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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

ELISAMAR MATOS DA SILVA (202020531111)


JÚLIA LIMA MONTEIRO DOS SANTOS (202020530011)
LAVYNNYA LOUREIRO BARBOSA (202010380011)
NATÁLIA VASCONCELLOS DE OLIVEIRA (202010244611)

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO I

RIO DE JANEIRO

2022
1. DECISÃO CONTRATO INTERNACIONAL:

Ação REsp 1090720 / RJ - RECURSO ESPECIAL


2008/0209397-3
Relator Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA

Órgão T4 - QUARTA TURMA


Data 14/06/2016

do
julgament
o
Publicação DJe 23/08/2016
Ementa PROCESSO CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS INTERPOSTOS NA
VIGÊNCIA DO
CPC/1973. CONTRATO INTERNACIONAL.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE. CLÁUSULA
DE ELEIÇÃO DE FORO. PERMISSÃO LEGAL E CONTRATUAL
PARA ESCOLHA DE
OUTRO FORO. AÇÕES AJUIZADAS NA
INGLATERRA. SENTENÇAS PROFERIDAS.
AJUIZAMENTO DE AÇÃO DECLARATÓRIA NO BRASIL PELA
PARTE SUCUMBENTE NO
TERRITÓRIO INGLÊS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA BOA-
FÉ OBJETIVA.
IMPOSSIBILIDADE DE BENEFICIAR-SE DA
PRÓPRIA TORPEZA.
1. Tendo sido extinta a ação declaratória por faltar ao Poder
Judiciário brasileiro jurisdição sobre o feito - matéria objeto dos
recursos especiais -, os efeitos da superveniente homologação de
sentença estrangeira acerca da referida demanda somente poderão
ser enfrentados se reconhecida a jurisdição nacional. Isso porque,
sem jurisdição e sem competência, não é permitido ao magistrado
nem ao STJ decidir nenhuma outra questão jurídica, meritória ou
processual.
2. As matérias relacionadas para efeito de comprovar a afronta ao
art. 535 do CPC/1973 foram enfrentadas pelo Tribunal de origem,
sobretudo à luz dos arts. 88, 89 e 90 do CPC/1973, de cláusula
contratual e, ainda, da livre aceitação pelas partes da jurisdição
estrangeira. Omissões, portanto, descaracterizadas.
3. Apesar de reconhecer a jurisdição concorrente com fundamento
no art. 88, I, do CPC/1973 e no próprio contrato (cláusula 14.2), o
TJRJ afastou a jurisdição do Poder Judiciário brasileiro, tendo em
vista que contratantes e contratadas ajuizaram demandas no foro
inglês e, somente depois de sentenciados os respectivos processos, a
empresa cessionária dos supostos direitos das partes sucumbentes
propôs ação declaratória no Brasil com o propósito de rediscutir
questões decididas pela Justiça alienígena. Em tais circunstâncias,
diante dos princípios da boa-fé objetiva e da segurança jurídica, os
quais também devem ser respeitados no plano internacional,
mantém-se a extinção da presente declaratória por faltar jurisdição à
magistratura brasileira.
4. Diante da impossibilidade legal de a parte se beneficiar da
própria torpeza, descabe à recorrente alegar a existência de
fraude vinculada à cláusula de eleição de foro e de aplicação da
legislação inglesa ao contrato assinado em território inglês.
5. Sendo vedado às cedentes ajuizar a presente ação no Brasil,
também não poderia fazê-lo a cessionária, que possui os mesmos
direitos daquelas, não mais.
6. Divergência jurisprudencial não configurada por ausência de
semelhança fática entre os casos confrontados.
7. Não sendo partes nesta demanda, cabe às cedentes, para
interpor recurso especial, comprovar "o nexo de interdependência
entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à
apreciação judicial", nos termos do art. 499, § 3º, do CPC/1973.
Incidência da Súmula n. 5 do STJ, considerando a necessidade de
examinar integralmente as cláusulas do contrato assinado entre a
cessionária, autora desta ação, e as cedentes, com recursos
especiais distintos.
8. Verificada a cessão de supostos créditos disputados
judicialmente (art.358 do CC/2002), não incide o direito à evicção
em favor da cessionária, disciplinado no art. 359 do CC/2002,
sendo certo não ter existido hipótese de "retomada" nem "perda" de
domínio ou posse de bem adquirido pela cessionária. Fica afastada
a legitimidade recursal das cedentes também por essa razão.
9. Recurso especial interposto por MARÍTIMA PETRÓLEO E
ENGENHARIA
LTDA. conhecido em parte e desprovido. Recurso interposto por
FSO CONTRUCTION INC. e outras não conhecido.

1.2- ANÁLISE CRÍTICA:

O contrato internacional é definido pelos atos concernentes à sua conclusão ou


execução, ou ainda à situação das partes quanto à sua nacionalidade ou seu domicílio, ou à
localização de seu objeto, tendo liames com mais de um sistema jurídico.

A partir desse fundamento, entendemos que o julgado colacionado acima trata-se de um


contrato internacional julgado em sua primeira vez em foro inglês, visto que foi consolidado em
Londres. No entanto, em seu primeiro julgamento, a agravada após sair-se vencida na justiça
inglesa, volta seus pleitos à justiça brasileira.

Foi decidido: “A Quarta Turma, por unanimidade, conheceu parcialmente do recurso


especial interposto por MARÍTIMA PETRÓLEO E ENGENHARIA LTDA e negou-lhe
provimento e não conheceu do recurso especial interposto por FSO CONTRUCTION INC e
OUTROS, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Marco Buzzi, Luis Felipe
Salomão, Raul Araújo e Maria Isabel Gallotti (Presidente) votaram com o Sr. Ministro Relator.”
Brasília-DF, 14 de junho de 2016 (Data do Julgamento)

Julgamos essa decisão certeira e eficaz. Embora esteja disposto no art.88 da Lei nº 5.869 de
11 de Janeiro de 1973 que é competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de
ser cumprida a obrigação;

E neste caso um dos réus, ora agravante, tem sede no Brasil. Já no inciso II, não se verifica
a hipótese e isto porque as obrigações constituídas não eram para ser cumpridas no Brasil. Deve-se
observar primeiro se a lei brasileira possui jurisprudência necessária para julgar o caso, e no caso
em que tratamos não há jurisdição brasileira suficiente para julgar esse caso, portanto, sem
jurisdição e sem competência, não é permitido ao magistrado nem ao STJ decidir nenhuma outra
questão jurídica, meritória ou processual.

2. DECISÃO ARBITRAGEM INTERNACIONAL:


Ação HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO
ESTRANGEIRA Nº 3.664 - PE
(2019/0349368-0)

Relator MINISTRO MAURO CAMPBELL


MARQUES

Órgão

Data do julgamento 09/06/2020

Publicação DJe 12/06/2020

Ementa EMENTA PROCESSUAL CIVIL.


HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO
ESTRANGEIRA. SENTENÇA ARBITRAL.
COBRANÇA. CITAÇÃO DA PARTE
REQUERIDA. AUSÊNCIA DE
IRREGULARIDADES NO JULGAMENTO À
REVELIA. INADIMPLEMENTO
CONTRATUAL. AUSÊNCIA DE
VIOLAÇÃO DE ORDEM PÚBLICA.
SENTENÇA ARBITRAL ESTRANGEIRA
HOMOLOGADA.

2.2 ANALÍSE CRÍTICA:

Dentre os métodos de resolução de conflitos privados, constituída por heterocomposição,


tem-se a arbitragem. Sendo um método de solução de litígio alternativo, composto por cláusulas
delimitadas pelos litigantes ou por juízes convencionados por eles próprios, configurando-se como
um meio de resolução convencionado pela vontade das partes, em que o árbitro, com formação
especializada julga os conflitos com autoridade baseada no poder contratual das partes,
diferentemente do magistrado da jurisdição tradicional, que carrega em sua atuação o poder
constitucional.

Sendo assim, quando comparada à jurisdição tradicional, a arbitragem traz vantagens


como a maior celeridade em seu trâmite, o que tem feito com que esse método ganhe cada vez mais
espaço no que tange a solução de conflitos, inclusive, já há longínquo tempo, em processos com
conexão internacional.
Nesse sentido, a sentença arbitral estrangeira configura-se como uma decisão proferida
por um árbitro ou por um tribunal arbitral no exterior, que para obter pleno reconhecimento e força
de execução no Brasil, necessita passar pelo processo de homologação, que de acordo com o art. 35
da Lei 9.307/96, está sujeita unicamente à competência do Superior Tribunal de Justiça.

A título de exemplo, têm-se a HOMOLOGAÇÃO DE DECISÃO ESTRANGEIRA Nº


3.664 - PE (2019/0349368-0), tendo por relator o Min. Mauro Campbell Marques. O caso em
questão trata-se de um requerimento por parte da Obrascon Huarte Lain SA, Sucursal Del Peru em
que foi solicitada a homologação de sentença arbitral proferida pela Corte Internacional de
Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, em desfavor da empresa brasileira Bomag
Marini Equipamentos LTDA.

Em sua inicial, a requerente alega que contratou a empresa brasileira, especializada na


produção e fornecimento de equipamentos de construção, mediante o pagamento de US$
1.504.004,00 em três parcelas, no intuito de construir uma rodovia no Peru. Afirma, no entanto, que
houve um descumprimento contratual e que a sentença arbitral, em questão, determinou a
restituição do valor do contrato, acrescido de juros. Ajuizando no STJ, o título estrangeiro, na
intenção de que, com sua homologação, o recebimento da quantia devida fosse viabilizado.

Com isso, no relatório, é apresentado os requisitos indispensáveis à homologação de


sentença estrangeira, determinados pelos artigos 216-D e 216-F do Regimento Interno do STJ, do
art. 15 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, e do art. 963 do CPC/2015, sendo
eles: que a sentença tenha sido proferida por autoridade competente, tendo as partes sido citadas ou
verificada a revelia, que tenha transitado em julgado, com autenticação do cônsul brasileiro e
tradução por oficial ou juramentado no Brasil e que, além disso, não ofenda a soberania ou a ordem
pública. Sendo assim, foi destacada a comprovação de que o título estrangeiro era válido.

Ainda que a parte requerida tenha alegado violação aos princípios do contraditório e da
ampla defesa, o que condenaria o título estrangeiro, por representar ofensa à ordem pública
brasileira, foi entendido que não havia evidências de que a decisão ofendesse a ordem pública
nacional, sob a análise dos arts. 38 e 39 da Lei nº 9.307/96.
Sendo assim, o pedido que visava a condenação da requerida por inadimplemento
contratual, sob a “Hipótese concreta em que foram preenchidos os requisitos formais impostos pelas
normas de regência, tendo-se constatado a ausência de ofensa à soberania nacional à dignidade da
pessoa humana e à ordem pública.”, teve sua sentença arbitral estrangeira homologada.

Deste modo, analisando-se criticamente o cenário supracitado e a tendência de que as


partes, sobretudo as envolvidas em negócios internacionais, optarem por resolverem conflitos e
dispostas extrajudicialmente, tem-se que há um solo fértil no crescimento da arbitragem tanto no
foro interno quanto no externo. Observa-se assim a crescente presença nos contratos internacionais
envolvendo entes e pessoas (físicas ou jurídicas) de diversas jurisdições, a presença de cláusulas
arbitrais que propiciam, dentre outras coisas, uma maior celeridade ao processo de solução de
conflitos e maior comodidade às partes quanto a não subjugação à atividade jurisdicional de país
estrangeiro. De tal forma, há grande relevância no que tange a existência da arbitragem
internacionalmente, sobretudo porque essa tende a não privilegiar nenhum dos lados da relação, no
que concerne à jurisdição.

3. BIBLIOGRAFIA:

https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/862567092/recurso-especial-resp-1090720-rj-2008-
0209397-3/inteiro-teor-862567095

https://processo.stj.jus.br/processo/monocraticas/decisoes/?
num_registro=201903493680&dt_publicacao=12/06/2020

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