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AULA 2- CASAMENTO

1-CONCEITO DE CASAMENTO
Conceito de José Lamartine Corrêa Vieira:
“O negócio jurídico de direito de família por meio do qual um homem e uma mulher se
vinculam através de uma relação jurídica típica, que é a relação matrimonial. Esta é uma
relação personalíssima e permanente, que traduz ampla e duradoura comunhão de vida”
● O casamento se concretiza com a manifestação de vontade dos nubentes.

● A resposta afirmativa caracteriza que casados estão.

2-NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO- Existem três correntes sobre a natureza


jurídica do casamento:
a) Contratual
● O casamento é um contrato pois segue as regras impostas pela legislação.
● Padronizado
● Nasce do acordo de vontade
● Obedece os padrões pré-fixados na lei
● Essa corrente foi criada após a revolução Francesa, pois concedia a possibilidade do
distrato.
Defendido por: Pontes de Miranda, Silvio Rodrigues e Eduardo Spinola.

b) Instituição social
● Nasce da vontade das partes
● Não é obrigatório
● Tem natureza intima
● Autonomia privada
● Escolha do cônjuge
● Não tem finalidade patrimonial
● É um instituto pois é baseado no respeito mútuo, no amor
● Constituição de família
Defendida por: Washington de Barros Monteiro

c)Teoria mista – eclética


Na concepção e destituição é um contrato pois deve seguir as regras legais.
Há interferência estatal.
Preliminarmente e durante a sua vigência do casamento sua finalidade é institucional.
“Casamento é um negócio jurídico que versa tanto sobre aspectos patrimoniais como
extrapatrimoniais, havendo reflexos entre os cônjuges e seus parentes”
Teoria adotada por: Caio Mário da Silva Pereira

3-ESPÉCIES DE CASAMENTO

O Estado admite duas espécies de casamento (CF 226 § § 1º e 2º):

O Casamento Civil (artigo 1.512 C.C) e o religioso com efeitos civis (artigos 1.515 e 1.516
C.C). Ainda que haja duplicidade de forma, o casamento é regido somente por uma lei, o
Código Civil, que regula os requisitos de sua validade e seus efeitos, bem como os efeitos
de sua dissolução. Maria Berenice Dias.

a) Casamento Civil: Será realizado perante o oficial do Cartório do Registro Civil.


Trata-se de ato solene levado a efeito por um celebrante e na presença de duas
testemunhas, nas dependências do cartório, ou em outro local. É gratuito a
celebração civil (CF 226, § 1º e artigo 1.512 C.C).

Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o
juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.

b) Casamento Religioso com efeitos civis: Trata-se do casamento realizado sem o


ato civil, apenas diante de determinado “sacerdote”, “pai de Santo”, “Pastor” (artigo
5ª, VI CF) etc. Basta o atendimento dos requisitos legais (Artigos 1.515 e 1.516 do
C.C).

Como validar o casamento religioso?

A validade está condicionada aos seguintes requisitos:

a) Habilitação do casamento que pode ser feito antes ou depois do ato da celebração;

b) Inscrição no Registro Civil de Pessoas Naturais (artigos 71 e 84 da Lei de Registros


Públicos- Lei nº 6.015/1793).

Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos
a partir da data de sua celebração.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o
casamento civil.

§ 1 o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua
realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de
qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste
Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova habilitação.

§ 2 o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos
civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante
prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.

§ 3 o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados
houver contraído com outrem casamento civil.

4-FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO

a) Casamento por procuração: 1.542 C.C

Procuração por instrumento público com poderes especiais;


A eficácia da procuração será de 90 dias;
Se ambos os nubentes não puderem comparecer deve ser nomeado dois procuradores
diferentes;
A revogação deverá ser realizada por instrumento público;
Se o casamento foi contraído antes da ciência da revogação do mandato, esse é anulável,
por ausência de declaração de vontade;
Há direito a indenização por perdas e danos ao contraente que desconhecia a revogação do
mandato;
A morte do representado torna o casamento inexistente;

b) Casamento nuncupativo ou in extremis – Iminente risco de vida -1539 e 1.541 C.C

Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida,

O casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não
tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau.

Após o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais


próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de:

I - que foram convocadas por parte do enfermo;

II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo;

III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por
marido e mulher.
§ 1 o Autuado o pedido e tomadas as declarações, o juiz procederá às diligências necessárias
para verificar se os contraentes podiam ter-se habilitado, na forma ordinária, ouvidos os
interessados que o requererem, dentro em quinze dias.

§ 2 o Verificada a idoneidade dos cônjuges para o casamento, assim o decidirá a autoridade


competente, com recurso voluntário às partes.

§ 3 o Se da decisão não se tiver recorrido, ou se ela passar em julgado, apesar dos recursos
interpostos, o juiz mandará registrá-la no livro do Registro dos Casamentos.

§ 4 o O assento assim lavrado retrotrairá os efeitos do casamento, quanto ao estado dos
cônjuges, à data da celebração.

§ 5 o Serão dispensadas as formalidades deste e do artigo antecedente, se o enfermo


convalescer e puder ratificar o casamento na presença da autoridade competente e do oficial do
registro.

c)Putativo- Doutrinário, porém, seus efeitos segue as regras dos artigos 1.561 C.C e
1.563 CC.

Quando é desconhecido o impedimento;


As partes e terceiros reputam ter sido legalmente celebrado;
Necessário a existência de boa-fé;
A declaração de invalidade do casamento é declarada por sentença judicial;
A sentença não retroage;
Alimentos devido até a sentença de nulidade ou anulação (3ª Turma STJ);
Divisão dos bens: primeiras núpcias até a separação de fato e segunda núpcias até
sentença.

d)Casamento homoafetivo- Resolução 175/2013 do CNP(Conselho Nacional de


Justiça)

e) Casamento Consular -1.544 C.C


Segue a legislação brasileira;
A prova é a certidão do assento no registro do consulado (art. 1544 CC);
Deve ser trasladado no cartório do domicílio ou na sua falta no 1º Ofício da Capital do Estado que
passarem a residir
O prazo para requerer o trasladado é de 180 dias após o retorno de um ou ambos os cônjuges;
Não há sanção pelo descumprimento do prazo de 180 dias.

f) Casamento de estrangeiros – Artigo 7º da LINDB e Artigo 132 da Lei de Registros


Públicos

Art. 7o  A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o
começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
§ 1o  Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos
impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades
diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.                         
§ 3o  Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do
matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal.
§ 4o  O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem
os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa
anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de
naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de
bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente
registro.                         
§ 6º  O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem
brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença,
salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a
homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a
eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma
de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões
já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de
brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
§ 7o  Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro
cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua
guarda.
§ 8o  Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua
residência ou naquele em que se encontre.
LPR

Art. 32. Os assentos de nascimento, óbito e de casamento de brasileiros em país


estrangeiro serão considerados autênticos, nos termos da lei do lugar em que forem
feitos, legalizadas as certidões pelos cônsules ou quando por estes tomados, nos
termos do regulamento consular.

§ 1º Os assentos de que trata este artigo serão, porém, transladados nos cartórios de
1º Ofício do domicílio do registrado ou no 1º Ofício do Distrito Federal, em falta de
domicílio conhecido, quando tiverem de produzir efeito no País, ou, antes, por meio de
segunda via que os cônsules serão obrigados a remeter por intermédio do Ministério
das Relações Exteriores.

§ 2° O filho de brasileiro ou brasileira, nascido no estrangeiro, e cujos pais não estejam


ali a serviço do Brasil, desde que registrado em consulado brasileiro ou não registrado,
venha a residir no território nacional antes de atingir a maioridade, poderá requerer, no
juízo de seu domicílio, se registre, no livro "E" do 1º Ofício do Registro Civil, o termo de
nascimento.

§ 3º Do termo e das respectivas certidões do nascimento registrado na forma do


parágrafo antecedente constará que só valerão como prova de nacionalidade
brasileira, até quatro (4) anos depois de atingida a maioridade.
§ 4º Dentro do prazo de quatro anos, depois de atingida a maioridade pelo interessado
referido no § 2º deverá ele manifestar a sua opção pela nacionalidade brasileira
perante o juízo federal. Deferido o pedido, proceder-se-á ao registro no livro "E" do
Cartório do 1º Ofício do domicílio do optante.

§ 5º Não se verificando a hipótese prevista no parágrafo anterior, o oficial cancelará,


de ofício, o registro provisório efetuado na forma do § 2º.

g) Conversão de união estável em casamento – Artigo 226 § 3º da Constituição


Federal e artigo 1.726 do Código Civil – Provimento 37 do CNJ

PROVIMENTO Nº 37
Dispõe sobre o registro de união estável, no Livro E, por Oficial de Registro Civil das Pessoas
Naturais.

RESOLVE:
Art. 1º. É facultativo o registro da união estável prevista nos artigos 1.723 a 1.727 do Código Civil,
mantida entre o homem e a mulher,ou entre duas pessoas do mesmo sexo.
Art. 2º. O registro da sentença declaratória de reconhecimento e dissolução, ou extinção, bem como
da escritura pública de contratoe distrato envolvendo união estável, será feito no Livro E, pelo Oficial
do Registro Civil das Pessoas Naturais da Sede, ou, onde houver, no 1ºSubdistrito da Comarca em
que os companheiros têm ou tiveram seu último domicílio, devendo constar:
a) a data do registro;

b) o prenome e o sobrenome, a data de nascimento, a profissão, a indicação da numeração da


Cédula de Identidade, o domicílio eresidência de cada companheiro, e o CPF se houver;

c) prenomes e sobrenomes dos pais;

d) a indicação das datas e dos Ofícios de Registro Civil das Pessoas Naturais em que foram
registrados os nascimentos das partes, os seus casamentos ou uniões estáveis anteriores, assim
como os óbitos de seus anteriores cônjuges ou companheiros, quando houver, ou os respectivos
divórcios ou separações judiciais ou extrajudiciais se foram anteriormente casados;

e) data do trânsito em julgado da sentença ou do acórdão, número do processo, Juízo e nome do Juiz
que a proferiu ou do Desembargador que o relatou, quando o caso;

f) data da escritura pública, mencionando-se no último caso, o livro, a página e o Tabelionato onde foi
lavrado o ato;

g) regime de bens dos companheiros, ou consignação de que não especificado na respectiva


escritura pública ou sentença declaratória.

Art. 3º. Serão arquivados pelo Oficial de Registro Civil, em meio físico ou mídia digital segura, os
documentos apresentados para o registro da união estável e de sua dissolução, com referência do
arquivamento à margem do respectivo assento, de forma a permitir sua localização.Edição nº
119/2014 Brasília - DF, sexta-feira, 11 de julho de 2014
Art. 4º. Quando o estado civil dos companheiros não constar da escritura pública, deverão ser
exigidas e arquivadas as respectivas certidões de nascimento, ou de casamento com averbação do
divórcio ou da separação judicial ou extrajudicial, ou de óbito do cônjuge se o companheiro for viúvo,
exceto se mantidos esses assentos no Registro Civil das Pessoas Naturais em que registrada a união
estável, hipótese em que bastará sua consulta direta pelo Oficial de Registro.
Art. 5º. O registro de união estável decorrente de escritura pública de reconhecimento ou extinção
produzirá efeitos patrimoniais entre os companheiros, não prejudicando terceiros que não tiverem
participado da escritura pública.
Parágrafo único. O registro da sentença declaratória da união estável, ou de sua dissolução, não
altera os efeitos da coisa julgada previstos no art. 472 do Código de Processo Civil.
Art. 6º. O Oficial deverá anotar o registro da união estável nos atos anteriores, com remissões
recíprocas, se lançados em seu Registro Civil das Pessoas Naturais, ou comunicá-lo ao Oficial do
Registro Civil das Pessoas Naturais em que estiverem os registros primitivos dos companheiros.
§ 1º. O Oficial averbará, no registro da união estável, o óbito, o casamento, a constituição de nova
união estável e a interdição dos companheiros, que lhe serão comunicados pelo Oficial de Registro
que realizar esses registros, se distinto, fazendo constar o conteúdo dessas averbações em todas as
certidões que forem expedidas.

§ 2º. As comunicações previstas neste artigo poderão ser efetuadas por meio eletrônico seguro, com
arquivamento do comprovante de envio, ou por outro meio previsto em norma da Corregedoria Geral
da Justiça para as comunicações de atos do Registro Civil das Pessoas Naturais.

Art. 7º. Não é exigível o prévio registro da união estável para que seja registrada a sua dissolução,
devendo, nessa hipótese, constar do registro somente a data da escritura pública de dissolução.
§ 1º. Se existente o prévio registro da união estável, a sua dissolução será averbada à margem
daquele ato.

§ 2º. Contendo a sentença em que declarada a dissolução da união estável a menção ao período em
que foi mantida, deverá ser promovido o registro da referida união estável e, na sequência, a
averbação de sua dissolução.

Art. 8º. Não poderá ser promovido o registro, no Livro E, de união estável de pessoas casadas, ainda
que separadas de fato, exceto se separadas judicialmente ou extrajudicialmente, ou se a declaração
da união estável decorrer de sentença judicial transitada em julgado.
Art. 9º. Em todas as certidões relativas ao registro de união estável no Livro E constará advertência
expressa de que esse registro não produz os efeitos da conversão da união estável em casamento.
Art. 10. Este Provimento não revoga as normas editadas pelas Corregedorias Gerais da Justiça, no
que forem compatíveis.
Art. 11. As Corregedorias Gerais da Justiça deverão dar ciência deste Provimento aos Juízes
Corregedores, ou Juízes que na forma da organização local forem competentes para a fiscalização
dos serviços extrajudiciais de notas e de registro, e aos responsáveis pelas unidades do serviço
extrajudicial de notas e de registro.
Art. 12. Este Provimento entrará em vigor na data de sua publicação.
Brasília - DF, 07 de julho de 2014.

Conselheiro GUILHERME CALMON


Corregedor Nacional de Justiça, em exercício

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