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AO JUÍZO DA ________ VARA ________ DA COMARCA DE ________ .

Processo nº ________

________ , já qualificado no processo em epígrafe, vem por meio


de seu Advogado abaixo assinado, apresentar

RÉPLICA

em face dos fatos novos alegados na contestação.

BREVE RELATO DOS FATOS

A Autora é viúva do segurado, sendo diretamente dependente de José


Tancredo Coutinho Braga que faleceu em 19/01/2023, conforme se fez provas anexo à
inicial

Por comprovada dependência, a Autor solicitou imediatamente perante o


órgão requerido o benefício da pensão por morte, o qual restou indeferido, sob o argumento
de que a união estável não havia sido caracterizada em virtude do endereço da autora ser
divergente do apontado na certidão de óbito do falecido, motivando a presente ação.

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DO MÉRITO

No mérito, os réus alegaram equivocadamente que a autora não juntou


nenhuma comprovação de que vivia em união estável com o de cujos, refutando as fotos
juntadas do casamento religioso e ao longo da união, até o leito de morte do segurado,
afirmando, pasme Excelência, que as fotos não comprovam sequer um namoro, bem como
ignoram os áudios trocados entre a autora e o segurado em seus últimos dias de vida, que
comprovam fatalmente a relação íntima de marido e mulher havida entre ambos até o
falecimento do segurado. Na verdade, a contestação foi apresentada de forma genérica, pois
não há como refutar o vasto acervo produzido pela autora que comprovam a longa união
ocorrida entre o casal. Além dos comprovantes de endereço em comum (id 1713447994),
ainda foi juntado escritura pública de testemunhas (id 1713447992) que comprovam a
relação do casal por mais de 20 anos até a morte do segurado, fotos do casamento religioso
(id 1713487457), fotos ao longo da relação (id 1713487456) e fotos dos últimos dias do
falecido (id 1713487458) que não precisa sequer de data, pois mostram claramente as
alterações físicas com a idade do casal. No entanto, conforme as fotos do casal feitas no
hospital (id 1713487458), a autora cuidou de comprovar o dia e a hora das fotos,
comprovando que a mesma foi tirada no hospital onde o segurado encontra-se internado e
veio à óbito. Teve ainda o cuidado de juntar a decisão judicial que a nomeou como
inventariante do espólio deixado pelo segurado (id 1713487453) e o termo de inventariante
assinado pela mesma (id 1713487455).

O casal chegou a adquirir conjuntamente conforme se depreende do contrato


de compra e venda de imóvel (id 1713487448) onde figura o segurado como esposo da
autora. Há ainda diversos documentos que comprovam que a autora era beneficiária de
seguro de vida do falecido, bem como a colocava como sua dependente na declaração do
imposto de renda (id 1713487452). Destarte que o único documento que a contestante se
baseia para a negativa da pensão por morte é a certidão de óbito, que conforme dito na
inicial, foi declarada pela filha do primeiro casamento do segurado, que por não se lembrar
do endereço do segurado que residia em outro Estado, colocou o seu próprio endereço.
Saliente-se que isso não é motivo para indeferimento tendo em vista o vasto acervo
probatório em contrário. Basta ver o prontuário médico do falecido, que em uma de suas

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últimas manifestações em vida, ao dar entrada no hospital, conforme depreende-se da ficha
de internação, ele próprio confirma o seu endereço residencial como o mesmo da autora (id
1713487488).

Observa-se que ao adentrar no hospital, o segurado estava sem acompanhante, tendo ele

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mesmo dado entrada e informado os dados principais para o preenchimento da ficha.
Ressalta-se, ele não teve alta até o seu falecimento, logo não poderia ele ter alterado seu
endereço de dentro do hospital.

Não resta nenhuma dúvida acerca da união estável e dependência exercida


pela autora em relação ao segurado, sendo portanto, imprescindível que Vossa Excelência
declare a dependência da autora e determine o pagamento retroativo da pensão por morte
pleiteada.

A pensão por morte é um benefício pago aos dependentes do segurado do


INSS que vier a falecer, nos termos do Art. 74 da lei 8.213/91, desde que comprovada a
condição de segurado e a dependência econômica do requerente.

Portanto, dois requisitos básicos são demonstrados; i) a condição de


segurado e; ii) a dependência do Autor.

DA QUALIDADE DE SEGURADO

Primeiramente insta destacar que a qualidade de segurado fica demonstrado


mediante o

DA LEGITIMIDADE DO AUTOR

No presente caso, conforme narrado, o Autor possuía diretamente a


dependência do falecido, sendo devida a pensão pleiteada, nos termos da Lei nº 8.213/91,
no seu art. 16, que diz o seguinte:

Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social,


na condição de dependentes do segurado:
I - o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não
emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos
ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou
deficiência grave;

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II - os pais;
III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21
(vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual
ou mental ou deficiência grave;
§ 4º A dependência econômica das pessoas indicadas no inciso I é
presumida e a das demais deve ser comprovada.

Assim, considerando que o Autor é ________ , tem-se por legítimo a propor


a presente ação.

DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL - INCIDENTAL

Não obstante a ausência de processo de reconhecimento da união estável, a


jurisprudência já autoriza de forma incidental:

Pensão por morte de servidor falecido - Inexistência de ação de


reconhecimento de união estável post mortem - Impossibilidade de
suspensão (art. 313, V, "a", do CPC) - Possibilidade de
comprovação incidental - Agravo provido, para determinar o
prosseguimento do feito. (TJSP; Agravo de Instrumento 0000031-
15.2021.8.26.9013; Relator (a): Luiz Guilherme Cursino de Moura
Santos; Órgão Julgador: 2º Turma Cível e Criminal; Foro de
Taubaté - Vara do Juizado Especial Cível e Criminal; Data do
Julgamento: 18/11/2021; Data de Registro: 18/11/2021)

Desta forma, requer o recebimento e prosseguimento do feito para o


reconhecimento da união estável e concessão da pensão por morte.

A Autora conviveu pública e socialmente com o falecido como se marido e


mulher fossem, desde ________ , e juntos, constituíram família; empenharam-se na
educação dos filhos e na administração do lar conjugal, conforme preceitua o Código Civil
em seu artigo 1.723 caput, e artigo 1º da Lei Federal 9.278/96.

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Como prova a instruir o presente pedido, junta-se em anexo:

Prova da união estável: ________ , o que comprova a relação em


período não superior a 24 (vinte e quatro) meses anterior à data do
óbito;

Prova material da coabitação: ________ , evidenciando a habitação


comum do casal por ________ ;

Período da União: ________ , o que se comprova por meio de:


________

A jurisprudência há muito já reconhece a figura da união estável a casos


similares ao tecido nesta ação:

PENSÃO POR MORTE. COMPANHEIRO. NOVAS


DISPOSIÇÕES LEGAIS. PREENCHIDOS OS REQUISITOS
PARA A PENSÃO POR MORTE VITALÍCIA. PROVA
SUFICIENTE DA UNIÀO ESTÁVEL POR PERÍODO
SUPERIOR A 2 ANOS. RECURSO A QUE SE NEGA
PROVIMENTO. (TRF 3ª Região, 5ª TURMA RECURSAL DE
SÃO PAULO, 16 - RECURSO INOMINADO - 0031346-
58.2020.4.03.6301, Rel. JUIZ(A) FEDERAL LUCIANA ORTIZ
TAVARES COSTA ZANONI, julgado em 25/10/2021, e-DJF3
Judicial DATA: 28/10/2021)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO


ESTÁVEL. 1. A pensão por morte é devida ao conjunto dos
dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, e
independe de carência 2. Nos termos do que dispõe o § 3º, do Art.
16, da Lei nº 8.213/91, considera-se companheira ou companheiro a
pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado

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ou com a segurada, de acordo com o § 3º, do Art. 226, da
Constituição Federal. 3. Comprovada a união estável, a autora faz
jus à percepção do benefício de pensão por morte. 4. (...) (TRF-3 -
Ap: 00145687920174039999 SP, Relator: DESEMBARGADOR
FEDERAL BAPTISTA PEREIRA, Data de Julgamento:
12/03/2019, DÉCIMA TURMA, Data de Publicação: e-DJF3
Judicial 1 DATA:20/03/2019, #83395277)

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL


COMPROVADA. 1. A concessão do benefício de pensão por morte
depende da ocorrência do evento morte, da demonstração da
qualidade de segurado do de cujus e da condição de dependente de
quem objetiva a pensão. 2. No que pertine à qualidade de
companheira, a Constituição de 1988 estendeu a proteção dada pelo
Estado à família para as entidades familiares constituídas a partir da
união estável entre homem e mulher, nos termos do disposto no art.
226, § 3º. 3. Tendo restado comprovado nos autos, por provas
documentais e testemunhais, a constância da união estável entre a
requerente e o instituidor da pensão, faz a parte autora jus ao
benefício postulado. (TRF-4 - AC: 50296206620184049999
5029620-66.2018.4.04.9999, Relator: PAULO AFONSO BRUM
VAZ, Data de Julgamento: 20/02/2019, TURMA REGIONAL
SUPLEMENTAR DE SC, #23395277)

Por esses motivos, e por estarem presentes os requisitos legais, há que ser
reconhecida a UNIÃO ESTÁVEL para fins de garantir a pensão por morte à Autora, para
que, em decorrência desta, surtam os efeitos legais pertinentes.

DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

O Art. 16 da Lei 8.213/91, "a dependência econômica das pessoas indicadas


no inciso I é presumida". Ou seja, trata-se de presunção de dependência prevista em lei.

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Não obstante a isto, cumpre esclarecer que o Autor dependia diretamente do
suporte econômico do segurado, uma vez que ________ .

DA DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO

O benefício é devido aos dependentes do segurado que falecer, aposentado


ou não, conforme dispõe a Lei 8.213/91:

Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto dos


dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar
da data:

I - do óbito, quando requerida em até 180 (cento e oitenta) dias após


o óbito, para os filhos menores de 16 (dezesseis) anos, ou em até 90
(noventa) dias após o óbito, para os demais dependentes;

II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no


inciso anterior;

III - da decisão judicial, no caso de morte presumida.

Portanto, considerando o cumprimento aos requisitos legais e demonstrada a


dependência do Autor, deve ser concedido o benefício a partir de ________ data em que
________ .

DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer não sejam admitidas as preliminares aventadas na


contestação com o consequente acolhimento de todos os pedidos elencados na inicial.

Nestes termos pede deferimento.

________ , ________ .

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________

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