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ELABORAÇÃO DE LAUDO

TÉCNICO E PERÍCIAS JUDICIAIS

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Sumário
Unidade 1: Perícia Judicial Imobiliária ....................................................................6
Seção 1.1: Conceito de perícia ...................................................................................7
Seção 1.2: Parecer técnico de aviliação mercadológico (PTAM) ................................9
Seção 1.3: Relevância da perícia para a construção civil ......................................... 15
Seção 1.4: PTAM –Patrimônio engenharia ............................................................... 15

Unidade 2: O que se Espera da Avaliação de Bens e de Imóveis ....................... 21


Seção 2.1: Introdução ............................................................................................... 21
Seção 2.2: Governança ............................................................................................. 21
Seção 2.3: Diversidade de valores ............................................................................ 23
Seção 2.4: Diversidade de bens................................................................................ 23
Seção 2.5 Engenharia de avaliações ........................................................................ 24
Seção 2.6: Questões legais....................................................................................... 28
Seção 2.7: Considerações ........................................................................................ 31

Unidade 3: O Papel do Engenheiro como Perito Judicial e os Desafios Advindos


do Novo Código de Processo Civil (CPC) ............................................................. 32
Seção 3.1: Introdução ............................................................................................... 32
Seção 3.2: Referencial teórico .................................................................................. 33
Seção 3.3: Perito ....................................................................................................... 33
Seção 3.4: Perícia ..................................................................................................... 36
Seção 3.5: Laudo ...................................................................................................... 38
Seção 3.6: Assistente técnico ................................................................................... 40
Seção 3.7: Tipos de ações ou perícias ..................................................................... 41
Seção 3.8: Estudo de caso........................................................................................ 45
Seção 3.9: Considerações ........................................................................................ 48

Referências .............................................................................................................. 50

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NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo
serviços educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua.
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

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VÍDEOS

Antes de iniciar a leitura do material assita os vídeos indicados abaixo, que


farão a introdução oa assunto e também contribuirão com o conhecimento sobre a
área de estudo.
 Vídeo 1: Laudos técnicos de engenharia: 05 tipos de laudos
técnicos
Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=NogzlfLHN5k>
Sinopse: é muito importante conhecer todos os tipos de laudos para poder apresentar
ao seu cliente a melhor opção possível, por isso neste vídeo são apresentados 05 tipos de laudos
técnicos de engenharia. 1) Laudo de inspeção predial; 2) Laudo cautelar de vizinhança; 3) Laudo
técnico de reforma; 4) Laudo de acessibilidade; 5) Laudo estrutural;

 Vídeo 2: Como realizar um laudo técnico


Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=AwpVUQHu2NI>
Sinopse: Neste vídeo o Eng. Giovanni Cremonezi apresenta como realizar um
laudo técnico, mas perícia extra-jusdicial, que também ajudará você adquirir mais
conhecimentos.
 Vídeo 3: A perícia Judicial, o Períto e o Assistente
Disponível
em:<https://www.youtube.com/watch?v=5ej8SRbt4TY&list=RDCMUCvy91a3AyO3F75i9yOA2aQ
g&index=1>.
Sinopse: O curso é minsitrado pela professora Doutora Rousara Bland, tratando
sobre a perícia Judicial, o perítos e o Assitente da perícia, na área criminal.

 Vídeo 4: Perícia Judicial na Engenharia Civil - Área promissora


Disponível em:<https://www.youtube.com/watch?v=rtI0TV15w0I>
Sinopse: Neste vídeo o Eng. Alex Wetler explica os 3 principais aspectos que
tornam perícia judicial uma área promissora e também quais são os principais
requisitos para atuarmos nessa área.
A principal função: auxiliar o juiz em situações processuais envolvendo serviços
de Engenharia.

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Unidade 1: Perícia Judicial Imobiliária

Seção 1.1: Conceito de perícia


Conforme Santos, Schmidt e Gomes (2006), desde as primeiras civilizações já
havia evidencias de perícias, tempo este em que apenas um líder detinha o poder de
julgar, legislar e executar. Indícios destes também observados na Grécia e Índia, com
o árbitro, sendo este eleito para ser perito e juiz, a fim de promover soluções para os
litígios.
Kruk (2007), afirma que uma perícia imobiliária pode ser instaurada para fins
de compra e venda, locação, ações judiciais, valores de impostos, territoriais, de
transmissão, planta de valores genéricos, decisão sobre investimentos, seguros,
fusões ou cisões de empresas e servidões de passagem entre outros.
Segundo Silva e Jonov (2010), quando existe um conflito de interesses entre
pessoas, a solução do Litigio ou Lide é feita judicialmente, firmando assim um
processo judicial, este pode necessitar de uma perícia.
Ghersi e Ghersi (2006), descreve que uma perícia se faz necessária a partir da
necessidade de esclarecer fatos que ultrapassam a limitação do conhecimento
científico e técnico de um magistrado.
Segundo Montenegro Filho (2007), uma perícia consiste em uma prova, a
mesma com o intuito de esclarecer ao magistrado requisitos técnicos que atingem um
patamar além do saber cientifico do julgador, sendo irrelevante a natureza, se
limitando dentro do conhecimento humano, em que se destaca áreas de medicina,
contabilidade, engenharia entre ou outras.
A norma NBR-13.752/96 – Perícias de engenharia na construção civil, define
que uma perícia é uma apuração das causas que desencadearam determinado evento
ou até mesmo dúvidas de direitos.
Bittar (2017), afirma que uma Perícia Judicial Imobiliária é a forma de
estabelecer o valor correto de mercado de um Imóvel, em que após todas as análises
categórica é expedido um Laudo Pericial, que além de todas às descrições consta um
Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica.
Neto (2008), relata que perícia são investigações que podem originar de fatores
ligados ao imóvel propriamente dito, ao empreendedor, forma endógena; ou também
por quesitos externos relacionados a terceiros, exógenos; até mesmo por questões

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naturais como por fenômenos da natureza, tanto previveis, evitáveis ou inevitáveis, e
até mesmo por questões próprias do usuário conhecidas como funcionais.
IBAPE (2006) o Instituto Brasileiro de Avaliação e Perícias de Engenharia com
sede permanente em São Paulo descreve que pericias abrange uma divisão em três
tipos principais avaliatórias, contratuais e cautelares.
Britto (2016) menciona que perícias avaliatórias, são realizadas para
determinar o valor de um bem ou até mesmo o direito sobre ele; já as contratuais
possui como finalidade relacionar as obrigações entre partes envolvendo patologias e
vizinhança, e as cautelares por vez caracterizam uma situação de pauta, ligadas a
terra, como levantamento de divisa, medições entre outros.
Segundo CONFEA (1990) uma prerícia em engenharia é a determinação da
motivação de um evento através das atividades e causas que o envolvem, onde se
faz necessário um esclarecimento técnico a partir da elaboração de um laudo, que é
a peça desenvolvida por um perito ou profissional habilitado onde relata suas
observações e conclusões.
Ainda conforme Silva e Jonov (2010), é preciso neste ramo de atuação
distinguir a Avaliação, que se caracteriza em uma atividade de determinação técnica
de um valor monetário de um bem; Perícia, que abrange as causas que motivam o
evento; e o Laudo, peça em que um profissional habilitado, perito, relata o observado
e as conclusões, avaliando valores, coisas e direitos.
De acordo com CONFEA (1990), a vistoria é a averiguação de um ocorrido,
constatado após analises minuciosas dos elementos que deu origem ao mesmo, sem
deixar indagações das causas deste.
Segundo TMJ (2019), uma perícia judiciária é solicitada através de um oficio de
um Juiz, ou por uma das partes envolvidas, sendo isto previsto no (Art. 421), sendo
assim o perito apresenta seus honorários que ficam e cargo da parte requerida (Art.
421).
Silva e Jonov (2010), o perito recebe algumas perguntas formuladas num prazo
de cinco dias pelos advogados, e o mesmo deve responder apenas estes requisitos
de forma objetiva, sem sair do foco da perícia.
Ainda segundo TMJ (2019), o juiz detém o poder de cancelar a pericia, além de
determinar o prazo de entrega da mesma, este poderá sofrer prorrogação, desde que
seja pedido pelo perito.

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Seção 1.2: Parecer técnico de aviliação mercadológico (PTAM)
Segundo BITTAR, o Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica, possui seus
parâmetros e sua metodologia determinada pela NBR14653, que por vez determina
em sua primeira parte os procedimentos gerais sendo subdivida em mais 6 requisitos,
respectivamente: Imóveis urbanos, Imóveis rurais, empreendimentos; maquinas,
equipamentos, instalações e bens industriais em geral e Patrimônios históricos.
A avaliação Mercadológica de um imóvel é a definição precisa do valor do
mesmo através de fundamentação, técnicas e metodologias de aferição. A avaliação
mercadológica vai muito além de comparação de preços entre imóveis similares. Ela
utiliza uma gama muito maior de dados, evidências e cálculos para chegar a um valor
realmente preciso (AMANCIO,2001).
Ainda segundo BITTAR, o Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica, é um
mecanismo de avaliação de mercado alicerçado na NBR 14653, Associação Brasileira
de Normas Técnicas.
COFECI (2006), normatiza o conteúdo técnico necessário para PTAM,
documento este que pode ser usado em fins judiciais, pois comprova a partir de uma
vistoria o valor de mercado do imóvel, seja para aluguel, venda, compra ou
administração.
O PTAM, possui um selo numerado, controlado pelo CRECI, que dá
autenticidade e notoriedade ao documento. Ele pode ser usado para fins judiciais e
para comprovação de valor de mercado de um imóvel, tanto para compra, venda,
aluguel e fins administrativos (RUTTER, 2007).
De acordo com SENGE (2001), um laudo deve descrever as condições
verificadas na vistoria, com o conhecimento técnico da área de atuação, em que se
torna relevante o padrão construtivo e a relação de seus elementos e equipamentos
com suas respectivas anomalias, estas inclusive com o grau de risco, e apresentação
da conservação geral do imóvel.
Segundo Dino (2017), deve-se seguir os seguintes parâmetros para o laudo:
“Para emitir um laudo de avaliação de imóvel é preciso tomar como base a
norma Nbr 14.653. A Associação Brasileira de Normas Técnicas define os
critérios para nortear todo o processo de avaliação – sua aplicação é
obrigatória em todos documentos que definem o valor de bens, de seu
produto ou direitos sobre os mesmos. Os critérios da ABNT são divididos em
7 partes: procedimentos gerais, imóveis urbanos, imóveis rurais,
empreendimentos, máquinas, equipamentos, instalações e bens industriais
em geral, recursos naturais e ambientais e bens de patrimônio histórico e
artístico.”

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Medeiros (2005) define o Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (PTAM)
como um parecer realizado por profissionais, devidamente registrados COFECI
(Conselho Federal dos Corretores de Imóveis) e no CNAI (Cadastro Nacional dos
Avaliadores Imobiliários), e trata-se de um trabalho profissional, legal e reconhecido.
De acordo com Ato Normativo n. 01/2011, da Resolução n. 1.066/2007 do
COFECI - Conselho Federal dos Corretores de Imóveis, em seu Anexo IV, instituiu
que o PTAM - Parecer Técnico de Avaliação Mercadológico, "deverá conter, no
mínimo, os requisitos listados no modelo contido no Anexo IV". Por sua vez, o referido
anexo nos traz os seguintes requisitos:
Figura 1: Quadro 1. Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (PTAM)

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Fonte: CRECI, 2010, adaptada pelos autores

Profissional Habiliatado A Fazer (PTAM)


Segundo BITTAR (2017), para se emitir um PTAM de um imóvel, é essencial a
convocação de um perito, este deve ser um profundo conhecedor da área da
construção civil e de vendas, para assim garantir a veracidade dos resultados
Britto (2016) afirma que um profissional desta área ao desempenhar bom
trabalho necessita alicerçar-se nos mais experientes, pois este tipo de trabalho exige
constantes praticas, técnicas e humildade para adquirir conhecimentos.
CREA (2017) afirma que para ser um profissional apto a desenvolver perícias
é necessário primeiramente o registro do mesmo no CREA, logo este se munir de
treinamentos frequentes, busca de conhecimentos e experiências na área, tornando
se assim habilitado.
NETO (1999) se respalda na Lei Federal n5.194, de 24 de dezembro de 1996,
especificamente no artigo 7° para determinação das atribuições necessárias para
validade dos trabalhos e legalidade do profissional habilitado.
Ainda conforme Britto (2016) ao desenvolver um laudo pericial é preciso ser
didático ilustrado com fotos e croquis pois mesmo sendo um trabalho técnico, os
leitores são geralmente leigos no assunto em questão.

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NBR 13795/96 define atribuições para proceder uma perícia todo profissional
legalmente habilitado pelos conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia.
Toda e qualquer avalição técnica de bens se respalda na Lei federal nº
5.194/66, de 24/12/66: “Avaliações, vistorias, perícias e pareceres são atribuições de
Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos, devidamente registrados no CREA.”
COFECI (2006), ressalta a importância de a avaliação do imóvel ser por um
profissional que comprove seu Cadastro Nacional de Avaliadores Imobiliários, CNAI.
Kruk (2007), afirma que uma estimativa de preço é dada a partir de um
orçamento preliminar ou de uma Avalição munida de conhecimento técnico, estes
capazes de resultar em um laudo que possibilita esclarecimentos e conclusões.
Conforme a CLT (1943), o perito deve seguir dentro de todo este processo seus
direitos e deveres, dentre eles, receber remuneração compatível com trabalho, este
dentro de seu oficio, trazendo apenas a verdade dentro do prazo previsto, valendo
todos os meios do (Art.429).
Lei 6496/71.1.71 Código de Defesa do Consumidor afirmar e destaca a
importância de laudos técnicos das perícias de engenharia possuírem
acompanhamentos da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica), pois apenas
com a mesma esta possui valor legal.
Ainda conforme a CPC, Lei 13105 (2015), o perito poderá ser munido de um
assistente técnico que levantará informações e auxiliará o advogado durante o
processo além de até endossar o Laudo descrito pelo perito de forma a parte.
Silva e Jonov (2010), descreve que no ato de entrega do laudo o perito pode
fazer a petição de seus honorários, o laudo poderá ser questionado em um prazo de
dez dias pelos assistentes técnicos.
Os honorários pericias podem se divergir, uma das formas de cálculo é seguir
a Figura 2. tabela 1, IBAPE-MG, esta por vez do ano de 2010, visto que os valores
não sofreram alterações até os tempos atuais deste estudo.

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Figura 2: Tabela 1. Tabela de honorários do IBAPE-MG

Fonte: IBAPE-MG (2010)

A Figura 2. tabela 1, da IBPE-MG, determina os honorários através do valor do


bem, onde se obtém um valor a partir de uma porcentagem definida.
Outra forma de calcular os honorários de um perito é seguir a planilha
demonstrativa da ASPEJUDI, figura 3.

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Figura 3: Planilha demonstrativa de honorários periciais ASPEJUDI

Fonte: ASPEJUDI (2010)


Conforme a figura 1, os cálculos podem ser definidos a partir da carga horaria
distribuída na programação e analise, diligencias, cálculos, redação, revisão, sendo
R$110,00 o valor mínimo da hora trabalhada, mais despesas variáveis, sendo
importante ressaltar que os valores apresentados são referentes ao ano de 2010,
porém os mesmos não sofreram alterações até o ano de 2020.

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Seção 1.3: Relevância da perícia para a construção civil
Kopper (2016) relata que Programa Minha Casa Minha Vida foi criado pelo
Governo Federal buscando suprir necessidades de moradia das classes média e
baixa brasileira.
Moreira e Silveira (2015), define que o governo Lula possui como marca o
PMCMV, o mesmo originado no ano de 2009, levando grande investimento na
construção civil.
O Guia completo do Programa Minha Casa Minha Vida disponibilizado pela
construtora Tenda (2018), afirma a ligação da Caixa Econômica Federal e Banco do
Brasil com ao mercado construtivo, gerando uma injeção de capital no setor
consequentemente aumento em sua produção.
De acordo com Ministério da Cidade (2016), o aumento de construção gera
uma cadeia de serviços, sendo a vistoria de grande impacto para a liberação do imóvel
ao uso, caso o mesmo não esteja conforme há a possibilidade de uma perícia Judicial
a fim de determinar decisões com embasamento técnico.
NBR 15575 (2013) determina as condições de desempenho de uma habitação,
estabelecendo avaliação com base nos requisitos e critérios das normas técnicas
brasileiras vigentes.
Segundo Borges (2008) o desempenho da construção civil está interligado
diretamente as necessidades do usuário, sendo esta comprovada por vistorias,
laudos, perícias e até mesmo perícias judiciais.
Souza; Rapper (1998) relata a Patologia como o campo estudado pela
Engenharia das Construções, os profissionais desta área buscam o domínio de suas
origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência das
falhas, sendo Engenheiro Civil o mais indicado a acompanhar e determinar a
degradação das estruturas causadas pelos mesmos.
Ainda conforme Borges (2008) a qualidade das edificações é uma das
exigências impostas aos engenheiros civis, que devem passar segurança aos
usuários permitindo a vida útil da mesma.

Seção 1.4: PTAM –Patrimônio engenharia


Este parecer tecnológico foi desenvolvido pela empresa Patrimônio
Engenharia, com objetivo de avaliar dois terrenos na cidade de Curitiba-PR.

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O parecer segue os seguintes requisitos:
Resumo Da Avalição
Neste primeiro passo é exposto um breve resumo de todas informações gerais
da avalição, incluindo identificação da localização dos imóveis, dados do proprietário
e dos terrenos juntamente com o valor encontrado de mercado. (Figura 4)
Figura 4: Resumo da avaliação

Fonte: Patrimônio Engenharia

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Identificações
De forme breve descreve por quem foi solicitado o laudo, em seguida informa
os dados do proprietário e dos ocupantes das matriculas dos imóveis, logo a finalidade
e objetivo do referido Laudo de Avalição. (Figura 5)

Figura 5: Laudo de Avalição

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Pressupostos, ressalvas e fatores limitantes
Neste pressupõe o seguimento da NBR 14653 - Avaliações de Bens, todo a
documentação do imóvel, especificações de valores e ressalva os desacordos das
matriculas com o espaço físico do mesmo, limitando todo o campo de estudo. (Figura
6)
Figura 6: Pressupostos, ressalvas e fatores limitantes

Fonte: Patrimônio Engenharia

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Identificação e caracterização dos imóveis
Os terrenos são novamente especificados, avaliados conforme a situação,
topografia, serviços públicos e urbanos, restrições de uso e lei de zoneamento. (Figura
7)
Figura 7: Identificação e caracterização dos imóveis

Fonte: Patrimônio Engenharia

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Diagnóstico e valores
Após todas as analises anteriores se chega em um valor correto de mercado
dos imóveis. (Figura 8)

Figura 8: Diagnósticos e valores

Fonte: Patrimônio Engenharia

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Unidade 2: O que se Espera da Avaliação de Bens e de
Imóveis

Seção 2.1: Introdução


Uma abordagem plausível para se compreender a atividade técnica de
Avaliação de Bens, no geral, e da Avaliação de Imóveis, em particular, parte da
necessidade dos clientes que demandam esse produto ou serviço.
A Avaliação de Bens e a Avaliação de Imóveis têm, sob o ponto de vista
panorâmico, a função de sustentar negócios, ou seja, transações entre os diversos
agentes econômicos.
Seja uma avaliação realizada para subsidiar uma operação de venda e compra
entre particulares ou entre empresas, seja para escorar demonstrações financeiras de
uma empresa de capital aberto ou para auxiliar a um juízo arbitral ou ao próprio Poder
Judiciário em uma demanda qualquer, em última análise, ela estará dando suporte
técnico, direta ou indiretamente, a uma transação.
E esse suporte somente poderá ser considerado adequado quando atender
plenamente aos requisitos de governança, apresentar o tipo de valor adequado à
transação e a diversidade de bens que pode ser objeto de avaliação.

Seção 2.2: Governança


A regra do ambiente de negócios exige amparo técnico fundamentado para
suportar as decisões e afasta os valores balizados em opiniões.
Como exemplo, em uma compra de bens e/ou imóvel utilizando o crédito de
uma instituição financeira. Esta irá se cercar de alguns cuidados para garantir a
qualidade do crédito e a segurança da operação, o que envolve conhecer o bem e/ou
imóvel e o seu valor de mercado.
Ela também se preocupará com garantias de que esse valor de aquisição é
justo e não fraudulento, ou seja, de que o interessado não está simulando uma
transação com valor superior ao real com o intuito de se favorecer indevidamente com
a obtenção de recursos a juros baixos.

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Quando nos deparamos com negócios que envolvem pessoas jurídicas, sejam
entes públicos ou privados, tais exigências se mostram ainda maiores. Isso é
absolutamente natural, visto que essas transações afetam não somente aqueles que
participam da transação, como também outras partes interessadas, que muitas vezes
não possuem poder de influência direto.
Dessa forma, nas transações que envolvem pessoas jurídicas, não basta a
vontade dos participantes, mas é necessário garantir a lisura e o respeito aos
interesses de terceiros, que muitas vezes não estão representados ou sequer
identificados na transação.
Exemplificando, a aquisição de um ativo por uma empresa de capital aberto
tem de ser feita por um valor tal que lhe dê retorno econômico. Se assim não for feito,
os acionistas, que podem não ter participado diretamente ou autorizado a transação,
podem ser prejudicados. Esse acionista pode ser, inclusive, uma pessoa física ou
jurídica, domiciliada em qualquer parte do globo.
A indenização em uma desapropriação deve ser justa, ou seja, equivalente ao
patrimônio retirado do particular. Diferente disso, perde o particular, caso ela seja
menor que esse patrimônio que lhe foi retirado, ou, caso ela seja maior, perdem os
contribuintes que, sem qualquer poder sobre o negócio, promovem o enriquecimento
indevido desse particular em detrimento dos impostos pagos.
Assim como a avaliação de penhora de bens para fins de leilão, o valor do bem
dado em garantia deve ser tecnicamente lastreado para que não prejudique as partes.
Ademais na alienação de bens públicos, a sociedade não participa das
aprovações e da definição do valor, mas não pode ser prejudicada por vendas
malsucedidas ou realizadas por valores vis, embasadas em opiniões e em elementos
subjetivos.
Portanto, se infere que a Avaliação de Bens e a Avaliação de Imóveis servem
para sustentar negócios e agregar valor à cadeia produtiva na medida em que
colabora com os mecanismos e sistemas de governança das organizações, públicas
ou privadas, que demandam esse serviço de tamanha importância.
Não se trata de mera exigência formal imposta por um burocrata e sim uma
necessidade técnica que formata uma resposta robusta ao valor do bem e/ou imóvel
envolvido no negócio!

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Independência
O profissional de avaliações deve também, para atender aos requisitos de
governança, ser independente e isento. Isso significa que ele deve ter um único
interesse, qual seja, encontrar o correto valor do bem.
Ele não pode ter qualquer interesse secundário na transação, como, por
exemplo, ser beneficiado caso o valor seja mais alto ou mais baixo que o correto, ou
ser bonificado pelo sucesso ou pelo fracasso da transação à qual está dando suporte.
Eventual interesse secundário caracterizaria conflito de interesses, o que
infecta a avaliação realizada.

Seção 2.3: Diversidade de valores


A sustentação das transações pode exigir o cálculo de diferentes valores para
um mesmo bem.
Com efeito, o valor de mercado é um dos valores possíveis, mas não é o único
e sequer é indicado para o indistinto suporte de todas as transações possíveis entre
os agentes econômicos.
Por exemplo: a contratação de um seguro de incêndio exige o conhecimento
do valor em risco em nada parecido com o valor de mercado; as desapropriações
demandam o cálculo do valor indenizatório, que, dependendo do caso, pode ou não
ser igual ao valor de mercado; os leilões envolvem o conhecimento do valor de
liquidação forçada, além do valor de mercado.
O profissional de avaliação somente poderá dar o adequado suporte aos
agentes econômicos caso tenha consciência dessa amplitude de possibilidades,
reconheça a necessidade específica da transação a ser suportada e disponha de
conhecimento técnico-científico, bem como ferramentas e mecanismos para atendê-
la.

Seção 2.4: Diversidade de bens


O profissional de avaliações pode ser demandado para calcular o valor de bens
dos mais diversos tipos, sejam eles corriqueiramente encontrados no mercado ou não.
Exemplificando somente no universo dos bens imóveis, pode ser demandado
a avaliar terrenos, apartamentos ou residências horizontais, mas pode também ser
demandado ao cálculo de valores de bens atípicos, tais como infraestruturas urbanas

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(redes de água ou de esgoto, estações de tratamento de água, subestações de
energia, redes de transmissão elétrica, etc.) ou equipamentos urbanos (creches,
escolas, museus, teatros, etc.). A avaliação pode também ter como finalidade a
determinação do valor de mercado de aluguel de imóveis.
Também são avaliados Shopping Centers, Hotéis e diversas tipologias de
empreendimentos imobiliários e bases imobiliárias, além de indústrias, agroindústrias,
propriedades rurais, culturas e ativos biológicos.
Por conseguinte, esse profissional deve contar com repertório técnico-científico
capaz de satisfazer a essa pluralidade de situações, sob pena de não suportar, com
a devida robustez, a transação que será realizada pelos agentes econômicos
demandantes.

Seção 2.5 Engenharia de avaliações


A Engenharia de Avaliações tem por objetivo satisfazer a todas essas
necessidades indicadas no item precedente e compreende o conjunto de
conhecimentos técnicocientíficos especializados, aplicados na avaliação de bens.
Essa especialidade nasceu e se desenvolveu na engenharia e na arquitetura,
não por acaso, visto que necessita de profissional com sólidos conhecimentos
técnicos sobre regressões lineares, custos, estatística e engenharia econômica, dado
que a avaliação de bens é realizada pelos seguintes métodos: Comparativos de
Dados de Mercado, Custo e Método da Renda.
A Evolução da Engenharia de Avaliações
O processo normativo na área de avaliações teve início em meados da década
de 1950, com a participação ativa do Ibape, no mesmo período em que foi publicado
o P-NB 74 Projeto de Norma Brasileira de Avaliação de Imóveis Urbanos. Desde
então, esse trabalho vem sendo aprimorado por engenheiros e arquitetos que desde
1998 iniciaram a produção da norma ABNT NBR 14.653 Avaliação de Bens. Trata-se
de um trabalho expressivo que nos últimos 21 anos revolucionou a Engenharia de
Avaliações e elevou, em muito, a qualidade dos trabalhos avaliatórios no Brasil.
A Norma Brasileira de Avaliações de Bens, que estabelece os padrões
normativos para Avaliação de Bens, é resultado do esforço de um sem número de
agentes intervenientes, entidades profissionais, bancos, sindicatos, conselhos de
profissões regulamentadas, profissionais liberais e professores que trabalharam de

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forma honorífica para consensuar e consolidar a regulamentação técnica de
procedimentos para a realização de Avaliação de Bens. Participaram desse processo
de revisão importantes players do mercado de avaliações, tais como Caixa
Econômica, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Finep, BNDES, Petrobras, Dnit,
além de engenheiros da Receita Federal, Sabesp, peritos e assistentes técnicos.
Todos esses especialistas trabalharam traduzindo o estado da arte nessa matéria: a
norma ABNT NBR 14653, que é reconhecida internacionalmente por sua excelência
e referência em Avaliação de Bens.
Esse amplo escopo de conhecimentos é pré-requisito da norma que se presta
a avaliar bens, inclusive imóveis, apresentando o valor de mercado destes, é pautado
em critérios técnicos, com níveis de fundamentação e precisão, e auditável, e
apresenta todos os elementos que definiram o valor.
Após exaustivos anos de trabalho, a Norma adquiriu um robusto conteúdo
conceitual, alinhado com os conceitos das normas internacionais de avaliações (IVS),
cujos conceitos e orientações são exigidos em todas as demonstrações financeiras
no Brasil e no mundo.
As normas brasileiras afastam das avaliações os critérios subjetivos e
opinativos, e primam por conceitos e ferramentas técnico-científicas que demonstram
e comprovam a formação de valor.
Toda essa evolução e o atual estado da arte trazem pré-requisitos para o Laudo
de Avaliações, tais como:
• Os métodos e critérios avaliatórios vigentes exigem profissionais
gabaritados e treinados, pois passam pelo conhecimento de orçamento de
construção, regressões lineares, processos estatísticos, relações
matemáticas e conceitos de Engenharia Econômica;
• A vistoria técnica que retrata o padrão do imóvel, condições de
habitabilidade e eventuais inconformidades edilícias;
• Nos laudos de avaliações para financiamentos bancários, exige-se informar
as condições de habitabilidade dos imóveis e o levantamento de indícios de
contaminações (informes padronizados desenvolvidos pelo Ibape e
Febraban), por adesão a protocolos ambientais e que exigem a
compreensão dos parâmetros técnicos da matéria;

25
• As avaliações devem estar amparadas em critérios de fundamentação e
precisão, os laudos são auditáveis e todos os cálculos devem estar
explicitados;
• A avaliação deve ser isenta e realizada por um profissional independente,
que não tenha interesses na comercialização do bem.

Laudo de Avaliação
Laudo Técnico de Avaliação é o documento elaborado por um profissional de
avaliação onde, após a adequada análise e individualização do objeto da avaliação,
dos fatores valorizantes ou desvalorizantes e das circunstâncias que possam influir
no valor do imóvel, se busca definir o seu valor de mercado que, conceitualmente, é
a quantia mais provável pela qual se negociaria voluntariamente e conscientemente
um imóvel, numa data de referência, dentro das condições do mercado vigente.
Laudo de Avaliação versus Ptam
Recentemente tem-se observado profissionais sem os conhecimentos
necessários para emitir laudos, baseando-se em conceitos opinativos, denominando-
os de Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica – Ptam.
O Ibape-SP, em parceria com o Ipeea, elaborou o presente informativo
denominado “Laudo de Avaliação – Um trabalho baseado em métodos técnicos e
normativos, não uma opinião” cujos objetivos básicos são:
I. informar a sociedade sobre os conhecimentos necessários para realizar
uma avaliação;
II. esclarecer o que é um Laudo Técnico e do que se trata uma opinião.
Enquanto a NBR 14.653 se presta a estimar valores de bens, entre eles o mais
utilizado nos Laudos de Avaliação é o valor de mercado, principalmente quando se
avalia imóveis, onde a parte 2 desta norma – se presta a avaliação de imóveis
urbanos, com grande destaque para o Método Comparativo Direto de Dados de
Mercado, cuja aplicação é a determinação do valor de mercado, o Parecer Técnico de
Avaliação Mercadológica (Ptam), fruto da resolução Cofeci, por sua vez, se presta a
formalizar a opinião técnica, mas em nenhuma hipótese pode se configurar em um
laudo técnico, pois carece de pré-requisitos técnicos.
Essa diferença de procedimentos foi sintetizada no voto no Tribunal de Justiça
do Poder Judiciário de São Paulo, do Relator Silveira Paulilo, cujo excerto
reproduzimos, que disseca a ação movida pelo Confea e Ibape que pretendia anular

26
a resolução Cofeci, traz um bom entendimento sobre o teor do presente manual, a
saber:
“Mas a discussão está longe do fim. A coisa julgada ocorreu interpartes, não
vinculando qualquer outro órgão do Poder Judiciário, estadual ou federal: isso
vale dizer que o Confea e o Ibape não podem mais questionar a Validade da
Resolução, citada, mais nada. Depois, com a devida vênia do respeitado
julgado, ousa-se discordar dele porquanto não se pode estender o vocábulo
“opinar”, da lei dos corretores, como autorizador para a avaliação nos termos
da Lei n. 5.194/66. Uma Resolução classista não pode ofender uma lei
federal. (destaque nosso)
Diante do exposto, pelo meu voto, é dado provimento ao recurso para que a
avaliação seja feita por profissional de engenharia civil, arquiteto ou
engenheiro agrônomo”.

Diversas decisões, reportadas ao fim deste documento, trazem essa questão


para a realidade dos fatos, não se pode comparar um Laudo técnico com uma mera
opinião, esse é o eixo central da discussão.
Nos Pareceres Técnicos de Avaliações Mercadológicas (Ptam), não são
previstos níveis de fundamentação e a demonstração dos critérios e cálculos, são
exigidas apenas informações que não abordam a demonstração da apuração de
valores, claramente demonstrados nas exigibilidades, a seguir discriminadas:
Exigibilidade do Ptam
I) Identificação do solicitante;
II) Objetivo do parecer técnico;
III) Identificação e caracterização do imóvel;
IV) Valor resultante e sua data de referência;
V) Identificação, breve currículo e assinatura.
Exigibilidade do Laudo de Avaliação segundo a ABNT
a) identificação do solicitante;
b) finalidade da avaliação, quando informada pelo solicitante;
c) objetivo da avaliação;
d) pressupostos, ressalvas e fatores limitantes;
e) identificação e caracterização do imóvel avaliado;
f) diagnóstico do mercado;
g) indicação do(s) método(s) e procedimento(s) utilizado(s);
h) especificação da avaliação;
i) planilha dos dados utilizados;
j) descrição das variáveis do modelo, com a definição do critério de
enquadramento de cada uma das características dos elementos amostrais;

27
k) tratamento dos dados e identificação do resultado – explicitar os cálculos
efetuados, o campo de arbítrio, se for o caso, e justificativas para o resultado
adotado;
l) resultado da avaliação e sua data de referência;
m) qualificação legal completa e assinatura do(s) profissional(is)
responsável(is) pela avaliação.
São atividades incomparáveis e produtos distintos. A seguir, apresentamos os
requisitos exigidos na elaboração de Laudo de Avaliação comparados àqueles
necessários no Ptam:
Figura 9: Requisitos para um Laudo de Avaliação

Seção 2.6: Questões legais


A Lei Federal n. 5194/66, no seu art. 27, alínea f, concede ao Confea baixar e
fazer publicar as resoluções previstas para regulamentação e execução da referida
Lei. Dessa legislação resulta a Resolução N. 345/1990 que atribui competência
exclusiva aos engenheiros para avaliações e perícias de imóveis, móveis e indústrias.
O art. 13 da mesma Lei prevê que não possuem valor jurídico os laudos e demais
trabalhos, quer públicos e/ou privados, quando não realizados por profissionais
registrados no Crea. No mesmo sentido, o CAU apresenta na Resolução N. 51, art. 2,
item d, a atribuição ao arquiteto para “inventário, vistoria, perícia, avaliação,

28
monitoramento, laudo e parecer técnico, auditoria e arbitragem em obra ou serviço
técnico referente à preservação do patrimônio histórico, cultural e artístico”. O Código
de Defesa do Consumidor reconheceu a necessidade dos serviços de avaliação e
perícias atenderem às Normas da ABNT, reconhecendo como uma proteção do
consumidor, proporcionando qualidade e orientação aos serviços.

Reza o CPC: “Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a prova do fato
depender de conhecimento técnico ou científico.”
§ 1º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados
e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro
mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado.

§ 2º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública,


por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de
grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de
classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados
do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos
interessados.

Já o Art. 473 do mesmo CPC exige a escora técnica identificada em um Laudo


Técnico de Avaliação, mas inexistente no Ptam:
“Art. 473. O laudo pericial deverá conter:
II - a análise técnica ou científica realizada pelo perito;
III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o e demonstrando ser
predominantemente aceito pelos especialistas da área do conhecimento da qual se
originou;”
A seguir, relacionamos ações julgadas nos tribunais estaduais e federais sobre
a impropriedade técnica na aplicação do Ptam na Avaliação de Bens e/ou Imóveis:
1. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO:
APELAÇÃO CÍVEL. DESAPROPRIAÇÃO. Indenização mantida conforme
laudo subscrito pelo perito judicial. Ausência de elementos aptos a alterar as
assertivas do “Expert” oficial. CORRETOR DE IMÓVEIS que não tem formação
técnica específica para realizar o trabalho em apreço, nos termos do artigo 7º, “c”, da
Lei nº 5.194/66. Precedentes deste C. Tribunal de Justiça. Recurso desprovido. TJSP
— APELAÇÃO CÍVEL Nº 1000882- 05.2015.8.26.0103 — Rel. OSVALDO DE
OLIVEIRA — 28/11/2018;
2. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

29
ADMINISTRATIVO. DESAPROPRIAÇÃO. PERÍCIA. CORRETOR DE
IMÓVEIS. IMPOSSIBILIDADE. REALIZAÇÃO POR ENGENHEIRO.
DETERMINAÇÃO IMPOSTA PELO ARTIGO 12 DA LEI 8.629/93. AGRAVO DE
INSTRUMENTO CONHECIDO PARA DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO
ESPECIAL. STJ — AGRAVO N. 1.334.673 — ES (2010/0140240-6) — RELATOR:
MINISTRO MAURO CAMPBELL/MARQUES — DJe: 06/10/2010; Do voto: “Conforme
se observa, a prova pericial é uma prova que demanda especial conhecimento
técnico. Na perícia, há declaração de ciência na medida em que o perito relata no seu
laudo as percepções colhidas.” (Curso de Direito Processual Civil, Luiz Fux, p. 729);
3. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL
IMISSÃO DE POSSE. IMÓVEL ARREMATADO EM LEILÃO. INDENIZAÇÃO.
ACESSÕES. AVALIAÇÃO. PERITO CORRETOR. INAPTIDÃO TÉCNICA.
SENTENÇA. BASEADA EM LAUDO IMPRÓPRIO. CASSAÇÃO.
PREJUDICIALIDADE DOS DEMAIS PEDIDOS. (...) Determino a realização de nova
perícia, por engenheiro civil inscrito no Cadastro Eletrônico de Peritos e Órgãos
Técnicos ou Científicos (Cptec), mantido pela Corregedoria de Justiça deste Tribunal,
nos termos da Resolução n. 233, de 13 de julho de 2016, do Conselho Nacional de
Justiça (CNJ). TJDF — APC 201 403 1030 9938 DF 0030622.96.2014.8.07.0003 —
Desembargador DIAULAS COSTA RIBEIRO — Acórdão n.: 1036883 — 3 de agosto
de 2017 — pub. 9/8/2017;
4. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO.
CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. LIBERAÇÃO DE VALORES. IMPUGNAÇÃO
RECEBIDA NO EFEITO SUSPENSIVO. RECURSOS ESPECIAIS AINDA NÃO
JULGADOS NO STJ. CAUÇÃO OFERECIDA PELO CREDOR. AVALIAÇÃO DO
IMÓVEL POR CORRETORES DE IMÓVEIS. INCABIMENTO. ATRIBUIÇÃO LEGAL
DOS ENGENHEIROS. INVALIDADE DA AVALIAÇÃO. (...) É inválida a avaliação do
imóvel através de corretor de imóvel, porque esta atribuição pertencente aos
engenheiros, conforme Lei n. 5.194/66 (art. 7.º letra c). (TJ-RS — Agravo de
Instrumento n. 70058717851, Relator: Lúcia de Castro Boller, Data do Julgamento:
10/09/2014, Décima Terceira Câmara Cível, Data da Publicação: Diário da Justiça do
dia 12/09/2014).

30
Seção 2.7: Considerações
Diante da exposição de motivos elencados neste documento de atribuição do
profissional de avaliação, podemos concluir que:
• O ambiente de negócios exige escora técnica robusta para suportar
decisões, não admitindo valores balizados em opiniões;
• O profissional de avaliação (engenheiros e arquitetos) deve ser
independente e somente poderá dar o adequado suporte aos negócios caso
tenha consciência da amplitude de possibilidades, reconheça a
necessidade específica da transação a ser suportada e disponha de
conhecimento técnico-científico, bem como ferramentas e mecanismos para
atendê-la, sob os auspícios da isenção;
• A Engenharia de Avaliação compreende o conjunto de conhecimentos
técnicocientíficos especializados, aplicados na avaliação de bens;
• O Laudo Técnico de Avaliação é o documento elaborado por um profissional
de avaliação (engenheiros e arquitetos) que, após a adequada análise e
individualização do objeto de avaliação, busca definir o seu valor de
mercado que, conceitualmente, é a quantia mais provável pela qual se
negociaria um imóvel, numa data de referência, dentro das condições do
mercado vigente;
• Parecer Técnico de Avaliação Mercadológica (Ptam), elaborado por um
corretor de imóveis, se presta única e exclusivamente a formalizar uma
“opinião de mercado”, mas em nenhuma hipótese pode se configurar em
um laudo técnico, pois carece de prérequisitos técnico-científicos;
• Os tribunais nas esferas estaduais e federal proferiram decisões em que
não se deve comparar um Laudo Técnico, elaborado por profissional de
avaliação, com uma mera “opinião de mercado” emitida por um corretor de
imóveis.
Por fim, ressaltamos que o eixo central desta discussão – Laudo Técnico versus
Ptam – está fincado no conhecimento técnico-científico que sustenta a avaliação de
bens e/ou imóveis, que terão seus valores perquiridos e verificados
metodologicamente a exaustão pelos engenheiros e arquitetos, que compõem o corpo
de profissionais de avaliações, sob os auspícios da independência e isenção!

31
Unidade 3: O Papel do Engenheiro como Perito Judicial
e os Desafios Advindos do Novo Código de Processo Civil
(CPC)

Seção 3.1: Introdução


A engenharia tem-se empenhado em agregar novas tecnologias,
principalmente em um campo globalizado que reforça a competitividade. Além da
necessidade de inovação o engenheiro se lança em desafio na busca de
compatibilizar projeto, custo, qualidade e prazo, objetivando o sucesso de sua gestão
nesses novos cenários.
Nesse contexto, de acordo com Takahashi (2002), no esforço de construir sob
pressão mercadológica, os utilitários de aperfeiçoamento da produção passam pela
linha tênue entre o êxito da execução e suas falhas, com o risco de litígios técnicos.
Mesmo sem a finalidade de causa, o desacerto, seja na camada de produtos ou de
serviços, ocasiona desvantagens tanto para o profissional que executa como para
todos os terceiros ali envolvidos.
Para Nelson Nór apud Giovanny Gerolla (2011) as irregularidades podem
acontecer na etapa de execução, na aquisição de terrenos, na escolha de materiais,
e até mesmo devido à má qualificação da mão de obra selecionada para realização
dos serviços. Além disso, a falta de manutenção e correção preventiva por parte dos
responsáveis pelos bens, comprometem a infraestrutura e põe em risco a sociedade
nos diversos ambientes acarretando em inúmeros questionamentos.
Diante do quadro apresentado a presença do engenheiro como perito é de
suma importância. É evidente, principalmente após a vigência do novo Código de
Processo Cível (CPC), em março de 2016, que o profissional deverá buscar constante
reciclagem e modernização. Para tanto deverá enfrentar constantes desafios que
agregam valor à perícia de engenharia. Deste modo, o aperfeiçoamento da atividade
carece de ser apresentada de forma atualizada e objetiva.

32
Seção 3.2: Referencial teórico
A demanda dos processos judiciais que implica a presença do engenheiro
como perito não se restringe às empresas do setor da construção. A informalidade na
habitação executada por grande parte da população, e até mesmo a atuação de
agentes da natureza interferem na qualidade e segurança da infraestrutura urbana.
Comumente visto nos últimos anos, os sinistros podem ter como origem um acidente,
incidente ou desastre ambiental.
De acordo com o Watanabe (2012):
“Sinistros são ocorrências imprevisíveis e ocorrem de forma inesperada nos
locais mais improváveis e nos horários mais inapropriados. Em geral há perda
de patrimônio como casas e seu conteúdo e também produzem como vítimas
pessoas e algumas delas fatais.”

Na ocorrência de tais fenômenos faz-se necessária a presença do profissional


de engenharia como perito na investigação das suas causas e responsabilidades.
“Perícias tornam-se imprescindíveis nas relações dos agentes produtivos e
mercadológicos sendo atividade essencial ao fornecimento de subsídios confiáveis
aos esclarecimentos científicos dos fatos e lides” (TAKAHASHI, 2002).
O perito em engenharia é aquele que investiga, analisa informações colhidas e
apresenta conclusões sobre as condições técnicas de um imóvel, de uma máquina,
ou de qualquer outro produto da engenharia.
Para Nelson Nór apud Giovanny Gerolla (2011):
"O perito engenheiro civil avalia as causas de um acidente, como o
desmoronamento de um edifício por falha estrutural, patologias, anomalias
ou qualquer desempenho insatisfatório da edificação decorrente de má-
execução, erro de projeto ou problema com material..."

“Sempre que o juiz não for suficientemente apto para realizar a verificação dos
fatos, seja pela ausência de conhecimentos técnicos, ou pela impossibilidade de
colher os dados necessários, o trabalho será realizado por pessoas entendidas na
matéria, através de perícia” (MAIA NETO, 1997).

Seção 3.3: Perito


De acordo com o glossário do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de
Engenharia de São Paulo (IBAPE/SP) perito é o profissional legalmente habilitado,
idôneo e especialista, convocado para realizar uma perícia.
Segundo Vendrame (1997), apud Veronesi (2004)

33
“O perito é individuo de confiança do juiz, sendo até denominado de “olhos e
os ouvidos do juiz”, figurando como auxiliar da justiça [...], deve reunir os
conhecimentos técnicos e científicos [...]. É justamente por isso que o perito
judicial deve ter conduta incorrupta, ética com a verdade técnica, além de
expertise no assunto que irá tratar em sua perícia, pois tem a função de
apresentar ao juiz, de forma clara e precisa, sua análise técnica para solver
as dúvidas e divergências existentes no litígio em curso.”

O novo Código de Processo Civil (CPC) trouxe consideráveis modificações


quanto à nomeação do perito. Anteriormente, como descrito por Maia Neto (1997) o
juiz nomeava o perito, que era efetivado através de um despacho no processo,
publicado no Diário Oficial, no qual o cartório expedia um mandado de intimação, que
era a forma oficial pelo qual o profissional tomava ciência de sua nomeação para
realização da perícia.
De acordo com o novo CPC/2015 no art. 156, o juiz será assistido por perito
quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico assim
disposto:
§ 1.º Os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados
e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro
mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado. Grifo nosso

§ 2.º Para formação do cadastro, os tribunais devem realizar consulta pública,


por meio de divulgação na rede mundial de computadores ou em jornais de
grande circulação, além de consulta direta a universidades, a conselhos de
classe, ao Ministério Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados
do Brasil, para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos
interessados.

§ 3.º Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações periódicas para


manutenção do cadastro, considerando a formação profissional, a
atualização do conhecimento e a experiência dos peritos interessados.

§ 4.º Para verificação de eventual impedimento ou motivo de suspeição, nos


termos dos Arts. 148 e 467, o órgão técnico ou científico nomeado para
realização da perícia informará ao juiz os nomes e os dados de qualificação
dos profissionais que participarão da atividade.

§ 5.º Na localidade onde não houver inscrito no cadastro disponibilizado pelo


tribunal, a nomeação do perito é de livre escolha pelo juiz e deverá recair
sobre profissional ou órgão técnico ou cientifico comprovadamente detentor
do conhecimento necessário à realização da perícia.

O novo CPC/2015 foi além, ao prever que, mesmo quando a nomeação for feita
livremente pelo juiz, deverá ser nomeado profissional ou órgão técnico ou científico
comprovadamente detentor do conhecimento necessário à realização da perícia. Grifo
nosso.

34
Quanto às avaliações periódicas do cadastro servirão para, além da
manutenção, apurar os casos de suspeição.
“Aprimorando o art. 138 do CPC de 1973, o art. 148 do CPC/2015, estende
os casos de impedimento e de suspeição ao membro do Ministério Público,
aos auxiliares da justiça e, de forma ampla e interessante, aos demais
sujeitos imparciais do processo. ” (BUENO, 2015).

“A vigência do novo Código de Processo Civil reforça a necessidade do


mercado por um profissional que alie a formação em engenharia civil, e áreas
afins, com conhecimentos do mercado imobiliário e do direito. ” (IPOG, 2017).

Uma grande dificuldade para o profissional iniciante é o devido reconhecimento


tanto em relação à atividade em si como em relação à sua remuneração. Para
Imamura (2016) com a evolução das técnicas processuais e da legislação, também
evoluíram as técnicas das perícias, necessitando da atualização constante do
profissional nas diversas matérias que envolvem sua atuação. Outro ponto que o
mesmo autor chama atenção, e que é de suma relevância, é o alto custo da estrutura
técnica e administrativa que o perito necessita para o seu escritório. Há poucos anos
atrás a função do perito era exercida como um complemento de sua atividade
profissional, pois normalmente era funcionário de empresas privadas ou órgãos
públicos, sendo que hoje muitos se dedicam exclusivamente a atender às nomeações
de Juízes ou possuem suas próprias empresas para atuarem como perito do Juízo ou
assistente técnico de partes, na atuação na área jurídica.
Um aprimoramento válido que torna mais justa a nomeação do perito é o § 2º
do artigo 157 do CPC/2015 que, em seus termos, determina que será organizada lista
de peritos na vara ou na secretaria, com disponibilização dos documentos exigidos
para habilitação à consulta dos interessados, para que a nomeação seja distribuída
de modo equitativo, observadas a capacidade técnica e a área do conhecimento.
Já o art. 157 do CPC/2015 diz que o perito tem o dever de cumprir oficio no
prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua diligência, podendo escusar-se
do encargo alegando motivo legítimo. A escusa será apresentada no prazo de 15
(quinze) dias, (anteriormente eram 5), contado da intimação, da suspeição ou do
impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao direito a alegá-la.
O Art. 158 o CPC/2015 atualiza os critérios para a inabilitação. O perito que,
por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas responderá pelos prejuízos que
causar à parte e ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de 2 (dois)
a 5 (cinco) anos, independentemente das demais sanções previstas em lei, devendo

35
o juiz comunicar o fato ao respectivo órgão de classe para adoção das medidas que
entender cabíveis.
De acordo com o art. 475 tratando-se de perícia complexa que abranja mais de
uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e
a parte indicar mais de um assistente técnico. Neste caso deixa de ser
responsabilidade do perito a contratação de um consultor especialista na respectiva
área.
Para Imamura (2016) os honorários devem custear não só as atividades, como
também ser uma forma de equiparar a competência, experiência e qualidade dos
serviços prestados. Isto porque, o engenheiro que atua na função de perito não
somente deve se apresentar como capaz ao juiz, assim como ter uma sólida formação
que inclui especializações e a aquisição de materiais que o auxilie em sua prática.
O CPC/2015 trouxe uma grande e vantajosa inovação para todos que é a
Perícia Consensual de acordo com o art. 471, em que as partes podem, de comum
acordo, escolher o perito, indicando-o mediante requerimento ao juiz, desde que:
I – Sejam plenamente capazes;
II – A causa possa ser resolvida por autocomposição.
§ 1º As partes, ao escolher o perito, já devem indicar os respectivos
assistentes técnicos para acompanhar a realização da perícia, que se
realizará em data e local previamente anunciados.
§ 2º O perito e os assistentes técnicos devem entregar, respectivamente,
laudo e pareceres em prazo fixado pelo juiz.
§ 3º A perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria
realizada por perito nomeado pelo juiz.

Entende-se por autocomposição a situação em que uma das partes desista de


exercer a sua manifestação de vontade ou a outra deixe de resistir à pretensão, ou
haja concessão de ambas as partes no sentido de firmarem um acordo. A expectativa
é que este procedimento inovador acelere a tramitação judicial.
Para Bueno (2015) o novo CPC inovou ao permitir que as partes, observadas
as exigências feitas pelos incisos do caput do art. 471, escolham perito de comum
acordo, substituindo assim a prova pericial que seria realizada por perito nomeado
pelo magistrado.

Seção 3.4: Perícia


A perícia é o ato da investigação onde o profissional habilitado utiliza-se de
ferramentas propicias para evidencia dos fatos e apuração das causas. Segundo

36
Brandimiller (1996) apud Veronesi Junior (2004, p.25) “Perícia é o exame de situações
ou fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado por especialistas na matéria que
lhe é submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos".
Na perícia é necessário estar atento aos elementos que serão examinados e
posteriormente utilizados para responder às arguições das partes. Para identificar
uma causa precisa-se saber o que se está averiguando, transpondo-se assim para
um laudo claro e objetivo.
Ainda de acordo com Veronesi Junior (2004, p.25)
“A perícia é realizada por requisição formal de instituição, pública ou privada,
ou de pessoa jurídica. Seus resultados são apresentados através de parecer
sucinto, apenas com respostas aos quesitos formulados, ou de laudo técnico
com exposição detalhada dos elementos investigados, sua análise e
fundamentação das conclusões, além da resposta aos quesitos formulados.”

Para Kempner (2013) a prova pericial é fundamental para os casos em que as


confissões, as provas documentais ou quaisquer elementos trazidos aos autos,
através dos meios previstos em lei, não são suficientes para dar subsídio ao
julgamento neste caso, é a prova pericial que norteia a decisão judicial. O mesmo
julga pertinente afirmar que a prova pericial é a bússola do magistrado.
Encontra-se disciplinada no art. 464 do novo CPC que a prova pericial consiste
em exame, vistoria ou avaliação, cujas definições jurídicas são:
• Exame é a inspeção judicial feita por perito sobre pessoas, animais, coisas
móveis, livros e papéis, a fim de verificar algum fato ou circunstância ao
mesmo relativa;
• Vistoria é a inspeção judicial feita por perito sobre um imóvel, para verificar
fatos ou circunstâncias ao mesmo relativas;
• Avaliação é o exame pericial destinado a verificar o valor em dinheiro de
alguma coisa ou obrigação.
No art. 472 (CPC/2015) diz que
“O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na
contestação, apresentarem, sobre as questões de fato, pareceres técnicos
ou documentos elucidativos que considerar suficientes.”

Critérios Normativos Para Perícia De Engenharia Na Construção Civil


Todos os trabalhos periciais de engenharia devem ser orientados e atender às
diretrizes preconizadas pelas Normas Brasileiras aprovadas pela Associação

37
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aplicáveis à natureza e espécie do objeto da
perícia.
A NBR 13.752/1996 é a norma que trata das perícias. Ela determina as
diretrizes básicas, conceitos, critérios e procedimentos para a realização das perícias
de engenharia.
Esta Norma é exigida em todas as manifestações escritas de trabalhos periciais
de engenharia na construção civil e é aplicável às demais áreas da engenharia. A
realização deste trabalho é de responsabilidade e exclusiva competência dos
profissionais legalmente habilitados pelos Conselhos Regionais de Engenharia e
Agronomia (CREA), de acordo com a Lei Federal nº 5194/1966 e, entre outras, as
Resoluções nos 205, 218 e 345 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(CONFEA).

Seção 3.5: Laudo


O resultado do trabalho realizado na perícia é apresentado em forma de laudo
ao juiz para que este dê prosseguimento no processo e contribua na sua sentença.
No glossário do IBAPE/SP apud Medeiros Junior e Fiker (2013) o laudo é um parecer
técnico escrito e fundamentado, emitido por um especialista indicado por autoridade,
relatando resultados de exames e vistorias, assim como eventuais avaliações com ele
relacionadas.
No laudo deve-se evitar palavras de sentido ambíguo ou confuso, ainda que
necessite apresentar termos técnicos, objetivando facilitar assim a sua leitura e
compreensão do mesmo.
Segundo Medeiros Junior e Fiker (1996, p.31)
O laudo é o resultado da perícia expresso em conclusões escritas e
fundamentadas, devendo conter fiel exposição das operações e ocorrências
das diligências, concluindo com parecer justificado sobre a matéria submetida
a exame do especialista e respostas objetivas aos quesitos formulados pelas
partes e não impugnados pelo juízo.

O laudo deve ser imparcial e de inteira responsabilidade com a verdade técnica,


baseando-se nas perguntas elaboradas em forma de quesitos, mas não somente a
estas, devendo o engenheiro fazer suas devidas observações e análises de acordo
com o elemento a ser investigado. Como afirmado por Yee (1999) o laudo pericial é
apresentado de acordo com os quesitos formulados pelas partes, com as respectivas
respostas. Ainda sinaliza que o perito não está adstrito somente às respostas aos

38
quesitos, mas ao objeto da perícia, devendo esclarecer todas as questões técnicas
levantadas.
O novo CPC traz no art. 469 a possibilidade de as partes apresentarem
quesitos suplementares durante a diligência, que poderão ser respondidos pelo perito
previamente ou na audiência de instrução e julgamento. O escrivão dará à parte
contrária ciência da juntada dos quesitos aos autos.
“A novidade está na expressa possibilidade de o perito responder aos quesitos
suplementares previamente ou na audiência de instrução e julgamento, consagrando,
legislativamente, prática forense bastante difundida. ” (BUENO, 2015).
Não cabe ao perito ao redigir o seu laudo interferir ou opinar para as decisões
do juiz. Como elucidado por Veronesi (2004) o objeto da perícia é o fato ocorrido e
seu nexo de casualidade e não o fato jurídico.
Para a elaboração do trabalho a ser apresentado, não existe um padrão
préestabelecido, porém existem orientações normativas, além dos quesitos, que
direcionam o laudo pericial.
Como explica Medeiros Junior e Fiker (1996, p.31)
A legislação não prescreve a forma pela qual o laudo deve ser apresentado.
Constituindo a peça representativa das operações periciais, das ocorrências
das diligências e da concatenação dos fatos que determinam as conclusões
do vistor, deve obedecer à orientação individual deste, razão pela qual, sem
sombra de dúvida, seria desaconselhável exigir-se respeito a fórmulas
predeterminadas.

O deferimento é tarefa atribuída ao juiz e a sua forma de conclusão está


explicitada de forma atualizada e abrangente no CPC/2015 no art. 479 em que diz
“O juiz apreciará a prova pericial de acordo com o disposto no art. 371,
indicando na sentença os motivos que o levaram a considerar ou a deixar de
considerar as conclusões do laudo, levando em conta o método utilizado pelo
perito.”

Para Bueno (2015)


A fórmula adotada pelo novo CPC é, inegavelmente, mais completa e
preferível que a do art. 436 do CPC de 1973, sendo pertinente também a
expressa remissão ao art. 371, que permite ao magistrado apreciar a prova
constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido
(princípio da aquisição da prova), indicando na decisão as razões da
formação de seu convencimento.

Quando as provas coletadas ou a elaboração do laudo é julgada ineficiente o


art. 480 estabelece que o juiz determinará, de ofício ou a requerimento da parte, a
realização de nova perícia quando a matéria não estiver suficientemente esclarecida.

39
§ 1º A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre os quais recaiu
a primeira e destina-se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos
resultados a que esta conduziu.
§ 2º A segunda perícia rege-se pelas disposições estabelecidas para a
primeira.
§ 3º A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar o
valor de uma e de outra.

Seção 3.6: Assistente técnico


O assistente técnico, de acordo com a NBR 13.752/1996 da ABNT, é o
profissional legalmente habilitado pelos Conselhos Regionais de Engenharia e
Agronomia (CREAs), indicado e contratado pela parte para orientá-la, assistir aos
trabalhos periciais em todas as suas fases da perícia e, quando necessário, emitir seu
parecer técnico.
Com relação ao acompanhamento das diligências pelas partes Bueno (2015,
p.314) destaca que o § 2º do artigo 466 é novo e pertinente porque impõe ao perito
que assegure, comprovadamente, e com antecedência mínima de cinco dias, acesso
a todos os documentos, informações e diligências aos assistentes técnicos
complementando o disposto no Art. 474, que repete dispositivo do CPC 1973.
Art. 474. As partes terão ciência da data e do local designados pelo juiz ou
indicados pelo perito para ter início a produção da prova.
Art. 466. § 2º O perito deve assegurar aos assistentes das partes o acesso e o
acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia
comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 (cinco) dias.
Para Imamura (2016) muitos engenheiros preferem atuar como assistentes
técnicos, pois sua remuneração é tratada diretamente com as partes, o que dá maior
segurança quanto aos prazos e pagamentos dos honorários, não cabendo
impugnação dos mesmos, haja vista, terem sido acordados anteriormente à aceitação
da causa.
credibilidade dos engenheiros que atuam como assistentes por muitas vezes é
questionada devido ao mal entendimento que aponta o profissional como auxiliar dos
advogados das partes. Porém, há de se reconhecer que a mesma conduta ética que
cabe ao perito deve ser reconhecida aos assistentes, devendo os mesmos ter
responsabilidade com a verdade técnica e com a ética profissional abraçando a tese
do seu cliente, se está convencido da sua justeza.

40
O engenheiro abstém-se de qualquer função que caiba à advocacia, pois sua
atividade é voltada unicamente para as questões técnicas pertinentes à perícia em
que atua.

Seção 3.7: Tipos de ações ou perícias


Para Medeiros Junior e Fiker (2013) quando duas ou mais pessoas possuem
interesse sobre o mesmo bem ou utilidade, surge entre elas um conflito de interesses,
tal conflito pode dar lugar à manifestação da vontade de uma delas de exigir a
subordinação do interesse da outra ao próprio (pretensão). Se essa vontade é
resistida, configura-se então um litígio ou lide. A função de decidir a lide é atribuída a
um terceiro sujeito, desinteressado e imparcial, que é o Estado, através de seus
órgãos jurisdicionais.
Quando alguém ingressa em Juízo, geralmente o faz para obter do órgão
jurisdicional que, na primeira instância, é o juiz, uma decisão que acolha sua
pretensão pondo fim à lide. O processo civil é, portanto, um actum trium personarum,
ou seja, uma relação entre três pessoas, em que um litigante (autor) pede a um juiz
que lhe reconheça ou faça valer um direito contra uma outra pessoa (réu).
Seguem abaixo as principais ações ou lides que envolvem perícia de
engenharia.
Ordinária
As lides que necessitam de maior trabalho do engenheiro são movidas por ação
ordinária. São ações que normalmente envolvem maior complexidade prevendo
indenização por uma das partes. “Indenizações por vícios de construção, danos
causados a terceiros e todas aquelas que envolvam a participação pecuniária por
ocorrência que implique uma verificação ou parecer técnico de Engenharia” (MAIA
NETO, 1997).
Desapropriação
Segundo Medeiros Junior e Fiker (1996), nas ações de desapropriação a
função do perito e dos assistentes técnicos é apontar a indenização pelos bens
expropriados.
Maia Neto (2000) define que a desapropriação é a ação onde o Poder Público,
de forma direta, ou através de concessionário de serviço público, promove, de forma
compulsória, a transferência da propriedade de um imóvel pertencente ao particular

41
para o patrimônio público, consistindo na apuração do justo valor da indenização a
ser paga.
Há casos especiais em que as desapropriações ocorrem em áreas ambientais
que necessitam de licença ambiental ou até mesmo do estudo de impacto ambiental
carecendo de especialistas na área.
Haddad e Santos (2009, p. 240) apud Nadalini (2013) argumentam que a
desapropriação ambiental possui notáveis diferenças em relação à desapropriação
geral e, portanto, a utilização dos mesmos critérios de valoração empregados nos
processos de desapropriação comum acabam por gerar grandes distorções no valor
da indenização final.
Não é simples a quantificação quanto ao valor material da natureza o que gera
complexidade na sua comparação em relação a bens de valor econômico.
Dentro do campo do mercado imobiliário tange ao engenheiro ações de cunho
renovatório e revisional. Ações Renovatórias “referem-se a imóveis comerciais, onde
o inquilino solicita judicialmente a prorrogação do prazo contratual e havendo
divergência com relação ao aluguel inicial para o novo período” (MAIA NETO, 1997).
Sendo assim, necessária a realização de uma perícia para arbitramento do valor.
Ainda de acordo com Maia Neto (1997) Ação Revisional refere-se tanto aos
imóveis comerciais como residenciais, onde o proprietário, por considerar o valor atual
defasado em relação ao valor de mercado, solicita a intervenção do perito para arbitrar
o justo valor locativo.
Demarcatória e Divisória
As ações que envolvem divisão de terras são pertinentes desde os primórdios
do Brasil e necessita também do profissional de engenharia. “Estas ações surgem
quando existem divergências nos limites físicos que constituem as divisas de um
imóvel devendo ser levantado o traçado da linha demarcanda, ou no caso de
necessidade de divisão de uma propriedade comum” (MAIA NETO, 1997).
De acordo com o novo Código Processual Civil (CPC/ 2015) Art. 579 antes de
proferir a sentença, o juiz nomeará um ou mais peritos para levantar o traçado da linha
demarcanda.
importante observar que nesta ação faz-se necessária a presença de
profissionais de engenharia de agrimensura.
Reintegração de Posse e Reivindicatória

42
Ainda relacionado às propriedades, existem as ações de reintegração de posse
e reivindicatória. De acordo com Maia Neto (1997) “questões de terra”, envolvendo
casos em que há dúvida sobre a perfeita localização de um determinado imóvel em
relação ao outro ou existam casos de invasões e esbulhos sobre determinado imóvel.
Usucapião
Outra lide que envolve problemas relacionados ao uso e ocupação do solo é a
ação de usucapião onde o ocupante do imóvel solicita a transferência da propriedade
decorrente da comprovação de posse, caracterizada por um período de ocupação
mansa e pacífica conforme prazos e condições definidos no Código Civil, devendo a
perícia definir os limites da divisa ou determinar se o imóvel pertence ao Poder
Público, cujos bens não são abrangidos por estas ações. (MAIA NETO, 1997).
Nunciação de Obra Nova
Problemas entre vizinhos, devido a obras que afetam um ou mais envolvidos,
implicam na possibilidade de ação de nunciação de obra nova. Para Maia Neto (1997)
são ações que visam a interrupção de uma determinada obra em decorrência de risco
iminente a terceiros exigindo extrema cautela do engenheiro para que seu parecer
seja imparcial e consistente, pois o Juízo, normalmente, só tem este referencial para
decidir.
Ambiental
No âmbito das lides que envolvem os recursos naturais, ocorre a perícia
ambiental onde se dá a apuração dos fatos que envolvem as questões ambientais e
os impactos sofridos pelas ações do homem. Também regida pelo CPC, diferencia-
se pelo objeto de estudo. “[...] Em outras palavras, a perícia ambiental tem como
objetivo o estudo e a preservação do meio ambiente, o que abrange a natureza e as
atividades humanas” (NADALINI, 2013). É comum o envolvimento de equipe
multidisciplinar com outros profissionais das mais diversas especializações em ações
que necessitam de uma equipe técnica capacitada nas áreas em questão.
A figura 10 aponta, de forma mais clara, o fluxo da prova pericial no âmbito do
processo judicial.

43
Figura 10: Fluxograma básico da prova pericial.

Fonte: adaptado de Nadalini (2013).

44
Seção 3.8: Estudo de caso
A seguir será apresentada uma lide (manifestação de uma vontade resistida
por outrem), de forma resumida, que culminou em uma ação ordinária. Abaixo segue
a imagem (figura 11) do condomínio autor da ação e objeto do litígio
Figura 11: Demonstração do objeto da lide (perímetro em amarelo)

Fonte: Laudo técnico de engenharia.

Os autores propuseram na petição inicial uma Ação Ordinária contra o órgão


de fiscalização e a construtora, resumidamente pelo seguinte:
A parte autora é um condomínio fechado horizontal composto por casas
exclusivamente residenciais, entregue pela Construtora (Ré) em 15/07/2005, com
todas as autorizações necessárias à sua liberação e funcionamento, expedidas pelos
órgãos públicos competentes.
O condomínio autor afirmou que, em decorrência das chuvas que caíram no
município de Aracaju/SE, especialmente no dia 04/11/2013, apresentou problemas
estruturais alegando ser em função de deficiência na rede de drenagem do
condomínio tendo ocorrido alagamento das ruas internas e de aproximadamente 60
(sessenta) casas, o que causou danos ao patrimônio dos moradores.
Alegou ainda que a captação da água proveniente das ruas externas era feita
por galerias públicas insuficientes ou inexistentes, de modo que ocorria o escoamento
das águas da chuva para a área interna do condomínio sendo que tal fato não foi
levado em consideração por ocasião da implantação do aludido condomínio, nem pela

45
construtora ré e nem pelo órgão de fiscalização, também ré no presente processo.
Para melhor demonstração do trabalho realizado pela engenheira civil, como perita,
foi elaborado um quadro elucidativo – Figura 12
Figura 12: Resumo do laudo pericial

Fonte: Adaptado de Takahashi (2002).

46
Deferida a necessidade da prova pericial, o Juiz nomeou a perita judicial e a
referida empresa fiscalizadora e a construtora indicaram seus respectivos assistentes
técnicos tendo, ambas as partes, formulado quesitos.
Resultados
A perita concluiu que no caso em questão, a destinação das águas de chuva,
que ocorreram em um curto período de tempo (135,4 mm em 3 horas), para a Av.
Augusto Franco cujo sistema de macrodrenagem já se encontrava saturado somado
ao aumento da área impermeabilizada do solo e à deficiência no sistema de drenagem
das ruas adjacentes ao condomínio autor, impediram a infiltração das águas de chuva
diretamente no solo e no sistema de galerias pluviais. Acabaram por sobrecarregar o
sistema de drenagem existente no referido condomínio ocasionando o alagamento
das ruas internas do mesmo, no dia 04 de novembro de 2013.
O assistente técnico da ré empresa de fiscalização concordou integralmente
com o Laudo Oficial e as conclusões nele apresentadas. O assistente técnico da ré
empresa construtora, em seu parecer técnico, também concordou com o laudo da
signatária. O autor apresentou quesitos suplementares os quais foram devidamente
respondidos.
Na Figura 13 abaixo é possível estabelecer comparações entre as normativas
do novo CPC/2015 com o de 1973 no que tange aos engenheiros atuantes como
perito:
Figura 13: Comparativo entre o atual e o antigo CPC.

47
Fonte: Elaborado pelo autor

O novo CPC/2015 inovou em diversos aspectos que mudou não somente os


procedimentos da perícia judicial como seu mercado de atuação. Ao inserir no art. 156
a possibilidade da nomeação de órgãos técnicos ou científicos o novo código abriu
inúmeras possibilidades para formação da estrutura do quadro profissional.
A novidade é benéfica para as instituições e para os engenheiros. Isto porque
para os que já atuam, ou desejam atuar dentro de algum órgão, passará a estar não
só disponível para os ofícios internos como para auxilio da justiça. Se por um lado a
mudança gera benefícios por outro surge grandes desafios, o engenheiro enfrenta
agora a necessidade de uma maior especialização que o diferencie e o faça mais
preparado em determinado conteúdo.

Seção 3.9: Considerações


As constantes mudanças no campo da engenharia legal trouxeram inovações
tanto para o campo técnico como jurídico. Neste ponto é indiscutível a necessidade
do perito em manter-se atualizado. A engenharia tem se empenhado em desenvolver
novas tecnologias que auxilia as pericias nos diversos segmentos. Sendo assim, cabe
ao engenheiro perito dedicar-se ao constante aprendizado, tanto nas questões
técnicas, como no âmbito judicial. Cabe ainda ao profissional ter ciência da
complexidade que demandam as práticas forenses aplicando-se ao estudo das

48
causas que lhe forem designadas para apuração pois, nenhuma lide é igual a outra,
mesmo que semelhante.
Os honorários, a forma de remuneração do perito, devem, também, equiparar
e retribuir ao engenheiro sua capacitação e dedicação à profissão. Isto porque, toda
qualificação é onerosa de tempo e custo. A impugnação dos honorários, por qualquer
das partes, deverá ser feita levando em consideração os gastos diretos no trabalho,
além da manutenção do perito.
Muitas perícias requerem a necessidade da contratação de mais de um
especialista. Como exemplo temos as causas que envolvem demarcação de terras
onde, faz-se necessária a participação de um engenheiro agrimensor, assim como
desapropriação e perícia ambiental, que requer equipe multidisciplinar.
O novo CPC/2015 deixou ainda mais evidente o dever do perito com a ética e
responsabilidade, devendo ser imparcial na sua atividade como já estabelecido pelo
Código de Ética Profissional do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia
(CONFEA).
Abordado apenas em poucas instituições de engenharia, na graduação, os
conceitos e fundamentos da perícia precisam estar mais difundidos para os
engenheiros. Fica como sugestão para um próximo trabalho a discussão acerca do
ensino da engenharia legal tratada no meio acadêmico.

49
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