Você está na página 1de 2

Ciências Forenses

Importância e inovações para Direito brasileiro

A Sociedade brasileira está se tornando cada vez mais complexa e tecnológica. As


execuções de crimes no país têm se tornado dia após dia mais elaboradas. Diante dessas
verdades, passam a surgir as necessidades de resolver esses conflitos no meio social. E como
fazer isso? É aqui que entram as Ciências Forenses, que vêm ganhando espaços no Direito
brasileiro afim de auxiliar as várias questões do sistema de segurança pública brasileiro.
Com o passar do tempo, as necessidades humanas na busca incessante de solucionar tais
dilemas, conduziram o intelecto humano a buscar mais conhecimento e a desenvolver
técnicas mais precisas, afim de solucionar problemas, em especial, de ordem criminal, do
cotidiano. Ciências e técnicas como: a computação forense, a impressão papiloscópica, física
forense, balística forense, documentoscopia forense, fonética forense, medicina legal,
odontologia legal entre outras, tem contribuído bastante na elucidação de crimes para o
sistema de segurança pública da Nação. A ciência forense é utilizada para a análise de
vestígios principalmente em crimes violentos. Tais como espécimes biológicos como sangue,
cabelo, sêmen, e outros tecidos que estão entre os tipos de evidências mais frequentemente
encontrados nas cenas do crime. O Direito brasileiro caminha ao encontro das Ciências
físicas e do avanço da tecnologia, de modo que dessa união nasça a verdade por trás dos
vestígios.
No Brasil, a Presidente da República Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.654 de 28 de
maio de 2012, criando um banco de dados genéticos brasileiros gerenciado por unidade
oficial de perícia criminal. Em seu artigo 7º, a Lei obriga que seja recolhido material genético
nos casos de condenados por crimes praticados, dolosamente, com violências contra a pessoa
nos casos de crimes hediondos, conforme previstos no art. 1º da lei nº 8.072 de 25 de julho de
1990. Por anos o DNA tem sido visto como a mais moderna arma de combate ao crime. Hoje
é possível identificar um criminoso mesmo com pequenos traços de seu material genético. De
certa forma, porém, o uso das análises de DNA em investigações policiais também é vítima
de seu próprio sucesso.
As técnicas forenses são de grande relevância no âmbito jurídico, pois dentre os muitos
casos que ocorreram no Brasil em que essas ciências foram empregadas para auxiliar a justiça
na apuração de crimes, pode-se citar dois deles, Em 23 de junho de 1996, o empresário e ex-
tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello à presidência da república, Paulo César
Farias, conhecido como PC Farias, e sua namorada Suzana Marcolino foram encontrados
mortos na casa de praia de PC, em Maceió. A primeira versão, dada pela polícia e
corroborada pelo perito Fortunato Badan Palhares, era de que Suzana havia matado PC Farias
e, em seguida, se suicidado. O motivo? Crime passional. O empresário estaria saindo com
outra mulher, Cláudia Dantas.

Em 1998, a equipe dos peritos Daniel Munhoz, da Universidade de São Paulo (USP), e
Genival Veloso de França, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), contestou o laudo de
Badan Palhares. De acordo com a nova perícia, tanto PC quanto Suzana teriam sido
assassinados. Uma divergência crucial entre as perícias se refere à altura de Suzana.
Enquanto a primeira afirmava que ela tinha 1,67 m; a segunda, 1,57 m. Não é preciosismo. A
altura é essencial para saber se o tiro que matou o empresário poderia ter partido de Suzana
ou não. Mas havia outras inconsistências. O revólver encontrado na cena do crime não tinha
digitais. Se Suzana tivesse matado PC Farias e, depois, se matado, ela deveria estar com luvas
nas mãos, o que não aconteceu. O perito Ricardo Molina, ao analisar as gravações das
ligações do celular de Suzana, constatou a presença de uma terceira pessoa no local do crime.
Fatos como a família Farias ter queimado o colchão e os lençóis onde estavam os corpos
menos de 72h após o crime e os seguranças de PC não terem ouvido os tiros também
provocaram dúvidas a respeito da versão de assassinato seguido de suicídio. Em 18 de
novembro de 1999, a polícia encerrou o inquérito sobre a morte de PC e indiciou os então
seguranças e o irmão do empresário, o ex-deputado Augusto Farias. Quase 16 anos depois, o
caso ainda não foi julgado.
Caso Isabella Nardoni

Isabella de Oliveira Nardoni, de 5 anos, foi morta na noite de 29 de março de 2008. A perícia
concluiu que a menina foi atirada do sexto andar do prédio onde moravam o pai, Alexandre Nardoni,
e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, na Zona Norte de São Paulo. A versão do pai e da madrasta
afirmava que alguém teria entrado no apartamento e jogado a menina pela janela. Segundo o casal,
eles teriam chegado ao prédio naquela noite com Isabella e os dois filhos, Pietro e Cauã. Alexandre
Nardoni teria subido primeiro apenas com Isabella, que estaria dormindo. Depois de deixar a filha na
cama, ele teria voltado até a garagem para ajudar Anna Carolina com os dois meninos. Ao voltar para
o apartamento, Alexandre teria encontrado a porta aberta, a tela de proteção cortada e a menina caída
no jardim do prédio. Mas a perícia desmentiu tal versão: rastros de sangue foram encontrados na porta
de entrada do apartamento do casal, na sala, no corredor e no quarto dos irmãos da menina. Havia
sangue, também, na maçaneta, no carro da família, na tela de proteção e no parapeito da janela do
quarto das crianças. A tela de proteção da janela estava cortada. Os laudos mostram que havia indícios
de que Isabella havia sido espancada antes da queda. Não havia sinal de arrombamento do
apartamento e nem de furto. A perícia revelou, também, que a menina não foi jogada pela janela
agressivamente, mas de forma delicada, pelos pulsos. Havia marcas da mão e dos joelhos de Isabella
logo abaixo da janela. A defesa dos Nardoni não contestou as provas técnicas, mas sustentou que elas
não comprovavam a culpa do pai e da madrasta de Isabella. Após cinco dias de julgamento, o júri
condenou o casal. Alexandre Nardoni foi condenado a 31 anos e Anna Carolina Jatobá, a 26 anos, em
regime fechado. (Fonte Rede Globo)

Assim podemos entender a grande necessidade da análise forense, em utilizar a ciência


para conduzir investigações ou até mesmo condenar ou não um suspeito através das
evidências. Isso cria uma perspectiva neutra (ou quase) do processo investigativo e do
julgamento.

Você também pode gostar