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A2 – Direito Internacional Privado

Turma: DIR5AN.MCB

Alunos:
Rute Cléia F. De A. Moreira R.A: 820145764
Analise de acórdão proferido pelo Poder Judiciário brasileiro

CASO 01

RECURSO ESPECIAL Nº 978.655 - MG (2007/0185027-5)


RELATOR:MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA
RECORRENTE: E L DOS S E OUTRO
ADVOGADO: JULIANO FONSECA DE MORAIS

EMENTA
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE DIVÓRCIO
DIRETO CONSENSUAL. CASAMENTO REALIZADO NO BRASIL.
CÔNJUGES RESIDENTES NO EXTERIOR. COMPETÊNCIA DA
AUTORIDADE JUDICIÁRIA BRASILEIRA. INTELIGÊNCIA DO ART. 88, III,
DO CPC.

1. Embora atualmente os cônjuges residam no exterior, a autoridade judiciária brasileira


possui competência para a decretação do divórcio se o casamento foi celebrado em
território nacional. Inteligência do art. 88, III, do CPC.
2. Recurso especial provido.

ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas,
acordam os Ministros da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por
unanimidade, conhecer do recurso especial e dar-lhe provimento nos termos do voto do
Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão e Honildo Amaral de Mello
Castro (Desembargador convocado do TJ/AP) votaram com o Sr. Ministro Relator.
Ausentes, justificadamente, os Srs. Ministros Fernando Gonçalves e Aldir
Passarinho Junior.
Presidiu o julgamento o Sr. Ministro João Otávio de Noronha.

Brasília, 23 de fevereiro de 2010(data de julgamento)

MINISTRO JOÃO OTÁVIO DE NORONHA


Relator
1- DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO FÁTICA

O presente recurso especial interposto por E L dos S e outro, residentes no exterior,


trata-se de uma solicitação de reconhecimento da competência da autoridade judiciária
brasileira para a decretação do divórcio, já que o casamento foi celebrado em território
nacional.

2- ARGUMENTOS APRESENTADOS PELAS PARTES

As partes recorrentes sustentam a vulneração do artigo 88, III, do CPC, visto que o
casamento dos recorrentes uma vez celebrado no Brasil deve o divórcio ser realizado
direto independente do fato de os peticionários residirem em país estrangeiro.

3 – NORMAS APLICÁVEIS AO CASO

Foram aplicáveis as seguintes normas:

i. art. 105, inciso III, alíneas "a" e "c", da Constituição Federal, contra acórdão
proferido em ação de divórcio;

ii. ii. Art. 267, VI, CPC, utilizado pelo juiz da primeira instância para extinguir
o feito, ao entendimento que, “nos casos em que as partes residem no
exterior, a autoridade judiciária brasileira não é competente para processor e
julgar pedido de divórcio”;

iii. iii. Art. 88, III, do CPC, utilizado como argumento pelas partes e reconhecida
no recurso, já que acata a competência da autoridade brasileira quando “a
ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil”;

iv. iv. Art. 7º da LICC, invocado nos fundamentos do acórdão atacado.

4 – RESUMO DA DECISÃO JUDICIAL

Recurso provido.

A questão trazida, realmente se encontrava aparada pelo artigo 88, II do CPC. Este
dispositivo institui critério de competência concorrente para o processamento de feitos
tanto no Brasil como em tribunais estrangeiros. Diante disso, se a ação de divórcio se
origina de casamento, um ato, praticado no Brasil, o seu processamento poderá se dar
perante a autoridade brasileira. Ainda há explicação de que o artigo 7º da LICC,
fundamento utilizado no acórdão atacado, cuida de regras de direito material, enquanto
que a jurisdição dos tribunais brasileiros é tratato pelo art. 88 CPC.
CASO 02

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - SEPARAÇÃO JUDICIAL


- CASAMENTO REALIZADO NO EXTERIOR - CÔNJUGE RESIDENTE
NO BRASIL - COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA BRASILEIRA - ARTIGO 7º DA LICC.
Consoante artigo 7º da LICC, a Justiça Brasileira é competente para julgar a ação de
separação judicial quando um dos cônjuges é domiciliado no Brasil, ainda que o
matrimônio tenha sido celebrado no exterior e lá permaneça o outro cônjuge.

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0015.09.054638-1/001 - COMARCA DE ALÉM PARAÍBA


- APELANTE(S): R.S.S.M. - APELADO(A)(S): M.A.P.M. - RELATOR: EXMO. SR.
DES. AFRÂNIO VILELA

ACÓRDÃO

(SEGREDO DE JUSTIÇA)

Vistos etc., acorda, em Turma, a 2ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado


de Minas Gerais, sob a Presidência do Desembargador RONEY OLIVEIRA,
incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das
notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DAR PROVIMENTO AO RECURSO.

Belo Horizonte, 05 de outubro de 2010.

DES. AFRÂNIO VILELA - Relator


NOTAS TAQUIGRÁFICAS
O SR. DES. AFRÂNIO VILELA:

VOTO

Em exame, apelação interposta por R.S.S.M. contra a r. sentença de f. 35/36 que nos
autos da "ação de separação judicial" ajuizada em face de M.A.F.M. julgou extinto o
processo, sem resolução do mérito, com fulcro no artigo 267, V, do CPC, ao fundamento
de que a competência para dirimir a lide é do País no qual foi realizado o casamento, no
qual o casal fixou residência.

Aduz a apelante, em síntese, que consoante art. 7º da LICC, o Poder Judiciário brasileiro
é competente para processar o feito, eis que é domiciliada neste País. Que
o casamento realizado em Portugal foi devidamente averbado perante a autoridade
consular e nacional, de forma que também se considera celebrado no Brasil, aplicando-
se, portanto, os ditames do inciso III, do artigo 88 do CPC. Que se tratando de
competência relativa, vedada sua decretação "ex ofício", conforme súmula 33 do STJ.
Com amparo no inciso I, do artigo 100, do CPC, assevera a competência do foro da
residência da mulher para conhecer, processar e julgar a ação de separação litigiosa.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso.
Trata-se de ação de separação judicial litigiosa, proposta pelo cônjuge virago, Brasileira,
atualmente domiciliado neste País, em desfavor do varão, angolano, domiciliado em
Portugal, onde foi celebrado o casamento.

O deslinde da controvérsia cinge-se, portanto, à perquirição da competência da Justiça


Brasileira para processar e julgar ação de separação litigiosa, em tendo sido
o casamento foi celebrado no exterior e lá residindo um dos cônjuges.

Segundo a Lei de Introdução ao Código Civil, "A lei do país em que for domiciliada a
pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a
capacidade e os direitos de família" (artigo 7º, grifei).

Do dispositivo supra depreende-se que em se tratando de direito de família, vigoram as


leis do país em que domiciliada a pessoa.

A separação judicial pretendida envolve, indiscutivelmente, direito de família, tanto que


regida exclusivamente por normas afetas ao referido ramo do direito.

Com efeito, consoante artigo 7º da LICC, a Justiça Brasileira é competente para julgar
a ação de separação judicial quando um dos cônjuges é domiciliado no Brasil, ainda que
o matrimônio tenha sido celebrado no exterior e lá permaneça o outro cônjuge.

Isso posto, DOU PROVIMENTO AO RECURSO, para anular a sentença, determinando


o retorno dos autos à Instância de origem, para regular processamento do feito.

Sem custas, "ex lege".

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): RONEY OLIVEIRA e


CAETANO LEVI LOPES.

SÚMULA : DERAM PROVIMENTO AO RECURSO.

01 – DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO FÁTICA

O presente caso trata-se de apelação interposta por R.S.S.M., Brasileira, atualmente


domiciliado neste País, contra a r. sentença proferida em "ação de separação judicial"
ajuizada em face de M.A.F.M., angolano, domiciliado em Portugal, onde foi celebrado
o casamento. Onde foi julgado extinto o processo, sem resolução do mérito, com fulcro
no artigo 267, V, do CPC, ao fundamento de que a competência para dirimir a lide é do
País no qual foi realizado o casamento, no qual o casal fixou residência.

02- ARGUMENTOS APRESENTADOS PELAS PARTE

A apelante argumenta que é de competencia do Poder Judiciário brasileiro para


processar o feito, uma vez que a mesma é domiciliada neste País e que
o casamento realizado em Portugal foi devidamente averbado perante a autoridade
consular e nacional, de forma que também se considera celebrado no Brasil. Que se
tratando de competência relativa, vedada sua decretação "ex ofício". Assevera a
competência do foro da residência da mulher, atualmente sendo o Brasil, para conhecer,
processar e julgar a ação de separação litigiosa.

03- NORMAS APLICÁVEIS

No presente caso foram aplicadas as seguintes normas normas:

i. artigo 7º da LICC, onde no caso é utilizado para reforçar a competência da


justiça brasileira para julgar a ação de separação judicial quando um dos
cônjuges é domiciliado no Brasil;

ii. ii. artigo 267, V, do CPC, utilizado como fundamento de que a competência para
dirimir a lide é do País no qual foi realizado o casamento, no qual o casal fixou
residência;

iii. iii. artigo 88, III, do CPC, com intuito de sustenta que mesmo sendo o
casamento realizado em Portugal, por ter sido devidamente averbado perante a
autoridade consular e nacional, de forma que também se considera celebrado no
Brasil, a ação (o casamento) foi praticada no Brasil;

iv. iv. Súmula 33 STJ, onde é utilizado para afirmar que não poderia o Juiz apreciar
de ofício a sua incompetência relativa na sentença anterior;

v. v. artigo 100, I, do CPC, para assegurar que a competência do foro é da


residência da mulher para conhecer, processar e julgar ação de separação
litigiosa.

04- RESUMO DA DECISÃO JUDICIAL

Recurso provido.
A decisão foi baseada no artigo 7º, da LICC, onde afirma que “A lei do país em que for
domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o
nome, a capacidade e os direitos de família", portanto, tratando-se de direito de família,
vigora as leis do país onde a pessoa se encontra domiciliada. A separação judicial que
se pretende, é logicamente, envolvida pelo direito de família. Portanto, e de acordo com
art 7º da LICC, é competente a Justiça Brasileira julgar a ação de separação judicial
quando um dos cônjuges é domiciliado no Brasil, ainda que o matrimônio tenha sinhá
celebrado no exterior e lá permaneça o outro cônjuge.

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