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2. (Extra) territorialidade
Em síntese, determina o art. 5º do Código Penal que para os crimes
cometidos no território nacional será aplicada, em regra, a lei penal
brasileira. Cuida-se do chamado princípio da territorialidade.
Por outro lado, é possível, conforme determina o art. 7º do CP, que em
situações excepcionais a lei brasileira seja aplicada a crimes
praticados fora do Brasil, a exemplo daqueles contra a vida ou a liberdade do
Presidente da República (art. 7º, I, a). Nesse caso, temos o
chamado princípio da extraterritorialidade.
Acontece que a Lei das Contravencoes Penais (Decreto-Lei nº 3.688/1941)
expressamente determina, em seu art. 2º, que a lei brasileira só será
aplicável às contravenções ocorridas no território nacional. Não houve
previsão de extraterritorialidade, apenas de territorialidade.
Portanto, em relação aos crimes, aplica-se tanto a regra
da territorialidade quanto a da extraterritorialidade. Já em relação
às contravenções, somente se aplica a regra da territorialidade.
A título de exemplo, conforme já visto em outra oportunidade , sabe-se que a
prática do jogo do bicho constitui contravenção penal (art. 58 da Lei das
Contravencoes Penais ).
Assim, se um brasileiro explorar ou realizar tal jogo no exterior, não
poderá ser processado no Brasil por essa prática.
3. Tentativa
Ocorre a tentativa sempre que o agente, após iniciar a prática (execução) do
crime, não consegue obter a consumação por circunstâncias alheias à sua
vontade. Em relação aos crimes, a tentativa vem prevista no art. 14, inciso II,
do CP.
Já para as contravenções penais, o art. 4º do já mencionado DL nº 3.688/41,
expressamente prevê que a tentativa não é punível em relação a elas.
E qual a razão disso?
A tentativa pressupõe uma menor ofensividade no comportamento do agente,
ou seja, a conduta até merece a atenção do Direito Penal, mas como o grau
de ofensa é menor do que seria caso o delito tivesse sido consumado, o
agente receberá uma pena menor.
Agora, acerca das contravenções, estas, por si sós, já possuem um grau
bastante reduzido de ofensividade, com penalidades quase irrisórias, o que,
portanto, não justificaria uma redução em razão de sua prática na modalidade
tentada.
4. Ação Penal
Para os crimes, ação penal poderá ser pública (condicionada ou
incondicionada à representação) ou mesmo privada (aquela que é de
iniciativa do ofendido, seu representante ou de seus sucessores).
As contravenções penais, por outro lado, somente se operam
mediante ação penal pública (incondicionada à representação), nos termos
do art. 17 do DL nº 3.688/41.
5. Elemento Subjetivo
De acordo com o que se extrai de atenta leitura do CP, quanto ao elemento
subjetivo, os crimes poderão ser dolosos ou culposos (art. 18). Em síntese,
dolo é a vontade livre e consciente; enquanto a culpa é a inobservância de um
dever de cuidado.
As contravenções penais não admitem modalidade culposa. Ou
seja, somente comportam o dolo. Nesse sentido, considera-se que o
art. 3º da Lei das Contravencoes Penais foi tacitamente revogado pela
Reforma de Penal de 1984 (JESUS, p. 39).
6. Período de Prova
Entende-se por período de prova, basicamente, o tempo em que o condenado
se compromete a cumprir obrigações impostas na sentença. Enquanto isso, a
execução da pena fica suspensa. Ou seja, embora condenado, não terá de
cumprir pena.
Nos crimes, de acordo com o que determina o caput do art. 77 do CP, o
período de prova será de 2 a 4 anos. Caso o condenado seja maior de 70
anos, ou por razões de saúde, tal período pode ser estendido, nos termos
do § 2º do mencionado artigo, para 4 a 6 anos.
Enquanto nas contravenções penais o período de prova será de 1 a 3
anos (art. 11 do DL nº 3.688/41).
6. Período de Prova
Entende-se por período de prova, basicamente, o tempo em que o condenado
se compromete a cumprir obrigações impostas na sentença. Enquanto isso, a
execução da pena fica suspensa. Ou seja, embora condenado, não terá de
cumprir pena.
Nos crimes, de acordo com o que determina o caput do art. 77 do CP, o
período de prova será de 2 a 4 anos. Caso o condenado seja maior de 70
anos, ou por razões de saúde, tal período pode ser estendido, nos termos
do § 2º do mencionado artigo, para 4 a 6 anos.
Enquanto nas contravenções penais o período de prova será de 1 a 3
anos (art. 11 do DL nº 3.688/41).
7. Medidas de Segurança:
Tratando-se da prática de crimes, segundo determina o art. 97 do CP, o prazo
mínimo da internação ou do tratamento ambulatorial será de 1 a 3 anos.
Para as contravenções penais, conforme determina o art. 16 do DL
nº 3.688/41, tal prazo será de no mínimo 6 meses.
8. Máximo da Pena
O art. 75 do Código Penal, recém alterado pela Lei nº 13.964/19 (“Pacote
Anticrime”), determina que o tempo de cumprimento das penas privativas
de liberdade não poderá ser superior a 40 anos.
Já a Lei das Contravencoes Penais estabelece, em seu art. 10, que a duração
da pena de prisão simples não pode, em hipótese alguma, ser superior a 5
anos.
É possível instaurar inquérito policial em crime de menor potencial ofensivo?
A Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais) prevê o rito para julgamentos dos
crimes de menor potencial ofensivo que, em regra, são menos complexos do
que os crimes de maior gravidade.
Vejamos o que dispõe a lei:
Art. 60. O Juizado Especial Criminal, provido por juízes togados ou togados e
leigos, tem competência para a conciliação, o julgamento e a execução das
infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as regras de
conexão e continência.
Parágrafo único. Na reunião de processos, perante o juízo comum ou o
tribunal do júri, decorrentes da aplicação das regras de conexão e
continência, observar-se-ão os institutos da transação penal e da composição
dos danos civis.
Art. 61. Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os
efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine
pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.
O objetivo da lei 9.099/95 é ser simples e célere, sem criar obstáculos e
complexidades para o trâmite do processo penal quando ela for aplicável ao
caso que será analisado judicialmente no âmbito do JECRIM.
Mencionada simplicidade está prevista no artigo 62 da lei do Juizado Especial
Criminal, que preconiza o seguinte:
Art. 62. O processo perante o Juizado Especial orientar-se-á pelos critérios da
oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade,
objetivando, sempre que possível, a reparação dos danos sofridos pela vítima
e a aplicação de pena não privativa de liberdade.
Ou seja, o legislador editou referida lei pensando em resolver os crimes de
menor potencial ofensivo de forma rápida, simples e econômica.
Assim, foi introduzido na lei o termo circunstanciado, que tem característica
investigativa e serve como base para a propositura da ação penal desejada
pela vítima.
Entretanto, o termo circunstanciado é extremamente simples e, por vezes,
consta somente o relato da vítima e do possível autor dos fatos, sem haver
qualquer outro tipo de prova para embasar a ação penal.
Como exemplo da alegada simplicidade do termo circunstanciado e da ação
penal nos crimes de menor potencial ofensivo, apresento aos leitores o §
1º do artigo 77 da lei 9.099/95, que prescreve:
§ 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo
de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do inquérito policial,
prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime
estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.
Entretanto, se engana quem pensa que aos crimes de menor potencial
ofensivo somente pode se aplicar o termo circunstanciado e, assim, já
respondo a indagação contida no título deste artigo: sim, é possível a
instauração de inquérito policial nos crimes de menor potencial ofensivo.
Existem crimes que, apesar de seu menor potencial ofensivo, demandam uma
produção maior de provas, como por exemplo a realização de perícias. Assim,
a complexidade do caso vai ser determinante para a instauração (ou não) do
inquérito policial.
Trago para a leitura, a título de ilustração, uma decisão proferida pelo
Superior Tribunal de Justiça:
“PENAL E PROCESSUAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO
ORDINÁRIO. CRIME DE USURA. INQUÉRITO POLICIAL. AUSÊNCIA DE JUSTA
CAUSA. LEI 9.099/95. POSSIBILIDADE DE INSTAURAÇÃO DE INQUÉRITO
POLICIAL. DENEGAÇÃO DA ORDEM. 1. O trancamento de inquérito policial,
por meio de habeas corpus, é medida de exceção, só admissível quando
emerge dos autos, de forma inequívoca e sem dilação probatória, a
atipicidade da conduta e a inocência do acusado. 2. Não obstante a regra de
que nos feitos de competência dos juizados especiais criminais se deva
proceder à lavratura do termo circunstanciado, a Lei 9.099/95, a teor do seu
art. 77, § 2º, não veda a instauração do inquérito policial nas hipóteses em
que a complexidade ou as circunstâncias do caso não permitam a formulação
da denúncia. 3. Ordem denegada.”. (STJ - HC: 41348 SP 2005/0013966-9,
Relator: Ministro HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, Data de Julgamento:
02/08/2005, T6 - SEXTA TURMA, Data de Publicação: --> DJ 22/08/2005 p.
348 - GRIFAMOS).
Apresentação em tema: "Termo Circunstanciado / BO-TC"— Transcrição da
apresentação:
1 Termo Circunstanciado / BO-TC
Documento que será lavrado pelo policial militar que da ocorrência primeiro
tiver conhecimento, no qual devem ser registrados os dados essenciais da
ocorrência relativos às infrações penais de menor potencial ofensivo e
posteriormente será encaminhado ao Juizado Especial Criminal competente
para a conciliação, o julgamento e a execução dessas infrações penais.
2 Comunicação de Ocorrência Policial/BO-COP Documento operacional
confeccionado pelo policial militar que da infração penal de maior ou menor
potencial ofensivo primeiro tiver conhecimento, desde que não haja o flagrante
delito.Excetuam-se as ocorrências em que houver que, pela natureza e
gravidade do fato, haja a necessidade de comparecimento da Polícia Judiciária.
Logo, abrange a totalidade das infrações penais, desde que não haja o
flagrante delito.
3 Infrações penais de menor potencial ofensivo
São todas as contravenções penais e aqueles crimes a que a lei comine pena
máxima não superior a dois anos. EXCEÇÃO:LEI No , ESTATUTO IDOSOArt.
94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não
ultrapasse 4 (quatro) anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099,
de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no que couber, as disposições
do Código Penal e do Código de Processo Penal.
4 Juizados Especiais Criminais
São Órgãos do Poder Judiciário que têm competência para a conciliação, o
julgamento e a execução das penas relativas às infrações penais de menor
potencial ofensivo.
5 Crimes de ação penal pública incondicionada
São os crimes em que ação penal é promovida pelo Ministério Público,
independentemente de intervenção ou manifestação de vontade de quem quer
que seja, inclusive da própria vítima.Crimes de ação penal pública
condicionadaSão os crimes cuja ação penal é promovida pelo Ministério Público,
mediante a manifestação de vontade da vítima, através da apresentação de um
pedido formal a que é dado o nome de representação.As atividades de Polícia
Ostensiva são procedidas a partir da manifestação inequívoca da vítima que
solicita sua intervenção nos fatos
6 Crimes de ação penal privada
São os crimes onde a ação penal é promovida somente pela parte ofendida ou
seu representante legal, através de uma queixa-crime.As atividades de Polícia
Ostensiva são procedidas a partir da manifestação inequívoca da vítima que
solicita sua intervenção nos fatos.
7 Procedimentos de Polícia Ostensiva
Nos flagrantes de infrações penais de menor potencial ofensivo- Nas infrações
penais de ação penal pública incondicionadaHavendo compromisso do autor
comparecer JEC1- Lavratura do BO-TC pelo condutor da ocorrência.2- Colheita
da assinatura do autor do fato no Termo deCompromisso de Comparecimento
no JEC.3- Liberação do autor do fato.4- Encaminhamento do BO-TC ao
OPM.Não havendo compromisso do autor comparecer JECEncaminhamento do
autor do fato à Delegacia de Polícia para lavratura do APFD. Se houver a
negativa por parte do Delegado de Polícia para a lavratura do APFD, mesmo
assim a ocorrência será entregue na DP, devendo ser preenchido somente o
BA.
8 Nas infrações penais de ação penal pública condicionada
Havendo compromisso do autor comparecer JEC1- Lavratura do BO-TC pelo
condutor da ocorrência.2- Colheita da assinatura da vítima no Termo de
Representação.3- Colheita da assinatura do autor do fato no Termo
deCompromisso de Comparecimento no JECrim.4- Havendo a negativa do autor
do fato em comparecer ao JECrim, deverá ele ser conduzido à DP para a
lavratura do APFDNão havendo a manifestação inequívoca da vítima em
representar contra o autor do fato1- Lavratura do BO-COP fazendo constar a
manifestação da vítima no sentido não exercer o direito de representação,
assinalando no campo próprio do Boletim.2- Colheita da assinatura da vítima,
no corpo do Boletim de Ocorrência, alertando sobre o escoamento do prazo
decadencial de 06 (seis) meses para que expresse sua decisão a contar da data
em que vier a saber quem é o autor da infração penal.3- Liberação do autor do
fato.4- Encaminhamento do BO-COP ao OPM.
9 Nas infrações penais de ação penal privada
Havendo manifestação inequívoca da vítima1- Lavratura do BO-TC pelo
condutor da ocorrência.2- Colheita da assinatura da vítima, no corpo do Boletim
de Ocorrência.3- Colheita da assinatura do autor do fato no Termo de
Compromisso de comparecimento ao JECrim.4- Havendo a negativa do autor do
fato em comparecer ao JECrim, deverá ele ser conduzido à DP para a lavratura
do APFD.Não havendo a manifestação inequívoca da vítima1- Lavratura do BO-
COP fazendo constar a manifestação da vítima no sentido não exercer o direito
de representação, assinalando no campo próprio do Boletim.2- Colheita da
assinatura da vítima, no corpo do Boletim de Ocorrência, alertando sobre o
escoamento do prazo de 06 (seis) meses para que expresse sua decisão a
contar da data em que vier a saber quem é o autor da infração penal.3-
Liberação do autor do fato.4- Encaminhamento do BO-COP ao OPM
10 Infrações penais quando ausente a situação de flagrante delito
O policial militar que primeiro tiver conhecimento de infração penal (crimes de
maior ou menor potencial ofensivo e contravenções penais) que não comporte
a lavratura de Boletim de Ocorrência na forma de Termo Circunstanciado por
não se tratar de flagrante delito, registrá-la-á no citado Boletim na forma de
Comunicação de Ocorrência Policial, sem prejuízo das demais providências
técnico-policiais.Quando a ocorrência for de vulto ou de repercussão na mídia,
tais como homicídio, roubo a banco e outras, a polícia judiciária deverá ser
imediatamente comunicada, ficando a cargo desta a lavratura do BO-COP
11 Nos delitos de ação penal condicionada e ação privada, a vítima ou seu
representante legal, deverão manifestar-se, no campo do Boletim de Ocorrência
destinado a este fim, firmando seu interesse nas providências de polícia
judiciáriaPROCEDIMENTOS GERAISNos casos de ação pública condicionada ou
de ação privada, estando a vítima impossibilitada de manifestar-se quanto ao
desejo de dar seguimento ao feito, ou sendo incapaz para tal, presume-se, a
intenção de prosseguir e adotam-se os procedimentos previstos para o caso de
existência da representação.Nestes casos, esclarecer à vítima incapaz e ao
autor do fato que a representação deverá ser ratificada pelo responsável legal
pela vítima.
12 Nos delitos de ação pública condicionada ou privada, nas infrações de
menor potencial ofensivo, se após o início dos procedimentos de polícia
ostensiva houver composição entre o autor e a vítima, querendo esta desistir da
queixa ou representação, o atendente tomará as seguintes medidas:1-
Encaminhar a vítima a atendimento médico, se necessário;2- Preencher
integralmente o Boletim de Ocorrência na forma de Comunicação de Ocorrência
Policial.3- Colher manifestação da vítima de sua intenção, no campo apropriado
do Boletim de Ocorrência, informando a respeito do prazo decadencial de seis
meses;4- Esclarecer a vítima que esta decisão pode ser retificada em juízo;5-
Encaminhar o Boletim de Ocorrência - Comunicação de Ocorrência Policial ao
OPM
13 Nos delitos que exijam encaminhamento das partes a exame médico ou
perícia, a requisição de exame será assinada pelo próprio atendente da
ocorrência, em duas vias, que colherá contrafé na segunda via que será juntada
ao respectivo BO.As diligências complementares aos Boletins de Ocorrências,
deverão ser realizadas pelo atendente da ocorrência, responsável pela lavratura
do Boletim, com a supervisão e acompanhamento de seu comandante
imediato.Quando o ato diligencial requerer formalidades especiais, como
realização de perícias, inquirição de testemunhas e outras, o Comandante da
Fração poderá, em caráter excepcional, designar servidor diverso do atendente
da ocorrência.
14 Nas hipóteses de lavratura do Termo Circunstanciado, os procedimentos
deverão ser adotados no local dos fatos, ali mesmo liberando-se as partes.Ante
a conveniência do procedimento e da pacificação do conflito, entretanto,
poderão, em caso extremo, devidamente justificado, as partes serem removidas
para local apropriado onde será lavrado o BO.O isolamento de locais deverá ser
mantido quando haja necessidade de realização de perícias
especializadas.Quando o fato for penalmente atípico, ou seja, não descrito em
norma penal incriminadora, será lavrado o Boletim de Ocorrência
15 LEI /2006Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de
1940 (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:“Art. 129. §
9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de
hospitalidade:Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Benefícios do TCO
Redução das conduções coercitivas;
Termos necessários lavrados no local;
Celeridade e efetividade: registro da Ocorrência e Processo Penal;
Maior disponibilidade da PRF;
Maior capacitação do policial;
Menor custo para a sociedade;
Mais tempo para a Polícia Judiciária investigar outros crimes
A efetiva penalização de pequenos delitos inibe a escalada do autor na
criminalidade
RELATO DA IMPLANTAÇÃO DO TCO NA POLÍCIA MILITAR DE GOIÁS
Nair Bastos de Rezende Godinho [1]
Lucas Antônio de Morais Gomes [2]
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Pretende-se aqui descrever de forma empírica a experiência da Polícia Militar do
Estado de Goiás (PMGO) na implantação da lavratura do termo circunstanciado
de ocorrência, considerando que hoje é uma referência na gestão do referido
procedimento. Portanto, esse texto não irá se aprofundar em debates jurídicos,
os quais a nosso ver encontram-se sedimentados no sentido da possibilidade de
outras instituições policiais realizarem o procedimento.
Desde o ano de 2008 a PMGO já via a lavratura do termo circunstanciado de
ocorrência como sua atribuição e insculpiu isso no rol das atividades de seus
policiais, conforme a Portaria n. 23/2008-PMGO. Anos depois, em 2015,
deu-se inicio às tratativas sobre o tema com o Tribunal de Justiça de Goiás,
então a Corregedoria Geral de Justiça publicou-se o Provimento 18/2015 [3], o
qual autoriza os juízes a receberem os “Termos Circunstanciados de
Ocorrência” (TCO) lavrados por policiais militares e policiais rodoviários
federais, desde que estes tenham curso superior.
Nesse ínterim, algumas Unidades Policiais Militares (UPM) deram os primeiros
passos na atividade, primeiramente nos interiores (Acreúna e Piracanjuba) e,
posteriormente, na Capital, por meio do Batalhão de Eventos. Essas Unidades
foram pioneiras no discurso do TCO, na capacitação de seus policiais, na
tratativa com o Poder Judiciário local e na documentação necessária. Assim,
trilharam os primeiros passos de sucesso no TCO/PM orientando os rumos
futuros.
No ano de 2017 o assunto revigorou na Academia de Polícia Militar e se tornou
o desafio da Turma de Aspirantes/2017, os quais desenvolveram o Projeto de
Implantação, com estudos nos seguintes aspectos: fundamentação jurídica,
capacitação, aspectos técnicos, implantação e coordenação, e assim produziram
o Manual do TCO/PM.
No início de 2018, deu-se início à implantação efetiva do TCO/PM na Polícia
Militar de Goiás. Em primeiro plano preocupou-se com a capacitação, para
posteriormente efetivar a aplicabilidade operacional, sendo que no mês de
abril/2018, as Unidades Policiais Militares já estavam aptas para a lavratura dos
termos. Foi firmado um Termo de Cooperação entre Tribunal de Justiça de
Goiás, Ministério Público de Goiás e Secretaria de Estado da Segurança Pública
do Estado de Goiás para viabilização da lavratura do TCO pelos agentes de
segurança pública com as seguintes premissas:
1. a) resolução da ocorrência no local do fato com o agendamento
da audiência no Juizado Especial Criminal;
2. b) responsabilidade compartilhada entre as instituições
envolvidas;
3. c) automatização total do processo.
O referido termo de cooperação norteou as reuniões entre os órgãos e foi de
suma importância nos debates contrários à lavratura do TCO pela PMGO, pois
representava o posicionamento expresso do Estado de Goiás, por meio da
Secretaria de Segurança Pública. Além disso, foi publicada a Resolução
297/2018 do Tribunal Regional Eleitoral de Goiás [4] autorizando os
juízes eleitorais a receberem os Termos Circunstanciados de Ocorrências
Eleitorais.
Na capital iniciou-se a lavratura por meio de veículos modelo “Vans”, equipadas
com estações de trabalhos e meios tecnológicos, que deslocavam até o local da
ocorrência para lavrar o TCO, possuindo uma equipe de policiais militares
devidamente treinados. No transcorrer do tempo a demanda aumentou e foi
feita a descentralização do procedimento para cada UPM. No início também foi
criado um Plantão de Consultas do TCO/PM dentro do Centro de Operações
(COPOM), no qual servia de orientação ao policial militar que estivesse com
alguma não conformidade operacional ou administrativa no atendimento à
infração de menor potencial ofensivo. Esse foi um ano crucial para um caminho
de desenvolvimento progressivo, acompanhado de constantes debates
acirrados.
Em 2019 criou-se a Coordenação do TCO/PM como subseção da Seção de
Planejamento Operacional – PM3, distribuiu-se tablets e impressoras térmicas
para as Unidades Policiais Militares e deu-se início a um ciclo de Palestras de
Atualização para todas UPM.
No corrente ano, a Coordenação do TCO virou uma unidade autônoma, ligada,
diretamente, ao Estado Maior Estratégico. Foram publicadas duas Portarias,
uma de criação da coordenação e uma de orientação referente ao
procedimento acompanhada de uma diretriz, respectivamente Portarias
12.758/2020-PMGO e 12.759/2020-PMGO, bem como um Informativo
aos militares. Concomitante, foram analisados vários pontos do procedimento,
com vistas a promover sua otimização e maior celeridade. Também foi realizado
um levantamento estatístico com relatórios de produtividade.
Figura 1: Resumo da evolução histórica
2. CAPACITAÇÃO
Para iniciar a capacitação foi designada pela Portaria n. 10224/2018, uma
Coordenação Técnica Central, nomeados Técnicos do TCO, os quais foram
escolhidos em virtude de possuírem experiência situacional e realizado estudos
aprofundados sobre o tema. Assim, esses policiais militares, seriam os
instrutores dos cursos a serem ministrados. Também foi disciplinado a função
de gestor, o qual era o responsável pelo TCO em cada Unidade. Para tanto, os
cursos foram divididos nos seguintes níveis:
1. CURSO DE MULTIPLICADOR DO TCO: Ministrado pela
Coordenação Técnica Central do TCO ou pelos Multiplicadores nos
cursos de formação e graduação da Academia de Polícia.
2. CURSO DE EXECUTOR DO TCO: Ministrado pelos
Multiplicadores nas Unidades Policiais Militares, ou seja,
formavam-se multiplicadores na Academia que retornavam para
sua UPM e ministrava o curso para os respectivos policiais
militares. Dessa forma, em um ano havia mais de oito mil policiais
militares aptos a lavrarem o TCO. Os cursos eram publicados em
ficha, podendo acompanhar a quantidade de alunos formados.
Além disso, criaram-se os distintivos do TCO, conforme Portaria
10838/2018-PMGO e fotos abaixo:
Figura 2: Distintivos do TCO