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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA ___ª

VARA FEDERAL DA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE XXXXXXXX-UF

NOME DA PARTE, qualificação completa, vem, perante


Vossa Excelência, por meio de seu procurador, propor AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE
CONCESSÃO DE PENSÃO POR MORTE em face do INSTITUTO NACIONAL
DO SEGURO SOCIAL (INSS), endereço completo da APS, pelos seguintes
fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:
DOS FATOS

A Autora requereu, junto à Autarquia Previdenciária, a


concessão do benefício de pensão por morte, em razão do falecimento do seu cônjuge, Sr.
XXXXXXXXXX, conforme certidão de óbito anexa.

O pedido administrativo foi indeferido por alegada não


comprovação de dependência e não ausência de qualidade de segurado do instituidor. Tal
decisão indevida motiva a presente demanda.

1. Número do benefício (NB): XXXXXXXXXXXXX

2. Data do óbito: XX/XX/XXXX

3. Data do requerimento (DER): XX/XX/XXXX


Suposta falta da qualidade de dependente da Autora e
4. Razão do indeferimento: ausência de qualidade de segurado do instituidor.

DA UNIÃO ESTÁVEL

Com efeito, a Autora e o de cujus iniciaram relacionamento


contínuo, duradouro e dotado de caráter conjugal, tendo permanecido por mais de vinte
anos juntos. Prova disto é os dois filhos havidos em comum, xxxxx e xxxxx, ambos
maiores de idade.

Além do mais, cumpre salientar que não apenas a Demandante e


o de cujus uniram-se, bem como a relação conjugal perdurou até o óbito do Sr. XXXXXX.

Além disso, tanto a autora quanto o falecido, eram desimpedidos


de contrair união estável, uma vez que ela é divorciada (vide certidão de casamento em
anexo) e ele era solteiro.
Portanto, diante do exposto e dos documentos anexos, resta
comprovada a união estável da Autora e do falecido.

DO BENEFÍCIO PRETENDIDO

A pensão por morte tem previsão no art. 74 da Lei 8.213/91, a


qual regula que será devido o benefício ao conjunto de dependentes do segurado falecido,
aposentado ou não.

De mesma banda, o artigo 16 da mesma lei define aqueles que


são dependentes do segurado. Veja-se (grifado):

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência


Social, na condição de dependentes do segurado:

I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não


emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou
inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne
absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente;

(...)

§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso


I é presumida e a das demais deve ser comprovada.

Assim, REQUER a realização de audiência de instrução e


julgamento, a fim de comprovar que a Autora mantinha união estável com o de cujus da
data do óbito há mais de vinte anos, sendo presumidamente dependente do instituidor.
DA QUALIDADE DE SEGURADO DO INSTITUIDOR

Segundo a Lei de Benefícios da Previdência Social, a concessão do


benefício de pensão por morte depende da ocorrência do evento morte e, além da
dependência de quem objetiva a pensão, a demonstração da qualidade de segurado do de
cujus.

O Sr. XXXXXXXXXXX era segurado especial na condição de


agricultor em regime de economia familiar.

Segundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (Tema


297) a prova exclusivamente testemunhal não basta para comprovação da qualidade de
segurado especial, motivo pela qual a Parte Autora junta a esta exordial as notas fiscais de
produtor rural referentes aos períodos de xxxx a xxxx, bem como o contrato de
arrendamento rural em nome do de cujus.

Salienta-se que consoante a Súmula n° 577 do Superior Tribunal


de Justiça, "É possível reconhecer o tempo de serviço rural anterior ao documento mais
antigo apresentado, desde que amparado em convincente prova testemunhal colhida sob o
contraditório". Assim, não há necessidade de que o início da prova material abranja
integralmente o período postulado, sendo suficiente que seja contemporâneo ao
reconhecimento que se pretende, desde que ampliada por prova testemunhal convincente.

A fim de corroborar a prova documental ora anexada,


REQUER a realização de audiência de instrução e julgamento, a fim de que seja colhida
prova testemunhal.

Nessa senda, após a colheita da prova oral, não restará dúvidas


com relação a sua condição de segurado.
No que se refere à carência, insta salientar que está é
dispensada para o benefício de pensão por morte, uma vez que não é necessária a
comprovação de um período mínimo de contribuições, conforme o que estabelece o art.
26, I, da Lei 8.213/91:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes


prestações: I - pensão por morte,
auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente; (grifo nosso)

Contudo, faz-se mister reparar para o que estabelece o art. 77,


V, c, item 6, da Lei 8.213/91, vejamos:

Art. 77. A pensão por morte, havendo mais de um pensionista, será


rateada entre todos em parte iguais
[...]
V - para cônjuge ou companheiro:
[...]
c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a
idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer
depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos
2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável:
[...]
6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.
(grifo nosso)

Sendo assim, considerando que o de cujus laborou na condição


de segurado especial desde xx/xx/xxxx e a Demandante possui 60 anos, deve ser
concedido de forma vitalícia o benefício.

DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

Considerando a necessidade de produção de provas no presente


feito, a Parte Autora vem manifestar, em cumprimento ao art. 319, inciso VII do
CPC/2015, que não há interesse na realização de audiência de conciliação ou de
mediação, haja vista a iminente ineficácia do procedimento e a necessidade de que ambas
as partes dispensem a sua realização, conforme previsto no art. 334, §4º, inciso I, do
CPC/2015.

DA CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA

A Autora necessita da concessão do benefício em tela para


custear a sua vida, tendo em vista que a renda advinda do de cujus integrava de forma
insubstituível seu sustento.

Assim, após a instrução processual, ficará claro que a Autora


preenche todos os requisitos necessários para o deferimento da Antecipação de Tutela, em
sede de sentença, uma vez que se fará prova inequívoca quanto à verossimilhança das
alegações vestibulares. O periculum in mora, de outra banda, se configura pelo fato de que
se continuar privada do recebimento do benefício, a Autora terá seu sustento drasticamente
prejudicado.

De qualquer modo, o caráter alimentar do benefício traduz um


quadro de urgência que exige pronta resposta do Judiciário, tendo em vista que nos
benefícios previdenciários resta intuitivo o risco de ineficácia do provimento jurisdicional
final. Assim, imperioso o deferimento deste pedido antecipatório em sentença.

​EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossa


Excelência:

1) O recebimento e o deferimento da presente petição inicial,


bem como a concessão de prioridade na tramitação, com fulcro no art. 71 da Lei
10.741/03 (Estatuto do Idoso), tendo em vista que a Autora conta com mais de 60
anos;
2) O deferimento do benefício da Gratuidade da Justiça,
pois a Autora não tem condições de arcar com as custas processuais sem o prejuízo de
seu sustento e de sua família;

3) A não realização de audiência de mediação ou de


conciliação, pelas razões acima expostas;

4) A citação do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS,


para, querendo, apresentar defesa;

5) A produção de todos os meios de prova admitidos,


principalmente documental e testemunhal, para comprovação da dependência da
Autora em relação ao falecido e da qualidade de segurado especial do instituidor;

6) O julgamento da demanda com TOTAL


PROCEDÊNCIA, condenando o INSS a:

a) Conceder o benefício de pensão por morte à parte


Autora, desde o óbito do segurado instituidor, nos termos do art. 74, inciso I, da
Lei 8.213/91;

b) Pagar as parcelas vencidas e vincendas,


monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros
legais e moratórios, incidentes até a data do efetivo pagamento;

c) A condenação do réu ao pagamento de honorários


advocatícios, nos parâmetros do art. 85, §3º, I, do Código de Processo Civil.

Dá à causa o valor de R$ xx.xxx,xx.

Nestes termos

P.deferimento

Local, data
Nome do advogado

OAB/UF xx.xxx

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