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UERJ – Universidade do Estado do Rio de

Janeiro

CCS – Centro de Ciências Sociais

Faculdade de Direito

PROCESSO
INTERNACIONAL

2023.1

Aula 06: Homologação de Sentença e STJ (2018-2020)

Data: 06/06/2023

Aluno: Fernando López Rangel

HDE 710 / EX

Data do Julgamento: 04/12/2019

HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA. EUA. CONTRATO DE COMPRA E


VENDA DE AERONAVE, COM CONTRATO ACESSÓRIO DE FINANCIAMENTO.
REQUISITOS PREENCHIDOS. INSURGÊNCIA CONTRA A SUPOSTA EXISTÊNCIA DE
VÍCIOS NO PRODUTO E FRAUDE DA VENDEDORA. MATÉRIA DE MÉRITO.
QUESTÕES QUE REFOGEM AOS LIMITES DA ATUAÇÃO HOMOLOGATÓRIA DO STJ.
PRECEDENTES. LEGITIMIDADE ATIVA DO BANCO QUE NÃO PARTICIPOU DA AÇÃO
QUE DEU ORIGEM À SENTENÇA ESTRANGEIRA. LEGÍTIMO INTERESSE
DEMONSTRADO. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUNIDENSE. PRESSUPOSTOS
PREENCHIDOS. PEDIDO HOMOLOGATÓRIO DEFERIDO.
1. A Parte que pede homologação de sentença estrangeira não precisa,
necessariamente, ser a mesma que participou do processo alienígena.
Basta que tenha interesse jurídico demonstrado. Precedente.
2. A presente via processual não se coaduna com a pretensão de rediscutir o mérito
do que ficou decidido na sentença homologanda.
Precedentes.
3. "Preenchidos os requisitos legais, impõe-se a homologação da sentença
estrangeira, não cabendo ao Superior Tribunal de Justiça o exame de matéria
pertinente ao mérito, salvo para, dentro de estreitos limites, verificar eventual
ofensa à ordem pública e à soberania nacional, o que não é o caso" (SEC
16.180/EX, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em
20/11/2017, DJe 27/11/2017).
4. Não se discute a competência da jurisdição estrangeira, na medida em que o
acerto foi pactuado pelas partes. Aliás, a própria Requerida buscou a justiça
alienígena, o que demonstra ter aceito a cláusula de eleição de foro. Ademais,
ainda que se cogitasse de competência concorrente, esta Corte tem entendimento
consolidado no sentido de que, "versando o caso sobre hipótese de competência
internacional concorrente (art. 12, da LINB), o pedido de homologação de sentença
americana transitada em julgado não ofende a soberania nacional" (AgInt na HDE
328/EX, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 12/02/2019,
DJe 18/02/2019).
5. Pedido de homologação deferido. Condenação da Requerida ao pagamento das
custas e dos honorários advocatícios.

Na decisão em tela, o STJ se deparou com um pedido de homologação de


sentença emitida por Corte Distrital do Estado da Geórgia, nos Estados Unidos da
América, cuja homologação era buscada por banco americano.

Mormente, a sentença objeto do pedido de homologação julgou improcedente


pedido de empresa brasileira que buscava a resolução de contrato de compra e venda de
aeronave com outra empresa americana. O Banco alegou, em seu pedido, que tinha
interesse na homologação pois é réu de ação da mesma autora no Brasil, onde esta
buscava a nulidade de contrato de financiamento com mesma fundamentação do
processo decidido no exterior.

Em sua contestação, a requerida alega que a aeronave adquirida teve problemas


em seu processo de nacionalização e ainda apresentou defeitos em sua utilização,
constatando-se fraude no contrato. O Banco, por sua vez, teria responsabilidade em face
da situação pré-falimentar da empresa americana. Termina sua contestação alegando
ilegitimidade ativa para o pedido de homologação e inexistência de coisa julgada
material. Interessante notar que isso se deveu, segundo a requerida, por instituto jurídico
americano que não encontra correspondência no direito pátrio – o processo foi julgado
no mérito apesar de ter sido extinto por inércia. Equivocadamente, alegou também
competência exclusiva do juízo brasileiro pela regra do lugar de cumprimento da
obrigação. Assim, a decisão não deveria ser homologada por ofensa à ordem pública.

O STJ considerou que a alegação de ilegitimidade da requerente não se


sustentava visto que não há requerimento que exija ser a mesma parte beneficiária da
decisão estrangeira a que solicita sua homologação, bastando comprovar interesse
jurídico. Para tanto, a Ministra Relatora Laurita Vaz utilizou precedente de
homologação de sentença arbitral estrangeira. O interesse jurídico estaria demonstrado,
portanto, pelo fato da requerente ser demandada pelo mesmo réu em ação no Brasil por
pretensão já rejeitada pela justiça americana.

Em seguida, a relatora reforça que o pedido de homologação de sentença


estrangeira não permite rediscutir o mérito da decisão estrangeira, limitando-se aos
requisitos formais da homologação. Neste sentido, tampouco se sustentaria a pretensão
de aplicar ao procedimento estrangeiro o CPC ou questionar as normas pelas quais de
desenvolveu o processo. Não sendo constatada violação à ordem pública, soberania ou
dignidade, não cabe esse tipo de exame. Também reafirma que não há
discricionariedade do STJ na homologação, em preenchendo-se os requisitos formais,
impõe-se a homologação.

A ministra relatora finaliza indicando a existência de decisão de mérito, o


interesse da requerente em sua homologação, afastando a alegação de litispendência e
de incompetência da justiça estrangeira.

HDE 410 / EX

Data do Julgamento: 20/11/2019

SENTENÇA ESTRANGEIRA. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO. INTERESSE PROCESSUAL


E LEGITIMIDADE ATIVA. PENDÊNCIA DE DEMANDA NO JUDICIÁRIO BRASILEIRO.
PARTE NO PROCESSO ESTRANGEIRO. JURISDIÇÃO BRASILEIRA PARA A
INTERNALIZAÇÃO. PRESENTAÇÃO, REPRESENTAÇÃO E REGULARIDADE DA
CITAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA ESTRANGEIRA PARA RESPONDER À DEMANDA NO
BRASIL. PRESSUPOSTOS POSITIVOS E NEGATIVOS. ARTIGOS 15 E 17 DA LEI DE
INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ARTIGOS 963 A 965 DO
CPC/2015. ARTS. 216-C, 216-D E 216-F DO RISTJ.
1. Hipótese em que o Tribunal de Roterdã apreciou demanda formulada por
PARANÁ CITRUS INTERNATIONAL IMPORT AND EXPORT CORPORATION e COCAMAR
COOPERATIVA AGROINDUSTRUAL ("razão social anterior: PARANÁ CITRUS S/A")
em face de CROSSPORTS MERCANTILE INC. e reconvenção desta em face
daquelas. Examinada a relação contratual entre as partes, o tribunal holandês
concluiu que CROSSPORTS foi a primeira a descumprir o contrato e, por isso, foi
condenada a apresentar documentos, prestar contas e pagar quantias. 2. Ainda que
CROSSPORTS tenha sido condenada a pagar quantias em favor de PARANÁ
INTERNATIONAL e não de COCAMAR, esta tem legitimidade ativa e interesse
processual na homologação pretendida, uma vez que a internalização das
sentenças estrangeiras é necessária para que tenha eficácia no Brasil (art. 961 do
CPC/2015) e, assim, possa ser oposta como defesa no processo aforado por
CROSSPORTS e OSCAR em Maringá-PR em face de COCAMAR. Ademais, a
pretensão formulada no processo estrangeiro por CROSSPORTS em sede de
reconvenção foi rejeitada pela sentença homologanda; tal improcedência, para ter
eficácia no Brasil, depende de homologação pelo STJ.
3. O único Poder Judiciário com jurisdição para internalizar comandos jurisdicionais
estrangeiros com o fim de que eles possam produzir efeitos no Brasil é o Poder
Judiciário brasileiro, por meio do Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art.
105, I, "i", da Constituição da República e do art. 961 do CPC/2015.
4. CROSSPORTS é pessoa jurídica estrangeira, com sede nas Ilhas Virgens
Britânicas. À época dos fatos examinados pela sentença homologanda (1999/2001),
CROSSPORTS tinha como Diretor a pessoa física OSCAR HUNOLD LARA e como
procuradores, além de OSCAR, sua esposa RENATE MADER e a pessoa jurídica
CITROEX COMÉRCIO, IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA., que tinha como sócios
OSCAR e RENATE.
5. Em documento juntado por CROSSPORTS em execução por ela ajuizada em
Bragança Paulista-SP, verifica-se que seu Diretor foi OSCAR de 1995 a 2003 e, a
partir de 2003, sua Diretora passou a ser "Amicorp Management Limited", pessoa
jurídica estrangeira cujo endereço - nas Ilhas Virgens Britânicas - era o mesmo de
CROSSPORTS.
6. No início de 2007, OSCAR e CROSSPORTS (representada por Oscar e por
CITROEX) ajuizaram em Maringá-PR demanda em face de CITROEX, referindo já na
inicial a existência do processo que viria a culminar com as sentenças
homologandas.
7. No fim de 2007 venceram as procurações por prazo certo (de dois anos) que
CROSSPORTS havia outorgado a RENATE e a CITROEX. Em 06/11/2007
CROSSPORTS outorgou nova procuração para OSCAR representá-la, com previsão
de que expiraria em 06/11/2009. Ainda que tal contrato de mandato tenha se
prorrogado de forma tácita (art. 656 do CC), extinguiu-se com a morte de OSCAR
em 2015 (art.
682, II, do CC).
8. Correspondência remetida a credores de CROSSPORTS foi juntada por COCAMAR
aos autos e dá conta de que CROSSPORTS teria entrado em liquidação e, até
aquela data (2015), sua Diretora é a pessoa jurídica "Amicorp Management
Limited".
9. As pessoas jurídicas em geral são representadas em juízo "por quem seus atos
constitutivos designarem ou, não havendo essa designação, por seus diretores"
(art. 75, VIII, do CPC.
10. Com o fim de facilitar a comunicação dos atos processuais às pessoas jurídicas
estrangeiras no Brasil, o art. 75, X, do CPC prevê que a pessoa jurídica estrangeira
é representada em juízo "pelo gerente, representante ou administrador de sua filial,
agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil" e o parágrafo 3º do mesmo
artigo estabelece que o "gerente de filial ou agência presume-se autorizado pela
pessoa jurídica estrangeira a receber citação para qualquer processo".
11. Considerando-se que a finalidade destes dispositivos legais é facilitar a citação
da pessoa jurídica estrangeira no Brasil, tem-se que as expressões "filial, agência
ou sucursal" não devem ser interpretadas de forma restritiva, de modo que o fato
de a pessoa jurídica estrangeira atuar no Brasil por meio de empresa que não tenha
sido formalmente constituída como sua filial ou agência não impede que por meio
dela seja regularmente efetuada sua citação.
12. Exigir que a qualificação daquele por meio do qual a empresa estrangeira será
citada seja apenas aquela formalmente atribuída pela citanda inviabilizaria a citação
no Brasil daquelas empresas estrangeiras que pretendessem evitar sua citação, o
que importaria concordância com prática processualmente desleal do réu e
imposição ao autor de óbice injustificado para o exercício do direito fundamental de
acesso à ordem jurídica justa.
13. A forma como de fato a pessoa jurídica estrangeira se apresenta no Brasil é
circunstância que deve ser levada em conta para se considerar regular a citação da
pessoa jurídica estrangeira por meio de seu entreposto no Brasil, notadamente se a
empresa estrangeira atua de fato no Brasil por meio de parceira identificada como
representante dela, ainda que não seja formalmente a mesma pessoa jurídica ou
pessoa jurídica formalmente criada como filial.
14. No caso dos autos, a ré CROSSPORTS tem como única Diretora a empresa
estrangeira "Amicorp Management Limited". O grupo Amicorp, por sua vez,
apresenta-se como grupo presente em dezenas de países, onde fornece diversos
serviços capazes de atender aos interesses daquelas empresas que o contratam. A
contestante "Amicorp do Brasil Ltda.", por sua vez, se apresenta como uma
"empresa de representação do Grupo Amicorp"
(https://www.amicorp.es/offices/sao-paulo). De conseguinte, "Amicorp do Brasil
Ltda."
deve ser compreendida como um entreposto no Brasil da Diretora (Amicorp) da ré
CROSSPORTS, capaz de receber a citação em nome da ré CROSSPORTS,
validamente, nos termos do art. 75, VIII e X do CPC/2015.
15. Nos termos dos artigos 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, 963 a 965 do Código de Processo Civil e artigos 216-C, 216-D e 216-F do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, que, atualmente, disciplinam o
procedimento de homologação de sentença estrangeira, constituem requisitos
indispensáveis ao deferimento da homologação, os seguintes: (i) instrução da
petição inicial com o original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de
outros documentos indispensáveis; (ii) haver sido a sentença proferida por
autoridade competente; (iii) terem as partes sido regularmente citadas ou haver-se
legalmente verificado a revelia;
(iv) ter a sentença eficácia no país em que proferida; (v) não ofender "a soberania,
a dignidade da pessoa humana e/ou ordem pública".
16. Preenchidos os requisitos legais, impõe-se a homologação da sentença
estrangeira, não cabendo ao Superior Tribunal de Justiça o exame de matéria
pertinente ao mérito, salvo para, dentro de estreitos limites, verificar eventual
ofensa à ordem pública e à soberania nacional, o que não é o caso.
17. Hipótese em que aqueles que foram partes no processo estrangeiro puderam
participar em contraditório e as sentenças homologandas examinaram
fundamentadamente as alegações das partes.
18. Sentenças estrangeiras homologadas.

HDE 1260 / EX

Data do Julgamento: 06/11/2019

HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA CONTESTADA. GUARDA DE FILHOS.


GENITORA RESIDENTE NO BRASIL. NECESSIDADE DE CITAÇÃO POR CARTA
ROGATÓRIA. SENTENÇA PROFERIDA ANTES DA CONCESSÃO DO EXEQUATUR.
HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA.
I - A citação de brasileiro residente no Brasil deve ocorrer por carta rogatória. II - A
citação no processo estrangeiro somente pode ser considerada válida após a
concessão do exequatur na carta rogatória.
III - Não é possível a homologação de título judicial estrangeiro proferido em data
anterior à concessão do exequatur em carta rogatória que tem por finalidade a
citação de residentes no Brasil.
IV - Homologação de decisão estrangeira indeferida.

HDE 1527 / EX

Data do Julgamento: 23/09/2019

PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA. TRIBUNAL RELIGIOSO DO


ESTADO DA PALESTINA. HOMEM BRASILEIRO E MULHER PALESTINA, AMBOS COM
RESIDÊNCIA E BENS E TAMBÉM FILHOS NO BRASIL. AÇÃO DE DIVÓRCIO PERANTE
A JUSTIÇA BRASILEIRA, COM MEDIDAS CAUTELARES DEFERIDAS, PARA PROTEÇÃO
CONTRA AGRESSÕES, CONTROVÉRSIA ACERCA DA GUARDA DOS FILHOS E
PARTILHA DE BENS. AUSÊNCIA DE REQUISITOS DO PEDIDO HOMOLOGATÓRIO.
INDEFERIMENTO.
1. Não há nos autos prova da citação válida no processo cuja sentença se pretende
ver homologada. Compulsando os documentos juntados, aliás, vê-se que, no
processo originário, a Requerida foi representada pelo seu pai, mas não foi
acostada nenhuma procuração por ela eventualmente subscrita para tanto.
2. Ademais, "ofende a ordem pública a iniciativa do Requerente de, mesmo tendo
vivido quase a totalidade do tempo de casado no Brasil, com sua esposa e filhos, e
também aqui se encontrar seu patrimônio, levar para a Justiça Libanesa o pedido
de divórcio, pretendendo, ao que tudo indica, esquivar-se da Justiça Brasileira,
subtraindo a prerrogativa de foro da mulher casada (a teor do art. 100, inciso I, do
Código de Processo Civil, c.c. o art. 7.º da Lei de Introdução das Normas do Direito
Brasileiro, quando pendia contra si ação de separação de corpos; alimentos;
arrolamento de bens; divórcio;
interdito proibitório; e execução de alimentos" (SEC 10.154/EX, Rel. Ministra
LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 01/07/2014, DJe 06/08/2014).
3. Pedido de homologação de decisão estrangeira indeferido. Custas e honorários a
cargo do Requerente, estes arbitrados em R$ 2.000,00 (dois mil reais).

SEC 15985 / EX

Data de Julgamento: 23/09/2019

PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. ADOÇÃO. VALIDADE


DA CITAÇÃO NA ORIGEM. ELEMENTOS QUE SUGERIRIAM OMISSÃO DA PARTE EM
INFORMAR O LOCAL EM QUE O GENITOR BIOLÓGICO PODERIA SER LOCALIZADO.
INOCORRÊNCIA. CITAÇÃO VÁLIDA. ESFORÇOS POSSÍVEIS QUE FORAM
EMPREENDIDOS NA ORIGEM. REVELIA CORRETAMENTE CERTIFICADA.
CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS DOS ARTS. 963 DO CPC/15 E 216-C, 216-D E
216-F DO RISTJ.
1- O propósito da presente ação é obter a homologação de sentença proferida pelo
Poder Judiciário da Inglaterra que decretou a adoção de menor pelo atual esposo da
genitora biológica.
2- Não havendo prova cabal da omissão da parte em informar endereço em que
poderia ser localizado o genitor biológico, é válida a citação para a ação de adoção
ajuizada por terceiro realizada no país de origem, especialmente quando não há
coincidência temporal entre a ciência do paradeiro do genitor e o ajuizamento da
ação e quando se consigna, na sentença, terem sido empreendidos todos os
esforços necessários para a localização do genitor biológico que, confessadamente,
encontrava-se em situação irregular no país e sob iminente risco de deportação.
3- Preenchidos os requisitos para a homologação, na forma dos arts.
963 do CPC/15 e 216-C, 216-D e 216-F do RISTJ, não há óbice à homologação da
sentença estrangeira de divórcio.
4- Pedido de homologação de sentença estrangeira julgado procedente.

HDE 855 / EX

Data de Julgamento: 05/12/2018

HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. CÔNJUGE


RESIDENTE NO BRASIL. CITAÇÃO POR EDITAL. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE
DE CITAÇÃO POR CARTA ROGATÓRIA. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA.
I - A citação de brasileiro residente no Brasil deve ocorrer por carta rogatória,
sendo inválida a citação por edital ocorrida no estrangeiro. Precedentes: SEC
14.849/EX, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 7/3/2018, DJe
23/3/2018; SEC 12.130/EX, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte Especial, julgado
em 19/10/2016, DJe 26/10/2016; SEC 10.154/EX, Rel. Ministra Laurita Vaz, Corte
Especial, julgado em 1º/7/2014, DJe 6/8/2014).
II - Homologação de decisão estrangeira indeferida.
SEC 14233 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0180964-6
Data de Julgamento: 21/11/2018

PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DECISÃO


PROFERIDA PELA JUSTIÇA DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. PARTILHA DE
BENS IMÓVEIS SITUADOS NO BRASIL. ACORDO ENTRE AS PARTES NA JUSTIÇA
ESTRANGEIRA. HOMOLOGAÇÃO PELO STJ. POSSIBILIDADE. NÃO COMPROVAÇÃO
DA EXISTÊNCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA E DO RESPECTIVO TRÂNSITO EM
JULGADO. HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDA.
1. Esta Corte possui precedentes no sentido de que o acordo quanto à partilha de
bens imóveis situados no Brasil pode ser homologado pelo STJ. Precedentes: SEC
15.639/EX, de minha relatoria, Corte Especial, j. em 4/10/2017, DJe 9/10/2017.
2. Entretanto, entendo que não houve a devida comprovação da homologação do
acordo de partilha de bens pela autoridade judicial estrangeira, bem como do
respectivo trânsito em julgado, requisitos indispensáveis para a chancela pelo STJ.
3. A diferença de forma entre o documento de fl. 14 (N.
FBT-FA-07-40197811) e a sentença que anteriormente deferira o divórcio (N. FBT-
FA-07-4019213-S: e-STJ, fls. 31-32), demonstra que, de fato, não houve a
comprovação da existência de sentença estrangeira homologando a proposta de
partilha de bens, o que torna impossível sua chancela pelo STJ.
4. Condeno a parte autora ao pagamento das custas processuais e dos honorários
advocatícios, estes arbitrados no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), com
fundamento no art. 85, §§ 2º e 8º, do CPC/2015. Registre-se que o CPC/2015 é
aplicável ao caso, porquanto a sentença está sendo prolatada sob a vigência do
novo estatuto normativo, e, conforme recente precedente da Corte Especial do STJ:
"O marco temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015 em relação
aos honorários advocatícios é a data da prolação da sentença. Precedentes."
(SEC 14.385/EX, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 15/8/2018,
DJe 21/8/2018).
5. Pedido de homologação de sentença estrangeira indeferido.

HDE 330 / EX
HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA
2017/0035540-0
Data de Julgamento: 07/11/2018

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. CONTRATO DE


FINANCIAMENTO. EXPORTAÇÃO. CONDADO DE NOVA IORQUE.
1. Trata-se de pedido de Homologação de Sentença Estrangeira que o BNP
Paribas e outros propõem contra Heber Participações S.A., em razão de
inadimplemento obrigacional oriundo de Contrato de Financiamento de Pré-
Pagamento de Exportação em que a empresa São Fernando Açúcar e Álcool Ltda.
obteve das partes requerentes valores para financiar sua atividade produtiva, sendo
a parte requerida garantidora do empréstimo.
2. Consta condenação da Suprema Corte do Estado de Nova Iorque, Condado de
Nova Iorque (fls. 134-158), no valor de US$ 25.166.156,76 (vinte e cinco milhões,
cento e sessenta e seis mil, cento e cinquenta e seis dólares americanos, setenta e
seis centavos), cujo pagamento se realizaria através dos lucros das exportações da
produção da fábrica de processamento da cana-de-açúcar, tendo Heber
Participações S/A como garantidora do contrato.
3. A condenação totalizou US$ 28.327.662,53 (vinte e oito milhões, trezentos e
vinte e sete mil, seiscentos e sessenta e dois dólares americanos, cinquenta e três
centavos) a título de principal, juros, taxa estatutária e honorários advocatícios.
4. A requerida apresentou contestação nas fls. 377 e seguintes, argumentando que
o pedido de homologação da sentença não merece prosperar porque não veio
acompanhado da chancela da autoridade consular brasileira.
5. Pela leitura dos autos observo que foram atendidos todos os requisitos
necessários à homologação da Sentença Estrangeira previstos nos arts. 960, 963
do CPC/2015; e 216-C e 216-D do Regimento Interno do Superior Tribunal de
Justiça, especialmente a comprovação da citação no processo que correu nos
Estados Unidos da América, pela Carta Rogatória 9.705 (Relator Ministro Francisco
Falcão), transitada em julgado em 6.5.2015.
6. Foi proferida por juízo competente, a Suprema Corte do Estado de Nova Iorque,
Condado de Nova Iorque, Estados Unidos da América, sem constar ofensa à coisa
julgada produzida em ação que correu em solo brasileiro, estando acompanhada da
tradução oficial das decisões e demais atos processuais praticados, sem que a
decisão que executa o contrato de financiamento promova afronta à ordem pública.
7. O argumento da parte requerida de que os documentos apresentados pela
autoridade estrangeira deveriam vir acompanhados da chancela consular brasileira
não merece prosperar. O Decreto 8.660/2016 promulgou a Convenção sobre a
Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros,
firmada pela República Federativa do Brasil, em Haia, em 5 de outubro de 1961,
eliminando a necessidade da chancela consular em documentos públicos produzidos
no Brasil, tendo os Estados Unidos como signatários. 8. A Resolução Conselho
Nacional de Justiça 228/2016 dispensou a chancela consular a partir de 14.8.2016
para a legalização de documentos estrangeiros, desde que os países sejam
signatários da denominada "Convenção da Apostila". Há nos autos apostilas
emitidas pela autoridade estrangeira nas fls. 22, 31, 45, 51, 72, 91, 105, 160, 219,
235, 253, 260 e 271.
9. Logo, presentes os requisitos indispensáveis à homologação e não havendo
fundamento indicado pela defesa da parte requerida que possa ser acolhido, o
pleito merece ser deferido.
10. Sentença Estrangeira homologada.

SEC 14297 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0192244-8
Data de Julgamento: 05/09/2018

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. AÇÃO INDENIZATÓRIA. INEXECUÇÃO


CONTRATUAL. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PELOS ARTS. 15 E 17
DA LINDB E 216-A A 216-N DO RISTJ. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA CITAÇÃO
FICTA REALIZADA NO PROCESSO ESTRANGEIRO E TAMBÉM DE INCOMPETÊNCIA
DO TRIBUNAL PROLATOR DA DECISÃO HOMOLOGANDA. AUSÊNCIA DE
DEMONSTRAÇÃO CABAL DE QUE A PARTE REQUERIDA ERA, À ÉPOCA, RESIDENTE
E DOMICILIADA NO BRASIL, A ENSEJAR A APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO
BRASILEIRA ACERCA DA NULIDADE DA CITAÇÃO. A COMPETÊNCIA JURISDICIONAL
ESTRANGEIRA É ANALISADA, NESTA SEARA, NOS LIMITES DA COMPETÊNCIA
INTERNACIONAL, NÃO SE PODENDO ADENTRAR ÀS SUBDIVIÕES INTERNAS DE
CADA PAÍS. PRECEDENTE DO STJ: AGRG NA SE 2.714/GB, REL. MIN. CÉSAR
ASFOR ROCHA, DJE 30.8.2010. JUÍZO DE DELIBAÇÃO. SENTENÇA ESTRANGEIRA
DO PARTICULAR HOMOLOGADA EM CONCORDÂNCIA COM O PARECER
MINISTERIAL.
1. O pedido está em conformidade com os arts. 216-A a 216-N do RISTJ e 15 a 17
da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, pois a sentença foi proferida
por autoridade competente, tendo havido regular citação e trânsito em julgado, não
havendo, ainda, outros elementos que possam caracterizar ofensa à soberania
nacional ou à ordem pública brasileira.
2. A alegação de que a parte requerida era, à época, residente e domiciliada no
Brasil, não foi demonstrada e, portanto, não pode ser acolhida para que se
apliquem as regras processuais brasileiras em relação à citação ficta determinada.
3. Além disso, a competência do Juízo Estrangeiro prolator da decisão
homologanda, é analisada, nesta seara homologatória, face à competência
internacional, não se podendo adentrar às minúcias das subdivisões internas de
cada País soberano. Precedente: AgRg na SE 2.714/GB, Rel. Min. CÉSAR ASFOR
ROCHA, DJe 30.8.2010.
4. Sentença estrangeira homologada, em concordância com o douto Parecer
Ministerial.

SEC 13471 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0060541-8
Data de Julgamento: 05/09/2018

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. AÇÃO INDENIZATÓRIA. COBRANÇA.


CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS EXIGIDOS PELOS ARTS. 15 E 17 DA LINDB E
216-A A 216-N DO RISTJ. ALEGAÇÃO DE SUPERVENIÊNCIA DE NOVAÇÃO ENTRE
AS PARTES. MATÉRIA DE MÉRITO DA DEFESA. IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE
NESTE SEARA HOMOLOGATÓRIA. MERO JUÍZO DE DELIBAÇÃO. SENTENÇA
ESTRANGEIRA HOMOLOGADA EM CONCORDÂNCIA COM O PARECER MINISTERIAL.
1. O pedido está em conformidade com os arts. 216-A a 216-N do RISTJ e 15 a 17
da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, pois a sentença foi proferida
por autoridade competente, tendo havido regular citação e trânsito em julgado, não
havendo, ainda, outros elementos que possam caracterizar ofensa à soberania
nacional ou à ordem pública brasileira.
2. A alegação de superveniência de novação entre as partes em relação ao valor
indenizatório refoge ao espectro do Juízo de Delibação próprio desta seara
homologatório, devendo ser deduzido, por ocasião da fase de execução, perante o
Juiz natural competente.
3. Sentença estrangeira homologada, em concordância com o Parecer Ministerial.

SEC 13877 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0127739-9
Data de Julgamento: 05/09/2018

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. CITAÇÃO. INSTITUTO PROCESSUAL


INSERIDO NA JURISDIÇÃO DE CADA PAÍS. AUSÊNCIA DE TRÂNSITO EM JULGADO.
COMPROVAÇÃO POR OUTROS MEIOS. POSSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO. MATÉRIA DE
MÉRITO. ARGUIÇÃO NO JUÍZO COMPETENTE. JUÍZO MERAMENTE DELIBATÓRIO.
ATENDIMENTO DOS REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO.
DEFERIMENTO. I - A citação é considerada um instituto processual inserido na
jurisdição de cada país, não sendo possível impor as regras do direito brasileiro ao
ato praticado no estrangeiro.
Precedente: SEC n. 13.552/EX, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Corte
Especial, julgado em 1º/6/2016, DJe 16/6/2016.
II - A comprovação do trânsito em julgado pode se dar por qualquer meio que
demonstre a irrecorribilidade da sentença estrangeira, ainda que demonstrada em
formato diverso do previsto na legislação brasileira. Precedentes: SEC 12.697/EX,
Rel. Ministro Felix Fischer, Corte Especial, julgado em 2/3/2016, DJe 12/4/2016;
SEC 9.374/EX, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Corte Especial, julgado em
6/5/2015, DJe 25/5/2015.
III - A prescrição, por se tratar de matéria de mérito, deve ser arguida no juízo
competente. Assim porque o Superior Tribunal de Justiça, nos procedimentos
de homologação de sentença estrangeira, exerce um juízo meramente
delibatório, sendo-lhe vedado adentrar no mérito da ação alienígena.
IV - Homologação de sentença estrangeira deferida.

SEC 14822 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0289159-0
Data de Julgamento: 05/09/2018

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. COMPETÊNCIA CONCORRENTE ENTRE A


JUSTIÇA BRASILEIRA E A AMERICANA. TRÂNSITO EM JULGADO. CARIMBO DE
ARQUIVAMENTO "FILED". DISPOSIÇÃO SOBRE IMÓVEL SITUADO NO BRASIL.
AQUISIÇÃO ANTERIOR AO CASAMENTO CELEBRADO SOB O REGIME DE
COMUNHÃO PARCIAL DE BENS. POSSIBILIDADE. ATENDIMENTO DOS REQUISITOS
PARA HOMOLOGAÇÃO. DEFERIMENTO. I - A hipótese versada nos autos se insere
no rol de competência concorrente da justiça brasileira previsto no art. 21 do
CPC/2015.
II - O trânsito em julgado pode ser comprovado com o carimbo "filed", no título
judicial estrangeiro. (SEC 8.883/EX, Rel. Ministro Raul Araújo, Corte Especial, DJe
11/9/2015; SEC 11.060/EX, Rel. Ministro Og Fernandes, Corte Especial, DJe
25/5/2015.
III - É válida a partilha de bens realizada no estrangeiro quando o bem imóvel
situado no Brasil for adquirido em data anterior ao casamento e o regime de bens
estipulado pelas partes seja o da comunhão parcial de bens. (SEC 15.639/EX, Rel.
Ministro Og Fernandes, Corte Especial, julgado em 4/10/2017, DJe 9/10/2017).
IV - Homologação de sentença estrangeira deferida.

HDE 176 / EX
HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA
2016/0334063-2
Data de Julgamento: 15/08/2018

HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA CONTESTADA. PEDIDO DE


HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA QUE DECRETA DIVÓRCIO E EFETUA A
PARTILHA DE BENS E DIREITOS E ESTABELECE AS RESPONSABILIDADES POR
DÍVIDAS. ARTIGOS 15 E 17 DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO
BRASILEIRO. ARTS. 963 A 965 DO CPC. ARTS. 216-C, 216-D E 216-F DO RISTJ.
REQUISITOS. CUMPRIMENTO. BENS IMÓVEIS SITUADOS NO BRASIL.
INVIABILIDADE, NO PONTO, DE HOMOLOGAÇÃO DA PARTILHA. ART. 89, I, DO
CPC/73. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL.
1. Nos termos dos artigos 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro, 963 a 965 do Código de Processo Civil e artigos 216-C, 216-D e 216-F do
Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, que, atualmente, disciplinam o
procedimento de homologação de sentença estrangeira, constituem requisitos
indispensáveis ao deferimento da homologação, os seguintes: (i) instrução da
petição inicial com o original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de
outros documentos indispensáveis; (ii) haver sido a sentença proferida por
autoridade competente; (iii) terem as partes sido regularmente citadas ou haver-se
legalmente verificado a revelia;
(iv) ter a sentença transitado em julgado; (v) não ofender "a soberania, a
dignidade da pessoa humana e/ou ordem pública".
2. A requerida afirma que a sentença estrangeira acostada pelo autor não é
completa, contudo não traz aos autos comprovação de qual seria a integralidade da
sentença, deixando de se desincumbir de comprovar fato impeditivo do direito à
homologação, ônus que lhe incumbe, a teor do art. 373, II, do CPC/73. 3.
Preenchidos os requisitos legais, impõe-se a homologação da sentença estrangeira,
não cabendo ao Superior Tribunal de Justiça o exame de matéria pertinente ao
mérito, salvo para, dentro de estreitos limites, verificar eventual ofensa à ordem
pública e à soberania nacional, o que não é o caso.
4. A pendência de demanda no Brasil não impede a homologação de sentença
estrangeira. Art. 24, parágrafo único, do CPC/2015.
Inexiste, ademais, proibição de que a requerida fosse demandada no estrangeiro,
onde vive.
5. Definitividade da sentença homologanda comprovada pela certidão acostada à
inicial, cumprindo-se a exigência do art. 961, parágrafo 1º, do CPC/2015.
6. Apenas no que diz respeito aos bens imóveis situados no Brasil, inviável a
homologação da partilha efetuada pela autoridade estrangeira, pois, nos termos do
art. 89, I, do CPC/73, em vigor quando da prolação da sentença estrangeira, a
partilha dos bens imóveis situados no Brasil apenas pode ser feita pela autoridade
judiciária brasileira, com a exclusão de qualquer outra.
7. Sentença estrangeira parcialmente homologada.

SEC 14385 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0206738-2
Data de Julgamento: 15/08/2018

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. SENTENÇA


ARBITRAL. LIMITES SUBJETIVOS. EFETIVO EXERCÍCIO DO CONTRADITÓRIO.
VERIFICAÇÃO. TEXTO FORMAL DA SENTENÇA. FORMALIDADES. ATENDIMENTO.
APOSTILAMENTO. CONVENÇÃO DE HAIA DE 1969. DECRETO 8.660 DE 29/01/2016.
DOCUMENTO PÚBLICO. CONCEITO AMPLO. ASSINATURA, SELO E OU CARIMBO.
AUTENTICIDADE. COMPROVAÇÃO. JUÍZO DE DELIBAÇÃO. COMPETÊNCIA. STJ.
EXAME DE MÉRITO. IMPOSSIBILIDADE. VALOR DA CAUSA. CONDENAÇÃO IMPOSTA
NO ESTRANGEIRO. HONORÁRIOS. DIREITO INTERTEMPORAL. MARCO DEFINIDOR.
PROLAÇÃO DA SENTENÇA.
1. O propósito deste julgamento é apreciar pedido de homologação de sentença
arbitral estrangeira proferida por Tribunal constituído no Estado de Nova Iorque
(Estados Unidos da América), ratificada pela Divisão de Recursos da Suprema Corte
de Nova Iorque, por meio da qual os requeridos teriam sido condenados ao
pagamento de US$ 2.003.290,33 (dois milhões três mil duzentos e noventa dólares
americanos e trinta e três centavos), em virtude da quebra do contrato social
entabulado entre as partes.
2. A comprovação do efetivo exercício da defesa pelos requeridos - ou de sua
dispensa na forma legal - no processo julgado no exterior é que define dos limites
subjetivos da sentença homologanda.
3. Como o juízo do STJ é de mera delibação, a verificação dos limites subjetivos da
sentença arbitral estrangeira deve ter em consideração a matéria incorporada ao
texto da decisão homologanda, sobretudo quanto às partes e o respetivo exercício
do contraditório, a partir do que será verificada a extensão da obrigação apta a se
tornar eficaz e exequível no território nacional.
4. Deduz-se dos autos que os requerentes atuaram em nome próprio e na condição
de representantes da empresa PRNUSA. LLC., e que somente o réu no processo
arbitral - Sr. CARLOS SOBRAL - exerceu amplamente sua defesa e foi condenado ao
pagamento da quantia mencionada na sentença homologanda. O processo deve,
portanto, ser extinto sem resolução do mérito em relação à requerida ILLUSION
ACESSÓRIOS DE MODAS LTDA, por sua manifesta ilegitimidade passiva.
5. Em relação ao requerido CARLOS SOBRAL, foram atendidas as formalidades
necessárias à homologação da sentença arbitral estrangeira, pois foi acostada aos
autos cópia da decisão homologanda, de conteúdo condenatório, oficialmente
traduzida e apostilada, bem como toda documentação essencial para exame do
pedido. Verifica-se, igualmente, que a sentença foi proferida por autoridade
competente, a referida parte ré foi citada validamente e houve o trânsito em
julgado de decisão que não representa violação à soberania nacional, à dignidade
da pessoa humana ou à ordem pública.
6. O conceito de documentos públicos, constante no art. 2º da Convenção de Haia
de Eliminação da Exigência de Legalização de Documentos Públicos Estrangeiros de
1961 (Decreto 8.660 de 29 de janeiro de 2016), deve ser interpretado de forma
ampla e abrangente, para garantir que o maior número possível de documentos se
beneficie do processo de autenticação simplificada da Convenção.
7. Na hipótese dos autos, a autenticidade da assinatura, selo ou carimbo oficiais do
Estado de origem apostos no documento legal estrangeiro objeto foi comprovada
pelo apostilamento, estando, pois, evidenciada a autenticidade e legitimidade da
sentença arbitral objeto do pedido de homologação.
8. O valor da causa, em homologação de sentença estrangeira condenatória, é
o da condenação por esta imposta. Precedentes.
9. O marco temporal para a aplicação das regras fixadas pelo CPC/2015 em relação
aos honorários advocatícios é a data da prolação da sentença. Precedentes.
10. Sentença arbitral estrangeira homologada parcialmente. Processo extinto sem
resolução de mérito em relação à requerida ILLUSION ACESSÓRIOS DE MODAS
LTDA.

SEC 8903 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2013/0099407-4
Data de Julgamento: 20/06/2018

SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. DIVÓRCIO. EXISTÊNCIA DE SENTENÇA


BRASILEIRA TRANSITADA EM JULGADO COM O MESMO OBJETO. OFENSA À
SOBERANIA NACIONAL. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO INDEFERIDO, NOS TERMOS
DO PARECER DO MPF.
1. Trata-se de pedido de Homologação de Sentença Estrangeira de divórcio,
proferida pela Suprema Corte do Estado de Nova Iorque, Condado do Queens,
Estados Unidos da América. 2. De forma superveniente à propositura do presente
pedido de homologação, o Poder Judiciário brasileiro homologou acordo judicial com
o mesmo objeto da sentença alienígena, decretando, em sentença transitada em
julgado, a dissolução do vínculo matrimonial do casal.
3. Discussão acerca de eventual nulidade do acordo homologado que deve ser
deduzido em ação própria. Precedentes: AgRg no REsp.
1.118.946/SC, Rel. Min. SIDNEI BENETI, DJe 25.9.2009 e AgRg no REsp.
1.057.402/BA, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 23.4.2009.
4. Não se homologa sentença estrangeira, se existir sentença brasileira, com o
mesmo objeto e já transitada em julgado, sob pena de ofensa à soberania nacional
(AgRg na SE 9.698/EX, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJe 18.2.2015).
5. Pedido de homologação de sentença estrangeira indeferido, nos termos do
parecer do Ministério Público Federal.

SEC 14812 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0287786-1
Data de Julgamento: 16/05/2018

CIVIL. PROCESSUAL CIVIL. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA


ESTRANGEIRA CONTESTADA. GUARDA E VISITA DE MENORES. NOVO
REGRAMENTO DA AÇÃO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA
ESTRANGEIRA PELO CPC/15. APLICAÇÃO APENAS SUPLETIVA DO RISTJ.
INCIDÊNCIA IMEDIATA DA NOVA LEI AOS PROCESSOS PENDENTES, SOBRETUDO
QUANTO AOS REQUISITOS MATERIAIS DE HOMOLOGAÇÃO. APLICAÇÃO DOS ARTS.
14 E 1.046 DO CPC/15. NECESSIDADE DE TRÂNSITO EM JULGADO NA ORIGEM.
REQUISITO INEXISTENTE NO CPC/15. NECESSIDADE DE QUE A DECISÃO APENAS
SEJA EFICAZ EM SEU PAÍS. EXISTÊNCIA DE DECISÃO PROVISÓRIA NO PAÍS DE
ORIGEM SUSPENDENDO A PRODUÇÃO DE EFEITOS DA SENTENÇA QUE SE
PRETENDE HOMOLOGAR. DECISÃO INEXEQUÍVEL E NÃO HOMOLOGÁVEL NO
BRASIL.
1- O propósito da presente ação é obter a homologação de sentença proferida pelo
Poder Judiciário da Bulgária que disciplinou questões relacionadas à guarda e à
visitação de menores.
2- Com a entrada em vigor do CPC/15, os requisitos indispensáveis à homologação
da sentença estrangeira passaram a contar com disciplina legal, de modo que o
Regimento Interno desta Corte deverá ser aplicado em caráter supletivo e naquilo
que for compatível com a disciplina contida na legislação federal.
3- O art. 963, III, do CPC/15, não mais exige que a decisão judicial que se
pretende homologar tenha transitado em julgado, mas, ao revés, que somente seja
ela eficaz em seu país de origem, tendo sido tacitamente revogado o art. 216-D,
III, do RISTJ.
4- Aplica-se o CPC/15, especialmente no que tange aos requisitos materiais de
homologação da sentença estrangeira, às ações ainda pendentes ao tempo de sua
entrada em vigor, mesmo que tenham sido elas ajuizadas na vigência da legislação
revogada.
5- É eficaz em seu país de origem a decisão que nele possa ser executada, ainda
que provisoriamente, de modo que havendo pronunciamento judicial suspendendo
a produção de efeitos da sentença que se pretende homologar no Brasil, mesmo
que em caráter liminar, a homologação não pode ser realizada.
6- Pedido de homologação de sentença estrangeira julgado improcedente.

SEC 15091 / EX
SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA
2015/0322950-5
Data de Julgamento: 07/03/2018

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA


ESTRANGEIRA. CONTESTAÇÃO. ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE PROVA DE
TRÂNSITO EM JULGADO. CARIMBO QUE COMPROVA O FATO. SITUAÇÃO
DEFINITIVA. AUSÊNCIA DE CITAÇÃO NO PROCESSO ORIGINAL. INEXISTÊNCIA DE
INTERESSE EM PARTICIPAR NO PROCESSO ESTRANGEIRO. CITAÇÃO NO PRESENTE
FEITO. DESINTERESSE EVIDENTE MITIGA O ÓBICE DE CITAÇÃO. ADOÇÃO
BENÉFICA EM SINTONIA COM REALIDADE CONSOLIDADA. PRECEDENTES.
1. Cuida-se de pedido de homologação de sentença de adoção de um menor
brasileiro e estrangeiro por mãe brasileira, com consentimento do pai, o qual
também possui cidadania dupla; a mãe biológica foi representada pela Defensoria
Pública da União, a qual manejou dois óbices formais à homologação, assim como
alega haver ofensa à ordem jurídica pátria.
2. Não há falar em ausência na prova do trânsito em julgado da sentença
estrangeira, pois existe um carimbo aposto nela (fl. 15), com a devida tradução
juramentada (fl. 21); ainda que houvesse dúvida, o caso dos autos bem evidencia
que a adoção ocorrida no estrangeiro é definitiva e consolidada. Precedente: SEC
3.281/EX, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Corte Especial, publicado no
DJe em 19/12/2011.
3. O título judicial estrangeiro indica que não houve interesse da mãe biológica em
participar do processo original, bem como não houve interesse dela em se
manifestar no pleito de homologação, apesar de ter sido devidamente citada (fl.
70); a jurisprudência do STJ já firmou que o manifesto desinteresse em participar
da lide pode acarretar a mitigação do óbice alegado pela requerida: SEC 6.396/EX,
Rel. Ministro Luis Felipe Salomão, Corte Especial, publicado no DJe em 6/11/2014.
4. No caso dos autos, a sentença estrangeira frisa que a adoção é benéfica ao
menor, bem como o contexto demonstra que a criança está inserida em uma
unidade familiar, residindo no país estrangeiro desde tenra idade, em situação
consolidada (fls. 21-22); a Corte Especial do STJ possui jurisprudência favorável em
prol da homologação de adoção, quando o menor reside no estrangeiro com a parte
adotante por muitos anos, em companhia de um dos pais biológicos: SEC 8.600/EX,
Rel. Ministro Og Fernandes, publicado no DJe em 16/10/2014.
5. Ainda que assim não fosse, a Corte Especial do STJ tem o entendido ser possível
a concretização da adoção sem a anuência de um dos pais biológicos se tal decisão
jurídica for favorável ao interesse da criança. Precedentes: SEC 10.700/EX, Rel.
Ministro Raul Araújo, publicado no DJe em 4/8/2015; e SEC 9.073/EX, Rel. Ministra
Maria Thereza De Assis Moura, publicado no DJe em 24/9/2014.
6. Atendidos os requisitos dos arts. 960 e seguintes do Código de Processo Civil,
bem como dos arts. 15 e seguintes da LINDB e os termos do RISTJ, deve ser
homologada a sentença estrangeira.
Pedido de homologação deferido.

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