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Superior Tribunal de Justiça

HABEAS CORPUS Nº 129.045 - SP (2009/0029960-2)


RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
IMPETRANTE : MARCO POLO LEVORIN
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : ANNA CAROLINA TROTTA PEIXOTO JATOBÁ (PRESA)
EMENTA

HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO


TRIPLAMENTE QUALIFICADO E FRAUDE PROCESSUAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO
PENAL. TESE DE AUSÊNCIA DE ASFIXIA POR ESGANADURA E ALEGAÇÃO DE
QUE A MORTE DA VÍTIMA DECORREU DA QUEDA DO 6o. ANDAR DO EDIFÍCIO EM
QUE SE ENCONTRAVA. CONFRONTO DOS LAUDOS PERICIAIS ELABORADOS
PELO ASSISTENTE TÉCNICO DA DEFESA E PELOS PERITOS OFICIAIS. QUESTÃO
NÃO SUBMETIDA À APRECIAÇÃO DO TRIBUNAL A QUO. SUPRESSÃO DE
INSTÂNCIA. DILAÇÃO PROBATÓRIA INCOMPATÍVEL COM O MANDAMUS.
PARECER DO MPF PELO NÃO CONHECIMENTO DO WRIT. HC NÃO CONHECIDO.

1. As questões suscitadas no presente HC, todas ligadas à tese,


amparada em laudo do Perito Assistente da Defesa, de que a asfixia sofrida pela vítima
não decorrera de esganadura provocada pela paciente, mas sim do politraumatismo em
virtude da queda do 6o. andar do edifício do qual foi projetada, não foram submetidas à
apreciação do Tribunal Paulista.

2. Do teor do aresto a quo, ressai que no HC originário insurgia-se a


paciente contra o indeferimento do pedido de relaxamento da prisão preventiva de
ambos os acusados. O writ não foi conhecido porque o título embasador da custódia
cautelar sofrera alteração com a superveniência da sentença de pronúncia, impugnada
por meio de recurso em sentido estrito; dessa forma, inviável a manifestação desta
Corte Superior sobre os temas agitados no presente HC, sob pena de indesejável
supressão de instância.

3. Ademais, a questão relativa à preponderância do Laudo elaborado


pelo Perito Assistente da Defesa sobre o Laudo Necroscópico Oficial requer
aprofundado exame de provas e quiçá a elaboração de nova manifestação técnica,
vedado em Habeas Corpus, que exige prova pré-constituída do direito alegado.

4. HC não conhecido, em consonância com o parecer ministerial.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, não conhecer do pedido. Os Srs.
Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima votaram com o
Sr. Ministro Relator.

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Brasília/DF, 16 de abril de 2009(Data do Julgamento).

NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO


MINISTRO RELATOR

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Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 129.045 - SP (2009/0029960-2)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
IMPETRANTE : MARCO POLO LEVORIN
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : ANNA CAROLINA TROTTA PEIXOTO JATOBÁ (PRESA)

RELATÓRIO

1. Trata-se de Habeas Corpus, com pedido de liminar, impetrado


em favor de ANNA CAROLINA TROTTA PEIXOTO JATOBÁ, denunciada por homicídio
triplamente qualificado contra a menor ISABELLA DE OLIVEIRA NARDONI e fraude
processual, objetivando o trancamento da Ação Penal por falta de justa causa.
Alternativamente, pede-se a concessão da ordem para revogar a custódia cautelar
imposta à paciente.

2. Alega-se, em síntese, que, segundo o laudo do Assistente


Técnico da Defesa, não houve esganadura da vítima alegadamente provocada pela
paciente, como consta da Denúncia contra si assestada, mas a morte da menor seria
conseqüência da queda da janela do apartamento em que se enconrava; por isso,
requer-se o trancamento da Ação Penal, exclusivamente com relação à sua pessoa,
porquanto a causa da imputação que lhe é formulada na Denúncia de fls.2 não subsiste.

3. Aponta-se como autoridade coatora o egrégio Tribunal de Justiça


do Estado de São Paulo, que julgou prejudicado o pedido em HC anteriormente
impetrado, pelas razões assim expostas na ementa:

Habeas Corpus. Pretendida revogação de prisão preventiva


decretada na origem. Homicídio triplamente qualificado e fraude processual.
Feito a esta altura com pronúncia. Matéria toda elencada que será objeto
de apreciação em recurso em sentido estrito. Perda de objeto do
mandamus, por isso e a esta altura, alterado o título prisional. Ordem
prejudicada. (fls. 67).

4. Liminar indeferida às fls. 75/76.

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5. O MPF, em parecer subscrito pelo ilustre EUGÊNIO JOSÉ
GUILHERME DE ARAGÃO, manifestou-se pelo não conhecimento do writ (fls. 79/81).

6. É o que havia de relevante para relatar.

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HABEAS CORPUS Nº 129.045 - SP (2009/0029960-2)
RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
IMPETRANTE : MARCO POLO LEVORIN
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : ANNA CAROLINA TROTTA PEIXOTO JATOBÁ (PRESA)

VOTO

HABEAS CORPUS LIBERATÓRIO. ACUSAÇÃO DE HOMICÍDIO


TRIPLAMENTE QUALIFICADO E FRAUDE PROCESSUAL.
TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL. TESE DE AUSÊNCIA DE ASFIXIA POR
ESGANADURA E ALEGAÇÃO DE QUE A MORTE DA VÍTIMA DECORREU
DA QUEDA DO 6o. ANDAR DO EDIFÍCIO EM QUE SE ENCONTRAVA.
CONFRONTO DOS LAUDOS PERICIAIS ELABORADOS PELO
ASSISTENTE TÉCNICO DA DEFESA E PELOS PERITOS OFICIAIS.
QUESTÃO NÃO SUBMETIDA À APRECIAÇÃO DO TRIBUNAL A QUO.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. DILAÇÃO PROBATÓRIA INCOMPATÍVEL
COM O MANDAMUS. PARECER DO MPF PELO NÃO CONHECIMENTO
DO WRIT. HC NÃO CONHECIDO.

1. As questões suscitadas no presente HC, todas ligadas à


tese, amparada em laudo do Perito Assistente da Defesa, de que a asfixia
sofrida pela vítima não decorrera de esganadura provocada pela paciente,
mas sim do politraumatismo em virtude da queda do 6o. andar do edifício do
qual foi projetada, não foram submetidas à apreciação do Tribunal Paulista.

2. Do teor do aresto a quo, ressai que no HC originário


insurgia-se a paciente contra o indeferimento do pedido de relaxamento da
prisão preventiva de ambos os acusados. O writ não foi conhecido porque o
título embasador da custódia cautelar sofrera alteração com a
superveniência da sentença de pronúncia, impugnada por meio de recurso
em sentido estrito; dessa forma, inviável a manifestação desta Corte
Superior sobre os temas agitados no presente HC, sob pena de indesejável
supressão de instância.

3. Ademais, a questão relativa à preponderância do Laudo


elaborado pelo Perito Assistente da Defesa sobre o Laudo Necroscópico
Oficial requer aprofundado exame de provas e quiçá a elaboração de nova
manifestação técnica, vedado em Habeas Corpus, que exige prova
pré-constituída do direito alegado.

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4. HC não conhecido, em consonância com o parecer
ministerial.

1. Pelo que se depreende dos autos, as questões suscitadas no


presente HC, todas ligadas à tese, amparada em laudo do Perito Assistente da Defesa,
de que a asfixia sofrida pela pequena vítima não decorrera de esganadura
alegadamente provocada pela paciente, mas sim do politraumatismo em virtude da
queda do 6o. andar do edifício do qual foi projetada, não foram submetidas à apreciação
do Tribunal Paulista.

2. Do teor do aresto a quo, ressai que no HC originário insurgia-se a


defesa contra o indeferimento do pedido de relaxamento da prisão preventiva de ambos
os acusados, a ora paciente e o co-réu ALEXANDRE ALVES NARDONI. O writ não foi
conhecido porque o título embasador da custódia cautelar sofrera alteração com a
superveniência da sentença de pronúncia, impugnada por meio de recurso em sentido
estrito.

3. Dessa forma, inviável a manifestação desta Corte Superior sobre


os temas agitados no presente HC, sob pena de indesejável supressão de instância.

4. Ademais, a questão relativa à preponderância do Laudo elaborado


pelo Perito Assistente da Defesa sobre o Laudo Necroscópico Oficial requer
aprofundado exame de provas, quiçá mesmo a elaboração de outra manifestação
pericial, tarefas processuais vedadas em Habeas Corpus, que exige prova
pré-constituída do direito alegado.

5. Sobre a inviabilidade de supressão de instância e a


impropriedade de dilação probatória em HC, confiram-se os seguintes julgados:

PROCESSO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS.


HOMICÍDIO SIMPLES TENTADO. (1) MATÉRIAS JÁ TRATADAS EM
ANTERIOR ORDEM DE HABEAS CORPUS PERANTE ESTA CORTE.
REITERAÇÃO. CONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. (2) LAUDO
PERICIAL. CONTEÚDO. VALORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. (3) RECURSO

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A QUE SE NEGA PROVIMENTO.

1. As matérias já ventiladas em anterior ordem de Habeas


Corpus, impetrada nesta Corte, não devem ser conhecidas, em razão de
indevida reiteração.

2. A aferição da qualidade da prova, em especial, as


particularidades das conclusões dos experts sobre perícia de arma de fogo
refoge do estreito âmbito de cognição do habeas corpus.

3. Recuso a que se nega provimento. (RHC 22.893/RS, Rel.


Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJU 04.08.08).

² ² ²

PROCESSUAL PENAL – HABEAS CORPUS – HOMICÍDIO


SIMPLES – PRISÃO PREVENTIVA – RELAXAMENTO – EXCESSO DE
PRAZO – MATÉRIA NÃO LEVADA AO CRIVO DA CORTE A QUO –
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA – REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA –
CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL – GARANTIA DE APLICAÇÃO
DA LEI PENAL – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NA DECISÃO
GUERREADA ATINENTE A ESSES PRESSUPOSTOS – IMPOSSIBILIDADE
DE INVOCAÇÃO SEM RESPALDO NOS ELEMENTOS DELINEADOS NA
DECISÃO – RESGUARDO DA ORDEM PÚBLICA – ACUSADO QUE
COMANDA O TRÁFICO NA REGIÃO DOS FATOS – HOMICÍDIO
SUPOSTAMENTE COMETIDO PARA DEMONSTRAR SUA AUTORIDADE
NA REGIÃO – MODUS OPERANDI QUE REVELA SUA MANIFESTA
PERICULOSIDADE – NECESSIDADE DE MANUTENÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA – RESIDÊNCIA FIXA – IRRELEVÂNCIA – PEDIDO
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, DENEGADA A
ORDEM.

1. Inviável o exame originário por este Superior Tribunal de


Justiça de tese não debatida perante a Corte a quo (excesso de prazo na
instrução criminal), sob pena de inequívoca e indevida supressão de
instância, vedada pelo ordenamento jurídico pátrio. Precedentes.

(...).

7. Pedido parcialmente conhecido e, nessa extensão,


denegada a ordem. (HC 120.225/SC, Rel. Min. CELSO LIMONGI, DJU
16.03.09).

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6. Como se sabe, o HC - apesar da oportuna ampliação das suas


hipóteses de cabimento, com a inclusão de objetos que dantes lhe eram estranhos,
como por exemplo o trancamento de IPL - não se mostra viável ou procedível quando
se esteia em elementos de ordem factual controvertidos, tal a divergência técnica entre
pareceres periciais sobre fato relevantíssimo da Denúncia.

7. Ante o exposto, não se conhece do writ, em consonância com a


manifestação ministerial.

8. É o meu voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA

Número Registro: 2009/0029960-2 HC 129045 / SP


MATÉRIA CRIMINAL

Números Origem: 2742008 5830120080022413 990080895389

EM MESA JULGADO: 16/04/2009

Relator
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. LINDÔRA MARIA ARAÚJO
Secretário
Bel. LAURO ROCHA REIS

AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : MARCO POLO LEVORIN
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
PACIENTE : ANNA CAROLINA TROTTA PEIXOTO JATOBÁ (PRESA)

ASSUNTO: Penal - Crimes contra a Pessoa (art.121 a 154) - Crimes contra a vida - Homicídio ( art. 121 ) -
Qualificado

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, não conheceu do pedido."
Os Srs. Ministros Jorge Mussi, Felix Fischer, Laurita Vaz e Arnaldo Esteves Lima
votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília, 16 de abril de 2009

LAURO ROCHA REIS


Secretário

Documento: 873279 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 18/05/2009 Página 9 de 4

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