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EXCELENTÍSSIMO JÚIZO FEDERAL DA 1ª VARA DA SUBSEÇÃO

DE (NOME DA CIDADE) – SEÇÃO JUDICIÁRIA DE (NOME DO


ESTADO).

OLANDA MONT, brasileira, viúva, agricultora, aposentada, portadora


da carteira de identidade nº _____, e do CPF nº ______, residente e
domiciliada na Localidade Rural de ______, nº_____, Bairro ____, no
município de ____, CEP ____-___, vem respeitosamente à Vossa
Excelência, por seus procuradores infra-firmados, conforme
procuração anexa e endereço ao rodapé indicado, propor a presente:

AÇÃO PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DE


PENSÃO POR MORTE

Em desfavor do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,


Autarquia Federal com CNPJ nº 29.979.036/0314-53, situada na Rua
____, nº ___, CEP ___-__, Bairro ____, Município de ____, pelos
fatos e fundamentos de direito aduzidos:

I – DA JUSTIÇA GRATUITA

A parte autora é pessoa humilde que sobrevive dos rendimentos de


sua aposentadoria rural em valor mínimo (cf. extrato de benefício em
anexo).

Nos termos exigidos pela legislação aplicável à espécie, a parte


autora firmou declaração de hipossuficiência econômica, fatos que
somados legitimam a concessão dos benefícios legais da justiça
gratuita conforme adiante pleiteado pela parte, em especial pela
aplicação ao caso do IRDR n. 25 do E. TRF 4ª Região.

II – DOS FATOS

1. A autora foi esposa PR mais de 23 anos e companheira por


mais de 03 anos do Senhor ZEDEU, inclusive advindo da
relação 7 filhos, ou seja, entre 1971 a 1994 a autora manteve
casamento formal, e após ato judicial de separação judicial
amigável, entre 1994 a 1997, esta renovou matrimônio “de
fato” através da união estável com o falecido (Conforme
documentação em anexo certidão de casamento e registros de
nascimento dos filhos).

2. Tendo em vista a morte de seu companheiro em 20 de junho de


1997 (certidão de óbito em anexo) o qual era trabalhador rural,
a autora por si e por seus filhos menores, requereu o benefício
de pensão por morte ao INSS (DER: 18-07-1997), protocolado
sob n. 001, o qual foi CONCEDIDO somente aos filhos menores
da autora (Silmar e Val) e INDEFERIDO em relação a esta, sob
a alegação de existência de separação judicial (cópia integral do
processo administrativo do INSS em documentação anexa).

3. Antes de adentrar no mérito da causa, destacamos que em


seara administrativa não foi oportunizado a autora o direito de
comprovar a sua união estável posterior ao citado ato judicial
de separação, visto que poucos meses após o ato judicial o
casal realizou reconciliação, e sequer analisou-se o recebimento
ou não de pensão alimentícia por parte da autora, situação que
tornaria sua dependência econômica incontroversa ou
presumida.

4. Aqui observamos que, no ato judicial de separação judicial


amigável, determinou-se o pagamento de alimentos à autora,
conforme demonstra o termo de audiência realizado em
06.07.1994, na presente Comarca de C/BH, onde se
estabelece: “O varão parará à titulo de alimentos o
correspondente a 25% do arrendamento que recebe do imóvel
do Arroio do Tigre, duas vezes por ano” (cópia integral do
processo de separação judicial amigável – autos n. 140/94 –
em anexo).

5. Ademais, a união estável posterior a separação judicial em


destaque, é comprovada através de prova documental, onde
destaca-se que a autora, foi declarante do óbito, sendo o
endereço de ambos na localidade de Arroio do Tigre/C/BH, a
causa da morte foi alcoolismo crônico, motivo pelo qual a
autora separou-se do falecido e após, reconciliou-se com este,
inclusive retirou este da “mendicância e chegou a trocar
“fraudas” em momento anterior ao óbito, enfim, restabeleceu
seu casamento através da união estável.
6. Vejamos que; no próprio processo administrativo do INSS
existem dados que indicam a existência de união estável em
momento anterior ao óbito, no caso a declaração sindical chega
a informar que o falecido era casado e residente em Arroio do
Tigre, na entrevista administrativa declarou-se que o falecido
residia com esposa e filhos e exercia a atividade rural em
regime de economia familiar (vide entrevista INSS “item –
informações complementares – 6 – documentação em anexo).

7. Mesmo diante dos fatos acima relatados, quando da concessão


do benefício previdenciário em 18.07.1997, este foi concedido
somente aos filhos menores da autora, onde esta recebeu o
benefício como responsável legal destes até 03.03.2008.
(comprovantes de cessação do benefício em anexo).

8. Deste modo, busca a autora com o presente comprovar o


recebimento de pensão alimentícia e consequente a
dependência econômica presumida, e também a existência de
união estável com o segurado falecido superveniente ao ato
judicial de separação amigável, para consequente inclusão de
seu nome no rol de dependentes do segurado e a concessão ou
restabelecimento do benefício de pensão por morte.

III – DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS D PEDIDO

a) No tocante a dependência econômica do companheiro ou


cônjuge que recebe alimentos.
A Lei n. 8.213, em seu art. 74, estabelece que a pensão por
morte é devida aos dependentes do segurado falecido.

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data –I –do óbito,
quando requerida até 30 dias depois deste; II- do requerimento, quando
requerida após o prazo previsto no inciso anterior”.

De outro lado, o art. 16, §4º, do mesmo diploma legal dispõe que a
dependência econômica do cônjuge e dos filhos é presumida, não
sendo necessária a sua expressão comprovação.

art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na


condição de dependentes do segurado: I – o cônjuge, a companheira,
o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição,
menor de 21 anos ou inválido; [...] §4º A dependência econômica das
pessoas indicadas no inciso I, é presumida e a das demais deve ser
comprovada.

b) Do recebimento de alimentos e da nova união estável entre a


autora e o segurado falecido.

A prova do recebimento de alimento por parte da autora e da


união estável posterior a separação judicial, no caso, a prova
documental é robusta, entretanto, para prova de referidas
situações jurídica para com o segurado falecido, à parte autora
apresenta a seguinte prova material (documentação em
anexo): a) Cópia de processo judicial que estabeleceu o
pagamento de alimentos; b) Certidão de óbito onde a autora é
declarante do ato, existindo endereço comum desta para com o
falecido e causa da morte alcoolismo crônico; c) Processo
administrativo do INSS com informações de residência conjunta
do falecido com esposa e filhos, e labor rural deste em regime
de economia familiar na localidade de Arroio do Tigre, C/BH.

Observemos a interpretação jurisprudência de nosso Tribunal


Regional Federal da 4ª Região:

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-COMPANHEIRA. QUALIDADE DE


DEPENDENTE DEMONSTRADA. 1. Os ex-companheiros perdem a qualidade de
dependentes se ao tempo do óbito houver cessado a convivência, a não ser que
tenha sido reconhecido em seu favor o direito à percepção de alimentos do “de
cujus”. 2. Só é devida pensão r morte ao ex-cônjuge que dispensou por ocasião da
separação, quando demonstrada a necessidade econômica superveniente, até a data
do óbito.

Do corpo do acórdão colhe-se:


Efetivamente, os companheiros perdem a qualidade de dependentes previdenciários
se ao tempo do óbito houver cessado a convivência, a não ser que tenha sido
reconhecido em seu favor o direito à percepção de alimentos do “de cujus” (RPS, art.
14, II). Note-se que o fat de o ex-cônjuge ter dispensado os alimentos quando da
separação não impede a percepção de pensão por morte por ele, mas afasta a
presunção de dependência econômica contida no art. 16, I, e §4º da Lei n. 8.213/91,
devendo esta ser comprovada, ao contrário daquele que já recebia alimentos, caso
em que a dependência econômica é presumida. Neste sentido, a Súmula n. 369 do
STF, que assim dispõe: “No acordo de desquite não se admite renúncia aos
alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente, verificados os pressupostos
legais. “Assim a concessão da pensão previdenciária por morte de ex-cônjuge está
condicionada à suficiente comprovação de que, à época do óbito, a parte autora fazia
jus de fato à percepção dos alimentos, sendo irrelevante se a necessidade desse
suporte financeiro deu-se após a separação judicial, desde que anterior à morte do
instituidor do benefício. Afastado, portanto, o exame de dificuldades econômicas
supervenientes ao óbito.

Ainda, tal fato, ou seja, a existência de recebimento de alimentos e


de nova união estável entre a autora e o segurado instituidor da
pensão antes do óbito, será suficientemente demonstrada em
audiência através de robusta prova testemunhal, de modo a
coadunar-se com as demais provas que instruem a inicial.

c) Da qualidade de segurado especial (rurícola) do falecido na


data do óbito.

A concessão do benefício de pensão por morte, a partir da Lei n.


8.213/91, independe de número mínimo de contribuições pagas pelo
segurado, bastando à comprovação da situação de segurado diante
da previdência social, para geral direito ao benefício (art.26, I, da
LBPS vigente na época do óbito).

No caso em tela, o falecido era trabalhador rural é esta condição foi


reconhecida pelo INSS, visto que o benefício foi concedido aos seus
filhos menores (Cf. documentação anexa).

IV – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a autora requer o seguinte:

a) O DEFERIMENTO DA JUSTIÇA GRATUITA com a isenção do


pagamento de custas e honorários advocatícios de
sucumbência, nos termos do art. 98 do CPC, onde
destacamos que; a autora é pessoa de baixa renda, que
sobrevive somente de sua aposentadoria rural no valor de 1
salário mínimo (Cf. documentação n. 09) e possui
comprovantes de energia elétrica e de consumo de água em
valores condizentes com a baixa renda informada (cf.
documentação anexa);

b) Nos termos do art. 319, VII, do CPC, a parte autora informa


que, não tem interesse na designação de audiência de
conciliação ou mediação;

c) A citação do réu, na pessoa de seu procurador, para


querendo, contestar o feito, sob pena de serem reputados
como verdadeiros os fatos aqui alegados nos termos do art.
344, do CPC;
d) Requer o julgamento antecipado da lide, na forma do art.
355, I, do CPC, caso entenda o juízo estar comprovada a
dependência econômica presumida, tendo em vista a farta
prova documental carreada aos autos (determinação judicial
para pagamento de alimentos a autora), ou, caso assim não
entenda este juízo, postula pela produção das provas
necessárias à comprovação do direito da autora, por todos
os meios adquiridos em direito, em especial, a prova
testemunhal e a expedição de ofícios a órgão e instituições
públicas;

e) A condenação da Autarquia Federal INSS a implantar o


benefício de pensão por morte em favor da autora desde a
concessão administrativa de 03.03.2008, ou seja, como a
autora recebeu os valores por seus 2 filhos menores, requer-
se a declaração da existência de dependência econômica
pelo recebimento de alimentos recorrentes de separação
judicial, e também a declaração de existência de nova união
estável entre a autora e o falecido instituidor do benefício
previdenciário com inclusão da autora no rol dos
dependentes do segurado, isto em relação ao benefício de
pensão por morte de NB-21/001;

f) Ainda, requer-se a condenação do INSS ao pagamento das


parcelas vencidas desde o dia seguinte a cessão
administrativa, ou seja, desde 04.03.2008, respeita a
prescrição qüinqüenal e sendo as parcelas vencidas
acrescidas da devida correção monetária, juros moratórios
mensais e honorários advocatícios de sucumbência em
patamar de 10-20% no termo do art. 85, §3º, I, do CPC;

V – DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à causa o valor provisório de R$ 127.850,30 (Cento e vinte e


sete mil oitocentos e cinqüenta reais e trinta centavos).

Pede Deferimento.

Cidade M, 04 de Janeiro de 2022.

Advogado (A)

OAB, nº

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