento de serviços que
Responsabilidade exclusiva do fornecedor tenham por objetivo a reparação de qualquer
imediato ou comerciante quando fizer a produto considerar-se-á implícita a obrigação
pesagem ou a medição do produto e o do fornecedor de empregar componentes de
instrumento utilizado não estiver aferido reposição originais adequados e novos, ou que
mantenham as especificações técnicas do

@Andreza_concurseira
fabricante, salvo, quanto a estes últimos, Trava-se, então, entre o contribuinte e o Poder
autorização em contrário do consumidor. Público, uma relação administrativo-tributária,
solucionada pelas regras do Direito
Constitui crime a inobservância desse artigo: Administrativo. Com esses serviços não se
art. 70 CDC confundem os UTI SINGULI ou impróprios,
prestados pelo Estado via delegação, por
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas parceria com entes da Administração
empresas, concessionárias, permissionárias ou descentralizada ou da iniciativa privada.
sob qualquer outra forma de empreendimento, Diferente daqueles, esses serviços são
são obrigados a fornecer serviços adequados, remunerados por tarifas ou preços públicos, e
eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, as relações entre o Poder Público e os usuários
contínuos. são de Direito Privado, aplicando-se o Código
de Defesa do Consumidor, ao identificarem-se
Parágrafo único. Nos casos de os usuários como consumidores, na dicção do
descumprimento, total ou parcial, das art. 3º do coe. A tarifa é, portanto,
obrigações referidas neste artigo, serão as remuneração facultativa, oriunda de relação
pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a contratual na qual impera a manifestação da
reparar os danos causados, na forma prevista vontade, podendo o particular interromper o
neste código. contrato quando assim desejar.

Estando sujeitos ao CDC, as concessionárias e Descontinuidade do serviço público e


permissionárias responderão de forma objetiva necessidade de notificação prévia do
pelos danos causados aos consumidores. consumidor. O STJ entende que o corte de
fornecimento de energia elétrica em caso de
inadimplemento não caracteriza a
Serviços públicos tutelados pelo CDC. Não é
descontinuidade do serviço público. O STJ
todo serviço público que se submete às regras
entendeu que o CDC tem que ser analisado em
do CDC, mas somente aqueles realizados
consonância com a Lei nº 8.987/95 (Lei que
mediante uma contraprestação ou
regula a concessão e a permissão dos serviços
remuneração diretamente efetuada pelo
públicos), pois esta norma contém a expressa
consumidor ao fornecedor, nos termos do art.
previsão de interrupção, em determinados
3º, § 2, pois somente os serviços fornecidos
casos, como se depreende da leitura do seu art.
"mediante remuneração" se enquadram no
6º, § 3º, inciso II:
coe. Já o serviço público realizado mediante o
pagamento de tributos, prestado a toda a
coletividade, não se submete aos preceitos "Não se caracteriza como descontinuidade do
consumeristas, pois aqui não há um serviço a sua interrupção em situação de
consumidor propriamente dito e sim um emergência ou após prévio aviso, quando por
contribuinte, que não efetua um pagamento inadimplemento do usuário, considerando o
direto pelo serviço prestado, mas sim um interesse da coletividade .. "
pagamento aos cofres públicos que destinam as
respectivas verbas, de acordo com a previsão Possibilidade de corte de energia elétrica em
orçamentária, para as atividades devidas. relação às pessoas jurídicas de direito público:
A jurisprudência do STJ proclama que, diante da
STJ. Diferennciação entre os serviços uti sínguli inadimplência de pessoa jurídica de direito
e uti universi. Para o STJ, somente os serviços público, pode haver a interrupção do
uti singuli estão abrangidos pelo CDC. fornecimento do serviço, mas devem-se
preservar às unidades públicas provedoras de
0s serviços UTI UNIVERSI, também chamados necessidades inadiáveis da comunidade
de próprios, são remunerados por espécie (hospitais, prontos-socorros, centros de saúde,
tributária específica, a taxa, cujo pagamento é escolas e creches). Para a caracterização do que
obrigatório, porque decorre da lei, sejam "unidades públicas essenciais", o STJ
independentemente da vontade do utiliza, por analogia, a descrição contida na Lei
contribuinte. A espécie tem por escopo de Greve (Lei 7783/89).
remunerar um serviço público específico e
divisível, posto à disposição do contribuinte. Suspensão em virtude de débitos pretéritos. O
STJ entende que para haver a suspensão do

@Andreza_concurseira
serviço público, a inadimplência tem que ser at estimativa quando ausente o hidrômetro ou
ual, não servindo como meio de cobrança para quando este estiver com defeito. Neste caso, a
débitos pretéritos do consumidor, o que cobrança pelo fornecimento de água deve ser
configuraria constrangimento e ameaça. realizada pela tarifa mínima. (STJ, RÊsp
1.513.218-RJ1 Rei. Min. Hiumberto Martins,
Súmula 356 do STJ: "É legítima a cobrança da OJe 13/3/2015).
tarifa básica pelo uso dos serviços de telefonia
fixa. Juizado Especial Cível. As ações ajuizadas STJ: o débito é de natureza pessoal, não
pelo consumidor contra a concessionária de podendo haver o corte do serviço por
telefonia, visando ao questionamento da inadimplemento anterior de outro usuário.
cobrança da assinatura básica mensal e à
devolução dos valores cobrados a esse título, Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre
podem ser processadas nos juizados especiais os vícios de qualidade por inadequação dos
cíveis. produtos e serviços não o exime de
responsabilidade.
Súmula 407 do STJ: "É legítima a cobrança do
tarifo de água, fixada de acordo com as O artigo fala em vícios. Isso porque na
categorias de usuários e as faixas de consumo". responsabilidade pelo fato do serviço, com
relação aos profissionais liberais, a verificação
Contas de energia elétrica contestadas por da culpa é relevante.
suposta fraude em medidor. Em relação às
contas de energia elétrica contestadas em juízo Art. 24. A garantia legal de adequação do
por suposta fraude em medidor, o STJ não tem produto ou serviço independe de termo
admitido a interrupção. expresso, vedada a exoneração contratual do
fornecedor.

Súmula 412 do STJ que "a ação de repetição de


indébito de tarifas de água e esgoto sujeita-se
ao prazo prescricional estabelecido no Código
Civil." Art. 25. É vedada a estipulação contratual
de cláusula que impossibilite, exonere ou
Anatei: não configura hipótese de litisconsórcio atenue a obrigação de indenizar prevista nesta
passivo necessário a discussão sobre a e nas seções anteriores.
cobrança de tarifas movidas pelos usuários
contra as concessionárias. § 1° Havendo mais de um responsável pela
causação do dano, todos responderão
Observação: O STJ entendeu que quando se solidariamente pela reparação prevista nesta e
tratar de ação coletiva, haverá a necessidade nas seções anteriores.
de participação da Anatei no polo passivo,
firmando a competência da Justiça Federal. § 2° Sendo o dano causado por
componente ou peça incorporada ao produto
Ilegalidade da cobrança de água por estimativa ou serviço, são responsáveis solidários seu
quando ausente o hidrômetro ou por defeito. fabricante, construtor ou importador e o que
Cobrança pela tarifa mínima. O STJ também realizou a incorporação.
considerou ilegal cobrar a tarifa de água por

@Andreza_concurseira
SEÇÃO IV § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo
Da Decadência e da Prescrição decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.
O STJ, no voto proferido pelo Min. Ruy Rosado
Aguiar, de forma brilhante, sintetizou as O prazo do art. 26 é de decadência, pois se
diferenças entre os dois institutos relacionando trata de decurso de prazo para que o
o direito potestativo à decadência (que atribui consumidor exerça um direito potestativo
ao seu titula r, por ato unilateral, formar (direito de reclamar), impondo uma sujeição ao
relação jurídica concreta, a cuja atividade a fornecedor, para que este possa sanar os vícios
outra parte simplesmente se sujeita) e o do produto ou serviço em razão da
direito subjetivo (propriamente dito) à responsabilidade por vício de inadequação
prescrição. estampada nos arts. 18 a 25 do CDC.

Esse direito potestativo é desarmado de


pretensão, pois o seu titular não exige da
contraparte que venha efetuar alguma
prestação decorrente exclusivamente do direito
formativo; apenas exerce diante dela o seu
direito de configurar uma relação. O efeito do
tempo sobre os direitos armados de pretensão
(SUBJETIVOS) atinge a pretensão, encobrindo-a,
e a isso se chama de prescrição. Os direitos
formativos, porque não têm pretensão, são
afetados diretamente pelo tempo e extinguem-
se: é a decadência.

Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios


aparentes ou de fácil constatação caduca em:

I - trinta dias, tratando-se de fornecimento


de serviço e de produtos não duráveis;

II - noventa dias, tratando-se de


fornecimento de serviço e de produtos
duráveis.

§ 1° Inicia-se a contagem do prazo


decadencial a partir da entrega efetiva do
produto ou do término da execução dos
serviços. O STJ já abordou o tema no voto do Min. Luis
Salomão RE 984106/SC.
§ 2° Obstam a decadência:
Causas que "obstam" a decadência: A doutrina
I - a reclamação comprovadamente não é pacífica sobre o significado do termo (se
formulada pelo consumidor perante o trata de uma modalidade de suspensão,
fornecedor de produtos e serviços até a interrupção ou outra sui generis).
resposta negativa correspondente, que deve
ser transmitida de forma inequívoca; STJ: a reclamação do consumidor, desde que
comprovada, pode ser verbal. A lei não
II - (Vetado). preestabelece uma forma para a realização da
reclamação, exigindo apenas comprovação de
III - a instauração de inquérito civil, até seu que o fornecedor tomou ciência inequívoca
encerramento.

@Andreza_concurseira
quanto ao propósito do consumidor de Art. 27. Prescreve em cinco anos a
reclamar pelos vícios do produto ou serviço. pretensão à reparação pelos danos causados
por fato do produto ou do serviço prevista na
STJ. Não obsta a decadência a reclamação Seção II deste Capítulo, iniciando-se a
formalizada perante os órgãos ou entidades de contagem do prazo a partir do conhecimento
defesa do consumidor: "Não obsta a do dano e de sua autoria.
decadência a simples denúncia oferecida ao
Procon, sem que se formule qualquer Parágrafo único. (Vetado).
pretensão, e para a qual não há cogitar de
resposta.'' Súmula 101 do STJ. Em se tratando de ações
entre segurados e segurado res, o STJ tem
aplicado o prazo de 1 ano, com base no art.
206, § lº, li do Código Civil.

Transporte aéreo internacional. No tocante ao


prazo prescricional de indenização de danos
causados em contrato de transporte
internacional aéreo, o STF, em julgamento do
recurso extraordinário com repercussão geral
nQ 636.331/RJ, Rei. Min. Gilmar Mendes, DJ
13/11/2017, entendeu que seria aplicado o
prazo de 2 anos previsto na Convenção de
Varsóvia/Montreal e não o prazo de 5 anos do
CDC. Isto porque o art. 178 da Constituição
Federal de 1988 expressamente estabeleceu
que, quanto à ordenação do transporte
internacional, a lei observa rá os acordos
firmados pela União.

Repetição do indébito da tarifa de água e


esgoto. Recentemente, o STJ pacificou o
Já em recente precedente 2015, embora o STJ entendimento no sentido de que não se aplica
tenha entendido pela aplicação do prazo o prazo de 5 anos do art. 27 na repetição do
prescricional para os danos materiais ou morais indébito da tarifa de água e esgoto. Como não
(e não o decadencial, como no precedente se trata de reparação de danos causados por
anterior), o direito à indenização somente pode defeitos na prestação de serviços, não há como
ser exercido se o consumidor notificou o aplicar o art. 27 do CDC. O prazo aplicável,
fornecedor no prazo decadencial do art. 26. Ou então, será o do Código Civil (prazo geral), uma
seja, para possibilitar a vez que não há prazo específico para esta
indenização/compensação por danos materiais hipótese. Súmula 412 do STJ: "a ação de
e morais, seria necessário o consumidor repetição de indébito de tarifas de água e
reclamar primeiramente, dentro do prazo esgoto sujeita-se ao prazo prescricional
decadencial, sobre os vícios apresentados. estabelecido no Código Civil." Observação:
neste caso, o prazo será de 10 anos do Código
Observação: este tema ainda é controverso no Civil (prazo geral).
STJ.
O entendimento da Súmula 412 (prazo de 10
Recurso Repetitivo:/Súmula 477 do STJ: "A anos) também vem sendo aplicado pelo S'VJ
decadência do artigo 26 do CDC não é aplicável para os casos de repetição do indébito dos
à prestação de contas para obter serviços de telefonia.
esclarecimentos sobre cobrança de taxas,
tarifas e encargos bancários”. Negativação indevida: a Quarta Turma do STJ,
entendendo que a indenização por negativação
O prazo decadencial é fornecido pela lei (CDC). indevida não se amolda a nenhum dos prazos
Não pode ser alterado pela vontade das partes. específicos do Código Civil, aplicou o prazo
prescricional de dez anos previsto no artigo 205

@Andreza_concurseira
do CC. (STJ, REsp 1276311/RS, Rei. Ministro Luís de direito, excesso de poder, infração da lei,
Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou
17/10/2011). Já a Terceira Turma entendeu, contrato social. A desconsideração também
recentemente, que o prazo seria trienal (3 an será efetivada quando houver falência, estado
os), conforme art. 206, § 3º, V, do CC/2002. de insolvência, encerramento ou inatividade da
(STJ, AgRg no REsp 1365844/RS, Rei. Ministro pessoa jurídica provocados por má
Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, DJe administração.
14/12/2015)
§ 1° (Vetado).
O termo inicial do prazo prescricional é a data
em que o consumidor toma ciência do registro § 2° As sociedades integrantes dos grupos
indevido, pois, pelo princípio da "actio nata", o societários e as sociedades controladas, são
direito de pleitear a indenização surge quando subsidiariamente responsáveis pelas obrigações
constatada a lesão e suas consequências. (STJ, decorrentes deste código.
AgRg no AREsp 696.269/SP, Rei. Ministro Luís
Felipe Salomão, Quarta Turma, DJe § 3° As sociedades consorciadas são
15/06/2015). solidariamente responsáveis pelas obrigações
decorrentes deste código.

§ 4° As sociedades coligadas só
responderão por culpa.

Abusividades em contratos de planos de § 5° Também poderá ser desconsiderada a


saúde: pessoa jurídica sempre que sua personalidade
for, de alguma forma, obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos
consumidores.

O CDC foi o primeiro dispositivo legal a se


referir à desconsideração da personalidade
jurídica. Posteriormente, foi inserida em outras
leis.

Prazo de 10 anos para ações envolvendo Grupo de sociedades: é formado pela


inadimplemento contratual. (STJ, AgRg no REsp sociedade controladora e suas controladas,
1416118/MG, Rei. Ministro Paulo de Tarso mediante convenção, pela qual se obrigam a
Sanseverino, Terceira Turma, DJe 26/06/2015). combinar recursos ou esforços para a
Importante: Este entendimento foi realização dos respectivos objetos, ou a
sedimentado pela Segunda Seção do STJ no participar de atividades ou empreendimentos
EREsp 1280825/ RJ, Rei. Ministra Nancy comuns.
Andrighi, DJe 02/08/2018. O STJ pacificou que
nas controvérsias relacionadas à
Sociedade controlada é aquela cuja
responsabilidade contratual, aplica-se a regra
preponderância nas deliberações e decisões
geral (art. 205 CC/02) que prevê dez anos de
pertencem à outra sociedade, dita
prazo prescricional e, quando se tratar de
controladora.
responsabilidade extracontratual, aplica-se o
disposto no art. 206, § 3º, V, do CC/02, com
prazo de três anos. O consórcio é uma reunião de sociedades que
se agrupam para executar um determinado
empreendimento. Para o CDC, ao contrário da
SEÇÃO V
Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas),
Da Desconsideração da Personalidade Jurídica
a responsabilidade entre as sociedades
consorciadas é solidária.
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a
personalidade jurídica da sociedade quando,
As sociedades são coligadas19 quando uma
em detrimento do consumidor, houver abuso
participa com 10 % ou mais do capital da outra,

@Andreza_concurseira
porém, sem controlá-la. Justamente pela falta fundada em título executivo extrajudicial (art.
de controle nas deliberações das decisões de 134 do novo CPC/15).
uma sobre a outra é que a responsabilidade de
cada qual é apurada mediante culpa na Desconsideração inversa. A doutrina e
participação do evento danoso. jurisprudência começaram a sustentar também
o caminho inverso, ou seja, a possibilidade da
Art. 28, § 5º, poderá ocorrer a desconsideração quebra da autonomia patrimonial a fim de
quando a personalidade for obstáculo ao executar bens da sociedade por dívidas
ressarcimento dos consumidores pessoais dos sócios. Trata-se da
independentemente da existência de "desvio "desconsideração inversa da personalidade
de finalidade" ou de "confusão patrimonial" jurídica."
previstos no art. 50 do Código Civil.
A desconsideração inversa, aplicando os
fundamentos e princípios da disregard doctrine,
atualmente vem sendo aplicada no direito de
família, nos casos em que se percebe que um
dos cônjuges desvia os bens pessoais para a
pessoa jurídica, com a finalidade de afastá-los
da partilha.

CAPÍTULO V
Das Práticas Comerciais

SEÇÃO I
Das Disposições Gerais

Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do


seguinte, equiparam-se aos consumidores
todas as pessoas determináveis ou não,
expostas às práticas nele previstas.

SEÇÃO II
Da Oferta

Art. 30. Toda informação ou publicidade,


suficientemente precisa, veiculada por
qualquer forma ou meio de comunicação com
relação a produtos e serviços oferecidos ou
apresentados, obriga o fornecedor que a fizer
veicular ou dela se utilizar e integra o contrato
No CDC, a desconsideração pode ser aplicada que vier a ser celebrado.
de ofício, tendo em vista trata-se de normas de
ordem pública e interesse social. No CC, não Princípio da Vinculação Contratual da oferta
pode ser aplicada de ofício. (publicidade). A oferta (publicidade) integra o
contrato e deve ser cumprida. Gera um direito
potestativo para o consumidor (o de exigir a
oferta nos moldes do veiculado) e a
responsabilidade do fornecedor é objetiva. O
princípio da vinculação da oferta faz surgir uma
obrigação pré-contratual do fornecedor.
O novo CPC/15 permite a desconsideração em
todas as fases: de acordo com o novo CPC/15, o Se o fornecedor se recusar a cumprir o
incidente de desconsideração é cabível em anunciado, o consumidor poderá fazer uso das
todas as fases do processo de conhecimento, hipóteses do art. 35.
no cumprimento de sentença e na execução

@Andreza_concurseira
A "INFORMAÇÃO" e a "PUBLICIDADE" integram o chamado "erro grosseiro" como forma de não
o termo "OFERTA". responsabilizar o fornecedor.

A oferta é um veículo que transmite uma O erro grosseiro é aquele erro latente, que
mensagem, que inclui informação e facilmente o consumidor tem condições de
publicidade. O fornecedor é o emissor da verificar o equívoco, por fugir ao padrão normal
mensagem e o consumidor é o seu receptor. do que usualmente acontece.
Toda publicidade veicula alguma forma de
informação, mas nem toda informação é Art. 31. A oferta e apresentação de
publicidade. A informação é mais ampla. produtos ou serviços devem assegurar
Exemplificando, a resposta do gerente do informações corretas, claras, precisas,
banco ou o preço dado pelo feirante "de boca" ostensivas e em língua portuguesa sobre suas
são informações suficientes para vincular o características, qualidades, quantidade,
fornecedor, mas não são consideradas composição, preço, garantia, prazos de
publicidade. validade e origem, entre outros dados, bem
como sobre os riscos que apresentam à saúde e
Já a publicidade é entendida como o anúncio segurança dos consumidores.
veiculado por qualquer meio de comunicação,
inclusive embalagens, rótulos, folhetos e Parágrafo único. As informações de que
material de ponto-de-venda. trata este artigo, nos produtos refrigerados
oferecidos ao consumidor, serão gravadas de
"Suficientemente precisa": Os exageros forma indelével. (duradoura, não
(puffing), a princípio, não obrigam os desaparecendo com o tempo) (Incluído
fornecedores, justamente por lhes faltar a pela Lei nº 11.989, de 2009)
característica da precisão. Assim, expressões do
tipo "o melhor carro do mundo" ou "o mais Princípio da Informação e da Transparência: É
elegante terno" não se aplicam a este artigo. um direito do consumidor saber de todas as
informações e características do produto ou
A responsabilidade pela oferta recairá, em serviço que está adquirindo.
última análise, no titular da marca do produto
ou do serviço. Ainda que sejam pessoas Os importadores e demais fornecedores que
jurídicas distintas, toda a rede de fornecedores pretendem vender produtos importados, antes
que detém a marca será responsável pelo de inseri-los no mercado, deverão possibilitar a
anúncio. tradução dos dizeres no rótulo, embalagem,
manual, etc.
"É solidária a responsabilidade entre aqueles
que veiculam publicidade enganosa e os que Afixação de preço em produto por meio de
dela se aproveitam, na comercialização de seu código de barras: possibilidade através da Lei
produto." (STJ, REsp 327257/SP, Rei. Min. 10.962/2004. Não há necessidade de colocar o
Nancy Andrighi, DJ 16.11.2004). preço em cada mercadoria.

Não responsabilidade do jornal que publica


produtos ou serviços defeituosos nos
classificados:

O descumprimento deste artigo configura


infração penal nos moldes do art. 66 do CDC.

Erro grosseiro: Em respeito ao princípio da boa-


fé objetiva, segundo o qual as partes
(fornecedor e consumidor) deverão agir com
base na lealdade e confiança, tem-se admitido

@Andreza_concurseira
ostensiva e em vernáculo: "CONTÉM GLÚTEN:
O GLÚTEN É PREJUDICIAL À SAÚDE DOS
DOENTES CELÍACOS".

STJ: Rótulo de vinho não precisa informar


quantidade de sódio ou calorias.

Art. 32. Os fabricantes e importadores


deverão assegurar a oferta de componentes e
peças de reposição enquanto não cessar a
fabricação ou importação do produto.

Parágrafo único. Cessadas a produção ou


importação, a oferta deverá ser mantida por
período razoável de tempo, na forma da lei.

Acarreta uma responsabilidade pós-contratual


do fornecedor (fabricante e importador) para
com o consumidor, prestigiando o princípio da
boa-fé objetiva.

Somente se aplica a fabricantes e importadores


não utilizou o termo fornecedor (gênero).
Assim se a questão de concurso mencionar que
a responsabilidade mencionada no artigo é, por
exemplo, do fornecedor ou do comerciante, ela
estará errada.

O CDC não estabelece qual seria o prazo e nem


o que seria "período razoável de tempo que o
fabricante e o importador devem disponibilizar
as peças no mercado. Na ausência de lei
regulamentadora, caberá ao juiz fazê-lo no caso
concreto.

Visando definir a expressão "período razoável",


Tornando-se necessária a integração com a o Decreto nº 2181/97, em seu art. 13, inciso
informação-advertência correta, clara, precisa,

@Andreza_concurseira
XXI, dispõe que o "período razoável" nunca Art. 36. A publicidade deve ser veiculada
pode ser inferior ao tempo de vida útil do de tal forma que o consumidor, fácil e
produto ou serviço. imediatamente, a identifique como tal.

Art. 33. Em caso de oferta ou venda por Parágrafo único. O fornecedor, na


telefone ou reembolso postal, deve constar o publicidade de seus produtos ou serviços,
nome do fabricante e endereço na embalagem, manterá, em seu poder, para informação dos
publicidade e em todos os impressos utilizados legítimos interessados, os dados fáticos,
na transação comercial. técnicos e científicos que dão sustentação à
mensagem.
Parágrafo único. É
proibida a publicidade de bens e serviços por Distinção da doutrina dos termos publicidade x
telefone, quando a chamada for onerosa ao propaganda: Para a maioria da doutrina,
consumidor que a origina. (Incluído pela embora pareçam sinônimos, apresentam
Lei nº 11.800, de 2008). diferenças relevantes. O termo publicidade
expressa o fato de tornar público (divulgar) o
Princípio da Informação e da Transparência: É produto ou serviço, com o intuito de aproximar
um direito do consumidor saber a identidade o consumidor do fornecedor, promovendo o
do fornecedor para poder reclamar de algum lucro da atividade comercia. Já o termo
problema ou saber maiores informações sobre propaganda expressa o fato de difundir uma
o produto ou serviço adquirido ou ofertado. ideia, promovendo a adesão a um dado sistema
ideológico (v.g., político, filosófico, religioso,
Art. 34. O fornecedor do produto ou econômico).
serviço é solidariamente responsável pelos atos
de seus prepostos ou representantes Publicidade Institucional e Publicidade
autônomos. Promocional:

STJ. Para o reconhecimento do vínculo de A publicidade institucional tem por objetivo


preposição, não é preciso que exista um anunciar a empresa em si (marca) e não um
contrato típico de trabalho. É suficiente a produto ou serviço seu. Visa institucionalizar a
relação de dependência ou que alguém preste marca, construir uma imagem positiva da
serviço sob interesse e o comando de outrem. empresa no mercado. Como exemplo, tivemos
a campanha da Ford durante a 2ª Guerra
Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou Mundial. Como não estavam sendo fabricados
serviços recusar cumprimento à oferta, automóveis e para que a marca não caísse no
apresentação ou publicidade, o consumidor esquecimento, surgiu o slogan "Há um Ford em
poderá, alternativamente e à sua livre escolha: seu futuro".

I - exigir o cumprimento forçado da A publicidade promocional tem por objetivo


obrigação, nos termos da oferta, apresentação convencer o público a comprar o produto ou a
ou publicidade; contratar o serviço anunciado.

II - aceitar outro produto ou prestação de Art. 36, caput. Princípio da Identificação da


serviço equivalente; Mensagem Publicitária. A publicidade, quando
veiculada, tem o dever de ser identificada como
tal, de modo fácil e imediato pelo consumidor.
III - rescindir o contrato, com direito à
Visa à dispositivo legal, principalmente,
restituição de quantia eventualmente
proteger o consumidor, de modo a torná-lo
antecipada, monetariamente atualizada, e a
consciente de que é o destinatário de uma
perdas e danos.
mensagem publicitária e facilmente tenha
condições de identificar o fornecedor
SEÇÃO III (patrocinador), assim como o produto ou o
Da Publicidade serviço oferecido. É a proibição da chamada
publicidade clandestina.

@Andreza_concurseira
O princípio da identificação obrigatória da respeito da natureza, características, qualidade,
publicidade proíbe também a chamada quantidade, propriedades, origem, preço e
publicidade subliminar, uma vez que atinge quaisquer outros dados sobre produtos e
somente o inconsciente do indivíduo, fazendo serviços.
com que não perceba que está sendo induzido
a compras. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade
discriminatória de qualquer natureza, a que
incite à violência, explore o medo ou a
superstição, se aproveite da deficiência de
julgamento e experiência da criança,
desrespeita valores ambientais, ou que seja
capaz de induzir o consumidor a se comportar
de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou
segurança.

§ 3° Para os efeitos deste código, a


Art. 36, parágrafo único. Princípio da publicidade é enganosa por omissão quando
Transparência da Fundamentação da deixar de informar sobre dado essencial do
Publicidade: O que se busca no dispositivo é produto ou serviço.
fazer com que as informações publicitárias
sejam dotadas de veracidade e correção, de § 4° (Vetado).
modo a evitar que os anunciantes ofereçam
vantagens fantasiosas ou irreais dos produtos Publicidade enganosa e a publicidade abusiva
ou serviços, para que o consumidor saiba, são proibidas. Análise do Princípio da
realmente, o que está adquirindo, em perfeita Veracidade da Publicidade (referente à
consonância com o princípio da boa-fé objetiva. publicidade enganosa) e do Princípio da Não
Abusividade da Publicidade (referente à
Assim, são comuns publicidades de sabão em publicidade abusiva).
pó em que o fornecedor elenca uma série de
vantagens do produto, inclusive através de
"testes comprovados" (muitas vezes, o objeto
da publicidade é justamente demonstrar o
teste ao consumidor, mostrando, por exemplo,
que uma blusa branca suja fica limpa em
poucos minutos de imersão no sabão em pó).
Nesses casos, o fornecedor deverá comprovar,
Todos aqueles que tiveram algum proveito com
caso sol icitado, que as informações
a publicidade enganosa respondem,
publicitárias são verdadeiras e que não foram
solidariamente, perante o consumidor.
colocadas apenas para iludirem os
consumidores.
Basta a mera potencialidade de engano para
caracterizar a publicidade como enganosa, não
O não cumprimento do disposto no parágrafo
necessitando de prova da enganosidade real. A
único é caracterizado como ilícito penal de
aferição é feita abstratamente, buscando
acordo com art. 69.
simplesmente a capacidade de induzir o
consumidor a erro.

Publicidade abusiva: é aquela que fere a


Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa vulnerabilidade do consumidor, podendo ser
ou abusiva. até mesmo veraz (verdadeira), mas que, pelos
seus elementos ou circunstâncias, ofendem
§ 1° É enganosa qualquer modalidade de valores básicos de toda a sociedade.
informação ou comunicação de caráter
publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, É comum verificarmos publicidades abusivas,
por qualquer outro modo, mesmo por omissão, principalmente envolvendo crianças. Assim,
capaz de induzir em erro o consumidor a não são admissíveis anúncios que causem em

@Andreza_concurseira
crianças um sentimento de inferioridade, caso
não adquiram ou não possam adquirir um
produto ou serviço; que estimulem o menor a
constranger seus responsáveis ou terceiros a
comprar determinado produto ou serviço.

O anunciante é objetivamente responsável


pelos danos que seu anúncio vier a causar,
sendo irrelevante averiguar sua intenção (má-fé
ou boa-fé).

Sistematizando os princípios relativos à


publicidade:

• Princípio da vinculação contratual da


publicidade (art. 30);

• Princípio da identificação da mensagem


publicitária (art. 36);

• Princípio da transparência da fundamentação


da publicidade (art. 36, parágrafo único);

• Princípio da veracidade da publicidade (art.


37, § 19);

• Princípio da não abusividade da publicidade


Art. 60. Imposição de contrapropaganda (art. 37, § 29);
(corrective advertising) para publicidade
enganosa ou abusiva será divulgada pelo • Princípio da inversão do ônus da prova na
responsável da mesma forma, frequência e publicidade (art. 38);
dimensão e, preferencialmente, no mesmo
veículo, local, espaço e horário- Princípio da • Princípio da correção do desvio publicitário
Correção do Desvio Publicitário. (art. 56, XII e art. 60);

Art. 38. O ônus da prova da veracidade e • Princípio da lealdade publicitária (art. 49, VI).
correção da informação ou comunicação
publicitária cabe a quem as patrocina.
SEÇÃO IV
Das Práticas Abusivas
Princípio da inversão do Ônus da prova na
Publicidade, inversão ope legis.

@Andreza_concurseira
Art. 39. É vedado ao fornecedor de V - exigir do consumidor vantagem
produtos ou serviços, dentre outras práticas manifestamente excessiva;
abusivas: (Redação dada pela Lei nº
8.884, de 11.6.1994) Rol exemplificativo. VI - executar serviços sem a prévia
elaboração de orçamento e autorização
I - condicionar o fornecimento de produto expressa do consumidor, ressalvadas as
ou de serviço ao fornecimento de outro decorrentes de práticas anteriores entre as
produto ou serviço, bem como, sem justa partes;
causa, a limites quantitativos;
VII - repassar informação depreciativa,
Proibição da "venda casada". O fornecedor não referente a ato praticado pelo consumidor no
pode vincular seu produto ou serviço a outro. É exercício de seus direitos;
o que comumente chamamos de "venda
casada" ou "operação casada". VIII - colocar, no mercado de consumo,
qualquer produto ou serviço em desacordo
A excludente "justa causa" somente pode ser com as normas expedidas pelos órgãos oficiais
utilizada na segunda hipótese do inciso (limites competentes ou, se normas específicas não
quantitativos). Ou seja, não há justa causa para existirem, pela Associação Brasileira de Normas
permitir a venda casada. Técnicas ou outra entidade credenciada pelo
Conselho Nacional de Metrologia,
Imposição de limite máximo de aquisição e Normalização e Qualidade Industrial
imposição de limite mínimo. Ambas podem (Conmetro);
ocorrer, devendo analisá-las somente se foram
feitas com razoabilidade (justa causa). No IX - recusar a venda de bens ou a prestação
primeiro caso (imposição de limite máximo), de serviços, diretamente a quem se disponha a
tem-se aceitado como justa causa a justificar a adquiri-los mediante pronto pagamento,
limitação, principalmente em promoções, o ressalvados os casos de intermediação
argumento de que se um consumidor adquirir regulados em leis especiais; (Redação
todo o estoque, justamente porque não há dada pela Lei nº 8.884, de 11.6.1994)
limitação de quantidade, outro ficará sem
aproveitar a promoção. X - elevar sem justa causa o preço de
produtos ou serviços. (Incluído pela Lei
II - recusar atendimento às demandas dos nº 8.884, de 11.6.1994)
consumidores, na exata medida de suas
disponibilidades de estoque, e, ainda, de XI - Dispositivo incluído pela MPV nº
conformidade com os usos e costumes; 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em
inciso XIII, quando da conversão na Lei nº
III - enviar ou entregar ao consumidor, sem 9.870, de 23.11.1999
solicitação prévia, qualquer produto, ou
fornecer qualquer serviço; XII - deixar de estipular prazo para o
cumprimento de sua obrigação ou deixar a
Se isso ocorrer, os produtos serão considerados fixação de seu termo inicial a seu exclusivo
amostras grátis. critério. (Incluído pela Lei nº 9.008, de
21.3.1995)
Súmula 532 do STJ que "constitui prática
comercial abusiva o envio de cartão de crédito XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste
sem prévia e expressa solicitação do diverso do legal ou contratualmente
consumidor, configurando-se ato ilícito estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870,
indenizável e sujeito à aplicação de multa de 23.11.1999)
administrativa".
XIV - permitir o ingresso em
IV - prevalecer-se da fraqueza ou estabelecimentos comerciais ou de serviços de
ignorância do consumidor, tendo em vista sua um número maior de consumidores que o
idade, saúde, conhecimento ou condição social, fixado pela autoridade administrativa como
para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

@Andreza_concurseira
máximo. (Incluído pela Lei nº 13.425, Prática abusiva de condicionar a validade do
de 2017) bilhete aéreo de volta com a utilização do
bilhete de ida;
Parágrafo único. Os serviços prestados e os
produtos remetidos ou entregues ao Não configura prática abusiva a cobrança de
consumidor, na hipótese prevista no inciso III, aluguel de equipamento de TV a cabo;
equiparam-se às amostras grátis, inexistindo
obrigação de pagamento.

Assim, agora por lei, o comerciante e outros


fornecedores de bens e serviços podem cobrar
mais caro caso o consumidor opte por pagar
com cartão de crédito/débito ou cheque em
vez de pagar em dinheiro ou o pagamento seja
a prazo em vez de pagamento à vista.

Art. 40. O fornecedor de serviço será


obrigado a entregar ao consumidor orçamento
prévio discriminando o valor da mão-de-obra,
dos materiais e equipamentos a serem
empregados, as condições de pagamento, bem
como as datas de início e término dos serviços.

§ 1º Salvo estipulação em contrário, o valor


orçado terá validade pelo prazo de dez dias,
contado de seu recebimento pelo consumidor.

§ 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o


Possibilidade da prática de "desconto de orçamento obriga os contraentes e somente
pontualidade" nos contratos educacionais. pode ser alterado mediante livre negociação
das partes.
Prática abusiva: Cancelamento de voos sem
razões técnicas ou de segurança. § 3° O consumidor não responde por
quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da
Universidade não pode recusar matrícula de contratação de serviços de terceiros não
aluno aprovado em vestibular inadimplente em previstos no orçamento prévio.
relação à curso anterior. (STJ, REsp 1583798/
SC, Rei. Ministro Herman Benjamin, Segunda
Turma, DJe 07/10/2016);

@Andreza_concurseira
É importante destacar que a sanção prevista
(repetição em dobro) somente é aplicada
quando houver: 1) cobrança indevida, 2)
pagamento em excesso e 3) inexistência de
engano justificável.

Verificação de culpa ou má-fé para a devolução


STJ: Atendimento emergencial hospitalar. em dobro?
Desnecessidade de prévio orçamento.
A 1ª Seção do STJ (composta pelas 1ª e 2ª
Art. 41. No caso de fornecimento de Turmas), responsável pelos julgamentos
produtos ou de serviços sujeitos ao regime de envolvendo serviços públicos, exige a "culpa"
controle ou de tabelamento de preços, os do fornecedor para a devolução em dobro: “o
fornecedores deverão respeitar os limites engano na cobrança só é justificável quando
oficiais sob pena de não o fazendo, não decorrer de dolo (má-fé) ou culpa na
responderem pela restituição da quantia conduta do fornecedor do serviço". Destarte, o
recebida em excesso, monetariamente engano somente é considerado justificável
atualizada, podendo o consumidor exigir à sua quando não decorrer de dolo ou culpa.
escolha, o desfazimento do negócio, sem
prejuízo de outras sanções cabíveis. Mas, para a 2ª Seção (composta pelas 3ª e 4ª
Turmas), responsável pelos julgamentos de
Se houver produtos ou serviços que tenham direito privado (com exceção das ações
preços tabelados ou controlados, tais valores envolvendo serviços públicos que, como vimos,
deverão ser respeitados, sob pena de o é competência da 1ª Seção), exige que o
consumidor requerer a restituição da quantia fornecedor tenha agido com má-fé, não sendo
paga em excesso ou desfazer do negócio, além suficiente somente verificação da culpa,
de outras sanções que os fornecedores podem dificultando o ressarcimento do dobro do que
sofrer. pagou em excesso pelo consumidor.

SEÇÃO V Outras situações que devam ocorrer para haver


Da Cobrança de Dívidas a devolução em dobro:

Art. 42. Na cobrança de débitos, o  A cobrança não pode ser oriunda de


consumidor inadimplente não será exposto a cláusula posteriormente declarada
ridículo, nem será submetido a qualquer tipo nula, pois o fornecedor exerceu seu
de constrangimento ou ameaça. direito de modo regular quando
cobrou o convencionado na cláusula;
Parágrafo único. O consumidor cobrado
em quantia indevida tem direito à repetição do  Não pode o objeto da cobrança
indébito, por valor igual ao dobro do que pagou indevida ter posicionamento
em excesso (dobro do excesso), acrescido de controvertido nos tribunais;
correção monetária e juros legais, salvo
hipótese de engano justificável.  Se a cobrança indevida se deu em
virtude de má interpretação da

@Andreza_concurseira
legislação em vigor também não § 3° O consumidor, sempre que encontrar
haverá restituição em dobro; inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá
exigir sua imediata correção, devendo o
arquivista, no prazo de cinco dias úteis,
comunicar a alteração aos eventuais
destinatários das informações incorretas.

§ 4° Os bancos de dados e cadastros


relativos a consumidores, os serviços de
proteção ao crédito e congêneres são
considerados entidades de caráter público.

§ 5° Consumada a prescrição relativa à


 STJ: Repetição do indébito nos cobrança de débitos do consumidor, não serão
contratos bancários não será pelas fornecidas, pelos respectivos Sistemas de
mesmas taxas pactuadas no contrato: Proteção ao Crédito, quaisquer informações
2018; que possam impedir ou dificultar novo acesso
ao crédito junto aos fornecedores.
 Infração penal respectiva: art. 71 do
CDC. § 6o Todas as informações de que trata
o caput deste artigo devem ser disponibilizadas
Art. 42-A. Em todos os documentos de em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa
cobrança de débitos apresentados ao com deficiência, mediante solicitação do
consumidor, deverão constar o nome, o consumidor. (Incluído pela Lei nº 13.146, de
endereço e o número de inscrição no Cadastro 2015) (Vigência)
de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro
Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do
fornecedor do produto ou serviço
correspondente. (Incluído pela Lei nº
12.039, de 2009)

Documentos de cobrança: NOME, ENDEREÇO,


CPF OU CNPJ do fornecedor.

SEÇÃO VI
Dos Bancos de Dados e Cadastros de
Consumidores

Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do


disposto no art. 86, terá acesso às informações
existentes em cadastros, fichas, registros e
dados pessoais e de consumo arquivados sobre
ele, bem como sobre as suas respectivas
fontes.

§ 1° Os cadastros e dados de consumidores


devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em
linguagem de fácil compreensão, não podendo
conter informações negativas referentes a
período superior a cinco anos.

§ 2° A abertura de cadastro, ficha, registro


e dados pessoais e de consumo deverá ser
comunicada por escrito ao consumidor, quando
não solicitada por ele.

@Andreza_concurseira
Mas se há outras inscrições anteriores e a
dívida é devida, a falta de comunicação de nova
inscrição não gera danos morais. Somente há
suspensão do registro até que seja cumprido o
requisito da comunicação.

Súmula 359 do STJ: "Cabe ao órgão


mantenedor do Cadastro de Proteção ao
Crédito a notificação do devedor antes de
proceder à inscrição."

Importante: na ação de dano moral por falta de


notificação ao consumidor, o fornecedor é
parte ilegítima para figurar no polo passivo.
Somente o arquivo de consumo (ex: SPC ou
Serasa) deve responder à ação.

Não cabe dano moral por falta de comunicação


quando a informação é acessível ao público
(Diários Oficiais, ex: execução fiscal / Cartórios
de protesto).

O habeas data e não o mandado de segurança é


o instrumento processual cabível para a
proteção ao direito de informação do cidadão.

Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do


consumidor às informações que sobre ele Atenção: o prazo de 5 dias não é o prazo que o
constem em cadastros, banco de dados, fichas arquivo tem para retificar a informação. Este
e registros: Pena - Detenção de seis meses a um prazo é para comunicar os outros fornecedores
ano ou multa. (destinatários) sobre a retificação.

A Lei de Proteção de Dados Pessoais (Lei


13.709/2018) previu a possibilidade do
consumidor (titular dos dados) reclamar em
relação aos seus dados arquivados perante os
organismos de defesa do consumidor (no caso
os Procons) (art. 18, § 8º, da Lei 13.709/2018).
Infração: Art. 73. Deixar de corrigir
imediatamente informação sobre consumidor
Súmula 404 do STJ: "É dispensável o Aviso de
constante de cadastro, banco de dados, fichas
Recebimento (AR) na carta de comunicação ao
ou registros que sabe ou deveria saber ser
consumidor sobre a negativação de seu nome
inexata: Pena - Detenção de um a seis meses ou
em bancos de dados e cadastros.'
multa.

Motivo da súmula: existem outros meios de


cobrar além da execução: como ação monitória

@Andreza_concurseira
ou ação de locupletamento ou até mesmo ação a mora. Isso é importante, pois
de cobrança de rito ordinário. descaracterizado a mora, o consumidor não
pode ser inscrito ou não pode permanecer nos
Embora o CDC seja omisso em estabelecer a órgãos de proteção ao crédito.
partir de qual momento o prazo de cinco anos
será contado para que o consumidor seja
"excluído", o STJ entendeu que deverá ser o do
dia seguinte à data de vencimento da dívida e
não o dia em que foi efetivamente inscrito no
arquivo. (STJ, REsp 1316117/SC, Rei. Ministro
João Otávio de Noronha, Rei. p/ Acórdão
Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira
Turma, DJe 19/08/2016).

Interessante: há um precedente recente do STJ


que obriga os arquivos de consumo a inserirem
os prazos de vencimento da dívida (quando as
informações são coletadas dos cartórios de
Ex: caso de conta conjunta em que cada
protesto), juntamente com as informações
cotitular a movimenta livremente.
desabonadoras, para controle dos limites
temporais em que o consumidor poderá
constar nos cadastros. Assim, será possível
controlar o prazo prescricional para saber se o
nome do consumidor po-de constar ou não no
cadastro. (STJ, REsp 1630889/DF, Rei. Ministra
Nancy Andrighi, Terceira Turma, DJe
21/09/2018)

Art. 43, § 4. Bancos de dados e cadastros de


consumidores entidades de caráter público 􀂊
possibilidade de utilizar o Habeas Data (art. 5º,
LXXII, da CF): Para fins do exercício dos direitos
de acesso e retificação de dados por via da ação
constitucional de habeas data, os bancos de
dados, os SPC's, os cadastros e quaisquer
outros organismos que coletem ou armazenem
informações sobre consumidores são
considerados entidades de caráter público.
(Não significa que são entidade públicas, mas
que, para fins desta lei, são consideradas
entidades de caráter público.

li) informações sensíveis, assim consideradas


aquelas pertinentes à origem social e étnica, à
saúde, à informação genética, à orientação
sexual e às convicções políticas, religiosas,
filosóficas;

Direitos do consumidor: solicitar impugnação


de qualquer informação sobre ele
erroneamente anotada em banco de dados e
Súmula 380 do STJ: “A simples propositura da
ter, em até 7 (sete) dias, sua correção ou
ação de revisão do contrato não inibe a
cancelamento e comunicação aos bancos de
caracterização da mora do autor”. Assim, a
dados com os quais ele compartilhou a
simples propositura de ação questionando
informação;
alguma cláusula do contrato não descaracteriza

@Andreza_concurseira
Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do
consumidor manterão cadastros atualizados de
reclamações fundamentadas contra
fornecedores de produtos e serviços, devendo
divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação
indicará se a reclamação foi atendida ou não
pelo fornecedor.

§ 1° É facultado o acesso às informações lá


constantes para orientação e consulta por
qualquer interessado.

§ 2° Aplicam-se a este artigo, no que


couber, as mesmas regras enunciadas no artigo
anterior e as do parágrafo único do art. 22
deste código.

Art. 45. (Vetado).

CAPÍTULO VI
Da Proteção Contratual

SEÇÃO I
Disposições Gerais

Art. 46. Os contratos que regulam as


relações de consumo não obrigarão os
consumidores, se não lhes for dada a
Súmula 550 do STJ diz: "A utilização de escore oportunidade de tomar conhecimento prévio
de crédito, método estatístico de avaliação de de seu conteúdo, ou se os respectivos
risco que não constitui banco de dados, instrumentos forem redigidos de modo a
dispensa o consentimento do consumidor, que dificultar a compreensão de seu sentido e
terá o direito de solicitar esclarecimentos sobre alcance.
as informações pessoais valoradas e as fontes
dos dados considerados no respectivo cálculo."

@Andreza_concurseira
Art. 47. As cláusulas contratuais serão Parágrafo único. Se o consumidor exercitar
interpretadas de maneira mais favorável ao o direito de arrependimento previsto neste
consumidor. artigo, os valores eventualmente pagos, a
qualquer título, durante o prazo de reflexão,
Princípio da interpretação mais favorável ao serão devolvidos, de imediato,
consumidor. Verificação do princípio monetariamente atualizados.
constitucional da isonomia, na qual os desiguais
devem ser trata dos desigualmente na medida Direito de arrependimento: produto adquirido
de suas desigualdades. fora do estabelecimento comercial deixa o
consumidor mais vulnerável na relação jurídica.
O princípio da interpretação mais favorável ao Não está vinculado a qualquer vício do produto,
consumidor acarreta a presunção de boa-fé dos nem precisa de justificativa pelo consumidor.
seus atos. Esse entendimento tem sido aplicado
pelo STJ no tocante à exclusão d e cobertura de O artigo 51 ,II, estabelece que é nula de pleno
doenças preexistentes: direito a cláusula que subtraia do consumidor a
opção de reembolso a quantia já paga.
Súmula 609 STJ: “A recusa de cobertura
securitária, sob a alegação de doenças
preexistentes, é ilícita se não houve a exigência
de exames médicos prévios à contratação ou a
demonstração de má-fé do segurado”.

Art. 48. As declarações de vontade


constantes de escritos particulares, recibos e
pré-contratos relativos às relações de consumo
vinculam o fornecedor, ensejando inclusive
execução específica, nos termos do art. 84 e
parágrafos.

Utilização do art. 84. Obtenção da tutela


específica ou o resultado equivalente da
obrigação de fazer e não fazer, garantindo
assim o resultado prático assegurado pelo
direito. Ex: cominação de astreintes; medidas
necessárias como busca e apreensão, etc.
Transcorrido o prazo de 7 (sete) dias sem q u e
tenha sido exercido o direito de arrependi
Art. 84. Na ação que tenha por objeto o mento, será observada a irretratabilidade do
cumprimento da obrigação de fazer ou não contrato de incorporação imobiliária, conforme
fazer, o juiz concederá a tutela específica da disposto n o § 2Q do art. 32 da Lei n 4.
obrigação ou determinará providências que 591/1964 (Art. 67-A, § 12).
assegurem o resultado prático equivalente ao
do adimplemento.
Art. 50. A garantia contratual é
complementar à legal e será conferida
Art. 49. O consumidor pode desistir do mediante termo escrito.
contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua
assinatura ou do ato de recebimento do
Parágrafo único. O termo de garantia ou
produto ou serviço, sempre que a contratação
equivalente deve ser padronizado e esclarecer,
de fornecimento de produtos e serviços ocorrer
de maneira adequada em que consiste a
fora do estabelecimento comercial,
mesma garantia, bem como a forma, o prazo e
especialmente por telefone ou a domicílio.

@Andreza_concurseira
o lugar em que pode ser exercitada e os ônus a III - transfiram responsabilidades a
cargo do consumidor, devendo ser-lhe terceiros;
entregue, devidamente preenchido pelo
fornecedor, no ato do fornecimento, IV - estabeleçam obrigações consideradas
acompanhado de manual de instrução, de iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor
instalação e uso do produto em linguagem em desvantagem exagerada, ou sejam
didática, com ilustrações. incompatíveis com a boa-fé ou a eqüidade;

V - (Vetado);

VI - estabeleçam inversão do ônus da prova


em prejuízo do consumidor;

VII - determinem a utilização compulsória


de arbitragem;

A opção pela arbitragem é do consumidor.

VIII - imponham representante para


concluir ou realizar outro negócio jurídico pelo
consumidor;

Assim, os prazos de decadência do artigo 26 IX - deixem ao fornecedor a opção de


começam após o prazo da garantia contratual. concluir ou não o contrato, embora obrigando
o consumidor;
O fornecedor deve preencher o termo de
garantia no momento da conclusão do contrato X - permitam ao fornecedor, direta ou
e entregar ao consumidor, sob pena de infração indiretamente, variação do preço de maneira
penal: art.74. unilateral;

SEÇÃO II XI - autorizem o fornecedor a cancelar o


Das Cláusulas Abusivas contrato unilateralmente, sem que igual direito
seja conferido ao consumidor;
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre
outras, as cláusulas contratuais relativas ao XII - obriguem o consumidor a ressarcir os
fornecimento de produtos e serviços que: custos de cobrança de sua obrigação, sem que
igual direito lhe seja conferido contra o
I - impossibilitem, exonerem ou atenuem a fornecedor;
responsabilidade do fornecedor por vícios de
qualquer natureza dos produtos e serviços ou XIII - autorizem o fornecedor a modificar
impliquem renúncia ou disposição de direitos. unilateralmente o conteúdo ou a qualidade do
Nas relações de consumo entre o fornecedor e contrato, após sua celebração;
o consumidor pessoa jurídica, a indenização
poderá ser limitada, em situações justificáveis; XIV - infrinjam ou possibilitem a violação
de normas ambientais;
II - subtraiam ao consumidor a opção de
reembolso da quantia já paga, nos casos
previstos neste código;

@Andreza_concurseira
XV - estejam em desacordo com o sistema decreta a nulidade é desconstitutiva (ou
de proteção ao consumidor; constitutiva negativa) e produz efeitos ex tunc,
retroagindo à data da celebração do contrato.
XVI - possibilitem a renúncia do direito de
indenização por benfeitorias necessárias. A nulidade das cláusulas abusivas independe da
demonstração de má-fé do fornecedor.
§ 1º Presume-se exagerada, entre outros Ademais, essas nulidades poderão ser
casos, a vantagem que: declaradas de ofício.

I - ofende os princípios fundamentais do


sistema jurídico a que pertence;

II - restringe direitos ou obrigações


fundamentais inerentes à natureza do contrato, Súmula 381: "Nos contratos bancários, é
de tal modo a ameaçar seu objeto ou equilíbrio vedado ao julgador conhecer, de ofício da
contratual; abusividade das cláusulas".

III - se mostra excessivamente onerosa


para o consumidor, considerando-se a natureza
e conteúdo do contrato, o interesse das partes
e outras circunstâncias peculiares ao caso.

§ 2° A nulidade de uma cláusula contratual


abusiva não invalida o contrato, exceto quando
de sua ausência, apesar dos esforços de
integração, decorrer ônus excessivo a qualquer
das partes.

Princípio da conservação dos contratos.

Assim, o juiz não somente poderá afastar


integralmente uma de terminada cláusula
abusiva, como também poderá modificar o
conteúdo negocial, de modo a manter o
equilíbrio entre as partes, conservando
igualmente o contrato. Um exemplo seria a
redução da taxa de juros estipulada
contratualmente e que foi considerada abusiva.

§ 3° (Vetado).

§ 4° É facultado a qualquer consumidor ou


entidade que o represente requerer ao
Ministério Público que ajuíze a competente
ação para ser declarada a nulidade de cláusula
contratual que contrarie o disposto neste
código ou de qualquer forma não assegure o
justo equilíbrio entre direitos e obrigações das
partes.

A nulidade das cláusulas abusivas tanto poderá


ocorrer nos contratos de adesão como nos
contratos de comum acordo (contrat de gré à
gré), um a vez que a norma abrange toda e
qualquer relação de consumo. A sentença que

@Andreza_concurseira
Quando a taxa é apresentada em uma unidade
de tempo diferente da unidade do período de
capitalização diz-se que a taxa é nominal;

@Andreza_concurseira
quando a unidade de tempo coincide com a
unidade do período de capitalização a taxa é a
efetiva. Por exemplo, uma taxa nominal 12% ao
ano, sendo a capitalização dos juros feita
mensalmente. Neste caso, a taxa efetiva é de
1% ao mês, o que é equivalente a uma taxa
efetiva de 12,68% ao ano. Se a taxa for de 12%
ao ano, com capitalização apenas anual, a taxa
de 12% será a taxa efetiva anual.

Com base nessa equivalência entre taxas, este


colegiado chegou à tese do duodécuplo,
segundo a qual a previsão de taxa de juros
anual superior ao duodécuplo da mensal é
suficiente para informar o consumidor sobre a
existência de capitalização de juros. Observe-se
que a própria informação das taxas anual e
mensal já permitem ao consumidor aferir a
equivalência entre as taxas.

Súmula 472 STJ: A cobrança de comissão de


permanência - cujo valor não pode ultrapassar
a soma dos encargos remuneratórios e
moratórios previstos no contrato - exclui a
exigibilidade dos juros remuneratórios,
moratórios e da multa contratual./ Ou seja,
veda-se a cumulação, mas alternativamente,
pode ser cobrada.

Súmula 286 do STJ: ''A renegociação de


contrato bancário ou a confissão da dívida não
impede a possibilidade de discussão sobre
eventuais ilegalidades dos contratos
anteriores."

@Andreza_concurseira
Planos de autogestão: Pessoa jurídica de direito
privado sem fins lucrativos que opera plano de
assistência à saúde com exclusividade para um
público determinado de beneficiários.
Categoria de plano de saúde sem a presença da
comercialização de produtos e lucros.

Súmula 302 STJ: É abusiva a cláusula contratual


de plano de saúde que limita no tempo a
internação hospitalar do segurado.

Interpretando essa súmula, o STJ entende que


se refere à segmentação hospitalar e não
ambulatorial. Assim, não é abusiva a cláusula
contratual em plano de saúde individual que
estabelece, para tratamento emergencial ou de
urgência, no atendimento AMBULATORIAL, o
limite de 12 horas. (2018).

Abusividade de exclusão de doenças


infectocontagiosas de notificação obrigatória
(Ex: AIDS): o STJ entende que a cláusula de
contrato de seguro-saúde excludente de
tratamento de doenças infectocontagiosas de
notificação compulsória, como a AIDS, é nula
porque abusiva.

@Andreza_concurseira
@Andreza_concurseira
O STJ entende que o critério determinativo da
competência nas relações de consumo é regra
de competência absoluta.

Cobertura de medicamentos importados sem


registro na ANVISA: Como regra, o plano de
saúde não pode ser obrigado a fornecer
medicamento sem registro na Anvisa, exceção:
COMPLETAR

Enunciado em tese: “As operadoras de planos


de saúde não estão obrigadas a fornecer
medicamentos não registrados pela Anvisa”

1- Pedido de registro e mora irrazoável


da ANVISA em apreciar o pedido; salvo
em caso de doenças raras com
medicamentos órfãs.

2- Registro em entidades no exterior


amplamente reconhecida;

@Andreza_concurseira
Ou seja, mesmo nos contratos que não
envolvam outorga de crédito ou concessão de
financiamento, o STJ entende que poderia ser
aplicado o limite de 2% para MULTAS
moratórias. (Fundamento: equidade; função
social do contrato).

A multa moratória é calculada sobre o valor das


prestações vencidas e não sobre o total do
financiamento (STJ);

Art. 52. No fornecimento de produtos ou


serviços que envolva outorga de crédito ou
concessão de financiamento ao consumidor, o
fornecedor deverá, entre outros requisitos,
informá-lo prévia e adequadamente sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda


corrente nacional;

II - montante dos juros de mora e da taxa


efetiva anual de juros;

III - acréscimos legalmente previstos;

IV - número e periodicidade das


prestações;

V - soma total a pagar, com e sem


financiamento.

§ 1° As multas de mora decorrentes do


inadimplemento de obrigações no seu termo
não poderão ser superiores a dois por cento do
valor da prestação. (Redação dada pela
Lei nº 9.298, de 1º.8.1996).

§ 2º É assegurado ao consumidor a
liquidação antecipada do débito, total ou
parcialmente, mediante redução proporcional
dos juros e demais acréscimos.

§ 3º (Vetado).

@Andreza_concurseira
§ 2º Nos contratos do sistema de consórcio
de produtos duráveis, a compensação ou a
restituição das parcelas quitadas, na forma
deste artigo, terá descontada, além da
vantagem econômica auferida com a fruição, os
prejuízos que o desistente ou inadimplente
causar ao grupo.

§ 3° Os contratos de que trata o caput


deste artigo serão expressos em moeda
corrente nacional.

Cláusula que estabeleça perda total das


prestações pagas = Chamada de CLÁUSULA DE
DECAIMENTO. É possível a perda parcial.

Art. 53. Nos contratos de compra e venda


de móveis ou imóveis mediante pagamento em
prestações, bem como nas alienações
fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de
pleno direito as cláusulas que estabeleçam a
perda total das prestações pagas em benefício
do credor que, em razão do inadimplemento,
pleitear a resolução do contrato e a retomada
do produto alienado.

§ 1° (Vetado).

@Andreza_concurseira
A cláusula de tolerância foi disciplinada pela lei SEÇÃO III
do distrato: prazo de 180 dias da data prevista Dos Contratos de Adesão
para conclusão, desde que pactuada
expressamente, de forma clara e destacada, e Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas
não dará causa a resolução do contrato por cláusulas tenham sido aprovadas pela
parte do adquirente nem ensejará o autoridade competente ou estabelecidas
pagamento de qualquer penalidade ao unilateralmente pelo fornecedor de produtos
incorporador. ou serviços, sem que o consumidor possa
discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.

§ 1° A inserção de cláusula no formulário


não desfigura a natureza de adesão do
contrato.

§ 2° Nos contratos de adesão admite-se


cláusula resolutória, desde que a alternativa,
cabendo a escolha ao consumidor, ressalvando-
se o disposto no § 2° do artigo anterior.

§ 3o Os contratos de adesão escritos serão


redigidos em termos claros e com caracteres
ostensivos e legíveis, cujo tamanho da fonte
não será inferior ao corpo doze, de modo a
facilitar sua compreensão pelo
consumidor. (Redação dada pela nº 11.785,
de 2008)

§ 4° As cláusulas que implicarem limitação


de direito do consumidor deverão ser redigidas

@Andreza_concurseira
com destaque, permitindo sua imediata e fácil
compreensão.

§ 5° (Vetado) (redação vetada: Cópia dor


formulário-padrão será remetida ao MP que,
mediante IC, poderá efetuar o controle
preventivo das cláusulas gerais do contrato de
adesão)

Ao contrário dos contratos de acordo comum


(contrat de gré à gré).

CAPÍTULO VII
Das Sanções Administrativas
(Vide Lei nº 8.656, de 1993)

Art. 55. A União, os Estados e o Distrito


Federal, em caráter concorrente e nas suas
respectivas áreas de atuação administrativa,
baixarão normas relativas à produção,
industrialização, distribuição e consumo de
produtos e serviços.

§ 1° A União, os Estados, o Distrito Federal


e os Municípios fiscalizarão e controlarão a
produção, industrialização, distribuição, a
publicidade de produtos e serviços e o mercado
de consumo, no interesse da preservação da
vida, da saúde, da segurança, da informação e
do bem-estar do consumidor, baixando as
normas que se fizerem necessárias.

§ 2° (Vetado).

@Andreza_concurseira
§ 3° Os órgãos federais, estaduais, do X - interdição, total ou parcial, de
Distrito Federal e municipais com atribuições estabelecimento, de obra ou de atividade;
para fiscalizar e controlar o mercado de
consumo manterão comissões permanentes XI - intervenção administrativa;
para elaboração, revisão e atualização das
normas referidas no § 1°, sendo obrigatória a XII - imposição de contrapropaganda.
participação dos consumidores e fornecedores.
Parágrafo único. As sanções previstas neste
§ 4° Os órgãos oficiais poderão expedir artigo serão aplicadas pela autoridade
notificações aos fornecedores para que, sob administrativa, no âmbito de sua atribuição,
pena de desobediência, prestem informações podendo ser aplicadas cumulativamente,
sobre questões de interesse do consumidor, inclusive por medida cautelar, antecedente ou
resguardado o segredo industrial. incidente de procedimento administrativo.

Normas de produção, industrialização,


distribuição e consumo: União e estados

Normas de fiscalização e controle: U/E/M

STJ: Súmula- Os municípios podem dispor sobre


o tempo de atendimento ao público nas
agências bancárias localizadas no seu território.
Os estados não têm essa competência, por se
tratar de interesse local.

Art. 56. As infrações das normas de defesa


do consumidor ficam sujeitas, conforme o caso,
às seguintes sanções administrativas, sem
prejuízo das de natureza civil, penal e das
definidas em normas específicas:

I - multa;
Art. 57. A pena de multa, graduada de
II - apreensão do produto; acordo com a gravidade da infração, a
vantagem auferida e a condição econômica do
III - inutilização do produto; fornecedor, será aplicada mediante
procedimento administrativo, revertendo para
o Fundo de que trata a Lei nº 7.347, de 24 de
IV - cassação do registro do produto junto
julho de 1985, os valores cabíveis à União, ou
ao órgão competente;
para os Fundos estaduais ou municipais de
proteção ao consumidor nos demais
V - proibição de fabricação do produto; casos. (Redação dada pela Lei nº 8.656, de
21.5.1993)
VI - suspensão de fornecimento de
produtos ou serviço; Parágrafo único. A multa será em
montante não inferior a duzentas e não
VII - suspensão temporária de atividade; superior a três milhões de vezes o valor da
Unidade Fiscal de Referência (Ufir), ou índice
VIII - revogação de concessão ou permissão equivalente que venha a substituí-lo. (Parágrafo
de uso; acrescentado pela Lei nº 8.703, de 6.9.1993)

IX - cassação de licença do
estabelecimento ou de atividade;

@Andreza_concurseira
Art. 58. As penas de apreensão, de
inutilização de produtos, de proibição de
fabricação de produtos, de suspensão do
fornecimento de produto ou serviço, de
cassação do registro do produto e revogação da
concessão ou permissão de uso serão aplicadas
pela administração, mediante procedimento
administrativo, assegurada ampla defesa,
quando forem constatados vícios de
quantidade ou de qualidade por inadequação
ou insegurança do produto ou serviço.

Art. 59. As penas de cassação de alvará de


licença, de interdição e de suspensão
Dumping é uma prática comercial que consiste temporária da atividade, bem como a de
em uma ou mais empresas de um país intervenção administrativa, serão aplicadas
venderem seus produtos, mercadorias ou mediante procedimento administrativo,
serviços por preços extraordinariamente abaixo assegurada ampla defesa, quando o fornecedor
de seu valor justo para outro país (preço que reincidir na prática das infrações de maior
geralmente se considera menor do que se gravidade previstas neste código e na legislação
cobra pelo produto dentro do país exportador), de consumo.
por um tempo, visando prejudicar e eliminar os
fabricantes de produtos similares concorrentes § 1° A pena de cassação da concessão será
no local, passando então a dominar o mercado aplicada à concessionária de serviço público,
e impondo preços altos. É um termo usado em quando violar obrigação legal ou contratual.
comércio internacional e é reprimido pelos
governos nacionais, quando comprovado. Esta
§ 2° A pena de intervenção administrativa
técnica é utilizada como forma de ganhar
será aplicada sempre que as circunstâncias de
quotas de mercado.
fato desaconselharem a cassação de licença, a
interdição ou suspensão da atividade.
STJ: PROCON pode aplicar multa à empresa
pública federal (ex: CEF quando há infração às
§ 3° Pendendo ação judicial na qual se
normas de proteção ao consumidor).
discuta a imposição de penalidade
administrativa, não haverá reincidência até o
PRONCON não pode aplicar sanção se não há trânsito em julgado da sentença.
relação de consumo (ex: contrato
administrativo).

Para determinar se as infrações são de maior


gravidade, uma vez que a lei não específica,
deverá o aplicador da norma, diante das

@Andreza_concurseira
circunstâncias do caso concreto, fundamentar e Art. 63. Omitir dizeres ou sinais ostensivos
classificar as infrações, para determinar a sobre a nocividade ou periculosidade de
sanção a ser aplicada. produtos, nas embalagens, nos invólucros,
recipientes ou publicidade:

Pena - Detenção de seis meses a dois anos


e multa.

§ 1° Incorrerá nas mesmas penas quem


deixar de alertar, mediante recomendações
escritas ostensivas, sobre a periculosidade do
serviço a ser prestado.

§ 2° Se o crime é culposo:

Pena Detenção de um a seis meses ou


Art. 60. A imposição de contrapropaganda multa.
será cominada quando o fornecedor incorrer na
prática de publicidade enganosa ou abusiva, Artigo 9 do CDC.
nos termos do art. 36 e seus parágrafos,
sempre às expensas do infrator.

§ 1º A contrapropaganda será divulgada


pelo responsável da mesma forma, freqüência
e dimensão e, preferencialmente no mesmo
veículo, local, espaço e horário, de forma capaz
de desfazer o malefício da publicidade
Art. 64. Deixar de comunicar à autoridade
enganosa ou abusiva.
competente e aos consumidores a nocividade
ou periculosidade de produtos cujo
§ 2° (Vetado) conhecimento seja posterior à sua colocação no
mercado:
§ 3° (Vetado).
Pena - Detenção de seis meses a dois anos
TÍTULO II e multa.
Das Infrações Penais
Parágrafo único. Incorrerá nas mesmas
penas quem deixar de retirar do mercado,
imediatamente quando determinado pela
autoridade competente, os produtos nocivos
ou perigosos, na forma deste artigo.
Dica do Qconcurso: Todos possuem pena de
detenção / Possível Suspro (pena mínima de Artigo 10, §1º do CDC.
um ano) / Passível de fiança pelo delegado/ só
há duas modalidades culposas: 63 e 66. Art. 65. Executar serviço de alto grau de
periculosidade, contrariando determinação de
Art. 61. Constituem crimes contra as autoridade competente:
relações de consumo previstas neste código,
sem prejuízo do disposto no Código Penal e leis Pena Detenção de seis meses a dois anos e
especiais, as condutas tipificadas nos artigos multa.
seguintes.
§ 1º As penas deste artigo são aplicáveis
Art. 62. (Vetado). sem prejuízo das correspondentes à lesão
corporal e à morte. (Redação dada
pela Lei nº 13.425, de 2017)

@Andreza_concurseira
§ 2º A prática do disposto no inciso XIV do Art. 70. Empregar na reparação de
art. 39 desta Lei também caracteriza o crime produtos, peça ou componentes de reposição
previsto no caput deste usados, sem autorização do consumidor:
artigo. (Incluído pela Lei nº
13.425, de 2017). Pena Detenção de três meses a um ano e
multa.
Art. 66. Fazer afirmação falsa ou enganosa,
ou omitir informação relevante sobre a Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de
natureza, característica, qualidade, quantidade, ameaça, coação, constrangimento físico ou
segurança, desempenho, durabilidade, preço moral, afirmações falsas incorretas ou
ou garantia de produtos ou serviços: enganosas ou de qualquer outro procedimento
que exponha o consumidor, injustificadamente,
Pena - Detenção de três meses a um ano e a ridículo ou interfira com seu trabalho,
multa. descanso ou lazer:

§ 1º Incorrerá nas mesmas penas quem Pena Detenção de três meses a um ano e
patrocinar a oferta. multa.

§ 2º Se o crime é culposo; Art. 72. Impedir ou dificultar o acesso do


consumidor às informações que sobre ele
Pena Detenção de um a seis meses ou constem em cadastros, banco de dados, fichas
multa. e registros:

Artigo 31 do CDCD. Pena Detenção de seis meses a um ano ou


multa.
Art. 67. Fazer ou promover publicidade que
sabe ou deveria saber ser enganosa ou abusiva: Art. 73. Deixar de corrigir imediatamente
informação sobre consumidor constante de
Pena Detenção de três meses a um ano e cadastro, banco de dados, fichas ou registros
multa. que sabe ou deveria saber ser inexata:

Parágrafo único. (Vetado). Pena Detenção de um a seis meses ou


multa.
Art.37 CDC.
Art. 74. Deixar de entregar ao consumidor
o termo de garantia adequadamente
Art. 68. Fazer ou promover publicidade que
preenchido e com especificação clara de seu
sabe ou deveria saber ser capaz de induzir o
conteúdo;
consumidor a se comportar de forma
prejudicial ou perigosa a sua saúde ou
segurança: Pena Detenção de um a seis meses ou
multa.
Pena - Detenção de seis meses a dois anos
e multa: Art. 75. Quem, de qualquer forma,
concorrer para os crimes referidos neste
código, incide as penas a esses cominadas na
Parágrafo único. (Vetado).
medida de sua culpabilidade, bem como o
diretor, administrador ou gerente da pessoa
Art. 69. Deixar de organizar dados fáticos, jurídica que promover, permitir ou por
técnicos e científicos que dão base à qualquer modo aprovar o fornecimento, oferta,
publicidade: exposição à venda ou manutenção em depósito
de produtos ou a oferta e prestação de serviços
Pena Detenção de um a seis meses ou nas condições por ele proibidas.
multa.
Art. 76. São circunstâncias agravantes dos
Artigo: 36,§ único. crimes tipificados neste código:

@Andreza_concurseira
I - serem cometidos em época de grave valor do Bônus do Tesouro Nacional (BTN), ou
crise econômica ou por ocasião de calamidade; índice equivalente que venha a substituí-lo.

II - ocasionarem grave dano individual ou Parágrafo único. Se assim recomendar a


coletivo; situação econômica do indiciado ou réu, a
fiança poderá ser:
III - dissimular-se a natureza ilícita do
procedimento; a) reduzida até a metade do seu valor
mínimo;
IV - quando cometidos:
b) aumentada pelo juiz até vinte vezes.
a) por servidor público, ou por pessoa cuja
condição econômico-social seja Art. 80. No processo penal atinente aos
manifestamente superior à da vítima; crimes previstos neste código, bem como a
outros crimes e contravenções que envolvam
b) em detrimento de operário ou rurícola; relações de consumo, poderão intervir, como
de menor de dezoito ou maior de sessenta anos assistentes do Ministério Público, os
ou de pessoas portadoras de deficiência mental legitimados indicados no art. 82, inciso III e IV,
interditadas ou não; aos quais também é facultado propor ação
penal subsidiária, se a denúncia não for
V - serem praticados em operações que oferecida no prazo legal.
envolvam alimentos, medicamentos ou
quaisquer outros produtos ou serviços
essenciais.

CDC não prevê atenuantes.


Parte de coletivo: resumo a parte.
Art. 77. A pena pecuniária prevista nesta
Seção será fixada em dias-multa, CAPÍTULO III
correspondente ao mínimo e ao máximo de Das Ações de Responsabilidade do Fornecedor
dias de duração da pena privativa da liberdade de Produtos e Serviços
cominada ao crime. Na individualização desta
multa, o juiz observará o disposto no art. 60,
Art. 101. Na ação de responsabilidade civil
§1° do Código Penal.
do fornecedor de produtos e serviços, sem
prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste
Art. 78. Além das penas privativas de título, serão observadas as seguintes normas:
liberdade e de multa, podem ser impostas,
cumulativa ou alternadamente, observado
I - a ação pode ser proposta no domicílio
odisposto nos arts. 44 a 47, do Código Penal:
do autor;
I - a interdição temporária de direitos;
II - o réu que houver contratado seguro de
responsabilidade poderá chamar ao processo o
II - a publicação em órgãos de comunicação segurador, vedada a integração do
de grande circulação ou audiência, às expensas contraditório pelo Instituto de Resseguros do
do condenado, de notícia sobre os fatos e a Brasil. Nesta hipótese, a sentença que julgar
condenação; procedente o pedido condenará o réu nos
termos do art. 80 do Código de Processo Civil.
III - a prestação de serviços à comunidade. Se o réu houver sido declarado falido, o síndico
será intimado a informar a existência de seguro
Art. 79. O valor da fiança, nas infrações de de responsabilidade, facultando-se, em caso
que trata este código, será fixado pelo juiz, ou afirmativo, o ajuizamento de ação de
pela autoridade que presidir o inquérito indenização diretamente contra o segurador,
(DELEGADO), entre cem e duzentas mil vezes o vedada a denunciação da lide ao Instituto de

@Andreza_concurseira
Resseguros do Brasil e dispensado o Art. 105. Integram o Sistema Nacional de
litisconsórcio obrigatório com este. Defesa do Consumidor (SNDC), os órgãos
federais, estaduais, do Distrito Federal e
municipais e as entidades privadas de defesa
do consumidor.

Art. 106. O Departamento Nacional de


Defesa do Consumidor, da Secretaria Nacional
de Direito Econômico (MJ), ou órgão federal
que venha substituí-lo, é organismo de
coordenação da política do Sistema Nacional de
Defesa do Consumidor, cabendo-lhe:

I - planejar, elaborar, propor, coordenar e


executar a política nacional de proteção ao
consumidor;

II - receber, analisar, avaliar e encaminhar


consultas, denúncias ou sugestões
apresentadas por entidades representativas ou
pessoas jurídicas de direito público ou privado;

III - prestar aos consumidores orientação


permanente sobre seus direitos e garantias;

IV - informar, conscientizar e motivar o


consumidor através dos diferentes meios de
comunicação;

V - solicitar à polícia judiciária a


instauração de inquérito policial para a
apreciação de delito contra os consumidores,
nos termos da legislação vigente;
Art. 102. Os legitimados a agir na forma
deste código poderão propor ação visando VI - representar ao Ministério Público
compelir o Poder Público competente a proibir, competente para fins de adoção de medidas
em todo o território nacional, a produção, processuais no âmbito de suas atribuições;
divulgação distribuição ou venda, ou a
determinar a alteração na composição, VII - levar ao conhecimento dos órgãos
estrutura, fórmula ou acondicionamento de competentes as infrações de ordem
produto, cujo uso ou consumo regular se revele administrativa que violarem os interesses
nocivo ou perigoso à saúde pública e à difusos, coletivos, ou individuais dos
incolumidade pessoal. consumidores;

§ 1° (Vetado). VIII - solicitar o concurso de órgãos e


entidades da União, Estados, do Distrito
§ 2° (Vetado) Federal e Municípios, bem como auxiliar a
fiscalização de preços, abastecimento,
quantidade e segurança de bens e serviços;

IX - incentivar, inclusive com recursos


financeiros e outros programas especiais, a
TÍTULO IV formação de entidades de defesa do
Do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor consumidor pela população e pelos órgãos
públicos estaduais e municipais;

@Andreza_concurseira
X - (Vetado).

XI - (Vetado).

XII - (Vetado)

XIII - desenvolver outras atividades


compatíveis com suas finalidades.

Parágrafo único. Para a consecução de seus


objetivos, o Departamento Nacional de Defesa
do Consumidor poderá solicitar o concurso de
órgãos e entidades de notória especialização
técnico-científica.

TÍTULO V
Da Convenção Coletiva de Consumo

Art. 107. As entidades civis de


consumidores e as associações de fornecedores
ou sindicatos de categoria econômica podem
regular, por convenção escrita, relações de
consumo que tenham por objeto estabelecer
condições relativas ao preço, à qualidade, à
quantidade, à garantia e características de
produtos e serviços, bem como à reclamação e
composição do conflito de consumo.

§ 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a


partir do registro do instrumento no cartório de
títulos e documentos.

§ 2° A convenção somente obrigará os


filiados às entidades signatárias.

§ 3° Não se exime de cumprir a convenção


o fornecedor que se desligar da entidade em
data posterior ao registro do instrumento.

É vedada qualquer estipulação que limite a


abrangência do CDC, por se tratar de norma de
ordem pública de interesse social.

Art. 108. (Vetado).

@Andreza_concurseira

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