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01) Neste primeiro resultado, a questão gira em torno do requisito da citação. No agravo
interno interposto contra decisão em procedimento de homologação de sentença
estrangeira, o agravante alega que "nunca teve ciência do processo de Regulação das
Responsabilidades Parentais proposta no Tribunal de Família e Menores do Funchal, em
Portugal, sob o nº 310/12.4TMFUN, com trânsito em julgado em 05 de dezembro de 2019"
(e-STJ fl. 144), e que "não residia mais em Portugal e sequer foi citado à época dos fatos,
pois residia em Luxemburgo, retornando para o Brasil no ano de 2008".
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Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:
I - ser proferida por autoridade competente;
II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada a revelia;
III - ser eficaz no país em que foi proferida;
IV - não ofender a coisa julgada brasileira;
V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense prevista em tratado;
VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.
Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias, observar-se-ão os pressupostos previstos
no caput deste artigo e no art. 962, § 2º.
Art. 964. Não será homologada a decisão estrangeira na hipótese de competência exclusiva da autoridade
judiciária brasileira.
Parágrafo único. O dispositivo também se aplica à concessão do exequatur à carta rogatória.
Art. 965. O cumprimento de decisão estrangeira far-se-á perante o juízo federal competente, a requerimento da
parte, conforme as normas estabelecidas para o cumprimento de decisão nacional.
Parágrafo único. O pedido de execução deverá ser instruído com cópia autenticada da decisão homologatória ou
do exequatur, conforme o caso.
02) Caso de ofensa à ordem pública, objeto que será analisado na próxima aula. (HDE n.
7.227/EX, relator Ministro Francisco Falcão, Corte Especial, julgado em 3/5/2023, DJe de
8/5/2023.)
03) Trata-se de Agravo Interno, interposto contra decisão que homologou a sentença
arbitral estrangeira, por meio do qual o agravante alegou, em sede de preliminar, a
irregularidade da representação processual da parte agravada (originalmente a
Requerente), bem como, no mérito, argumentou não ter havido citação regular no processo
judicial de assesment of costs.
06) Caso de ofensa à soberania nacional e à ordem pública, objeto da próxima aula.
(AgInt na HDE n. 6.217/EX, relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Corte Especial,
julgado em 13/12/2022, DJe de 16/12/2022.)
07) Trata-se de recurso especial interposto contra acórdão que, na origem, apreciava
recurso de apelação versando sobre a negativa de nomeação de inventariante. No caso,
perante o STJ, as partes juntaram cópia de sentença estrangeira, mas não homologada no
Brasil, o que foi combatido pelo relator ao argumento de que, sem a devida homologação, o
referido documento estrangeiro carece de valor jurídico e, portanto, não produz qualquer
efeito sobre a pretensão ali deduzida. (AgInt no REsp n. 1.176.092/DF, relatora Ministra
Maria Isabel Gallotti, Quarta Turma, julgado em 12/12/2022, DJe de 16/12/2022.)
09) Esse caso trata de um agravo interno manejado por uma cidadã estrangeira em face
de decisão do Min. Presidente do STJ que deferiu, em parte, o pedido de tutela de urgência
formulado no procedimento de homologação de sentença estrangeira para determinar: I) o
arresto de imóveis pertencentes a Maracajaú Empreendimentos Imobiliários LTDA; II) a
citação da ora recorrente por via postal e a citação por edital de York Georges Creupelant.
Portanto, não trata, exatamente, de HSE, porquanto o seu desiderato ainda não foi
apreciado pela Corte Superior, não havendo certeza sobre as considerações quanto ao
preenchimento dos requisitos necessários ao deferimento da homologação.
13) Neste caso, a discussão centrou-se sobre o requisito da citação, entendida, ao final,
como válida, ensejando a homologação em virtude do preenchimento dos demais requisitos
formais. Confira-se:
14) Neste caso, quanto aos requisitos formais para homologação de sentença
estrangeira – especificamente a arbitral – o STJ analisou a possibilidade de substituição da
chancela consular brasileira. Assim restou ementado o acórdão em questão:
SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA CONTESTADA. COMPETÊNCIA
DO STJ. JUÍZO DELIBAÇÃO. CHANCELA CONSULAR. APOSTILA.
HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA.
I - O Superior Tribunal de Justiça tem competência para emitir juízo
meramente delibatório acerca da homologação de sentença estrangeira.
Assim, eventual deferimento do pedido de homologação, portanto, limita-se
a dar eficácia à sentença estrangeira, nos exatos termos em que proferida,
não sendo possível aditá-la para inserir provimento que dela não conste.
II - A competência do Juízo arbitral pode ser aferida pela sentença arbitral
proferida nos limites da própria convenção que permitiu sua instauração.
III - A Convenção sobre Eliminação da Exigência de Legalização de
Documentos Públicos Estrangeiros, promulgada por intermédio do Decreto
n. 8.660/2016, prevê a substituição da chancela consular brasileira pela
apostila emitida pela autoridade competente do Estado no qual o
documento é originado.
IV - Homologação deferida.
(HDE n. 5.431/EX, relator Ministro Francisco Falcão, Corte Especial,
julgado em 3/8/2022, DJe de 18/8/2022.)
15) Caso em que também foram analisados e verificados os requisitos formais para
homologação de sentença estrangeira proveniente do Peru.
16) Neste caso, de idêntica forma, foram analisados e entendidos como preenchidos os
requisitos do art. 963 do CPC, de modo a autorizar a homologação da decisão estrangeira.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA
ESTRANGEIRA NÃO CONTESTADA. AÇÃO INDENIZATÓRIA JULGADA
PROCEDENTE POR SENTENÇA ARBITRAL ORIUNDA DOS ESTADOS
UNIDOS DA AMÉRICA. ARTS. 15 E 17 DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ARTS. 960 E SEGUINTES DO
CPC/2015. ARTS. 216-C, 216-D E 216-F DO RISTJ. REQUISITOS
ATENDIDOS. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA
ESTRANGEIRA DEFERIDO.
1. A homologação de decisões estrangeiras pelo Poder Judiciário possui
previsão na Constituição Federal de 1988 e, desde 2004, está outorgada
ao Superior Tribunal de Justiça, que a realiza com atenção aos ditames
dos arts. 15 e 17 do Decreto-Lei n.º 4.657/1942 (LINDB), do Código de
Processo Civil de 2015 (art. 960 e seguintes) e do art. 216-A e seguintes
do RISTJ.
2. Nos termos dos arts. 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, 963 do CPC/2015, e 216-C, 216-D e 216-F do Regimento
Interno do Superior Tribunal de Justiça, são requisitos da homologação os
seguintes: (i) instrução da petição inicial com o original ou cópia
autenticada da decisão homologanda e de outros documentos
indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado
no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira; (ii) haver sido
a sentença proferida por autoridade competente; (iii) terem as partes sido
regularmente citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; (iv) ter a
sentença transitado em julgado; (v) não ofender a soberania, a dignidade
da pessoa humana e/ou ordem pública.
3. Ausência de objeção do requerido e da curadoria especial constituída
pela DPU.
4. Requisitos legais atendidos quanto à prova da citação do requerido no
processo estrangeiro, ao trânsito em julgado e à autenticação por
autoridade consular brasileira e com tradução oficial e/ou juramentada,
com parecer favorável do MPF.
5. Pedido de homologação de sentença estrangeira deferido sem fixação
de honorários, diante da ausência de efetiva resistência ao pedido.
(HDE n. 1.936/EX, relator Ministro Og Fernandes, Corte Especial, julgado
em 1/8/2022, DJe de 18/8/2022.)
17) Neste caso, ao determinar a homologação de sentença arbitral proferida por tribunal
chinês, o STJ entendeu que os requisitos legais se encontravam plenamente atendidos,
especialmente quanto à prova da citação do requerido no processo estrangeiro, ao trânsito
em julgado e ao fato de estar a decisão devidamente autenticada por autoridade consular
brasileira e com tradução oficial e/ou juramentada.
18) Já neste caso cuja ementa se transcreve a seguir, trata-se de de agravo interno
interposto contra decisão que indeferiu a homologação de duas sentenças estrangeiras
proferidas pela Justiça de Ontário, Canadá, versando sobre a guarda, regulamentação de
visitas e pensão alimentícia.
19) Caso em que foi analisado o requisito da citação, para possibilitar a homologação da
decisão portuguesa pela justiça brasileira.
21) Neste caso, embora também tenha sido analisada a tese de citação irregular – a qual
foi rejeitada –, o STJ, entendendo estar ausente requisito formal consubstanciado na
chancela consular ou apostilamento da decisão estrangeira, houve por bem negar a
homologação da decisão alienígena pretendida. Veja-se a síntese do julgamento:
PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA.
DECISÃO PROFERIDA PELA JUSTIÇA DE PORTUGAL. DIVÓRCIO POR
MÚTUO CONSENTIMENTO. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DE CITAÇÃO
POR EDITAL. REJEIÇÃO. AUSÊNCIA DA CHANCELA CONSULAR OU
DA APOSTILA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA. HOMOLOGAÇÃO
INDEFERIDA.
1. Inicialmente, rejeita-se o argumento contido na contestação da
Defensoria Pública da União de nulidade da citação por edital. Adoto no
ponto, o parecer do MPF, segundo o qual: "Preliminarmente, há de se
afastar a alegação de nulidade da citação por edital, porquanto 'é válida a
citação editalícia quando não se tenha ciência do local em que o requerido
poderá ser atualmente encontrado, sobretudo, em se tratando de
dissolução do vínculo conjugal, quando transcorrido lapso temporal
razoável a partir do qual se permita inferir a veracidade da afirmação do
requerente' (SEC 14.038/EX, Rel. Ministra NANCYANDRIGHI, CORTE
ESPECIAL, julgado em 07/03/2018, DJe 23/03/2018), como no caso".
2. Apesar de devidamente intimada, a parte requerente não juntou aos
autos a chancela consular ou a apostila da sentença estrangeira cuja
homologação se requer, requisito indispensável para a chancela pelo STJ.
3. Não se desconhece que "a Convenção sobre Eliminação da Exigência
de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros, promulgada por
intermédio do Decreto n. 8.660/2016, prevê a substituição da chancela
consular brasileira pela apostila emitida pela autoridade competente do
Estado no qual o documento é originado" (HDE n. 598/EX, relator Ministro
Francisco Falcão, Corte Especial, julgado em 7/4/2021, DJe de 16/4/2021).
4. Entretanto, no presente caso, a parte requerente não juntou a chancela
consular e nem mesmo a apostila da sentença estrangeira - mesmo tendo
sido intimada especificamente para tal desiderato -, o que impede sua
homologação por falta de requisito formal.
5. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios, estes arbitrados no valor de R$ 5.000,00 (cinco
mil reais), com fundamento no art. 85, §§ 2º e 8º, do CPC/2015. Dita
condenação ficará suspensa, diante do benefício da gratuidade judiciária,
esclarecendo que a obrigação ficará extinta se, no prazo de 5 (cinco) anos,
contado do trânsito em julgado, não houver alteração superveniente da
condição financeira da parte, ora sucumbente.
6. Registre-se que o CPC/2015 é aplicável ao caso, porquanto a sentença
está sendo prolatada sob a vigência do novo estatuto normativo, e,
conforme recente precedente da Corte Especial do STJ:
"O marco temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015 em
relação aos honorários advocatícios é a data da prolação da sentença.
Precedentes." (SEC n. 14.385/EX, relatora Ministra Nancy Andrighi, Corte
Especial, julgado em 15/8/2018, DJe de 21/8/2018).
7. Pedido de homologação de sentença estrangeira indeferido.
(HDE n. 5.091/EX, relator Ministro Og Fernandes, Corte Especial, julgado
em 4/5/2022, DJe de 25/5/2022.)
22) Caso em que foram analisados os requisitos formais e homologada a sentença de
divórcio promanada pela Justiça alemã. Confira-se a ementa:
Trecho do voto:
24) Neste caso, tratava-se de agravo interno que foi desprovido e mantida a decisão que
homologou a sentença estrangeira italiana. Na oportunidade, o relator reiterou que estavam
preenchidos “todos os requisitos formais necessários à homologação da sentença
estrangeira, enfatizando que consta a procuração ad judicia (e-STJ, fls. 3/5), a sentença que
reconheceu a obrigação de prestar alimentos devidamente traduzida (e-STJ, fls. 20/28),
sendo eficaz no país em que foi proferida (fls. 25/26 e-STJ).”. Confira-se a ementa deste
julgado:
25) Decisão que não analisou o mérito do recurso de agravo interno interposto contra
decisão sobre homologação de decisão estrangeira, já que aquele fora protocolizado fora do
prazo estipulado pelo Código de Processo Civil e, portanto, intempestivo (AgInt na HDE n.
3.685/EX, relator Ministro Humberto Martins, Corte Especial, julgado em 26/4/2022, DJe de
2/5/2022.).
26) Caso de alegação de ofensa à ordem pública, que será objeto de aula própria (AgInt
na HDE n. 3.233/EX, relator Ministro Paulo de Tarso Sanseverino, Corte Especial, julgado
em 12/4/2022, DJe de 20/4/2022.).
27) Não é objeto da aula, pois apenas menciona uma HSE como “precedente”. (EDcl no
AgInt na Rcl n. 39.863/MG, relator Ministro Francisco Falcão, Corte Especial, julgado em
22/3/2022, DJe de 25/3/2022.)
28) Pedido de análise sobre o mérito da decisão estrangeira homologada, supostamente por
ofensa à dignidade humana, por meio de Agravo Interno, o qual fora desprovido, por
ausência de impugnação dos fundamentos da decisão recorrida.
31) No mérito deste caso, a parte requerida alegou em sua defesa, que o pedido devia
ser rejeitado por ofensa à ordem pública. Por se tratar de tema próprio da aula subsequente,
deixo de analisar na presente oportunidade (SEC n. 10.639/EX, relator Ministro Raul Araújo,
Corte Especial, julgado em 2/2/2022, DJe de 4/3/2022.).