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AÇÃO PENAL PRIVADA E TRANSAÇÃO PENAL

STJ:

PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. AÇÃO PENAL


PRIVADA.

TRANSAÇÃO PENAL. AUSÊNCIA DE INTERESSE DO QUERELANTE.


PROSSEGUIMENTO DO FEITO. POSSIBILIDADE.

1. Embora admitida a possibilidade de transação penal em ação penal privada, este


não é um direito subjetivo do querelado, competindo ao querelante a sua propositura.

2. Agravo regimental a que se nega provimento.

(AgRg no REsp 1356229/PR, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA


(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em
19/03/2013, DJe 26/03/2013)

Inteiro teor:

https://ww2.stj.jus.br/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/ITA?
seq=1218420&tipo=0&nreg=201202532153&SeqCgrmaSessao=&CodOrgaoJgdr=
&dt=20130326&formato=PDF&salvar=false

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. QUEIXA. INJÚRIA E DIFAMAÇÃO.


AÇÃO PENAL PRIVADA. TRANCAMENTO. IMPETRAÇÃO CONCOMITANTE COM
RECURSO ESPECIAL. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE MANIFESTA. IMPETRAÇÃO
INADEQUADA.

1. Se há recurso especial interposto, com razões idênticas à inicial deste habeas


corpus, não se demonstrando aqui ilegalidade flagrante, a impetração mostra-se
inadequada e, pois, incabível.

2. O habeas corpus tem seus contornos próprios e não pode perder seu importante
papel constitucional de guardião da liberdade.

3. É imperiosa necessidade de racionalização do habeas corpus, a bem de se


prestigiar a lógica do sistema recursal.

4. Segundo decidido pela Corte Especial, a transação penal, nos termos da Lei nº
9.099/1995 não é direito subjetivo do réu e sua aplicação à ação penal privada,
embora admitida, não impede o prosseguimento da persecução, em caso de inércia do
querelante.
5. A Lei de Imprensa foi retirada do mundo jurídico pelo Supremo Tribunal Federal
(ADPF 130/DF), porque não recepcionada pela Carta de 1988, mas, de modo
expresso, ficou ressalvada a aplicação do Código Penal.

6. O trancamento da ação penal, por falta de dolo, se não exsurge, primo oculi, sem
necessidade de revolvimento fático-probatório, não há como ser acolhido em habeas
corpus.

7. Ordem denegada.

(HC 147.251/BA, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA


TURMA, julgado em 06/09/2012, DJe 17/09/2012)

Inteiro teor:

https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?
componente=ITA&sequencial=1218420&num_registro=201202532153&data=2013
0326&formato=PDF

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. QUEIXA. INJÚRIA.

TRANSAÇÃO PENAL. AÇÃO PENAL PRIVADA. POSSIBILIDADE. LEGITIMIDADE


DO QUERELANTE. JUSTA CAUSA EVIDENCIADA. RECEBIMENTO DA PEÇA
ACUSATÓRIA.

I - A transação penal, assim como a suspensão condicional do processo, não se trata


de direito público subjetivo do acusado, mas sim de poder-dever do Ministério Público
(Precedentes desta e. Corte e do c. Supremo Tribunal Federal).

II - A jurisprudência dos Tribunais Superiores admite a aplicação da transação penal


às ações penais privadas. Nesse caso, a legitimidade para formular a proposta é do
ofendido, e o silêncio do querelante não constitui óbice ao prosseguimento da ação
penal.

III - Isso porque, a transação penal, quando aplicada nas ações penais privadas,
assenta-se nos princípios da disponibilidade e da oportunidade, o que significa que o
seu implemento requer o mútuo consentimento das partes.

IV - Na injúria não se imputa fato determinado, mas se formulam juízos de valor,


exteriorizando-se qualidades negativas ou defeitos que importem menoscabo, ultraje
ou vilipêndio de alguém.

V - O exame das declarações proferidas pelo querelado na reunião do Conselho


Deliberativo evidenciam, em juízo de prelibação, que houve, para além do mero
animus criticandi, conduta que, aparentemente, se amolda ao tipo inserto no art. 140
do Código Penal, o que, por conseguinte, justifica o prosseguimento da ação penal.

Queixa recebida.

(APn 634/RJ, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em


21/03/2012, DJe 03/04/2012)
Inteiro teor:

https://ww2.stj.jus.br/websecstj/cgi/revista/REJ.cgi/ITA?
seq=1132901&tipo=0&nreg=201000842187&SeqCgrmaSessao=&CodOrgaoJgdr=
&dt=20120403&formato=PDF&salvar=false

AÇÃO PENAL. DIREITO PENAL. CRIMES CONTRA A HONRA PROPTER


OFFICIUM.

LEGITIMIDADE CONCORRENTE. INÉPCIA DA ACUSATÓRIA INICIAL.

INOCORRÊNCIA. CRIME DE CALÚNIA. IMPROCEDÊNCIA. CABIMENTO DA


TRANSAÇÃO PENAL E DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO.

SOBRESTAMENTO DO RECEBIMENTO DA QUEIXA-CRIME.

1. "É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público,


condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra
de servidor público em razão do exercício de suas funções." (Súmula do STF,
Enunciado nº 714).

2. A queixa que se mostra em parte ajustada ao artigo 41 do Código de Processo


Penal, ensejando o pleno exercício da garantia constitucional da ampla defesa, não
deve, nem pode, ser tida e havida como inepta, mormente quando não se está
acobertado por nenhuma causa excludente.

3. Inexistindo imputação de fato definido como crime, somado ao vício formal que
grava a inicial no particular, fica afastada a calúnia.

4. Em se fazendo cabível a transação penal e a suspensão condicional do processo,


por força de rejeição parcial da queixa, é dever do Juiz suscitar a manifestação do
Querelante, ficando sobrestado o recebimento da acusatória inicial.

5. Voto preliminar no sentido de que se oportunize ao Querelante, no prazo de 48


horas, a manifestação relativa à proposta de transação penal ou suspensão
condicional do processo ao Querelado, sobrestando-se a decisão relativa ao
recebimento da queixa-crime.

(APn 566/BA, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, CORTE ESPECIAL, julgado


em 12/11/2009, DJe 26/11/2009)

PENAL E PROCESSUAL PENAL. AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA. PROCURADOR-


REGIONAL DA REPÚBLICA. CALÚNIA, DIFAMAÇÃO E INJÚRIA. REJEIÇÃO DAS
PRELIMINARES RELATIVAS À EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE EM DECORRÊNCIA
DA DECADÊNCIA E ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. REJEIÇÃO DA QUEIXA-
CRIME EM RELAÇÃO AOS CRIMES DE CALÚNIA E INJÚRIA. SOBRESTAMENTO
DO FEITO EM RELAÇÃO AO DELITO DE DIFAMAÇÃO. NEGATIVA DO
QUERELANTE EM PROPOR A TRANSAÇÃO PENAL. ATRIBUIÇÃO DE FATO QUE,
EM PRINCÍPIO, INCIDE NA REPROVAÇÃO ÉTICO-SOCIAL DO QUERELANTE.
RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA EM RELAÇÃO AO TIPO PREVISTO NO
ART. 139 DO CÓDIGO PENAL.

RECONHECIMENTO DA MAJORANTE PREVISTA NO ART. 141, INCISO III, DO


CÓDIGO PENAL. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO. CABIMENTO, EM
TESE.

LEGITIMIDADE DO QUERELANTE PARA FORMULAR A PROPOSTA.

I - O crime de difamação consiste na imputação de fato que incide na reprovação


ético-social, ferindo, portanto, a reputação do indivíduo, pouco importando que o fato
imputado seja ou não verdadeiro. Desse modo, os fatos narrados na queixa-crime, a
saber, a atribuição ao querelante de que este, a fim de beneficiar interesses
particulares, teria agido na concessão da autorização especial prevista na Carta
Circular nº 2.677/96 ao Banco Araucária, em princípio se amoldam à conduta inscrita
no tipo acima mencionado.

II - A Lei nº 9.099/95, desde que obedecidos os requisitos autorizadores, permite a


suspensão condicional do processo, inclusive nas ações penais de iniciativa
exclusivamente privada, sendo que a legitimidade para o oferecimento da proposta é
do querelante. (Precedentes desta Corte e do Pretório Excelso).

Queixa recebida em relação ao crime previsto no art. 139 c/c art.

141, inciso III, do Código Penal, determinando-se a abertura de vista ao querelante a


fim de que se manifeste a respeito da suspensão condicional do processo, em
observância ao art. 89 da Lei nº 9.099/95.

(APn 390/DF, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em


06/03/2006, DJ 10/04/2006, p. 106)

HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL. FALTA DE INTIMAÇÃO DO IMPETRANTE


DO NÚMERO DA AUTUAÇÃO E DO ÓRGÃO JULGADOR DO HABEAS CORPUS.
NULIDADE NÃO RECONHECIDA. CRIME CONTRA A HONRA. TRANSAÇÃO
PENAL. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO ART. 76 DA LEI N.º 9.099/95.
OFERECIMENTO. TITULAR DA AÇÃO PENAL. QUERELANTE. PRECEDENTES.

1. Não há que se falar em cerceamento de defesa decorrente da falta de intimação do


impetrante do número da autuação e do órgão julgador do habeas corpus, dado que
não demonstrado qualquer prejuízo para a defesa.

2. O benefício previsto no art. 76 da Lei n.º 9.099/95, mediante a aplicação da analogia


in bonam partem, prevista no art. 3º do Código de Processo Penal, é cabível também
nos casos de crimes apurados através de ação penal privada.

3. Precedentes do STJ.

4. Ordem parcialmente concedida.


(HC 31.527/SP, Rel. Ministro PAULO GALLOTTI, SEXTA TURMA, julgado em
01/03/2005, DJ 28/03/2005, p. 315)

CRIMINAL. HC. CONCORRÊNCIA DESLEAL. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.

INÉPCIA DA QUEIXA. NÃO VERIFICAÇÃO. NEGATIVA DE AUTORIA. AUSÊNCIA


DE DOLO. IMPROPRIEDADE DO MEIO ELEITO. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA
NÃO-EVIDENCIADA DE PLANO. LEI DOS JUIZADOS ESPECIAIS. APLICABILIDADE
AOS CRIMES SUJEITOS A PROCEDIMENTOS ESPECIAIS. ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA.

I - Queixa-crime que imputou ao paciente a prática do delito de concorrência desleal.

II - O habeas corpus constitui-se em meio impróprio para a análise de questões que


exijam o exame do conjunto fático-probatório – como a aduzida tese negativa de
autoria e de ausência de dolo na conduta do paciente –, tendo em vista a incabível
dilação que se faria necessária.

III - A Lei dos Juizados Especiais incide nos crimes sujeitos a procedimentos
especiais, desde que obedecidos os requisitos autorizadores, permitindo a transação e
a suspensão condicional do processo inclusive nas ações penais exclusivamente
privadas.

IV - Ressalva de que, com o advento da Lei 10.259/01 – que instituiu os juizados


especiais cíveis e criminais no âmbito da Justiça Federal –, foi fixada nova definição
de delitos de menor potencial ofensivo, cujo rol foi ampliado, devido à alteração para
dois anos do limite de pena máxima.

V - Por aplicação do princípio constitucional da isonomia, houve derrogação tácita do


art. 61 da Lei 9.099/95.

VI - Se a nova lei que não fez qualquer ressalva acerca dos crimes submetidos a
procedimentos especiais, todas as infrações cuja pena máxima não exceda a dois
anos, inclusive as de rito especial, passaram a integrar o rol dos delitos de menor
potencial ofensivo, cuja competência é dos Juizados Especiais.

VII - Argumentação que deve ser acolhida, para anular o processo criminal desde o
recebimento da queixa-crime, a fim de que sejam observados os dispositivos da Lei n.º
9.099/95.

VIII - Ordem parcialmente concedida.

(HC 33.929/SP, Rel. Ministro GILSON DIPP, QUINTA TURMA, julgado em


19/08/2004, DJ 20/09/2004, p. 312)

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