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RIO DE JANEIRO
2022
1. DECISÃO CONTRATO INTERNACIONAL:
do
julgament
o
Publicação DJe 23/08/2016
Ementa PROCESSO CIVIL. RECURSOS ESPECIAIS INTERPOSTOS NA
VIGÊNCIA DO
CPC/1973. CONTRATO INTERNACIONAL.
COMPETÊNCIA CONCORRENTE. CLÁUSULA
DE ELEIÇÃO DE FORO. PERMISSÃO LEGAL E CONTRATUAL
PARA ESCOLHA DE
OUTRO FORO. AÇÕES AJUIZADAS NA
INGLATERRA. SENTENÇAS PROFERIDAS.
AJUIZAMENTO DE AÇÃO DECLARATÓRIA NO BRASIL PELA
PARTE SUCUMBENTE NO
TERRITÓRIO INGLÊS. VIOLAÇÃO DO PRINCÍPIO DA BOA-
FÉ OBJETIVA.
IMPOSSIBILIDADE DE BENEFICIAR-SE DA
PRÓPRIA TORPEZA.
1. Tendo sido extinta a ação declaratória por faltar ao Poder
Judiciário brasileiro jurisdição sobre o feito - matéria objeto dos
recursos especiais -, os efeitos da superveniente homologação de
sentença estrangeira acerca da referida demanda somente poderão
ser enfrentados se reconhecida a jurisdição nacional. Isso porque,
sem jurisdição e sem competência, não é permitido ao magistrado
nem ao STJ decidir nenhuma outra questão jurídica, meritória ou
processual.
2. As matérias relacionadas para efeito de comprovar a afronta ao
art. 535 do CPC/1973 foram enfrentadas pelo Tribunal de origem,
sobretudo à luz dos arts. 88, 89 e 90 do CPC/1973, de cláusula
contratual e, ainda, da livre aceitação pelas partes da jurisdição
estrangeira. Omissões, portanto, descaracterizadas.
3. Apesar de reconhecer a jurisdição concorrente com fundamento
no art. 88, I, do CPC/1973 e no próprio contrato (cláusula 14.2), o
TJRJ afastou a jurisdição do Poder Judiciário brasileiro, tendo em
vista que contratantes e contratadas ajuizaram demandas no foro
inglês e, somente depois de sentenciados os respectivos processos, a
empresa cessionária dos supostos direitos das partes sucumbentes
propôs ação declaratória no Brasil com o propósito de rediscutir
questões decididas pela Justiça alienígena. Em tais circunstâncias,
diante dos princípios da boa-fé objetiva e da segurança jurídica, os
quais também devem ser respeitados no plano internacional,
mantém-se a extinção da presente declaratória por faltar jurisdição à
magistratura brasileira.
4. Diante da impossibilidade legal de a parte se beneficiar da
própria torpeza, descabe à recorrente alegar a existência de
fraude vinculada à cláusula de eleição de foro e de aplicação da
legislação inglesa ao contrato assinado em território inglês.
5. Sendo vedado às cedentes ajuizar a presente ação no Brasil,
também não poderia fazê-lo a cessionária, que possui os mesmos
direitos daquelas, não mais.
6. Divergência jurisprudencial não configurada por ausência de
semelhança fática entre os casos confrontados.
7. Não sendo partes nesta demanda, cabe às cedentes, para
interpor recurso especial, comprovar "o nexo de interdependência
entre o seu interesse de intervir e a relação jurídica submetida à
apreciação judicial", nos termos do art. 499, § 3º, do CPC/1973.
Incidência da Súmula n. 5 do STJ, considerando a necessidade de
examinar integralmente as cláusulas do contrato assinado entre a
cessionária, autora desta ação, e as cedentes, com recursos
especiais distintos.
8. Verificada a cessão de supostos créditos disputados
judicialmente (art.358 do CC/2002), não incide o direito à evicção
em favor da cessionária, disciplinado no art. 359 do CC/2002,
sendo certo não ter existido hipótese de "retomada" nem "perda" de
domínio ou posse de bem adquirido pela cessionária. Fica afastada
a legitimidade recursal das cedentes também por essa razão.
9. Recurso especial interposto por MARÍTIMA PETRÓLEO E
ENGENHARIA
LTDA. conhecido em parte e desprovido. Recurso interposto por
FSO CONTRUCTION INC. e outras não conhecido.
Julgamos essa decisão certeira e eficaz. Embora esteja disposto no art.88 da Lei nº 5.869 de
11 de Janeiro de 1973 que é competente a autoridade judiciária brasileira quando:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de
ser cumprida a obrigação;
E neste caso um dos réus, ora agravante, tem sede no Brasil. Já no inciso II, não se verifica
a hipótese e isto porque as obrigações constituídas não eram para ser cumpridas no Brasil. Deve-se
observar primeiro se a lei brasileira possui jurisprudência necessária para julgar o caso, e no caso
em que tratamos não há jurisdição brasileira suficiente para julgar esse caso, portanto, sem
jurisdição e sem competência, não é permitido ao magistrado nem ao STJ decidir nenhuma outra
questão jurídica, meritória ou processual.
Órgão
Ainda que a parte requerida tenha alegado violação aos princípios do contraditório e da
ampla defesa, o que condenaria o título estrangeiro, por representar ofensa à ordem pública
brasileira, foi entendido que não havia evidências de que a decisão ofendesse a ordem pública
nacional, sob a análise dos arts. 38 e 39 da Lei nº 9.307/96.
Sendo assim, o pedido que visava a condenação da requerida por inadimplemento
contratual, sob a “Hipótese concreta em que foram preenchidos os requisitos formais impostos pelas
normas de regência, tendo-se constatado a ausência de ofensa à soberania nacional à dignidade da
pessoa humana e à ordem pública.”, teve sua sentença arbitral estrangeira homologada.
3. BIBLIOGRAFIA:
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/862567092/recurso-especial-resp-1090720-rj-2008-
0209397-3/inteiro-teor-862567095
https://processo.stj.jus.br/processo/monocraticas/decisoes/?
num_registro=201903493680&dt_publicacao=12/06/2020