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I) ART. 7 - TEMAS
ESTATUTO PESSOAL
CASAMENTO
1) Capacidade
No tocante à capacidade para se casar, por se tratar de regra de Estatuto Pessoal, aplicar-se-á
a lei do domicílio da pessoa, nos termos do artigo 7º, caput. I
2) Da Aplicação da Lei Brasileira aos Casamentos Realizados no Brasil quanto aos
“Impedimentos Dirimentes” e Formalidades
Art. 7º § 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
Jurisprudência: STJ Recurso Especial sob o n. 280197/RJ: CIVIL. CASAMENTO REALIZADO NO ESTRANGEIRO.
MATRIMÔNIO SUBSEQUENTE NO PAÍS, SEM PRÉVIO DIVÓRCIO. ANULAÇÃO. O casamento realizado no
estrangeiro é válido no país, tenha ou não sido aqui registrado, e por isso impede novo matrimônio, salvo se desfeito o
anterior. Recurso especial não conhecido.
Trata-se do denominado casamento consular, que autoriza, por exemplo, aos nubentes brasileiros,
que se encontrem no exterior, a possibilidade de se matrimoniarem perante as autoridades
brasileiras. É o que Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenwald lecionam: “Conferindo-lhe
existência reza o artigo 1.544 da Codificação, repetindo disposição já incorporada ao sistema: ‘o
casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades e cônsules
brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os
cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do
Estado em que passarem a residir’.” (Grifou-se) Importa destacar que “ambos” os cônjuges devem
ser brasileiros, não sendo possível a realização do casamento consular na hipótese de um dos
cônjuges ser estrangeiro.
Artigo 7º, § 3, Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a
lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
Jurisprudência: O Superior Tribunal de Justiça, em Recurso Especial sob o n. 134246 / SP, assim decidiu: Ação
declaratória. Casamento no exterior. Ausência de pacto antenupcial. Regime de bens. Primeiro domicílio no Brasil. 1.
Apesar do casamento ter sido realizado no exterior, no caso concreto, o primeiro domicílio do casal foi estabelecido no
Brasil, devendo aplicar-se a legislação brasileira quanto ao regime legal de bens, nos termos do art. 7º, § 4º, da Lei de
Introdução ao Código Civil, já que os cônjuges, antes do matrimônio, tinham domicílios diversos. 2. Recurso especial
conhecido e provido, por maioria.
2.4) Divórcio:
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será
reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida
de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato,
obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O
Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento
do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de
divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais
Se realizado no BRASIL independentemente da nacionalidade dos nubentes, é aplicada a LEI
BRASILEIRA.
a) Litigioso:
Obs.: Prazo ânuo: A LINDB prevê prazo de um ano para homologação dessas sentenças, requisito
que foi tacitamente revogado pela EC 66/2010, que passou a não mais exigir lapso temporal para o
divórcio.
b) Consensual
Puro e simples: sem disposições outras, como guarda dos filhos, alimentos, e/ou partilha de
bens INDEPENDENTE de HOMOLOGAÇÃO pelo STJ.
O divórcio consensual realizado por ESCRITURA PÚBLICA perante autoridade consular brasileira
e com ASSISTÊNCIA ADVOCATÍCIA, INDEPENDENTE DE HOMOLOGAÇÃO pelo STJ, desde
que o casal NÃO POSSUA FILHOS INCAPAZES. Nesse caso, permite-se que o casal acorde sobre
partilha dos bens comuns, pensão alimentícia e retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou
manutenção do nome de casado.
Obs.: o advogado deve ser devidamente constituído nos autos mediante subscrição de petição,
entretanto, não é necessária sua assinatura na escritura pública do divórcio. Referida assistência
não se exige no caso de divórcio consensual puro e simples realizado diretamente por meio de
averbação registral.
QUESTÕES
Em janeiro de 2003, Martin e Clarisse Green, cidadãos britânicos domiciliados no Rio de Janeiro,
casam-se no Consulado-Geral britânico, localizado na Praia do Flamengo. Em meados de 2010,
decidem se divorciar. Na ausência de um pacto antenupcial, Clarisse requer, em petição à Vara de
Família do Rio de Janeiro, metade dos bens adquiridos pelo casal desde a celebração do matrimônio,
alegando que o regime legal vigente no Brasil é o da comunhão parcial de bens. Martin, no entanto,
contesta a pretensão de Clarisse, argumentando que o casamento foi realizado no consulado
britânico e que, portanto, deve ser aplicado o regime legal de bens vigente no Reino Unido, que lhe
é mais favorável
Um Bozoir (cidadão estrangeiro), com 20 anos de idade, se apaixonou por Marina que conheceu no
Brasil, ele pretende casar-se aqui, onde está em viagem de turismo. O Oficial de Registro Civil
brasileiro negou a habilitação, ao argumento de que, embora no Brasil a capacidade civil se alcance
aos 18 anos, o habilitante é incapaz, segundo o direito de seu país de domicílio. Ele lhe procura para
que você como advogado possa o instruir se o funcionário do cartório agiu certo ou errado, então
sua resposta como consultor jurídico é no sentido de que:
TRABALHO
EQUIPE 1
EQUIPE 2
EQUIPE 3
Da escolha da Nacionalidade/Naturalização;
Tipos de Naturalização;
Perda da Nacionalidade;
Do Asilo Político
DOMICÍLIO
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos
filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda
Importa destacar que o dispositivo deve ser lido através das lentes da Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988, bem como do Código Civil, Lei n. 10.406/2002. Neste sentido, restou
superada a denominação “chefe de família”, revelada por uma evolução histórica, desaparecendo as
normas discriminatórias, em face do artigo 226, § 5º, da Constituição Federal: “Art. 226. A família,
base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (...) § 5º - Os direitos e deveres referentes à
sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.” Leciona Carlos Silveira
Noronha acerca da evolução da família: “E nos dias atuais, sob o influxo do novo estágio pós-
moderno, a autoridade paterna foi estendida a ambos os genitores, visando mais o interesse dos
pais, mas dirigindo-se ao interesse dos filhos e da própria família, com enfoque na paternidade
responsável, positivada no artigo 226, § 7º, da Constituição Federal.” Ainda, o Código Civil, em seu
artigo 76, dispõe: “Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o
marítimo e o preso. Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente;
o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde
servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir
a) Pais:
O domicílio do TUTOR ou CURADOR se ESTENDE aos INCAPAZES sob sua guarda, exceto no
caso de abandono.
O domicílio ocasional é aplicado àqueles que não têm residência habitual, ou seja, são itinerantes,
tais como o artista circense, o andarilho, bem como alguns povos que se comportam de forma
nômade. Tal situação é contemplada pelo artigo 7º, § 8º, da LINDB:
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência
ou naquele em que se encontre.
Importa destacar que o Código Civil de 2002, de igual forma, contempla tal situação em seu artigo
73, a saber: “Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o
lugar onde for encontrada.”
1) Da Aplicação da Lei do País em que Estiverem Situados os Bens quanto à sua Qualificação
e suas Relações
BENS
Art. 8o. Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país
em que estiverem situados.
a) IMÓVEIS: De tal arte, aplica-se aos bens imóveis o lugar da situação da coisa, ou seja, forum
rei sitae.
b) MÓVEIS: No tocante aos bens móveis, há regra específica, uma vez que se presume que
estes acompanhem o seu proprietário:
Art. 8º § 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis
que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares.
2) Bens móveis que o proprietário trouxer ao Brasil ou que se destinem a transporte para
outros lugares:
PENHOR: A Lei de Introdução ao Código Civil dispõe, ainda, no artigo 8º, em seu parágrafo 2º, que
a lei aplicável ao penhor é a do domicílio do possuidor direto, a saber:
Art. 8º § 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre
a coisa apenhada.
O penhor é direito real de garantia de bem móvel, e, em se tratando de penhor comum, o possuidor
direto é o credor pignoratício, é o que dispõe o artigo 1.431 do Código Civil, caput, a saber: “Art.
1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor
ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de
alienação.” Logo, no penhor comum, a Lei aplicável é a do domicílio do credor pignoratício
Penhor:
Aplica-se a lei do país em que for DOMICILIADA a pessoa que se encontra na POSSE da
COISA apenhada.
III) ART. 9 – TEMAS
OBRIGAÇÕES
Para qualificar e reger as obrigações, aplica-se a lei do país em que se constituírem, ou seja, onde
se concluiu o negócio jurídico, leia-se: em regra, onde for assinado ou perfectibilizado o contrato. É
o que dispõe o artigo 9º, caput, da LINDB:
Art. 9º. Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem
O parágrafo primeiro do artigo 9º dispõe que, quando a obrigação for executada no Brasil,
dependendo de forma especial, será esta observada. É o que ocorre, por exemplo, quando para o
adimplemento de um contrato ajusta-se a dação em pagamento de bem imóvel, situado no Brasil,
avaliado em montante acima de trinta salários mínimos. Nos termos do artigo 108 do Código Civil
Brasileiro, exige-se que o instrumento seja público. Logo, deverá ser cumprida esta solenidade
exigida no Brasil, ainda que o contrato tenha sido constituído no exterior.
Por último, o parágrafo 2º do artigo 9º dispõe que a obrigação resultante de contrato reputa-se
constituída no lugar em que residir o proponente. O proponente é quem apresenta a proposta, faz a
oferta para contratar, também denominada de “policitação”. Portanto, policitante, proponente ou
ofertante são expressões sinônimas.
Resultante de contrato:
Obs.: Se o PROPONENTE contrata em LOCAL DIVERSO de sua residência, aplica-se a lei do país
em que se CONSTITUÍREM as OBRIGAÇÕES.
Obs2.: CDC prevê uma exceção a esta regra: a possibilidade de o consumidor propor a demanda
em seu próprio domicílio (foro especial facultativo).
SUCESSÃO
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens
A Lei de Introdução ao Código Civil, em seu artigo 10, parágrafo 1º, dispõe que: “§ 1º A sucessão de
bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou
dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei
pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 18.5.1995)”
Em síntese: aplica-se a lei brasileira em matéria de sucessão de bens estrangeiros situados no Brasil
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que a lei estrangeira (do domicílio pessoal
do de cujus) não lhe for mais benéfica. A LINDB, de tal arte, tem como vetor a proteção dos
brasileiros, enfim, da família brasileira.
3) Bens de estrangeiro situados no Brasil:
O artigo 10, § 2º, A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. ”
Segundo Sílvio de Salvo Venosa, tem-se que: “A capacidade para suceder é a aptidão para se tornar
herdeiro ou legatário numa determinada herança. A vocação hereditária está na lei, norma abstrata
que é. Daí por que a lei diz que são chamados os descendentes, em sua falta os ascendentes,
cônjuges, colaterais até quarto grau e o Estado.”
Vamos a alguns exemplos, para facilitar a compreensão dos dispositivos sobre a sucessão:
Ex.1: Se o falecido era domiciliado nos EUA, segue-se a lei americana quanto à sucessão. Porém,
se o herdeiro estava domiciliado na França, a lei francesa deve ser seguida para se verificar se tem
ele capacidade para suceder, ainda que a lei americana se aplique à sucessão em si.
Ex.2: Se o falecido americano domiciliado no Brasil, possuindo filhos brasileiros e bens no Brasil, a
sucessão ocorre no Brasil, mas pode ser usada a lei americana, se for mais favorável aos herdeiros.
Há que se salientar que, em Recurso Especial sob o n. 61434/SP, o Superior Tribunal de Justiça
voltou-se à aplicação deste dispositivo:
Jurisprudência: DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. ART. 10, PARAG. 2., DO CÓDIGO CIVIL. CONDIÇÃO DE
HERDEIRO. CAPACIDADE DE SUCEDER. LEI APLICÁVEL. CAPACIDADE PARA SUCEDER NÃO SE CONFUNDE
COM QUALIDADE DE HERDEIRO. ESTA TEM A VER COM A ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA QUE CONSISTE
NO FATO DE PERTENCER A PESSOA QUE SE APRESENTA COMO HERDEIRO A UMA DAS CATEGORIAS QUE,
DE UM MODO GERAL, SÃO CHAMADAS PELA LEI A SUCESSÃO, POR ISSO HAVERÁ DE SER AFERIDA PELA
MESMA LEI COMPETENTE PARA REGER A SUCESSÃO DO MORTO QUE, NO BRASIL, "OBEDECE A LEI DO PAÍS
EM QUE ERA DOMICILIADO O DEFUNTO." (ART. 10, CAPUT, DA LICC). RESOLVIDA A QUESTÃO PREJUDICIAL
DE QUE DETERMINADA PESSOA, SEGUNDO O DOMICÍLIO QUE TINHA O DE CUJUS, E HERDEIRA, CABE
EXAMINAR SE A PESSOA INDICADA É CAPAZ OU INCAPAZ PARA RECEBER A HERANÇA, SOLUÇÃO QUE É
FORNECIDA PELA LEI DO DOMICÍLIO DO HERDEIRO (ART. 10, PARAG. 2., DA LICC). RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.
V) ART. 11 – TEMAS
PESSOAS JURÍDICAS
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações,
obedecem à lei do Estado em que se constituírem.
É o que dispõe o artigo 1.126 do Código Civil Brasileiro: ‘“Art. 1.126. É nacional a sociedade
organizada de conformidade com a lei brasileira e que tenha no País a sede de sua administração.”
O artigo 11 da LINDB, em seu parágrafo 1º, preceitua: “§ 1o Não poderão, entretanto, ter no Brasil
filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo
brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira.”
Neste mesmo sentido, é o que dispõe o artigo 1.134 do Código Civil Brasileiro, a saber:
“Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não pode, sem autorização
do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por estabelecimentos subordinados, podendo,
todavia, ressalvados os casos expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira.”
O artigo 11, parágrafo 2º, da LINDB, no sentido de preservar a soberania nacional, vedou a aquisição
de bens imóveis ou sujeitos à desapropriação por Governos Estrangeiros, a saber:
“§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham
constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens
imóveis ou susceptíveis de desapropriação.”
A vedação para aquisição de prédios por Governos estrangeiros tem como exceção os prédios
necessários para a instalação de embaixadas e consulados.
DIREITO PROCESSUAL
A Lei de Introdução ao Código Civil, em seu artigo 12, dispõe acerca da competência internacional:
“Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou
aqui tiver de ser cumprida a obrigação.
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações, relativas a imóveis situados
no Brasil.”
Nos termos do que dispõe o artigo 12, parágrafo 2º, a autoridade judiciária brasileira cumprirá,
concedido o exequatur, as diligências deprecadas por autoridade competente estrangeira, fazendo
transitar pelas vias diplomática as cartas rogatórias, a saber:
3) Da Aplicação da Lei do Lugar dos Fatos em matéria de Ônus da Prova e Meios de Produção
Probatórios
É a lei do lugar do país estrangeiro em que ocorrer o fato a que se pretende provar que será aplicável
quanto ao ônus da prova e aos meios de produzi-la (lex loci). Contudo, não se admitirá provas ilícitas
e desconhecidas pelo Direito brasileiro.
Provas:
O ÔNUS e os MEIOS DE PRODUÇÃO de provas de FATOS ocorridos no ESTRANGEIRO regem-
se pela lei do país.
Obs.: os tribunais brasileiros NÃO ADMITEM PROVA que a lei brasileira DESCONHEÇA.
4) Da Prova do Direito Estrangeiro O juiz poderá exigir a quem invoca lei estrangeira que
prove o texto da norma, bem como sua vigência.
É o que dispõe o artigo 14 da Lei de Introdução ao Código Civil: “Art. 14. Não conhecendo a lei
estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.”
Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca PROVA DO TEXTO e
da VIGÊNCIA.
Com o advento da Emenda Constitucional n. 45 de 2004, nos termos do artigo 105 da Constituição
Federal, compete ao Superior Tribunal de Justiça:
O artigo 15 da Lei de Introdução ao Código Civil define cinco requisitos para a homologação de
sentença estrangeira:
a) haver sido proferida por juiz competente: A sentença deve ter sido prolatada por juiz competente
no Ordenamento Jurídico do qual se originou.
b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia: Trata-se da aplicação
do artigo 5º, LV, da Constituição da República Federativa do Brasil, sendo assegurados o
contraditório e ampla defesa, a saber: “LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e
aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos
a ela inerentes;”
c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar
em que foi proferida: A decisão deve ser definitiva e, portanto, sob o manto da coisa julgada.
d) estar traduzida por intérprete autorizado: Deve ser a decisão traduzida por tradutor público
juramentado.
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal: Como já referido, a sentença deve ter sido
homologada pelo Superior Tribunal de Justiça, em face do advento da Emenda Constitucional nº
45, nos termos do artigo 105 da CRFB/1988.
Execução:
c) ter PASSADA EM JULGADO e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
Obs.: Por força da EC 45/2005, a competência para a execução da decisão estrangeira passou,
segundo o art. 105, inc. I, alínea “i” da CF/1988, do STF para o STJ.
É o que se depreende da decisão do Superior Tribunal de Justiça, em Agravo Regimental em Sentença Estrangeira sob
o n. 2598/US: HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DE DIVÓRCIO. SENTENÇA NORTEAMERICANA.
CARIMBO DE ARQUIVAMENTO. PROVA DO TRÂNSITO EM JULGADO. CONTESTAÇÃO. DESNECESSIDADE DE
DISTRIBUIÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. – O carimbo de arquivamento é suficiente à comprovação do
trânsito em julgado da sentença norte-americana. Precedentes da Corte Especial: SE n. 756 e 1.397. – Desnecessária
a distribuição da sentença estrangeira contestada, quando a impugnação versa sobre questão já debatida e decidida
pelo órgão especial deste Tribunal. Agravo regimental improvido.
O juiz NÃO CONSIDERA qualquer REMISSÃO feita pela lei estrangeira a outra lei.
7) Da Ineficácia das Leis, Atos e Sentenças de outro País que Ofenderem a Soberania
Nacional
“Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade,
não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons
costumes.”
Normas processuais
As leis, atos e sentenças e declarações de vontade de outro país, só terão EFICÁCIA no Brasil,
quando respeitarem a SOBERANIA NACIONAL, a ORDEM PÚBLICA e os BONS COSTUMES.
É o que se depreende de decisão acerca de sentença estrangeira, SEC sob o n. 2259/CA: SENTENÇA ESTRANGEIRA.
DIVÓRCIO. HOMOLOGAÇÃO. 1. Homologa-se sentença estrangeira de divórcio que não viola a soberania nacional, os
bons costumes e a ordem pública. 2. Alegação de ausência de citação que não tem procedência. O requerido
compareceu à audiência de instrução e julgamento realizada pelo juízo estrangeiro e formulou reivindicações. 3.
Preenchimento das condições legais para a homologação da sentença estrangeira que se reconhece. 4. O divórcio
realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, produzirá efeitos ao Brasil somente após um
ano da sentença, ou mais de dois anos de separação de fato. 5. Sentença homologada para que produza os seus
jurídicos e legais efeitos. (Grifou-se)
“Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes
celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de
nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.”
Importa destacar, que, no tocante ao casamento, somente poderá ser realizado perante as
autoridades consulares no caso de ambos os nubentes serem brasileiros, nos termos do artigo 7º, §
2º, da LINDB, tratando-se do denominado “Casamento Consular”.