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JUIZADOS ESPECIAIS CRIMINAIS – LEI 9.

099/1995

Com o objetivo de conferir maior celeridade e informalidade à prestação


jurisdicional no tocante aos delitos de menor gravidade, pôr fim à prescrição,
que era, e ainda é, assaz comum em tais delitos, estimular a solução
consensual dos processos penais e, ao mesmo tempo, permitir que a Justiça
Criminal finalmente conte com tempo disponível para cuidar com maior atenção
da criminalidade grave, reduzindo-se a escandalosa impunidade
(BRASILEIRO, Renato - 2020) , a Constituição Federal preceitua que "a União,
no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão juizados especiais,
providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a
conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações de menor potencial ofensivo, mediante os
procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos nas hipóteses previstas em lei, a
transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau"
(art. 98, I). O art. 98, § 1 º, por sua vez, determina que Lei federal disporá sobre
a criação de juizados especiais no âmbito da Justiça Federal.

Atendendo ao preceito constitucional, a Lei nº 9.099/95 entrou em vigor no dia


26 de novembro de 1995, instaurando uma nova espécie de jurisdição no
processo penal: a jurisdição consensual.

SITUAÇÃO DE FLAGRÂNCIA NAS INFRAÇÕES DE MENOR POTENCIAL


OFENSIVO:

Em relação àquele surpreendido em situação de flagrância de infração de


menor potencial ofensivo, diz o art. 69, parágrafo único, da Lei nº 9.099/95, que
ao autor do fato que, após a lavratura do Termo Circunstanciado de
Ocorrência (TCO), for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem
se exigirá fiança.

Conquanto a lei use a expressão não se imporá prisão em flagrante, deve-se


entender que é perfeitamente possível a captura e a condução coercitiva do
agente, estando vedada somente a lavratura do auto de prisão em flagrante e o
subsequente recolhimento ao cárcere. Em tais hipóteses, caso o capturado
assuma o compromisso de comparecer ao Juizado ou a ele compareça
imediatamente, não será lavrado o auto de prisão em flagrante, mas tão
somente o termo circunstanciado, com sua imediata liberação (BRASILEIRO,
Renato 2020)

Portanto, independentemente de o agente fazer jus (ou não) a uma possível


transação penal - perceba-se que o art. 69, parágrafo único da lei 9.099/95,
não elenca qualquer requisito de natureza subjetiva, - tratando-se de flagrante
de infração de menor potencial ofensivo, não será efetuada a lavratura do auto
de prisão em flagrante se o agente comparecer imediatamente ao juizado, ou
assumir o compromisso de a ele comparecer. Esse compromisso de
comparecimento ao Juizado deve ser documentado mediante termo, assinado
pelo interessado, e dele deve constar a possibilidade de se fazer acompanhar
de advogado, com a advertência de que, na sua falta, ser-lhe-á nomeado
defensor Público (Lei nº 9.099/95, art. 68).

Se, todavia, o agente se recusar a comparecer imediatamente ao Juizado ou a


assumir o compromisso de a ele comparecer, ou quando não tiver condições
de assumir o compromisso por se encontrar totalmente embriagado, deve a
autoridade policial proceder à lavratura do auto de prisão em flagrante, o que
também não significa que o agente permanecerá preso, porquanto é possível
que lhe seja concedida liberdade provisória com fiança pelo próprio delegado
de polícia, caso a infração seja punida com pena máxima não superior a 4
(quatro) anos (CPP, art. 322, com redação determinada pela Lei nº 12.403/11).

Percebe-se, portanto, que essas condições procedimentais encaradas no


contexto da Lei 9.099/95 no caso de prisão em flagrante, tem sua razão de ser
pelos motivos expostos no começo deste documento, uma vez que tal lei se
presta a resolver e solucionar conflitos de forma mais célere porque trata de
crimes de menor potencial ofensivo, buscando “abdicar” de procedimentos
mais complexos e recorrendo a formas mais simplificadas para solução de tais
crimes, como a lavratura do termo circunstanciado de ocorrência, que inclusive
pode ser lavrado não somente pela autoridade policial, mas pela policia
rodoviária federal, por exemplo, bombeiro militar e policia militar quando
autorizados por legislação estadual.

Bibliografia utilizado:

9.099, de 26 de setembro de 1995 – Dispões sobre os Juizados Especiais


Cíveis e Criminais e da outras providencias

Legislação Especial Comentada, 8ª edição – Renato Brasileiro, 2020

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