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AO JUÍZO DA VARA DE FAMÍLIA DE

qualificação, vem, respeitosamente, perante este Juízo, por


intermédio de seu advogado adiante assinado (Procuração anexa - Doc. 1),
com endereço profissional descrito no rodapé da página, propor:

AÇÃO DE DIVORCIO LITIGIOSO

Em face de qualificação . Pelos fatos e fundamentos a seguir


aduzidos.

1. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Afirma a parte autora em documento anexo (Doc. 5), em


consonância com os ditames dos artigos 5º, inc. LXXIV, da Constituição
Federal, c/c art. 98 do CPC e Art. 4º da Lei nº 1.060/50, que não tem condições
financeiras de arcar com o pagamento das custas judiciais, bem como com os
honorários advocatícios, sem prejuízo de seu próprio sustento e de sua família,
razão pela qual requer que lhe seja concedido o benefício da gratuidade de
justiça.

Convém salientar que a parte autora e aufere renda líquida mensal


de cerca de R$ 3.700,00 (três mil e setecentos reais), conforme comprova por
meio de seus holerites anexos (Doc. 6). Deste modo, seria impossível fazer
frente aos gastos de custas judiciais sem comprometer sua própria
subsistência e de sua família.

Diante do exposto, requer a concessão dos benefícios da gratuidade


de justiça, com fulcro no Art. 5º, inc. LXXIV, da Constituição Federal, c/c art. 98
do CPC e Art. 4º da Lei nº 1.060/50, garantindo-se, deste modo, o efetivo
acesso à justiça.

2. AUDIENCIA DE CONCILIAÇÃO

Nos termos do artigo 319, inciso VII, do CPC, a parte autora informa
que não tem interesse na realização da audiência de conciliação ou de
mediação.

3. DO CASAMENTO

O autor é casado com a ré pelo regime da comunhão parcial de


bens, cujo ato foi realizado em maio de 2021, conforme certidão de casamento
anexa (Doc. 3).

No entanto, as partes já se encontram separados de fato desde


11/04/2022, sem possibilidade de reconciliação. Pretende, portanto, o
rompimento do vínculo matrimonial, razão pela qual se socorre do Judiciário,
pleiteando a decretação do divórcio judicial.

Informa-se que o último domicilio do casal foi na....

4. DO DIVÓRCIO

As causas de dissolução do vínculo conjugal estão previstas no art.


1.571, do Código Civil Brasileiro.
Art. 1.571, do CC - A sociedade conjugal termina:
[...]
IV - pelo divórcio.
§ 1º O casamento válido só se dissolve pela morte de um
dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção
estabelecida neste Código quanto ao ausente.
§ 2º Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por
conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado;
salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a
sentença de separação judicial.

Com a Emenda Constitucional 66, promulgada em 2010, foi alterado


o § 6º, do art. 226, da CRFB/88, passando a admitir o Divórcio,
independentemente de qualquer requisito, bastando a vontade unilateral de
qualquer dos cônjuges.

Diante do exposto, requer a extinção do vínculo conjugal mediante


Sentença que decrete o Divórcio, com a expedição de Mandado de Averbação
ao Cartório Civil competente.

4.1 DO JULGAMENTO ANTECIPADO DO DIVÓRCIO

O Código de Processo Civil em seus artigos 355 e 356, assim


dispõe:

Art. 355. O juiz julgará antecipadamente o pedido,


proferindo sentença com resolução de mérito,
quando:
I - não houver necessidade de produção de outras
provas;
Art. 356. O juiz decidirá parcialmente o mérito quando
um ou mais dos pedidos formulados ou parcela
deles:
I - mostrar-se incontroverso;
II - estiver em condições de imediato julgamento, nos
termos do art. 355.

Por inexistir a necessidade de instrução do feito quanto ao pedido de


divórcio e, como o feito já está em condições de julgamento imediato, trata-se
de hipótese de julgamento antecipado do feito, nos termos do art. 355, inciso I
do CPC.

Não há, pois, a necessidade de expor os motivos que justificam o


rompimento do casal, tratando-se o divórcio de um direito potestativo da parte,
isto é, depende da manifestação de vontade de apenas uma das partes.

Ressalta-se que o presente caso se amolda perfeitamente às


hipóteses previstas no art. 355 do CPC, na medida em que inexiste defesa
técnica ou jurídica que impeça a decretação do divórcio.

Ainda que a parte requerida possa buscar a discussão acerca de


eventual partilha de bens, tal pretensão não afasta a intenção expressa da
parte requerente em se divorciar, sendo inevitável a decretação do divórcio.

Desta feita, diante da inequívoca ausência de provas a serem


produzidas e da ausência de controvérsia jurídica sobre o direito ao divórcio,
amolda-se o presente caso ao julgamento antecipado parcial do mérito,
conforme previsto no art. 355 do CPC.

Nesse sentido é o atual entendimento da 11ª e 12ª Câmaras do


Egrégio Tribunal de Justiça do Paraná, vejamos:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE DIVÓRCIO –


TUTELA DE EVIDÊNCIA PARA DECRETAÇÃO
ANTECIPADA DO DIVÓRCIO – DESACOLHIMENTO EM
PRIMEIRA INSTÂNCIA – INSURGÊNCIA RECURSAL –
DIREITO POTESTATIVO EVIDENCIADO NO CASO
CONCRETO – DECRETAÇÃO DO DIVÓRCIO –
INEVITÁVEL CONCESSÃO DA MEDIDA – FIM DA VIDA
EM COMUNHÃO JÁ RECONHECIDO A PARTIR DO
PEDIDO INICIAL - NECESSIDADE DE GARANTIR A
LIBERDADE INERENTE À RESCISÃO DA RELAÇÃO
MATRIMONIAL E PROSSEGUIMENTO DA VIDA
PESSOAL SEM VIOLAÇÃO DA AUTONOMIA DA
VONTADE – LIBERDADE FAMILIAR QUE TEM COMO
UMA DAS SUAS DIMENSÕES A LIBERDADE AO
DIVÓRCIO E DISSOLUÇÃO DA ENTIDADE FAMILIAR –
PRETENSÃO COM NATUREZA DE JULGAMENTO
ANTECIPADO DE MÉRITO – INTELIGÊNCIA DOS
ARTIGOS 355 E 356 DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL – APLICABILIDADE NO CASO CONCRETO –
NECESSIDADE DA ENTREGA DA PRESTAÇÃO
JURISDICIONAL DE MODO ADEQUADO,
INDEPENDENTEMENTE DA FORMA JURÍDICA
APLICADA – DECISÃO REFORMADA – DECRETAÇÃO
DO DIVÓRCIO INAUDITA ALTERA PARS INCIDENTE –
CONFIRMAÇÃO DA LIMINAR RECURSAL OUTRORA
CONCEDIDA – FIXAÇÃO DE HONORÁRIOS À
DEFENSORA DATIVA”. (TJPR - AI n.º 54506-
07.2020.8.16.0000 - 12ª CC - Relatora: Des. Rosana
Amara Girardi Fachin - Julgado em: 26/07/2021).
(Destaquei).

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. DECISÃO AGRAVADA


QUE NÃO CONCEDEU O DIVÓRCIO DAS PARTES
POR CONSIDERAR AUSENTES OS REQUISITOS
NECESSÁRIOS À CONCESSÃO DA TUTELA DE
URGÊNCIA. INSURGÊNCIA DA AUTORA.
ACOLHIMENTO. DIREITO POTESTATIVO À LUZ DO
ART. 226, § 6º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
DESNECESSIDADE DE SE ALEGAR URGÊNCIA.
DIVÓRCIO QUE PODERIA SER DECRETADO POR
JULGAMENTO ANTECIPADO PARCIAL DE MÉRITO.
ART. 356, I, DO CPC. PRECEDENTES. DECISÃO
REFORMADA PARA DECRETAR O DIVÓRCIO DAS
PARTES. RECURSO PROVIDO.” (TJPR - AI n.º 20885-
19.2020.8.16.0000 - 11ª CC - Relator: Des. Mario Nini
Azzolini - Julgado em: 03/08/2020). (Destaquei).

Comprovado, portanto, o casamento (Doc. 3) e a intenção da parte


em terminar com a sociedade conjugal, forçoso o divórcio dos litigantes.

Destaca-se, por fim, que a parte requerida (cônjuge virago) apesar


de ter acrescentado o sobrenome do autor quando da celebração do
casamento, poderá excluí-lo a qualquer momento após a dissolução da
sociedade conjugal, conforme prevê o art. 57, inciso III da Lei n° 14.382/2022 1,
o que significa que a concessão do divórcio neste momento processual, antes
da oitiva da parte contrária, também não trará prejuízos em relação ao nome,
posto que não há necessidade de manifestação da virago quanto ao interesse
na manutenção ou não do nome de casada, pois a mesma poderá solicitar a

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Art. 57. A alteração posterior de sobrenomes poderá ser requerida pessoalmente perante o
oficial de registro civil, com a apresentação de certidões e de documentos necessários, e será
averbada nos assentos de nascimento e casamento, independentemente de autorização
judicial, a fim de:
III - exclusão de sobrenome do ex-cônjuge, após a dissolução da sociedade conjugal, por
qualquer de suas causas;
exclusão do sobrenome do autor ao oficial de registro civil, independentemente
de autorização judicial.

Inexistem, portanto, empecilhos para a imediata concessão do


divórcio na forma postulada pela parte requerente, eis que presentes os
requisitos do julgamento antecipado, sem prejuízo de eventual requerimento
próprio pela parte requerida, ainda que em sede de reconvenção.

Diante do exposto, com fulcro no artigo 226, § 6º, da Constituição


Federal e artigo 355 do CPC, requer o julgamento antecipado do divórcio,
dissolvendo assim a sociedade e o vínculo conjugal existente, bem como
extinguindo, por conseguinte, o regime de bens do casamento, com a
expedição de Mandado de Averbação ao Cartório Civil competente, para
cumprimento dos devidos procedimentos.

5. DA ALTERAÇÃO DO NOME

Quanto ao nome, o requerente informa que não houve a alteração


de seu nome com o casamento.

6. DOS FILHOS

Da união não adveio o nascimento de nenhum filho.

7. DA PENSÃO ALIMENTÍCIA

Declara que em virtude de possuir renda suficiente para a sua


manutenção e subsistência, dispensa toda e qualquer pensão alimentícia.

8. DOS BENS

Informa a parte autora que no curso da união não adquiriram


nenhum bem.

9. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer:


a) A concessão dos benefícios da gratuidade de justiça, nos
termos do art. 98 e seguintes do CPC;

b) O JULGAMENTO ANTECIPADO DO DIVÓRCIO, nos termos do


artigo 226, § 6º, da Constituição Federal e artigo 355 do CPC, dissolvendo
assim a sociedade e o vínculo conjugal existente, bem como extinguindo, por
conseguinte, o regime de bens do casamento, com a expedição de Mandado
de Averbação ao Cartório Civil competente, para cumprimento dos devidos
procedimentos;

c) A condenação da ré em custas e honorários advocatícios no


importe de 10% do valor da causa, nos termos do art. 85, § 2 do CPC.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos


em direito, em especial pela juntada dos documentos anexos.

Por fim, nos termos do artigo 319, inciso VII do Código de Processo
Civil, a parte autora informa que não tem interesse na realização da audiência
de conciliação ou de mediação.

Dá-se à causa, para fins legais, o valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e


quinhentos reais).

Termos em que,

Pede deferimento.

Curitiba/PR, datado e assinado eletronicamente.

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