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EXCELENTÍSSIMO (a) SENHOR (a) DOUTOR (a) JUIZ (a) DE

DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE VITÓRIA/E.S.

EDUARDA MARCONDES, brasileira, veterinária, portadora do RG de nº xxx, inscrita no


CPF sob o nº xxx, residente e domiciliada na xxx, nº xxx, no bairro xxx, Vitória/E.S., no
CEP xxx, com endereço eletrônico: xxx, por seu advogado regularmente inscrito na na
Ordem dos Advogados do Estado xxx sob o nº xxx e xxx, com escritório profissional na rua
xxx, nº xxx, no bairro xxx, cidade xxx, no estado xxx, CEP xxx, onde recebem intimações,
e endereço eletrônico: xxx, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no
artigo 226, § 3º da Constituição Federal, artigos 1º e seguintes, todos da Lei nº 9.278/96,
1.723 e seguintes, todos do Código Civil, e 319 e seguintes, todos do Código de Processo
Civil, ajuizar a presente:

AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO


ESTÁVEL C/C PARTILHA DE BENS

em face de SARA GOMES, brasileira, veterinária, portadora do RG de nº xxx, inscrita no


CPF sob o nº xxx, residente e domiciliada na rua xxx, nº xxx, no bairro xxx, Vitória/E.S.,
no CEP xxx, com endereço eletrônico: xxx, pelos seguintes fatos e fundamentos:
I - DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, a autora, sob as penas da lei, não possui condições financeiras


para arcar com o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, sem prejuízo
do sustento próprio e de sua família, haja vista que é veterinária, tendo uma renda inferior a
2 (dois) salários mínimos, sendo, portanto, beneficiária da GRATUIDADE DE JUSTIÇA,
art. 98 do CPC, conforme se comprova através da Carteira de Trabalho e Previdência
Social (CTPS) e Declaração de Isenção de Imposto de Renda da Pessoa Física, em
anexo.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) possui entendimento de que para o juiz


afastar a presunção relativa de beneficiário da justiça gratuita estabelecida no §2º do art. 99
do CPC deverá apontar os elementos nos autos:
REsp 2055899 / MG RECURSO ESPECIAL 2023/0060553-8 RELATORA
Ministra NANCY ANDRIGHI (1118) ÓRGÃO JULGADOR T3 - TERCEIRA
TURMA DATA DO JULGAMENTO 20/06/2023 DATA DA
PUBLICAÇÃO/FONTE DJe 27/06/2023.

EMENTA RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. GRATUIDADE DA


JUSTIÇA. ALEGAÇÃO DE INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS. PRESUNÇÃO
RELATIVA. AFASTAMENTO. NECESSIDADE DE INDICAÇÃO DE
ELEMENTOS CONCRETOS CONSTANTE DOS AUTOS.
1. Exceção de pré-executividade oposta em 4/8/2021, da qual foi extraído o
presente recurso especial, interposto em 26/7/2022 e concluso ao gabinete em
14/3/2023.
2. O propósito recursal consiste em dizer se é lícito o indeferimento do pedido de
gratuidade da justiça formulado por pessoa natural ou a determinação de
comprovação da situação de hipossuficiência sem a indicação de elementos
concretos que indiquem a falta dos pressupostos legais para a concessão do
benefício.
3. De acordo com o §3º, do art. 99, do CPC, presume-se verdadeira a alegação de
insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.
4. Diante da presunção estabelecida pela lei, o ônus da prova na impugnação à
gratuidade é, em regra, do impugnante, podendo, ainda, o próprio juiz afastar a
presunção à luz de elementos constantes dos autos que evidenciem a falta de
preenchimento dos pressupostos autorizadores da concessão do benefício, nos
termos do §2º, do art. 99, do CPC.
5. De acordo com o §2º, do art. 99 do CPC/2015, o juiz somente poderá indeferir
o pedido se houver nos autos elementos que evidenciem a falta dos pressupostos
legais para a concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos pressupostos.
6. Na hipótese dos autos, a Corte de origem, ao apreciar o pedido de
gratuidade, em decisão genérica, sem apontar qualquer elemento constante
dos autos e ignorando a presunção legal, impôs ao recorrente o dever de
comprovar a sua hipossuficiência, em ofensa ao disposto no art. 99, §2º e §3º
do CPC, motivo pelo qual, impõe-se o retorno dos autos ao Tribunal a quo para
que, reexaminando a questão, verifique se existem, a partir das peculiaridades da
hipótese concreta, elementos capazes de afastar a presunção de insuficiência de
recursos que milita em favor do executado, se for o caso especificando os
documentos que entende necessários a comprovar a hipossuficiência. 7. Recurso
especial conhecido e provido.

II - DA AUDIÊNCIA PRÉVIA DE CONCILIAÇÃO

Nos termos do art. 319, VII, do atual Código de Processo Civil, a autora
informa que tem interesse em resolver a lide de forma consensual, pois pretende dirimir o
litígio de forma célere.

III - DOS FATOS

A autora e o réu mantiveram união estável durante 6 (seis) anos, ou seja,


desde o dia 15/12/2013, até o dia 15/04/2021.

Nesse viés, para melhor entender a situação, é imperioso frisar, Excelência, que
a autora e a réu iniciaram o relacionamento afetivo sério em 15 de dezembro de 2013, e em
27 de março de 2014, decidiram residir juntas na casa no apartamento que era da requerida,
no endereço: Rua xxx, nº xxx, bairro xxx, em xxx/xx, CEP xxx, ou seja, na casa em que a
Sara Gomes já residia.

No referido endereço, a autora e o ré residiram do dia 27 de março de 2014 até


20 de agosto de 2018, momento no qual fizeram aquisição de um apartamento juntas, no
endereço: Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, em Vitória/E.S., CEP xxx, quando, na data do dia
15 de abril de 2021, a autora quis o fim do relacionamento, contudo a ré não aceita.
É importante ressaltar, ainda, que a autora e a ré sempre se comportaram como se casadas
fossem, pois frequentaram durante anos, ambientes e locais públicos, demonstrando
estabilidade no relacionamento de forma afetiva e mútua, que notadamente era visível ao
público, seus vizinhos, amigos e parentes.

Além disso, a autora, quando passou a conviver com a ré, sempre foi uma
companheira dedicada, cuidadosa, zelosa, amorosa e ainda cuidava dos afazeres do lar, bem
como prestava apoio constante para sua companheira nos momentos de alegria e tristeza.

De mais a mais, de tal união não resultou o nascimento de nenhum filho. No


entanto, as partes, na constância da união estável, adquiriram um imóvel e um veículo,
quais são:

a) Um apartamento, situado na zona urbana da cidade de Viória/E.S.,


localizado na na rua xxx, nº xxx, no bairro xxx, Vitória/E.S., no CEP xxx,
adquirido em 20 de agosto de 2018, avaliado em R$ 200.000,00 (duzentos
mil reais);
b) Um veículo Kia Sportage, ano 2019, cor xxx, placa xxx, renavam
xxx, adquirido logo após a compra do apartamento citado, avaliado em
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

Destarte, em virtude de não existir qualquer possibilidade de reconciliação entre


as partes, devido à incompatibilidade de gênios e, principalmente, pelo fato de estar, a
autora, com receio da ré, uma vez que esta se NEGA a aceitar o fim do relacionamento e se
NEGA a partilhar os bens, não resta outra alternativa à autora, senão buscar a tutela
jurisdicional, para ter reconhecida e dissolvida a união estável que vivenciou com o réu,
com a devida partilha dos bens anteriormente descritos, os quais foram adquiridos na
constância da união estável.

IV - DO DIREITO
IV.I - DO RECONHECIMENTO E DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL
Conforme já foi amplamente mencionado nos fatos, a autora e a ré conviveram em união
estável por aproximadamente 6 (seis) anos.
Sobre a união estável, versam, respectivamente, os arts. 226, § 3º, da Constituição da
República Federativa do Brasil, e o 1.723, do Código Civil:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do


Estado.
[...]
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo
a lei facilitar sua conversão em casamento.
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável
entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública,
contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição
de família.

Logo, a relação da autora e da ré era de convivência pública, contínua e


duradoura, bem como possuíam o objetivo de constituição de família, nos termos do artigo
mencionado, ou seja, de união estável.

Isso porque, como já fora dito, no dia 13 de dezembro de 2013, a autora e a ré


decidiram residir juntas no apartamento que era da ré, no endereço: Rua xxx, nº xxx, Bairro
xxx, cidade xxx, estado: xxx, CEP xxx, ou seja, na casa em que era da ré.

E em tal residência, permaneceram até 20 de agosto de 2018, momento em que


fizeram aquisição de um apartamento próprio, quando, na data do dia 15 de abril de 2021, a
autora quis o fim do relacionamento.
Nesse sentido, a relação de união estável existente entre a autora e o réu, é
notória entre os amigos, vizinhos e parentes, como se pode auferir das declarações anexas.
Assim sendo, resta plenamente configurada a existência de união estável entre
as partes, devendo ser reconhecida tal união desde a data 15 de dezembro de 2014, até a
data do dia 15 de abril de 2021 e, posteriormente, dissolvida.

IV.II – DA PARTILHA DOS BENS


No caso em tela, incide o regime da comunhão parcial de bens, uma vez que, nos termos do
art. 1.725, do Código Civil, esse é o regime a ser aplicado na união estável, quando inexiste
contrato escrito entre os companheiros.
Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Assim, uma vez verificada a existência de união estável, os bens adquiridos na


constância da relação deverão ser partilhados ao término do vínculo, nos termos do art.
1.658, do Código Civil.
Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância
do casamento, com as exceções dos artigos seguintes.

No presente caso, como também já fora mencionado junto aos fatos, as partes
adquiriram os seguintes bens, quando da existência da união estável:

a) Um apartamento, situado na zona urbana da cidade de Viória/E.S.,


localizado na na rua xxx, nº xxx, no bairro xxx, Vitória/E.S., no CEP xxx,
adquirido em 20 de agosto de 2018, avaliado em R$ 200.000,00 (duzentos
mil reais);

b) Um veículo Kia Sportage, ano 2019, cor xxx, placa xxx, renavam
xxx, adquirido logo após a compra do apartamento citado, avaliado em
R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).

Em relação os esses bens, a autora não possui o interesse em morar no imóvel


apartamento que é avaliado em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), porém tem a vontade
de ter o veículo Kia Sportage para si, que tem o valor avaliado em R$ 80.000,00 (oitenta
mil reais). O mont mor para partilha está avaliado em R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta
mil reais), ou seja, autora tem interesse no automóvel, mais o valor de R$ 60.000,00
(sessenta mil reais), no qual é seu por direito pela partilha parcial dos bens.

Sobre a respectiva partilha, tem-se o entendimento jurisprudencial do


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO


DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PARTILHA DE BENS. [...] PARTILHA DE
IMÓVEL. CONJUNTO PROBATÓRIO DEMONSTRANDO A
AQUISIÇÃO DA RESIDÊNCIA À ÉPOCA DA UNIÃO ESTÁVEL.
PARTILHA LIMITADA AOS VALORES DO CONTRATO DE
FINANCIAMENTO QUITADOS ATÉ A DATA DO TÉRMINO DA
UNIÃO [...]. Demonstrada a aquisição de imóvel residencial
durante a união estável mantida pelas partes, pertinente a sua
partilha, já que aplicável às relações patrimoniais, o regime de
comunhão parcial de bens. Todavia, a partilha do imóvel
financiado deve abranger somente o valor quitado quando da
separação do casal [...] (TJSC, Apelação Cível n. 0005593-
18.2013.8.24.0064, de São José, rel. Des. João Batista Góes
Ulysséa, Segunda Câmara de Direito Civil, j. 08-02-2018). (grifei).

Sobre a partilha de veículo, tem-se o entendimento jurisprudencial do


Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE


UNIÃO ESTÁVEL. [...] SOCIEDADE DE FATO RECONHECIDA.
INSURGÊNCIA DO RÉU. PARTILHA DE VEÍCULO. POSSIBILIDADE.
CONJUNTO PROBATÓRIO DEMONSTRANDO QUE O BEM FOI
COMPRADO À ÉPOCA DA UNIÃO. PARTILHA LIMITADA AOS
VALORES DO FINANCIAMENTO QUITADOS ATÉ A DATA DO
TÉRMINO DA RELAÇÃO CONJUGAL. REFORMA PARCIAL DA
DECISÃO. Demonstrada a aquisição de automóvel durante a
convivência conjugal mantida pelas partes, com a união estável
amoldada ao regime de comunhão parcial de bens, nos termos
do art. 1.725 do Código Civil, pertinente a partilha do referido
bem. Todavia, a partilha de bem financiado deve abranger
somente o valor quitado quando da separação do casal, pois,
após o rompimento não pode se falar em esforço comum [...].
(TJSC, Apelação n. 0005984-79.2012.8.24.0040, de Laguna, rel.
Des. João Batista Góes Ulysséa, Segunda Câmara de Direito Civil, j.
30-06-2016). (grifei).

Diante de todo o explanado, em razão do fim da relação de união estável


existente entre as partes, devem-se partilhar os bens anteriormente descritos, bem
como ser reconhecida e posteriormente dissolvida a união estável em tela.

V – DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) O recebimento e o processamento da presente demanda, com a autuação e registro dos


autos;

b) Seja a presente ação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE para:

c) Reconhecer a existência de união estável entre a autora e a ré na data de 15 de dezembro


de 2013, até a data de 15 de abril de 2021, bem como seja esta dissolvida;
d) Partilhar dos bens, onde a autora não possui o interesse em morar no imóvel apartamento
que é avaliado em R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), porém tem a vontade de ter o
veículo Kia Sportage para si, que tem o valor avaliado em R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
O mont mor para partilha está avaliado em R$ 280.000,00 (duzentos e oitenta mil reais), ou
seja, autora tem interesse no automóvel, mais o valor de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais),
no qual é seu por direito pela partilha parcial dos bens

e) A intimação da ré para comparecimento em audiência de conciliação a ser designada por


este Juízo;

f) A citação da ré, para, querendo, contestar a presente ação no prazo legal;

g) A produção de todos os meios de prova em direito admitidas;

h) A condenação da ré ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios;

i) Seja deferido o benefício da Justiça Gratuita à autora.

Dá-se à causa o valor de R$ xxx (xxx).

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Local, data.

Advogado
OAB/XXX

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