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Direito da Família- apontamentos aula

01/02/2021 Prof. Sandra

Dr. Guilherme de Oliveira – “Manual de direito da família”. Almedina ebook.

Muita matéria.

Camara ligada.

02/02/2021

Material:

CC;

Lei de Proteção da união de facto, apadrinhamento civil, proteção da….. (cc ou net).

Testes: nas teóricas.

08/02/2021

Relações familiares: art 1576:

 Casamento;
 Parentesco;
 A afinidade;
 A adoção.

Mais duas relações que tradicionalmente eram qualificadas como relações parafamiliares
(relação que não esta enleicada neste conceito (relações familiares) mas tem uma proximidade
com este):

 União de facto (parecido ao casamento);


 Apadrinhamento civil (parecida à adoção);

Casamento

Art 1587: casamento católico ou civil.

Art. 1588: efeitos do casamento católico (requisitos específicos, por exemplo casamento de
homossexuais, divorciados, etc só podem casar civilmente e não catolicamente).

No direito canónico pode se casar aos 14. Em Portugal isto não é permitido pois a idade
mínima é de 16 (com autorização dos pais ou tutores) ou de 18.

Deveres católicos.

Em Portugal temos assim:

Casamento civil e casamento católico.

O civil pode ser celebrado sob forma tradicional ou religiosa (art. 19 LLR)

1577: casamento. Lei 9/2010


Parentesco

Art. 1578: parentesco: unidos por sangue. Posso ter um familiar que não é parente (conjugue)

Art. 1579.

Linha reta (A B C)
A

Linha colateral (A pai de B e C. B pai de de D. C pai de E. todos têm um progenitor comum, A.)

B C

D E

Graus: na linha reta há tantos graus quantas pessoas excluindo o progenitor. A é parente em
primeiro grau de B e em segundo grau de C. C é parente em primeiro grau de B e em segundo
grau do A.

Na linha colateral há tantos graus quantas as pessoas excluindo o progenitor comum. Entre B e
C contamos o B + (A não pq é progenitor comum)+ C. Assim, B e C são parentes em 2 grau (B e
C, não contamos o A).

Tio e sobrinho (D e C) 3 grau.

Primos (D e E) 4 grau.

Art. 1580: linha diz se reta quando um dos parentes descende do outro, diz se colateral
quando ambos procedem de um progenitor comum.

Art. 1581: na linha reta há quantos graus quantas as pessoas excluindo o progenitor. Na
colateral conta se igual sem contar o progenitor comum

Na linha reta, descendente quando vamos do progenitor para os outros. Ascendente é quando
vamos dos “filhos” para o progenitor”.
Art. 1582: até ao 6º grau. Art. 2133: lista dos sucessíveis vai até ao 4º grau, assim, os
sucessíveis são só os nossos primos.

Afinidade 1584

Os parentes do meu marido são meus afins.

1585: contamos afinidade igual mas em vez de termos um parente, temos um fim.

Na linha reta, no caso dos padrastos e enteados, há uma ligação por causa da pessoa comum
às duas partes. 1º grau porque não se conta (?)

Na colateral, irmãos do nosso marido é cunhado. Assim, B é cunhado de S, são afins porque B é
parente do marido de S. assim, são afins de 2~grau na linha colateral.

D e C (sobrinha e tio) são em 3º grau.

Grau de afinidade é o mesmo que o grau de parentesco, só é outro nome.

Afinidade: vinculo que liga o cônjuge aos parentes do outro.

A afinidade não gera afinidade. Mulher do meu irmão não é nada ao meu marido.

Os afins tem que haver um cônjuge e os parentes do outro.

Nunca podemos dizer que ele é meu parente por afinidade. O meu cunhado é meu afim, não
meu parente. É meu familiar por afinidade.

Art. 1585: afinidade não se dissolve por morte do cônjuge. Mas dissolve-se por divórcio.

Adoção

Art. 1973 e ss: adoção é o vínculo que, independentemente de laços de sangue, se estabelece
legalmente entre duas pessoas.

Lei 143/2015: regime jurídico do processo da adoção.

A adoção é sempre constituída por regime judicial (não é permitida a devolução da criança! Se
alguém não quis a criança então é porque a adoção não se realizou totalmente).

Art. 1974: vinculo semelhante ao da filiação. Entre estas pessoas nasce uma relação de pai e
filho.

Art. 1979: quem pode adotar? Duas pessoas casadas há mais de 4 anos ou se ambas tiverem
mais de 25 anos, quem tiver mais de 30 anos. Só pode adotar quem não tiver mais de 60 anos.

Porquê estes 60 anos? Porque a relação normalmente é de avô e neto.

Tínhamos a adoção plena e a restrita (esta última terminou em 2015, não podem ser
constituídas agora). A diferença entre estas adoções são:

Art 1986 – se for adotada não tenho só um pai e mãe, também tenho avós, etc (o adotado
integra se plenamente na família). A adoção restrita tinha outra configuração, isto não
aconteça. Esta última não faz parte do programa pois já não se aplica.

A adoção é irrevogável, não há arrependimentos.


Art 1990ª: direito ao conhecimento das origens biológicas.

Surgiu o apadrinhamento civil (decreto-lei 102/2009 de 11 de setembro): figura de tutela de


jovens que foi inspirar se nos padrinhos católicos. Já não se usa muito hoje em dia. Relação
jurídica tendencialmente de caracter permanente, entre uma criança ou jovem e uma pessoa
singular ou uma família que exerça os poderes e deveres próprios dos pais e que com ele
estabeleçam vínculos afetivos que permitam o seu bem-estar e desenvolvimento, constituída
por homologação ou decisão judicial e sujeita a registo civil. Aqui, os laços biológicos devem
ser mantidos (contrariamente à adoção, onde poucas vezes os laços se mantem). O
apadrinhamento é uma medida de inclusão.

Art. 7 – padrinhos são responsáveis pela criança. (decreto lei 103/2009)

Art. 8: pais têm direito de saber algumas coisas, ter forma de contactar o filho e os padrinhos,
saber como estão, receber fotografias e eventualmente visitar o filho. Mas há regras que têm
que ser cumpridas pois a criança está ali por algum motivo. Os pais não podem interferir
naquilo que cabe aos padrinhos fazer: art. 9.

Pode haver revogação do apadrinhamento civil (art 25): a mãe vai emigrar e não tem como
levar a criança. A madrinha pode ficar com a criança e quando a mãe voltar e quiser ficar com
a criança, com o apadrinhamento, a madrinha tem direitos como ser informada sobre a vida da
criança, estar com a criança, etc (atualmente já é assim).

09/02/2021

CP

Fontes das relações jurídicas familiares:

António é casado com Maria. Do casamento nasceram dois filhos, Duarte e Carlos. Carlos é
casado com Ana e têm um filho Jacinto. Identifique as relações jurídicas familiares que
poderão existir.

Art. 1576 (fontes das relações jurídicas)

São fontes das relações jurídicas familiares o casamento, o parentesco, a afinidade e a adoção.

António e Maria têm uma relação de casamento (art. 1577) que é o contrato celebrado entre
duas pessoas que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida.

A dissolução do casamento dá-se através de: divórcio, morte (art.68n1 e 68n3).

No caso da morte presumida, esta tem os mesmos efeitos da morte exceto no casamento (art
115). Assim, o outro cônjuge pode casar pois tem capacidade para tal (art 1600, 1601, 1602,
1604). Art. 116.

António e Duarte: relação de parentesco (art. 1578 – descender da outra).

Art. 1580 – linha reta descendente se for de A para D e ascendente de D para A (depende).

Art- 1581 – graus. D é parente de A em linha reta ascendente em 1º grau (duas pessoas
envolvidas, mas não se conta o progenitor, ou seja, A, logo 1º grau).
Carlos e Duarte: relação de parentesco (art. 1578) vinculo que une duas pessoas em
consequência de ambas procederem de um progenitor comum (A).

Linha colateral (nenhum descende do outro mas procedem de um progenitor comum – art.
1580). Graus: igual, sobe-se pelos ramos (C-A; A-D), assim há três pessoas mas excluímos o
progenitor comum (A) e: C é parente na linha colateral no 2º grau de D.

Irmãos que podem ser germanos, uterinos ou consanguíneos.

Continua no dia 16.

15/02/2021

Direito da família: art. 36 – Família, Casamento e Filiação

Art. 67 – Família

Art. 68

Art. 69

Art. 26

Princípios constitucionais:

1 – Direito à celebração do casamento: art. 1600 CC. Os impedimentos são obstáculo à


celebração de um casamento ou de um casamento com determinada pessoa. A CRP dá nos a
orientação de que eu tenho um direito a celebrar casamento, assim os impedimentos são só
para salvaguardar valores fundamentais. Aqueles que não forem assim, então violam o meu
direito. Impedimentos: art. 1601 e 1602.

O art. 1605 estabelecia que entre a destruição de um casamento e a celebração de outro devia
existir um prazo. Prazo diferente entre géneros devido à gravidez. Homens – 6 meses.
Mulheres – 300 dias. Mas mulher podia ter 6 meses com atestado médico. Os 6 meses
consistiam no luto do casamento anterior. Felizmente, o legislador achou que esta norma já
não é atual (revogou-a através da lei nº 85/2019 de 3 de setembro).

2 – Direito de constituir família: art. 1796 – Estabelecimento da filiação: Maternidade:


Indicação, declaração ou reconhecimento judicial. Paternidade: estabelece se por presunção
ou reconhecimento (este último pode ser por perfilhação ou investigação).

3 – Princípio da competência da lei civil para regular os requisitos do casamento e da sua


dissolução independentemente da sua forma celebração: é a lei civil que regula o casamento e
a sua dissolução. 1º momento: requisitos para a validade do casamento; 2º momento: efeitos
do casamento; 3º momento: ?

Art. 1596 – capacidade civil (casamento católico). Para a dissolução: 1625 e 1626

4 – Direito à identidade pessoal: Direito ao nome: 1677: uma mulher casa com um homem e
não tem que ignorar os seus nomes para adotar os do marido. Historicidade pessoal: art. 1990-
A, lei 32/2006 – procriação medicamente assistida.

5 - Direito ao livre desenvolvimento da personalidade: lei 7/2001 (união de facto).


Art. 26 CRP

6 – Igualdade dos cônjuges: art. 1671 e 1672

7 – Não discriminação entre filhos nascidos do casamento e fora do casamento: art. 1901,
1911 e 1912.

Art. 86n4

Separação de facto – dentro do casamento, rutura da união de facto – acaba a união

Art. 36n4

8 – Admissibilidade do divorcio para quaisquer casamentos:

Art. 1688 e ss

Art. 1773 e ss – divórcio

9 – Princípio da atribuição aos pais do poder dever de educação dos filhos:

Art. 1878, 1879,1885, 1886.

Ensino individual e ensino doméstico: decreto nº 55/2018 de 6 de julho.

Ex: famílias no circo.

Vacinação obrigatória

10 – Princípio da atribuição aos pais do poder dever de assegurarem a manutenção dos filhos:

Art. 1879, 1880 (maioridade), 2009 (pós formação).

1877

11- Direito dos pais a terem os filhos consigo:

Art. 1907, 1915, 1913

12 – Proteção da adoção:

Art. 1973 e ss.

13 – Proteção da família

14 – Proteção da paternidade e da maternidade

15 – Proteção da infância.

Características do direito da família:

 Predomínio de normas imperativas: previsto pelo direito;


 Coexistência, na ordem jurídica portuguesa, do direito estadual e do direito canónico;
 Afetação de certas questões de direito da família a tribunais de competência
especializada: tribunais de família e menores.

Direitos familiares pessoais:

 Fragilidade da garantia dos direitos familiares pessoais (1792): podem ocorrer


violações no sentido de lealdade mas, a outra parte não recebe indemnização por isso,
está regulado na lei mas não há o aspeto de garantia (1792);
 Carácter relativo (496);
 Tipicidade dos direitos familiares pessoais.

16/02/2021

Continuação do CP:

Assim, C e D são parentes em linha colateral, em 2º grau, sendo irmãos germanos (2145,
2146).

T.P.C: Demonstre, exemplificando, a importância prática da distinção entre irmãos


germanos, consanguíneos e uterinos + outro CP:

Maria e Rita estão casadas desde novembro de 2014. Em maio de 2015, Rita deu à
luz um filho, Rui. Identifique as relações jurídicas familiares que poderão existir?

A ---------- J: relação de parentesco (art. 1578) em linha reta (descendente – ascendente) (art.
1580) em 2º grau (art. 1581).

D------------J: relação de parentesco (art. 1578) em linha colateral (art. 1580) em 3º grau (art.
1581n2).

Demonstra a importância prática evidenciando algumas situações no que diz respeito aos
graus de parentesco: art. 2133n1d.

A -----------A: relação de afinidade pois a Ana tem um vínculo com Carlos devido ao casamento,
o que faz com que Ana esteja também ligada aos parentes de Carlos, incluindo António que
tem uma relação de parentesco com Carlos em linha reta ascendente em 1º grau (art. 1580,
1581). Assim, Ana e António têm um vínculo de afinidade (art. 1584) em linha colateral (art.
1585 e 1580) em 1º grau (é igual ao parentesco de Carlos com António) (art. 1585 e 1581).

Esta relação cessa por divórcio, mas não por morte (art. 1585).

Aula OT

Art. 36n6 CRP

22/02/2021
Casamento
Existe o ato de casar e o “estar casado”.
Sistema matrimonial:
O casamento pode ser: civil e católico (art. 1587). Pode ser celebrado tradicionalmente
ou sob forma religiosa.
Tanto o civil como o católico produzem exatamente os mesmos efeitos .
Efeitos do casamento católico (1588).
Duas pessoas podem casar civilmente e depois catolicamente (mas não o contrario)
pois o católico é um sacramento (art. 1589).

O casamento civil tem 3 fases:

 Fase preliminar: conservatório do registo civil, o conservador vai verificar se há


impedimentos à existência daquele casamento. Impedimentos podem ser
absolutos ou relativos. (art. 1611). Depois há o despacho do conservador que
vai autorizar o casamento, este despacho tem o prazo de 6 meses depois da
sua emissão (art. 1614).
 Momento da celebração: são necessárias duas testemunhas (1616), aceitação
dos efeitos do casamento (art. 1618).
 Momento do registo.
Casamento civil sob liberdade religiosa; (art. 19 da lei 16/2001 de 22 de junho).

Arts. Mais importantes: 1577, 1600, 1671, 1672.

Art. 37: igrejas e comunidades religiosas que se podem considerar radicadas.

Concordata entre a santa Sé e república portuguesa – 2004, art.13 e art. 15.

Art. 1596, 1597, 1598, 1599 (para evitar que nascessem filhos fora do casamento), 1625.

Cânones:

1057: são os noivos que se casam a si próprios (ato de vontade pelo qual eles se entregam e
recebem mutuamente). Assim, o padre assiste ao casamento e depois declara-os marido e
mulher (pois eles já eram).

1055: infertilidade é um entrave ao casamento católico uma vez que a procriação é um dos
elementos deste. Unidade, exclusividade, indocibilidade.

1141: só pode acabar com a morte.

1142: batismo é necessário para o casamento pelo menos por uma das partes.
Art. 1596 - civil e católico.

Em síntese:

 Para os católicos: sistema de casamento civil facultativo porque os nubentes podem


escolher entre casar civilmente ou catolicamente e, nesta modalidade, eles escolhem
entre dois institutos diferentes.
 Para as pessoas que pertencem a igrejas ou comunidades religiosas radicadas no nosso
país: também facultativo, mas entre a forma de celebração do casamento.
 Quem não tem religião (ou com uma religião que não esteja radicada no nosso país):
casamento civil obrigatório.

Para casar (formalidades preliminares – art. 1610):

 Declaração para casamento (135 c. registo civil): declaram na conservatória e é um


passo muito importante pois estão a dizer ao Estado que querem mudar o estatuto
pessoal. Esta declaração é pessoal, ou seja, têm que ir os dois à conservatória declarar
que querem casar um com o outro (a declaração é verbal/oral, não é necessária
qualquer assinatura ou papel).
 Publicidade ao processo (140)
 Diligencias a efetuar pelo conservador: ver se é possível a celebração do casamento,
verificar diligências (como se algum dos cônjuges já está casado, etc). Aqui, qualquer
pessoa pode ir à conservatória para apresentar diligências contra (impedimentos ao
casamento – art. 1611).
 Despacho de autorização.
 Prazo para celebração do casamento: 6 meses. O conservador marca logo a data do
casamento, e esta data depende do local (pode ser na conservatória ou numa quinta
por exemplo).
 Registo do casamento: os atos de registo podem ser: por inscrição (o conservador faz o
próprio ato) ou por transcrição (quando ele recebe a comunicação desse ato, o
católico).

Casamento civil sob forma religiosa:

 Declaração para casamento + indicação da forma religiosa e ministro de culto (quem


substitui o funcionário do registo civil).
 Publicidade do processo;
 Diligências (+ a de explicar que o casamento civil português se baseia em
determinados conceitos);
 Autorização para casamento.
 Certificado para casamento e envio para o ministro de culto;
 Celebração do casamento: ministro de culto casa-os e lavra um assento que deve
enviar no prazo de 3 dias para a conservatória.
 Na conservatória, o assento é registado por transcrição dentro do prazo de dois dias.

Casamento Católico:
É diferente pois é um instituto diferente do civil (como a necessidade do batismo), assim vão
haver formalidades preliminares na conservatória e na igreja.

Na conservatória:

 Declaração para casamento (pedir autorização para casar catolicamente);


 Publicidade do processo;
 Diligências a efetuar pelo conservador;
 Autorização para casamento;
 Certificado para casamento + envio ao padre.

Na igreja:

 1ª entrevista: informação e exame dos nubentes (às vezes, preparação para o


património = reuniões entre noivos e casados). Pergunta se querem ter filhos, se os
vão batizar, etc.
 Recebimento do certificado da conservatória.
 Depois do casamento, assinam o assento de nascimento (só dois dos padrinhos é que
assinam). Este assento é enviado para a conservatória no prazo de 3 dias e que tem
que ser registado (por transcrição) pelo conservador no prazo de 1 dia.
 Comunica-se ao padre.

Caracter pessoal do casamento:

Art. 1619 mas 1620: no canónico podem haver dois nubentes a fazer-se representar por
procuradores mas, no civil, só é possível um ser representado.

Art. 1628: casamento em que o procurador casa sem a declaração da vontade do representado
é juridicamente inexistente.

Divergência entre a vontade e a declaração:

Estes casamentos são anuláveis: art. 1635. Afasta se o 1240.

Prazos: 1635, 1640, 1644.

1634: havendo divergência entre declaração e vontade tem que se provar.

Liberdade do consentimento:

Consentimento livre:

 Vontade esclarecida: formada com exato conhecimento das coisas (erro);


 Vontade formada com liberdade exterior: sem a pressão ou violências ou ameaças
(coação).
 O dolo não é vicio da vontade no casamento.

Art. 1636: erro que vicia a vontade:

Essencialidade subjetiva: determinante na formação da vontade do nubente.


Essencialidade objetiva: há de ser legitimo, razoável, em face das circunstancias do caso e à liz
da consciência social dominante que na determinação da vontade de casar tenha sido decisiva
a circunstância sobre que versou o erro.

 Qualidades da pessoa: descobrir que já foi preso, que já tem filhos, etc;
 Desculpável: se qualquer pessoa caísse naquele erro (ex: dizia que trabalhava fora e
passava fins de semana a trabalhar fora, afinal ele tinha um filho e passava esses dias
com esse filho) – aqui o dolo ajuda a tornar o erro desculpável (ele fez de tudo para
enganar a outra parte);
 Sem o engano, razoavelmente, o casamento não teria sido celebrado: o legislador usa
a essencialidade objetiva. Se a parte nunca casaria com um ex recluso e a outra parte
lhe escondesse isso.
 Propriedade: erro de ser próprio. Não corresponder a nenhum vicio que provoque a
invalidade do casamento (casar com alguém que já era casado, casamento anterior
não dissolvido).

Art. 1638 – coação moral.

Art. 1641 e 1645 (prazo de 6 meses depois de cessar o erro ou coação).

Requisitos do matrimónio:

Consentimento, vontade, capacidade.

23/02/2021

CP

Maria e Paulo estão casados. Paulo tem um filho de anterior casamento, Manuel casado com
Rita e, com um filho Rui. Dois anos após o casamento, Maria e Paulo divorciam-se. Um ano
depois Maria pretende casar com Rui.

R: Maria e Paulo têm uma relação jurídica familiar de casamento (art. 1576).

Manuel e Maria têm uma relação de afinidade (que é o vínculo que liga cada um dos cônjuges
aos parentes do outro - art. 1584) uma vez que Maria está casada com o pai de Manuel
(Paulo). Nos termos das disposições conjugadas dos arts. 1578, 1579, 1580 e 1581, Manuel é
parente de Paulo na linha reta descendente em primeiro lugar, ou seja, é pai. Maria e Paulo
estão casados tendo uma relação jurídica familiar de casamento (art. 1576, 1577).

Assim, Maria é afim de Manuel na linha reta no primeiro grau.

Entre Maria e Rui existe uma relação de afinidade visto que este vínculo pressupõe a ligação
de cada um dos cônjuges aos parentes do outro (art. 1584).

Uma vez que Maria tem uma relação jurídica familiar de casamento com Paulo o que faz com
que, sendo Rui parente de Paulo, é afim de Maria (1578, 1579, 1580, 1581). Com isto, Paulo é
parente de Rui e Rui é parente de Paulo em linha reta em 2º grau, o que faz com que, Rui seja
afim de Maria em linha reta em 2º grau (1585).
Entretanto, sendo a fonte da afinidade o casamento, este cessa com o divórcio de Maria e
Paulo (1773, 1788). Assim, a afinidade cessa segundo o art. 1585 uma vez que o motivo da
cessação do casamento é o divórcio.

Maria e Rui pretendem casar.

CP

No dia 15 de março de 2018, A e B casaram-se civilmente, apenas para B, cidadão brasileiro, vir
no futuro a adquirir a nacionalidade portuguesa. Este casamento sofre de algum vicio que
afete a sua validade?

R: O consentimento tem que ser livre, ponderado e esclarecido. Neste caso, existe uma
situação de simulação. Segundo o art. 1631, a: o casamento (1577) é anulável quando o
casamento é contraído com algum impedimento dirimente (art. 1601 e 1602), b: é celebrado
com falta de vontade ou com vontade viciada por erro ou coação e c: quando é celebrado sem
a presença das testemunhas. Neste caso estamos perante o art. 1631b.

Regra da validade (art.1627), não se verifica nenhuma causa de inexistência jurídica (1628).
Mas existem casos de anulabilidade (falta de vontade consubstanciada na alínea b do art.
1631). Esta falta de vontade afeta ambos os nubentes pois nenhum deles quer casar nem os
efeitos do casamento, apenas exteriorizam a vontade (falsa) para obter algo em troca.

O que está em causa é então a vontade, há uma presunção de vontade (art.1634). Do 1634,
que presume que os nubentes têm vontade de casar sem erro ou coação, partimos para o art.
1635d.

Conclusão: casamento simulado anulável. Divórcio – direito potestativo extintivo. Art. 1632 –
anulabilidade do casamento não é invocável – CASAMENTO PUTATIVO.

Art. 1640 – legitimidade para anulação por simulação. + 1644 – prazo para anulação.

Identificar fato jurídico, identificar o problema associado, validade, patologias dos arts 1628 ou
1631.

CP

Dois portugueses, A vive no Porto e B vive em Londres, conheceram-se pela internet


apaixonaram-se, tiveram uma relação, e prometeram um ao outro casar no Funchal.

a) Com o covid, o B não conseguia vir para Portugal e, por isso, tentaram pensar numa
forma de realizar o casamento sem o B estar em Portugal.

R: O princípio geral é o carácter da pessoalidade (art. 1619) mas há uma exceção no art. 1620
através da procuração. Assim, B pode fazer se representar por um procurador e respeitar o
que está explicito no art. 1620n2.

b) A, por contrair covid, não podia ir ao Funchal. Era possível ambos casarem por
procuração?

R: Não, só é possível uma das partes envolvidas ser representada (1620).


c) A estava envolvida em práticas ilícitas (tráfico e dependente de drogas) e B não sabia.
O procurador não conseguia contactar com B para o avisar. O que poderia fazer o
procurador?

R: Se interpretarmos que ele é um núncio, poderia casar. Se não, se for um procurador (que é
o caso) tem a liberdade de recusar a celebração do casamento.

Art. 1628!!

01/03/2021

Relação matrimonial:

Requisitos do casamento: consentimento e capacidade.

Capacidade para casar:

Art. 1600 – tem capacidade para casar quem não tiver nenhum impedimento.

Estabelecimento dos impedimentos:

Art. 36 CRP todos têm direito a casar.

Art. 1605 cc – revogado.

Impedimentos:

 Dirimentes: afetam a durabilidade do casamento - anulabilidade;


1. Absolutos: impedem casar com qualquer pessoa (1601);
2. Relativos: impede casar com uma determinada pessoa;
 Impedientes: aplicação de outras sanções (1604);
 Dispensáveis: uma autoridade pode autorizar o casamento ainda que haja um
impedimento, havendo impedimentos dispensáveis;

Tanto uns como os outros são impedimentos

Art. 1601.

Art. 1602d: Aplicamos a afinidade quando temos um viúvo pois se for um divorciado já não há
afinidade porque cessa. A afinidade mantém-se com a morte e não com o divórcio.

Art. 1602e: caso Rosa Grilo. Se conseguirem casar o casamento é anulável. – remissão para
1639.

Art. 1643.

Art. 1604

Art. 1627, 1628.

Casamento urgente: 1622 e ss – figura antiga que foi prevista para o caso de acontecer: o
parto ou a morte. – 1720 (remissão) visa regularizar a situação patrimonial.

Art. 1631c – causas da anulabilidade – remissão 1642


Esta anulabilidade pode ser sanada – art. 1633 – art. 289

1643 e ss – prazos

Casamento Putativo: produz alguns efeitos em que as pessoas acreditaram (reputar).

Art. 1647: casamento tem que existir, tem que ter sido declarado nulo ou anulado, boa fé
(1648) remissão para 1827.

Art. 1587, 1625, 1627 e ss,

02/03/2021

CP

Emigrante no Brasil e impedido de vir a Portugal, Manuel outorgou poderes ao seu irmão
Francisco para contrair casamento civil com a sua noiva, Maria. Em vésperas do dia marcado
para o casamento, Manuel ficou a saber que padecia de uma doença incurável, dispondo
apenas de poucos meses de vida. Em virtude disso, considera de todo incorreto casar com
Maria.

R: consentimento tem de ser pessoal (1619 + 1616a), puro e simples (1618).

Nesta hipótese está em causa o caracter pessoal do consentimento, decorrendo do art.1616a


(pessoas que devem intervir). + 1620 (casamento por procuração).

Conclusão: Manuel pode outorgar poderes ao seu irmão Francisco para contrair casamento
civil com Maria.

a) Suponha que, face às circunstâncias referidas no enunciado, mal descobre que


padecia de uma doença incurável, Manuel revoga a procuração mas não chega ao
conhecimento do procurador de forma a evitar a celebração do casamento. Quid
Iuris?

R: art. 224 – afasta o regime da declaração recetícia se a declaração é recetícia só produz


efeitos quando chegar ao poder ou seja dele conhecida. Assim, o casamento é inexistente nos
termos do art. 1621n2. Revogada a procuração, ela produz imediatamente efeitos. O
casamento é inexistente – art.1628d com possibilidade de Manuel ter de indemnizar por danos
– 1621/2.

02/03/2021 parte 2

Capacidade para casar – regra geral – art.1600.

CP
-A casou com B, viúva do seu irmão: há afinidade em linha colateral em 2º grau (1584 e 1585).
Este casamento é possível pois não há nenhum impedimento.

-A casou com a viúva do pai: não é possível pois estamos perante afinidade em linha reta (art.
1602d).

-A casa com a ex do pai: é possível pois a afinidade cessa com a cessação do casamento por
divórcio (art. 1585).

-A e B casados adotaram C que casou com o filho de A (D, filho não reconhecido): casamento
do filho adotivo de A com o filho natural de A. Casamento entre filhos (um adotivo e outro
biológico, não estando a filiação estabelecida neste último). Art. 1602.

Para este caso, existe um impedimento uma vez que são irmãos (relação de parentesco no 2º
grau da linha colateral). Mas um deles foi adotado, e, segundo o art. 1796, extingue-se em
relação à família natural (1987). Este casamento é anulável (1631a), para o ser é necessário a
sentença – art. 1632. 1639 – legitimidade para. 1643 e ss – prazos.

- C casa com o E, que a ameaçou de incendiar a habitação onde vivia D e provocar-lhe a morte:
neste caso, há um 2º casamento antes de estar dissolvido o 1º, assim, há um impedimento
dirimente absoluto (bigamia – 1631a, 1632).

- Imagine se que o 1º casamento era anulado. Com as mesmas circunstâncias do 2º


casamento, o que acontecia com este? Convalidação do casamento (1633), pois, o 1º foi
sanado com a anulabilidade. Mas este casamento foi feito sob ameaça (coação moral), assim
estamos perante um vicio da vontade (1638).

-A morre no estado de casada com B. B contrai novo casamento com C (sobrinha de A): relação
de afinidade na linha colateral em 3º grau. O casamento cessa com a morte, mas a afinidade
não, assim, segundo o 1604c é impedimento impediente.

- Tio casa com a sobrinha e fez um testamento que deixou a essa sobrinha, podia fazê-lo?
Inválida pois art.

08/03/2021

Promessa de casamento

Pedido de casamento. Noivado tem um valor jurídico porque o que está em causa é uma
promessa de casamento. Esta promessa afasta-se do contrato de promessa em geral. Art. 1591
– contrato pelo qual duas pessoas se comprometem a contrair património.

O que pode acontecer é correr tudo bem e depois da promessa termos um casamento ou que
não haja casamento, não haja a celebração do contrato prometido. Neste regime, é relevante
que os efeitos da falta da celebração do contrato prometido são:

 Execução específica: art. 1591, A promete vender uma casa a B e , depois arrepende-se
e não quer vender. Em algumas circunstâncias B tem o direito à execução especifica,
ou seja, direito que o tribunal se substitua à sua vontade, em vez de ir ao notário fazer
a escritura de venda, o tribunal vai declarar que A vende a B. No casamento não há
execução especifica.
 Restituições: anel de noivado, prendas valiosas. Direito a indemnização.
 Indenização: art. 1594, não há outras indemnizações. São limitadas para prevenir que
as pessoas casem para não pagarem indemnização.

Nas restituições o casamento pode não se celebrar por:

 Morte: o noivo que estiver vivo tem direito a ficar com as coisas que recebeu, não
pode é exigir aquilo que tenha dado. Não pode exigir o anel de noivado, por exemplo.
 Incapacidade: cada um tem que restituir aquilo que deu. Relógio, telemóvel, anel de
noivado. Exceto viagens.
 Retratação: voltar com a palavra atrás. Cada um tem que restituir aquilo que deu.
(igual à incapacidade). Se o outro se retratou por culpa do outro (lhe bateu, traiu) tem
que indemnizar.

A despesas e obrigações contraídas na previsão do casamento (vestido da noiva, convites,


quinta) podem ser indemnizadas, já as consequências emocionais (depressão, sofrimento,
tristeza) não são indemnizadas devido à liberdade do consentimento ou do não
consentimento.

Efeitos pessoais do casamento:

 (Art. 1671 e 1672: acordo sobre a vida em comum)


 Pessoais: os que dizem respeito à pessoa;
 Patrimoniais: património.

Os pessoais:

 Nacionalidade;
 Nome: art. 1677 e ss.
 Deveres dos cônjuges:
1. Taxatividade: estes deveres não são taxativos, mas é difícil imaginarmos que há
outros. Pois um dos deveres é residual: respeito.
2. Reciprocidade:
3. Concretização:

Deveres dos cônjuges:

 Dever de respeito: vertente negativa: não ofender a integridade física ou moral do


outro cônjuge ou do casal. Vertente positiva: interesse.
 Dever de fidelidade: limitação negativa da liberdade sexual do outro cônjuge.
 Dever de coabitação:
1. Comunhão de leito: casamento é uma relação de cariz sexual.
2. Comunhão de mesa: contas próprias, dinheiro próprio, economia comum.
3. Comunhão de habitação: art. 1673, residência da família.
 Dever de colaboração: obrigação de socorro e auxilio mútuos, assumirem em conjunto
as responsabilidades inerentes à vida da família que fundaram.
 Dever de assistência: art. 1675, quando estão juntos, deve haver contribuição para os
encargos da vida familiar. Quando estão separados (ainda casados, mas separados):
um fica obrigado a pagar alimentos ao outro. (o n2 e n3 foram revogados).
 Dever de contribuir para os encargos da vida familiar: art. 1676, em harmonia com as
possibilidades de cada um. Se o que está obrigado a contribuir não o faz (por ser
emigrante por exemplo), nestes casos, art. 992 CPC permite que uma parte dos
rendimentos seja diretamente entregue ao cônjuge. Art. 1676. 1675 remissão para
2015.

3 escalões:

Mínimo indispensável: 23

Divórcio:

Manutenção do padrão de vida: 1675

Efeitos patrimoniais:

 Regimes de bens: 1698, 1735, 1736. 1714, 1715, 1817, 1720: impõe o regime de
separação de bens nos casamentos urgentes mas também os que casaram com 60 ou
+ anos.
 Administração de bens;
 Responsabilidade por dividas

09/03/2021

CP

Francisco Marcolino casou-se com uma mulher que tem metade da sua idade e com quem vive
há 30 anos, tendo inicialmente sido contratada como empregada.  O casamento foi celebrado
em 04 de maio de 2017, no Registo Civil de Ribeira de Pena, a mais de 150 quilómetros de
Bragança, pois, naquela cidade todos os conservadores se recusaram a celebrá-lo.
Os filhos de Francisco entendem que o casamento não é válido, afirmando que o pai foi
independente até há cinco anos, mas que, desde aí, o seu estado de saúde agravou-se, com
vários episódios de urgência no Hospital de Bragança, sendo referido, nos respetivos relatórios
médicos, que apresenta "síndrome demencial", que é "totalmente dependente" e que é
acompanhado "por uma empregada que fornece a história" do doente.
1. Diga se haverá fundamento na lei portuguesa para, tal como referido no texto, ter
havido dificuldade em conseguir a celebração do casamento e se os filhos de Francisco
terão razão em considerar «que o casamento não é válido».

R: conceito legal de casamento contrato entre duas pessoas que pretendem constituir
família mediante uma plena comunhão de vida (art.1577). O casamento civil é um contrato
pessoal, solene e verbal. É o consentimento matrimonial que constitui (ato fundador)
verdadeiramente, o vínculo conjugal e deve revestir as características previstas na lei.
Como estado, o casamento civil origina uma plena comunhão de vida entre cônjuges,
exclusiva e “tendencialmente perpétua” (para toda a vida).

Os filhos do francisco pretendem invalidar o casamento. Segundo a regra geral, o


casamento tem validade (art.1627). Este não será válido apenas se, considerando a
matéria de facto, conseguirmos aferir uma causa de inexistência ou de anulabilidade.
Segundo o art.1628 não há nenhum caso de inexistência. Neste caso temos um
impedimento dirimente absoluto (art.1601b), relativamente ao Francisco temos demência
notória mesmo que a pessoa tenha intervalos lúcidos. Podemos ter um caso de
anulabilidade (art.1631a e 1600 e 1601b). Assim, temos um impedimento dirimente
absoluto por demência notória (art.1631, 1600, 1601b, 1631a).
O Francisco sofre de demência notória (caso de anulabilidade do casamento – art.1601b,
como impedimento dirimente absoluto). Assim, ele pode ter casado num episódio lúcido
durante o processo preliminar ao casamento, tendo este o objetivo de verificar
impedimentos (art.1610 e ss). Se este impedimento fosse descoberto, o conservador não
podia celebrar o casamento deste casal. Mesmo assim, este casamento é inválido devido
ao impedimento dirimente absoluto anteriormente referido (art.1631a).

Art.1632.

Ver a legitimidade, quem tem legitimidade para arguir a anulabilidade – 1639/1 – qualquer
parente em linha reta. Assim, os filhos do Francisco têm legitimidade para intentar a ação
de anulabilidade.

Tempestividade/Prazos: 1643/1a – “3 anos seguintes à celebração do casamento mas


nunca depois da cessação da incapacidade natural”.

2. Suponha agora a situação em que Francisco falece e a mulher se pretende habilitar à


sua herança como viúva. Diga em que termos e com que fundamentos legais
defenderia os interesses da mulher em causa, no caso de os filhos virem a propor uma
ação para invalidar o casamento do pai e no caso de esta vir a ser procedente.

R: Francisco e M casaram: se o casamento terminar pela morte de Francisco, M é herdeira.


O casamento tem este efeito sucessório. Em caso de morte de um dos cônjuges, o vivo é
herdeiro legitimo (art.2133a) e herdeiro legal legitimário (art.2157) do falecido.

Defender a mulher: regra da validade do casamento, por isso, para invalidar é necessário
os filhos intentarem uma ação de anulação. Estes tinham que demonstrar que o pai
contraiu casamento com demência notória. Entretanto entrou a ação, os filhos têm o ónus
da prova, está a decorrer a ação e Francisco morre. Ao morrer, o casamento dissolve-se
por morte. Esta dissolução produz o efeito sucessório (tudo isto pendente porque está a
decorrer uma ação de anulação do casamento). Ou a ação anterior é improcedente ou é
procedente. Se for improcedente acabou. Só que a ação foi procedente. E agora? O
casamento putativo aplica-se ao cônjuge que estiver de boa fé. Se a ação é julgada
procedente (o casamento é anulado) há efeitos retroativos (art.289). para evitar os efeitos
retroativos face a boa fé vamos para os arts. 1647 e 1648 para o casamento putativo. Para
o casamento putativo, o outro tem que ser declarado inválido (por sentença), ainda existir
e boa fé (ética neste caso) de pelo menos uma das partes. Assim, se a mulher tiver
contraído o casamento de boa fé, o efeito sucessório vai manter-se.

15/03/2021

Estudar bem o código.

Teste às 14h.

Efeitos patrimoniais do casamento:

 Regimes de bens: determinar a propriedade de um bem, se é próprio ou não.


 Administração de bens;
 Responsabilidade por dívidas.

Regime de bens: art. 1698 – regra geral – da liberdade na escolha do regime de bens. (regime
da comunhão geral de bens, comunhão de adquiridos, separação de bens)-

Art. 1699 – podem fazer um regime de bens diferente mas há limites neste artigo.

Art. 1733 – bens incomunicáveis: não vão para a comunhão, são próprios.

Arts. 1714 e 1714.

Art. 1717 – regime de bens supletivos – no caso de não fazer convenção antenupcial ou esta
estar inválida. Assim, considera-se que casaram sob este regime (supletivo). Os conservadores
explicam aos nubentes os 3 regimes do CC, todos são informados.

Art. 1699 e 1720 – limitação para escolher cada regime (filhos, idosos)-

Comunhão de adquiridos:

Bens próprios de A e Bens próprios de B + Bens comuns.

Arts. 1722 e 1723 – bens próprios dos cônjuges.

Art. 1723 c – apartamento existia antes do casamento e, durante o casamento, A vende o


apartamento e com esse dinheiro compram um novo apartamento maior. Tem que haver uma
clausula, por exemplo, metade do dinheiro fica como bem próprio de A.

Art. 1730.

Separação de bens:

Art. 1735 e 1736.

Bens próprios de A e bens próprios de B + bens em compropriedade.

Podem renunciar a ter a outra parte como herdeiro.

Administração de bens: (para todos os casamentos)

Art. 1678 – cada um dos cônjuges:

 Tem a administração dos seus bens próprios;


 Tem legitimidade para a prática de atos de administração ordinária relativamente aos
bens comuns do casal. Os restantes atos de administração só podem ser praticados
com o consentimento de ambos os cônjuges.

Arts. 1682 – Consentimento de ambos os cônjuges para alienação, oneração, arrendamento,


constituição, locação.

Arts. 1683.

Art. 1687 – sanções.

Responsabilidade por dívidas:

Art. 1690 – legitimidade para contrair dividas sem o consentimento do outro.

Arts. 1691 e 1692, 1695 e 1696.


16/03/2021

CP

1.Em março de 1999, António casou com Eva. Uns dias depois EVA descobriu que António fora
condenado por crimes extremamente graves de natureza sexual.

R: art. 1627 e 1634 o legislador parte do pressuposto da validade do casamento. Identificamos


neste caso uma patologia no domínio do processo de formação da vontade de Eva. Neste caso
a vontade é viciada por erro vicio, que consiste na ignorância no momento da celebração do
casamento de uma circunstância relacionada com a pessoa do António: fora condenado por
crimes extremamente graves de natureza sexual.

2. Suponha que no casamento entre Eva e António celebraram previamente um pacto


com o seguinte teor “o casamento durará enquanto o amor entre eles durar”.

R: A patologia em causa está prevista no art. 1631b conjugado com o art. 1636 (erro que
vicia a vontade). O vicio tem que ser contemporâneo (tem que ser atual), tem que recair
sobre uma qualidade essencial do outro cônjuge (crimes extremamente graves de
natureza sexual), tem que ser desculpável (afere-se através da figura do homem médio,
neste caso não era exigível o conhecimento por Eva da factualidade reportada à pessoa de
A – a pessoa real colocada nas circunstâncias de uma pessoa normal não se aperceberia
dessa circunstancia), demonstração da circunstância que o casamento não se teria
realizado erro objetivo (à luz da consciência social o casamento não se teria realizado),
erro subjetivo (à luz da consciência pessoal, o casamento não se teria realizado), erro
próprio (não existe causa de inexistência nem outra circunstancia invalida). Art. 1641 e
1645.

3. Suponha que Joaquina há muitos anos queria casar com António. Considerando que em
2020 António já não tinha qualquer relação matrimonial, Joaquina, aproveitando a ocasião de
António estar a ser ameaçado de morte pelos seus credores, propôs-lhe casamento,
declarando que após o mesmo lhe transferia para a sua conta bancária o dinheiro suficiente
para pagar aos credores e evitar qualquer mal. Sem outra solução, António aceitou o
casamento.

23/03/2021

CP

Carlos e Daniela, ambos maiores, casaram, sem convenção antenupcial, em janeiro de 2014.
Carlos levou para o casamento duas moradias situadas no Porto e uma herdade localizada no
Alentejo. Daniela, por sua vez, levou para o casamento, um apartamento situado em Braga –
que viria a constituir a respetiva casa de morada de família –, todo o mobiliário que constituía o
recheio do mesmo e um motociclo.    

Em março de 2015, Carlos adquiriu um barco de recreio, pagando o respetivo preço com a
permuta de uma das suas moradias e com dinheiro proveniente do seu salário.
Em fevereiro de 2016, Daniela adquiriu um automóvel, com o produto do seu salário, na
sequência de um contrato de compra e venda a prestações, com reserva de propriedade,
outorgado em dezembro de 2013.

Em abril de 2016, Filipe, tio de Daniela, doou-lhe um valioso quadro do famoso pintor
português, Amadeu de Sousa Cardoso.

Pronuncie-se, justificadamente, quanto à titularidade dos bens adquiridos por cada um dos
cônjuges.

R: Carlos e Daniela, ambos maiores, casaram, sem convenção antenupcial, em janeiro de 2014.

Casamento. Regime de bens 1717 – comunhão de adquiridos cujo regime está essencialmente
nos arts. 1721 e ss. 1724b.

As duas moradias situadas no Porto e a herdade do Alentejo são bens próprios do Carlos
segundo o art. 1722/1a. A Daniela levou para o casamento um apartamento em Braga + recheio
(art. 1722/1).

O barco de recreio foi adquirido em parte como bem próprio e em parte como bem comum. Foi
adquirido com permuta da moradia (bem próprio de Carlos – 1722/1a) + foi adquirido pelo
salário de Carlos (bem comum – 1724/a).

Art. 1726.

Valor superior da moradia – barco recreio 100 – moradia vale 80 o salário 20, barco recreio é
bem próprio de Carlos (1726/1).

Valor superior do salário – o bem barco é comum – 100 – moradia 40 salário 60 – 1726/1

Valor igual – barco – 100 - moradia 50 e salário 50 – 1724/b.

29/03/2021

Prof. Pedro Leitão Pais de Vasconcelos – Católica Lisboa:

Empresas individuais:

 Comerciantes em nome individual;


 Registados ou não;
 A recibo verde ou não.

Empresários em nome individual foram deixando de ser estudantes e isto é altamente


negativo pois, em 2018, haviam 154 920 empresas individuais (67,7% do total de empresas
nacionais que empregavam mais de 900 000 pessoas). Estas empresas não têm sociedade.

Art. 1577 – casamento. As empresas casam (não as sociedades) quando o titular da


empresa é alguém singular, este pode casar. Quando o empresário casou, a empresa casou
também. Assim, as empresas societárias não podem casar mas as individuais podem (têm
como titular pessoas singulares).

Art. 13 do código comercial: comerciantes. Ex: vendedor de castanhos, condutor da UBER,


etc…

Cônjuge 1 + cônjuge 2 – empresa familiar. Dentro desta pode haver uma empresa
comercial que pode pertencer a uma das partes ou a ambas das partes. O(s) cônjuge(s)
podem ter propriedade ou comunhão sobre a empresa e pode ser em todo ou em parte.

A empresa tem personalidade jurídica não autónoma (esta é dos cônjuges).

Podemos ter os dois cônjuges com quotas da empresa em comum:

A empresa é um bem: pode ser:

 Um bem do casal;
 Um bem próprio de um ou ambos os cônjuges;
 Um bem parcialmente comum do casal e parcialmente próprio de um ou ambos os
cônjuges;

Art. 1651: casamento sujeito a registo. Regulado no art. 1 do código do registo civil.

Art. 2 – factos sujeitos a registo só podem ser invocados após o registo. Comerciantes
individuais. Sujeito a dois registos: Registo civil e comercial

Art. 10 – outros factos sujeitos a registo.

Art. 14 – oponibilidade a terceiros, os comerciantes ignoram o registo, não é obrigatório


mas para efeitos civis estão casados e para efeitos comerciais não estão. Quase ninguém
regista pois é caro e eles não vêm utilidade. Registo não obrigatório: art. 15 a contrário.
O direito comercial nasce no direito romano. A unidade de trabalho em Roma era a família,
sujeito ao pai de família. A família era a dona da empresa, mas como a única pessoa que
podia vincular a família era o pai, era ele o dono mas a mulher e os filhos podiam operar na
empresa, alias a mulher podia ter uma empresa dela e era livre. O regime da empresa
romana tinha a ver com a família: a mulher estava na empresa através do casamento, os
filhos pela filiação e os escravos por escravidão.

Art. 2 do código comercial – atos de comércio. O casamento é um ato civil mas em alguns
casos funciona com natureza comercial. O casamento está presente no código comercial
pois os comerciantes se casam.

Art. 980 CC – contrato de sociedade.

Art. 1577 – casamento.

Casamento como relação subjacente à empresa:


Art. 1673: residência da família. Compete aos sócios fixarem o local da sede da empresa. A
sede da empresa é a residência da família pois é lá que se discutem.

Art. 1677: exercício de profissão ou outra atividade: cada um dos cônjuges pode exercer
qualquer profissão ou atividade sem o consentimento do outro. Não é admitida a proibição
de concorrência, assim, os cônjuges têm liberdade de concorrência.

Art. 1674: dever de cooperação: obrigação de socorro, auxílios mútuos, etc. os sócios
assumem as responsabilidades nas relações internas.

Art. 1675: dever de assistência: se a empresa está com dificuldades, os cônjuges têm
obrigados a financiar a empresa.

Art. 1676: dever de contribuir para os encargos da vida familiar: o financiamento pode ser
feito com entradas de bens ou de industria, o montante liquida da obrigação de cada sócio
de financiar a empresa depende das suas possibilidades.

Art. 1676: na liquidação da empresa, procede-se ao acerto caso a separação aconteça.

Art. 1689: partilha do casal, pagamento de dividas: em caso de divórcio, o passivo não é
necessariamente liquidado, mas tem que ser partilhado (não suscetíveis a terceiros).

Administração da empresa: quem manda?

Art. 1678: administração dos bens do casal.

Art. 1681: exercício de administração. No caso de mandato entre os cônjuges aplica-se o


regime de mandato. Se civil – mandato civil. Se comercial – mandato comercial. Regime
especial de caducidade da obrigação de prestar contas no mandato conjugal (5 anos).
Mandato pode ser escrito ou não escrito. Dentro do não escrito pode ser expresso, tácito
ou tolerado.

Art. 1682: alienação ou oneração de móveis: o consentimento pode resultar de mandato ou


de autorização.

Art. 1691: dívidas são responsabilidade de ambos os cônjuges – art. 15 do comercial:


dividas comerciais presumem-se contraídas no exercício do seu comércio, o casamento
deve estar registado no comercial também.

Art. 1695: dividas da responsabilidade de ambos os cônjuges: em Roma, apesar da mulher


ser inferior, mesmo assim, limitavam a responsabilidade em relação a esta. Ela não
respondia pelas dividas do marido na maior parte dos casos.

Art. 1698.

Art. 231: mandato comercial - ex: cônjuge dono de restaurante coloca o outro ao balcão do
restaurante.

Art. 232: não se presume gratuito – cônjuge que trabalha tem direito a ser remunerado. Um
paga ao outro se o colocar a trabalhar na empresa.

Art. 240 – não esquecer: o mandato pode resultar da mera tolerância, no caso de falta de
resposta imediata, a ratificação dá-se rapidamente.

Art. 248 -

05/04/2021

Relação matrimonial – o Fim – extinção da relação matrimonial:


Todos os casamentos se dissolvem por morte, divórcio (quer seja católico ou civil). No
católico mantem-se o sacramento, os católicos não podem casar outra vez.
Dissolução pode ser feita por:

 Morte: cumpriu a sua função, os cônjuges ficaram juntos até que a morte os
separasse. Obriga a que haja uma partilha conjugal. Podem casar na separação
de bens, comunhão de adquiridos, etc – os cônjuges são herdeiros.
 Divórcio: este regime foi alterado em 2008 na lei 61/2008 – estabeleceu novo
regime do divorcio e do exercício das responsabilidades parentais. Esta lei vem
colocar os afetos no centro da relação matrimonial. Se as partes já não gostam
uma da outra, não tem relação afetuosa, então devem poder divorciar-se. Uma
delas deve poder divorciar-se mesmo que a outra não queira e contra a
vontade da outra. Isto significa que foi consagrado o princípio da rotura do
casamento. O divorcio vai então constatar essa rutura. Só precisa de provar ao
juiz que os laços efetivos se romperam e que aquele casamento já não é fonte
de felicidade. O casamento deixou de ser um meio para adquirir. Não há
vantagens resultantes do casamento, do divorcio. Porque antigamente havia
um sistema de divorcio baseado na culpa. Como o casamento é um contrato
pensava-se num casamento como qualquer outro contrato. Assim, antes o
divorcio implicava uma declaração de culpa (tratando se como um contrato –
violação de uma obrigação de entregar a coisa por exemplo). Antes só a vitima
podia pedir o divorcio (ex: homem trai mulher e apaixona-se pela amante. Ele
não pode pedir divorcio, só a mulher, que foi traída, é que tinha que alegar a
traição mas podia não o fazer). Agora, não tê que expor o porquê de se
quererem divorciar, o estado não se mete na vida privada.
Art. 1774 – mediação familiar: não visa reconciliar os cônjuges. Serve para transformar
o casal conjugal no casal parental, ajuda aquele casal desavindo.
1. Divórcio por mútuo consentimento: pode ser administrativo ou judicial:
 requerido na conservatória (1775): quando há 4 acordos complementares
(1775) para alem do acordo das partes. São acordos relativamente sobre o
destino da casa de morada de família, os alimentos ao cônjuge, o destino
dos animais de companhia e exercício das responsabilidades parentais no
caso de haver filhos menores (ou certidão da sentença se já tiver havido
sentença). Conservador recebe e vai analisar todos os acordos menos o das
responsabilidades parentais que é enviado para o MP. Os restantes são
decididos pelo conservador (1776). O MP pode ouvir as crianças, chamar a
família se achar que algo não funciona bem. Por regra, não o deve fazer. O
conservador pode decretar o divorcio (aceita os acordos) ou propõe
alterações (não aceita os acordos). Essas mudanças se forem aceites o
conservador decreta divorcio, se mesmo assim não for aceite, o
conservador remete processo para o tribunal (1778). 1778A – requerimento
apresentado no tribunal quando não há acordo, como se se tratasse de um
divorcio sem consentimento (1779 e ss). ADMINISTRATIVA
 requerido no tribunal (1778a) – remetido para o tribunal (1778) e
conversão: se não tiver os 4 acordos. O tribunal decreta divorcio sem estra
a verificar se há razão para o divorcio, vai pronunciar-se sobre os efeitos do
divorcio (se não chegaram a acordo da morada de família, o tribunal decide
isso). JUDICIAL

2. Divórcio sem consentimento do outro cônjuge (1781)


1779 e ss. – antes era litigio mas agora não.
1771 – rutura, causa.
1779 – haverá sempre tentativa de conciliação nestes casos. Esta tentativa não é para
conciliar verdadeiramente os cônjuges pois nesta altura já é muito difícil, serve para
converter o divorcio sem consentimento em divorcio por mutuo consentimento.
Pedido por um cônjuge contra outro.
1781: rutura.
1785: demonstrar a rutura.
Violação dos deveres conjugais é INDICIO de rutura.
Separação de facto – 1782:
Elemento objetivo: não existe comunhão de vida;
Elemento subjetivo: haja da parte de um deles ou dos dois o propósito de não a
restabelecer.
A lei estabelece que a separação de facto implica que não haja plena comunhão de
vida (não significa que vivem em casas diferentes).
Efeitos do divórcio:
Art. 1688 – cessam relações pessoais e patrimoniais entre os cônjuges;
Art. 1788 – divorcio dissolve casamento;
Art. 1789 – 1os efeitos retroataem-se à data proposição da ação. 2se tiver provado o
início da separação de factos, o cônjuge pode pedir que os efeitos se retroajam à data
em que a separação começou. 3só se pode provar a separação de facto no divorcio
sem consentimento de uma parte. Assim, este pode ser um obstáculo importante à
conversão do divorcio sem consentimento para o de mútuo consentimento. Porque
quer que fique provada a data em que houve separação. – art. 1789/2.

12/04/2021
DIVÓRCIO
Divórcio surge como constatação da rutura de um casamento, não há declaração de
cessação de bens.
Vantagens do divorcio:
Facto de os cônjuges não estarem a apurar tudo de mal que aconteceu na relação mas
sim reconhecerem que faliu e seguem a sua vida.
Mas há situações injustas (não havendo sanções patrimoniais).
O divorcio tem 2 modalidades:

 Por mútuo consentimento: os dois querem o divórcio. Pode ser requerido na


conservatória (acordam nos acordos complementares) ou no tribunal (quando
as partes querem o divórcio mas não chegam a acordo nalgum daqueles
acordos complementares). O conservador aceita, envia o das responsabilidades
parentais para o MN (pode aprovar ou não) e o conservador analisa os outros
acordos. O conservador se aprovar decreta o divorcio, se não aprovar são
sugeridas alterações aos cônjuges. Se não aceitarem, o processo é remetido ao
tribunal.
 Sem consentimento do outro cônjuge: só um quer o divórcio. Tem que haver
um fundamento: a rutura, parte tem que provar os factos que indiciam a
rutura, têm que ser graves e espelhar a rutura definitiva do casamento. – art.
1781. Os efeitos patrimoniais pode retroagir à data em que se deu a rutura da
união de facto (tem que ser requerido)

Efeitos do divórcio:

 Partilha: quando os cônjuges estão casados num regime de comunhão, quando


cessam as relações, há a partilha igual. Se não há acordo na partilha, usamos o
processo de Inventário. Regras: art. 1790 – bens comuns do casal são aqueles
que foram adquiridos onerosamente no casamento, os que resultam do esforço
comum. Art. 1791 – ex: A e B viviam num apartamento. Entretanto fica gravida
de gémeos e os pais dela oferecem carrinha. Depois o apartamento fica
pequeno e os pais dão terreno para fazerem uma casa. Estas doações são feitas
em vista do casamento, havendo divórcio, os cônjuges perdem os benefícios.
Assim, depois da partilha, os pais podem vir pedir o valor do terreno e metade
do valor da carrinha. Pode se determinar que as doações revertam para os
gémeos. Art. 1792 – o casamento é um contrato, pela violação dos deveres
conjugais, poderia haver uma responsabilidade contratual. Fragilidade da
garantia: se os pais não são atenciosos para os filhos, cônjuge não cumpre
deveres com o outro cônjuge… a família não é um espaço livre de direito.
Situação de violência doméstica: provoca danos patrimoniais porque a pessoa
vai para o hospital uma semana + danos não patrimoniais como o desgosto,
dor, etc… apesar da fragilidade da garantia, o cônjuge tinha direito a uma
indemnização.
Art. 1781b – isto era um dano complexo. Antes, a mulher divorciada não podia refazer
a sua vida amorosa (estigmatizante). O legislador, no art. 1792/2, manteve este dano.
Assim, não se deve aplicar a 1781b pois o outro advogado pode pedir a indemnização.
Usamos a separação de facto ou a alteração de saúde mental (1 ano pelo menos)
SEMPRE, nunca o outro artigo.
Crédito compensatório – art. 1676.
Casa de morada de família: art. 1793 e 1105 – aplica-se quando a casa é arrendada, a
família é inquilina. Permite que o arrendamento se transmita de um cônjuge para
outro ou se concentre num dos cônjuges.
E se a casa for do outro? Ex: a Ana foi viver para casa do João desde que namoravam.
Divorciam-se e a Ana quer lá ficar com os filhos, mas a casa é do João. No art. 1793, diz
que o tribunal pode dar de arrendamento a casa do João à Ana. Pode atender até a um
filho só da Ana, vale para o 1105 mas não para o 1793.
Se a casa for comum aplicam-se as regras gerais- art. 1404 e 1406.
Art. 1793A – animais de companhia.
Art. 1901 e ss – efeitos em relação aos filhos:
 Questões de particular importância para a vida da criança
 Atos da vida corrente da criança.
Responsabilidades parentais:
No casamento: art. 1901 – 1904, se não chegarem a acordo a decisão é do tribunal.
No divórcio: art. 1905 – 1908, o exercício das responsabilidades parentais quanto aos
atos da vida corrente do menor cabe ao progenitor que com ele resida. O exercício das
responsabilidades parentais relativo às questões de particular importância cabe aos
dois.
Regulação das responsabilidades parentais: tem que constar em acordo:

 Residência do menor;
 Tempo de convívio com o progenitor não residente (+natal, pascoa, ferias de
verão, feriados, aniversários, dia do pai, dia da mãe);
 Alimentos a pagar pelo progenitor não residente.

Lei 65/2020: responsabilidades são exercidas por ambos os pais. Só pode haver
alteração a isto se for determinado pelo tribunal.

19/04/2021
Efeitos do divórcio em relação aos filhos: pais têm responsabilidades parentais em
relação aos filhos (filiação).
Quando estão juntos exercem as responsabilidades de uma maneira e quando estão
separados é de outra.
Quando estão juntos: presume-se que o que um faz é de acordo com o outro. Pode
haver discordância entre os dois progenitores (um quer batizar o filho e outro não –
ex) – assim, o tribunal decide.
Quando estão separados: é necessário determinar quem fica com a criança e quem
tem direitos de convívio com a criança.
2 conceitos muito importantes:

 Atos da vida corrente do menor: coisas do dia a dia (ex: a que horas se levanta,
para que escola vai, atividades, etc);
 Questões de particular importância: aquelas decisões raríssimas na vida da
criança, mas que podem surgir e que exigem o consentimento de ambos os
progenitores (ex: uma cirurgia, viagem para um país em risco de guerra,
mudança de país);
No fundo, quem vive com a criança é que tem o poder para educar, ralhar, disciplinar
(vida corrente) mas, o outro progenitor não fica de fora pois é chamado a decidir
algumas situações (questões fundamentais).
Se a lei estabelece isto, então quando estamos a regular as responsabilidades
parentais temos que regular:
1. Com quem é que a criança vai residir: art. 1906. Residência alternada: não é
guarda partilhada (já não há guarda na nossa lei desde 2008), o ideal é o
nesting – crianças ficam em casa e os pais vão lá viver cada um em cada
semana (raro). Lei 65/2020 de 4 de novembro – art. 1906/6 CC, tribunal pode
determinar uma residência alternada.
Se o menor ficar a residir com um progenitor temos que: regular os convívios
com o outro que permitam uma parentalidade feliz (fins de semana alterados e
um jantar com a outra parte por semana), regular férias e datas festivas,
pagamento de alimentos do progenitor não residente (art. 1905 – o montante
dos alimentos é superior ao montante normal dos alimentos porque art. 2003 –
noção geral de alimentos- art. 1878 e ss – compete aos pais prover ao seu
sustento (sustento na educação, ou seja, podemos ter na obrigação de
alimentos valores que nunca teríamos numa obrigação de alimentos normal –
ex: mesada), art. 1880 – mantem se obrigação de alimentos mesmo se o filho
for maior MAS se ainda estudar.
Art. 1905/2 – apoio de alimentos vale até aos 25 anos (evitar problemas
familiares). Este artigo não interfere com o 1880. A partir dos 25 anos, se o
progenitor não pagar, filha propõe uma ação contra o mesmo, pois tem direito
até à conclusão da formação profissional.
Audição da criança: tribunal tem que fazer juízo de que a criança tem
maturidade para ser ouvida (a partir dos 12 anos tem que ser ouvida). A criança
não decide, só é ouvida (a não ser que o menor já tenha 16/17 anos, aí quase
de certeza que a decisão será influenciada).
Tribunal só pode afastar um progenitor de uma criança através de uma decisão
devidamente fundamentada – art. 1906a.
Violência doméstica: se uma pessoa é agressiva com o cônjuge, é também com
a criança – violência doméstica tem repercussão no exercício das
responsabilidades parentais.
Art. 1904A – cônjuge ou unido de facto pode ter responsabilidades parentais se
o outro falecer (Ronaldo e Georgina).- só quando a filiação se aplica apenas a
um dos cônjuges.
Art. 1907, 1903 e ss.
1901 e 1904 – união de facto (1911).
1905 e 1908 – divorcio (1909/1).
Quem regula são os pais que se querem divorciar e fazem acordo sobre
responsabilidades parentais OU Tribunal, pois pais não se entendem.
Alimentos a ex cônjuge: art. 2016 e ss – cada cônjuge deve prover à sua subsistência
depois do divorcio, à partida é cada um por si, não há direito a alimentos.

20/04/2021
Art. 1730 – regra da metade nos bens comuns. Ou é feita amigavelmente ou
litigiosamente.
CP – António e Berta
Regime de comunhão de adquiridos: 1717 e 1721 e ss.
Arrendamento de imóvel- 1628A/1. Sanção – 1687/1 e 2 – ato anulável.
Bem próprio – 1772/1a – pedro rústico
Art. 1678/1 – administração é da Berta
1543 – servidão de passagem, constitui uma servidão de passagem a favor de um
vizinho em prédio rústico que Berta havia adquirido antes do casamento.
1687/4 remete para 892 o que determina a nulidade
1724/b – bem comum – 1678/3 – divida – 1690
Para garantir o cumprimento assumiu garantia real sobre o imóvel – hipoteca – A está
a onerar o imóvel com uma garantia o que importa, nos termos do art. 1682a/1/a no
consentimento de ambos os cônjuges. Ato contrário à lei de A.
Consequências: 1687/1 e 2 – anulável.

03/05/2021
Modificação da relação matrimonial: se existir uma modificação (separação de pessoas
e bens) os cônjuges continuam casados. Há um afrouxamento dos efeitos do
casamento, mas o estado civil é casado mas separado. – 1795 A.
Divórcio: dissolve o casamento. Passamos a ter ex cônjuges.
Separação de pessoas e bens: não dissolve, há uma modificação no estatuto pessoal
passam a ser separados. Feita de forma igual ao divorcio (conservatória, tribunal, etc),
implica uma mudança jurídica.
Separação de facto: não tem nenhum efeito jurídico, não incita nenhuma modificação
do estatuto.
União de facto: lei 7/2001 – proteção de uniões de facto:
Comunhão de leito: relação de cariz sexual, intimidade sexual.
Lei 32/2006 de 26 de julho, art. 3 – adoção por casais homossexuais.
Art. 2 – quando a união de facto não produz efeitos: menores, demência notória,
casamento não dissolvido (1795 – fica o respeito, colaboração), etc
Art. 4 – 1105, 1793.
Art. 5 – transmissão por morte (arrendamento) – direito de habitação e direito de uso
do recheio (direito gratuito) – 1106
496

04/05/2021

União de facto: comportam-se como casados, vida social em comum, cama, mesa,
habitação, etc…
Lei nº 7/2001, de 11 de maio Ana – Pedro.
Aferir se estão verificados os pressupostos da união de facto: art. 1 da lei que referi
antes. Exceções: art.2.
Aqui temos uma situação de união de facto entre Ana e Pedro. Não se verifica
nenhuma das exceções. Exceção importante: separação de pessoas e de bens (1794) –
regime intermédio entre divórcio e conciliação.
Pedro faleceu art. 8/1 – dissolução da união de facto.
Ana não é herdeira – 2132.
Art. 5 – proteção da casa de morada da família em caso de morte

10/05/2021
Relação de filiação: relação de parentesco mais importante. Relação que está sujeito a
princípios:
 Princípio da verdade biológica: regra mais importante para saber quem é filho
de quem. Porque podíamos ter outros valores como a preservação da família,
segurança dos vínculos, etc.. mas o legislador deu sempre predominância a este
vinculo biológico. Este principio é cada vez mais forte porque, antigamente, não
havia testes de ADN, hoje há e podemos ter a certeza sobre esse vinculo.
Vamos permitir o estabelecimento de uma paternidade aos 50 anos do filho ou
estabelecemos prazos para o estabelecimento da paternidade? Consequências
da verdade biológica.
 Principio da taxatividade das formas de estabelecimento: para sabermos quem
é mãe ou pai, é necessário que se siga um dos caminhos previstos na lei. As
formas de estabelecimento da maternidade e paternidade e os efeitos do
estabelecimento da paternidade. Só somos filhos de alguém quando essa
paternidade seja estabelecida. Até lá não somos filhos. Art. 1797 e 1802. MAS
417 – ninguém é obrigado a fazer teste de ADN mas as pessoas têm que
colaborar com o processo, tribunal tem que decidir.

Estabelecimento da paternidade: art.

 Presunção: art. 1826: legal, é o legislador que presume. Isto acontece quando a
mãe é casada. O marido era o que era no momento do nascimento ou
concebida. Mulher pode afastar presunção com uma declaração, dizendo que o
pai não é o marido. Art. 1838 e 1839- art. 1842 – prazos. 1832 – afastar a
presunção.
 Reconhecimento: mãe, à partida, não é casada. 1832 – quando a mãe é casada.
1848: não se admite reconhecimento. 1849, 1850.
1. Voluntário (perfilhação): é o reconhecimento de uma paternidade (que
corresponde a uma verdade biológica). O que não é uma perfilhação: ficou
grávida, tem um namorado que lhe diz que vai criar a criança com ela
(mesmo não sendo o pai). Quando a criança nasce, o namorado perfilha.
Esta não é válida e são falsas declarações (crime). Pois não é o pai
verdadeiro da criança. O que pode fazer é adotar a criança.
2. Judicial (ação de investigação):

11/05/2021
Matéria exame: União de facto – TODAS AS SITUAÇÕES,…
Primeiro certificar que é união de facto, ver se não há nenhuma exceção. Se há uma
exceção, não se faz mais nada. (lei nº 7 de 11 de maio) – dissolução por rutura e
dissolução por morte.
CASA DE MORADA DE FAMILIA: ver power points + artigos.
Hipóteses: casa de morada de família pode ser propriedade do membro sobrevivo
(sem problemas, é dele), propriedade do membro falecido (ela tem direito a
habitação, recheio, etc), pode ser em compropriedade ou propriedade exclusiva de um
deles ou arrendada.
Ex: houve rutura e a casa é de Pedro

Dissolução por morte:


Casa propriedade do membro sobrevido: sem problemas é para ele.
Casa propriedade do membro falecido – art. 5/1 e /3. Direito de habitação, etc + uso
do recheio.
Compropriedade: igual mas só sobre metade pois a outra metade já lhe pertence.
Prazos podem ser alargados por motivos de equidade, carência, etc pelo tribunal.
Quando acaba o prazo, a posição jurídica passa a ser de arrendatário. Em todo o
período que estiver á há direito de preferência.
Casa arrendada – 1106.

Dissolução por rutura:


Casa pertence a Pedro: art. 3, art. 4 + remete para o 1793 (e 1105)
Casa pertence a Ana: =
Compropriedade:
Casa arrendada: art. 3, art. 4 , art. 1106.

Alimentos:
Na união de facto só há direito a alimentos se a dissolução for por morte – art. 2020.
Art. 2016.
Indemnizações: 496.

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