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Sumário
Unidade 1: Perícia Judicial Imobiliária ....................................................................6
Seção 1.1: Conceito de perícia ...................................................................................7
Seção 1.2: Parecer técnico de aviliação mercadológico (PTAM) ................................9
Seção 1.3: Relevância da perícia para a construção civil ......................................... 15
Seção 1.4: PTAM –Patrimônio engenharia ............................................................... 15
Referências .............................................................................................................. 50
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NOSSA HISTÓRIA
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VÍDEOS
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Unidade 1: Perícia Judicial Imobiliária
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naturais como por fenômenos da natureza, tanto previveis, evitáveis ou inevitáveis, e
até mesmo por questões próprias do usuário conhecidas como funcionais.
IBAPE (2006) o Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia com
sede permanente em São Paulo descreve que pericias abrange uma divisão em três
tipos principais avaliatórias, contratuais e cautelares.
Britto (2016) menciona que perícias avaliatórias, são realizadas para
determinar o valor de um bem ou até mesmo o direito sobre ele; já as contratuais
possui como finalidade relacionar as obrigações entre partes envolvendo patologias e
vizinhança, e as cautelares por vez caracterizam uma situação de pauta, ligadas a
terra, como levantamento de divisa, medições entre outros.
Segundo CONFEA (1990) uma prerícia em engenharia é a determinação da
motivação de um evento através das atividades e causas que o envolvem, onde se
faz necessário um esclarecimento técnico a partir da elaboração de um laudo, que é
a peça desenvolvida por um perito ou profissional habilitado onde relata suas
observações e conclusões.
Ainda conforme Silva e Jonov (2010), é preciso neste ramo de atuação
distinguir a Avaliação, que se caracteriza em uma atividade de determinação técnica
de um valor monetário de um bem; Perícia, que abrange as causas que motivam o
evento; e o Laudo, peça em que um profissional habilitado, perito, relata o observado
e as conclusões, avaliando valores, coisas e direitos.
De acordo com CONFEA (1990), a vistoria é a averiguação de um ocorrido,
constatado após analises minuciosas dos elementos que deu origem ao mesmo, sem
deixar indagações das causas deste.
Segundo TMJ (2019), uma perícia judiciária é solicitada através de um oficio de
um Juiz, ou por uma das partes envolvidas, sendo isto previsto no (Art. 421), sendo
assim o perito apresenta seus honorários que ficam e cargo da parte requerida (Art.
421).
Silva e Jonov (2010), o perito recebe algumas perguntas formuladas num prazo
de cinco dias pelos advogados, e o mesmo deve responder apenas estes requisitos
de forma objetiva, sem sair do foco da perícia.
Ainda segundo TMJ (2019), o juiz detém o poder de cancelar a pericia, além de
determinar o prazo de entrega da mesma, este poderá sofrer prorrogação, desde que
seja pedido pelo perito.
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Seção 1.2: Parecer técnico de aviliação mercadológico (PTAM)
Segundo BITTAR, o Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica, possui seus
parâmetros e sua metodologia determinada pela NBR14653, que por vez determina
em sua primeira parte os procedimentos gerais sendo subdivida em mais 6 requisitos,
respectivamente: Imóveis urbanos, Imóveis rurais, empreendimentos; maquinas,
equipamentos, instalações e bens industriais em geral e Patrimônios históricos.
A avaliação Mercadológica de um imóvel é a definição precisa do valor do
mesmo através de fundamentação, técnicas e metodologias de aferição. A avaliação
mercadológica vai muito além de comparação de preços entre imóveis similares. Ela
utiliza uma gama muito maior de dados, evidências e cálculos para chegar a um valor
realmente preciso (AMANCIO,2001).
Ainda segundo BITTAR, o Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica, é um
mecanismo de avaliação de mercado alicerçado na NBR 14653, Associação Brasileira
de Normas Técnicas.
COFECI (2006), normatiza o conteúdo técnico necessário para PTAM,
documento este que pode ser usado em fins judiciais, pois comprova a partir de uma
vistoria o valor de mercado do imóvel, seja para aluguel, venda, compra ou
administração.
O PTAM, possui um selo numerado, controlado pelo CRECI, que dá
autenticidade e notoriedade ao documento. Ele pode ser usado para fins judiciais e
para comprovação de valor de mercado de um imóvel, tanto para compra, venda,
aluguel e fins administrativos (RUTTER, 2007).
De acordo com SENGE (2001), um laudo deve descrever as condições
verificadas na vistoria, com o conhecimento técnico da área de atuação, em que se
torna relevante o padrão construtivo e a relação de seus elementos e equipamentos
com suas respectivas anomalias, estas inclusive com o grau de risco, e apresentação
da conservação geral do imóvel.
Segundo Dino (2017), deve-se seguir os seguintes parâmetros para o laudo:
“Para emitir um laudo de avaliação de imóvel é preciso tomar como base a
norma Nbr 14.653. A Associação Brasileira de Normas Técnicas define os
critérios para nortear todo o processo de avaliação – sua aplicação é
obrigatória em todos documentos que definem o valor de bens, de seu
produto ou direitos sobre os mesmos. Os critérios da ABNT são divididos em
7 partes: procedimentos gerais, imóveis urbanos, imóveis rurais,
empreendimentos, máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais
em geral, recursos naturais e ambientais e bens de patrimônio histórico e
artístico.”
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Medeiros (2005) define o Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (PTAM)
como um parecer realizado por profissionais, devidamente registrados COFECI
(Conselho Federal dos Corretores de Imóveis) e no CNAI (Cadastro Nacional dos
Avaliadores Imobiliários), e trata-se de um trabalho profissional, legal e reconhecido.
De acordo com Ato Normativo n. 01/2011, da Resolução n. 1.066/2007 do
COFECI - Conselho Federal dos Corretores de Imóveis, em seu Anexo IV, instituiu
que o PTAM - Parecer Técnico de Avaliação Mercadológico, "deverá conter, no
mínimo, os requisitos listados no modelo contido no Anexo IV". Por sua vez, o referido
anexo nos traz os seguintes requisitos:
Figura 1: Quadro 1. Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (PTAM)
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Fonte: CRECI, 2010, adaptada pelos autores
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NBR 13795/96 define atribuições para proceder uma perícia todo profissional
legalmente habilitado pelos conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia.
Toda e qualquer avalição técnica de bens se respalda na Lei federal nº
5.194/66, de 24/12/66: “Avaliações, vistorias, perícias e pareceres são atribuições de
Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos, devidamente registrados no CREA.”
COFECI (2006), ressalta a importância de a avaliação do imóvel ser por um
profissional que comprove seu Cadastro Nacional de Avaliadores Imobiliários, CNAI.
Kruk (2007), afirma que uma estimativa de preço é dada a partir de um
orçamento preliminar ou de uma Avalição munida de conhecimento técnico, estes
capazes de resultar em um laudo que possibilita esclarecimentos e conclusões.
Conforme a CLT (1943), o perito deve seguir dentro de todo este processo seus
direitos e deveres, dentre eles, receber remuneração compatível com trabalho, este
dentro de seu oficio, trazendo apenas a verdade dentro do prazo previsto, valendo
todos os meios do (Art.429).
Lei 6496/71.1.71 Código de Defesa do Consumidor afirmar e destaca a
importância de laudos técnicos das perícias de engenharia possuírem
acompanhamentos da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), pois apenas
com a mesma esta possui valor legal.
Ainda conforme a CPC, Lei 13105 (2015), o perito poderá ser munido de um
assistente técnico que levantará informações e auxiliará o advogado durante o
processo além de até endossar o Laudo descrito pelo perito de forma a parte.
Silva e Jonov (2010), descreve que no ato de entrega do laudo o perito pode
fazer a petição de seus honorários, o laudo poderá ser questionado em um prazo de
dez dias pelos assistentes técnicos.
Os honorários pericias podem se divergir, uma das formas de cálculo é seguir
a Figura 2. tabela 1, IBAPE-MG, esta por vez do ano de 2010, visto que os valores
não sofreram alterações até os tempos atuais deste estudo.
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Figura 2: Tabela 1. Tabela de honorários do IBAPE-MG
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Figura 3: Planilha demonstrativa de honorários periciais ASPEJUDI
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Seção 1.3: Relevância da perícia para a construção civil
Kopper (2016) relata que Programa Minha Casa Minha Vida foi criado pelo
Governo Federal buscando suprir necessidades de moradia das classes média e
baixa brasileira.
Moreira e Silveira (2015), define que o governo Lula possui como marca o
PMCMV, o mesmo originado no ano de 2009, levando grande investimento na
construção civil.
O Guia completo do Programa Minha Casa Minha Vida disponibilizado pela
construtora Tenda (2018), afirma a ligação da Caixa Econômica Federal e Banco do
Brasil com ao mercado construtivo, gerando uma injeção de capital no setor
consequentemente aumento em sua produção.
De acordo com Ministério da Cidade (2016), o aumento de construção gera
uma cadeia de serviços, sendo a vistoria de grande impacto para a liberação do imóvel
ao uso, caso o mesmo não esteja conforme há a possibilidade de uma perícia Judicial
a fim de determinar decisões com embasamento técnico.
NBR 15575 (2013) determina as condições de desempenho de uma habitação,
estabelecendo avaliação com base nos requisitos e critérios das normas técnicas
brasileiras vigentes.
Segundo Borges (2008) o desempenho da construção civil está interligado
diretamente as necessidades do usuário, sendo esta comprovada por vistorias,
laudos, perícias e até mesmo perícias judiciais.
Souza; Rapper (1998) relata a Patologia como o campo estudado pela
Engenharia das Construções, os profissionais desta área buscam o domínio de suas
origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das
falhas, sendo Engenheiro Civil o mais indicado a acompanhar e determinar a
degradação das estruturas causadas pelos mesmos.
Ainda conforme Borges (2008) a qualidade das edificações é uma das
exigências impostas aos engenheiros civis, que devem passar segurança aos
usuários permitindo a vida útil da mesma.
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O parecer segue os seguintes requisitos:
Resumo Da Avalição
Neste primeiro passo é exposto um breve resumo de todas informações gerais
da avalição, incluindo identificação da localização dos imóveis, dados do proprietário
e dos terrenos juntamente com o valor encontrado de mercado. (Figura 4)
Figura 4: Resumo da avaliação
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Identificações
De forme breve descreve por quem foi solicitado o laudo, em seguida informa
os dados do proprietário e dos ocupantes das matriculas dos imóveis, logo a finalidade
e objetivo do referido Laudo de Avalição. (Figura 5)
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Pressupostos, ressalvas e fatores limitantes
Neste pressupõe o seguimento da NBR 14653 - Avaliações de Bens, todo a
documentação do imóvel, especificações de valores e ressalva os desacordos das
matriculas com o espaço físico do mesmo, limitando todo o campo de estudo. (Figura
6)
Figura 6: Pressupostos, ressalvas e fatores limitantes
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Identificação e caracterização dos imóveis
Os terrenos são novamente especificados, avaliados conforme a situação,
topografia, serviços públicos e urbanos, restrições de uso e lei de zoneamento. (Figura
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Figura 7: Identificação e caracterização dos imóveis
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Diagnóstico e valores
Após todas as analises anteriores se chega em um valor correto de mercado
dos imóveis. (Figura 8)
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Unidade 2: O que se Espera da Avaliação de Bens e de
Imóveis
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Quando nos deparamos com negócios que envolvem pessoas jurídicas, sejam
entes públicos ou privados, tais exigências se mostram ainda maiores. Isso é
absolutamente natural, visto que essas transações afetam não somente aqueles que
participam da transação, como também outras partes interessadas, que muitas vezes
não possuem poder de influência direto.
Dessa forma, nas transações que envolvem pessoas jurídicas, não basta a
vontade dos participantes, mas é necessário garantir a lisura e o respeito aos
interesses de terceiros, que muitas vezes não estão representados ou sequer
identificados na transação.
Exemplificando, a aquisição de um ativo por uma empresa de capital aberto
tem de ser feita por um valor tal que lhe dê retorno econômico. Se assim não for feito,
os acionistas, que podem não ter participado diretamente ou autorizado a transação,
podem ser prejudicados. Esse acionista pode ser, inclusive, uma pessoa física ou
jurídica, domiciliada em qualquer parte do globo.
A indenização em uma desapropriação deve ser justa, ou seja, equivalente ao
patrimônio retirado do particular. Diferente disso, perde o particular, caso ela seja
menor que esse patrimônio que lhe foi retirado, ou, caso ela seja maior, perdem os
contribuintes que, sem qualquer poder sobre o negócio, promovem o enriquecimento
indevido desse particular em detrimento dos impostos pagos.
Assim como a avaliação de penhora de bens para fins de leilão, o valor do bem
dado em garantia deve ser tecnicamente lastreado para que não prejudique as partes.
Ademais na alienação de bens públicos, a sociedade não participa das
aprovações e da definição do valor, mas não pode ser prejudicada por vendas
malsucedidas ou realizadas por valores vis, embasadas em opiniões e em elementos
subjetivos.
Portanto, se infere que a Avaliação de Bens e a Avaliação de Imóveis servem
para sustentar negócios e agregar valor à cadeia produtiva na medida em que
colabora com os mecanismos e sistemas de governança das organizações, públicas
ou privadas, que demandam esse serviço de tamanha importância.
Não se trata de mera exigência formal imposta por um burocrata e sim uma
necessidade técnica que formata uma resposta robusta ao valor do bem e/ou imóvel
envolvido no negócio!
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Independência
O profissional de avaliações deve também, para atender aos requisitos de
governança, ser independente e isento. Isso significa que ele deve ter um único
interesse, qual seja, encontrar o correto valor do bem.
Ele não pode ter qualquer interesse secundário na transação, como, por
exemplo, ser beneficiado caso o valor seja mais alto ou mais baixo que o correto, ou
ser bonificado pelo sucesso ou pelo fracasso da transação à qual está dando suporte.
Eventual interesse secundário caracterizaria conflito de interesses, o que
infecta a avaliação realizada.
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(redes de água ou de esgoto, estações de tratamento de água, subestações de
energia, redes de transmissão elétrica, etc.) ou equipamentos urbanos (creches,
escolas, museus, teatros, etc.). A avaliação pode também ter como finalidade a
determinação do valor de mercado de aluguel de imóveis.
Também são avaliados Shopping Centers, Hotéis e diversas tipologias de
empreendimentos imobiliários e bases imobiliárias, além de indústrias, agroindústrias,
propriedades rurais, culturas e ativos biológicos.
Por conseguinte, esse profissional deve contar com repertório técnico-científico
capaz de satisfazer a essa pluralidade de situações, sob pena de não suportar, com
a devida robustez, a transação que será realizada pelos agentes econômicos
demandantes.
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forma honorífica para consensuar e consolidar a regulamentação técnica de
procedimentos para a realização de Avaliação de Bens. Participaram desse processo
de revisão importantes players do mercado de avaliações, tais como Caixa
Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Finep, BNDES, Petrobras, Dnit,
além de engenheiros da Receita Federal, Sabesp, peritos e assistentes técnicos.
Todos esses especialistas trabalharam traduzindo o estado da arte nessa matéria: a
norma ABNT NBR 14653, que é reconhecida internacionalmente por sua excelência
e referência em Avaliação de Bens.
Esse amplo escopo de conhecimentos é pré-requisito da norma que se presta
a avaliar bens, inclusive imóveis, apresentando o valor de mercado destes, é pautado
em critérios técnicos, com níveis de fundamentação e precisão, e auditável, e
apresenta todos os elementos que definiram o valor.
Após exaustivos anos de trabalho, a Norma adquiriu um robusto conteúdo
conceitual, alinhado com os conceitos das normas internacionais de avaliações (IVS),
cujos conceitos e orientações são exigidos em todas as demonstrações financeiras
no Brasil e no mundo.
As normas brasileiras afastam das avaliações os critérios subjetivos e
opinativos, e primam por conceitos e ferramentas técnico-científicas que demonstram
e comprovam a formação de valor.
Toda essa evolução e o atual estado da arte trazem pré-requisitos para o Laudo
de Avaliações, tais como:
• Os métodos e critérios avaliatórios vigentes exigem profissionais
gabaritados e treinados, pois passam pelo conhecimento de orçamento de
construção, regressões lineares, processos estatísticos, relações
matemáticas e conceitos de Engenharia Econômica;
• A vistoria técnica que retrata o padrão do imóvel, condições de
habitabilidade e eventuais inconformidades edilícias;
• Nos laudos de avaliações para financiamentos bancários, exige-se informar
as condições de habitabilidade dos imóveis e o levantamento de indícios de
contaminações (informes padronizados desenvolvidos pelo Ibape e
Febraban), por adesão a protocolos ambientais e que exigem a
compreensão dos parâmetros técnicos da matéria;
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• As avaliações devem estar amparadas em critérios de fundamentação e
precisão, os laudos são auditáveis e todos os cálculos devem estar
explicitados;
• A avaliação deve ser isenta e realizada por um profissional independente,
que não tenha interesses na comercialização do bem.
Laudo de Avaliação
Laudo Técnico de Avaliação é o documento elaborado por um profissional de
avaliação onde, após a adequada análise e individualização do objeto da avaliação,
dos fatores valorizantes ou desvalorizantes e das circunstâncias que possam influir
no valor do imóvel, se busca definir o seu valor de mercado que, conceitualmente, é
a quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente
um imóvel, numa data de referência, dentro das condições do mercado vigente.
Laudo de Avaliação versus Ptam
Recentemente tem-se observado profissionais sem os conhecimentos
necessários para emitir laudos, baseando-se em conceitos opinativos, denominando-
os de Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica – Ptam.
O Ibape-SP, em parceria com o Ipeea, elaborou o presente informativo
denominado “Laudo de Avaliação – Um trabalho baseado em métodos técnicos e
normativos, não uma opinião” cujos objetivos básicos são:
I. informar a sociedade sobre os conhecimentos necessários para realizar
uma avaliação;
II. esclarecer o que é um Laudo Técnico e do que se trata uma opinião.
Enquanto a NBR 14.653 se presta a estimar valores de bens, entre eles o mais
utilizado nos Laudos de Avaliação é o valor de mercado, principalmente quando se
avalia imóveis, onde a parte 2 desta norma – se presta a avaliação de imóveis
urbanos, com grande destaque para o Método Comparativo Direto de Dados de
Mercado, cuja aplicação é a determinação do valor de mercado, o Parecer Técnico de
Avaliação Mercadológica (Ptam), fruto da resolução Cofeci, por sua vez, se presta a
formalizar a opinião técnica, mas em nenhuma hipótese pode se configurar em um
laudo técnico, pois carece de pré-requisitos técnicos.
Essa diferença de procedimentos foi sintetizada no voto no Tribunal de Justiça
do Poder Judiciário de São Paulo, do Relator Silveira Paulilo, cujo excerto
reproduzimos, que disseca a ação movida pelo Confea e Ibape que pretendia anular
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a resolução Cofeci, traz um bom entendimento sobre o teor do presente manual, a
saber:
“Mas a discussão está longe do fim. A coisa julgada ocorreu interpartes, não
vinculando qualquer outro órgão do Poder Judiciário, estadual ou federal: isso
vale dizer que o Confea e o Ibape não podem mais questionar a Validade da
Resolução, citada, mais nada. Depois, com a devida vênia do respeitado
julgado, ousa-se discordar dele porquanto não se pode estender o vocábulo
“opinar”, da lei dos corretores, como autorizador para a avaliação nos termos
da Lei n. 5.194/66. Uma Resolução classista não pode ofender uma lei
federal. (destaque nosso)
Diante do exposto, pelo meu voto, é dado provimento ao recurso para que a
avaliação seja feita por profissional de engenharia civil, arquiteto ou
engenheiro agrônomo”.
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k) tratamento dos dados e identificação do resultado – explicitar os cálculos
efetuados, o campo de arbítrio, se for o caso, e justificativas para o resultado
adotado;
l) resultado da avaliação e sua data de referência;
m) qualificação legal completa e assinatura do(s) profissional(is)
responsável(is) pela avaliação.
São atividades incomparáveis e produtos distintos. A seguir, apresentamos os
requisitos exigidos na elaboração de Laudo de Avaliação comparados àqueles
necessários no Ptam:
Figura 9: Requisitos para um Laudo de Avaliação
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monitoramento, laudo e parecer técnico, auditoria e arbitragem em obra ou serviço
técnico referente à preservação do patrimônio histórico, cultural e artístico”. O Código
de Defesa do Consumidor reconheceu a necessidade dos serviços de avaliação e
perícias atenderem às Normas da ABNT, reconhecendo como uma proteção do
consumidor, proporcionando qualidade e orientação aos serviços.
Reza o CPC: “Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato
depender de conhecimento técnico ou científico.”
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados
e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro
mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.
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ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. PERÍCIA. CORRETOR DE
IMÓVEIS. IMPOSSIBILIDADE. REALIZAÇÃO POR ENGENHEIRO.
DETERMINAÇÃO IMPOSTA PELO ARTIGO 12 DA LEI 8.629/93. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO PARA DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO
ESPECIAL. STJ — AGRAVO N. 1.334.673 — ES (2010/0140240-6) — RELATOR:
MINISTRO MAURO CAMPBELL/MARQUES — DJe: 06/10/2010; Do voto: “Conforme
se observa, a prova pericial é uma prova que demanda especial conhecimento
técnico. Na perícia, há declaração de ciência na medida em que o perito relata no seu
laudo as percepções colhidas.” (Curso de Direito Processual Civil, Luiz Fux, p. 729);
3. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL
IMISSÃO DE POSSE. IMÓVEL ARREMATADO EM LEILÃO. INDENIZAÇÃO.
ACESSÕES. AVALIAÇÃO. PERITO CORRETOR. INAPTIDÃO TÉCNICA.
SENTENÇA. BASEADA EM LAUDO IMPRÓPRIO. CASSAÇÃO.
PREJUDICIALIDADE DOS DEMAIS PEDIDOS. (...) Determino a realização de nova
perícia, por engenheiro civil inscrito no Cadastro Eletrônico de Peritos e Órgãos
Técnicos ou Científicos (Cptec), mantido pela Corregedoria de Justiça deste Tribunal,
nos termos da Resolução n. 233, de 13 de julho de 2016, do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ). TJDF — APC 201 403 1030 9938 DF 0030622.96.2014.8.07.0003 —
Desembargador DIAULAS COSTA RIBEIRO — Acórdão n.: 1036883 — 3 de agosto
de 2017 — pub. 9/8/2017;
4. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. LIBERAÇÃO DE VALORES. IMPUGNAÇÃO
RECEBIDA NO EFEITO SUSPENSIVO. RECURSOS ESPECIAIS AINDA NÃO
JULGADOS NO STJ. CAUÇÃO OFERECIDA PELO CREDOR. AVALIAÇÃO DO
IMÓVEL POR CORRETORES DE IMÓVEIS. INCABIMENTO. ATRIBUIÇÃO LEGAL
DOS ENGENHEIROS. INVALIDADE DA AVALIAÇÃO. (...) É inválida a avaliação do
imóvel através de corretor de imóvel, porque esta atribuição pertencente aos
engenheiros, conforme Lei n. 5.194/66 (art. 7.º letra c). (TJ-RS — Agravo de
Instrumento n. 70058717851, Relator: Lúcia de Castro Boller, Data do Julgamento:
10/09/2014, Décima Terceira Câmara Cível, Data da Publicação: Diário da Justiça do
dia 12/09/2014).
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Seção 2.7: Considerações
Diante da exposição de motivos elencados neste documento de atribuição do
profissional de avaliação, podemos concluir que:
• O ambiente de negócios exige escora técnica robusta para suportar
decisões, não admitindo valores balizados em opiniões;
• O profissional de avaliação (engenheiros e arquitetos) deve ser
independente e somente poderá dar o adequado suporte aos negócios caso
tenha consciência da amplitude de possibilidades, reconheça a
necessidade específica da transação a ser suportada e disponha de
conhecimento técnico-científico, bem como ferramentas e mecanismos para
atendê-la, sob os auspícios da isenção;
• A Engenharia de Avaliação compreende o conjunto de conhecimentos
técnicocientíficos especializados, aplicados na avaliação de bens;
• O Laudo Técnico de Avaliação é o documento elaborado por um profissional
de avaliação (engenheiros e arquitetos) que, após a adequada análise e
individualização do objeto de avaliação, busca definir o seu valor de
mercado que, conceitualmente, é a quantia mais provável pela qual se
negociaria um imóvel, numa data de referência, dentro das condições do
mercado vigente;
• Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (Ptam), elaborado por um
corretor de imóveis, se presta única e exclusivamente a formalizar uma
“opinião de mercado”, mas em nenhuma hipótese pode se configurar em
um laudo técnico, pois carece de prérequisitos técnico-científicos;
• Os tribunais nas esferas estaduais e federal proferiram decisões em que
não se deve comparar um Laudo Técnico, elaborado por profissional de
avaliação, com uma mera “opinião de mercado” emitida por um corretor de
imóveis.
Por fim, ressaltamos que o eixo central desta discussão – Laudo Técnico versus
Ptam – está fincado no conhecimento técnico-científico que sustenta a avaliação de
bens e/ou imóveis, que terão seus valores perquiridos e verificados
metodologicamente a exaustão pelos engenheiros e arquitetos, que compõem o corpo
de profissionais de avaliações, sob os auspícios da independência e isenção!
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Unidade 3: O Papel do Engenheiro como Perito Judicial
e os Desafios Advindos do Novo Código de Processo Civil
(CPC)
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Seção 3.2: Referencial teórico
A demanda dos processos judiciais que implica a presença do engenheiro
como perito não se restringe às empresas do setor da construção. A informalidade na
habitação executada por grande parte da população, e até mesmo a atuação de
agentes da natureza interferem na qualidade e segurança da infraestrutura urbana.
Comumente visto nos últimos anos, os sinistros podem ter como origem um acidente,
incidente ou desastre ambiental.
De acordo com o Watanabe (2012):
“Sinistros são ocorrências imprevisíveis e ocorrem de forma inesperada nos
locais mais improváveis e nos horários mais inapropriados. Em geral há perda
de patrimônio como casas e seu conteúdo e também produzem como vítimas
pessoas e algumas delas fatais.”
“Sempre que o juiz não for suficientemente apto para realizar a verificação dos
fatos, seja pela ausência de conhecimentos técnicos, ou pela impossibilidade de
colher os dados necessários, o trabalho será realizado por pessoas entendidas na
matéria, através de perícia” (MAIA NETO, 1997).
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“O perito é individuo de confiança do juiz, sendo até denominado de “olhos e
os ouvidos do juiz”, figurando como auxiliar da justiça [...], deve reunir os
conhecimentos técnicos e científicos [...]. É justamente por isso que o perito
judicial deve ter conduta incorrupta, ética com a verdade técnica, além de
expertise no assunto que irá tratar em sua perícia, pois tem a função de
apresentar ao juiz, de forma clara e precisa, sua análise técnica para solver
as dúvidas e divergências existentes no litígio em curso.”
O novo CPC/2015 foi além, ao prever que, mesmo quando a nomeação for feita
livremente pelo juiz, deverá ser nomeado profissional ou órgão técnico ou científico
comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. Grifo
nosso.
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Quanto às avaliações periódicas do cadastro servirão para, além da
manutenção, apurar os casos de suspeição.
“Aprimorando o art. 138 do CPC de 1973, o art. 148 do CPC/2015, estende
os casos de impedimento e de suspeição ao membro do Ministério Público,
aos auxiliares da justiça e, de forma ampla e interessante, aos demais
sujeitos imparciais do processo. ” (BUENO, 2015).
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o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que
entender cabíveis.
De acordo com o art. 475 tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e
a parte indicar mais de um assistente técnico. Neste caso deixa de ser
responsabilidade do perito a contratação de um consultor especialista na respectiva
área.
Para Imamura (2016) os honorários devem custear não só as atividades, como
também ser uma forma de equiparar a competência, experiência e qualidade dos
serviços prestados. Isto porque, o engenheiro que atua na função de perito não
somente deve se apresentar como capaz ao juiz, assim como ter uma sólida formação
que inclui especializações e a aquisição de materiais que o auxilie em sua prática.
O CPC/2015 trouxe uma grande e vantajosa inovação para todos que é a
Perícia Consensual de acordo com o art. 471, em que as partes podem, de comum
acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento ao juiz, desde que:
I – Sejam plenamente capazes;
II – A causa possa ser resolvida por autocomposição.
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos
assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se
realizará em data e local previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente,
laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria
realizada por perito nomeado pelo juiz.
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Brandimiller (1996) apud Veronesi Junior (2004, p.25) “Perícia é o exame de situações
ou fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado por especialistas na matéria que
lhe é submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos".
Na perícia é necessário estar atento aos elementos que serão examinados e
posteriormente utilizados para responder às arguições das partes. Para identificar
uma causa precisa-se saber o que se está averiguando, transpondo-se assim para
um laudo claro e objetivo.
Ainda de acordo com Veronesi Junior (2004, p.25)
“A perícia é realizada por requisição formal de instituição, pública ou privada,
ou de pessoa jurídica. Seus resultados são apresentados através de parecer
sucinto, apenas com respostas aos quesitos formulados, ou de laudo técnico
com exposição detalhada dos elementos investigados, sua análise e
fundamentação das conclusões, além da resposta aos quesitos formulados.”
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Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aplicáveis à natureza e espécie do objeto da
perícia.
A NBR 13.752/1996 é a norma que trata das perícias. Ela determina as
diretrizes básicas, conceitos, critérios e procedimentos para a realização das perícias
de engenharia.
Esta Norma é exigida em todas as manifestações escritas de trabalhos periciais
de engenharia na construção civil e é aplicável às demais áreas da engenharia. A
realização deste trabalho é de responsabilidade e exclusiva competência dos
profissionais legalmente habilitados pelos Conselhos Regionais de Engenharia e
Agronomia (CREA), de acordo com a Lei Federal nº 5194/1966 e, entre outras, as
Resoluções nos 205, 218 e 345 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(CONFEA).
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quesitos, mas ao objeto da perícia, devendo esclarecer todas as questões técnicas
levantadas.
O novo CPC traz no art. 469 a possibilidade de as partes apresentarem
quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito
previamente ou na audiência de instrução e julgamento. O escrivão dará à parte
contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos.
“A novidade está na expressa possibilidade de o perito responder aos quesitos
suplementares previamente ou na audiência de instrução e julgamento, consagrando,
legislativamente, prática forense bastante difundida. ” (BUENO, 2015).
Não cabe ao perito ao redigir o seu laudo interferir ou opinar para as decisões
do juiz. Como elucidado por Veronesi (2004) o objeto da perícia é o fato ocorrido e
seu nexo de casualidade e não o fato jurídico.
Para a elaboração do trabalho a ser apresentado, não existe um padrão
préestabelecido, porém existem orientações normativas, além dos quesitos, que
direcionam o laudo pericial.
Como explica Medeiros Junior e Fiker (1996, p.31)
A legislação não prescreve a forma pela qual o laudo deve ser apresentado.
Constituindo a peça representativa das operações periciais, das ocorrências
das diligências e da concatenação dos fatos que determinam as conclusões
do vistor, deve obedecer à orientação individual deste, razão pela qual, sem
sombra de dúvida, seria desaconselhável exigir-se respeito a fórmulas
predeterminadas.
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§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu
a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos
resultados a que esta conduziu.
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a
primeira.
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o
valor de uma e de outra.
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O engenheiro abstém-se de qualquer função que caiba à advocacia, pois sua
atividade é voltada unicamente para as questões técnicas pertinentes à perícia em
que atua.
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para o patrimônio público, consistindo na apuração do justo valor da indenização a
ser paga.
Há casos especiais em que as desapropriações ocorrem em áreas ambientais
que necessitam de licença ambiental ou até mesmo do estudo de impacto ambiental
carecendo de especialistas na área.
Haddad e Santos (2009, p. 240) apud Nadalini (2013) argumentam que a
desapropriação ambiental possui notáveis diferenças em relação à desapropriação
geral e, portanto, a utilização dos mesmos critérios de valoração empregados nos
processos de desapropriação comum acabam por gerar grandes distorções no valor
da indenização final.
Não é simples a quantificação quanto ao valor material da natureza o que gera
complexidade na sua comparação em relação a bens de valor econômico.
Dentro do campo do mercado imobiliário tange ao engenheiro ações de cunho
renovatório e revisional. Ações Renovatórias “referem-se a imóveis comerciais, onde
o inquilino solicita judicialmente a prorrogação do prazo contratual e havendo
divergência com relação ao aluguel inicial para o novo período” (MAIA NETO, 1997).
Sendo assim, necessária a realização de uma perícia para arbitramento do valor.
Ainda de acordo com Maia Neto (1997) Ação Revisional refere-se tanto aos
imóveis comerciais como residenciais, onde o proprietário, por considerar o valor atual
defasado em relação ao valor de mercado, solicita a intervenção do perito para arbitrar
o justo valor locativo.
Demarcatória e Divisória
As ações que envolvem divisão de terras são pertinentes desde os primórdios
do Brasil e necessita também do profissional de engenharia. “Estas ações surgem
quando existem divergências nos limites físicos que constituem as divisas de um
imóvel devendo ser levantado o traçado da linha demarcanda, ou no caso de
necessidade de divisão de uma propriedade comum” (MAIA NETO, 1997).
De acordo com o novo Código Processual Civil (CPC/ 2015) Art. 579 antes de
proferir a sentença, o juiz nomeará um ou mais peritos para levantar o traçado da linha
demarcanda.
importante observar que nesta ação faz-se necessária a presença de
profissionais de engenharia de agrimensura.
Reintegração de Posse e Reivindicatória
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Ainda relacionado às propriedades, existem as ações de reintegração de posse
e reivindicatória. De acordo com Maia Neto (1997) “questões de terra”, envolvendo
casos em que há dúvida sobre a perfeita localização de um determinado imóvel em
relação ao outro ou existam casos de invasões e esbulhos sobre determinado imóvel.
Usucapião
Outra lide que envolve problemas relacionados ao uso e ocupação do solo é a
ação de usucapião onde o ocupante do imóvel solicita a transferência da propriedade
decorrente da comprovação de posse, caracterizada por um período de ocupação
mansa e pacífica conforme prazos e condições definidos no Código Civil, devendo a
perícia definir os limites da divisa ou determinar se o imóvel pertence ao Poder
Público, cujos bens não são abrangidos por estas ações. (MAIA NETO, 1997).
Nunciação de Obra Nova
Problemas entre vizinhos, devido a obras que afetam um ou mais envolvidos,
implicam na possibilidade de ação de nunciação de obra nova. Para Maia Neto (1997)
são ações que visam a interrupção de uma determinada obra em decorrência de risco
iminente a terceiros exigindo extrema cautela do engenheiro para que seu parecer
seja imparcial e consistente, pois o Juízo, normalmente, só tem este referencial para
decidir.
Ambiental
No âmbito das lides que envolvem os recursos naturais, ocorre a perícia
ambiental onde se dá a apuração dos fatos que envolvem as questões ambientais e
os impactos sofridos pelas ações do homem. Também regida pelo CPC, diferencia-
se pelo objeto de estudo. “[...] Em outras palavras, a perícia ambiental tem como
objetivo o estudo e a preservação do meio ambiente, o que abrange a natureza e as
atividades humanas” (NADALINI, 2013). É comum o envolvimento de equipe
multidisciplinar com outros profissionais das mais diversas especializações em ações
que necessitam de uma equipe técnica capacitada nas áreas em questão.
A figura 10 aponta, de forma mais clara, o fluxo da prova pericial no âmbito do
processo judicial.
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Figura 10: Fluxograma básico da prova pericial.
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Seção 3.8: Estudo de caso
A seguir será apresentada uma lide (manifestação de uma vontade resistida
por outrem), de forma resumida, que culminou em uma ação ordinária. Abaixo segue
a imagem (figura 11) do condomínio autor da ação e objeto do litígio
Figura 11: Demonstração do objeto da lide (perímetro em amarelo)
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construtora ré e nem pelo órgão de fiscalização, também ré no presente processo.
Para melhor demonstração do trabalho realizado pela engenheira civil, como perita,
foi elaborado um quadro elucidativo – Figura 12
Figura 12: Resumo do laudo pericial
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Deferida a necessidade da prova pericial, o Juiz nomeou a perita judicial e a
referida empresa fiscalizadora e a construtora indicaram seus respectivos assistentes
técnicos tendo, ambas as partes, formulado quesitos.
Resultados
A perita concluiu que no caso em questão, a destinação das águas de chuva,
que ocorreram em um curto período de tempo (135,4 mm em 3 horas), para a Av.
Augusto Franco cujo sistema de macrodrenagem já se encontrava saturado somado
ao aumento da área impermeabilizada do solo e à deficiência no sistema de drenagem
das ruas adjacentes ao condomínio autor, impediram a infiltração das águas de chuva
diretamente no solo e no sistema de galerias pluviais. Acabaram por sobrecarregar o
sistema de drenagem existente no referido condomínio ocasionando o alagamento
das ruas internas do mesmo, no dia 04 de novembro de 2013.
O assistente técnico da ré empresa de fiscalização concordou integralmente
com o Laudo Oficial e as conclusões nele apresentadas. O assistente técnico da ré
empresa construtora, em seu parecer técnico, também concordou com o laudo da
signatária. O autor apresentou quesitos suplementares os quais foram devidamente
respondidos.
Na Figura 13 abaixo é possível estabelecer comparações entre as normativas
do novo CPC/2015 com o de 1973 no que tange aos engenheiros atuantes como
perito:
Figura 13: Comparativo entre o atual e o antigo CPC.
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Fonte: Elaborado pelo autor
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causas que lhe forem designadas para apuração pois, nenhuma lide é igual a outra,
mesmo que semelhante.
Os honorários, a forma de remuneração do perito, devem, também, equiparar
e retribuir ao engenheiro sua capacitação e dedicação à profissão. Isto porque, toda
qualificação é onerosa de tempo e custo. A impugnação dos honorários, por qualquer
das partes, deverá ser feita levando em consideração os gastos diretos no trabalho,
além da manutenção do perito.
Muitas perícias requerem a necessidade da contratação de mais de um
especialista. Como exemplo temos as causas que envolvem demarcação de terras
onde, faz-se necessária a participação de um engenheiro agrimensor, assim como
desapropriação e perícia ambiental, que requer equipe multidisciplinar.
O novo CPC/2015 deixou ainda mais evidente o dever do perito com a ética e
responsabilidade, devendo ser imparcial na sua atividade como já estabelecido pelo
Código de Ética Profissional do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(CONFEA).
Abordado apenas em poucas instituições de engenharia, na graduação, os
conceitos e fundamentos da perícia precisam estar mais difundidos para os
engenheiros. Fica como sugestão para um próximo trabalho a discussão acerca do
ensino da engenharia legal tratada no meio acadêmico.
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Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13752: Pericias de
engenharia na construção civil. Rio de Janeiro, 1996.
BUENO, Cássio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil Anotado. São Paulo:
Saraiva, v. 2105, 2015.
VERONESI JUNIOR, José Ronaldo. Perícia judicial. São Paulo: Editora Pillares,
2004.
50
YEE, Zung Che. Perícia civil–manual prático. Curitiba: Juruá, 1999.
KOPPER, Moisés Kopper*. Minha Casa, Minha Vida?: Experts, Sentidos De Classe
E A Invenção Do ?Mercado? Da Casa Própria No Brasil Contemporâneo .
CHURCHILL, Gilbert A. Marketing: Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraia,
2005.
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