Você está na página 1de 8

ELABORAÇÃO DE LAUDOS

Elaboração de Laudos de Vistoria, Relatórios e Pareceres

Apesar de muitos só usarem o termo laudo, nos últimos anos, temos nos deparado com inúmeras si-
tuações, onde os condomínios, necessitam de informação de sua real condição e busca no mercado
a contratação de um profissional habilitado, seja para desvendar o problemas, as causas, proposi-
ções para correção, questionamentos jurídicos.

Acontece que justamente pela dificuldade de entendimento da diferença destes trabalhos e respecti-
vos documentos, onde o valor é um dos fatores de contratação, muitos síndicos têm sido levados ao
erro de contratar, hora documentos que não são adequados por não prover soluções, hora por con-
tratar algo extremamente completo, para uma situação onde a demanda era algo muito simples.

Efetuamos uma pesquisa no Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São


Paulo, normas em elaboração, normas publicadas pela ABNT e documentos de entidades de classe
do setor, para compilar as definições e posteriormente iremos recomendar qual documento é o mais
recomendado para algumas das situações rotineiras na vida em condomínio. As quais elencamos as
diversas definições que encontramos elencadas em algarismos romanos.

No primeiro momento, é notória que as definições variam entre as fontes e isto com certeza tem cau-
sado enormes problemas, pois como cada um deles, possui um objetivo e valor financeiro para ser
contratado, o mercado em vezes contrata aquém ou além de suas necessidades. Não há como afir-
mar se há certo ou errado, ou mais próximo do correto, pois não existe uma regra oficial definida.

O Que É Laudo De Avaliação

Laudo de avaliação é o relatório técnico da análise realizada por um ou mais profissionais regular-
mente inscritos no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), se Engenheiro ou de Ar-
quitetura e Urbanismo (CAU), se Arquiteto, com o objetivo de identificar o valor de um bem, de seus
custos, frutos e direitos, assim como determinar indicadores da viabilidade de sua utilização econô-
mica, para uma determinada finalidade, situação e data. É prova técnica do valor atribuído ao bem,
ou seja: a sua expressão monetária para fins de direito público ou privado. O valor deve ser justifi-
cado com fundamento nos pressupostos assumidos em função da utilidade do bem objeto do laudo
de avaliação e submete o(s) autor(es) à responsabilidade técnica, civil e criminal, respondendo crimi-
nalmente por eventuais danos causados a terceiros por culpa ou dolo na execução dos serviços de
avaliação contratados.

Finalidades - Para que serve o laudo de avaliação

O laudo de avaliação, como prova técnica de valor, serve para a certificação da expressão monetária
de um bem, para uma determinada finalidade, situação e data. É exigível nos processos judiciais en-
volvendo valores controversos ou não explicitamente definidos, tais como valor do aluguel, nos casos
de ação renovatória ou revisional dos contratos de locação; cálculo dos valores de mercado e de li-
quidação forçada ou venda compulsória atendendo requisitos das entidades financeiras, quando se
tratar de alienação fiduciária, hipotecas, garantias e penhoras; pelo poder público, nos casos de desa-
propriações ou para fins de tributação; nas empresas privadas, atendendo finalidades fiscais, contá-
beis ou gerenciais, além de diversas outras oportunidades, conforme a legislação, nos eventos de in-
corporação, fusão, cisão, dissolução de sociedades ou ajustes de avaliação patrimonial, quando se
torna indispensável o laudo de avaliação dos bens móveis e imóveis reconhecidos na conta ativo per-
manente imobilizado.

Como Deve Ser Elaborado

Os procedimentos a serem adotados nos trabalhos de elaboração dos laudos de avaliação de bens
de qualquer natureza estão contidos nas normas técnicas da ABNT da série NBR 14653 conforme
abaixo. Recomenda-se a sua aplicação em todas as manifestações escritas vinculadas à Engenharia
de Avaliações, de responsabilidade e da competência exclusiva dos profissionais legalmente habilita-
dos, em consonância com a Lei Federal 5194 de 24/12/66, com as resoluções n. 205, 1010 e 345 do
CONFEA e com as próprias normas técnicas da ABNT:

NBR14653-1 de 04/2001 Avaliação de bens - Parte 1: Procedimentos gerais

NBR14653-2 de 02/2011 Avaliação de bens - Parte 2: Imóveis urbanos

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 1
ELABORAÇÃO DE LAUDOS

NBR14653-3 de 05/2004 Avaliação de bens - Parte 3: Imóveis rurais

NBR14653-4 de 12/2002 Avaliação de bens - Parte 4: Empreendimentos

NBR14653-5 de 06/2006 Avaliação de bens - Parte 5: Máquinas, equipamentos, instalações e bens


industriais em geral

NBR14653-6 de 06/2008 Avaliação de bens - Parte 6: Recursos naturais e ambientais

NBR14653-7 de 02/2009 Avaliação de bens - Parte 7: Bens de patrimônios históricos e artísticos

A caracterização do documento como laudo de avaliação depende do atendimento aos requisitos es-
tabelecidos nas normas técnicas acima, conforme o caso, por meio do enquadramento nos graus de
precisão e fundamentação I, II ou III, em função do rigor técnico empregado na execução dos traba-
lhos contratados. Para o enquadramento no grau I, é imprescindível o atendimento aos requisitos es-
senciais estabelecidos em cada norma. O grau de precisão e fundamentação do laudo de avaliação
deve ser previamente estabelecido entre o contratante e o engenheiro de avaliações tendo em vista
os honorários inerentes ao volume e complexidade do trabalho.

Composição dos laudos conforme normas da ABNT

No mínimo, o laudo de avaliação deve ser elaborado contemplando os seguintes tópicos:

I - Identificação do solicitante

II - Identificação do proprietário se diferente do solicitante

III - Objetivo da avaliação

IV - Ressalvas e fatores limitantes

V - Identificação e caracterização do bem avaliando

VI - Indicação dos métodos e procedimentos utilizados (com justificativa)

VII - Pesquisas de valores

VIII - Tratamento dos dados

IX - Identificação do resultado

X - Memória de cálculo

XI - Especificação da avaliação (graus de precisão e fundamentação)

XII - Local e data da avaliação

XII - Qualificação e assinatura dos responsáveis pela avaliação

XIV - Anexos:

Documentos fornecidos pelo cliente

Relatório fotográfico

ART quitada dos profissionais responsáveis

Requisitos Essenciais a Serem Atendidos

É indispensável a vistoria / exame do bem objeto do laudo de avaliação. A vistoria é ato personalís-
simo e o avaliador não pode atestar no laudo que viu aquilo que mandou outro ver. Na hipótese de
vistoria realizada por terceiros, quando admitida pela norma, é obrigatória a ressalva no item que trata
de ressalvas e fatores limitantes, devendo o vistoriador assumir responsabilidade solidária pelo laudo
de avaliação.

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 2
ELABORAÇÃO DE LAUDOS

É necessário consultar a norma correspondente ao tipo de bem avaliando e verificar os requisitos


atendidos para o enquadramento do laudo, no mínimo, no Grau I de precisão e fundamentação. Caso
contrário, o documento deverá ser classificado como parecer técnico ou laudo restrito, não podendo
ser considerado laudo de avaliação. Por exemplo, tratando-se de avaliar imóveis, veja aqui quais são
os requisitos essenciais.

As normas estabelecem três graus de precisão e fundamentação em função do rigor técnico empre-
gado na execução do trabalho de avaliação, definindo os requisitos a serem atendidos para cada
grau, sendo o Grau III o mais completo e preciso. O grau de precisão e fundamentação da avaliação
deve ser estabelecido no ato da contratação dos serviços, posto que dele dependem o volume e a
complexidade do trabalho e, por consequência, os honorários do perito avaliador.

A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), instituída pela Lei Nr. 6.496, de 7 de dezembro de
1977, é obrigatória e assegura ao contratante que o laudo de avaliação foi elaborado por profissional
devidamente habilitado, o qual responderá criminalmente por eventuais danos causados a terceiros
por culpa ou dolo na execução dos serviços de avaliação contratados.

Avaliação Patrimonial De Imóveis E Bens Móveis

Independentemente do tipo de bem e das finalidades legais do laudo de avaliação, conte com os nos-
sos serviços de engenharia de avaliações. Avaliação de imóveis residenciais, comerciais ou industri-
ais e de bens móveis para garantias e penhoras; incorporação; fusão; cisão ou dissolução de socie-
dades. Somos engenheiros peritos judiciais avaliadores filiados ao IBAPE, atuantes no mercado de
avaliações e perícias de engenharia há mais de quinze anos e temos como missão a prestação de
serviços de qualidade diferenciada com a finalidade de contribuir para que os nossos clientes alcan-
cem os melhores resultados na consecução das suas metas e objetivos. Elaboramos laudo de avalia-
ção de empresas pelo método do fluxo de caixa descontado para atender os casos de resoluções de
sociedades previstos nas Leis 6.404 de 15/12/1976 e 11.638 de 28/12/2007

As empresas de construção civil, bem como qualquer outra empresa, devem ser vistas como um in-
vestimento efetuado por uma ou mais pessoas, com normas fiscais e societárias gerais e típicas do
negócio. Como qualquer investimento, os investidores/empreendedores se perguntam: Qual a liqui-
dez (prazo) de meu investimento? Qual a rentabilidade (taxa)? A qual (ais) risco (s) nosso investi-
mento está exposto ou associado? Assim, a liquidez, a rentabilidade e o risco são variáveis inclusas
para qualquer forma de investimento, que qualquer agente econômico se proponha a efetuar. É aqui
que entra a ciência contábil para, através de uma série de relatórios, ajudar o usuário daquela infor-
mação a tomar decisões quanto à liquidez, quanto à rentabilidade e quanto ao risco.

As empresas são formadas por dois tipos de capitais, os capitais próprios e os capitais de terceiros.
As somas dos capitais próprios com os capitais de terceiros compõem o capital total à disposição da
empresa. O capital chamado próprio é assim chamado porque representa o investimento dos sócios
no negócio. No momento em que sócios realizam ou integralizam os recursos na empresa, estes re-
cursos passam a pertencer à empresa, vão compor o patrimônio bruto da empresa, chamado tecnica-
mente de ATIVO. O capital de terceiros são as obrigações que as empresas possuem com os financi-
adores de recursos, são os empréstimos e financiamentos bancários, o crédito dado pelos fornecedo-
res de mercadorias e serviços da empresa, as contas a pagar que competem a um período de tempo
e serão pagas em outro período, o crédito dado pelos governos pelos impostos devidos num período
e pagos em outro período, enfim, são as dívidas contraídas por quem não é titular de direitos de só-
cio, acionistas ou participante do empreendimento. Este capital é chamado tecnicamente de passivo
exigível.

As somas dos capitais próprios com os capitais de terceiros formam, o capital total à disposição da
empresa. Este capital total à disposição da empresa é transformado em bens e direitos que serão a
mola propulsora dos negócios. O capital total é também chamado de patrimônio bruto ou ativo
(ativo=ação, apenas porque é no Ativo que se age para se recuperar os capitais próprios e de tercei-
ros originados).

Podemos então transformar os conceitos vistos numa simples equação:

Capital Total à Disposição = Capital de Terceiros + Capital Próprio

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 3
ELABORAÇÃO DE LAUDOS

Ora, se o capital de terceiros, como vimos, são dívidas e obrigações contraídas com terceiros, pode-
mos inferir que, do capital total, uma parte deverá ser devolvida aos terceiros que emprestaram o ca-
pital. Podemos então reescrever a equação acima da seguinte forma:

Capital Próprio = Capital Total – Capital de Terceiros

Vimos que o capital total é chamado de Ativo, o capital de terceiros é chamado de Passivo Exigível, o
capital próprio é chamado de Patrimônio Líquido porque é a diferença entre o Patrimônio Bruto (ativo
ou capital total), menos as obrigações e dívidas das empresas com terceiros (passivo exigível). Pode-
mos agora escrever a equação básica da ciência contábil, chamada de equação do balanço, porque
consiste em balancear a origem dos capitais (próprios e de terceiros) com as aplicações destes capi-
tais em bens e direitos.

ATIVO = PASSIVO EXIGÍVEL + PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Esta equação será a base para toda a discussão sobre índices ou graus de endividamento.

A equação chamada Balanço Patrimonial

A equação apresentada no tópico anterior é, na verdade, um relatório da Contabilidade, chamado Ba-


lanço Patrimonial que atende a inúmeros usuários da informação contábil, o investidor, o banqueiro, o
administrador, o fornecedor, o auditor, aos governos, enfim, à sociedade como um todo. O Balanço
Patrimonial expõe ao usuário da informação contábil como os recursos foram originados (origens de
recursos) e a forma como foram aplicados (aplicações de recursos). É segmentado em grupos de
contas de mesma natureza apenas para facilitar a tomada de decisão por parte do usuário. Origens:
(1)Passivo Circulante (dívidas que deverão ser pagas no ano seguinte ao ano do levantamento do
Balanço Patrimonia),

Exigível a Longo Prazo (dívidas que deverão ser pagas após o término do seguinte ao do levanta-
mento do Balanço Patrimonial), (3)Resultados de Exercícios Futuros (receitas, menos despesas e
custos que competem a períodos do futuro) e (4)Patrimônio Líquido (o capital próprio da empresa).
Aplicações:

(1) O Ativo Circulante (bens e direitos que a empresa esperar receber no ano seguinte ao do Balanço
Patrimonial). (2)O Realizável a Longo Prazo (bens e direitos que a empresa espera receber após o
término do ano seguinte à data do balanço patrimonial) e (3) O Ativo Permanente (bens e direitos que
a empresa não tem intenção de se desfazer, pelo menos num prazo previsível de tempo). O Ativo Cir-
culante é também chamado de Capital de Giro e é composto basicamente de dinheiro imediatamente
disponível (caixa+bancos+aplicações financeiras de liquidez imediata), dos Estoques e das Duplica-
tas a Receber. O Realizável a Longo Prazo é composta basicamente por direitos realizáveis a longo
prazo e direitos oriundos de transações não operacionais com empresas coligadas, controladas, em-
pregados, diretores, etc.

O Ativo Permanente é também chamado de capital fixo e é dividido em Investimentos, que são os
bens e direitos usados apenas para produzir renda, em Imobilizado que são os bens utilizados na ati-
vidade operacional da empresa, e em Diferido que são as aplicações de recursos em despesas que
contribuirão para a formação do resultado de vários exercícios sociais. Todo o Ativo é demonstrado
em ordem decrescente de grau de liquidez, ou seja, os bens e direitos realizáveis em dinheiro mais
rapidamente.

O passivo é demonstrado em ordem decrescente de grau de exigibilidade, ou seja, as dívidas exigí-


veis mais rapidamente.

O Balanço Patrimonial é na verdade um relatório levantado normalmente no fim de um exercício so-


cial da empresa , quase sempre um ano civil, e relata a posição econômica, financeira e patrimonial
da empresa na data em que estiver sendo levantado. É uma posição estática, reflete a situação do
momento em que foi levantado. É constituído de dois lados, o lado direito representa as origens, o
lado esquerdo, as aplicações dos recursos.

É com base no balanço que se extrai, entre outros, os indicadores econômico-financeiros chamados
de índices de endividamento. São indicadores de estrutura de capital e apontam níveis de risco e de
alavancagem das empresas.

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 4
ELABORAÇÃO DE LAUDOS

Uso Da Análise de Balanços Para A Tomada De Decisão

Segundo o Prof.º Dr. Sérgio de Iudícibus,

“a análise de balanços deve ser entendida dentro de suas possibilidades e limitações. De um lado,
mais aponta problemas a serem investigados do que soluções; de outro, desde que conveniente-
mente utilizada, pode transformar-se num poderoso ‘painel de controle’ da administração”

Sobre os objetivos e critérios da análise de balanços, o Prof.º Dr. Alexandre Assaf Neto, comple-
menta:

“ Através das demonstrações contábeis levantadas por uma empresa pode-se extrair, por um pro-
cesso de análise, uma série de informações e conclusões sobre sua posição financeira e econômica.
Por exemplo: um analista poderá obter conclusões sobre a atratividade de investir em ações de deter-
minada companhia, se um crédito solicitado merece ou não ser atendido, se a capacidade de paga-
mento (liquidez) está boa ou má, se existe rentabilidade adequada na atividade operacional da em-
presa e assim por diante(…)”,

E arremata:

“(…) A análise de balanços visa relatar, a partir das informações contábeis fornecidas pelas empre-
sas, a posição econômico-financeira atual, as causas que determinaram a evolução apresentada e as
tendências futuras. Em outras palavras, pela análise de balanços extraí-se informações sobre a posi-
ção passada, presente e futura (projetada) de uma empresa.”

E conclui o Prof. Dr. Assaf Neto:

“ A maneira com que os indicadores de análise são utilizados é particular de quem faz a análise, so-
bressaindo-se, além do conhecimento técnico, a experiência e a própria intuição do analista. Dois
analistas podem chegar a conclusões bem diferentes sobre uma empresa, mesmo tendo eles traba-
lhado com as mesmas informações e utilizado iguais técnicas de análise. As conclusões de diferentes
analistas, por outro lado, poderão estar bem próximas, conforme demonstrem mais nível de experiên-
cia. No entanto, dificilmente apresentarão conclusões exatamente iguais.”

O Prof. Raimundo Aben Athar, enfatiza a questão das limitações da análise de balanços:

“(…) deve-se reconhecer que a análise de balanços apresenta certas limitações, mas mesmo quando
somente aponta problemas a serem investigados transforma-se em um poderoso instrumento de con-
trole da administração das empresas. Dois fatores precisam ser levados em conta numa análise:

• A temporalidade das operações, posto que os relatórios devem ser analisados à vista de diversos
demonstrativos contábeis, em seqüência cronológica, a fim de se constatar as tendências e evolução
da empresa;

• A análise de balanços deve ser comparativa, observando-se o desempenho da empresa analisada


com outras empresas do mesmo ramo de atividade.”

Complementa o Prof. Aben Athar:

“Diz-se que os índices ou quocientes apurados são estáticos, representam a relativização de um mo-
mento, daí o uso geral de que as peças contábeis são “fotografias”, mas vejam, várias “fotografias”
formal um “filme” e um “filme” nada tem de estático e aí com uma boa série histórico e padrões de
comparabilidade confiáveis, a análise de balanços, mesmo com algumas limitações, é mesmo um po-
deroso instrumento para se tomar decisões em questões econômico-financeiras”.

Os Indicadores De Endividamento e Estrutura

A análise de balanços por meio de índices ou quocientes é a comparação entre dois valores patrimo-
niais, dividindo-se um pelo outro. Este tipo de análise por quocientes ou índices estabelece a relação
entre dois fatores de elementos afins das demonstrações contábeis, indicando quantas vezes um
contém o outro, ou a proporção de um em relação ao outro. Quando a comparação é feita entre uma
parte e um total, o resultado obtido também pode ser aplicado sob a forma porcentual, que é a forma

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 5
ELABORAÇÃO DE LAUDOS

mais elementar e mais intuitiva de comparação de valores numéricos. Existem diversos índices ou
quocientes úteis para o processo de análise. Há índices de liquidez, índices de rentabilidade, índices
de rotação ou giro e índices de endividamento ou de estrutura, sendo estes últimos o objeto deste pa-
recer. Os índices ou quocientes de estrutura ou endividamento relacionam as origens de recursos
(capitais próprios e capitais de terceiros) entre elas próprias e cada capital (próprio ou de terceiros)
com o capital total. São índices estáticos extraídos a partir das demonstrações contábeis levantadas
pela empresa numa determinada data. Dois são os principais indicadores de endividamento e estru-
tura de capital das empresas, a saber:

Endividamento Geral

É um indicador também chamado de dependência financeira. É o resultado da divisão entre os capi-


tais de terceiros e os capitais totais originados pela empresa. Este índice ou quociente indica a partici-
pação dos capitais de terceiros nos investimentos efetuados no ativo, a dependência absoluta dar-se-
á quando este quociente for igual à unidade. Se superior à unidade, significa que a empresa apre-
senta um Patrimônio Líquido negativo, ou seja, os capitais de terceiros (as dívidas) superam os capi-
tais próprios.

Elevadas proporções revelam que a empresa se encontra excessivamente endividada. A depender


do tipo de empresa, este quociente pode ser normalmente alto (próximo da unidade) e não indicar
problemas em sua estrutura de capital. Veremos mais adiante o efeito deste indicador no ramo das
empresas de construção civil. Na literatura contábil, encontramos as seguintes fórmulas, todas repre-
sentando o mesmo fenômeno:

Passivo Exigível/Ativo

Abreviando, temos: PE/A

CAPITAIS DE TERCEIROS/CAPITAL TOTAL

Abreviando, temos: CT/CAP. TOTAL

PASSIVO EXIGÍVEL/(PASSIVO EXIGÍVEL+PATRIMÔNIO LÍQUIDO)

Abreviando, temos: PE/(PE+PL)

Todas as fórmulas apresentadas para o índice chamado “endividamento geral” evidenciam a seguinte
relação: Quanto há de recursos de terceiros para cada R$ 1,00 de capital total originado ou, em ou-
tras palavras, quantos por cento, investidos no Ativo, são de capitais de terceiros (aqueles capitais
que deverão ser devolvidos no curto ou no longo prazo).

Participação de Capitais de Terceiros

Trata-se de uma outra forma de se ver o endividamento da empresa, É um indicador bastante utili-
zado para se caracterizar a posição da empresa com relação aos capitais de terceiros. Indica quanto
há de capitais de terceiros para cada R$ 1,00 de capital próprio captado ou originado. Este quociente
compara apenas a relação entre os capitais de terceiros e os capitais próprios. Fórmulas, todas repre-
sentando a mesma relativização:

Passivo Exigível/Patrimônio Líquido

Abreviando, temos: PE/PL

CAPITAIS DE TERCEIROS/CAPITAIS PRÓPRIOS

Abreviando, temos: CT/CP

(PASSIVO CIRCULANTE+EXIGÍVEL A LONGO PRAZO)/PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Abreviando, temos: (PC+ELP)/PL

Os índices de endividamento e o setor de construção civil

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 6
ELABORAÇÃO DE LAUDOS

Segundo a revista “Maiores e Melhores”, entre os anos de 2000 a 2004, a média do setor de constru-
ção civil, do quociente “endividamento geral”, dado pela fórmula, PE/A, Passivo Exigível/Ativo, foi de
24,99% ou 0,25, significando dizer que, em média, nas empresas de construção civil listadas nas re-
vistas de cada ano do período acima comentado, para cada R$ 1,00 investido no Ativo, R$ 0,25 deve-
rão ser devolvidos a terceiros, ou, em outras palavras, 25% do Ativo foi financiado com capitais de
terceiros e, por diferença, 75% foi financiado com capitais próprios.

Para o quociente PE/PL, Passivo Exigível sobre o Patrimônio Líquido, chamado tecnicamente de Par-
ticipação de Capitais de Terceiros, a média do setor, no mesmo período, foi de 33,3% ou 0,333, indi-
cando que, para cada R$ 1,00 de capitais próprios originados, há R$ 0,33 de capitais de terceiros.
Vale aqui lembrar que os 33% obtidos no indicador PE/PL é derivado do primeiro indicador PE/A, isto
porque sabemos que A=PE+PL, ora, se para cada R$ 1,00 do ativo, R$0,25 são de terceiros, significa
dizer que R$ 0,75 são de capitais próprios, logo, quando dividimos R$ 0,25 por R$ 0,75, encontramos
33.33%, ou seja, os capitais de terceiros representam apenas 1/3 (33,33%) dos capitais próprios.

Estas relativizações nos permitem obter uma série de conclusões a respeito da formação de capitais
das empresas, todavia, somente uma análise mais aprofundada irá responder ao analista externo,
quanto daqueles 25% do capital total ou 33,3% do capital próprio, são passivos onerosos (aqueles
que contêm juros, os empréstimos e financiamentos, por exemplo) ou passivos não onerosos (passi-
vos que não contêm juros, os chamados passivos de funcionamento da empresa, a saber, dívidas
com os impostos, com os fornecedores, com as concessionárias de serviço público etc.). Este conhe-
cimento de passivos onerosos e passivos não onerosos faz toda a diferença na análise.

O endividamento geral é um indicador de solvência, no sentido de suficiência de cobertura das dívi-


das pelo ativo total, onde, sem dúvida, o melhor seria sabermos o quanto das dívidas representa os
empréstimos e financiamentos, tomados a que prazo? e a que taxas? Já, o PCT – participação de ca-
pitais de terceiros é um indicador que compara os capitais de terceiros com os capitais próprios. É um
indicador que aponta a formação da estrutura de capitais aplicada pela administração da empresa, é
um quociente que, quando maior que a unidade, não significa um patrimônio líquido negativo, mas
sim que a maior parte dos capitais originados, são capitais de terceiros. É normal, por exemplo, em
bancos este indicador atingir valores médios entre 8,0 e 9,0.

Significando dizer que, para cada R$1,00 de capitais próprios, há R$ 8,00 ou R$ 9.00 de capitais de
terceiros.

Em bancos, estes são números médios e normalíssimos, mas num comércio ou numa empresa de
construção civil, é quase sempre fatal. Grande parte das empresas que vão à falência, exceção para
os bancos, apresentam, durante um período relativamente longo, altos quocientes de capitais de ter-
ceiros/capitais próprios.

É fato, todas as empresas que vão à falência, com as exceções comentadas, apresentam como sin-
toma, altos quocientes de capitais de terceiros em relação aos capitais próprios.

Para que se tenha um padrão de comparabilidade, a verificação da média aritmética ou da mediana


deve ser sempre adotada pelo analista, lembrando que, quando as médias, obtidas no universo pes-
quisado, forem muito díspares, a mediana é a melhor medida, posto que “elimina” os maiores e os
menores números.

O art. 27 da lei 8666 exige uma qualificação econômico-financeira. Já, o art. 31, parágrafo 1º, da
mesma lei, preconiza que:

“A exigência de indicadores limitar-se-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com


vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato”

Os parágrafos 4 e 5 do mesmo artigo 31, complementam:

Parágrafo 4;

“Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compromissos assumidos pelo licitante que importam dimi-
nuição da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade financeira, calculada esta em função
do patrimônio líquido e sua capacidade de rotação”

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 7
ELABORAÇÃO DE LAUDOS

Parágrafo 5

“A comprovação de boa situação financeira da empresa será feita de forma objetiva, através do cál-
culo de índices contábeis previstos no edital e devidamente justificados no processo administrativo
que tenha dado início ao processo licitatório”

Os indicadores de endividamento, tanto o endividamento geral, quanto a participação de capitais de


terceiros, podem ser obtidos a partir do Balanço Patrimonial levantado em qualquer momento da em-
presa, isto é, em qualquer mês, seja no fechamento do exercício social (ano civil) ou não. No entanto,
o art. 31, da citada lei 8666 veda a sua substituição por índices obtidos em balancetes ou balanços
provisórios. Assim, a comprovação da capacidade financeira passa por indicadores estáticos, obtidos
em finais de exercícios sociais, sem a verificação de uma série histórica e sem um padrão de compa-
rabilidade, salvo o padrão estabelecido pela própria autarquia do Estado tal quando do início do pro-
cesso administrativo para se aplicar o certame licitatório.

Ambos os indicadores de endividamento aqui discutidos, são indicadores que apontam o seguinte: A
estrutura de capital de determinada empresa apresenta determinado nível de risco, o qual poderia ou
não comprometer a capacidade financeira da empresa licitante. São indicadores estáticos sim e que
admitem a liquidação da empresa para se apurar seu real significado. São importantes e necessários,
mesmo considerando a fragilidade de se obter apenas o do último balanço, mas além de ser uma exi-
gência da Lei 8666, tais indicadores apontam um caminho, apresentam em linhas gerais o tipo de es-
trutura de capital da empresa e, quando muito elevados, em relação a certos padrões, previamente
apurados pela autarquia tal pode-se invocar na íntegra o parágrafo 4º do art. 31 da Lei 8666 e se ado-
tar medidas de precaução cabíveis.

Os quocientes estudados fazem parte do grupo de indicadores que, na literatura contábil, os autores
são unânimes em afirmar: “quanto maior, pior para as empresas”. As relativizações dos indicadores
de endividamento expõem o nível de alavancagem (risco) das empresas, por isso o “quanto maior,
pior”, pelo simples fato de que, em tese: quanto menor for o capital próprio, menor segurança haverá
para os credores que emprestam capital para a empresa.

Assim, tanto o quociente “endividamento geral”, capital de terceiros sobre o capital total, quanto o
quociente “participação de capitais de terceiros”, capital de terceiros sobre o capital próprio, podem e
devem ser usados, mesmo que fora das condições ideais, visando suportar decisões sobre empresas
que necessitem demonstrar capacidade de pagamento suficiente para honrar obrigações do presente
ou do futuro.

Importante ressaltar que os indicadores aqui mencionados, quando muito superiores à média ou me-
diana do setor em que as empresas estão inseridas podem apresentar dois tipos de problemas para
tais empresas: (a) Custos de agente e (b) custos de falência. No primeiro caso, são custos assumidos
pelos acionistas (donos) da empresa e são derivados de conflitos de interesses entre os donos, cre-
dores e administradores.

Os custos de agente são os custos necessários para resolver tais conflitos. Incluem os custos de pro-
porcionar aos administradores um incentivo para maximizar a riqueza dos acionistas (donos) e a se-
guir observar seu comportamento, bem como os custos de proteger os credores dos acionistas. Já os
custos de falência, são os custos legais e administrativos de liquidação ou reorganização (custos dire-
tos); redução da capacidade de operar e incentivo a estratégias egoístas, tais como: correr riscos ele-
vados, sub-investir e esvaziar a empresa (custos indiretos)

Vale ressaltar ainda que há inúmeros trabalhos de análise discriminante no Brasil para se prever fa-
lências através de indicadores econômico-financeiros, em todos aqueles trabalhos, os graus de endi-
vidamento aqui discutidos são considerados com pesos elevados na estrutura para se desenvolver o
que se convencionou chamar de “fatores de insolvência”, daí sermos amplamente favoráveis à utiliza-
ção dos indicadores de endividamento nos processos que redundarão em certames licitatórios envol-
vendo as empresas, principalmente aquelas que objetivam lucro.

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________________

WWW.DOMINACONCURSOS.COM.BR 8

Você também pode gostar