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MERITÍSSIMO JUÍZO DE DIREITO DA VARA Ú NICA DA COMARCA DE BANANAL/SP.

Processo n.º 0000000-00.0000.0.00.0000


Nome, devidamente qualificada no feito em epígrafe, por sua advogada que
digitalmente assina, vem, respeitosamente à presença de Vossa Excelência
apresentar nos termos do art. 364, § 2º, do CPC, pelos fatos e fundamentos
jurídicos que passa a expor:
ALEGAÇÕ ES FINAIS
Com base nos fatos e fundamentos de direito adiante expostos.

I. SÍNTESE DOS FATOS


A Requerente ajuizou a presente açã o pleiteando obter a concessã o de pensã o por
morte cumulativamente com o reconhecimento de uniã o está vel pos mortem , em
razã o do convívio com o de cujus por cerca de 23 (vinte e três) anos no período
compreendido entre os anos de 1997 (mil novecentos e noventa e sete) à 2020
(dois mil e vinte) encerrando essa uniã o exclusivamente por conta do falecimento
do companheiro que ocorreu em data de 12/12/2020 (doze de dezembro de dois
mil e vinte), conforme certidã o de ó bito já anexada aos autos.
Afirma ainda que existe uma açã o de inventá rio que tramita nesta Comarca de
nú mero: 00000-00-71.2021.8.26.0059, em que figura como inventariante
(conforme termo de compromisso de inventariante) nas folhas 77 (setenta e sete)
do processo mencionado. A demanda de inventá rio foi ajuizada neste juízo pela
requerente juntamente (e de comum acordo) com a ú nica filha do falecido
(oriunda de relacionamento anterior do companheiro) a qual concordou com a
açã o e consequente partilha de bens, onde a autora também será beneficiada,
tendo em vista ter sido a companheira do falecido Sr. Walter (uniã o está vel) por
mais de vinte anos e que essa uniã o encerrou com o falecimento do seu
companheiro no final do ano de dois mil e vinte. Caso nã o vivessem mais juntos
(autora e falecido) a ú nica filha do falecido iria aceitar a partilha e dividir os bens
com uma pessoa que nã o vivesse mais com seu pai (falecido)? Seria descabido e
pouco imprová vel! Sendo assim essa aceitaçã o da ú nica filha do falecido quanto a
partilha de bens também é um meio de prova contundente de que a autora e
falecido viviam em uniã o está vel e que essa uniã o apenas foi rompida devido ao
fato do falecimento do companheiro.
Embora a requerente e o falecido tivessem vivido maritalmente por mais de vinte
anos a uniã o está vel, vindo dissolver exclusivamente pela morte do falecido no
final do ano de dois mil e vinte, o presente feito foi necessá rio em razã o da
determinaçã o da negativa administrativa do INSS em conceder a pensã o por morte
(processo administrativo do INSS já anexado aos autos).
Tã o logo ingressou a autora com o presente processo requerendo a tutela
antecipada o pedido foi acatado por Vossa Excelência em folhas 124 e 125 dos
autos determinando ao INSS a imediata implantaçã o do benefício de pensã o por
morte, porém o requerido impetrou agravo de instrumento com efeito suspensivo
no TRF 2.a Regiã o de nú mero (00)00000-0000.2021.4.03.0000 o qual conseguiu a
invalidaçã o da r. decisã o de folhas 124 e 125.
Em sede de contestaçã o o requerido alega que as provas trazidas aos autos sã o
frá geis para alegar uniã o está vel e consequentemente que a autora nã o é
merecedora de pensã o por morte, pedindo a improcedência da açã o.
Dando continuidade ao feito houve audiência de instruçã o e julgamento, onde a
parte requerida nã o compareceu e sendo assim ficou prejudicado o depoimento
pessoal das partes, sendo ouvida as testemunhas arroladas pela parte autora e
entã o iniciou-se o prazo para apresentaçã o das Alegaçõ es Finais.
É o relató rio necessá rio.

II - DA PROVA TESTEMUNHAL.
Na oitiva foram ouvidas as seguintes testemunhas:
Waldir Nunes - disse que conhece o casal, que sempre soube do relacionamento
entre a autora e o falecido Sr. Walter, que esse relacionamento era pú blico, que
ambos moravam juntos na mesma casa, que sempre os encontrava no posto de
saú de e no mercado da cidade, onde tinha conhecimento que quem provia
alimentos e o necessá rio para a vida do casal era o falecido e que lembra dos dois
na pandemia juntos e que o falecido veio a ó bito na presença da autora e que
estavam juntos, inclusive nos dois ú ltimos anos e que nunca se separaram;
Nome- disse que conheceu o Sr. Walter, que o mesmo era companheiro da autora,
que viviam juntos na mesma casa em Arapei-SP há mais de dezessete anos, que
eram vistos sempre juntos como marido e mulher, que a cidade toda sabia que
eram "marido e mulher" que os via sempre no posto de saú de e que também os via
no mercado da cidade, onde o Sr. Walter fazia compra para casa, que eram
carinhosos um com o outro vivendo em harmonia. Que no dia do falecimento se
recorda que o Sr. Walter passou mal dentro da casa que vivia com a autora e que a
mesma o levou para o hospital onde veio falecer;
Nome- disse que conhecida o casal, que eles viviam juntos muito tempo e que
estavam juntos nos ú ltimos dois anos, que toda cidade sabia que eles viviam juntos
como casal e que o falecido que provia com o sustento da casa e que veio a passar
mal dentro da casa que vivia com a autora e que infelizmente veio a falecer nos
braços da autora;
Nome- disse que conhecia o falecido Sr. Walter, que ele vivia com a autora na
mesma casa, que conhecia o falecido desde criança e que inclusive uma semana
antes do Sr. Walter falecer ficou hospedado na casa do casal (autora e falecido Sr.
Walter) que eles viviam como marido e mulher, dormiam no mesmo quarto e em
cama de casal. Informou que o casal vivia junto por mais de vinte anos e que nunca
se separaram, que toda cidade sabia que viviam como marido e mulher e que o Sr.
Walter falecido que provia o sustento da casa e que ele era companheiro da autora
e que só se separam porque veio a falecer.
III- QUANTO AO RECEBIMENTO DO LOAS PELA REQUERENTE.
Vamos aqui nos reportar ao que foi devidamente explicado na inicial, a saber:
É importante esclarecer que a autora é pessoa de pouco estudo, nã o entendendo
nada sobre benefício LOAS/BPC, achando inclusive que era aposentada por
invalidez da previdência social, e quanto ao seu cadastro no "CRAS" nã o constar o
nome de seu companheiro no grupo familiar, nã o significa que o mesmo nã o era.
Neste passo, a falta de instruçã o e o pouco conhecimento da autora ao tipo de
cadastro efetuado na Secretaria de Assistência Social de sua cidade, ou seja no
"CRAS" nã o tem condã o de negar a uniã o está vel existente entre autora e falecido
Sr. Walter, relacionamento este de conhecimento de toda cidade de Arapeí-SP,
onde inclusive quem a levava no "CRAS" era o seu companheiro Walter (falecido).
E entã o concluímos que:
DE OUTRO GIRO, É SABIDO QUE NOS CASOS EM QUE A PESSOA, AO SOLICITAR
PENSÃ O POR MORTE, QUANDO DA CONCESSÃ O DO REFERIDO BENEFÍCIO, O INSS
DEVE SOLICITAR AO MESMO A APRESENTAÇÃ O DE TERMO DE OPÇÃ O DE QUAL
BENEFÍCIO DESEJA RECEBER, BASTANDO A APRESENTAÇÃ O POR PARTE DA
AUTORA, DE SIMPLES DECLARAÇÃ O DE OPÇÃ O PELA PENSÃ O POR MORTE E
CESSAÇÃ O DO RECEBIMENTO DO AMPARO SOCIAL - LOAS/BPC (grifo nosso).

IV- DA CONCLUSÃO.
Dessa maneira, por se tratar também de uma açã o declarató ria de uniã o está vel
para a consequente pensã o por morte, o Estado, se faz essencial, que além das
provas documentais, haja confirmaçã o por provas testemunhais, sobretudo a
demonstraçã o de publicidade e continuidade da reaçã o, com affectio societatis
familiar, o que ocorreu na oitiva das testemunhas, que foram harmoniosas e
complementares para promover a Declaraçã o de Uniã o Está vel entre a autora e o
de cujus .
Sendo assim, além da confirmaçã o de todas as testemunhas sobre a existência de
uniã o está vel do casal (autora e falecido) sendo rompida apenas com a morte do
companheiro, ressaltamos também que todas as provas documentais anexadas aos
autos (foto com má scara, acompanhamentos médicos, comprovante de residência,
processo atual em andamento de inventá rio e partilha, termo de inventariante etc)
em especial a de folhas 200 (duzentos) dos autos que trata de uma declaraçã o
médica atual informando que a autora e o falecido Sr. Walter possuíam uma uniã o
está vel , todas essas provas sem exceçã o comprovam com a uniã o está vel entre
autora e falecido e que essa uniã o apenas foi rompida com a morte do
companheiro em 12/12/2020 (doze de dezembro de dois mil e vinte), que
infelizmente veio a ó bito nos braços de sua companheira/autora. Ainda reitera que
na certidã o de ó bito consta como declarante a autora e que no campo estado civil
consta uniã o consensual.
Insta esclarecer que a invalidaçã o da tutela antecipada trouxe a ainda tem trazido
sérios prejuízos a autora, tendo em vista depender de ajuda de vizinhos e parentes
que tem doado alimentos para suprir suas necessidades, uma vez que apó s o
falecimento do seu companheiro a renda da família diminuiu drasticamente!
V - DOS PEDIDOS.
Diante do exposto e da esclarecedora prova documental e acima de tudo a
testemunhal, onde todas as testemunhas ouvidas em juízo confirmaram a uniã o
está vel pú blica, douradora, harmoniosa, contínua há mais de vinte anos (e,
principalmente nos ú ltimos dois anos- 2019 a 2020) requer de Vossa Excelência a
total procedência da açã o , a saber:
01- Decretar o reconhecimento da união estável
conforme supra demonstrado, com início no ano de 1997 (mil novecentos e noventa e sete) até
dezembro de 2020 (dois mil e vinte), onde seu companheiro veio a falecer;
02- Decretar a obrigação do INSS em conceder a
implantação da pensão por morte ora pleiteada, conforme previsto no art. 201, inciso V, da Constituição
Federal de 1998, e no art. 74 e seguintes da Lei 8.213/91, devendo ser considerada como data de início
do referido benefício, a data do mês subsequente de seu último recebimento, e, após a devida
implantação da pensão por morte em favor da autora consequentemente que seja definitivamente
extinto o LOAS/BPC;

03- A condenaçã o d a Requerida ao pagamento dos valores acumulados,


atualizados monetariamente a partir do vencimento de cada prestaçã o até efetiva
liquidaçã o, e ainda a aplicaçã o de juros de mora desde a citaçã o;
04- Condenar o INSS ao pagamento de honorá rios advocatícios na base de 20%
(vinte por cento) sobre a condenaçã o, conforme dispõ e o art. 85 do CPC; e,
05- A condenaçã o do INSS no pagamento das custas processuais e honorá rios
advocatícios de sucumbência, em percentual a ser arbitrado por Vossa Excelência,
em consonâ ncia com o disposto no artigo 85, do CPC.
Nestes termos, Pede deferimento.
Bananal, 23 de agosto 2021.
Nome
00.000 OAB/UF

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