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DECISÕES SOBRE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA NO STJ

2008 e 2009

Caso 1:

Ementa: SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. CITAÇÃO EDITALÍCIA E POSTAL.


HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA.
1. Em obséquio dos princípios constitucionais do contraditório, da ampla defesa e do devido
processo legal, a citação das pessoas domiciliadas no Brasil para responder a processo em
trâmite no exterior deve se dar por meio do procedimento judicialiforme da carta rogatória,
sendo imprestável, para tanto, a comunicação realizada por meio de edital ou de serviço
postal.
2. Pedido de homologação de sentença estrangeira indeferido.
(SEC n. 477/US, relator Ministro Hamilton Carvalhido, Corte Especial, julgado em 12/11/2009,
DJe de 26/11/2009.)

Comentário: Trata-se de pedido de homologação de sentença estrangeira sobre divórcio e


também sobre alimentos e bens do casal. O pedido de homologação de sentença foi indeferido
por vício na citação. Embora o requerente tenha comparecido em juízo na ação de alimentos
quando residia no exterior, no momento do divórcio já residia no Brasil e não foi regularmente
citado por carta rogatória para responder à ação de divórcio. Nota-se que as ações de
alimentos e de divórcio, embora conexas, são independentes e autônomas, de sorte que o vício
da falta de citação por carta rogatória para responder à ação de divórcio não se convalida pelo
comparecimento na ação de alimentos.

Fundamento: “Resolução STJ nº 9, de 4 de maio de 2005, que "Dispõe, em caráter transitório,


sobre competência acrescida ao Superior Tribunal de Justiça pela Emenda Constitucional nº
45/2004", verbis:
“Art. 5º Constituem requisitos indispensáveis à homologação de sentença estrangeira:
I - haver sido proferida por autoridade competente;
II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia.;
III - ter transitado em julgado; e
IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanhada de tradução por tradutor
oficial ou juramentado no Brasil.”

Atualmente, no Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça até a Emenda Regimental n.


42, de 09 de maio de 2023:

Art. 216-D. A decisão estrangeira deverá:


I - ter sido proferida por autoridade competente;
II - conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente citadas ou ter
sido legalmente verificada a revelia;
III - ter transitado em julgado.
Caso 2:

Ementa: HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. AÇÃO DE COBRANÇA.


INADIMPLEMENTO CONTRATUAL. REQUISITOS FORMAIS PARA O DEFERIMENTO DO PEDIDO DE
HOMOLOGAÇÃO OBSERVADOS. AUSÊNCIA, IN CASU, DE AFRONTA A PRINCÍPIOS DE ORDEM
PÚBLICA E DA SOBERANIA.
I - A alegativa de não ter "qualquer relação jurídica com o contrato firmado entre a empresa
Trek do Brasil e a empresa requerente" advinda de uma das requeridas consubstancia-se,
claramente, em argumentos relativos ao mérito da controvérsia, a qual foi dirimida pela
jurisdição estrangeira.
II - Caberia a esta colenda Corte, neste momento, negar a homologação pretendida, somente
se houvesse qualquer problema relativo à autenticidade dos documentos apresentados, à
inteligência da decisão, aos requisitos formais constantes da Resolução nº 9/STJ, de 4/5/2005,
ou à ofensa à soberania ou à ordem pública, o que não ocorrente, in casu.
III - Sentença estrangeira homologada.
(SEC n. 286/US, relator Ministro Paulo Gallotti, relator para acórdão Ministro Francisco Falcão,
Corte Especial, julgado em 16/9/2009, DJe de 12/11/2009.)

Caso 3:

Ementa: SENTENÇA ESTRANGEIRA. ACORDO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA CIVIL ENTRE O


GOVERNO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E O GOVERNO DA REPÚBLICA FRANCESA.
DECRETO Nº 3.598/2000. GUARDA PROVISÓRIA DE MENOR. MÉRITO DA SENTENÇA. ANÁLISE
NO STJ. IMPOSSIBILIDADE. DISPENSA DE LEGALIZAÇÃO.
1. O mérito da sentença estrangeira não pode ser apreciado pelo Superior Tribunal de Justiça,
pois o ato homologatório restringe-se à análise dos seus requisitos formais. Precedentes.
2. Consoante artigo 18, c, do Decreto nº 3.598/2000, em matéria relativa à guarda de menor,
não é necessário que a sentença tenha transitado em julgado para ser reconhecida no
território brasileiro, mas deve ter força executória.
3. O pedido de homologação merece deferimento, uma vez que, a par da ausência de ofensa à
ordem pública, reúne os requisitos essenciais e necessários a este desideratum, previstos na
Resolução nº 9/2005 do Superior Tribunal de Justiça e no Decreto nº 3.598/2000.
4. Pedido de homologação deferido.
(SEC n. 651/FR, relator Ministro Fernando Gonçalves, Corte Especial, julgado em 16/9/2009,
DJe de 5/10/2009.)

Caso 4:

Ementa: HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO. SENTENÇA NORTE-


AMERICANA. CARIMBO DE ARQUIVAMENTO. PROVA DO TRÂNSITO EM JULGADO.
CONTESTAÇÃO. DESNECESSIDADE DE DISTRIBUIÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO.
? O carimbo de arquivamento é suficiente à comprovação do trânsito em julgado da sentença
norte-americana. Precedentes da Corte Especial: SE n. 756 e 1.397.
? Desnecessária a distribuição da sentença estrangeira contestada, quando a impugnação versa
sobre questão já debatida e decidida pelo órgão especial deste Tribunal.
Agravo regimental improvido.
(AgRg na SE n. 2.598/US, relator Ministro Cesar Asfor Rocha, Corte Especial, julgado em
2/9/2009, DJe de 28/9/2009.)
Caso 5:

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. HOMOLOGAÇÃO.


DIVÓRCIO. CITAÇÃO EFETIVADA POR CARTA ROGATÓRIA. REQUISITOS LEGAIS ATENDIDOS.
HOMOLOGAÇÃO DEFERIDA.
1. A sentença estrangeira, cumpridos os requisitos erigidos pelo art. 5º incisos I, II, III e IV da
Resolução 09/STJ, revela-se apta à homologação perante o STJ.
2. In casu, o curador especial, designado em face da revelia da requerida - que apôs seu ciente
sem apresentar contestação - manifestou-se contrariamente à homologação, ao argumento de
que, no processo originário, não houve a intervenção de curador especial, razão pela qual
ofenderia a ordem pública, mormente as garantias legais e constitucionais do devido processo
legal, do contraditório e da ampla defesa.
3. A homologação da Sentença Estrangeira pressupõe a obediência ao contraditório
consubstanciado na convocação inequívoca realizada alhures. No caso sub judice, resta
indubitável o fato de que a citação deu-se por carta rogatória, que restou devolvida, sem
cumprimento, pelo fato de a Ré estar em local desconhecido, sendo certo que operou-se a
convocação, na forma da ZPO (fls. 56/58).
4. Sob esse ângulo, assentou o MP (fls. 90), in verbis:
"3. No processo alienígena foi tentada citação da requerida por carta rogatória, a qual foi
devolvida, sem cumprimento, pela Justiça Brasileira (documento anexado aos autos, fls. 54/55 -
tradução fls. 56/58). Donde a citação ficta, como relatado na sentença homologanda (fls. 44/47
- tradução fls. 48/53): onde a requerida vive atualmente é desconhecido. O pedido de divórcio
lhe foi comunicado publicamente.
3. No presente pedido de homologação, a requerida foi encontrada e apôs o seu ciente, sem
contudo apresentar contestação (fls. 69).
4. A Defensoria Pública, designada em face da revelia da requerida, manifestou-se
contrariamente à homologação, argumentando que no processo de origem não houve
intervenção de curador especial.
5. A intervenção da Defensoria Pública não procede. A frustração da tentativa de citação
pessoal da requerida no Brasil deu ensejo à citação ficta, não havendo como impor à Justiça
alemã a observância de regras próprias do ordenamento processual brasileiro, no que tange às
conseqüências processuais da revelia. Além disso, citada pessoalmente no processo de
homologação, a requerida nada reclamou."
5. É cediço na jurisprudência do Eg. STJ que a homologação de sentença estrangeira reclama
prova de citação válida da parte requerida, seja no território prolator da decisão homologanda,
seja no Brasil, mediante carta rogatória, consoante a ratio essendi do art. 217, II, do RISTJ.
6. Destarte, encontram-se preenchidos os requisitos erigidos pelo art. 5º incisos I, II, III e IV da
Resolução 09/STJ: a sentença homologanda foi proferida por Juízo competente - Tribunal de
Primeira Instância da Comarca de Tostedt, na Alemanha; houve a devida citação da requerida
por carta rogatória (fls. 56/58); a sentença transitou em julgado, consoante certificado às fls 11
(tradução às fls. 49), seu inteiro teor encontra-se devidamente autenticado pelo cônsul
brasileiro (fls. 47), e a sua tradução foi realizada por intérprete juramentado no Brasil (fls. 48-
53), por isso que o presente ato jurisdicional estrangeiro revela a sua aptidão à pretendida
homologação perante o STJ.
7. O curador especial atua obstando a homologabilidade, por isso que somente faz jus aos
honorários acaso sucumbente o autor via oposição oferecido pelo exercente de munus público.
8. Homologação deferida. Despesas ex lege.
(SEC n. 3.183/DE, relator Ministro Luiz Fux, Corte Especial, julgado em 17/6/2009, DJe de
6/8/2009.)

Caso 6:

Ementa: HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. PRESENÇA DOS REQUISITOS


NECESSÁRIOS À HOMOLOGAÇÃO. DEFERIMENTO DO PEDIDO.
1. Trata-se de pedido de homologação de sentença estrangeira proferida pelo Tribunal Distrital
dos Estados Unidos - Distrito do Sul da Flórida -, que condenou a empresa TRANSBRASIL S/A
LINHAS AÉREAS ao pagamento de US$ 14.797.440,32 (quatorze milhões, setecentos e noventa
e sete mil, quatrocentos e quarenta dólares e trinta e dois centavos), acrescidos de juros, em
decorrência do inadimplemento de contratos de manutenção e arrendamento de motores de
turbinas e equipamentos.
2. "Competente a autoridade que prolatou a sentença, citada a parte e regularmente
decretada a revelia, transitado em julgado o decisum homologando, devidamente
acompanhado da chancela consular brasileira, acolhe-se o pedido, por atendidos os requisitos
indispensáveis à homologação da sentença estrangeira que não ofende a soberania ou a ordem
pública" (SEC 1.864/DE, Corte Especial, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 5.2.2009).
3. Pedido de homologação de sentença deferido.
(SEC n. 1.300/US, relatora Ministra Denise Arruda, Corte Especial, julgado em 20/5/2009, DJe
de 1/7/2009.)

Caso 7:

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. ACORDO DE


DISSOLUÇÃO DE SOCIEDADE CONJUGAL QUE TRATOU DE PARTILHA DE IMÓVEL LOCALIZADO
NO BRASIL. HOMOLOGAÇÃO CONCEDIDA.
1. Descabida a alegação de que o acordo celebrado na Argentina foi obtido por induzimento a
erro, pacto este que formalizou o pedido de divórcio consensual naquele país, quando, do
exame do referido "Acordo de Dissolução de Sociedade Conjugal", verifica-se, inclusive, que o
requerido foi assistido por sua advogada de defesa.
2. Não há falar em litispendência quando as ações têm causa de pedir e pedidos distintos e a
primeira transita em julgado antes mesmo do ajuizamento da segunda ação 3. O fato de a
sentença estrangeira ratificar acordo das partes acerca de imóvel localizado no território
brasileiro não obsta a sua homologação.
4. O ato homologatório da sentença estrangeira limita-se à análise dos seus requisitos formais.
Incabível o exame do mérito da decisão estrangeira à qual se pretende atribuir efeitos no
território pátrio. Em sede de contestação ao pedido de homologação, é incabível a discussão
acerca do direito material subjacente, porque tal ultrapassaria os limites fixados pelo art. 9º,
caput, da Resolução nº 9 de 4/5/05 do Superior Tribunal de Justiça.
5. Homologação concedida.
(SEC n. 1.043/AR, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, julgado em 28/5/2009,
DJe de 25/6/2009.)

Caso 8:

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. AÇÃO PROPOSTA NO


ESTRANGEIRO PARA CONVERTER EM DIVÓRCIO A SEPARAÇÃO JUDICIAL CONSENSUAL
OCORRIDA NO BRASIL. CITAÇÃO DA REQUERIDA NÃO-COMPROVADA. INDEFERIMENTO DA
HOMOLOGAÇÃO.
1. A competência do juízo decorre, geralmente, do domicílio das partes ou de sua submissão
ao foro eleito. No caso dos autos, além de o requerente e a requerida serem domiciliados no
Brasil, a exceção declinatória do foro, por ela oferecida, indica sua negativa de submissão à
jurisdição concorrente.
2. Para homologação de sentença estrangeira proferida em processo judicial proposto contra
pessoa residente no Brasil, é imprescindível que tenha havido a sua regular citação por meio de
carta rogatória ou se verifique legalmente a ocorrência de revelia.
3."Ainda que a citação assim tivesse sido procedida, viciada estaria a competência do juízo
alienígeno pela expressa recusa da pessoa citada de se submeter àquela jurisdição, nos termos
da jurisprudência uniforme da Corte". Precedentes do STF.
4. A competência para conversão da separação judicial é exclusiva do juiz brasileiro, conforme
inteligência do art. 7º da LICC, segundo o qual a lei do país em que for domiciliada a pessoa
determina as regras sobre os direitos de família.
5. Homologação indeferida.
(SEC n. 1.763/PT, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, julgado em 28/5/2009,
DJe de 25/6/2009.)

Comentário: Trata-se de pedido de homologação de sentença estrangeira sobre divórcio. A


ação de separação judicial consensual tramitou no Brasil e foi convertida em divórcio no
exterior. O pedido de homologação de sentença estrangeira foi indeferido por não estarem
presentes os requisitos de competência do juízo alienígena e da citação da parte requerida e,
por consequência, a decretação de revelia. Nota-se que no acórdão do Tribunal de Relação de
Lisboa, ambos eram domiciliados no Brasil. O STJ considerou como “inegável a competência
exclusiva do juiz brasileiro”... e, “sendo oportunista a ação intentada no juízo português”.
Fundamento: Como um dos fundamentos, o caput do art. 7º da LICC/LIND:
LINDB, Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

Caso 9:

Ementa: PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. CITAÇÃO DA REQUERIDA


NA AÇÃO DE DIVÓRCIO NÃO-COMPROVADA. INDEFERIMENTO DA HOMOLOGAÇÃO.
1. Para homologação de sentença estrangeira proferida em processo judicial proposto contra
pessoa domiciliada no Brasil, é imprescindível que tenha havido a sua regular citação por meio
de carta rogatória ou se verifique legalmente a ocorrência de revelia.
2. Homologação indeferida.
(SEC n. 2.493/DE, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, julgado em 28/5/2009,
DJe de 25/6/2009.)

Caso 10:

Ementa: SENTENÇA ESTRANGEIRA. HOMOLOGAÇÃO. As exigências de que a sentença


estrangeira esteja autenticada pelo cônsul brasileiro e de que tenha sido traduzida por tradutor
juramentado no Brasil cedem quando o pedido de homologação tiver sido encaminhado pela
via diplomática.
Sentença homologada.
(SEC n. 2.108/FR, relator Ministro Ari Pargendler, Corte Especial, julgado em 20/5/2009, DJe de
25/6/2009.)

Caso 11:

Ementa: Processo civil. Medida cautelar visando a atribuir efeito suspensivo a recurso
especial. Ação proposta pela requerente, perante justiça estrangeira. Improcedência do pedido
e trânsito em julgado da decisão. Repetição do pedido, mediante ação formulada perante a
Justiça Brasileira. Extinção do processo, sem resolução do mérito, pelo TJ/RJ, com fundamento
na ausência de jurisdição brasileira para a causa. Impossibilidade.
Pedido de medida liminar para a suspensão dos atos coercitivos a serem tomados pela parte
que sagrou-se vitoriosa na ação julgada perante o Tribunal estrangeiro. Indeferimento.
Comportamento contraditório da parte violador do princípio da boa-fé objetiva, extensível aos
atos processuais.
- É condição para a eficácia de uma sentença estrangeira a sua homologação pelo STJ. Assim,
não se pode declinar da competência internacional para o julgamento de uma causa com
fundamento na mera existência de trânsito em julgado da mesma ação, no estrangeiro.
Essa postura implicaria a aplicação dos princípios do 'formum shopping' e 'forum non
conveniens' que, apesar de sua coerente formulação em países estrangeiros, não encontra
respaldo nas regras processuais brasileiras.
- A propositura, no Brasil, da mesma ação proposta perante Tribunal estrangeiro, porém,
consubstancia comportamento contraditório da parte. Do mesmo modo que, no direito civil,
o comportamento contraditório implica violação do princípio da boa-fé objetiva, é possível
também imaginar, ao menos num plano inicial de raciocínio, a violação do mesmo princípio no
processo civil. O deferimento de medida liminar tendente a suspender todos os atos para a
execução da sentença estrangeira, portanto, implicaria privilegiar o comportamento
contraditório, em violação do referido princípio da boa-fé.
Medida liminar indeferida e processo extinto sem resolução de mérito.
(MC n. 15.398/RJ, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira Turma, julgado em 2/4/2009, DJe
de 23/4/2009.)

Caso 12:

Ementa: SENTENÇA ESTRANGEIRA. DECISÃO PROFERIDA PELA CORTE PERMANENTE DE


JUSTIÇA INTERNACIONAL DE HAIA, EM 1929, TENDO COMO PARTES O GOVERNO BRASILEIRO E
O GOVERNO FRANCÊS. ILEGITIMIDADE DE EMPRESA ESTRANHA À DECISÃO PARA POSTULAR A
SUA HOMOLOGAÇÃO. ADEMAIS, DECISÃO QUE NÃO SE SUBSUME AO CONCEITO DE SENTENÇA
ESTRANGEIRA E CUJA HOMOLOGAÇÃO AFRONTARIA A SOBERANIA NACIONAL.
I - Inexiste sentença estrangeira a ser homologada, em nome da parte requerente. A decisão
submetida à validação do Judiciário brasileiro advém da Corte Permanente de Justiça
Internacional de Haia, que, à época, proferiu decisão arbitral em contenda instalada entre os
Governos Brasileiro e Francês, quanto a empréstimo por aquele efetuado nos idos de 1909 e os
juros aplicáveis.
II - Assim sendo, carece Gesparte Comércio e Participações Ltda. de legitimidade para postular
a homologação da decisão referente a dois Estados soberanos, sendo imperioso relevar que,
consoante bem lembrado no parecer ministerial, "a busca de outros caminhos compatíveis
com os compromissos assumidos pelos empréstimos tomados pelo governo brasileiro junto ao
governo francês, torna evidente o empenho destes em definir suas pendências, dentro dos
parâmetros legais estabelecidos pelas leis dos países sobre a matéria".
III - Noutras palavras, o próprio governo francês jamais reclamou a observância da decisão
proferida pela Corte Internacional, não sendo possível que, passado quase um século, venha
empresa particular solicitar a sua homologação no Brasil.
IV - De se considerar, ademais, que a Corte Internacional não profere decisão que se subsuma
ao conceito de "sentença estrangeira", visto que é órgão supranacional. A propósito, relevo o
documento expedido pela Corte Internacional de Justiça, em 24 de outubro de 2007, juntado
pelo requerente, às fls. 323, em que se esclarece: "a CPIJ, assim como a Corte Internacional de
Justiça, não são cortes ou tribunais estrangeiros, cujos julgamentos não são decisões juidiciais
ou sentenças estrangeiras que requeiram qualquer tipo de exequator ou homologação".
V - Em conclusão, não há sentença estrangeira stricto sensu a ser homologada e, tampouco, é
legítima a empresa Gespart Comércio Participações Ltda. para solicitar tal homologação a qual,
enfim, afrontaria a soberania nacional.
VI - Pedido denegado.
(SEC n. 2.707/NL, relator Ministro Francisco Falcão, Corte Especial, julgado em 3/12/2008, DJe
de 19/2/2009.)

Caso 13:

Ementa: HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA PENAL ESTRANGEIRA. AGRAVO REGIMENTAL.


PRESCRIÇÃO DA PENA. APLICAÇÃO AO CASO DO ART. 9º DO CÓDIGO PENAL BRASILEIRO.
? Nos termos do art. 9º do Código Penal Brasileiro, a sentença estrangeira, quando a aplicação
da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada para
obrigar o condenado à reparação do dano e a outros efeitos civis.
? A prescrição da pena não é causa suficiente para fins de homologação de sentença penal
estrangeira.
Agravo regimental improvido.
(AgRg na SE n. 3.395/ES, relator Ministro Cesar Asfor Rocha, Corte Especial, julgado em
3/12/2008, DJe de 5/2/2009.)

Caso 14:

Ementa: SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. HOMOLOGAÇÃO. REGISTRO DO


CASAMENTO EM CARTÓRIO E CHANCELA CONSULAR. DESNECESSIDADE. ACORDO BRASIL-
FRANÇA. ALIMENTOS, GUARDA E VISITAÇÃO DE FILHOS MENORES. RESSALVA. PRINCÍPIO DA
SOBERANIA.
1. Competente a autoridade que prolatou a sentença, citada regularmente a parte e transitado
em julgado o decisum homologando, acolhe-se o pedido, por atendidos os requisitos
indispensáveis à homologação da sentença estrangeira que não ofende a soberania ou a ordem
pública.
2. A existência do casamento realizado no exterior independe do traslado do assento
respectivo no registro civil brasileiro, exigido apenas quando se pretende que produza efeitos
no país (Lei dos Registros Públicos, artigo 32).
3. O Decreto nº 3.598, de 12 de setembro de 2000, em seu artigo 23, dispensa de
consularização ou de qualquer formalidade os documentos públicos franceses quando tenham
de ser apresentados no território brasileiro.
4. Ressalva-se a homologação no tanto referente aos alimentos e à guarda e visitação dos filhos
menores do casal, objeto de revisão em decisão proferida no Brasil após a prolação da
sentença estrangeira, pena de violação do princípio da soberania.
5. Pedido de homologação de sentença estrangeira parcialmente deferido.
(SEC n. 2.576/FR, relator Ministro Hamilton Carvalhido, Corte Especial, julgado em 3/12/2008,
DJe de 5/2/2009.)

Caso 15:

Ementa: HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. REQUISITOS DESATENDIDOS.


INVENTÁRIO E PARTILHA. RECONHECIMENTO DE HERDEIRA. COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA
AUTORIDADE BRASILEIRA. PRECEDENTE DESTA CORTE. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA.
1. Não providenciou a requerente a anuência dos demais interessados, tampouco indicou o
responsável pelas custas da Carta Rogatória de citação.
2. Ainda que assim não fosse, estando a homologação arrimada em ato relacionado a
inventário e partilha de bens situados no Brasil, a competência para tal é da autoridade
judiciária brasileira, consoante art. 89, II do CPC.
3. Pedido de homologação indeferido.
(SEC n. 1.032/GB, relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, Corte Especial, julgado em
19/12/2007, DJe de 13/3/2008.)

Caso 16:

Ementa: SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. BIGAMIA. CASAMENTO CELEBRADO NO


BRASIL E ANULADO PELA JUSTIÇA JAPONESA. HOMOLOGAÇÃO NEGADA.
1. A bigamia constitui causa de nulidade do ato matrimonial, tanto pela legislação japonesa,
como pela brasileira, mas, uma vez realizado o casamento no Brasil, não pode ele ser desfeito
por Tribunal de outro país, consoante dispõe o § 1º do art. 7º da Lei de Introdução ao Código
Civil.
2. Precedente do STF - SEC 2085.
3. Pedido de homologação negado.
(SEC n. 1.303/JP, relator Ministro Fernando Gonçalves, Corte Especial, julgado em 5/12/2007,
DJ de 11/2/2008, p. 51.)

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