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AULA GOE – NASA – IELF

PRÁTICA FORENSE

RECURSOS:

MODELOS DE APELAÇÃO
RECURSOS

RECURSOS MODELOS PRÁTICOS

Numa visão recursal global do CPP, vejamos alguns modelos de recursos que compõe o
acervo do CPP, devendo socorrer à doutrina de Hidejalma Muccio, obras indicadas na
bibliografia, para detalhes de cada um dos recursos do CPP.
A pedido do professor e amigo Rogério Sanches Cunha, além de peças, vamos estudar
Apelação também na parte teórica.

PRÁTICA:
DA INTERPOSIÇÃO POR PETIÇÃO. COMO DEVE SER A PETIÇÃO
A) Deve ser dirigida ao juízo do feito. O cabeçalho deve ser por extenso.
B) Há de se mencionar o fundamento legal do recurso: um dos incisos do art. 593 do CPP.
C) Há de se mencionar número do feito, o nome do réu, e em que folhas se encontram a
decisão recorrida.
D) Há de se delimitar o alcance do recurso.
E) Há de se mencionar o teor da decisão recorrida: absolutória por qual fundamento;
condenatória por qual fundamento e pena aplicada etc.
F) Há de se requerer vista dos autos para a juntada das razões de apelação.
G) Há de se mencionar a juntada das razões se oferecidas com a interposição. No Juizado
Especial Criminal: as razões necessariamente serão juntadas com a interposição (art. 82,
§ 1º, da Lei nº 9.099/95).
H) Há de se fazer pedido de remessa à Segunda Instância.
I) Há de se fazer pedido de formação do traslado se subir a apelação por traslado.
J) Há de se fazer o pedido de deferimento.
K) Há de se indicar o lugar e a data em que é oferecida.
L) Há de conter a assinatura do apelante. Ministério Público com a indicação do cargo.
Advogado com a indicação do nº de sua inscrição na OAB.
Nota do Professor Hidejalma Muccio: Incluímos na petição de interposição do
recurso de apelação as expressões: “Termo em que p. deferimento” simplesmente
porque é da praxe forense. Contudo, nenhum artigo de lei impõe esse dever à parte.
A parte, frise-se, exerce um direito que é assegurado por lei, e o juiz não pode deixar
de atendê-la apenas porque não pediu o deferimento da pretensão. Trata-se de
postura de mera deferência à figura do magistrado.
MODELO DE RECURSO DE APELAÇÃO DA DEFESA
(INTERPOSIÇÃO E RAZÕES)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE JAÚ - SP

Feito n° 1.115-96

Gumercindo Oliveira, por sua advogada, que esta subscreve, com fundamento no
art. 593, I, do Código de Processo Penal, não se conformando com a r. decisão que o
condenou a uma pena final de 2 (dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão e 20
(vinte) dias-multa, fixada a unidade no mínimo legal, com regime inicial fechado, por
infração ao art. 155, § 4°, I, do Código Penal, proferida por Vossa Excelência às fls.
165-169 dos autos do processo crime nº 1.115/96, que a Justiça Pública lhe move,
vem interpor RECURSO DE APELAÇÃO objetivando, em linha de preliminar a nulidade
do feito a partir da fase do art. 499 do Código de Processo Penal, e no mérito sua
absolvição por ser inocente e a prova ser insuficiente para sustentar um edito
condenatório. Subsidiariamente, pede lhe seja reduzida a pena.
Recebido o presente recurso, requer-se seu regular processamento, com vista dos
autos para o oferecimento das razões e posterior remessa à Segunda Instância.
Termos em que
Pede deferimento.
Jaú, 15 de outubro de 1996
Luciana Graça Alvarenga
Advogada - OAB/SP n° 25.978

Observação do professor Hidejalma Muccio:


No endereçamento das razões e contra-razões de recurso, é comum a utilização
das seguintes expressões: Egrégia Procuradoria, Eminente Procurador,
Egrégio Tribunal, Colenda Câmara, Colenda Turma, Augusto Tribunal,
Excelsa Corte ou Tribunal. Entendemos que não deva haver excesso na
utilização delas. A peça processual dá, quando menciona em demasia referidas
expressões, o sentido de súplica, de ser o postulante pegajoso, meloso.
Recomendamos, portanto, sejam usadas com moderação, apenas como reverência
(RESPEITO, ACATAMENTO) ao órgão jurisdicional que conhecerá do pedido e ao
órgão do Ministério Público de Segunda Instância que oficiará nos autos. Bastam
pois as expressões: “Egrégia Procuradoria, Egrégio Tribunal”. Quando muito a
inclusão de “Colenda Câmara”. Quanto à ordem, particularmente, pensamos deva
ser a de manifestação efetiva nos autos. Como a procuradoria-geral de justiça
emite seu parecer antes, temos que a expressão “Egrégia Procuradoria” deve
preceder a que é dirigida ao tribunal “Egrégio Tribunal”. Anote-se que, a respeito
de quais expressões devem ser utilizadas, a sua quantidade e a ordem, trata-se de
mera recomendação, e de opinião pessoal nossa, nada havendo de previsão legal.
RAZÕES DE APELAÇÃO
Feito - 1.115-96
Apelante - Gumercindo Oliveira
Apelada - Justiça Pública

Egrégia Procuradoria
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara

Fazendo ouvidos moucos aos argumentos da defesa, houve por bem o magistrado
a quo, homem de reconhecido valor jurídico, acolher a pretensão punitiva como
deduzida na denúncia de fls. 2/3, para condenar o apelante Gumercindo Oliveira
como incurso no art. 155, § 4°, I, do Código Penal, a uma pena final de 2 (dois) anos
e 8 (oito) meses de reclusão e a 20 (vinte) dias-multa, fixada a unidade no mínimo
legal, com regime inicial fechado, conforme r. decisão de fls. 165/169.
Não se houve o Julgador Monocrático, desta feita, com o costumeiro acerto.

PRELIMINAR
CERCEAMENTO DE DEFESA
Consignou o douto juiz sentenciante que dispõe de poder discricionário para ouvir
testemunha referida, pois, se ela é do juízo, a seu critério fica ouvi-la ou não. Anotou
também que o conteúdo do depoimento de João Gabos não teria condições de refutar
a prova que incriminava o réu, o que tornava desnecessária sua oitiva.
Pecou por duas vezes.
O Processo Penal é informado pelo princípio da busca da verdade real. O Estado
não pode se conformar, em matéria penal, com a verdade formal. Na lide penal está
em jogo o jus libertatis do cidadão, razão pela qual, ao contrário de permanecer
inerte, deve o juiz ir à busca da verdade substancial, mesmo na inércia das partes,
assumindo no processo posição dinâmica. Não é por outra razão que a lei processual
penal lhe confere poderes de determinar de ofício as diligências para dirimir dúvida
sobre ponto relevante, como a realização de uma perícia, a oitiva de uma testemunha
mesmo que não arrolada pela acusação ou defesa, uma acareação etc.
Por força do art. 251 do CPP, cabendo ao juiz na presidência do processo manter
sua regularidade, compete-lhe indeferir requerimentos impertinentes e protelatórios
das partes, muitas das vezes amparados no falso argumento de ofensa aos princípios
do contraditório e da ampla defesa, que de igual forma refletem o da busca da
verdade real. Daí o poder discricionário de que se reveste o julgador para obstar tais
reclamos.
A pretexto dele, no entanto, não lhe é dado se furtar ao conhecimento do fato, de
apurá-lo como na realidade se passou, sob pena de alimentar a injustiça, ao invés de
perseguir a justiça.
A invocação de sua discricionariedade na admissão da prova levou o douto
Julgador a indeferir uma diligência que não objetiva providência escusa alguma, e sim
a obtenção de prova que pode contribuir para a demonstração da inocência do
acusado, cujo interesse maior e legítimo é fazer prevalecer seu jus libertatis em
frente à pretensão punitiva que lhe foi deduzida. Se às partes não é dado argumentar
com a adivinhação, muito menos ao juiz há de se conferir essa prerrogativa.
Como pôde então o douto sentenciante sustentar que o testemunho de João Gabos
era desnecessário, antecipando seu conteúdo? É até possível que as previsões do
douto Julgador venham a se confirmar, contudo essa dúvida só pode ser afastada
com a oitiva da testemunha, quando então se saberá do alcance de seu depoimento e
a contribuição que efetivamente pode trazer à solução da lide posta neste processo.
Não se pode negar que, conferido às partes o direito de reperguntar a testemunha, o
depoimento pode revelar informações que a priori não se imaginavam. É o caso dos
autos. Pois não é dado presumir que as informações que João Gabos forneceria
seriam as mesmas que havia confidenciado a Judit. Essas informações, agora sim é
dado presumir: seriam as mínimas, contudo, como salientado, elas poderiam se
estender a outros pontos relevantes da causa penal.
A referência textual de Judit à pessoa de João Gabos como sendo conhecedor
direto de fato relacionado à infração penal é mais que suficiente e determinante para
a vinda de seu depoimento aos autos.
Assim, operado inegável cerceamento à defesa, aguarda-se pelo acolhimento de
sua preliminar, anulando-se a r. decisão proferida, com a determinação da oitiva da
testemunha referida - João Gabos – e a renovação do feito a partir do art. 499 e
seguintes do Código de Processo Penal.
MÉRITO
O apelante foi sócio da vítima num pequeno boteco. Desfeita a sociedade viu-se
credor dela pela importância de R$ 1.200,00. Proporcionou a Eduardo Camaresco o
tempo necessário para o pagamento da dívida, cuja quitação foi prometida,
derradeiramente, quando do recebimento do 13° salário em 20.12.95. Não honrou a
promessa e o réu - sem outros recursos - deixou de saldar suas contas de açougue,
padaria, mercado etc., o que lhe trouxe a pecha de mau pagador, aborrecendo-o e
muito.
Por isso, cansado e desesperançado, necessitando quitar suas dívidas e promover
o sustento de sua família, teve o gesto extremo de fazer justiça com as próprias
mãos: de fato entrou na casa da vítima e retirou de lá os objetos descritos na inicial,
bastantes para a satisfação de seu crédito.
A vítima, que havia recalcitrado no pagamento de sua dívida por diversas vezes,
não honrando inclusive o último acerto entre eles, por certo não concordaria em
entregar ao apelante os objetos que por conta própria resolveu tirar da esfera de
vigilância daquele. A opção do acusado pela ação clandestina não é indicativa nem
prova definitiva de que agiu com animus de subtrair. Durante toda a ação agiu
consciente de que fazia o correto, afinal era, como continua sendo, credor do
ofendido.
O acusado é semi-analfabeto. Essa condição pessoal contribuiu para que não
providenciasse qualquer prova documental comprobatória da sociedade que sempre
afirmou possuir com a vítima num pequeno boteco, que pela natureza e importância
do comércio, aliado uma vez mais à condição de analfabetismo do apelante, nunca foi
regularizado junto ao fisco. Réu e vítima eram praticantes da chamada economia
informal.
No caso sub judice não se pode desprezar a versão da esposa do réu; afinal, trata-
se da pessoa que com ele conviveu e convive. É a testemunha viva dos negócios do
marido. Depondo à fl. 121, rechaçou a suposta subtração e confirmou ter havido a
noticiada sociedade entre Gumercindo e Eduardo.
A aparente versão inverossímil do acusado se encaixa perfeitamente na prova dos
autos. Veja-se: os objetos foram avaliados em R$ 1.200,00. Essa importância
representa exatamente o crédito do réu com a vítima. Os objetos também são os
mesmos que o acusado disse ter deixado com Eduardo quando a sociedade foi
desfeita e, ainda, pelo preço de R$ 1.200,00. Não houve a retirada de outro bem da
casa, somente mesmo aqueles que foram deixados com a vítima, que, em
contrapartida, deveria ressarcir o acusado no valor deles.
Por fim, consigne-se que o acusado vendia os bens numa feira em Jaú, fazendo-se
acompanhar da esposa. Esse comportamento não é próprio daquele que subtrai,
mormente considerando que a vítima mora em Jaú.
A condenação sufraga, portanto, uma grande injustiça. Ela não se apóia em prova
segura. Nenhuma dúvida existe quanto à falta do elemento subjetivo do delito de
furto na conduta do apelante. Contudo, apenas ad argumentandum, se alguma
dúvida houver, adotado entre nós o princípio do in dubio pro reo, ela deve ser
creditada a favor do acusado. A prova colhida na instrução não infirma a versão
defensiva, sendo de rigor a absolvição do apelante.
Pelo exposto, há de se reformar a r. decisão guerreada para absolver o acusado.
Ele não praticou o delito de furto, como assinalado em alegações finais (fls.
148/151), cujos argumentos ora se reiteram e ficam fazendo parte integrante destas
razões.
Quando muito, a conduta do apelante infringiu a norma do art. 345 do Código
Penal, delito que não pode mais ser perseguido, visto que de ação penal privada, e
não foi a queixa intentada no prazo legal e decadencial de 6 (seis) meses, operando-
se a extinção da punibilidade do querelado, cuja declaração, considerando ser a
matéria de ordem pública, se requer com fundamento nos arts. 38 e 61, ambos do
Código de Processo Penal, e 107, IV, 2ª figura, do Código Penal.
Caso venha a ser desacolhida a pretensão absolutória, há de se reduzir a pena
imposta, pois na sua fixação o douto magistrado foi extremamente severo: na
primeira operação já partiu além do patamar mínimo quando as circunstâncias do art.
59 do CP favorecem o acusado. O acréscimo foi de 4 (quatro) meses. Na segunda
operação impôs, sem critério e de forma injusta, outro acréscimo de 4 (quatro)
meses, só porque presente a agravante da reincidência, elevando-a ao total final de 2
(dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão, sobremaneira exagerada, principalmente
considerando que os delitos pelos quais responde ainda sem sentença com trânsito
em julgado, não podem ser considerados como maus antecedentes. Em nenhum dos
processos em curso, nota-se, pela natureza dos delitos, seja o réu pessoa de má
índole, possuidor de personalidade agressiva ou que representa maior perigo à
sociedade. Ao contrário, é pessoa calma e tranqüila, que jamais investiu contra
qualquer semelhante para ofender-lhe a integridade física.
Assim, aguarda o apelante Gumercindo Oliveira que se dê provimento ao recurso
para absolvê-lo do delito de furto, declarando-se extinta a punibilidade pela prática do
delito de exercício arbitrário das próprias razões. Caso persista a condenação, que
haja diminuição da pena, tudo nos termos das razões apresentadas.

Jaú, 20 de outubro de 1996

Luciana Graça Alvarenga


OAB/SP n° 25.978
MODELO DE CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO
(OFERECIDAS PELO MINISTÉRIO PÚBLICO)

CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO

Feito - 1.115-96
Apelante - Gumercindo Oliveira
Apelada - Justiça Pública

Egrégia Procuradoria

Egrégio Tribunal

O acusado Gumercindo de Oliveira, inconformado com a r. decisão de fls. 165/169,


que o condenou como incurso no art. 155, § 4°, I, do Código Penal, à pena final de 2
(dois) anos e 8 (oito) meses de reclusão, com regime inicial fechado, e 20 (vinte)
dias multa, fixada a unidade no mínimo legal, dela interpôs recurso de apelação,
pleiteando em linha de preliminar a nulidade do feito a partir da fase do art. 499 do
Código de Processo Penal, por cerceamento de defesa, e no mérito a sua absolvição
por insuficiência de provas e também porque sua conduta, quando muito, teria
infringido o art. 345 do Código Penal, em relação ao qual postula a extinção da
punibilidade. Subsidiariamente, requer a diminuição da pena.
Improcede o inconformismo do Apelante.
Apesar de louvável o esforço da digna e nobre defesa, a r. decisão de 1ª Instância
mostra-se consoante a prova dos autos e merece confirmação.

PRELIMINAR - CERCEAMENTO DE DEFESA


Finda a instrução criminal, pleiteou a defesa a oitiva de uma testemunha
mencionada no depoimento de Judit Pessoa (fl. 120). Trata-se, na linguagem do
Código, de testemunha referida (art. 209, § 1°).
O texto da lei é claro: “Se ao juiz parecer conveniente, serão ouvidas as pessoas a
que as testemunhas se referirem”.
A critério do julgador cabe, ante os elementos já existentes nos autos, entender
ser ou não conveniente, para firmar sua convicção, a oitiva da testemunha referida.
A douta decisão recorrida consignou “... Nos autos, há informes de que João Gabos
apenas presenciou a esposa do réu dizendo, quando com ele vendia o televisor na
feira, que se tratava de objeto de sua residência, de uso doméstico. Assim, apenas
essa circunstância a testemunha poderia elucidar. Ocorre que a prova coligida aponta
em sentido contrário e demonstrado está que o aparelho não pertencia ao acusado ou
à sua família.
O mérito do depoimento de João Gabos não iria contribuir para o esclarecimento
do fato e nem legitimaria a ação do acusado, pelo que sua oitiva era e continua sendo
desnecessária...” (fl. 168).
Como se vê, na r. decisão guerreada houve enfrentamento da tese defensiva,
repelindo-a com vantagem de argumentos o culto magistrado. Ponderou
convincentemente Sua Excelência que, além de não lhe ser exigível a oitiva de
testemunha referida, João Gabos, caso fosse ouvido, não mudaria o panorama
probatório, uma vez que sua oitiva foi objetivada apenas porque teria sabido através
da esposa do apelante que a televisão que vendiam na feira era de seu uso
doméstico, circunstância que é infirmada pelas demais provas dos autos.
A argüição da preliminar implica em abuso da nobre defesa. Nas suas razões
de recurso admite expressamente que o apelante entrou na casa da vítima e levou os
objetos dela e que o fez para a satisfação de seu crédito. Ora, se o fato é admitido
pelo réu e sua defesa técnica, por que ouvir uma testemunha que soube pela esposa
do réu, diga-se de passagem, também ouvida nos autos, que o televisor pertencia à
família dela? Nenhuma informação capaz de infirmar o fato seria mesmo apresentada
pela mencionada testemunha.
Sem consistência jurídica, portanto, a preliminar sustentada, que deve, por isso,
ser repelida.

MÉRITO
Nenhuma dúvida milita a favor do acusado. Sua fantasiosa versão defensiva foi
repelida pelos demais elementos de convicção.
De fato.
Embora semi-analfabeto, soube o apelante constituir, segundo alega, uma
sociedade com a vítima. Ainda que fosse a mesma clandestina, sem documentação
formal e fiscal, fácil seria a prova de sua existência através de testemunhos de
freqüentadores do fictício boteco.

O depoimento de sua esposa não é suficiente, porque interessada direta na solução


da causa.
Nem mesmo através de testemunhos conseguiu provar a alegada e suposta
sociedade que mantinha com a vítima, diga-se de passagem, negada por ela. Esse
ônus lhe competia, como bem frisou o douto juiz a quo, nos termos do art. 156 do
Código de Processo Penal.
O acesso do réu ao interior da residência se deu à noite, durante o repouso
noturno e ainda mediante rompimento de obstáculo, o que torna sua ação clandestina
e própria daquele que age com animus de subtrair. Seu animus de subtrair também
ficou evidenciado quando nenhuma comunicação fez à vítima após a retirada dos
objetos, como era de se esperar caso fosse verdadeira sua versão. Só foi descoberto
porque foi surpreendido vendendo parte dos objetos numa feira. Frise-se também que
na versão originária (interrogatório policial à fl. 16) não qualificou sua confissão, só o
fazendo após constituir advogado que se fez presente ao seu interrogatório judicial
(fl. 82).
Não favorece o acusado a equivalência numérica do valor dos objetos com o
hipotético crédito que sustentou ter com a vítima, pois a informação quanto ao
suposto negócio e o crédito só vieram à luz após a subtração e depois de avaliados os
objetos. A cifra de R$ 1.200,00 foi assim conhecida previamente pelo apelante, que
sabiamente, porém com muita inocência, dela se valeu para montar sua versão
defensiva.
No mais, a vida anteacta, o registro de antecedentes criminais, sendo inclusive
reincidente específico, não faz do réu pessoa merecedora de crédito, ficando sua
versão ilhada e repudiada pelo acervo probatório.
Por fim, consigne-se que astuto procurou se mostrar o Apelante para fugir à
responsabilização, admitindo a prática de um delito de menor gravidade. Sua
pretensão foi sabiamente rechaçada pela douta decisão impugnada, que ponderou:
“... Longe de ter ficado isolada nos autos, a confissão policial está amparada nas
demais provas coligidas, ficando ilhada, isto sim, a tentativa de exclusão do crime
mais grave (furto qualificado), pela admissão da culpa pelo delito de exercício
arbitrário das próprias razões, que se revela de menor gravidade e sobre o qual já
teria ocorrido a extinção da punibilidade pela superveniência da decadência...” (fl.
168).
A absolvição buscada em grau de reexame é, pois, inatendível.
No tocante à pena, nenhum reparo também merece a r. decisão monocrática. Na
sua fixação foi observado o sistema trifásico e a pena imposta em cada fase foi
devidamente fundamentada. O Julgador não se houve com rigor excessivo, ao
contrário encontrou a sanção justa para o delito praticado pelo acusado. De fato. Ao
fixar a pena-base em 2 (dois) anos e 4 (quatro) meses de reclusão, portanto 4
(quatro) meses acima do mínimo legal, justificando esse acréscimo pelo passado do
réu que não o recomenda em face das várias investidas contra o patrimônio alheio,
levando-o a responder atualmente por 6 (seis) processos-crime, e acrescer a ela 4
(quatro) meses de reclusão pela presença de uma circunstância genérica e objetiva
que é a reincidência, utilizando-se do mesmo critério para elevar a pena pecuniária,
observou o douto juiz sentenciante o texto da lei, e o bom senso lhe indicou,
conforme a prova dos autos, a pena justa.
Diante do exposto, a Justiça Pública aguarda o improvimento do recurso defensivo,
sendo de rigor o afastamento da preliminar invocada e a manutenção, no mérito, da
r. decisão de Primeira Instância, pelos seus próprios fundamentos de fato e de direito.

Jaú, 25 de outubro de 1996

Antenor de Jesus Silva


1° Promotor de Justiça
MODELO DE RECURSO DE APELAÇÃO DA ACUSAÇÃO
(INTERPOSIÇÃO E RAZÕES)

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL


DA COMARCA DE JAÚ - SP

Feito n° 1.115-96

O Promotor de Justiça que esta subscreve, com fundamento no art. 593, I, do


Código de Processo Penal, não se conformando com a r. decisão proferida por Vossa
Excelência às fls. 165-169 dos autos do processo-crime n° 1.115/96, que a Justiça
Pública move contra o réu Gumercindo Oliveira, que o absolveu com fundamento no
art. 386, VI, do CPP e declarou extinta sua punibilidade em relação ao delito de
exercício arbitrário das próprias razões pela superveniência da decadência, fazendo-o
com fundamento no art. 107, IV, 2ª figura, do Código Penal, c/c os arts. 38 e 61,
ambos do Código de Processo Penal, vem interpor RECURSO DE APELAÇÃO,
objetivando sua condenação nas penas do art. 155, § 4º, inciso I, do Código Penal,
nos termos das razões anexas.
Recebido o presente recurso, requer-se seu regular processamento e remessa à
Superior Instância.
Termos em que
Pede deferimento.
Jaú, 15 de outubro de 1996

Antenor de Jesus Silva


1º Promotor de Justiça

RAZÕES DE APELAÇÃO

Feito - 1.115/96
Apelante - Justiça Pública
Apelado - Gumercindo Oliveira

Apelado - Egrégia Procuradoria


Apelado - Egrégio Tribunal

Denunciado como incurso no art. 155, § 4°, I, do Código Penal, porque no dia 5 de
janeiro de 1996, por volta das 10h20, ingressou no interior da residência localizada
na rua 1° de Outubro nº 23, nesta cidade e comarca de Jaú, e dali subtraiu para si,
mediante rompimento de obstáculo, um televisor da marca Sharp, um rádio relógio
Sanyo, uma máquina fotográfica Yashica e um videocassete Panasonic, objetos
pertencentes a Eduardo Camaresco, com descrição detalhada no auto de exibição e
apreensão de fl. 6, que somaram o valor de R$ 1.200,00 (auto de avaliação direta à
fl. 10), foi o apelado Gumercindo Oliveira, pela r. decisão de fls. 165/169, absolvido
sob o fundamento de inexistência de prova suficiente para a condenação (CPP, art.
386, VI), tendo sido ainda declarada extinta sua punibilidade por superveniência da
decadência em relação ao delito de exercício arbitrário das próprias razões (art. 107,
IV, 2ª figura, do Código Penal, c/c os arts. 38 e 61, ambos do Código de Processo
Penal).
Não merece confirmação a douta decisão de 1ª Instância, embora proferida por
juiz de reconhecido saber jurídico.
Bem andou o insigne sentenciante ao repelir as preliminares invocadas pela douta
e combativa defesa. Nesse particular, outras considerações, além das expendidas e já
trazidas aos autos, são dispensáveis.
O mesmo não se pode dizer no tocante ao mérito. Aqui o douto juiz de 1ª Instância
não se houve com o costumeiro acerto.
No edito absolutório sustentou existir prova de autoria e da materialidade. Não
obstante isso, não provou o Ministério Público, como lhe competia, ter o apelado
agido com animus de subtrair, o que torna a prova duvidosa até porque a palavra do
acusado, confirmada por sua esposa, só foi contrariada pela da vítima, parte material
interessada no resultado da causa.
Embora bem intencionada, a douta decisão monocrática é desprovida de
fundamentação convincente.
Sendo partes materiais, havendo interesse no resultado meritório da ação penal,
as versões apresentadas pelo réu e vítima devem ser recebidas e valoradas com
cautela. Mera contradição entre versão de acusado e vítima, o que é natural, do
contrário o réu confessaria sempre o crime, não pode contudo ser causa suficiente
para ter como duvidosa a prova, mormente quando outros elementos de convicção
fazem desaparecer a incerteza que certamente pode, às vezes, atormentar o espírito
do julgador.
Se é certo que a versão do apelado só foi contrariada pela vítima, não menos certo
é que não tem esta o ônus de fazer a prova de fato negativo. Nos termos do art. 156
do Código de Processo Penal, ao acusado competia a prova da alegada sociedade e do
crédito mencionado. A palavra de sua esposa é insuficiente para se ter provada a
alegação, sendo evidente e compreensível seu interesse na exculpação do
companheiro.
Nada razoável se mostrou o comportamento do réu, admitindo-se que só foi
motivado à satisfação de seu crédito: não cientificou o ofendido após consumada a
conduta; deixou-se surpreender pela polícia, numa feira, vendendo parte dos objetos
retirados da esfera de vigilância da vítima. Sua conduta, seu modo de agir antes,
durante e após o fato é prova segura e inequívoca de que agiu, sim, com animus de
subtrair.
De outra parte, não socorre o acusado a opção pelo rompimento de obstáculo para
a consumação de sua ação delitiva, e o horário acertado, uma vez que totalmente
incompatíveis com a conduta daquele que só deseja satisfazer uma pretensão
legítima, afinando-se esse modus operandi com aquele observado na prática do delito
clandestino pelo qual se viu denunciado (furto).
Derradeiramente, é de se consignar que, na polícia (fl. 16), o acusado, em
nenhum momento, fez ressalva de que pretendia apenas satisfazer crédito que tinha
com a vítima. Só veio a inovar em juízo quando já era assistido por advogado
constituído (fl. 83).
Como sustentado em sede de alegações finais, a retratação judicial é de nenhum
valor quando não amparada nas demais provas, prevalecendo a confissão policial que
se harmoniza com o conjunto probatório e se integra aos demais elementos de
convicção colhidos em juízo.
Nesse sentido, a jurisprudência:
CITAR JURISPRUDÊNCIA

É o caso dos autos.


Infelizmente acolhida em 1ª Instância, a versão defensiva do réu é fantasiosa e
ingênua. A prova dos autos, longe de inconsistente e dúbia, repele-a de forma segura
e suficiente a lastrear um edito condenatório.
Isto posto, de rigor é sua condenação. É o que fica requerido.
O acusado possui péssimos antecedentes criminais (F.A. à fl. 148). É reincidente
específico (certidão criminal de fl. 149). Deve, pois, ter a pena fixada além do
mínimo legal, com cumprimento inicial no regime fechado.
O privilégio de que cuida o § 2° do art. 155 do Código Penal, sustentado pela
defesa nas suas derradeiras alegações, também não pode ser concedido ao apelado,
seja pela ausência dos requisitos objetivos: primariedade e o pequeno valor da res
furtiva, uma vez que o réu é reincidente e o valor total dos objetos é de R$ 1.200,00
ou doze salários mínimos, seja porque a benesse legal não é extensiva à forma
qualificada do furto.
Assim se põe a jurisprudência:
CITAR JURISPRUDÊNCIA

Diante do exposto, reiterando as alegações finais de fls. 145/147, a Justiça Pública


aguarda o provimento do presente recurso nos termos das razões apresentadas,
condenando-se o réu Gumercindo Oliveira nas penas do art. 155, § 4°, I, do Código
Penal, a uma pena final acima do mínimo legal, com regime fechado para o início de
seu cumprimento.

Jaú, 15 de outubro de 1996


Antenor de Jesus Silva
1° Promotor de Justiça

MODELO DE CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO


(OFERECIDAS PELO RÉU - DEFESA)

CONTRA-RAZÕES DE APELAÇÃO

Feito - 1.115/96
Apelante - Justiça Pública
Apelado - Gumercindo Oliveira

Egrégia Procuradoria
Egrégio Tribunal
Colenda Câmara

Absolvido pela r. decisão de fls. 165/169, com fundamento no art. 386, VI, do
Código de Processo Penal, da imputação contida na denúncia de fls. 2/3, de que no
dia 5.1.96, por volta das 10h20, teria subtraído, mediante rompimento de obstáculo,
os objetos nominados na inicial, pertencentes a Eduardo Camaresco, vê-se o apelado
Gumercindo Oliveira surpreendido com o presente recurso de apelação interposto pelo
Ministério Público, que, desejando a reforma da sentença, sustenta, em apertada
síntese, não ser a prova dúbia e sim coerente e segura o suficiente para lastrear um
edito condenatório (fls. 190/192).
Não merece prosperar o inconformismo do nobre e combativo Promotor de Justiça.
Nada de fantasiosa tem a versão defensiva, acolhida de forma sábia e prudente
pela douta decisão recorrida, revelando o d. Magistrado de 1ª Instância cautela, bom
senso e respeito à pretensão libertária do acusado.
Não há como negar: a prova é no mínimo dúbia e, assim sendo, bem andou o MM.
Juiz a quo, aplicando, como de rigor, o princípio do in dubio pro reo. O fato de o
apelado ter praticado o fato à noite, o que levou o apelante a denominar sua ação de
clandestina, não desnatura sua intenção, que era e sempre foi a de satisfação de seu
crédito. Diante de tantas negativas em pagar o que devia, a vítima não permitiria
passivamente, por certo, que o apelado procedesse à retirada dos objetos na sua
presença.
O valor alcançado pelos objetos é o mesmo reclamado pelo réu, e não podia ser
diferente, pois, quando do término da sociedade, nesse valor foram os bens deixados
à vítima, ficando esta com a incumbência de quitá-los com Gumercindo. Nenhuma
outra coisa foi retirada da casa, e o valor do crédito não foi ultrapassado, o que dá à
versão defensiva verossimilhança.
Se é certo que em princípio as versões das partes materiais devem ser recebidas
com reservas, igualmente se dizendo da que é apresentada pela esposa do réu,
conforme bem colocou o douto e insigne Promotor de Justiça, não menos certo é que
no caso dos autos, ante a natureza do fato e a ausência de outros elementos sérios
de convicção e ainda ante a clandestinidade da sociedade que mantinham vítima e
acusado, tais depoimentos e versões merecem ser objeto de análise cuidadosa e
desapaixonada. Ninguém melhor que a companheira do apelado para dizer de seus
negócios, e ela sustentou ao depor à fl. 121 a versão defensiva.
Réu e vítima, praticantes da chamada economia informal sem qualquer
documentação fiscal, considerando ser o apelado semi-analfabeto, não é crível que,
ante sua limitação cultural, providenciasse prova escrita e antecipada da sociedade
que mantinha com a vítima num pequeno e humilde boteco.

Não se pode, portanto, exigir-lhe prova de que não dispõe pela própria
peculiaridade do negócio e das partes envolvidas, a despeito da regra do art. 156 do
Código de Processo Penal.
Os antecedentes do acusado não podem ditar a existência de um delito não
praticado, conforme bem mostram as provas carreadas aos autos.
Dessa forma, espera e aguarda a defesa que se negue provimento ao recurso da
Justiça Pública, mantendo-se a r. decisão de 1ª Instância pelos seus próprios
fundamentos de fato e de direito.

Jaú, 15 de outubro de 1996

Luciana Graça Alvarenga


Advogada - OAB/SP n° 25.978
MODELO DE RAZÕES DE APELAÇÃO, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

Feito n° 325/88
Razões de Apelação
Apelante: Justiça Pública
Apelado: Agnaldo Silva

Egrégia Procuradoria
Egrégio Tribunal

Agnaldo Silva está sendo processado como incurso no art. 121, § 2°, I, III e IV, do
Código Penal, tendo em vista que em 15 de janeiro de 1988, em redor de 2h36,
juntamente com outra pessoa já falecida, matou, a tiros, Pedro Oliveira. É certo que o
recorrido e seu comparsa, além dos disparos, golpearam a vítima com instrumentos
contundentes, impondo-lhe desnecessário sofrimento. De outra parte, os co-autores
tiveram sua conduta impulsionada por torpe sentimento de vingança, já que a vítima
os repreendera, algum tempo antes, devido a roubo por eles praticado contra
estabelecimento comercial da região onde residiam. Mais ainda, dispararam contra a
vítima pelas costas, sem propiciar-lhe qualquer possibilidade de defesa.

O recorrido foi submetido a julgamento, e o Conselho de Sentença o absolveu (fl.


275), deliberando, contra o conjunto probatório, que não foi ele um dos co-autores do
homicídio.
Eis o porquê da presente apelação criminal, cuja motivação segue exposta de
maneira mais minudente.
Os jurados, realmente, deram as costas ao acervo probatório, ignorando, sem
razão, informações colacionadas por testemunhas “de vista”. Sob esse aspecto, como
cumpre ressaltar, nada justifica o aparente descrédito ao testemunho de Olga, então
companheira da vítima e quem a quase tudo esteve presente (fl. 168). Foi ela que, a
exemplo do quanto já fizera antes, reconheceu em Agnaldo um dos co-executores da
vítima, sem titubear ao apontá-lo perante os jurados. E Sueli Silva, igualmente, fez
referências semelhantes em plenário, efetuando, tal e qual, o reconhecimento pessoal
do recorrido (fl. 271).
Vale sublinhar, ainda, que a prova de autoria não se esgota nas fontes apontadas
e, antes, finca-se em outros elementos de extremada importância, como, por
exemplo, o testemunho de César (fl. 182). A prova em apreço, que retrata diálogo
havido entre essa testemunha e o recorrido, permite entrever que este admitiu,
embora coloquial e reservadamente, a autoria. E ainda interessa observar que o
elemento ora analisado dá notícia detalhada acerca do modus operandi dos agentes e,
sobre mais, esclarece os motivos do crime, por sinal confirmados pelo testemunho de
Maria Zélia (fl. 183).
Enfim, feita a verificação percuciente do quadro probatório, exsurge nítida a
demonstração da autoria, sem que se lobrigue possibilidade de questionamentos.
Talvez tenham se impressionado os jurados com o sentimento externado pela
testemunha Sueli Silva, que, não há negar, enfatizou o “ódio” e todo o ressentimento
contra o recorrido. O que ocorre, porém, é que não se deve permitir juízo açodado a
respeito, isto porque essa testemunha reúne condição pessoal de extraordinária
peculiaridade, qual seja, a de ter sido quase mãe adotiva da vítima, a quem criou por
longo período. Então, o fato de haver verbalizado os seus sentimentos pessoais não é
o bastante para inquinar suas informações, mesmo porque coincidentes com as
demais, partidas de quem contra o recorrido não guarda mágoa de semelhante
natureza.
A propósito, o trânsito previsível da passionalidade em testemunhos dessa
natureza fez com que o próprio legislador sequer assinalasse qualquer resquício de
suspeição dos parentes próximos da vítima, uma vez que ninguém, e muito menos a
Lei, está autorizado a ignorar ou contrariar a natureza humana. Em verdade, o
princípio que preside o processo penal é o da busca da verdade real, de tal modo que
mesmo a vítima de crime, mesmo aninhando razões maiores para os mais corrosivos
ressentimentos em relação ao autor, sempre deverá ser ouvida.
Portanto, inadequada a forma de avaliação da prova desenvolvida pelo Conselho
de Sentença, pelas funestas conseqüências do veredicto externado.
Torna-se irremovível, nessas circunstâncias, a necessidade de anulação do
julgamento, já que a decisão se deu ao arrepio da prova, fugindo, assim, aos lindes a
que os jurados estavam cingidos ao julgarem o feito.

Nesse sentido, pois, é a pretensão do Ministério Público, a fim de se oportunizar a


realização de novo julgamento do recorrido e a veiculação plena de Justiça.

São Paulo, 29 de junho de 1996

Ronaldo Guedes
14° Promotor de Justiça da Capital

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