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Luís Monteiro a91497

Família
E
Sucessões
Caderno Prático

Luís António de Araújo Monteiro

Aula 1
12/10/2022

. relações juridico- familiares (como é que se estabelecem essas relações);

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Luís Monteiro a91497

Nos casos práticos vamos perceber que relações é que podem ser estabelecidas e os
vários tipos de impedimentos à sua constituição;

Onde estão previstas as relações jurídico-familiares no código civil? – artigo 1577º -


noção (casamento, parentesco, afinidade e adoção).

Artigo 1576º - Família em sentido jurídico e constituído pelos cônjuges, pelos parentes
e pelos afins e pelos seus adotantes e adotados se existirem. Esta noção diverge muito
da família na prática.
O 1576º não inclui todas as relações familiares.

Hoje vamos concentrar essencialmente no parentesco e afinidade.

Quando é que há uma relação de parentesco, ou como é que há relações de


parentesco? Estas são relações de sangue. Estas ocorrem quando descendem umas
das outras (ex: avós e netos), ou aqueles que procedem de um progenitor comum (ex:
irmãos).
Artigo 1578º - vamos ter que saber em que linhas e graus se estabelece o parentesco
entre duas pessoas POR MUITAS RAZÕES.

A lei, por duas pessoas serem parentes, atribui EFEITOS a essa relação jurídica.

Artigo 1579º - O parentesco determina-se pelas gerações que vinculam os parentes


um ao outro: cada geração forma um grau, e a série dos graus constitui a linha de

parentesco.

O parentesco em linha reta é quando as pessoas descendem umas das outras em linha
colateral, quando descendem de um progenitor comum.

É importante saber em que grau é que as pessoas são parentes – artigo 1581º
Para contar graus a melhor tática é contar apenas os traços ex: avós e netos são
parentes em 2º grau em linha reta.

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NOTA: NUNCA SE CONTA O PROGENITOR COMUM.

Por Exemplo: Primos diretos são parentes em 4º grau da linha colateral.


Por Exemplo: Entre um tio e uma sobrinha, estes são parentes em 3º grau da linha
colateral.

Quanto ao parentesco: 1582º - limites que a lei atribui às relações de parentesco.


Os efeitos das relações do parentesco reproduzem-se até ao 6 grau da linha colateral e
em qualquer grau em linha reta, salvo disposição legal em contrário.

A lei muitas vezes atribui direitos ou limita o exercício de direitos em função das linhas
de parentesco. (existem determinados efeitos limitativos que existem porque apenas
somo irmãos de alguém, por exemplo – este é um efeito limitativo do parentesco)

Há também direitos e deveres – se o pai ou irmão falecer – poderá haver direitos


sucessórios que existem porque sou apenas parente de alguém.

Afinidade:
1584º - relação que se estabelece entre o cônjuge e os parentes do outro cônjuge. Por
isso, a fonte das relações de afinidade é o casamento.
Como é que cessa afinidade – artigo 1585º
Na parte final, não cessa pelo casamento por morte. Isto é, a afinidade cessa pelo
divórcio.
Quando o casamento cessa por divórcio cessa também a afinidade, quando se dissolve
por morte, não há um intenção de quebrar essa relação familiar.
O cônjuge via ser afim dos parentes do seu cônjuge da mesma medida.

Embora existam efeitos, estes são muito menores do que aqueles que derivam do
parentesco.

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Adoção:
À semelhança da afiliação e para além dos laços de sangue é a relação entre duas
pessoas. A grande diferença é que estas relações de afiliação podem ser naturais, na
adoção não partimos de uma verdade biológica.

Temos ainda a união de facto e o apadrinhamento civil. Não é pleo facto de não
estarem no artigo 1576º que deixam de ser relações familiares, estas são hoje em dia,
relações familiares – são ao abrigo de outras disposições legais.

Nos casos práticos, devemos perceber as relações familiares e perceber se se pode


celebrar o casamento entre os dois.

. artigo 1601º,1602º e 1604º do Código Civil que estabelecem as regras para


estabelecer casamento;

Algum tempo depois do falecimento da sua mulher, Virgolino quer casar civilmente em
segundas núpcias. Para o efeito pondera várias hipóteses:

a) Casar com a irmã solteira da sua mulher;


b) Casar com a sua prima (“direita”);
c) Casar com a sobrinha, filha mais velha do seu irmão, aliás bastante mais velho do que
ele;
d) Casar com a mulher divorciada do seu filho mais velho;
e) Casar com a ex-companheira do seu filho mais velho que vivia em união de facto; f)
Casar com a mulher divorciada do seu irmão mais velho.

Considere cada uma das hipóteses analisando os graus de parentesco e de afinidade.

Resposta:

Temos os impedimentos dirimentes (se assim for, o casamento é anulado) (que estão
no 1601 e 1602) e tempos os impedimentos impedientes (se houver casamento, o
casamento é válido, mas se o impedimento não for dispensado, dá lugar a algumas
sanções) (1604º estão os impedimentos impedientes).
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a)

Qual o grau e relação estabelecida?


A irmã (O), tem segundo grau de afinidade com Virgolino, não ultrapassa o 6º grau
logo n pode casar.
Quando há falecimento, não faz grande sentido, pois em outubro de 2019, existia um
instituto do prazo inter nupcial – era um impedimento o facto de uma pessoa não
esperar até celebrar um novo. O manual poderá estar desatualizado.

1. Temos de fazer um esquema


2. Perceber qual é a relação que se estabelece entre a mulher de Vigorlino e a
sua irmã. – estas são parentes em linha colateral porque não há descendência.
Estas são parentes em 2º grau da linha colateral. Temos ainda de ver que
seugndo o 1584º - a irmão da mulher são afins em segundo grau da linha
colateral. Esta é uma relação de afinidade.
3. Perceber os factos que surgem com as alterações do enunciado: O que há com
a morte relativamente ao casamento – A afinidade não cessa por morte,
apenas por divórcio. Mesmo depois da morte da mulher, ele continua a ser
afim em segundo grau da linha colateral. O casamento é a fonte da afinidade
4. Devemos verificar os artigos dos impedimentos 1601º, 1602º e 1604º. Para
ver se se aplica algum impedimento. A afinidade só é impedimento na linha
reta, logo no caso não se verifica nenhum impedimento.

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B)

1. Temos de fazer um esquema


2. Perceber qual a relação que se estabelece: Estas são parentes em 4º grau da
linha colateral, porque não descendem de um progenitor comum.
3. Perceber se há alguma alteração no enunciado
4. Verificar os impedimentos impedientes ou dirimentes: Neste caso não há
nenhum dos impedimentos do artigo 1601º, 1602º e 1604º.

c)

1. Temos de fazer um esquema


2. Perceber qual a relação que se estabelece
3. Perceber se há alguma alteração no enunciado
4. Verificar os impedimentos impedientes ou dirimentes:
Neste caso, a idade é relevante porque só se pode contrair matrimónio a partir dos 16
anos (há um impedimento dirimente para menores de 16 anos) – será necessária
autorização.
Artigo 1604º - c) Estes impedimentos não geram a invalidade do casamento. Se
casassem por parte sem o preenchimento do conservador do registo civil – artigo
1609ºnº1 a) – REMISSÃO.

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Se Virgolino e a sobrinha casassem e o conservador autorizasse, o casamento seria


válido.
Se estes casassem sem a dispensa do conservador. O casamento mesmo com
impedimento impediente, o casamento é valido, logo haverá sanções de carater
patrimonial para este casamento – artigo 1650 nº2 do CC.

d)

1. Fazer esquema
2. Estabelecer a relação familiar que existe aqui : entre Virgolino e o seu filho há
uma relação de parentesco em 1º grau em linha reta. Quando a nora e o seu
filho se casam há aqui o nascimento de uma relação de afinidade. Esta vai se
tornar afim. A afinidade vai cessar nos termos do 1585º, o casamento vai ser
dissolvido através do divórcio. Se cessa esta relação da afinidade.
Juridicamente não há relação
3. Verificando os impedimentos impedientes e dirimentes: Não há nenhum
porque já não há nenhuma relação entre estes. Todavia a resposta seria
diferente se este teria morrido e não divorciado – artigo 1602º d). Este seria
uma impedimento dirimente ( o casamento seria anulado – 1631º a)

e)

1. Fazer esquema
2. Quais as relações estabelecidas : União de facto artigo 1ºnº2 da Lei de
Proteção de Uniões de Facto. O legislador trata o casamento e a união de facto de
forma distinta.
3. Verificar se há alguma alteração
4. Verificar os impedimentos impedientes ou dirimentes: Não se verifica qualquer
tipo de impedimento

f)

1. Fazer esquema
2. Quais as relações – Temos aqui um casamento e referir que o casamento é o
negocio jurídico que origina as relações de afinidades. Estes serão afins no
segundo grau colateral. Artigo 1585º - a Afinidade cessa quando o casamento é
dissolvido por divórcio.
3. Verificar se há alteração

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4. Verificar os impedimentos impedientes ou dirimentes: Não havendo qualquer


tipo de relação devido ao divórcio, não se verifica qualquer impedimento.

II

a) Será possível o casamento do padrasto com a viúva do enteado?

Resposta:

A)

1. Fazer esquema
2. Ver qual o tipo de relações familiares que estão aqui: 1568 1569. Temos aqui
uma relação de parentesco. Quando a mãe se casa com o padrasto, há aqui
uma relação de afinidade o padrasto passar a ser afim dos parentes da mãe, na
mesma medida ao contrário. Quando a viúva se casou com o filho, ela passou a
ser afim no primeiro grau da linha reta em relação à mãe. O casamento
dissolveu-se por morte de F, todavia a afinidade não se dissolve por morte
apenas por divorcio – 1585º do código civil. Entre a viúva e o padrasto não há´
relação nenhuma, porque é o vinculo que se estabelece entre o cônjuge e os
seus parentes, não entre o cônjuge e os seus parentes. NOTA: afinidade não
gera afinidade. É indiferente saber como é que cessou o casamento entre o
padrasto e a mãe porque nunca houve nenhuma relação jurídico familiar.

B) fica para a próxima aula.´

Aula 2
19/10/2022

Caso prático II b)
b) Em dezembro de 2013, José casou civilmente com Dália, viúva do seu irmão
consanguíneo Cristóvão. Em fins de julho de 1994, Dália faleceu e, em novembro do
mesmo ano, José veio a celebrar novo casamento civil com Catarina, filha do anterior
casamento de Dália e Cristóvão.
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Atendendo às relações e situações familiares em presença, analise a situação.

Resposta:

José casou com Dália.


Há três tipos de irmãos: consanguíneos, uterinos e germanos. Consanguíneos só
partilham o mesmo erinos partilham a mesma mãe e ger partilham os dois.
l e C são parentes na linha colateral no 2 grau (porque proceder de progenitor
comum)
Quando D casa com C, passa a ser afim dos parentes do C em 2 grau na linha colateral,
1575.
Dissolvendo-se o casamento por morte a afinidade mantem-se,1545.
A afinidade só e um impedimento a situação de casamento em linha reta, nunca em
linha colateral, assim sendo ] e D podem casar.
] quer casar com C (filha do anterior casamento da D com Cristóvão).
A Catarina tem de ter mais de 16 anos para casar, no caso, como e menor então há um
impedimento dirimente absoluto (1601/a).
Se a Catarina tiver entre 15 e 18 anos, há um impedimento previsto no 1604/a, que
nos diz que os menores so podem casar desde que obtenham autorização dos pais ou
tutor, ou o suprimento dessa autorização.
Se a Catarina tiver 17 anos e se casar com autorização ou suprimento desta o
casamento é valido mas depois podem ser aplicadas um conjunto de sancões 1649/1.
1602 d) – o casamento seria anulável
O casamento será anulável nos termos do artigo 1631º a) do Código Civil;

Catarina é filha de Cristovao e Dalia, ou seja, é sobrinha do jose, linha colateral em 3


grau, estamos perante um impedimento impediente 1604/c, este impedimento pode
ser suscetível de dispensa por parte do conservador do registo civil artigo 1609/1/a. Se
estes casassem e fosse dispensado o impedimento o casamento seria valido é não
haveria sanção, mas se o impedimento não for dispensado o casamento será valido
mas aplica-se uma sanção prevista no 1650/2 CC.

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Quando José e Dália se casaram, Catarina e esta tornam-se parentes no 1 grau da


linha
reta, 1584 José torna-se afim dos parentes da Dália. Quando D morre, a relação de
afinidade mantem-se, assim l e C continuam afins no 1 grau de linha reta. Existe um
impedimento dirimente a celebração deste casamento (1602/b), nos termos do 1631/a
o casamento será anulado.

Temos de indicar o fundamento da ação da anulação: neste caso é a invalidade do


casamento.
A legitimidade sera relativa o 1639º
Temos também de ter em consideração o prazo – quando é que podemos intentar uma
ação destas. – 1643º nº1 C) do Código Civil
Em sede de caso prático devemos ter sempre em consideração os 3 elementos.
(Fundamento, legitimidade e prazo) – para ter a cotação toda.
(ATENÇÃO – ESTA ALÍNEA B PODE ESTAR MAIS CONFUSA)

- CASOS PRÁTICOS Nº2

III

Ana e Bernardo vivem em condições análogas às dos cônjuges há dez anos. Com uma
herança de Bernardo e com os salários que ambos auferiam nas suas respetivas
profissões, construíram uma casa que registam apenas no nome de Bernardo e onde
ambos passam a viver.

Algum tempo depois, Bernardo, farto da vida em comum, decide desfazer a união.
Bernardo entende que a casa é sua porque contribuiu mais para a sua construção e nada
deve a Ana porque esta usufruiu daquela casa durante vários anos. Ana, por sua vez, não
concorda e sente-se desprotegida.

a) Quid iuris?

RESPOSTA:

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O artigo 1576º - faz referencia a casamento parentesco, afinidade e adoção e nada se


refere a outra relação oque possa ser qualificada como familiar.

Entendia-se que as relações familiares eram somente estas, contudo há outras que
possam considerar-se familiares ainda que não estejam previstas no artigo 1576º. (por
exemplo: a união de facto é uma relação familiar como é o apadrinhamento civil) Estas
são ao abrigo de outras disposições legais (poderá ser ao abrigo 26º da CRP, artigo 36º
da CRP – liberdade de constituir família).

Lei 7/2001 de 11 de maio regula os efeitos decorrentes da união de facto e atribui


determinados efeitos à relações de facto.
“Ana e Bernardo vivem em condições análogas à dos cônjuges “ – 1º da Lei 7/2001 terá
de ser há mais de 2 anos.
O que são condições análogas à dos cônjuges (comunhão de mesa, deleito e
habitação) – para que haja estas condições.
(Mesa= recursos; habitação = casa; deleito= necessidade conjugal).

Porque é que o legislador atribui efeitos À união de facto? Porque quando 2 pessoas
vivem em condições análogas À dos cônjuges vivem como se fossem casadas com a
diferença de que estas não são, podere esta vivência cria uma aparência exeterna de
casamento.

2 notas:
Esta união de facto não é sujeita a registo civil como é o casamento (artigo 1º do
CREgCivil).- a união de facto não está neste artigo primeiro do código do registo civil.
Não está sujeita a qualquer tipo de registo seja municipal ou outro órgão de registo.

Quais são as condições de eficácia da união de facto:


1º - condições análogas a dos cônjuges (artigo 1ºnº2 da Lei de união de facto)
2º - viver em condições análogas há mais de 2 anos, só depois é que atribui efeitos

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3º - que não se verifique entre os membros da união de facto qualquer tipo de


impedimento – este impedimento estão no artigo 2º da Lei de União de Facto. = são
iguais aos impedimentos dirimentes do casamento.

Para que esta possa produzir os efeitos têm de estar preenchidos estes pressupostos.
( consultar a lei da união de facto).

Quanto ao caso:
Estamos aqui no âmbito dos efeitos patrimoniais da união de facto.
Duas pessoas quando se casam o estatuto patrimonial altera-se – isto é, têm de
escolher um regime de bens. (1678 º e seguintes)
Na união de facto isto existe? Na união de facto não existe nenhuma norma especial
que regule as condições patrimoniais dos unidos de facto – existe para o casamento
mas não para a união de facto (não há um regime específico).
Do ponto de vista patrimonial, os unidos de facto são estranhos entre si.
Sendo assim, se não há norma especial, vamos reger-nos pelos direitos reais e
obrigacional tal como estes estão previstos no Código Civil.

Como é que a união de facto termina?


Artigo 8º nº1 – dissolução da união de facto.
No caso em concreto, aplicamos o artigo 8nº1 B) – A UNIÃO DE FACTO TERMINOU
POR VONTADE DO BERNARDO.

O artigo 8ºnº2 – se nenhum dos membros quiser fazer efeitos decorrentes da união de
facto, não é necessária uma ação judicial correspondente. A contrario sensu.

Quais são as preocupações da Ana:


- contribuiu para um casa que foi comprada com ajuda salarial de Ana, mas está
registada apenas em nome de Bernardo
- Ana terá também uma preocupação que seria a casa de família

Quanto à ajuda salarial de Ana:

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Em sentido abstrato não faz sentido Ana não ter direito a nada. Existe algum instituto
que possa ajudar a Ana – ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA – ARITGO 473º DO CÓDIGO
CIVIL
473º nº1 – Bernardo enriqueceu patrimonialmente e injustificadamente À custa dos
salários da Ana.
473ººn2 – a obrigação de restituir. A causa do enriquecimento sem causa foi a
dissolução da união de facto.
RESTITUIÇÃO: Quantias equivalente em algo que investiu que agora não é dela.

NOTA: ACÓRDÃO DO SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA - 3 de novembro de 2016

Quanto à casa de família:


O legislador português atribui grande importância àquilo que se diz casa de família –
direito fiscal... Um dos efeitos mais importante de pessoas morarem em união de facto
é a proteção da casa de morada de família. Artigo 4º da Lei de União de Facto + 1105º
e 1793º do Código Civil.

O 1105º vai se aplicar aos casos em que a casa de morada de família é arrendada.
Quando a casa de morada de família é um bem próprio ou comum – aplicamos o
1793º neste caso prático pois a casa seria um bem imóvel que seria de Bernardo.
Pode ainda a ter direito a celebrar um contrato de arrendamento com Bernardo – pode
pedir ao tribunal que assim o faça.
Tem de invocar as questões para que possa ter direito a este contrato (os filhos
morarem perto, insuficiência económica) – tem de demonstrar que se justifica este
contrato de arrendamento.
Este seria a segunda preocupação de Ana quanto à casa da morada de família.

Artigo 8ºnº2 – como quer fazer direitos tem de pedir declaração judicial da dissolução
ode união de facto por rotura. Essa ação vai seguir nos termos do artigo 8ºnº3.

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b) Suponha agora que Ana e Bernardo nunca se separaram e sempre viveram numa casa
que Bernardo herdou de seu pai. Bernardo morre subitamente no mês passado. Quid
iuris quanto à casa de morada de família?

Poderá fazê-lo?

RESPOSTA:
Aqui muda logo a causa de cessação da união de facto – nesta união de facto
dissolveu-se por morte de um dos unidos – artigo 8º da Lei da união de facto (morte).
O unido de facto não é equiparado ao cônjuge em matéria sucessória – se Bernardo
não fez testamento, Ana não teria direito a nada.

Devemos considerar o artigo 5ºnº1 da Lei da União de Facto – PROTEÇÃO DA CASA DE


MORADA DE FAMÍLIA EM CASO DE MORTE.
A Ana teria direito a ficar em casa durante 5 anos – direito real de habitação.
Artigo 5ºnº2 – como Ana era unida de facto com Bernardo há 10 anos teria direito a
ficar durante o mesmo período - Ana já tem direito de habitação

Artigo 5ºnº3 – Por juízo de equidade o tribunal pode ainda prorrogar/estender este
direito real de habitação
Artigo 5ºnº7 – Depois do período de habitação conferido pelo direito real tem direito a
ser arrendatário.
Artigo 5ºnº8 – O tribunal pode conferir clausulas adicionais caso haja desacordo;

Ana poderá ainda ter um direito de preferência sobre o imóvel – artigo 5ºnº9 da Lei da
União de facto.

NOTA: o legislador preocupa-se com do destino da casa de morada de família.

António casou catolicamente com Berta em 20 de maio de 1942. Passados longos anos
de vida em comum, António quer terminar o seu casamento e, seguindo o exemplo de
uma prima que, estando casada civilmente, pediu o divórcio, pretende divorciar-se de
Berta.

Poderá fazê-lo?

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RESPOSTA:
Noção – artigo 1577º Casamento.
. No âmbito desta comunhão de vida os cônjuges estão reciprocamente vinculados por
deveres conjugais – 1672º do Código Civil (respeito, dever de fidelidade, etc..).
. Para além é uma comunhão de vida exclusiva (em Portugal só podemos casar com
uma pessoa de cada vez – artigo 1601º C)
. O casamento não é livremente dissolúvel - Uma pessoa não pode livremente terminar
o divórcio. O divórcio ou é por mútuo consentimento ou com justa causa se for
unilateral.

Casamento católico – cânone 1057º 2º paragrafo do Código Canónico.

Em 1940 foi celebrada uma concordata – artigo 24º aqueles que casam catolicamente
renunciam à faculdade de se divorciar. 1790º do Código de Seabra.
Quando celebrou o casamento com Berta estava em vigor este artigo 24º.

Que tipo de sistema matrimonial temos aqui?


Casamento civil facultativo na segunda modalidade. – Casamento civil e católico são
institutos jurídicos diferentes regidos por legislação diferente. Não só duas formas
diferentes de celebração de casamento têm normas diferentes e existem jurisdições
diferentes (tribunais civis e eclesiásticos).

Não faz sentido António olhar para o casamento da prima e pensar no mesmo tipo de
divórcio.
Quando António concordou estaria em vigor a concordata de 1940 – depois surgiu o
protocolo adicional à concordata em 1975 – pós 25 de abril.

Este protocolo adicional vem a alterar o artigo 24º da concorda que vai passar a reaver
o dever de quem se casar catolicamente sem se divorciar – o não se poder divorciar é
um dever meramente moral.
Quem se casa catolicamente pode divorciar-se após este protocola.
DL 261/75 – vem revogar o artigo 1790º do código de Seabra.

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Qual o grande marco legislativo após isto? CRP de 1976. Princípios constitucionais do
direito da família – princípio da admissibilidade do divórcio independentemente do
casamento artigo 35ºnº2 da CRP.

Como é que responderíamos ao António?


. se se quisesse divorciar antes de 1975 – antes do protocolo/DL ou da CRP (não seria
possivel – aplicar-se-ia o artigo 24º da concordata pois renunciou ao divórico)
. se fosse hoje – a resposta seria admissível – resposta constitucional – princípio da
admissibilidade do divórico / concordata de 2004 (artigo 15ºnº2)

E se António quisesse voltar a casar outra vez através do casamento católico?

Do ponto de vista do código canónico – cânones 1141º e 1085º do código canónico. De


acordo com estes, o casamento católico o casamento só pode dissolvido por morte de
um dos cônjuges. Duas pessoas que casam catolicamente, esse divorcio possui efeitos
civis. Mas à luz do casamento católico, duas pessoas que se divorciem continuem a
ser casados.
À luz do direito civil podemos sempre casar e separar ou por morte ou se o ultimo
matrimonio for dissolvido.

II

António pretende casar com Beatriz. Antes de casarem chegam à conclusão que não
querem ter filhos. Faz alguma diferença casarem civil ou catolicamente?

RESPOSTA:
Em abstrato faz diferença casar civil ou catolicamente pois são dois institutos
diferentes.

O problema é relativo aos filhos.


No casamento civil esta é uma relação civil que por si só é suficiente – artigo 1576º do
Código Civil.

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No casamento católico, tem de ter consideração que existem 3 fins/elementos


essenciais subjacentes ao casamento católico – cânones 1055º e 1096º do Código
Canónico.
1. Bonus probis – um dos fins essenciais procriação e educação dos filhos
2. Bónus fiver – mútua fidelidade entre os dois cônjuges
3. Bonus sacramenti – impossibilidade de dissolver o casamento católico

O que acontece se um destes cônjuges não conseguir prosseguir um destes fins? Neste
caso estão a excluir deliberadamente estes fins.
Isto seria um casamento simulado pois as partes não queriam todos os efeitos deste
tipo de casamento – o casamento seria inválido.
O casamento seria considerado nulo. – quem teria competência para apreciar estas
questões – tribunais eclesiásticos.

Cânone 1055º + 1906

FALTEI a esta úLTIMA AULA

João e Maria prometeram casamento um ao outro, mas o casamento não se realizou por
Maria ter rompido a promessa depois de saber que João era casado com Teresa.

Maria intentou contra João uma ação em que pediu que João fosse condenado a restituir
um anel de brilhantes que lhe oferecera e a indemnizá-la dos danos não patrimoniais
sofridos.

Na contestação que apresentou, João arguiu a anulabilidade, por incapacidade, da


promessa de casamento, incapacidade decorrente do vínculo matrimonial que o ligava a
Teresa, e alegou, quanto ao primeiro pedido, que o anel lhe fora oferecido como prenda
de aniversário e que, de resto, já o tinha vendido e gasto o dinheiro num cruzeiro de
férias e, quanto ao segundo pedido, que a lei não admite neste caso a ressarcibilidade
dos danos não patrimoniais.

Aprecie os argumentos apresentados e os pedidos formulados.

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II

Devido a uma longa estadia no estrangeiro e impedido de vir a Portugal, José outorgou
poderes ao seu irmão Francisco para contrair casamento civil com a sua noiva, Maria.
Em vésperas do dia marcado para o casamento, porém, José ficou a saber que sofria de
doença incurável, dispondo apenas de poucos meses de vida. Nestas condições
considera de todo incorreto casar com Maria.

a) Atendendo às características do consentimento para casamento, diga se é possível


contraí-lo em nome de outrem e com que pressupostos materiais e formais.

b) Considerando agora o caso concreto, ainda poderá José, e em que termos, revogar os
poderes que conferiu a Francisco?

c) Supondo que o casamento acabou por ser celebrado, quais serão os efeitos da
revogação (anterior)?

Casos Práticos

Em janeiro de 2019 António e Berta celebraram um contrato promessa de casamento,


tendo casado, civilmente, em julho do mesmo ano.

Em setembro de 2019, portanto, dois meses após a celebração do casamento, Berta vem
a saber que António, até à véspera do casamento, mantinha relações íntimas com
Josefina, com a qual, na altura, convivia, não obstante o seu noivado com Berta.

Profundamente ferida Berta não quer continuar o seu casamento com António. Que
poderá fazer?

Resposta:

Nem sempre quer dizer que a promessa de casamento é a matéria central deste caso
concreto. Aqui o que está em causa é Berta achava que estava casada com António,
porem este tinha outras relações.

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Matéria do consentimento – aqui a vontade de Berta não se formou de uma forma


totalmente esclarecida. Este deve estar sempre preenchido para que haja casamento.

O consentimento está previsto no artigo 1617º e seguintes do CC.

Sem vontade de casar da parte de. Ambos os cônjuges. Sem q eu essa. Vontade seja
manifestada, não pode haver um casamento válido.

Tem de existir vontade de casar e q eu essa vontade seja manifestada na data de


celebração do casamento.

O artigo 1617º do CC consagra o princípio da atualidade do consentimento.

4 características do consentimento:

pessoal, - artigo 1619º, o que aqui está em causa não será a questão

puro e simples – 1618º+ 1618º ºn2 – ao casamento não pode ser imposto termo ou
condição

perfeito – tem de ser de 2 formas: as declarações de vontade têm de ser concordantes


entre si, deve haver uma concordância de declaração e vontade (senão teremos um
casamento celebrado com falta de vontade)- artigo 1634º presume que o casamento é
perfeito, pois queriam ambos casar.

Livre – o legislador também presume no 1634 que o casamento é livre se se


verificarem 2 coisas: se a vontade se formar de vontade totalmente esclarecida, isto é,
com o conhecimento total das coisas. Um casamento será livre de vontade exterior,
isto é, se não houver violências ou ameaças.

Neste caso não houve violência ou ameaças senão estaríamos perante coação. Aqui a
vontade da Berta não foi formada de maneira totalmente esclarecida- temos neste
caso o vício do erro.

Este é um erro relevante para efeitos de anulação? Artigo 1627º - princípio da


tipicidade quanto às causas de invalidade ou inexistência do casamento. Isto é, o

19
Luís Monteiro a91497

casamento só poderá se anulado se se verificarem algumas das condições previstas na


lei para esse efeito. – só estas circunstâncias é que darão aso à anulação do
casamento.

Se tivermos uma vontade que se formou com base em erro, o casamento será
anulável- artigo 1631º b).O casamento civil é sempre anulável – este é o regime
aplicado. O casamento católico é que será nulo.

Artigo 1636º - pressupostos da relevância do erro.

rtigo 1636.º - (Erro que vicia a vontade)

O erro que vicia a vontade só é relevante para efeitos de anulação quando recaia
sobre qualidades essenciais da pessoa do outro cônjuge, seja desculpável e se mostre
que sem ele, razoavelmente, o casamento não teria sido celebrado.

Este dá-nos os pressupostos, mas não dá todos. Temos 4 mas qual será o que não se
encontra neste artigo?

--- o ERRO TEM DE SER PRÓPRIO—

. verificando o pressuposto seguindo a ordem do 1636º

1. Tem de recair sobre qualidades essenciais (qualidades particularmente


significativas que em abstrato sejam idóneas para determinar o consentimento)
do outro cônjuge; - neste caso Berta estava em erro quando à conduta moral e
fidelidade de António - NESTE CASO ENTENDE-SE QUE SERÁ UMA QUALIDADE
ESSENCIAL.
2. O erro tem de ser próprio – o erro é próprio se não recair sobre nenhum
requisito legal de validade ou existência do casamento. O erro só será relevante
se não incidir sobre nenhum das causas que o legislador previu para que o
casamento fosse inválido ou inexistência do casamento. Concurso de normas- é
mais fácil para Berta fazer anulação por haver um impedimento do que
preencher os requisitos todos do erro. (princípio gerais do concurso de normas:
aplicamos sempre aquela que é mais benéfica para as partes). A conduta moral
de o facto de António ser fiel ou não é um requisito de validade do casamento?

20
Luís Monteiro a91497

Não é um requisito de validade ou existência de casamento. O erro é próprio


porque não incide sobre nenhum requisito de validade ou inexistência do
casamento.
3. O erro deve ser desculpável – ou seja não pode ser um erro grosseiro em que
não teria caído uma pessoa normal nas circunstâncias do caso. Assim, Berta
terá de augar e privar em tribunal que, de facto não foi um erro imperfeito. À
partida poderia ser desculpável (?)
4. O erro há de versar numa circunstância decisiva ou determinante na formação de
vontade- de tal forma que se não existisse esse erro e a pessoa tivesse o
conhecimento exato das coisas, nessa circunstância não teria celebrado o
casamento. Devemos analisar esta essencialidade de 2 pontos de vista: subjetivo
( da pessoa do cônjuge que está em erro), mas também do ponto de vista objetivo
( tem de ser razoável que nas circunstancias deste caso e luz da consciência social
dominante se soubesse destas circunstância não teria celebrado o casamento).
Subjetivo: para Berta, esta situação fora essencial na formação da sua vontade. Se
Berta não estivesse em erro ela queria celebrar o casamento com António.
Subjetivamente: se à luz da consciência social dominante, será legitimo supor se
nos naquela situação ose soubéssemos da conduta de António teria celebrado o
casamento ou não. Está preenchido a essencialidade objetiva e subjetiva. Em
última instância quem determina esta essencialidade é o Tribunal.

Neste caso, os pressupostos estão todos preenchidos.

Este erro que viciou a vontade da Berta é relevante – artigo 1636º - se o casamento
tiver alguma das partem tem a sua parte viciada por erro o casamento será
anulável nos termos do artigo 1631º. – já temos o fundamento.

A anulabilidade só é invocada ser for vedada judicialmente- há sempre a


necessidade de instauração ode uma ação- artigo 1632º- “tem de ser reconhecida
por sentença”.

Quando há uma ação que deva ser intentada devemos sempre falar de 2 aspetos:
legitimidade e prazos.

21
Luís Monteiro a91497

Berta teria legitimidade – ao abrigo do artigo – artigo 1641º.

Quanto aos prazos para instaurar a ação – 6 meses subsequentes à cessação do


vício – artigo 1645º do Código Civil.

Considerando que o regime é a anulabilidade, isto quer dizer o que? Que a


anulabilidade pode ser sanada. Podemos sanar o negócio através de confirmação –
ou com o decurso do tempo - artigo 288º. Se a Berta tivesse conhecimento, o
negócio poder-se-ia convalidar. – ESTA MATERIA DEVEMOS VER MELHOR DA
SANAÇÃO DO NEGÓCIO – 288º

II

1. António está casado com Berta que é doente mental. António só se apercebeu de tal
facto depois do casamento e, em consequência disso, abandona o lar conjugal.

Passado algum tempo casa com Catarina, ocultando-lhe que ainda estava casado com
Berta. Todavia, Catarina toma conhecimento da existência de Berta e concede a António
um certo prazo para resolver a situação.

Temendo a inércia de António, Catarina intenta uma ação de anulação do seu casamento
com base no art. 1601o, al. c). António, por sua vez, acabou por intentar, primeiro que
Catarina, uma ação de anulação do seu casamento com Berta com base no art. 1601o, al.
b). Esta última ação é julgada procedente. Que acontece ao casamento entre António e
Catarina?

RESPOSTA:
Qual a mateira central neste caso prático – capacidade par efeitos de celebração ode
casamento e impedimentos relativos à celebração de casamento.
Impedimento- quando há uma situação que obstaculize a celebração do casamento.
Estes podem ser dirimentes (1601 e 1602 – dão lugar a um casamento inválido – será
anulável. Se duas pessoas se casarem e houver um impedimento impediente – o
casamento é válido mas há sanções patrimoniais – artigo 1649º e 1650º).

Casamento entre António e Berta:


Berta. Só se apercebeu da doença de Berta depois do casamento – invocou o 1601 b).
Impedimento dirimente absoluto – com qualquer pessoa e com quem quer que seja.

22
Luís Monteiro a91497

O maioria acompanhado é livre para exercer os seus direitos pessoais assim que a lei
ou sentença o impeça – 147º do CC.
Não é por uma pessoa ter uma decisão de acompanhamento oque não pode casar, é a
sentença que tem de dizer, pois o casamento é um negócio estritamente pessoal.
Temos de perceber se conseguimos encaixar o facto de Berta ser doente mental no
1601º b) – temos de saber o que é “demência notória” – o notório é diferente do
utilizado da incapacidade acidental. Em termos clínicos a demência em si é uma
doença psicológica que afeta uma pessoa. O legislado quando se refere a notório não
se refere apenas à doença em termos clínicos, está–se a referir a qualquer doença
metal e psicológica certa e inequívoca, grave e com grande amplitude, releva
demência mas qualquer doença mental que se enquadre nestes conceitos que referi.
Neste caso não sabemos qual ser ia a doença mental de Berta. Ação foi julgada
procedente, logo a doença mental seria uma doença relevante nos termos do 1601º
alínea b).

Onde é que nos diz que o casamento celebrado com impedimento dirimente é anulável
– 1631º a). António teve de instaurar esta açã oproque a anulabilidade do casamento
só é invocável para o efeito se for intentada uma ação judicial de anulação. A
anulabilidade só pode ser invocada quadno é decredata judicialmente, nos termos do
artigo 1632º

Quando falamos de uma ação judicial devemo-nos referir sempre à legitimidade e


prazo

Legitimidade para intentar a anulação – artigo 1639º nº1 - os cônjuges têm


legitimidade para intentar esta ação de anulação. Em que prazo é que este o deveria
fazer? artigo 1643º nº1 a) Neste caso haveria um prazo de 3 anos. Como a ação foi
procedente, presume-se que foi dentro de prazo

Casamento de António e de Catarina:

23
Luís Monteiro a91497

O impedimento invocado pela Catarina é o facto de António ser casado com a Berta –
impedimento dirimente: 1601 c) do CC uma pessoa casada não pode celebrar novo
casamento. O registo não tem efeitos constitutivos.
O António quando casou com a Catarina ainda era casado com a Berta só que ainda
não tinha feito nada – 1601º c), foi celebrado com um impedimento dirimente
absoluto- este será anulável nos termos do 1631 a) – será anulável.
Catarina teve de instaurar ação para que anulabilidade do casamento só é invocável
quando for decretada judicialmente 1632º - terá de ser invocada judicialmente.
Teríamos ainda de aferir a legitimidade e o prazo:
Artigo 1639º nº1 do CC – Sendo catarina um dos cônjuges poderá intentar a ação.
Quanto ao prazo, este teria de ser respeitado o que se encontra previsto no artigo
1643º nº1 c).
No 1643ºnº3 – a ação ficaria suspensa até que se dissidisse a ação de anulação do
primeiro casamento entre António de Berta - com base no artigo 1601 c). A ação de
Catarina ficaria suspensa.
Este fica suspensa porque enquanto na ose resolver ação da anulação do primeiro
casamento não se pode instaurar nem prosseguir na ação do segundo casamento –
rácio da anulabilidade. – se resolver e procedente deixa de existir o impedimento e
haverá uma sanação da anulabilidade do casamento entre António e Catarina – artigo
1633º nº1 alínea c).

Porque é que não podíamos ir pelo erro? Porque o erro aqui nunca seria próprio. O erro
não vai ser próprio, porque incide sobre um requisito legal de validade.

2. E se António, em vez de anular o casamento, requer o divórcio e obtém-no. Quid


iuris?

RESPOSTA:
No artigo 1643º ºn3, este artigo apenas se refere à ação de anulação e não à ação de
divórcio. Este artigo não diz nada quanto ao divórcio. A ação de anulação da catarina
podia ser instaurada e podia prosseguir.

24
Luís Monteiro a91497

Se ação prosseguisse os seus termos seria procedente -1631 a)- teria legitimidade
1639ºnº1 e teria prazo – 1631 c). Se é procedente então será anulável.

Neste segundo caso, o casamento de António com Catarina era anulável – não há
aquela sanação, mas também não fica casado com a Berta pois houve uma ação de
divórcio.

NOTA: o divórcio não iria resolver a situação de António.

Aula. 7
9/11/2022

António casou com Berta em 2 de janeiro de 2018. Em 31 de janeiro de 2018 António


vendeu um terreno a Carlos. Em 28 de fevereiro de 2018 é registado o casamento.
António vendeu o terreno ao Carlos sem informar Berta e sem dela obter o respetivo
consentimento. Berta tomou conhecimento da referida venda quando Carlos já havia
iniciado a construção de uma vivenda. Berta alega que a venda carecia do seu
consentimento e António argumenta com o art. 1669.o Berta, por sua vez, refere que o
registo tem efeitos retroativos até à data da celebração do casamento precisando,
portanto, António do seu consentimento.

1. a) Poderá Berta atacar a venda feita a Carlos?

Resposta:

No dia. 1 de janeiro António casa com Berta

31 de janeiro ccv (874º) com Carlos de um terreno (204ºnº1CC), só passado um mês da


venda desse terreno é que o casamento é registado

Seria necessário consentimento para a venda do terreno.

Artigo 1682º-A nº1 a) – salvo se entre os cônjuges vigorar o regime de separação de.
bens, a alienação ou separação de bens carece de consentimento de ambos os
cônjuges.

25
Luís Monteiro a91497

Qual a consequência de não consentimento – 1687º o negócio seria inválido.

Vamos supor que António e Berta não estão separados pela separação de bens. – o
enunciado não diz. (senão não haveria caso prático)

À partida António não pode vender sem ter o consentimento, a matéria que está aqui
em causa é relativa ao registo do casamento. – Vamos relembrar algumas cosias do
registo do casamento:

. este é obrigatoriamente sujeito a registo civil – artigo 1ºnº1 d) do Cregcivil

. artigo 2º cregcivil – em termos gerais, os factos sujeitos a registo apenas podem ser
atendíveis depois de registados (como será o caso do casamento). – podemos remeter
para o artigo 1669º (o casamento não pode ser invocado caso não seja registado)- este
artigo concretiza o artigo 2º do cregcivil.

. artigo. 3ºnº1 do cregcivil – o registo faz prova plena dos factos a que ele estão
sujeitos, a única prova é através do registo civil. – 371º do CC

Que argumentos foram invocados por cada uma das parte:

. António vendeu depois de casar mas antes de registar – diz que não pode invocar. O
casamento porque ainda não foi registado. – artigo 1669º do CC

. Berta – o registo tem efeitos. Retroativos – independentemente do momento em que


registo tem efeitos retroativos então seria necessário o consentimento – há o princípio
regrada retroatividade do registo- artigo 1670ºnº1 do Código civil que tem o seu
reflexo no 188º do Cregisto civil – TEMOS DE REFERIR OS DOIS EM EXAME.

Este princípio (como vários tem exceções) – 1670ºnº2 CC e 188ºnº2 cregcivil. Em caso
de retroatividade ficam ressalvados os efeitos de terceiro que sejam com patíveis
comos direitos. de natureza pessoal a não ser que se tratando de registo por

26
Luís Monteiro a91497

transcrição tem de ser compatível com os direitos dos cônjuges – os deveres pessoais
são diferentes dos deveres de natureza patrimonial dos cônjuges.

Sabemos que o registo de natureza católico e civil sob forma religiosa efetua-se por
transcrição. O civil é feito por inscrição -artigos 51º e seguintes do cregcivil. Há uma
dilação de 7 dias para efetuar o registo.

Podemos concentrar na primeria parte- ficam salvaguardados os direitos de terceiro


que sejam compatíveis com os de natureza pessoal

O direito de Carlos é compatível com os direios e deveres de António e de berta para


perceber se ficam salvaguardados desta retroatividade para efeitos do registo.

Qual o direito que Carlos quer fazer valer – a aquisição do terreno ser considerado.
Válido. Este direito será compatível com os direitos de natureza pessoal de António e
Berta.

Neste caso a aquisição de Carlos é compatível com os direitos e deveres de natureza


pessoal, mas não é compatível com os direitos de natureza patrimonial.

Se o direito é compatível, o seu direito vai ficar salvaguardado ainda que haja efeitos
retroativos do registo.

O facto de não ter consentido não vai afetar a aquisição do terreno – Berta não pode
invocar a necessidade de consentimento, pois o direito de Carlos ficou salvaguardado
dos efeitos retroativos do casamento.

Neste caso cai na exceção e não no princípio regra.

2. b) Suponha agora que o casamento entre António e Berta teve a presença de


grandes celebridades e até da comunicação social e Carlos foi também
convidado e participou na cerimónia, festejando com os noivos o grande evento.
O casamento é registado e Carlos invoca o art. 1670.o, n.o 2. Quid iuris?

27
Luís Monteiro a91497

Resposta:
Aqui temos a certeza de que Carlos sabia do casamento.
1670ºnº2 – em nenhum momento o legislador 188ºnº2 em nenhum momento se fala
da boa fé. 188nº2

Qual a racio legis quando o legislador quis estabelecer as exceções ao princípio da boa-
fé? Serve para proteger terceiros de boa-fé – se não tem como saber se era casado ou
não. – Quis proteger os direitos de terceiro se não tivesse como saber se era casado.
O Carlos não vai ficar protegido ao abrigo quando se aplicarem os efeitos retroativos
do registo, pois sabia que era necessário o consentimento de Berta.

Se não caímos na exceção, António gostaria do consentimento da Berta que não


obteve - neste caso seria inválido 1687º.

Carlos está a agir em abuso de direito – artigo 334º. Carlos está a invocar uma norma
jurídica em sentido diferente da qual o legislador previu.

Duas notas:
O registo não tem efeito constitutivo do casamento – artigo 1ºnº1 d). O registo não
tem natureza substantiva. O registo é apenas uma formalidade de prova.
Independentemente de o casamento só se ter registado mais tarde, o casamento tem
efeitos desde que é constituído – artigo 155º do cregivil.

1. II

Fernanda e Carlos pretendiam casar em fins de agosto, estando Fernanda já grávida há
sete meses. Contudo, razões imprevistas fizeram com que Fernanda tivesse de dar
entrada com urgência na maternidade, tendo dado à luz um filho às 5 horas da manhã do
dia 7 de julho. O funcionário do registo civil competente chegou atrasado à
maternidade, onde, precipitadamente, se celebrou o casamento poucas horas depois no
mesmo dia. O casamento será válido?

28
Luís Monteiro a91497

Resposta:
Requisitos do casamento urgente – artigos 1622º e seguintes. 156º e seguintes do
código do registo civil.
Artigo 1622º nº1 – estão na base 3 razões para isto acontecer por parte do legislador:
. deve-se admitir este casamento por razões de decoro moral
. 1826º- presunção de paternidade do filho em relação ao marido da mãe (em caso de
iminência de parto)
. em caso de fundado receio de morte – se a pessoa falecer depois de celebrado o
casamento terá mais direitos sucessórios.

Posto isto:
O receio tanto da morte como do parto tem de ser um receio fundado, serio, legitimo,
fundamentado mesmo que o parto não se venha a realizar e mesmo que a pessoa não
venha a morrer.

1622º - independentemente de processo limitar ou funcionário – COMO SE CELEBRA O


CASAMENTO URGENTE- artigo 156º do Cregcivl – formalidades necessárias para o
casamento – 156º
a) Proclamação oral ou escrita de que o casamento se vai celebrar
b) Declaração expressa do consentimento de cada um dos nubentes com
testemunhas
c) Elaborar (...)

Podemos celebrar um casamento quando há fundado receio de morte ou eminencia de


parto.

Neste caso, o parto já ocorreu, logo o casamento urgente tem de ser antes do parto
ocorrer – falhava logo o pressuposto base da eminencia de parto.

Artigo 159º Cregcivil- para saber se estão preenchidos todos os pressupostos.


. artigo 134º creg. Civiç
.artigo 1610º do Cc

29
Luís Monteiro a91497

O casamento urgente estão sujeito a homologação do casamento – 159ºnº5cregcivil +


1623º do CC.

1624º e 160ºnº1- CAUSAS JUSTIFICATIVAS DE NÃO HOMOLGAÇÃO DE CASAMENTO:


Neste caso não foram observados os requisitos observados por lei pois não havia
eminência de parto. Temos aqui uma situação em que existe um motivo justificativo da
não homologação do casamento. – artigo 160ºnº1 a) do Cregisto civil – vai proferir
despacho de não homologação e vai proferi-lo as partes – artigo 160ºnº2 do Cregcivil e
do 1624ºnº3 do CC.
As partes podem recorrer nos temos do artigo 292º do Cregcivil.
A consequência que será aqui aplicável será a inexistência do casamento -artigo 1618º
b) do CC. É inexistente o casamento urgente que não é homologado. A inexistência é
muito mais grave do que a anulabilidade ou nulidade (invalidades). A inexistência pode
ser invocada a todo o tempo, por qualquer pessoa independentemente de declaração
judicial.

Duas notas para terminar:

Numa situação em que temos os dados do enunciado vamos considerar que já existia
processo preliminar e já terminado por parte de Fernanda e do Carlos.
Se já tivesse terminado o processo preliminar – este casamento seria perfeitamente
válido, só não era um casamento urgente. Já havia processo e já havia despacho e foi
celebrado perante funcionário de conservatória do registo civil.

Acórdão da relevância deste tema:


29/11/2007 – processo 8/7nº4/2007-6

FALTAM OS CASOS PRÁTICOS 6:

30
Luís Monteiro a91497

João e Maria celebraram casamento civil em 2018, com escritura antenupcial em que
estipularam o regime da comunhão geral de bens. Tendo João conhecimento, em julho
do ano corrente, de que Maria era divorciada quando casou com ele e tinha um filho do
seu primeiro marido, factos que Maria sempre ocultou, pretende anular o casamento
com esse fundamento.

a) Diga se a ação terá viabilidade, justificando a resposta.

b) E se na altura da celebração do casamento de João e Maria o processo de divórcio


desta ainda estivesse pendente, a solução seria a mesma?

c) Suponha que João e Maria levaram para o casamento bens no valor de 1.000€ e de
4.000€, respetivamente, e que o valor dos bens adquiridos na constância do matrimónio
é de 3.000€. Anulado o casamento, nos termos da al. a), como deverá proceder-se à
partilha dos bens do casal?

II

No dia 1 de abril de 2010 Alberto casa civilmente com Belmira, tendo-se realizado a
celebração do casamento católico uns meses mais tarde no mesmo ano.

Em junho de 2015 o casamento católico é declarado nulo, por decisão definitiva dos
tribunais eclesiásticos. A decisão é devidamente averbada no registo civil.

Em dezembro de 2015 Belmira pretende casar, em segundas núpcias, com Carlos.

a) Poderá fazê-lo?

b) E se, em vez da declaração de nulidade do casamento católico ou da anulação do


casamento civil, tivesse sido proferida, em junho de 2015, uma sentença de divórcio,
Belmira poderia casar em dezembro?

Aula
23/11/2022

31
Luís Monteiro a91497

Em 14/12/16 José e Albertina celebraram casamento católico em articulo mortis pelo


facto de José estar gravemente doente, sem poder sair do leito onde veio a falecer em
30/12/16.

Após a sua morte, a sua irmã Maria interpôs no tribunal uma ação de anulação daquele
casamento, alegando que José tinha ficado completamente senil antes da sua celebração,
pelo que não se governava sozinho nem aos seus bens, não dizia “coisa com coisa” e
tinha conversas sem qualquer nexo, só pensava em mulheres e era a chacota do bairro
porque propunha casamento a qualquer mulher fosse ela casada ou solteira.

Por tudo isto, seria forçoso concluir que José estava notoriamente demente. Em
consequência, o respetivo casamento deveria ser anulado.

Quid iuris, supondo que se provaram todos os factos alegados por Maria?

Resposta:

Para efeitos de apreciação judicial da validade e existência do casamento católico,


quem tem competência são os tribunais eclesiásticos (1625);
Não seria anulação, mas sim uma declaração de nulidade;
O Tribunal seria incompentente para reconhecer o pedido de Maria;
Sistema de casamento civil facultativo na segunda modalidade é o sistema vigente em
Portugal— >Casamento católico e casamento civil são institutos autônomos, no
entanto o Estado controla os casamentos católicos através do registo civil (o
casamento é obrigatoriamente sujeito a registo civil 1/1,d) CRC + 1651 ss CC)
No caso em concreto, foi celebrado um casamento católico em iminência de morte de
um dos nubentes (casamento católico urgente -1599/1,2 + 151/2 CRC)
A celebração do casamento católico deve ser precedida do processo preliminar e de
um certificado de capacidade matrimonial (1598 + 146, 151 CRC)
O registo do casamento católico urgente é efetuado por transcrição (53, 172, 173
CRC)->Para que possa haver a transcrição é preciso se organizar posteriormente o
processo preliminar de casamento
Duas situações...
Ou estavam reunidos todos os pressupostos ou há recusa do registo de transição,
analisada pelas conservatórias do registo civil->174 CRC

32
Luís Monteiro a91497

Assim, é preciso ter em consideração que os fatos invocados pela irmã de José foram
provados, a partir disso, analisa-se se há fundamento para recusa de transcrição—
>174/1,d) deve ser recusado quando há impedimento dirimente, que é o caso da
demência notória (1601/1, b))
Assim, haveria fundamento para tal recusa, no entanto, estamos perante um
casamento católico urgente, assim ao invés do 174/1,d), devemos levar em conta o
174/1, e), visto que não é desejável que existam casamentos que sejam válidos para
efeitos canônicos e inválidos civilmente. Assim, a demência notória, à luz da alínea e,
não é fundamento de recusa de transcrição.
Art 296/1 CRC ->Aqueles que celebrem casamentos católicos urgentes só para fugir da
recusa de transcrição incorre em crime de obediência qualificada
87/d) CRC + 174/1, d) e e)-> O registo é nulo quando haja transcrição quando havia ter
tido sua recusa
A irmã de José tinha legitimidade para instaurar a ação se estivesse em causa um
impedimento dirimente (1639/1), mas para efeitos de direito canônico, ela não tinha
essa legitimidade, só o tendo os próprios cônjuges (1674 e 1675 C. Canônico).

Direito a usar os apelidos do cônjuge-> 1677 ss


P. Da igualdade entre os cônjuges (1671 + 33 CRP)->Ambos os cônjuges podem usar os
apelidos do outro
A celebração do casamento não faz com que os cônjuges percam os apelidos de
origem, mas podem acrescentar até dois apelidos do cônjuge
É possível a qualquer momento renunciar (104/2,d))
Essa faculdade pode ser exercida no momento do casamento ou depois (69/1, n) CRC)
O apelido do cônjuge passa a constar do registo do nascimento (167/1,h) + 181/g))

33
Luís Monteiro a91497

Berta podia adquirir o apelido do Antônio (1677/1), depois dele falecer, ela poderia
continuar a usar os apelidos, mesmo que depois viesse a celebrar outro casamento
(1677/a))
Quando celebra novo casamento com Carlos, ela não pode continuar a usar os
apelidos do Antônio e acrescentar o do Carlos (1677/2)
Considerando que ela adotou o apelido do Carlos, ela optou por não conservar os
apelidos do Antônio
Com a dissolução do casamento por divorcio, via de regra perde-se o direito de usar os
apelidos do ex-cônjuge, exceptuando o 1677-B/1, ou seja, pode conservar se o ex-
cônjuge der seu consentimento ou se o Tribunal o autorizar
1677-B/3 -> O pedido de autorização pode ser deduzido no processo de divórcio ou em
processo posterior ao divórcio
No caso em concreto, supõe-se que Berta obteve essa autorização
Processo de pedido de autorização posterior ao divórcio: Art. 5/1, d), 2 do DL
272/2001 de 13/10; art. 6 a 10 desse DL
No caso em concreto, a motivação deve ter tido a ver com o fato de Berta ser
conhecida pelo apelido que carrega de Carlos
Privação do uso dos apelidos do ex-cônjuge pode ser pedida nos termos do 1677-C,
desde que o pedido seja fundamentado com base na grave afetação dos interesses
morais do cônjuge e da sua família, esse processo corre nos mesmos termos acima
mencionados (5/1,c do DL)
Tem legitimidade para pedir essa privação o ex-cônjuge 1677-C/2 —> O irmão de
Carlos não tem legitimidade, só o teria se o casamento tivesse sido dissolvido por
morte.

Falta a aula de dia 30/12/2022


CASO 16

Matias, empregado de balcão, conhece Joaquina numa viagem à Serra da Estrela e


apaixona-se por ela. Joaquina encontrava-se, nessa altura, a terminar o seu pós-
doutoramento em Ciências Aeroespaciais na Universidade da Beira Interior. Matias
vive e trabalha em Braga e Joaquina vive na Covilhã. Após um ano de visitas
regulares a Joaquina, Matias ganha coragem e pede-a em casamento. Joaquina
34
Luís Monteiro a91497

aceita e, uns meses depois, casam no regime da comunhão de adquiridos. Matias


não quer deixar de viver em Braga e alerta Joaquina que, sendo o chefe de família,
pode decidir onde o casal reside após o casamento. Resignada, Joaquina termina o
seu pós-doutoramento e passa a residir com Matias, em Braga, enquanto procura
emprego. Não conseguindo emprego na sua área, Joaquina começa a trabalhar numa
empresa têxtil, a full time, como secretária administrativa. Uns meses depois, nasce
João. Quando João ainda era um bebé, Joaquina recebe um convite para trabalhar na
NASA, nos EUA, com um salário avultado. Matias recusa-se a consentir nessa
mudança de profissão de Joaquina e a sair do país. Além do mais, uma vez que
trabalha por turnos, tem pouca disponibilidade para ajudar com João. Atendendo a
isso e ao facto de logo ter engravidado novamente, Joaquina recusa o convite da
NASA e passa a trabalhar em part time - na mesma empresa têxtil - para melhor
poder cuidar da casa e dos filhos. A melhor amiga de Joaquina entende que esta terá
direito a exigir uma quantia mensal a Matias em virtude desta opção. Quid iuris?

Resposta:

 Está-se no domínio dos efeitos pessoais do casamento. Quando duas pessoas


celebram casamento,
passam a vigorar entre elas um conjunto de deveres especiais (deveres conjugais).
 Aqui precisam de ser analisadas três situações: 1) Matias, como chefe de família,
escolhe o sítio onde o
casal vai viver; 2) escolha da profissão por parte da Beatriz (Matias não consentiu); 3)
exigir uma
quantia mensal a Matias. Estas situações devem ser analisadas à luz dos artigos 1672.º
do CC.
 Art.º 1672.º, CC – Os cônjuges estão reciprocamente vinculados pelos deveres de
respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência.
 No que respeita à primeira situação (Matias, como chefe de família, escolhe o sítio
onde o casal vai viver) está em causa o dever de coabitação.

35
Luís Monteiro a91497

 A necessidade de os cônjuges coabitarem não implica, apenas e tão-só, que os


cônjuges vivam juntos. Os cônjuges têm de viver perante a tríplice comunhão:
comunhão de leito, mesa e habitação.
 A comunhão de leito relaciona-se com o facto de a celebração do casamento obriga
os cônjuges ao débito conjugal, que tem duas vertentes:

i) os cônjuges devem-se abster de ter relações sexuais com pessoas que não a
pessoa do seu cônjuge (vertente negativa);
ii) ii) os cônjuges devem consumar o casamento, manter as relações sexuais
entre eles, a não ser que por motivos ponderosos não o possam fazer (ex.:
impotência) (vertente positiva).

 A comunhão de mesa implica que deve existir entre os cônjuges uma vida comum.
 A comunhão de habitação respeita ao facto de os cônjuges deverem residir no
mesmo local.
 Em Portuga, vigora o princípio da igualdade dos cônjuges, que assume enorme relevo
no que diz respeito à escolha da habitação. Este princípio implica que a escolha da
residência da família seja efetuada de comum acordo (que pode ser expresso ou
presumido, mas tem de existir).
 O princípio da igualdade dos cônjuges está previsto no art.º 1671.º do CC: “O
casamento baseia-se na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges (n.º 1). A direção
da família pertence a ambos os cônjuges, que devem acordar sobre a orientação da
vida em comum tendo em conta o bem da família e os interesses de um e outro (n.º 2).
 Está ainda previsto no art.º 36.º, n.º 3 da CRP: “Os cônjuges têm iguais direitos e
deveres quanto à capacidade civil e política e à manutenção e educação dos filhos.”.
 Ou seja, o princípio da igualdade dos cônjuges tem consagração legal e
constitucional.
 A orientação da vida em comum que é cometida a ambos os cônjuges inclui a
questão da fixação do local de residência da família. No entanto, desta orientação da
vida em comum fica excluído tudo aquilo que diga respeito à vida pessoal de cada um
dos cônjuges (ex.: religião que professa; o que quer vestir; o clube de futebol). Isto
porque o casamento não limita os direitos de personalidade dos cônjuges, com
exceção do direito à liberdade sexual.

36
Luís Monteiro a91497

 Quanto à fixação do local de residência da família, o legislador consagrou o art.º


1673.º do CC: “1. Os cônjuges devem escolher de comum acordo a residência da
família, atendendo, nomeadamente, às exigências da sua vida profissional e aos
interesses dos filhos e procurando salvaguardar a unidade da vida familiar.
2. Salvo motivos ponderosos em contrário, os cônjuges devem adoptar a residência da
família.
3. Na falta de acordo sobre a fixação ou alteração da residência da família, decidirá o
tribunal a requerimento de qualquer dos cônjuges”.
 Nos termos do art.º 1673.º, n.º 1 do CC os cônjuges devem escolher de comum
acordo, mas devem ter certos fatores em conta (ex.: local de trabalhado dos cônjuges;
se houver filhos, o local da escola dos filhos; o local onde um dos cônjuges tenha bens
imóveis e lá queira viver).
 Fixado ou escolhido o local de residência da família, é lá que os cônjuges devem viver
conjuntamente (o que resulta do art.º 1673.º, n.º 2 do CC). Com a expressão “salvo
motivos ponderosos em contrário” o legislador permite que hajam motivos
ponderosos que possam justificar que, durante algum tempo, os cônjuges não
cumpram com o dever de coabitação (ex.: emigração).
 Podem existir situações em que os cônjuges não conseguem chegar a um acordo
quanto ao sítio onde vão viver, caso em que o tribunal decidirá, mediante
requerimento de qualquer um dos cônjuges (art.º 1673.º, n.º 3 do CC). Não é muito
comum que aconteça, mas na eventualidade de tal acontecer, observa- se o disposto
nos artigos 991.º e seguintes do CPC (fazer remissão).
 Assim sendo, quanto à primeira situação, a atitude de Matias não tem qualquer
cabimento legal.
 A segunda questão prende-se com a proposta de trabalho feita a Joaquina para
trabalhar no exterior e Matias opôs-se.
 Nos termos do art.º 1677.º-D do CC, “cada um dos cônjuges pode exercer qualquer
profissão ou atividade sem o consentimento do outro”. Assim, Joaquina não
necessitava de autorização ou consentimento de Matias para escolher a sua profissão.
 Ainda assim, esta liberdade de escolha da profissão deve ser harmonizada com a
orientação da vida em comum do casal (art.º 1671.º, n.º 2 do CC), mas isso não
significa que necessite da autorização de Matias.

37
Luís Monteiro a91497

 Assim sendo, quanto à situação da profissão, não é necessária a


autorização/consentimento de Matias, pelo que este não tem razão.
 A última problemática prende-se com o facto de Joaquina ter abdicado do trabalho
com a NASA, passar a trabalhar em part time por causa dos filhos e a sua amiga diz-lhe
que Joaquina tem direito a receber uma quantia mensal de Matias.
 Esta situação relaciona-se com o dever de assistência a que os cônjuges estão
reciprocamente vinculados pelo art.º 1672.º do CC.
 Estipula o art.º 1675.º do CC: 1. O dever de assistência compreende a obrigação de
prestar alimentos e a de contribuir para os encargos da vida familiar. 2. O dever de
assistência mantém-se durante a separação de facto se esta não for imputável a
qualquer dos cônjuges. 3. Se a separação de facto for imputável a um
dos cônjuges, ou a ambos, o dever de assistência só incumbe, em princípio, ao único
ou principal culpado; o tribunal pode, todavia, excepcionalmente e por motivos de
equidade, impor esse dever ao. cônjuge inocente ou menos culpado, considerando,
em particular, a duração do casamento e a colaboração que o outro cônjuge tenha
prestado à economia do casal.
 Nos termos do art.º 1675.º, n.º 1 do CC os cônjuges podem cumprir o dever de
assistência através do pagamento de uma prestação de alimentos (forma de
cumprimento do dever de assistência quando não existe uma vida familiar conjunta)
ou da contribuição para os encargos da vida familiar (quando existe vida conjunta).
 No caso concreto, o dever de assistência cumpre-se através da contribuição para os
encargos da vida. familiar porque existe vida conjunta entre Joaquina e Matias. Quanto
a isto, releva o art.º 1676.º do CC 1 .
 Nos termos do art.º 1676.º, n.º 1 do CC, existem duas formas de contribuir para os
encargos da vida familiar: 1) afetação de recursos afetos aos encargos da vida familiar
(ex.: salário); ou 2) trabalho despendido no lar ou na manutenção e educação dos
filhos. Não existe nenhuma forma estereotipal de que um dos cônjuges cumpre de
uma forma e o outro cumpre de outro.
 Os cônjuges podem, livremente, contribuir para os encargos da vida familiar de uma
das duas formas ou de ambas. Aquilo que deve suceder é que o façam de comum
acordo (arts. 1671.º, n.º 2 e 1676.º, n.º 1 do. CC). O que não pode acontecer é um

38
Luís Monteiro a91497

deles não contribuir de alguma forma ou o outro impor que o cumprimento seja feito
de uma forma.
 No caso da Joaquina, esta sacrificou muito aquilo que seriam os seus próprios
interesses em prol de um interesse que ela considerou maior (o interesse da família ou
do Matias). Quando assim é, o legislador, no art.º 1676.º, n.º 2 do CC, diz que quando
exista um sacrifício acrescido por parte de um dos cônjuges dos seus interesses em
prol dos interesses da família com prejuízos patrimoniais, esse cônjuge tem direito a
uma compensação. A Joaquina ficou prejudicada por não ter ido para a NASA receber
uma maior remuneração e desenvolver-se profissionalmente.
 Assim, Joaquina tem direito a uma compensação por via da lei, pelo que a melhor
amiga parece ter
alguma razão, na primeira parte. Mas quanto à forma de pagamento, é necessário
atender ao art.º 1676.º,
n.º 3 do CC.
 O crédito existe, mas esse só é pago no momento da partilha dos bens do casal, a
não ser que vigore o. regime da separação. Joaquina e Matias casaram no regime da
comunhão de adquiridos.
 Assim, Joaquina tem direito a compensação, mas essa só será atribuída mediante
uma eventual partilha de bens do casal.
 Importa ainda o art.º 1689.º, n.º 3 do CC (fazer remissão do art.º 1676.º, n.º 3 do
CC): “Os créditos de cada um dos cônjuges sobre o outro são pagos pela meação do
cônjuge devedor no património comum; mas, não existindo bens comuns, ou sendo
estes insuficientes, respondem os bens próprios do cônjuge devedor”.
 Assim, a melhor amiga não tem razão na totalidade porque embora Joaquina tenha
direito a compensação, esse pagamento não é mensal.

1 Art.º 1676.º, n.º 1, CC – 1- O dever de contribuir para os encargos da vida familiar


incumbe a ambos os cônjuges, de harmonia com as possibilidades de cada um, e pode
ser cumprido, por qualquer deles, pela afectação dos seus recursos àqueles encargos e
pelo trabalho despendido no lar ou na manutenção e educação dos filhos. 2 - Se a
contribuição de um dos cônjuges para os encargos da vida familiar for
consideravelmente superior ao previsto no número anterior, porque renunciou de

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Luís Monteiro a91497

forma excessiva à satisfação dos seus interesses em favor da vida em comum,


designadamente à sua vida profissional, com prejuízos patrimoniais importantes, esse
cônjuge tem direito de exigir do outro a correspondente compensação. 3 - O crédito
referido no número anterior só é exigível no momento da partilha dos bens do casal, a
não ser que vigore o regime da separação. 4- Não sendo prestada a contribuição
devida, qualquer dos cônjuges pode exigir que lhe seja directamente entregue a parte
dos rendimentos ou proventos do outro que o tribunal fixar.
_________________

CASO 17 (EFEITOS PATRIMONIAIS DO CASAMENTO)


António e Berta casaram sem convenção antenupcial. António levou para o
casamento um automóvel, uma máquina de escrever e uma máquina de costura. A
máquina de escrever serve para os trabalhos jornalísticos de António, a máquina de
costura é utilizada apenas por Berta na sua
profissão de costureira e o automóvel é usado por ambos. Num período de ausência
de António, Berta vende todos os objetos referidos a um comprador que a julga
proprietária dos mesmos. Ficando a saber do sucedido, António pretende reaver os
objetos vendidos. Quid iuris?

Resposta:

 O enunciado começa por dizer que os cônjuges casaram sem convenção antenupcial,
o que significa que no que diz respeito ao regime de bens que vai ser aplicado ao seu
casamento, aplica-se um regime de bens supletivo indicado no art.º 1717.º do CC (“Na
falta de convenção antenupcial, ou no caso de caducidade, invalidade ou ineficácia da
convenção, o casamento considera-se celebrado sob o regime da comunhão de
adquiridos”).
 Quando não há convenção antenupcial, consideram-se os cônjuges casados no
regime da comunhão de adquiridos.
 Nem sempre foi assim (isto acontece desde 1977 – data da entrada em vigor do atual
CC). Até lá, consideravam-se casados no regime da comunhão geral de bens.

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Luís Monteiro a91497

 Esta ideia resulta do art.º 2.º do Decreto-lei 47344 (aprova o Código Civil). É
importante por causa da data do casamento!
 O regime da comunhão de adquiridos está previsto nos artigos 1721.º e seguintes do
CC.
 Quanto à escolha do regime de bens, o art.º 1698.º do CC dispõe que os esposos
podem fixar livremente, em convenção antenupcial, o regime de bens do casamento
escolhendo um dos regimes previstos na Lei ou estabelecer o que quisessem dentro
dos limites da lei (ex.: 1699.º, CC).
 No caso concreto, os cônjuges escolheram celebrar o casamento sem convenção
antenupcial, logo, escolheram o regime da comunhão de adquiridos.
 Neste regime, podem-se ter bens próprios ou bens comuns.
 Para perceber se a Berta poderia ter disposto dos bens em causa, é necessário
perceber se esses bens são próprios ou comuns.
 Nos termos do art.º 1722.º, al. a) do CC, são bens próprios dos cônjuges os bens que
cada um deles tiver à data da celebração do casamento.
 O António levou para o casamento a máquina de escrever, a máquina de costura e
um automóvel, o que significa que já os tinha antes do casamento. Por conseguinte,
estão em causa bens próprios do António.
 No que diz respeito à disposição de bens móveis no âmbito do casamento, o art.º
1682.º do CC estipula a regra de que quem administra o bem pode dispor deles. Assim,
é necessário perceber quem é que administra cada um destes bens para perceber se a
Berta pode dispor deles.
 É o art.º 1678.º do CC que prevê quem é que administra determinado bem. O n.º 1
consagra a regra da administração singular; o n.º 3 consagra a regra da administração
conjunta; e o n.º 2 consagra exceções à regra da administração singular.
 É necessário atender a cada um dos bens e perceber se cai em alguma das regras ou
nas exceções.
 A máquina de escrever é um bem próprio do António e é utilizado exclusivamente
por este para os seus trabalhos de jornalismo.

 Não cai em nenhuma das exceções (n.º 2), pelo que se aplica a regra da
administração singular dos bens

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Luís Monteiro a91497

próprios (n.º 1). Quem administra a máquina de escrever é o António.


 A máquina de costura é um bem próprio de António, mas é exclusivamente utilizado
pela Berta como
instrumento de Trabalho.
 Verifica-se, assim, uma exceção à regra da administração singular (art.º 1678.º, n.º 2,
al. e) do CC). existe um bem próprio do António, utilizado exclusivamente por Berta
como instrumento de trabalho, pelo que é a Berta que tem a administração do
mesmo.
Nota: nesta situação, o legislador quer que o cônjuge que tem a administração do bem
tenha uma administração livre. Assim, nos termos do art.º 1681.º, n.º 1 do CC, o
administrador de um bem próprio do outro cônjuge não tem de prestar conta da sua
administração, mas responde pelos atos intencionalmente praticados em prejuízo do
casal ou do outro cônjuge.
 O automóvel é um bem próprio do António e é utilizado por ambos. Não se aplicam
nenhuma das exceções (n.º 2), pelo que vale a regra da administração singular (n.º 1).
Cada um dos cônjuges tem a administração dos bens próprios.
 Acontece que Berta vendeu tudo, em momento em que o António não estava em
casa.
 Quanto à máquina de escrever, quem poderia dispor deste bem era o António (nos
termos do art.º 1682.º, n.º 2 do CC) por ser um bem próprio dele, administrado por
ele.
 Quanto à máquina de costura (bem próprio de António e administrado por Berta),
aplica-se o art.º 1682.º, n.º 3, al. b) do CC, tendo em conta que existe a alienação de
um bem móvel próprio do António que não era administrado por António. Assim,
Berta podia ter vendido a máquina de costura, mas precisava do consentimento do
António (“carece do consentimento de ambos os cônjuges”).
 O automóvel é um bem próprio de António, administrado por ele, mas utilizado por
ambos.
 O legislador não refere que bens são abrangidos pelo art.º 1682.º, n.º 3, al. a) do CC,
mas é necessário saber que bens são esses para perceber se se inclui um automóvel. A
doutrina tem vindo a dizer que esses móveis a que se refere o artigo são os bens
móveis que estão previstos no art.º 2103.º-C do CC (recheio da casa).

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Luís Monteiro a91497

 O automóvel não pode ser incluído neste conceito de recheio da casa, pelo que não
se pode considerar como um bem que deve ser encaixado nos termos do art.º 1682.º,
n.º 3, al. a) do CC. Não é um bem móvel abrangido pela vida do lar.
 Assim, aplica-se o art.º 1682.º, n.º 2 do CC. É o António que tem legitimidade para
alienar ou dispor do automóvel.
 Assim sendo, Berta não tinha legitimidade para vender sozinha nenhum dos bens
(para um deles precisava de consentimento, mas nem o teve).
 Quanto ao consentimento para a venda da máquina de costura está em causa um
consentimento específico, previsto no art.º 1684.º do CC: consentimento conjugal.
 Art.º 1684.º, CC – 1. O consentimento conjugal, nos casos em que é legalmente
exigido, deve ser especial para cada um dos actos [o consentimento deve ser
específico para cada um dos atos]. 2. A forma do consentimento é a exigida para a
procuração [a forma exigida para a procuração é a forma exigida para a celebração do
negócio jurídico – art.º 262.º, CC]. 3. O consentimento pode ser judicialmente suprido,
havendo injusta recusa, ou impossibilidade, por qualquer causa, de o prestar [remissão
para os artigos 1000.º e seguintes do CPC].
 É necessário perceber qual é a consequência jurídica associada a cada um dos
negócios celebrados por Berta.
 Está-se aqui no domínio das ilegitimidades conjugais, previstas no art.º 1687.º do CC:
ou os negócios jurídicos serão anuláveis ou serão nulos.
 No caso da máquina de escrever, não há nenhuma relação da Berta com o bem, pelo
que se aplica o art.º 1687.º, n.º 4 do CC (à alienação ou oneração de bens próprios do
outro cônjuge, feita sem legitimidade, são aplicáveis as regras relativas à alienação de
coisa alheia) [fazer remissão do art.º 1687.º, n.º 4 do CC para o art.º 892.º do CC
(venda de coisa alheia)]. Por conseguinte, nos termos dos artigos 892.º e 1687.º, n.º 4
do CC.
 O mesmo sucede no caso da venda do automóvel: o negócio é nulo ao abrigo dos
artigos 892.º e 1687.º, n.º 4 do CC.
 Quanto à nulidade, importa o regime previsto no art.º 286.º do CC: invocável a todo
o tempo por qualquer interessado quanto à máquina de costura, a questão é
diferente: Berta tinha relação jurídica com o bem (administração). Assim, aplica-se o
art.º 1687.º, n.º 1 do CC (no caso concreto, por ser um ato praticado contra o disposto

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Luís Monteiro a91497

no art.º 1682.º, n.º 3 do CC) e o negócio jurídico da venda da máquina de costura é


anulável.
O António tinha legitimidade para invocar esta anulabilidade (o cônjuge que não deu o
consentimento – art.º 1682.º, n.º 1 do CC), no prazo de 6 meses subsequentes ao
conhecimento da celebração do negócio, mas nunca depois de decorridos três anos
sobre a celebração (art.º 1682.º, n.º 2, CC).
Em caso de alienação ou oneração de móvel não sujeito a registo feita apenas por um
dos cônjuges, quando é exigido o consentimento de ambos, a anulabilidade não
poderá ser oposta ao adquirente de boa fé (art.º 1687.º, n.º 3, CC).
Com esta norma, o legislador pretende a estabilidade das transações
jurídicas/comércio jurídico.
No caso concreto, o enunciado não refere a boa ou má fé do terceiro.
Como se está perante um bem móvel não sujeito a registo feita por apenas um dos
cônjuges, a anulabilidade não poderá ser oposta ao adquirente de boa fé.

Aula Dia 7/12/2022

Eduardo, de 61 anos, casa com Maria, de 55 anos. Pouco depois, compra um prédio
onde o casal passa a viver. Tendo perdido dinheiro ao jogo, Eduardo hipoteca o prédio
sem dar conhecimento à mulher. Esta fica a saber do sucedido dois anos depois.

Que poderá fazer Maria?

Resposta:
Não nos é dito se casaram com ou sem convenção convenção antinupcial, devemos
assumir que não houve convenção antenupcial.
. os cônjuges podem fixar o regime de casamento – princípio da liberdade de
convenção nupcial -1698º
. nada nos é dito
. Eduardo tem 61 anos – quando é mais de 60 anos aplica-se sempre o regime de
separação de bens – artigo 1720ºnº1 b) do CC – não vigora aqui o princípio da escolha
da convenção nupcial – o interesse é não poder casar pelo interesse patrimonial. Esta

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Luís Monteiro a91497

norma existe há quase 50 anos. Quando esta norma entrou em vigor, 60 anos era uma
idade avançada. Agora com 60 anos, a expectativa de vida não é terminal, para se
considerar que se esteja a celebrar um casamento somente por interesse patrimonial.
. O cônjuge é sempre herdeiro legitimário independentemente do regime de bens

Nota: esta norma como está redigida, poderia fazer uma ressalva e elevar esta idade
dos 60 anos – há quem considerar que esta norma é inconstitucional

. este regime da separação de bens está. Previsto no artigo 1735º


. neste regime só há bens próprios, o que não impede que ao possam adquirir coisas
em conjunto, todavia nestes casos aplica-se o regime da compropriedade – 1735º e.
seguintes só existem bens próprios.

. o bem é próprio - quem é que o administra? Quem é que o poderia onerar?


. o caso é igual é anterior, mas há uma distinção entre bens moveis ou imoveis.

. o apartamento é um bem próprio do Eduardo – artigo 1678º do CC – regra da


administração singular.
. regra – não conseguimos enquadrar a exceção no 1678ºnº2, logo aplicamos a regra
geral no nº1.
. os cônjuges administram os seus bens próprios
. o apartamento é um bem próprio e administrado pelo Eduardo – 1735º+1678º

. Neste caso não temos uma alienação, temos uma oneração, vamos ter de. perceber.
Se. Eduardo poderia onerar da forma como o fez, sem o consentimento de Maria;
. estamos perante um bem imóvel – será aqui uma casa de morada de família – de
Eduardo e de Maria – dever de coabitação, no qual se formula a sua vida conjugal e
familiar.
. O Eduardo onerou a sua cada de morada de família. – O legislador confere uma
proteção especial a casas de morada de família, logo haverá uma proteção acrescida –
dever de coabitação.

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Luís Monteiro a91497

. 1682º a) nº2 – independentemente do regime de bens, alienação ou oneração da


casa de morada de família carece sempre de consentimento de ambos os cônjuges –
Este imóvel era um bom próprio de Eduardo e administrado por este, mas tinha de ter
o consentimento de Maria, independentemente do regime de bens aplicável.
. como deve ser o consentimento – artigo 1684º - artigo 1684º nº1 – remissão para os
artigos 1000º e seguintes do código civil.
. quais as consequências – ilegitimidades conjugais – artigo 1687º do CC, ou é anulável
ou é nulo?
. será anulável nos termos do artigo 1687º nº1
. O negócio jurídico de hipótese á anulável por ter sido praticado contra o disposto do
artigo 1682º-A nº2 do CC
. Quem poderia instaurar a ação é o cônjuge que não deu o consentimento (Maria) no
prazo de o artigo 1687º nº2 do CC (dentro dos seis meses subsequentes à data em que
o requerente. Teve conhecimento o do ato, mas nunca depois de decorridos 3 anos
depois da sua celebração)
. quando o enunciado dá uma pista sobre o prazo deve-se dizer. No enunciado consta
que Maria descobriu passado dois anos pelo que está perante o prazo certo, logo tem 6
meses a partir daí, tem 6 meses para instaurar a ação de anulação.
. Neste caso não faze sentido aplicar o artigo 1687º nº3 do CC porque o objeto do
contrato não é. Um bem móvel sujeito a registo mas antes um bem imóvel.

Carece sempre de consentimento, a casa de morada de família goza sempre de


proteção acrescida.

II

Já enquanto solteira, Josefina começara a tratar do seu enxoval. Entre outras coisas úteis
comprou também um aspirador. Numa certa altura casou com Florival, agente comercial
em Lisboa, sem ter pensado sequer em fazer uma escritura antenupcial, levando todo o
seu enxoval para o casamento.

Muito embora o casal residisse no Porto, Florival mantinha o seu apartamento em


Lisboa, pois assim o exigiam os seus interesses profissionais, centrados naquela área.

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Num fim-de-semana levou o aspirador para Lisboa com o propósito de fazer uma
limpeza profunda ao seu apartamento. Desapontado com o fraco poder de sucção do
aparelho, resolveu vender o mesmo a um comerciante, que julgava que Florival era
solteiro. Mais tarde vendeu também o apartamento, pois estava cansado de fazer aí os
trabalhos de casa e passou a viver numa residencial.

Pouco tempo depois, Josefina resolveu visitar o marido em Lisboa e, então, ficou a
saber das duas vendas efetuadas por Florival.

1. a) Não concordando de maneira nenhuma com o sucedido quer reaver as coisas.


Com razão?

Resposta:

Não houve convenção antinupcial.

Não há idade, logo temos de considerar que nenhum tem mais de 60 anos.

Artigo 1717º do CC – falta de convenção logo aplica-se o regime supletivo. – mudou o


regime supletivo através do DL nº47249 – artigo 1721º e seguintes

Os cônjuges têm a liberdade de escolher o regime de casamento que eles quiserem –


artigo 1698º- pode haver limitações no artigo 1699º.

. Quando a. este regime ao contrário da separação tanto. Existem bens próprios como
existem bens comuns -a artigo 1722º e 1723 e bens comuns estão previsto no artigo
1724º do CC.

. O artigo vai ser igual - quais foram os bens vendidos? – o aspirador e o apartamento
em Lisboa.

. Estes bens são bens próprios ou comuns ao casal

. artigo 1722º ºn1 a) – os bens que. Cada um dos cônjuges que cada um tiver à data do
casamento – serão bens próprios.

. Josefina era solteira quando comprou o aspirado – artigo 1722ºnº1ª)

. O apartamento é um bem próprio do Florivaldo – artigo 1722ºnº1 a)

. Quando aos bens moveis quem administra pode dispor desses mesmos bens – quem
administra o aspirador e o apartamento.

. o aspirador é um bem próprio de Josefina – regra de administração singular ou


aplicamos a exceção do nº2. Josefina aplica-se a regra geral – 1678º nº1

. o apartamento é bem próprio – regra da administração singular – é administrado. Por


parte de Florivaldo- artigo 1678ºnº1- não cai na regra do nº2.

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Luís Monteiro a91497

Quem pode dispor destes dois bens? – quem pode alienar?

. aspirador é bem móvel – quem administra pode dispor – 1682º, poderia ser vendido
por F? – não tinha legitimidade para vender o aspirador – artigo 1682ºnº2. Poderia
dispor livremente, Josefina? Ainda que seja proprietário tínhamos de aplicar o
1682ºnº3 – carece do consentimento de ambos os cônjuges pois é um bem movel
utilizado pelos cônjuges no dia-a-dia – artigo 2103 c) do CC – EFETUAR REMISSÃO
conceito de recheio.

. quanto ao apartamento é um bem próprio do Florivaldo, este não era a casa de


morada de família, pois viviam no Porto.

. comunhão de adquiridos – neste regime aplicamos o artigo 1682º-A-nº1 a)-alienação,


arrendamento(...) – imóveis próprios ou comuns.

. O regime de comunhão de bens, bens imóveis sejam eles próprios ou comuns,


carecem sempre do consentimento de ambos os cônjuges. – o que é que o legislador
pretende acautelar? Os frutos que derivam da exploração do bem imóvel são sempre
bens comuns.

. artigo 1724º B) conjugado com o 1728ºnº1 a contrario com o artigo 1733nº2;

F não poderia vender e o apartamento não poderia vender sem o consentimento de


Josefina.

Consentimento – definição mais as definições (ver no caso anterior)

Ilegitimidade conjugais – artigo 1687º do CC – consequência das praticas de Flroivaldo.

Aspirador era nulo ou anulável? – Era anulável ou nulo? 1682-A nº2

Era nulo ao abrigo do 1687ºnº4 e 892º do CC (compra e venda de bem alheio) –


quanto. Ao aspirador

Quanto ao apartamento será anulável porque não houve consentimento de josefina –


1682º -A poderia ser anulado no prazo de 6 meses – artigo 1687º mas nunca depois de
3 anos decorridos da sua celebração. O enunciado não fala sobre estar ou não dentro
do prazo.

Não se aplica o artigo 1687ºn3 porque está em causa um bem imóvel.

Se fosse josefina a vender o aspirador a resposta era diferente – poderia vender mas
teria de haver. Consentimento – artigo 1687ºnº1 + 1682ºnº3 a)

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Luís Monteiro a91497

2. b) Suponha agora que, na altura da celebração do casamento com Josefina,


Florival já tinha perfeito 60 anos de idade. A solução seria a mesma?

RESPOSTA:

. regime imperativo de separação de bens – artigo 1720ºnº1 do CC

. não vigora o princípio da liberdade de convenção

. neste caso não há bens comuns só bens próprios

. apartamento = F

. aspirador = J

. aplicamos o artigo 1678ºnº1 – bens próprios e administrados (tanto vale para o


aspirador como também para o apartamento)

. 1682ºn2 – Florivaldo não poderia dispor, logo quanto ao aspirador aplicar-se-ia a


mesma resolução do caso anterior.

. a resposta muda quanto ao ato de disposição do apartamento em Lisboa – vamos


aplicar aqui o 1682º-A nº1 a)

. o apartamento não é casa de morada de família; se for um regime de separação de


bens a venda de bens imóveis próprios de um dos cônjuges não carece do
consentimento do outro. – neste caso como estamos perante o regime imperativo de
serparação o de bens a alienação de um bem imóvel que não morada de família não
carecia de consentimento – o negócio era perfeitamente válido.

Aula teórico prática:

14/12/2022

Ernesto, arquiteto, e Francisca, agricultora, casaram em janeiro de 2001, sem


convenção antenupcial. Já antes do casamento, Francisca era proprietária de uma
exploração agrícola devidamente equipada.

a) Necessitando de adquirir novos equipamentos para a sua exploração,


Francisca vende os que já possuía. Poderia tê-lo feito?

49
Luís Monteiro a91497

Resposta:

Temos de perceber se os equipamentos são bens próprios ou não.

INTRODUÇÃO: IGUAL PARA OS OUTROS CASOS

A primeira coisa neste tipo é perceber o regime de bens que a Francisca e o Ernesto
casaram – o casamento considera-se no regime supletivo do regime da comunhão de
adquiridos – artigo 1717º do CC – regime supletivo desde 1967 – artigo 2º do DL47344

Comunhão de adquiridos – artigo 1721º e seguintes

Na escolha do regime de bens vigora o princípio da liberdade da convenção


antenupcial – artigo 1698º - os cônjuges podem escolher o regime de bens opara ao
seu casamento

. TEMOS BENS PRÓPRIOS E BENS COMUNS:

1722º E 1723 – BEM PROPRIOS E BENS COMUNS 1724º

Já tinha os equipamentos antes do casamento, logo estaríamos perante bens próprios


de Francisca, ao abrigo do 1722ºnº1 a) do CC.

Alienação de bens moveis a regra é do 1682º - quem administra o bem pode dispor do
mesmo.

1678º - regra da administração singular porque não se encaixa em nenhuma das


exceções – 1678ºnº1 – cada um dos cônjuges administra os seus bens próprios.

Francisca administra e dispõe dos bens – 1682ºnº2. Logo, terá legitimidade para
alienar/vender os seus bens.

Desta maneira a venda seria perfeitamente válida.

b) Como a receita obtida por esta venda se revelou insuficiente para financiar a
aquisição de novos equipamentos, Francisca pede e obtém um empréstimo
de 5000€ de uma instituição bancária. Quem responde pela dívida e quais os
bens responsáveis?

Resposta:

Matéria de responsabilidade das dívidas dos cônjuges

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Luís Monteiro a91497

Temos de perceber se estamos perante uma dívida exclusiva a um dos cônjuges ou


estamos perante uma dívida comum, pelos quais respondem ambos os cônjuges.

. devemos referir em primeiro lugar artigo 1690º do cc – HÁ CAPACIDADE PARA


CONTRAIR DÍVIDAS SEM O CONSENTIMETNO DO OUTRO – HAVENDO ou não
consentimento do Ernesto;

Para ver se uma dívida é comum ou não devemos enquadrar no artigo 1691º- a alínea
d) podemos afastar já porque a divida não é comercial;

Temos de ver se se enquadra nas alínea a) b) ou c)

AVISO: importantíssimo temos SEMPRE DE ANALISAR AS OUTRAS 3 ALÍNEAS;a)b)e c)

1. São da responsabilidade de ambos os cônjuges:

a) As dívidas contraídas, antes ou depois da celebração do casamento, pelos


dois cônjuges, ou por um deles com o consentimento do outro;
b) As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges, antes ou depois da
celebração do casamento, para ocorrer aos encargos normais da vida familiar;
c) As dívidas contraídas na constância do matrimónio pelo cônjuge
administrador, em proveito comum do casal e nos limites dos seus poderes de
administração;
d) As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comércio,
salvo se vigorar entre eles o regime da separação de bens;
e) As dívidas consideradas comunicáveis nos termos do n.º 2 do artigo 1693.º

Neste caso:

a) O consentimento existiu e em que termos houve consentimento? O ónus da


prova em que houve consentimento cabe ao credor. Este CONSENTIMETO NÃO
SE CONFUNDE COM O DO ARTIGO 1684º porque existe liberdade na forma de
contrair dívidas. Temos dois artigos que vale a pena referir – este
consentimento está sujeito ao princípio de liberdade de forna -artigo 219º. Este
consentimento pode ser expresso ou tácito – artigo 217º do CC.

Quando e que o consentimento deve ser prestado? Antes ou depois de ser


contraída a dívida – deve ser antes. Mesmo o consentimento posterior também
vale.

No enunciado não temos elemento suficiente para o consentimento. – se não


há dados, não podemos considerar esta dívida comum ao abrigo desta alínea a)

b) “As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges, antes ou depois da


celebração do casamento, para ocorrer aos encargos normais da vida
familiar;”- tanto pela natureza desses encargos como pelo seu valor.

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Luís Monteiro a91497

Ou seja, temos de olhar para a natureza dos encargos se é uma divida normal,
mas também pesa o valor da dívida. Valor que é estabelecido pelo padrão de
vida daquela família -artigo 1671ºnº2 do CC. Não podem ser dívidas
manifestamente excessivas, porque senão não podem ser consideradas comuns
ao abrigo da alínea b) a não ser que seja ao abrigo da sua essencialidade (por
exemplo: um casal que repara um carro muito caro, se o carro for muito caro e
o carro for essencial, vamos estar perante uma dívida excessiva, mas ainda será
considerada comum) – ISTO QUANTO AO VALOR DA DÍVIDA

Agora quanto à NATUREZA:

Pequenas dividas necessárias para o desenvolvimento normal da dívida familiar


– alimentação vestuário, medicamentos, ... O ónus da prova cabe ao credor
provar que são dividas correspondentes aos encargos normais da vida familiar.

Nestes termos a divida também não poderá ser considerada comum ao abrigo
desta alínea b)

c) “As dívidas contraídas na constância do matrimónio pelo cônjuge


administrador, em proveito comum do casal e nos limites dos seus poderes de
administração;”

Temos de ter em consideração 4 fatores para esta alínea c) – matrimonio, cônjuge


administrador, limites do poder de administração e, por fim, em proveito comum
do casal.

1º - foi na constância do casamento – diz o enunciado que havia casamento

2º - pelo cônjuge administrador – administrador do bem com o qual se relaciona a


contratação da dívida – MUITO IMPORTANTE – o BEM AQUI EM QUESTÃO E A
EXPLORAÇÃO AGRÍCOLA.

3º limites- todos os atos que o cônjuge pode praticar sem necessidade de


consentimento do outro cônjuge – sendo a Francisca proprietária da exploração
agrícola, não precisava do consentimento do Ernesto, logo agiu dentro dos seus
poderes de administração.

4º se a divida foi em proveito comum do casal – o proveito comum não se afere


pelo resultado mas sim pelos fins visados pelos cônjuge – MUITO IMPORTANTE.
Não interessa nada se no fim houve ou não intenção de haver proveito comum.

Num segundo plano, devemos perceber se para a pessoa do cônjuge havia um fim
de proveito comum, mas ao mesmo tempo devemos também analisar a intenção
objetiva, temos de fazer o exercício: poderá ser contraída, objetivamente, em
proveito comum do casal – devemos fazer uma análise casuística. O proveito
comum pode ser económico material, mas também releva para o proveito comum
moral ou intelectual.

52
Luís Monteiro a91497

A ultima questão quanto à alínea c) – o proveito comum não se presume -


1691ºnº3 – quem tem de provar o proveito comum é o credor.

O produto do trabalho dos cônjuges soa um bem comum – artigo 1724º do CC- F
contraiu divida para comprar equipamento, para explorar melhor a exploração
agrícola para obter mais rendimentos. Ernesto vai beneficiar, indiretamente, obter
mais rendimento através da exploração de Francisca.

Esta dívida de 5000€ será comum nos termos do artigo 1691º nº1 c) do CC.

SENDO ASSIM, A DÍVIDA COMUM:

Pelas dividas que são de ambos os cônjuges, respondem os bens comuns do casal -
artigo 1695ºnº1 - respondem os bens comuns do casal e na falta e insuficiência destes,
os bens comuns de ambos os cônjuges. SOLIDARIAMENTE- REMISSAO ARTIGO
512º513º- O credor pode pedir a totalidade a um ou a outro da dívida à sua opção.

Artigo 1697º - quando respondem por uma divida comum, respondem só um deles, um
cônjuge torna-se credor do outro – este crédito só e exigível no momento dos bens do
casal.

d) Suponha agora que Ernesto, há dois meses, na sequência de uma discussão


com. Zacarias, seu vizinho, lhe desferiu dois socos. Em virtude desse
comportamento foi condenado a uma pena de multa e no pagamento de uma
indemnização por danos não patrimoniais a Zacarias. Francisca entende não
ser responsável, terá razão?

Podemos ir diretamente ao 1692ºB) do CC – são da exclusiva responsabilidade do


cônjuge dividas relativas a crimes – por. Factos imputáveis a cada um dos cônjuges.

A responsabilidade será exclusivamente do Ernesto.

1696ºnº1 – que bens respondem por estas dívidas – bens próprios e na sua falta a
sua meação dos bens comuns.

Neste caso a alínea b) estabelece um desvio muito relevante porque o salário, é um


bem comum da comunhão de adquiridos – 1696ºnº2b) é um desvio a esta regra d e
que só respondem os bens próprios e a sua meação.

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Luís Monteiro a91497

Se responderem bens comuns – artigo 1697ºnº2 do CC. Sempre que por dividas da
exclusiva responsabilidade; (parte final incompleta).

II

Amélia, empregada bancária, e João, funcionário público, casaram sem convenção


antenupcial.

Depois de muitos anos de serviço, em que tomou contacto com o dinamismo


empresarial, Amélia resolve montar um estabelecimento comercial na área de
equipamentos para escritórios, ou seja, numa área particularmente sujeita às
mudanças da inovação. Ela limita-se a comunicar a sua decisão ao marido e não
atendeu ao pedido deste no sentido de ela optar por uma SQ - Unipessoal como forma
jurídica para a sua atividade. Numa primeira fase os negócios de Amélia desenvolvem-
se muito satisfatoriamente e, perante o êxito indesmentível, as dúvidas e receios
iniciais de João quase que desaparecem. Todavia, com o decurso do tempo, Amélia,
apesar de todo o seu empenho, não resiste às vicissitudes macro e microeconómicas e
as dívidas começam a acumular-se de maneira ameaçadora.

Os credores dirigem-se a João que vê em perigo todas as suas modestas economias,


reclamando a regularização das dívidas contraídas por Amélia. Quid iuris?

Resposta:

INTRODUÇÃO:

Ver primeiro o regime de bens – 1717º

1698º do CC

Neste caso pratico, ainda que pareça que João n ao estava a interferir e me nada-
artigo 1677º - os cônjuges podem exercer a profissão que quiserem sem necessidade
do consentimento do outro. – é um reflexo do princípio constitucional da igualdade
entre os cônjuges- artigo 1671º do CC e artigo 36º da CRP.

DESENVOLVIMENTO:

O objetivo deste caso prático é perceber se os credores poderiam exigir ao João o


pagamento da dívida contraída pela Amelia – artigo 1690º - LIBERDADE DE CONTRARI
DIVIDAS SEM NECESSIDA DE CONSENTIMENTO DO OUTRO CONJUGE.

54
Luís Monteiro a91497

Para que a dívida possa ser considerada comum temos de percorrer todas as alíneas
do artigo 1691º do CC:

Neste caso podemos ir diretamente ao 1691ºnº1 d) - as dívidas começaram a surgir no


âmbito da atividade comercial.:

“d) As dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges no exercício do comércio, salvo se
vigorar entre eles o regime da separação de bens;”

Neste caso há comunhão de adquiridos, logo tem de ser no exercício no exercício do


comercio salvo se não foram provocadas em proveito comum do casal. Esta alínea
nunca pode ser analisada sem ser em conjunto com o artigo 15º do CComercial – há
uma presunção de serem contraídas no exercício do comércio. – Há aqui uma dupla
presunção:

1ª presunção : as dividas contraídas pelo cônjuge comerciante no exercício do


comercio; foi contraída no exercício do comercio- existe esta presunção- artigo 15 do
CComercial

2º presunção: Presume-se que a dívida foi contraída no proveito comum do casal

Esta dupla presunção é ótima para os credores.

Estas são ambas presunções ilidíveis o cônjuge pode combater esta presunção.

Neste caso Amélia é um cônjuge que exerce o comercio – há compra e venda de


material de escritório.

Esta dívida foi ou não contraídas no âmbito do exercício do comercio? Foi.

Para além disso J, ainda se poderia defender tentando ilidir a presunção de que a
divida foi contraída em proveito comum do casal.

Nestes casos, porque a só se está a falar de regimes de comunhão de bens, é muto


difícil afastar a presunção de que a dívida. Foi contraída pelo cônjuge comerciante ano
exercício do comercio porque o produto do trabalho dos cônjuges é um BEM comum –
artigo 1724º a) do CC

Seria difícil para João ilidir esta presunção que a dívida seria um bem comum do casal.

E SE A PRESUNÇÃO FOSSE ILIDIDA?

Os credores conseguiriam satisfazer o seu crédito?

Poderíamos ver se pelas alíneas a) , b) ou c) a dívida seria considerada um bem comum


do casal.

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Luís Monteiro a91497

Mas os credor preferem ir pela alínea d), porque aqui presume-se o proveito comum ao
passo que a alínea c) têm de alegar existir proveito comum.

Outra situação: o advogado para alem de ilidir a presunção do artigo 15º do


c.comercial, ainda ilide a presunção de que há proveito comum. O que é que os
credores podem fazer? Podem recorrer às alíneas a) e b) do CC do 1691º

Não é por se conseguir ilidir as presunções do artigo 1691º nº1. D) do CC que os


credores ficam sem poder fazer nada.

QUE BENS É QUE RESPONDEM NESTA SITUAÇÃO:

Artigo 1695ºnº1- quando são dividas dos ambos os cônjuges são os bens comuns do
casal e na falta deles, os bens próprios. - Devemos referir aqui e fazer a remissão para
a responsabilidade do artigo 51 – artigo 1697º Só é exigível no momento da partilha
dos bens do casal a não ser que o vigore o regime da separação.

2º semestre
Aula TP 22/2/2023
patriciasousaborges@direito.uminho.pt
I CASO PRATICO 11

Leonilde casou com Filipe sem convenção antenupcial. De entre os bens que leva para o
casamento encontram-se um terreno para construção, um terço de uma herança indivisa e
metade de um prédio rústico. Além disso possui uma coleção valiosa de peças de porcelana.

Após a celebração do casamento, Leonilde adquire a outra metade do prédio rústico e procede à
partilha dos bens da herança. A seguir vende o terreno para construção, aplica o dinheiro da
venda em ações e, depois de estas terem valorizado muito, aliena-as e compra novamente um
terreno para construção. A coleção de porcelanas é trocada por joias.

Por ocasião da partilha, na sequência do divórcio, Leonilde reclama para si todas estas
aquisições. Terá razão?

Resposta:

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Luís Monteiro a91497

Aqui não há convenção antenupcial – regime supletivo de bens 1717ºdo CC que é o regime da
comunhão de adquiridos.

O regime da comunhão de adquiridos está no 1721º e seguintes – 1698º - qualquer pessoa pode
escolher o regime de bens que quer aplicar ao casamento, sem prejuízo de existirem limites e
exceções à própria elaboração da convenção antenupcial – não pode haver clausulas contrárias.
(VER O ARTIGO – apesar da liberdade, existem limites 1699º)

LEONILDE:

Terreno para construção – antes do casamento

Tem uma herança indivisa- antes do casamento

Meio prédio rustico – antes do casamento

Peças de porcelana – antes do casamento.

Após o casamento quer adquirir a outra metade do prédio rustico e, depois de casar, também
procedeu à partilha da herança – depois de casar vendeu o terreno e comprou ações. Depois
disso ainda voltou a ações e comprou o terreno.

Ainda trocou a porcelana.

Quando temos um bem devemos identificar a titularidade dos bens – se estes são comuns ou
próprios de Leonilde.

RESPOSTA PROPRIAMENTE DITA:

Leonilde e Filipe casaram sem convenção antenupcial sem prejuízo de nos termos do 1698º há
uma liberdade com as limitações do 1699º. – podem fixar o regime de bens quer escolhendo os
previstos na lei quer estipulando o que for necessário.

Vigora o regime supletivo de bens, de acordo com o artigo 1617º - o regime de comunhão de
adquiridos esta previsto nos artigo 1721º e seguinte. SE SAIR A COMUNHAO DE
ADQUIRIDOS – DEVEMOS FAZER UMA EXPOSIÇÃO RELATIVA AO REGIME – NOS
termos do 1722 são bens próprios dos cônjuges aqueles que cada u m tiver ao tempo da
celebração do casamento (1722ºnº1 a) – os bens que lhe advierem a titulo gratuito (sucessão b)
– e os bens adquiridos na constância do casamento em virtude do direito próprio anterior –
alínea c) nº1 e nº2.

Os bens adquiridos na constância do matrimonio e de direito anterior são próprios – temos de.
ver no nº2 exemplo. 1722 nº2

O 1723 fala dos bens subrogados no lugar dos bens próprios e que, portanto, se mantêm na
esfera daquele cônjuge - quando há uma troca direta. O produto resultante de uma venda direta
(ex: vender carro por casa – a casatambém será um bem própria).

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Luís Monteiro a91497

O artigo 1723º b) – MOMENTO DA AQUISIÇÃO – SAI MUITO NO TESTE. Ex: vendo o


meu carro e com o produto da venda quero comprar outra. – TENHO DE FAZER UMA
PROVA DOCUMENTAL PARA QUE O CARRO QUE QUERO QUE SEJA SO MEU. Muito
importante

1724º - fala dos bens que foram integrados na comunhão (produto do trabalho ou dos produtos
adquiridos na constância do casamento).

VAMOS VER A RESPOSTA BEM POR BEM:

Terreno para construção- tendo sido adquirido por Leonilde em momento anterior ao
casamento, este é um bem próprio desta nos termos do artigo 1722ºnº1 a). Na
constância do casamento, a Leonilde decide vender aquele terreno. Sendo bem imóvel,
precisará do consentimento de Filipe- 1682ºa) – alienar esse terreno necessita do
consentimento do outro cônjuge – a forma deste consentimento está prevista no 1684º,
o negócio poderá ser anulável caso filipe não tivesse dado o consentimento – 1687º

As ações – após a venda do terreno, Leonilde investiu aquele no terreno em ações. O


produto da venda daquele terreno é um bem próprio (houve uma sub-rogação??).
Vendeu o terreno 1723º d) – o produto da venda dos bens próprios continuam a se bens
próprios.

As ações compradas com o dinheiro do terreno – 1723º c). no momento da aquisição


das ações os atestar que aquela compra foi realizada com valores proprios definindo
assim a proveniência daquele dinheiro, através de documento assinado por ambosos
cônjuges no momento da aquisição. – PROVENINETE DE DINHEIRO. – PROVA
DOCUMENTAL E AMBOS OS CONJUGES – ANOTAR – TEM DE HAVER PROVA
DOCUMENTAL.

3 TEORIAS quanto a esta norma – a discussão é sobre no caso de incumprimento,


haver a responsabilidade do cônjuge- queremos proteger osconjuges ou os credores.

3 TEORIAS QUNATO A ESTA ALÍNEA.

1º -não existindo prova documental, o bem será considerado comum

2ºprof. Guilherme oliveira – importa. Distinguir se estamos perante interesses dos


cônjuges ou interesses de um terceiro credor – se estivermos perante o interesse dos
cônjuges esta tese admite. Que apesar. De não existir documento no momento da
compra, os cônjuges possam fazer prova em momento ulterior/posterior da titularidade
daquele. Bem.eu compro enão faço documento e o dinheiro era efetivamente meu, nos
termos da lei o bem (carro será comum), mas no momento da partilha eu quero ficar
com o carro porque foi pago com o dinheiro que foi sub-rogado. Há uma doutrina que
não admite prova ulterior.

A outra doutrina diz que podemos fazer prova no momento do divorcio que o bem é
próprio - entre os cônjuges mesmo que não. Haja documento pode ser feito no
momento. Da partilha. - A LEI E MAIS PERMISSIVA COM OS CONJUGES

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Luís Monteiro a91497

Quanto aos credores -interesses de credores se estiver isto em causa, o bem será
considerado comum, porque deveria ter existido um documento escrito e não existiu –
nesta ótica servirá para proteger os credores.

3º tese (não é propriamente. Uma tese, pois vem a apoiar a posição do prof guilherme
oliveira) acórdão uniformizador de justiça.nº12/2015 -relator Ramos?? Se só estiverem
em causa interesses dos cônjuges nada obsta em que em momento posterior a compra
se consiga fazer prova da titularidade do bem. Todavia, caso não se consiga fazer essa
prova o bem será considerado um bem comum.

Depois das ações, Leonilde. Compra o terreno e o terreno será dela ou será comum?

Se ela no momento em que adquiriu terreno testa que foi dinheiro próprio. Então será
um bem próprio do terreno 1723 alínea c).

A herança indivisa é um bem próprio ou comum de Leonilde?

Será um bem próprio por força do artigo – a herança veio antes – 1722º - DEPOIS DO
CASAMENTO- só aplicamos a alínea b) quando esse direito nasce depois do
casamento. 1722º c) os bens adquiridos na constância do matrimonio em virtude de um
direito anterior, ela constitui-se na esfera em momento anterior – consideram-se
adquiridos em consequência de direitos anteriores. A herança que vier a entrar no
momento da partilha é um bem próprio de Leonilde por força do 1722ºnº1 c) e nº2 a).

A metade do prédio rustico era um bem levado para casamento logo era um bem
próprio - 1722º a).

Depois do casamento a Leonilde decide comprar a outra metade do prédio rústico.


Esta outra metade já é comprada na constância do casamento, será um bem próprio
dela ou é dela e do cônjuge.

1727º do CC – a titularidade do bem presume-se como próprio.

Ela compra esta metade do terreno e ate compra com dinheiro que seria dos dois,
aquela metade continua a ser própria dela. Mas se houver divórcio, aquela metade
será. Para um ou para outro a titularidade será dela, mas o cônjuge poderá ter um
direito de crédito.

Ela já tendo uma parte e adquire a outra fica só ela – 1727º, querendo ela ficar com a
titularidade do bem. A titularidade da outra metade será só de Leonilde. Noutro caso,
filipe poderia ser titular de um direito de crédito.

A par do 1727º podemos ter o 1722º c) – adquiridos em virtude de direito próprio


anterior.

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Luís Monteiro a91497

As peças de porcelana de quem são? 1722 a) quando Leonilde casa, as joias são um
bem próprio, após o casamento ela troca estas peças por joias. Tratando-se por uma
troca direta, as joias serão também um bem próprio nos termos do artigo 1723ºnº1 a).

Temos de ver sempre o regime de casamento, depois temos de. ver o que vai para o
casamento e definir a titularidade. Desses bens, depois temos de ver quem administra e
pode dispor seja por culpa das sanções que podem ocorrer. Depois temos de ver o que
é que o ela leva e o que faz com o que levou – se é uma venda se é uma nova aquisição.
Temos de ver se é salvaguardada a titularidade comum.

O MOMENTO DA COMPENSAÇÃO ENTRE OS CONJUGES:

Este momento sucede por ocasião da partilha em consequência do divórcio nos termos
dos artigo 1688º e 1689º.

1688º as relações pessoais e patrimoniais cessam pela dissolução ou ?? – ver na


norma.

1689º - cessando estas, recebem os. bens proprios ou a ??? ver melhor

II

Duarte e Maria Francisca, apesar da insistência de amigos comuns em contrário, casaram sem
convenção antenupcial.

De entre os bens que Maria Francisca leva para o casamento encontram-se um apartamento de
cobertura na cidade de Braga, metade de um prédio rústico, um BMW Z8 e várias e valiosas
joias da Cartier.

Após a celebração do casamento, Maria Francisca adquire a outra metade do prédio rústico.
Resolveu também vender o apartamento e, com o dinheiro obtido, comprou um outro com
melhor localização que, passado algum tempo, acabou por vender e comprou um terreno para
construção, aliás mais valioso.

Para além disso, o BMW Z8 foi trocado por um BMW serie 7 e algumas das joias foram
vendidas. A quem pertencem os bens e os valores adquiridos por meio dos negócios em causa?

Respostas:

Em que regime casaram?- sem convenção antenupcial comunhão de adquiridos. –


regime supletivo, não há regime imperativo.

1698 e 1699º - é igual ao caso pratico anterior.

Assim sendo, o apartamento a metado do predio rustico e o BMW são bens rorpios
poissao adquiridos em momento anterior ao casamento – 1722ºnº1. A)

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Luís Monteiro a91497

Em momento. Posterior ao casamento a maria Francisca adquiriu a outra metade do


prédios rustico esta outra metade

E um bem próprio dela por força dos. Artigo 1722º nº1 c) e 1722º nº2 – NOTA SÓ
PDOEMOS IR AO N´2 depois de irmos ao 1722ºnº1 c) (remissão para o 409 do direito
de preferência)+ 1727º. – em prejuízo de uma eventual indemnização do cônjuge que
será realizada no momento da partilha.

Com o produto da venda do anterior apartamento – primeiro devemos ver o produto da


venda e só depois o apartamento.

Para vender o apartamento precisava do consentimento nos termos do 1684º do CC


sob pena de o negocio ser anulável 1687ºnº1 e nº2. O produto da venda daquele
apartamento é um bem próprio nos termos do artigo 1723º b) – conservam a validade
dos bens próprios ,o preço dos bens próprios alienados.

Quanto ao facto de ter adquirido um novo apartamento: 1723º c) -cumpre aferir se. No
momento da aquisição, foi elaborado documento a testar a proveniência do dinheiro.

Aquisição od terreno. Para construção. – adquirido com o produto da venda do


apartamento. O produto. Que. Dai nasce é um bem próprio 1723º B)- a aquisição do
terremo para construção também depende da prova documental – 1723º d).

O 1726º os. bens adquiridos. Em parte com dinheiro ou bens próprios de um dos
cônjuge e a outra parte de bens comuns, revestem a natureza da parte maior – o
apartamento era dela – se a maior parte fosse dela será um bem próprio senão seria
um bem comum ( se a maior parte do dinheiro fosse comum). Ex: se o novo terreno
custasse 200-000 e ela so tivesse 50.000 teve de ir buscar 150 aos bens comuns, logo a
percentagem diz que o dinheiro investido é maior comum do que próprio logo poderia
ser um bem comum.

Troca do bmw z8 pelo serie 7:

1723º - é uma troca direita é um bem sub-rogado no lugar dos bens próprios.

VENDA DAS JOIAS:

As joias era um produto do casamento, logo mesmo que proceda a sua venda, a
constância do casamento, o produto dessa venda será considerado bem proprio nos
termos do artigo 1723º b)

Tendo. Legitimidade poderia alienar estas joias, visto que as joias eram um bem
próprio dela antes da celiberação do casasmento

61
Luís Monteiro a91497

AULA TP – 1/3/2023

I – caso 12

Américo e Bernardo casaram em 2 de maio de 2019, sem convenção antenupcial. Após


a celebração do casamento, Américo, conhecedor e entusiasta do futebol, começa a
apostar compulsivamente avultadas somas de dinheiro num site de apostas online
chamado “O JOGO É TEU”.

Bernardo está preocupado com uma possível dissipação do património e, não querendo
pôr termo ao casamento, não sabe o que poderá fazer.
Quid iuris?

RESPOSTA:

Casamento sem convenção antenupcial.

Simples separação judicial de bens, diverge da separação de pessoas e bens.

Uma coisa é a simples separação judicial de bens – é judicial, logo vai correr no tribunal
envolve um litígio e é simples separação judicial de bens, logo está a restringir apenas
bens. Ou seja, todos os efeitos pessoais se mantêm na íntegra – temos de questionar se
há bens comuns.

Em que regime casaram para haver património comum – se não houver não é possível
requerer a separação judicial de bens.

NOTA: EM PORTUGAL NÃO EXISTE SEPARAÇÃO DE PESSOAS, SÓ EXISTE SEPARAÇÃ ODE


PESSOAS DE BENS.

Estas duas formas de modificar a relação matrimonial – simples separação judicial de


bens e separação de pessoas e bens.

Neste caso, apenas é desejada a separação judicial de bens, logo – separação judicial
de bens. Isto não afeta os efeitos pessoais do casamento, mantêm-se desde a data de
celebração do casamento.

1767º - EXISTEM PRESSUPSOTOS PARA A SIMPLES SEPARAÇÃO DE BENS:

Quais são os pressupostos?

. receio ou perigo de perder o que é seu – PERIGO REAL E CONCRETO – GUILHERME


OLIVEIRA- tem de ser uma ação preventiva.

. o que é seu – aquilo que lhe pertence ao que requere


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Luís Monteiro a91497

. má administração – má administração do outro cônjuge

1768º - carater litigioso da simples separação judicial de bens.

1769º - legitimidade – o próprio pode atentar a ação (relacionar com os incapacitados)

1770º - EFEITOS DA SIMPLES SEPARÇAÃO JUDCIAIL DE BENS – o regime passará a ser a


separação judicial de bens.

O regime matrimonial passa a ser o da separação – passam a existir dois património


autónomos relativos a cada um dos cônjuges- massas individuais de cada um dos
cônjuges.

UM OUTRO ASPECTO – É IRREVOGÁVEL – artigo 1771º - assim que decretada a


simples separação judicial de bens esta é irrevogável.

É feita a partilha do património comum do casal e cada um tem os deus bens próprios
e é irrevogável.

CONTUDO, há exceções para esta irrevogabilidade – 1715º b) – fazer remissão pois é


possível pela simples separação judicial de bens modificar o que foi estabelecido em
simples convenção internupcial.

RESPOSTA:

Casaram sem convenção antenupcial – dentro dos limites -1669º

Tendo casado no regime supletivo – 1717º significa que estão casados nos regime de
comunhão de adquiridos – artigo 1721º e seguintes.

Temos de explicar TODO OREGIME DE COMUNHAO DE ADQURIIDOS.

No caso concreto, começou a apostar avultadas quantias numa casa de apostas e há o


outro cônjuge que teme pelo património, cumpre dizer-se que cada um dos cônjuges é
livre para contrair dívidas conforme estabelece o artigo 1690 do CC.

Todavia, no caso concreto, o B quer modificar a relação matrimonial, ou seja, não quer
extinguir definitivamente o casamento, por outro lado quer restringir a sua mudança
aos efeitos patrimoniais. Portanto, terá de requerer, em tribunal, artigo 1768º, visto
que tem legitimidade 1769º, uma ação de simples separação judicial de bens nos
termos do artigo 1767º, desde que estejam preenchidos os 3 pressupostos. O primeiro
pressuposto é estar em risco de perder (SIGNIFICA QUE NÃO PDOE EXISTIR APENAS UM
RISCO, TRATA -SE DE UMA MEDIDA PREVENTIVA, PRESSUPÕE UMA AMEAÇA E NÃO A
CONSUMAÇAÕ DA AMEAÇA)

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Luís Monteiro a91497

2- PRESUPSOTO – EPRDER O QUE É SEU, ou seja, o cônjuge perder o sue património e a


contribuição que faz para os bens comuns, pois estamos no regime da comunhão de
adquiridos.

3- Existir ma administração do outro cônjuge (cônjuge reu e que aqui será o


apostador). Neste pressuposto o outro cônjuge terá que ter praticado, reiteradamente
atos que diminuíam os seus bens próprios e que interfiram também com os bens
comuns. Por esse lado pode haver um endividamento do património comum.

Neste caso como começou a postar grandes quantias, parece que a ação poderia ser
julgada procedente- nos termos do 1770ºdo CC após o trânsito em julgado e decretada
a separação judicial de bens o regime matrimonial será o da separação, sendo
realizada a partilha do património comum do casamento.

A partir desse momento passam a existir dois patrimónios autónomos, não existem
bens comuns e cada um dos cônjuges terá os seus bens próprios.

Não afeta os efeitos pessoais do casamento.

Por outro lado a simples separação de bens é irrevogável – 1771º e é também uma
exceção ao princípio da imutabilidade das convenções antenupciais – artigo 1715º nº1
B).

O PRÓXIMO CASO SERÁ RELATIVO AO DIVORCIO


ENQUADRAMENTO QUANTO À MATÉRIA DO DIVÓRCIO

A partir do divórcio há determinados efeitos que ainda se poderão manter mas


extingue a relação matrimonial – pode continuar a haver obrigação de alimentos por
exemplo.

QUE MODALIDADES DE DIVÓRICO HÁ EM PORTUGAL?

Existem 2 modalidade de divórcio a saber: artigo 1773º estão descritas e explicadas as


modalidades do divórcio.

Apenas há uma subdivisão dos divórcios por mutuo consentimento quanto aos
acordos complementares.

Divórcio sem consentimento do outro cônjuge – neste caso é um a propor contra o


outro, é necessário que haja uma causa objetiva. Tem de ser uma causa objetiva e não
subjetiva, pois não pode ter a haver com o sujeito. O legislador acabou com base na
culpa, já não há divorcio culposo. Neste caso temos um divórcio CONSTATAÇÃO
RUTURA – vai ser constatado que houve uma rutura.

No 1781º - tem de haver uma causa de rutura com base em certos fundamentos.

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Luís Monteiro a91497

DIVORCIO por mutuo consentimento:

Este pode ser considerado administrativo ou judicial:

Este 1773º alem de tipificar as modalidades também as descreve:

1. O divórcio pode ser por mútuo consentimento ou sem consentimento de um dos


cônjuges.
2. O divórcio por mútuo consentimento pode ser requerido por ambos os
cônjuges, de comum acordo, na conservatória do registo civil, ou no tribunal se, neste
caso, o casal não tiver conseguido acordo sobre algum dos assuntos referidos no n.º 1
do artigo 1775.º
3. O divórcio sem consentimento de um dos cônjuges é requerido no tribunal por
um dos cônjuges contra o outro, com algum dos fundamentos previstos no artigo
1781.º

Quanto a forma administrativa e judicial: acordo quanto ao divórcio.


OQUE MUDA?
Na conservatória ou no registo civil e só vamos ao tribunal quando não há acordo
quanto aos acordos complementares do divórcio previstos no artigo 1775º do código
civil.
A forma administrativa ocorre na conservatória e estão entendidos quanto todos os
acordos para se poderem divorciar.
A forma judicial corre no tribunal, os cônjuges só estão de acordo quanto ao divórcio e
não se entendem quanto aos acordos complementares do artigo 1775º - pode divergir
em quem fica com o cão, residência, casa de morada de família. É o juz que vai aferir o
destino de exercício de obrigações e de direitos. O juiz não vai aferir o fundamento
para o divórico pois nessa parte há acordo.

No divorcio sem consentimento o juiz vai observar se há fundamento para o divorcio,


no divórcio com mutuo consentimento juiz não olha sequer para esta matéria de
fundamento.

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Luís Monteiro a91497

II

Antónia e Belmiro casaram em 2005 sem convenção antenupcial, vivem numa casa
arrendada e têm dois gatos, o Tufão e o Furacão.

Em virtude de Antónia não querer ter filhos - e por ter sucessivas ligações amorosas
com colegas de trabalho -, o casal passou a ter discussões constantes e a fazer vidas
separadas.

Na sequência da última discussão, ambos decidem que é inviável uma vida em comum e
pretendem pôr termo definitivo ao casamento.

1. a) Atendendo à factualidade descrita, explique como podem Antónia e Belmiro


pôr termo ao casamento.
2. b) Suponha agora que Antónia e Belmiro têm dois filhos: Ana, de cinco anos, e
Bruno de oito. Quid iuris?
3. c) Alternativamente, suponha, de seguida, que Antónia e Belmiro não se
entendem quanto aos alimentos entre si, já que Belmiro pretende uma pensão de
alimentos que lhe permita manter o nível de vida a que esta habituado. Quid
iuris?

RESPOSTA:

Temos uma casa arrendada e dois gatos


Não têm filhos
É inviável uma vida em comum.
TEMOS DE FALAR E CARACTERIZAR O CASAMENTO CONVENÇÃO ANTENUPCIAL e
caracterizar bem.
TEMOS UM DIVORCIO POR MUTUO CONSNETIMETNO- estão acordados quanto aos
acordos complementares.
Em exame, na grelha de correção devemos sempre apresentar em teoria quais as
modalidades.
A primeira parte da resolução devemos sempre caracterizar as duas modalidades do
divorcio do 1773º.

Quais as características do direito de quem quer avançar com o divórcio?


1 . É um direito potestativo extintivo- os efeitos do meu direito vai afetar a esfera do
outro.

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Luís Monteiro a91497

2.É um direito pessoal – é ao próprio que cabe intentar a perspetiva ação sem
prejuízo dos herdeiros poderem prosseguir na ação. Uma coisa é falecer na
pendencia na ação outra é para propor.
3.irrenunciavel – devemos considerar que o direito ao divórico é irrenunciável, seja
no momento anterior à celebração do casamento seja no momento posterior.

No que respeita às modalidades do divórcio estas estão previstas no 1773º, onde está
prevista a modalidade do divorcio por mutuo consentimento e sem consentimento do
outro cônjuge – 1773º nº1.
No que respeita ao divorcio por mutuo consentimento, ambos os cônjuges, têm de ter
o propósito de se divorciar, porém esta modalidade subdivide-se, existindo o divórcio
por mutuo consentimento administrativo (que corre na conservatória do registo civil) e
aqui os cônjuges estão acordados quanto ao divórcio e quanto aos assuntos referidos
no artigo 1775º. Por outro lado, o divorcio por mutuo consentimento judicial corre no
tribunal e os cônjuges estão acordados quanto ao divórcio, mas não quanto aos
assuntos previsto no artigo 1775º do CC, como estabelece o 1773ºnº2 do CC.

Como segunda modalidade existe o divórcio sem o consentimento do outro cônjuge e


aqui não há acordo quanto ao divórcio. É proposto por um dos cônjuges contra o
outro, com o fundamento previsto no artigo 1781º do CC. Por isso é que falamos a
partir da reforma operada pela Lei 61/2008 de 31 de outubro em divórcio constatação
futura e não em divórcio sanção – o divorcio já não é uma atribuição de sanção e de
culpa mas sim uma constatação de uma rutura do casamento. Já não se fala do
cônjuge culposo mas sim da violação de deveres conjugais.

Independentemente da modalidade do divórcio, os cônjuges devem ser sempre


informados pelos serviços de mediação familiar tal como prevê o artigo 1774º do CC. E
o artigo 14 do DL 272/2001 de 13 de outubro. Isto não se aplica só AO TRIBUNAL MAS
TAMBÉM SE APLICA NA CONSERVATÓRIA.
Resposta:
Antónia e Belmiro decidem que é inviável uma vida em comum e pretendem por termo
definitivo ao casamento. O que significa que ambos têm a intenção de extinguir aquela

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Luís Monteiro a91497

relação matrimonial e, portanto, deverá ser proposta uma ação de divórcio por mútuo
consentimento nos termo do 1773ºnº2.

Dentro desta modalidade caberá saber se A e B estão de acrodo quanto ao divórico e


quanto aos assuntos previstos no 1775º - assim será administrativo e correrá na
consevatória.
Se não estiverem entendidos quanto aos acordos complementares do 1775º, este
divórcio por mutuo consentimento será judicial e portanto correrá no tribunal.

Neste caso, o enunciado não nos dá dados logo temos de equacionar as duas
situações:
- artigo 1775º
Artigo 1775.º - (Requerimento e instrução do processo na conservatória do
registo civil)

1. O divórcio por mútuo consentimento pode ser instaurado a todo o tempo na


conservatória do registo civil, mediante requerimento assinado pelos cônjuges ou seus
procuradores, acompanhado pelos documentos seguintes:

a) Relação especificada dos bens comuns, com indicação dos respectivos


valores, ou, caso os cônjuges optem por proceder à partilha daqueles bens nos termos
dos artigos 272.º-A a 272.º-C do Decreto-Lei n.º 324/2007, de 28 de Setembro, acordo
sobre a partilha ou pedido de elaboração do mesmo;
b) Certidão da sentença judicial que tiver regulado o exercício das
responsabilidades parentais ou acordo sobre o exercício das responsabilidades
parentais quando existam filhos menores e não tenha previamente havido regulação
judicial;
c) Acordo sobre a prestação de alimentos ao cônjuge que deles careça;
d) Acordo sobre o destino da casa de morada de família;
e) Certidão da escritura da convenção antenupcial, caso tenha sido celebrada;
f) Acordo sobre o destino dos animais de companhia, caso existam.

2. Caso outra coisa não resulte dos documentos apresentados, entende-se que os
acordos se destinam tanto ao período da pendência do processo como ao período
posterior.

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Luís Monteiro a91497

D)devemos considerar que a casa de morada de família tanto pode ser adquirida como
arrendada.
F) o destino dos animais de companhia vai se relacionar com este caso.

Tem de estar acordados quanto à intenção de se divorciar como aos acordos do 1775º.
Neste caso, quais seriam os acordos que os cônjuges teriam de apresentar na
conservatória.

Teriam de acordar sobre o destino da casa de morada de família e o destino dos


animais de companhia – 2 gatos.
1776º do CC – após recebido o requerimento e os acordos necessários previstos no
artigo 1775º, o conservador convocará os cônjuges para uma conferência.
Se faltasse algum dos acordos haveria uma notificação para entregar o acordo para
que se possa agendar a conferência.

Artigo 1776º nº3 – com a conservatória do registo civil são produzidos os efeitos de
uma sentença normal.

Caso A e B só estivessem acordados quanto ao divórcio mas não existisse entre eles
quanto alguns assuntos do 1775º então, apesar do divórcio continuar a ser um divórcio
por mutuo consentimento, passará a ser judicial e correrá no tribunal – 1773ºnº2.

O A e B estariam de acordo quanto ao divorcio mas não se entendiam quanto ao


destino da casa de morada de família nem quanto ao destino dos animais de
companhia. – alinieas do 1775º.

Caso assim fosse, estaríamos na via judicial e caberia ao juiz decidir quanto a essas
questões complementares. – artigo 1778º a) (corre no tribunal) + 1773º+
1776º(conservatória) – DEVEMOS EFETUAR AS REMISSÕES.
Recebido o requerimento do divorcio o juiz vai analisar a factualidade alegada pelas
partes.

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Luís Monteiro a91497

No caso concreto no que respeita À casa de morada de família, esta era arrendada, e
portanto, o juiz iria socorrer-se do disposto no artigo 1105º do CC, caso a casa fosse
própria, o juiz iria socorrer-se do artigo 1793º - no caso concreto.

Sendo arrendada, o juiz aplicaria o 1105º do CC e disponha de 3 soluções distintas- a


primeira é a única que não está no artigo:

1ª possibilidade: caso o arrendamento estivesse em nome de um único arrendatário e


atribuísse a casa de morada de família a esse mesmo cônjuge, tudo de manteria igual
quanto a esta relação contratual. O juiz tendo em conta a factualidade do tribunal
entendia que António que participava no contrato de arrendamento, logo não tinha
que modificar nada só tinha de decretar que ficava entrega a ela pois era a única
arrendatária.

2º possibilidade - caso só um dos cônjuge figurasse como arrendatário e a casa de


morada de família fosse atribuída ao outro, tinha que existir transmissão da posição
contratual. Tinha-se que transmitir o direito de arrendamento de um para outro

3 possibilidade – o contrato de arrendamento estar em nome dos dois e existir a


necessidade de concentração a favor de apenas um deles – estarem os dois no
contrato de arrendamento e só pode ficar um no caso de morada de família e ser
concertado o direito ao arrendamento a um deles – contudo nada impede que fiquem
na mesma casa, mas uma cosia é o que está no acordo e outra o que acontece na
realidade.

Artigo 1105º:
Artigo 1105.º - (Comunicabilidade e transmissão em vida para o cônjuge)

1. Incidindo o arrendamento sobre casa de morada de família, o seu destino é, em


caso de divórcio ou de separação judicial de pessoas e bens, decidido por acordo dos
cônjuges, podendo estes optar pela transmissão ou pela concentração a favor de um
deles.
2. Na falta de acordo, cabe ao tribunal decidir, tendo em conta a necessidade de
cada um, os interesses dos filhos e outros factores relevantes.

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Luís Monteiro a91497

3. A transferência ou a concentração acordadas e homologadas pelo juiz ou pelo


conservador do registo civil ou a decisão judicial a elas relativa são notificadas
oficiosamente ao senhorio.

Agora sobre o destino dos animais de companhia: o tribunal iria ter em consideração –
1793º- A :
Artigo 1793.º-A - (Animais de companhia)

Os animais de companhia são confiados a um ou a ambos os cônjuges,


considerando, nomeadamente, os interesses de cada um dos cônjuges e dos filhos do
casal e também o bem-estar do animal.

Neste caso o destino o juiz vai atender aos interesses de cada um dos cônjuges aos
filhos do casal e o bem-estar animal.
Esta decisão do destino – o juiz tem sempre em consideração os interesses e as
propostas dos cônjuges – 1778º.

1. b) Suponha agora que Antónia e Belmiro têm dois filhos: Ana, de cinco anos, e
Bruno de oito. Quid iuris?

RESPOSTA:
Alem dos acordos que tínhamos falado na resposta anterior, passamos a ter aqui dois
filhos menores e para que haja divórcio por mútuo consentimento, os cônjuges terão
de entregar o acordo previsto na alínea b) do artigo 1776º- este acordo relacionado
com princípio do superior interesse das crianças.
É necessário que o ministério publico acautele se o acordo privilegie ao superior
interesse das crianças- o divórcio entra na mesma na conservatória e se existirem filhos
menores e se existir acordo sobre os filhos menores este sobe a apreciação do tribunal
– remissão do 1775ºnº1b) + 1776º -A do CC.

O MP pode olhar para o acordo, concorda e prefere despacho, o processo desce à


conservatória.

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Luís Monteiro a91497

Se o acordo estiver mal feito profere despacho , convida os pais a alterar, voltam a
corrigir, volta à conservatória e é marcada a CONFERÊNCIA ?.
O processo de divorcio sai da conservatória e passa a ser tramitado no tribunal o
divorico por mutuo consentimento administrativo pode converter-se num divórcio por
mutuo consentimento judicial.

Para o divorcio correr na conservatória tem de estar em acordo quanto ao divorcio e


entregar o acordo quanto as responsabilidades parentais- 1775º.
O acordo complementar nos termos do 1776º-A tem de ser enviado para o MP para
que o. seja acautelado o superior interesse da criança – há 30 dias para se pronunciar-
se o o procurador NÃO CONCORDAR com o acordo convida a alteração ao pais.
Os pais ou mudam consoante o procurador ou não acautelam a sugestão e processo
sai da conservatória e deixa de ser um divorcio por mutuo consentimento
administrativo e passa a ser judicial -1776º-A nº4.
Se tivessem acordas ao divorcio desde o inicia e não haveria acordo, o divorcio por
mutuo consentimento teria que ser proposto logo e inicialmente no TRIBUNAL – ESTA
PARTE SERÁ MAIS COMPLEXA- VER MELHOR.

Aula tp – 8/3/2023

1. c) Alternativamente, suponha, de seguida, que Antónia e Belmiro não se


entendem quanto aos alimentos entre si, já que Belmiro pretende uma pensão de
alimentos que lhe permita manter o nível de vida a que esta habituado. Quid
iuris?

RESPOSTA:

Com o divórcio cessa as relações pessoais e patrimoniais. Dentro das pessoas há um


dever conjugal que se pode manter para além do divórcio – o dever de assistência –
1672º está enunciado. Pode haver prestação de alimentos este dever de assistência
não tem de ser só dinheiro.

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Luís Monteiro a91497

Um dos acordos que tem de entrar na conservatória é se querem alimentos e se há


acordo.

Neste caso de Antónia e Belmiro tinham que chegar a acordo quanto à necessidade ou
não da proteção de alimentos – alínea c) do 1775º. Os acordos quanto à obrigação de
alimentos encontram-se junto da panóplia de acordos que têm de entrar na
conservatória.

Em abstrato, teria ou não direito a alimentos? – mesmo com o divorcio pode perdurar
este dever de assistência. Prestação de alimentos que tenha a mesma qualidade de
vida que mantinha no casamento – será possível? Em princípio esta qualidade de vida
não será obrigado a prestar nos termos do artigo. Em regra, após o divórcio cada um
dos cônjuges deve sustentar-se 2016ºA.
Muitas vezes quando juntamos o 1775 c) – os cônjuges prescindem mutuamente de
alimentos.

Artigo 2016º - há direito a alimentos em qualquer modalidade do divórcio.


No geral o que é isto do direito a alimentos?
Artigo 2003º - tudo o que é indispensável (...) – noção de alimentos.
2003ºnº2 – caso dos menores também incluem educação.

Esta prestação e medida dos alimentos é arbitraria? – artigo 2004º , esta prestação
tem de ser feita proporcionalmente – os alimentos devem ser dados tendo em conta os
meios daqueles que prestam, mas também temos de olhar para a necessidade para a
necessidade daqueles que os recebe – capacidade de quem presta + necessidade de
quem recebe.

CARACTERIZAÇÃO TEORICA:
Os alimentos revestem carater patrimonial e periódico – artigo 2005º nº1 – prestações
pecuniárias mensais.

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Luís Monteiro a91497

Os alimentos respeitam a direitos indisponível – artigo 2008. O direito a alimentos não


pode ser cedido ou renunciado.
O direito a alimentos é também atual. – proporcionalidade relacionada com a
atualidade - muito. Importante.
Esta fixação de alimentos fica ad eternum? Não – artigo 2012 do CC – os elementos
podem ser alimentados ou reduzidos tendo em conta as necessidades atuais.

Aplicando agora ao caso em concreto:

Belmiro tem direito a esta pensão de alimentos? Pode ter direito, mas não tem o
direito a exigira a manutenção da vida que tinha à data do casamento – nos termos do
2016ºA- na fixação do montante de alimentos o tribunal deve ter em conta
determinadas circunstâncias – duração do casamento, economia do casal, idade dos
cônjuges...

O cônjuge credor não pode exigir o nível de vida de que tinha à data.

NOTA : VER QUANDO É QUE O JUIZ PODE CONVERTER O CASASMENTO SEM


CONSENTIMENTO NUM COM CONSENTIMENTO. ??? – pode ser importante
2019 – causas da cessação de alimentos – se for contraído novo casamento.

I caso pratico 13

Maria e Artur contraíram casamento católico em 2004. A partir de meados de 2014,


Artur passou a ausentar-se de casa, de vez em quando, durante temporadas, no decurso
das quais não pernoitava no lar conjugal. A vida conjugal foi-se degradando, chegando
mesmo Artur a agredir verbal e fisicamente Maria.

Em 2020, Artur sai definitivamente do lar conjugal ao desconfiar que Maria mantinha,
há já alguns anos, uma relação extramatrimonial. Desde então passou a viver com
Beatriz, sua secretária na empresa em que trabalha.

Tomando conhecimento de tal facto, Maria pretende terminar o seu casamento e, para
esse efeito, intenta uma ação de divórcio.

Quid iuris? Distinga na resposta as modalidades de divórcio admitidas na lei.

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Luís Monteiro a91497

RESPOSTA:

HÁ SEMPRE UMA COTAÇÃO RESERVADA PARA A DISTINÇÃO DAS


MODALDIADES DO DIVORCIO – MUITO IMPORTANTE REFERIR EM TESTES
MESMO QUE O ENUNCIADO NÃO DIGA. – O DIVORCIO É UM DIREITO
PESSOALP OTESTATIVO IRRENUNCIAVEL E CONSITUTICIONALMENTE
PROTEGIDO + PROTOCOLO ADICIONAL DE 1975 QUE VEIO A ADMITIR O
DIVORCIO EM QUALQUER MODALDIADE DE CASAMENTO - !!!!! – FAZER
ESTA INTRODUÇÃO É MUITO IMPORTANTE. – ver em casos anteriores.

1774º - mediação familiar – mesmo o divórcio sem consentimento

Depois de distinguir as modalidades do divórcio – 1773º - existem duas modalidades


sendo que uma pode ser administrativa e judicial e outra será por mútuo consentimento.
– ver melhor

Neste caso temos o Artur e a Maria – a Maria quer terminar o casamento e intenta uma
ação de divórcio. Temos uma situação de divórcio sem o consentimento do outro
cônjuge – prevista no artigo 1773ºnº3.

Este tipo de divórcio é proposto por um dos cônjuges contra o outro sendo certo, porém,
que é necessário a existência de uma causa objetiva. Não há divorcio só porque sim ou
não – tem de haver uma causa justificativa! Que tipo de causas justificativas objetivas
podem ser fundamentadoras de divórcio – as causas objetivas estão no 1781º - FAZER
A REMISSÃO PARA ESTE ARTIGO.

No caso em concreta Maria propõe o divórcio sendo que necessita de alegar e provar
uma causa objetiva.

Artigo 1781.º - Ruptura do casamento

São fundamento do divórcio sem consentimento de um dos cônjuges:

a) A separação de facto por um ano consecutivo;


b) A alteração das faculdades mentais do outro cônjuge, quando dure há mais
de um ano e, pela sua gravidade, comprometa a possibilidade de vida em comum;
c) A ausência, sem que do ausente haja notícias, por tempo não inferior a um
ano;
d) Quaisquer outros factos que, independentemente da culpa dos cônjuges,
mostrem a ruptura definitiva do casamento.

Havendo o incumprimento de deveres conjugais – caberá a alínea d).


A Maria pode propor com base em que fundamento? O primeiro fundamento é também
a alínea a) – este será o primeiro fundamento – não sabemos se foi um ano ininterrupto
fora de casa ou não – logo teríamos de problematizar. Se saiu há pelo menos um ano

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Luís Monteiro a91497

consecutivo, a maria poderá enquadrar o seu pedido nos termos da alínea a) do 1781º.
(separação de facto)

A SEPARAÇÃO DE FACTO TEM DOIS ELEMENTOS/REQUISITOS:


TEMOS UM ELEMENTO OBJETIVO E SUBJETIVO. – 1782º do CC
O elemento objetivo – é efetivamente é eu não estar em condições análogas dos
cônjuges por mais de um ano consecutivo – ou seja, é o caso e. o facto concreto. Ex:
emprego fora da residência habitual dos cônjuges.
Também tem de haver o elemento subjetivo – temos de querer aquela separação de
facto – ex: se fora trabalhar para fora, a minha intenção a partida não será a
separação de facto a minha intenção.

No caso, pode pedir de acordo com o 1781º desde que estejam os elementos do 1782º -
elemento objetivo (não se verificar a comunhão de vida (mesa, deleito, habitação há
mais de um ano ininterrupto) e o elemento subjetivo (ambos ou pelo menos de um deles
não ter a intenção de a estabelecer) – quando mais fundamentos alegar, mais
possibilidades há de ganhar a ação de divórcio.

No fundo a alínea d) é residual – pois é mais facilmente aplicável casuisticamente.

1672º - devemos referir os deveres conjugais relacionando com o 1782º d) – o dever de


respeito é residual - pois a falta de quaisquer outros deveres violará sempre o respeito.

No caso em concreto poderá estar em causa a violação ode deveres conjugais oque
poderá levar a que a Maria fundamente a sua ação de divórcio nos termos da alínea d)
do artigo 1781º. No caso concreto, parece que foi violado o dever de fidelidade
(VERTENTE POSITIVA OU NEGATIVA VER A DISTINÇÃO) – aqui foi violado o
dever de fidelidade quanto à sua modalidade negativa.

O enunciado diz-nos também que existiram agressões físicas e verbais – foi aqui
violado também o dever de respeito – 1671º, neste caso como não cabe na violação de
mais nenhum dever aplicamos o dever de respeito.

Dever de respeito:
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Luís Monteiro a91497

Vertente positiva e negativa – mostre interesse e participação da vida comum do casal


e. vertente negativa – que os cônjuges se abstenham de ter comportamentos que
coloquem em causa o bem-estar do outro.

No caso concreto, o Artur agrediu a Maria, ou seja, violou o dever de respeito na sua
vertente negativa.

EM CONCLUSÃO,
No caso concreto, a Maria tem legitimidade para propor ação de divórcio sem
consentimento nos termos do artigo 1785º do CC. + 1781º - REMISSÃO MUITO
IMPORTANTE. (legitimidade)

O processo correrá os termos previstos no artigo 1779º do CC – é no 1779º que está o


o papel do juiz e a tentativa de conciliação – VER TAMBÉM A CONVERSÃO DO
DIVORCIO.

1773º + 1781º + 1785º+1789º (LEGITMIDADE MAIS TRAMITAÇÃO


PROCESSUAL)

O facto de ter havido a violação de deveres conjugais pode ainda haver


RESPOSNABILIDADE CIVIL – deverá ser decretado do divorcio e indemnização pelos
danos do cônjuge.

O divórcio não atribui indemnização nenhuma no âmbito do processo de divórcio se se


pedir divórcio+ indemnização não se aplica.

1792º uma ação de responsabilidade civil – poderia haver ligar a atribuição ode uma
indemnização a Maria, sendo certo, porém que este pedido teria de ser formulado
numa ação autónoma – tal como impõe o 1792º, se for proposta uma ação de
responsabilidade civil extracontratual nos termos do artigo 483º, o lesado deverá
alegar a violação dos direitos de personalidade. No caso em concreto, qual era? –
artigo 70º direito geral de personalidade- esta ação só pode ser proposta pela violação
de deveres de personalidade e não pela simples violação dos deveres conjugais –
PODE SER MUITO IMPORTANTE.
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Luís Monteiro a91497

Há autores, como a prof. Cristina que diz que a simples violação de deveres conjugais
por si só já bastará para que haja uma causa para que seja atribuída uma
indemnização.

NOTA: É PRECISO PROVAR UMA CAUSA OBJETIVA DO 1781º

II

Alberto propôs em dezembro de 2017 uma ação de divórcio contra a mulher, Daniela,
acusando-a de, juntamente com o filho de ambos, Carlos, o ter agredido violentamente
em Novembro de 2017.

Na contestação, Daniela defende que o pedido não pode proceder, visto que se tratara
apenas de uma única agressão. Além disso, deduz reconvenção pedindo que seja
decretada a separação judicial de pessoas e bens contra o marido, o qual tem sido visto a
passear-se, em público, de mão dada, com uma mulher de mau porte.

Como decidirá o tribunal?

RESPOSTA:
Em primeiro lugar devemos fazer toda a caracterização do direito de divórcio e todas
as suas modalidades (36º da CRP) direito pessoal potestativo irrenunciável – 1773º +
protocolo adicional de 1975.
1774º - mediação familiar – mesmo o divórcio sem consentimento
Neste caso temos uma das duas modalidades de divórcio – divórcio sem mútuo
consentimento.
Para propor a ação tinha de ter uma causa objetiva- neste caso devemos averiguar se
tinha ou não uma causa objetiva.

A existência de qualquer outra circunstância que mostre a rutura definitiva do


casamento – há ou não há??? No caso concreto parece nossa eu excite a violação do
dever de respeito – 1672º - devemos considerar a vertente positiva e negativa do dever
de respeito – neste caso foi violado a vertente negativo pois praticou uma to que se
deveria abster.

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Luís Monteiro a91497

1785º - teríamos aqui a questão da legitimidade e é ele que tem de alegar e PROVAR –
temos de considerar que também é preciso provar não basta alegar (relatórios
médicos, prova testemunhal).

O processo de divorcio 1779º - tem de ter a tramitação prevista nestes artigos, não
sendo possível tenta converter o divórcio em m mutuo consentimento – temos de referir
tudo no teste. – manter o propósito de se divorciar.

1773º + 1781º + 1785º+1789º (LEGITMIDADE MAIS TRAMITAÇÃO


PROCESSUAL) remissões

No. Divorcio antes de mandar a petição inicial chama a outra parte – para saber se se
mantém o propósito, depois pode converter o sem consentimento num com mútuo
consentimento.

Neste caso, ela CONSTESTOU, logo a conversão em mútuo não fora possível –
(contestação e reconvenção) – senão não teria contestado. – O divorcio é um processo
diferente.

No caso concreto, se Daniela deduziu reconvenção é. Sinal que a tentativa de


conciliação e a conversão do divorcio em mútuo consentimento não fora possível.
Acontece que, Daniela na sua contestação, alegou que, o alberto não tinha razão,
porque só lhe bateu uma vez. D não tem razão – remissão para o 152º do Código
Penal.
Alem disso, a Daniela deduziu como supra se disse, na reconvenção pedindo a
separação judicial de pessoas e bens.

Pede a separação de pessoas e bens: aqui podemos dizer separações de pessoas e bens
ao contrário de separação judicial de bens, porque esta pode correr na conservatória
ou no tribunal – enquanto a separação judicial de bens corre só no tribunal.

Ela poderia deduzir reconvenção – 1795º do CC e a separação de pessoas e bens, pode


ser pedida em reconvenção, mesmo que o autor tenha pedido o divórcio – e vice-versa.
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Luís Monteiro a91497

. A pede o divorcio, B faz reconvenção do pedido – artigo 1795ºnº2 – um. Pedir


divorcio e outro pedir a separação de pessoas e bens, irá prevalecer o divórcio.
Existindo divergência nos pedidos, o juiz decreta o divórcio.

CARACTERIZAÇÃO DA SEPARAÇÃO DE PESSOAS E BENS – MODIFICAÇÃO


– devemos explicar todo o regime da separação de bens e só depois chegar a
conclusão de que prevalecia o divórcio!!
Quais são os efeitos desta separação de bens:
. extinção dos deveres de coabitação de assistência
. mas, não dissolve o vínculo conjugal como impor o 1795º A

Logo, extingue os deveres de assistência e coabitação, mas mantém inalterados os


demais deveres conjugais previstos nos artigos 1672º. (outros – o nome ou o apelido?).

COMO É QUE TERMINA A SEPARAÇÃO?


Ela termina porque é modificativa não é como o divórcio.

Esta separação pode ter termo através:


. da reconciliação
. da dissolução do casamento – não vale a pena a separação quando se pode resolver o
determinar – 1795ºB

1795º CC - e possível por termo através da reconciliação, sendo que eta norma deve
ser harmonizada – 272/2001 de 13 de outubro – porque, o processo de reconciliação é
da competência exclusiva da conservatória do registo civil, cuja tramitação se encontra
prevista nos artigos 12 e 13 do referido decreto-lei.

Por ultimo, como se disse a separação de pessoas e bens termina também pelo divórcio
e diz-nos o 1795º d) que decorrido um ano sobre o transito em julgado da sentença que
tiver decretado a separação judicial de pessoas e bens, qualquer um dos cônjuges pode
requerer que a separação seja convertida em divórcio – não se pode passado um ano
pedir a convulsão – contudo se forem as duas pode ser em momento anterior. – também
será na divórcio, mas decretada a separação de pessoas e bens e passado 3 meses
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Luís Monteiro a91497

ambos chegam a conclusão que na ovale a pena, podem, logo, naquele momento, pedir
a conversão em divórcio.

CONCLUSÃO
No caso em concreto, tendo A pedido o divórcio alegando o conseguindo provar! a
causa objetiva supra identificada, parece-nos que a ação de divorcio seria julgada
procedente, por outro lado, caso conseguisse que o seu pedido fosse procedente então o
juiz iria decretar o divórcio – 1795ºnº2 do CC.

I – caso prático 14

Artur intentou uma ação de divórcio contra Caetana, alegando que: (i) Caetana passa
longas temporadas fora de casa, existindo uma separação entre ambos; (ii) Caetana
decidiu filiar-se num partido político que Artur não suporta, sendo frequentes as
discussões sobre matérias políticas, tornando a convivência entre ambos difícil; (iii)
Artur já não nutre por Caetana os mesmos sentimentos e entende que não há razão para
continuarem casados.

Caetana contesta alegando que: (i) As ausências são por períodos previamente
determinados e limitados no tempo, em virtude da sua atividade profissional de
treinadora de atletas de alta competição; (ii) A divergência política e a mudança de
sentimentos não consubstanciam motivos válidos para requerer o divórcio.

Quid iuris?

RESPOSTA:

Devemos fazer o enquadramento do divórcio como referimos anteriormente.


Quer intentar uma ação de divórcio, mas para o fazer tem de ter uma causa objetiva.

No caso concreto, o Artur queria pedir o divórcio em virtude do comportamento e de


estarem sediados em partidos opostos e isso dá aso a grandes discussões.
Ou seja, parece-nos que o Artur interpôs a ação com que fundamento do 1781º - a)-
separações facto por um ato consecutivo e, eventualmente nos termo da alínea e na
alínea d) 1781º - em virtude das divergências politicas.
As discussões políticas podem dar aso a violação do dever de respeito – dever conjugal
previsto no 1682º.

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Luís Monteiro a91497

PELA ALÍNEA D) – Artur só teria procedência, caso se conseguisse demonstrar que


eventualmente aquelas discussões em virtude do partido, poderiam consubstanciar na
violação de deveres de respeito, ou seja, o dever conjugar previsto no artigo 1672º.
Poderiam alguma deles ter comportamentos que pusessem em causa comportamentos
que pusessem integridade física e moral e do outro – no enunciado não temos dados.
Além de alegar determinados factos, Artur teria de provar.

Quanto à alegação do 1781º a) – separação de facto há mais de um ano consecutivo.


Sabemos que a Caetana contestou, o que significa que a tentativa de conciliação não
teve frutos, nem foi possível a conversão do divórcio sem consentimento num divórcio
por mutuo consentimento, como estabelece o 1779ºnº1 e nº2.

A Caetana, na sua contestação, alega que as frequentes ausências se devem ao facto de


ser treinadora de alta competição, o que significa que no que respeita, pelo menos ao
ELEMETNO SUBJETIVO, este não está preenchido, porque para que exista separação
de facto como dispõe o 1782º - é necessário que a cônjuge não tenha intenções de
estabelecer a vida em comum – o ELEMENTO OBJETIVO É UM ANO
ININTERRUPTO, O SUBJETIVO É A AUSENCIA É MOTIVA PELO FACTO DE NÃO
QUERER ESTAR LÁ.
A ausência dele deve-se a um motivo profissional, quanto ao elemento objetivo também
não temos dados que nos permitam concluir que a caetana teve ausente, não tendo, por
isso comunhão de vida, por um período de um ano ininterrupto. – Longos período não
é um ano ininterrupto.

Assim sendo, quanto à separação de facto, parece-nos que essa alegação por parte de
Artur não será procedente e no que respeita ao fundamento objetivo da alínea d) do
artigo 1781º, tudo ficará dependente da prova objetiva que se viesse a realizar em
julgamento.

Atenção a possibilidade da mediação familiar – TEMOS DE FALAR SEMRPE ME


EXAME – em qualquer modalidade de divórcio é sempre possível mediação familiar,
as pares tem de ser informadas desta possibilidade artigo 1774º remete para o dL
272/2001 de 13 de outubro.

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Luís Monteiro a91497

II

Maria interpôs, em 20 de dezembro de 2018, ação de divórcio contra seu marido, João,
com o qual estava casada no regime de comunhão geral de bens. O divórcio foi
decretado em 27 de fevereiro de 2019.

Em 10 de Janeiro de 2019, faleceu o pai de João. Na partilha que se segue ao divórcio,


Maria sustenta agora que parte dos bens deixados pelo pai de João lhe cabem a ela. João
considera que o sustentado por sua ex-mulher é ilegal.

Quid iuris?

RESPOSTA:

Nota : devemos fazer uma linha cronológica sempre que nos referimos ao divórcio.

Normas imperativas do direito da família? – o legislador obriga a que a partilha seja


feita pelo regime da comunhão de adquiridos, ou seja, vai limitar o efeito que seria
pretendido no casamento.
Mesmo que se case na comunhão geral – a separação é realizada como se tivesse
casado na comunhão de adquiridos. – a professora não concorda com isto – artigo
1790º

Devemos caracterizar sempre o divórcio, as duas modalidades e efeitos.

Maria já na vigência da lei 61/2008 de 31 de outubro pretende divorciar-se e portanto


teria de alegar uma causa objetiva para se divorciar, nos termos do 1781º

A legitimidade está no 1785º e a tramitação no 1789º - fundamento e prazo?

Casaram no regime de comunhão geral de bens, o que significa que celebrar uma
convenção antenupcial – podiam fazer nos termos do 1698º com as limitações previstas
no 1699º - importante referir sempre !!
Maria e João quiseram fixar um regime de bens diferente do regime supletivo previsto
na lei, assim sendo – temos de apresentar sempre o regime.

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Luís Monteiro a91497

Nos temos do artigo 1732º, se o regime de bens for da comunhão geral, o património
comum é constituído por todos os bens presentes e futuros dos cônjuges. Sendo certo,
porem que o legislador dignificou no artigo 1783º os bens que são incomunicáveis- O
QUE É QUE ISTO SIGNIFICA- estes bens não saem da esfera do titular.

Se era um bem adquirido por um dos cônjuges antes de casar, depois de asar não
integra o património comum – continua na esfera de quem o cria alínea h), por
exemplo.

Ao regime da comunhão geral de bens, aplica-se com as devidas adaptações o regime


da comunhão de adquiridos. - Artigo 1733º.

No caso concreto, o pai de João faleceu na pendência da ação, vamos ver o artigo
1789º - o divórcio extingue as relações pessoais e patrimoniais dos cônjuges. + 1788º.

Quando à data em que. Se produzem os efeitos do divórcio é preciso distinguir como


como distingue o Jorge Duarte ?? – se estamos perante efeitos pessoais, efeitos
patrimoniais e interesses de terceiro.
Temos de distinguir aqui se estamos perante que tipo de efeitos?
Os efeitos retroagem quanto aos efeitos das relações patrimoniais- os efeitos
patrimoniais produzem a partida da data de celebração do negócio e os pessoais
dentro da data do transito em julgado.
Os efeitos patrimoniais cessam a partir da data de propositura da ação, as pessoas a
partir do transito em julgado.
Assim como os interesses dos terceiros, pois a partir registo é que terceiro tem
conhecimento de que o casal está divorciado.
Artigo 1789.º - (Data em que se produzem os efeitos do divórcio)

1. Os efeitos do divórcio produzem-se a partir do trânsito em julgado da respectiva


sentença, mas retrotraem-se à data da proposição da acção quanto às relações
patrimoniais entre os cônjuges.
2. Se a separação de facto entre os cônjuges estiver provada no processo,
qualquer deles pode requerer que os efeitos do divórcio retroajam à data, que a
sentença fixará, em que a separação tenha começado.
3. Os efeitos patrimoniais do divórcio só podem ser opostos a terceiros a partir da
data do registo da sentença.

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Luís Monteiro a91497

Tem de haver comprovação documentalmente escrito, porque para terceiro é como se


estivesse casado.

O que permite estar norma é que a ação em 200 se peça áqueos atos começam a contar
desta data, porque a partir desta data já não há comunhão de casal -se for provado que
não há separação de facto posso pedir ao juiz.

Deixou de haver uma partilha comum desde aquela data.

NO CASO CONCRETO:
Ela tem direito ou não? Já que ele faleceu na pendencia da ação. É um efeito
patrimonial pois produz-se desde a propositura da ação logo, não terá direito – se
tivesse falecido antes já teria. Se fosse direito pessoal teria direito pois é partir do
transito em julgado.

No que respeita aos efeitos pessoais, estes produzem-se a partir do transito em julgado
da sentença do divórcio – tal como ordena o nº1 do artigo 1789º. Já os efeitos
patrimoniais retroagem à data da propositura da ação. – como dispõe o nº1 do mesmo
receito legal.

No caso concreto, os efeitos do divórcio entre Maria e João, quanto aos pessoais
produzem-se a 27/2 e quanto aos patrimoniais a 20/2.
Todavia, no que respeita aos terceiros os efeitos do divórcio só se contam da data a
partir do registo da sentença – artigo nº3 do artigo 1789º.

Nota apenas para o caso da separação de facto que permite !!!! ao cônjuge que alega a
separação ode facto de requerer que os efeitos do divórcio retroajam a data da
celebração – artigo 1789ºnº2, sendo que no caso não se aplica. – BREVE
DEMONSTRAÇÃO TEORICA.

Como o pai do João faleceu após a propositura do ação do divórcio e uma vez que os
efeitos patrimoniais cessam a partir da data da propositura da ação, então, Maria
NÃO TERIA RAZÃO.

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Luís Monteiro a91497

Diga-se, ainda, que caso o pai do João tivesse falecido antes da propositura da ação,
aí sim Maria teria razão, sendo certo porém que a partilha seria sempre feita nos
termos do artigo 1790º, isto é, mesmo ele estando casado no regime da comunhão
geral, teriam de fazer a partilha, como se estivesse tratados no regime da comunhão de
adquiridos. De acordo com a prof Cristina dias é o valor da meação de cada um dos
cônjuges que vai cairas ou seja independentemente de estarem ou não casado na
comunhão geral de bens. A prof entende, portanto, que se impõe na partilha um regime
diverso do que aquele que os cônjuges tiveram intenção de estipular. Trata-se de uma
limitação sem justificação à liberdade contratual.

Casos Práticos nº15

Ana, de quinze anos, encontrou um recém-nascido abandonado num parque de


estacionamento. Uma vez que sempre gostou muito de bebés decidiu declarar o
respetivo nascimento no registo, identificando-se como mãe da criança a quem chamou
João Benvindo.

Passados dezanove anos João recebe uma carta de Alice, onde esta lhe conta que é a sua
verdadeira mãe biológica mas que não o pretende assumir publicamente por nunca ter
sido casada.

Enfurecido com ambas, João pretende que Alice conste como sua mãe no registo. Quid
iuris?

RESPOSTA:

Ana, de 15 anos, encontra um recém-nascido e regista-o (tendo em conta que lhe deu
um nome: João Benvindo). Ao mesmo tempo que faz a declaração de nascimento, faz a
declaração de maternidade.

 Na declaração de nascimento, declara o nascimento do João Benvindo; e na


declaração de maternidade (declara-se como mãe do João Benvindo).

 Declaração de maternidade (é a mãe que declara) ≠ indicação de maternidade


(alguém, em nome da mãe, que indica a maternidade).

 Declaração de nascimento ≠ declaração de maternidade ≠ indicação de maternidade

 Há determinados direitos pessoais cuja incapacidade é insuprível. O homem tem


estabelecido no CC uma idade para perfilhar, uma data a partir da qual pode ter o
exercício do gozo desse direito: 16 anos(art.º 1850.º, n.º 1 do CC).

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Luís Monteiro a91497

 Perfilhar é o ato voluntário de se estabelecer a paternidade.

 Nada tem a ver com a maternidade.

 O legislador não fixou nenhum prazo/idade para o estabelecimento da maternidade.

 Relativamente à mulher, não há idade para a capacidade de gozo relativamente ao


estabelecimento da maternidade.

 No direito da filiação, vigora o princípio da verdade biológica, o que significa que é


necessário fazer corresponder a verdade biológica à verdade jurídica (registo).

 Alice escreveu uma carta onde refere que é a verdadeira mãe. O João pode pedir à
Conservadora paracorrigir? Não pode, mesmo que não haja dúvidas (ex.: exame de
ADN). A Conservadora não irá acolher o pedido dele.

 João tem de propor uma ação de impugnação.

 Se já existe um assento com um nome, é necessário limpar esse nome para depois
poder escrever outro. limpa-se através de uma ação de impugnação e se esta ação de
impugnação proceder, é possívelestabelecer a maternidade através de uma ação de
reconhecimento judicial da maternidade.

 Este é sempre o mecanismo para a maternidade e paternidade. Sempre que esteja


estabelecida maternidade ou paternidade erradas, é necessário intentar ação de
impugnação e depois pode-se ter um ato voluntário (perfilhação) ou ação de
reconhecimento judicial.

 A declaração de maternidade pode variar caso a criança tenha menos de 1 ano ou mais
de ano. No primeiro caso, a conservatória avisa a mãe de que foi indicada como mãe
(art.º 1804.º do CC); após umano, a mãe é notificada para se pronunciar (art.º 1805.º do
CC).

Resposta:

 No direito da filiação, verifica-se a necessidade de existir uma correspondência entre


a verdade biológica e a verdade jurídica. Ou seja, pretende-se que quem esteja
registado/a seja efetivamente o pai ou a mãe da criança.

 Quanto ao estabelecimento da maternidade, esta deriva do próprio facto biológico,


que é o parto, tal como refere o n.º 1 do art.º 1796.º do CC 1 . Isto significa que, em
regra, é do próprio nascimento que resulta o estabelecimento da maternidade (nota:
exceção para o caso da gestação de substituição).

 Conforme impõe o art.º 1803.º do CC, aquele que declarar o nascimento deve, sempre
que possível, indicar a mãe (≠ declaração) e a maternidade deverá constar
obrigatoriamente no registo (n.º 2 do art.º 1803.º do CC – fazer remissão para o art.º 1.º,
n.º 1, al. a) do CRegCiv).

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Luís Monteiro a91497

 Isto significa que, relativamente à maternidade, o legislador não distingue se a mãe é


casada ou não. Ou seja, a maternidade estabelece-se de igual modo, independentemente
do estado civil.

 No que respeita à idade da Ana (15 anos), esse dano também não é relevante para
efeitos de estabelecimento da maternidade, pois o legislador apenas exige capacidade
negocial de gozo para perfilhar, ou seja, os 16 anos (art.º 1850.º do CC). Portanto, a
idade da Ana é irrelevante para o estabelecimento da maternidade.

 No caso concreto, Ana, ao mesmo tempo que declarou o nascimento de João


Benvindo, declarou a maternidade. Sucede, porém, que aos 19 anos, João descobre que
a sua verdadeira mãe é Alice e pretende corrigir a verdade jurídica.

 Para o efeito, terá obrigatoriamente de propor uma ação de impugnação da


maternidade, prevista no art.º 1807.º do CC. Isto porque refere o art.º 1815.º do CC que
não é admissível o reconhecimento de maternidade em contrário do que conste do
registo de nascimento, o que significa que num primeiro momento será obrigatório
propor-se ação de impugnação da maternidade.

 Refere o art.º 1807.º do CC que o João tem legitimidade para propor a ação sem
dependência de prazos.

 Por outro lado, o legislador não concretizou uma norma específica para a legitimidade
passiva. E segundo o Prof. Guilherme Oliveira, não nos devemos socorrer da aplicação
da regra geral prevista no art.º 30.º do CPC, que obrigaria a propor a ação contra a mãe
enquanto titular da relação material controvertida. Mas sim, por aplicação analógica do
art.º 1846.º e 10.º do CC, deve-se demandar a mãe e a pretensa mãe.

 Quanto à prova, são admitidos todos os meios de prova em direito. o legislador


consagra ainda uma norma especial no art.º 1081.º do CC, ou seja, consagra a hipótese
dos exames de sangue e de quaisquer outros meios cientificamente comprovados.

 Remissões: 1801.º + 1846.º (10.º) + 1807.º

 Tendo a ação de impugnação sido julgada procedente, e não tendo existido declaração
de maternidade, poderá ser proposta uma ação de reconhecimento judicial da
maternidade nos termos do art.º 1814.º do CC [afasta-se o reconhecimento voluntário].

 A legitimidade ativa para este reconhecimento judicial está prevista no art.º 1814.º do
CC. Cabe ao João a prova (mesmos métodos de prova acima identificados,
designadamente o art.º 1801.º do CC.

 Quanto à legitimidade passiva, a ação deve ser proposta contra a pretensa mãe, nos
termos do art.º 1819.º n.º 1 do CC.

 No que respeita ao prazo para João propor a ação de reconhecimento judicial, o


enunciado refere que João tem 19 anos e, portanto, está em prazo para propor a ação
porque o n.º 1 do art.º 1817.º do CC dizque o filho tem até 10 anos após a sua
maioridade para propor a ação. Todavia, mesmo que João já tivesse mais do que 28
anos (18+10), o João sempre teria três anos após a procedência da anterior para propor

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Luís Monteiro a91497

esta ação. 1 Art.º 1796.º, n.º 1 do CC – Relativamente à mãe, a filiação resulta do facto
do nascimento e estabelece-se nos termos dos artigos1803.º a 1825.º

 O João cumpre o prazo, nada vinha a discutir-se, sob pena de questão de a


constitucionalidade desta norma ser muito discutida.

 No que respeita à prova, o João, a quem cabia provar que nasceu da pretensa mãe
(art.º 1816.º, n.º 1 do CC), sempre poderia socorrer-se de uma presunção de
maternidade a favor de Alice, pois diz a al. b) do n.º 2 do art.º 1816.º do CC que a
maternidade se presume quando exista carta ou escrita no qual a pretensa mãe declare
inequivocamente a sua maternidade.

 Remissões: 1801.º + 1814.º + 1816.º + 1817.º

 A fixação do prazo para o reconhecimento judicial da maternidade levanta questões


quanto à sua constitucionalidade. Apesar da Reforma operada pela Lei n.º 14/2009, de 1
de abril, a verdade é que a questão da constitucionalidade continua a ser levantada,
apesar de o legislador ter procedido ao alargamento dos prazos em 2009.

 No presente, continua a existir divergência jurisprudencial, designadamente por se


entender que se está a limitar a verificação de origem genética e de se estabelecer a
verdadeira filiação.

 O Tribunal Constitucional continua a pronunciar-se em caminho irregular/diverso,


tendo-se pronunciadoquanto à não inconstitucionalidade no Acórdão n.º 401/2011, de
22 de setembro (ou seja, já após a Reforma de 2009) e no Acórdão n.º 488/2018, de 4
de outubro se tenha pronunciado quanto à inconstitucionalidade. A última decisão sobre
esta temática (mais recente) decorre do Acórdão n.º394/2019, de 3 de julho, que
defende que não é inconstitucional. Ou seja, a última decisão é no sentidode que a
norma não é inconstitucional.

II

No verão de 2015, Antonieta pediu Bártolo em casamento. O casamento veio a realizar-


se no verão seguinte, sendo menina das alianças, a filha de ambos, Constantina, já com
dois anos. O registo de nascimento de Constantina foi realizado por Antonieta e Bártolo,
nos dias seguintes ao seu nascimento.

No verão passado, Antonieta deu à luz um menino a quem fez questão de dar o nome de
Bártolinho, em homenagem ao pai.

Jacinta, aluna do 4.o ano da licenciatura em Direito na EDUM, inquieta-se quanto ao


estabelecimento da paternidade de Constantina e Bártolinho.

1. a) Quid Iuris?

RESPOSTA:

 Antonieta e Bártolo têm dois filhos. Jacinta quer saber como se estabeleceu a
paternidade dos dois filhos.

89
Luís Monteiro a91497

 Quanto à maternidade não há dúvidas (arts. 1796.º, n.º 1 e 1803.º do CC).

 Considerações teóricas sobre a maternidade/nascimento.

 Agora é necessário estabelecer a paternidade.

 Existe um filho antes do casamento e existe um filho depois do casamento.

 O art.º 1796.º, n.º 2 do CC refere que sempre que a mãe for casada, aplica-se o art.º
1796.º, n.º 2, primeira parte do CC: se a criança nasce na constância do casamento
presume-se que o pai é marido da mãe (“presume-se” » remissão do art.º 1796.º, n.º 2,
1.ª parte para o art.º 1826.º do CC).

 Bartolinho nasceu depois do casamento, presume-se a paternidad , nos termos dos


arts. 1796.º, n.º 2 e 1826.º do CC.

 Diferentemente, Constantina nasceu antes do casamento.

 A paternidade foi estabelecida simultaneamente com a maternidade? Sim. Foi


àquela data que se fez o registo, pelo que eram solteiros, não atuando a presunção.

 O art.º 1796.º, n.º 2, 2.ª parte do CC (“os casos de filiação fora do casamento,
estabelece-se pelo reconhecimento”) refere-se a “reconhecimento”, existindo dois
tipos: voluntário (fazer remissão para 1849.º) ou judicial (fazer remissão para 1869.º
do CC).

 No caso concreto, existiu uma perfilhação. Bártolo estabeleceu a paternidade de


forma voluntária.

2. b) Em alternativa, imagine que aquando do nascimento de Constantina,


Antonieta e Bártolo já faziam vida de casados. A resposta seria a mesma?

RESPOSTA

 Quando Constantina nasceu, A e B faziam vida de casados, eram unidos de facto.

 Lei da União de Facto – condições análogas à dos cônjuges (comunhão de mesa, leito
e habitação) + considerações teóricas

 No casamento opera a presunção de paternidade. Na união de facto não opera. O art.º


1796.º do CC fala claramente em Marido.

 O art.º 1796.º é claro, fala no marido, e não em unido de facto. esta presunção é um
efeito do casamento (apenas).

 Esta questão é discutida na Doutrina.

 Há doutrina que defende que também é uma limitação ao art.º 36.º, n.º 4 da CRP
(relacionada com a distinção dos filhos dentro ou fora do casamento).

90
Luís Monteiro a91497

 Há doutrina que diz que não devido ao caráter informal da união de facto, que não
permite ao Estado aferir do início e do fim da relação de facto, a prova é muito
subjetiva (são os próprios a declarar) e há quem entenda que esta presunção só possa
operar no casamento.

 Sim, a resposta é a mesma. a presunção só opera quando estiverem casados.

I - CASOS Nº16 – 29/03/2023 (filiação)

Amélia e Manuel casaram em 2010 sem convenção antenupcial. Os filhos do casal,


António e Inês, nasceram em setembro de 2015 e março de 2018, respetivamente.

No mês passado António descobre, na arrecadação da casa dos seus pais, um postal
dirigido a Amélia e escrito por Euclides, seu antigo vizinho, onde este assume ser o
verdadeiro pai de António e relata o intenso romance que viveu com Amélia de outubro
de 2014 a maio de 2015. António fica muito perturbado e começa a compreender
porque Manuel nunca o tratou da mesma forma que à sua irmã Inês.

Explique como pode António estabelecer a sua verdadeira paternidade.

RESPOSTA:

Amélia e Manuel têm dois filhos: António e Inês.

 António descobre um postal em casa em que Euclides diz que é o verdadeiro pai de
António.

 António quer ver estabelecida a verdade jurídica (o pai que está no papel não é o seu
verdadeiro pai).

Quer corresponder a verdade biológica à verdade jurídica.

 É mais fácil começar pelo estabelecimento da maternidade porque a paternidade tem


mais problemas.

 Propósito do direito da filiação + estabelecimento da maternidade.

 A maternidade deriva do próprio parto biológico (nascimento), nos termos dos arts.º
1796.º, n.º 1 e 1803.º a 1825.º do CC

 O enunciado não dá qualquer outro elemento, pelo que se presume que o


estabelecimento da maternidade resultou do próprio parto.

 Para o estabelecimento da paternidade, em relação ao pai, deve-se questionar se os


filhos nasceram, ou não, na constância do casamento.

 O legislador separa no art.º 1796.º, n.º 2 do CC duas hipóteses: na constância do


casamento ou fora do casamento.

91
Luís Monteiro a91497

 Quando os filhos nasceram, Amélia e Manuel já eram casados, pelo que nasceram na
constância do casamento (art.º 1796.º, n.º 2, 1.ª parte do CC).

 Tal significa que vai atuar a presunção de paternidade (pater is est), que consta do
art.º 1796.º, n.º 2 do CC e do art.º 1826.º do CC.

 Presume-se que o filho nascido ou concebido na constância do matrimónio tem como


pai o marido da mãe (art.º 1826.º, n.º 1 do CC).

 Os filhos nasceram durante o casamento, pelo que se aplica a presunção do art.º


1826.º do CC. Esta presunção tem de ser lavrada/declarada no registo (art.º 1835.º do
CC).

 Diga a forma mais eficaz de fazer cessar a presunção – art.º 1832.º do CC – a mãe
pode afastar a presunção (é meu marido, mas não é o pai).

 António descobre um bilhete em que alguém se autonomeia pai dele. António quer
corrigir a situação.

 Em primeiro lugar, deve impugnar a paternidade porque há um registo do qual consta


um pai que não é o verdadeiro pai. Deve usar da ação de impugnação de paternidade
para retirar o nome do registo.

 Posteriormente, é necessário voltar a estabelecer a paternidade, o que sucede através


de perfilhação ou de reconhecimento judicial.

Resposta (pela professora) :

 No caso concreto, António teria de propor uma ação de impugnação da paternidade. 1

 António pretendia impugnar a presunção da paternidade (pater is est), ou seja, a


presunção que tinha operado em virtude do facto de António ter nascido durante o
casamento dos seus pais.

 O art.º 1848.º, n.º 1 do CC refere que “não é admitido o reconhecimento em contrário


da filiação que conste do registo de nascimento enquanto este não for retificado,
declarado nulo ou cancelado”. É similar à norma que existia para a maternidade. O
reconhecimento aqui em causa refere-se às duas formas: reconhecimento voluntário
(perfilhação) ou reconhecimento judicial.

 Remissão do art.º 1848.º do CC para o art.º 1838.º do CC.

 A ação de impugnação da presunção da paternidade está prevista no art.º 1838.º do


CC, sendo que a legitimidade ativa se encontra no art.º 1839.º do CC (fazer remissão).

 A paternidade presumida nos termos do artigo 1826.º não pode ser impugnada fora
dos casos previstos nos artigos seguintes (art.º 1838.º do CC).

 A paternidade do filho pode ser impugnada pelo marido da mãe [Manuel], por esta
[Amélia], pelo filho [António] ou, nos termos do artigo 1841.º, pelo Ministério Público

92
Luís Monteiro a91497

(art.º 1839.º, n.º 1 do CC). esta norma define a legitimidade ativa para a ação de
impugnação da presunção da paternidade.

 Nos termos do art.º 1841.º do CC, o suposto verdadeiro pai poderá requerer ao
Ministério Público que proponha a ação de impugnação da presunção da paternidade.
No caso, seria Euclides (não tem legitimidade ativa; quem tem é o MP, em sua
representação).

 Quanto à legitimidade passiva, aplica-se o art.º 1846.º do CC, estipulando o n.º 1 que
“na ação de impugnação de paternidade devem ser demandados a mãe, o filho e o
presumido pai quando nela não figurem como autores”. No caso concreto, quem tem
legitimidade passiva é a mãe (Amélia) e o presumido pai (Manuel) [o filho não porque
é quem propõe a ação].

 Em relação à prova são admitidos todos os meios de prova em Direito, bem como os
que estão previstos no art.º 1801.º do CC, sendo que, como refere o n.º 2 do art.º 1839.º
do CC, na ação o autor (António) deve provar que, de acordo com as circunstâncias, a
paternidade do marido da mãe é manifestamente improvável. No caso concreto, o
António poderá juntar como prova documental o referido postal dirigido por Euclides a
Amélia. Euclides poderia ser arrolado por António para ser testemunha (prova
testemunhal).

 O prazo para a propositura da ação de impugnação da paternidade presumida está


previsto no art.º 1842.º do CC. No caso sub judice, aplica-se o prazo de até 10 anos
depois de haver atingido a maioridade ou de ter sido emancipado, ou posteriormente,
dentro de 3 anos a contar da data em que teve conhecimento de circunstâncias de que
possa concluir-se não ser filho do marido da mãe (art.º 1842.º, n.º 1, al. c) do CC). O
enunciado não refere a idade do António.

 Remissão do art.º 1838.º do CC para os arts. 1839.º, 1841.º, 1846.º, 1801.º, 1839.º, n.º
2 e 1842.º do CC.

 Se esta ação fosse julgada procedente, poderia agora estabelecer a paternidade através
do reconhecimento, que tanto poderá ser voluntário (perfilhação – art.º 1849.º do CC),
como judicial (investigação da paternidade – art.º 1869.º do CC), tudo tal como
estabelece o art.º 1847.º do CC.

 O reconhecimento do filho nascido ou concebido fora do matrimónio efetua-se por


perfilhação ou decisão judicial em ação de investigação (art.º 1847.º do CC – remissão
para os arts. 1849.º e 1869.º do CC).

 No caso em apreço, nada indica que Euclides tenha posteriormente perfilhado


António. Portanto, o estabelecimento da paternidade terá de ser realizado com base na
ação de investigação da paternidade. 1 No art.º 1826.º consta a presunção de
paternidade. No 1838.º do CC tem-se a impugnação da paternidade. Esta corresponde à
impugnação da presunção de paternidade. A impugnação da paternidade no art.º 1838.º
do CC é a impugnação da presunção de paternidade. Isto porque no art.º 1859.º do CC
está em causa a impugnação da perfilhação. São coisas diferentes e é necessário ter
muita atenção a isto!!! Não se pode trocar as normas nos exames porque se tratam de
regimes diferentes!

93
Luís Monteiro a91497

 Se tivesse deixado um testamento, e não um postal, já não existia necessidade para


intentar a ação de investigação da paternidade. Teria, na mesma, de propor a ação de
impugnação para limpar, mas depois bastava dirigir-se à Conservatória com o
testamento. O testamento é uma forma de perfilhação.

 A ação de investigação da paternidade está prevista no art.º 1869.º do CC, que dispõe:
“A paternidade pode ser reconhecida em ação especialmente intentada pelo filho
[António – legitimidade ativa] se a maternidade já se achar estabelecida ou for pedido
conjuntamente o reconhecimento de uma e outra.”

 O art.º 1873.º do CC refere que “é aplicável à ação de investigação de paternidade,


com as necessárias adaptações, o disposto nos artigos 1817.º a 1819.º e 1821.º”. Esta é a
norma operante que permite ir buscar ao regime da paternidade o que é necessário para
o caso concreto.

 Quanto à legitimidade passiva, por remissão do art.º 1873.º do CC, aplica-se o art.º
1819.º do CC, o que significa que a ação será proposta contra o pretenso pai (Euclides).
O António vai propor a ação contra Euclides (art.º 1819.º ex vi 1873.º do CC).

 Em relação à prova são admitidos todos os meios de prova em Direito, bem como os
que estão previstos no art.º 1801.º do CC.

 No caso da ação de investigação da paternidade (e da maternidade) existem


presunções, em relação à paternidade, que estão previstas no art.º 1871.º do CC.

 No caso concreto, as presunções de paternidade que poderiam valer ao António


seriam as previstas nas alíneas b) [a paternidade presume-se quando exista carta ou
outro escrito no qual o pretenso pai declare inequivocamente a sua paternidade], c) [a
paternidade presume-se quando durante o período legal da conceção, tenha existido
comunhão duradoura de vida em condições análogas às dos cônjuges ou concubinato
duradouro entre a mãe e o pretenso pai] e e) [a paternidade presume-se quando se prove
que o pretenso pai teve relações sexuais com a mãe durante o período legal de
conceção] do n.º 1 do art.º 1871.º do CC.

 O António poderia alegar na sua ação estas três presunções. As alíneas c) e e)


referem-se ao período legal de conceção, que consta do art.º 1798.º do CC (fazer
remissão – se se usar uma destas presunções é necessário calcular).

 António nasceu em setembro de 2015 (01/09/2015). Na realidade tem de bater certo,


mas aqui não há mapa, então conta-se 10 meses para trás. O início do período da
conceção foi em novembro de 2014 (01/11/2014). Depois conta-se 4 meses para a
frente. O final do período de conceção é em março de 2015 (01/03/2015). O período
legal de conceção é entre novembro de 2014 e março de 2015.

 No caso concreto, estão preenchidas as presunções das alíneas c) e e), tendo em conta
os dados que constam do enunciado, designadamente que entre outubro de 2014 e maio
de 2015, Euclides e Amélia viveram um intenso romance.

 No que respeita aos prazos, por remissão do art.º 1973.º do CC, aplica-se o art.º 1817.º
do CC (falar das considerações teóricas sobre a constitucionalidade deste artigo e sobre

94
Luís Monteiro a91497

os acórdãos no caso de o prazo ter sido esgotado; caso contrário, dizer que está dentro
do prazo).

 António está dentro do prazo nos termos do art.º 1817.º, n.º 1 do CC, sendo que, se
não estivesse, poderia ser levantada a constitucionalidade desta norma (+ divergência
constitucional).

II

Rodolfo nasceu em 2008 e foi registado como filho de Cláudia, solteira, encontrando-se
a paternidade omissa. Em 2018 Cláudia passou a viver em condições análogas às dos
cônjuges com Júlio. Este, em julho de 2019, decidiu perfilhar Rodolfo.

Em agosto desse mesmo ano, Cláudia e Júlio casaram. Dessa união nasceu Rita, em
2021.

Suponha que Rita descobre que Rodolfo não é filho de Júlio, seu pai, e pretende que a
perfilhação feita por este último fique sem efeito.

Quid iuris?

RESPOSTA:

 É necessário verificar se Rodolfo nasceu, ou não, na constância do casamento. Aí


sabemos se atuou ou não a presunção

 Propósito da filiação + estabelecimento da maternidade

 No que respeita à paternidade, Rodolfo nasceu e a sua mãe não era casada, o que
significa que não opera a presunção de maternidade (art.º 1796.º, n.º 2, 1.ª parte do
CC), mas sim que a paternidade do Rodolfo será estabelecida através de
reconhecimento (remissão para o art.º 1847.º do CC).

 O Júlio perfilhou o Rodolfo, ou seja, voluntariamente declarou que era o pai da


criança.

 No caso concreto, Júlio perfilhou Rodolfo. Ou seja, trata-se de um reconhecimento


voluntário da paternidade.

 Refere o art.º 1849.º do CC que a perfilhação é um ato pessoal e livre. Em regra é


pessoal porque deve ser praticado pelo próprio e é um direito pessoal de gozo (direito
estritamente pessoal) e é livre porque deve ser interiormente e exteriormente livre (não
deve haver vícios de erro e coação).

 Por outro lado, o art.º 1850.º do CC refere que tem capacidade para perfilhar os
maiores de 16 anos. Isto significa que o legislador estabelece um momento para o
homem perfilhar.

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Luís Monteiro a91497

 No que respeita à forma para perfilhar, o art.º 1853.º do CC refere que a perfilhação
pode fazer-se: a) Por declaração prestada perante o funcionário do registo civil; b)
Por testamento; c) Por escritura pública; d)

Por termo lavrado em juízo.

 O testamento é uma forma para se perfilhar.

 O art.º 1854.º do CC refere que a perfilhação pode ser feita a todo o tempo, antes ou
depois do nascimento do filho ou depois da morte deste.

 Por seu turno, o art.º 1858.º do CC refere que a perfilhação é irrevogável, mesmo
quando feita em testamento que venha a ser revogado.

 Todavia, esta irrevogabilidade pode ser afastada por impugnação (art.º 1859.º do
CC) ou através da relação da perfilhação por erro ou coação, nos termos do art.º
1860.º do CC.

 O ato de perfilhação não poderá introduzir ou ser composto por cláusulas que
limitem/alterem/modifiquem os efeitos da perfilhação, sob pena de se considerarem
como não escritos (art.º 1852.º, números 1 e 2 do CC).

 No caso concreto, Júlio perfilhou Rodolfo. Acontece, porém, que Rita, uma outra
filha de Cláudia e de Júlio, vem descobrir que o seu irmão Rodolfo é apenas seu irmão
uterino, o que significa que quer descobrir a verdade.

 Apesar de não ser mãe nem pai, tem um interesse pessoal e patrimonial.

 A perfilhação é irrevogável, sem prejuízo de poder haver uma ação de impugnação


ou de anulação. No caso concreto, nºao pode haver ação de anulação porque o
enunciado não refere que a perfilhação foi feita por erro ou coação.

 Mas pode-se lançar mão de uma ação de impugnação, no caso de Rita ter
legitimidade ativa para tal, o que sucede, nos termos dos art.º 1859.º do CC.

 No caso concreto, Rita tem legitimidade ativa para propor esta ação, porquanto tem
um interesse pessoal e patrimonial (designadamente em termos sucessórios) para
impugnar um ato de perfilhação que não corresponda à verdade (art.º 1859.º, números
1 e 2 do CC).

 Quanto à legitimidade passiva, o legislador não faz uma previsão expressa, o que
significa que é necessário analisar as duas testes:

→ A tese do Prof. Guilherme de Oliveira, que refere que se está perante uma lacuna na
lei e, portanto, ter-se-á de aplicar, analogicamente, o disposto no art.º 1846.º do CC,
ou seja, devem ser demandados o pai (Júlio), a mãe (Cláudia) e o filho (Rodolfo).

→ Por outro lado, a outra tese defende que deve ser aplicado o art.º 30.º do CPC, ou
seja, que a ação deve ser instaurada contra os titulares de uma relação matrimonial

96
Luís Monteiro a91497

controvertida contra aqueles que têm interesse direto em contradizer, ou seja, no caso
concreto, apenas o pai (Júlio) e o filho (Rodolfo), excluindo a mãe.

 Quanto ao prazo, refere o art.º 1859.º, n.º 2 do CC, que a ação pode ser intentada a
todo o tempo.

 Em relação à prova são admitidos todos os meios de prova em Direito, bem como os
que estão previstos no art.º 1801.º do CC.

 Impugnação da perfilhação: arts. 1859.º, n.º 2 (legitimidade ativa); 1846.º


(aplicação analógica – legitimidade passiva) + art.º 30.º do CPC; art.º 1859.º, n.º 2
(prazo) e 1801.º do CC (prova)

 Na impugnação da presunção está estabelecido um prazo para a propositura da


ação de impugnação da paternidade presumida (art.º 1842.º do CC), mas não prevê um
prazo para se impugnar a perfilhação, e há quem discuta a constitucionalidade,
designadamente a diferença entre filhos concebidos na constância do casamento, em
comparação com os que nasceram fora do casamento.

 Aquele tal acórdão, deixou tudo na mesma. O TC não julgou inconstitucional o


prazo estabelecido na ação de impugnação da paternidade presumida.

 Há diferenças nos regimes: numa há prazos; noutras não há.

AULA TP 19/4/2023

I casos nº17

Martim, nascido a 26/03/1970, foi registado como filho de Nina e pai incógnito.
Pretendendo o reconhecimento judicial da paternidade, Martim intentou uma ação de
investigação contra Orlando, em janeiro de 2010, invocando factos subsumíveis a um
relacionamento da sua mãe com Orlando.

Sabendo que ficou provado que:

 − 1.o Orlando foi casado com Pilar, entretanto falecida, de quem tem três filhos;
 − 2.o Nina trabalhou como costureira na casa dos pais do Orlando entre 25 de
maio

e 30 de setembro de 1969;

 − 3.o Entre Orlando e Nina estabeleceu-se, nessa ocasião, uma relação de


namoro;
 − 4.o Antes do nascimento de Martim, Nina nunca havia mantido relações
sexuais

ou de simples namoro com outro homem, que não Orlando;

97
Luís Monteiro a91497

 − 5.o Orlando confessou a alguns amigos ser o autor da gravidez de Nina;


 − 6.o Orlando sempre aceitou que Martim o chamasse «pai»;
 − 7.o Orlando dizia a algumas pessoas com quem privava que Martim era seu
filho;
 − 8.o Orlando tratou, algumas vezes, o Martim como seu filho;
 − 9.o Algumas pessoas que conhecem Nina, Orlando e o Martim sempre
disseram,

e dizem, que este é filho daquele;

 − 10.o No início do namoro, Orlando prometeu a Nina que casaria com ela logo
que

concluísse a sua licenciatura, o que não fez;

 − 11.o Os vizinhos de Orlando, moradores da mesma rua, nunca o viram com o

Martim;

 − 12.o Nina é oriunda de uma família pobre;


 − 13.o Orlando é filho de proprietários agrícolas abastados e conhecidos na
região.

Quid iuris?

RESPOSTA:

 O enunciado refere que o Martim tem a maternidade estabelecida, mas não a


paternidade. Atualmente, a

referência a filho de pai incógnito já não existe. Aparece “***” e é logo


indicado ao MP para iniciar o

procedimento.

 A averiguação oficiosa da paternidade não é um método de estabelecimento


da paternidade [as formas

são a presunção e o reconhecimento voluntário ou judicial]. A averiguação


oficiosa é um meio de se

chegar à verdadeira paternidade.

 Ainda existem situações destas, seja porque a mãe não sabe, seja porque o
pai, voluntariamente, não quer

perfilhar.

 Art.º 1864.º do CC – Sempre que seja lavrado registo de nascimento de


menor apenas com a

98
Luís Monteiro a91497

maternidade estabelecida, deve o funcionário remeter ao tribunal certidão


integral do registo, a fim de se

averiguar oficiosamente a identidade do pai.

 O MP recebe o processo e chama a mãe, que é a pessoa que maior


informação terá sobre a paternidade

(art.º 1865.º, n.º 1 do CC).

 Se a mãe, assim que é chamada a tribunal, identificar o pai, o tribunal chama


essa pessoa (art.º 1865.º, n.º

2 do CC).

 Art.º 1865.º, números 3 a 5.

 Não é possível fazer-se este método nos casos de: a mãe ou o pai forem
parentes ou afins em linha reta

ou parentes no segundo grau da linha colateral (ou seja, pais e filhos ou


irmãos) ou se tiverem decorrido

dois anos sobre a data do nascimento (se a Conservatória não comunica nada
ao tribunal e passaram dois

anos, já não é possível recorrer a este método) (art.º 1866.º do CC); casos de
procriação medicamente

assistida (Art.º 20.º, n.º 3 da LPMA).

 Se o Martim nascesse hoje, a Conservatória iria comunicar obrigatoriamente


o facto de a paternidade não

estar estabelecida para que fosse iniciado o processo da tramitação oficiosa da


paternidade.

 Só que a verdade é que a averiguação oficiosa não deu em nada no caso


concreto e o Martim continuou

sem a paternidade estabelecida.

 Acontece que o Martim tem um conjunto de factos que o levam a achar que
uma determinada pessoa é

pai dele.

99
Luís Monteiro a91497

 Não havendo nenhum registo quanto à paternidade de Martim, é possível o


recurso imediato a uma ação

de investigação de paternidade. Existindo o nome de alguém, primeiro é


necessário impugnar a

paternidade e só depois intentar a ação de investigação (no caso não era


necessário impugnar primeiro

porque a paternidade não estava estabelecida).

 Arts. 1796.º, n.º 2 + 1847.º + 1869.º do CC

 Identificada a ação de investigação da paternidade nos termos do art.º 1869.º


do CC, este refere quem

tem legitimidade para propor esta ação: filho.

 No caso concreto, a maternidade já estvaa estabelecida, faltava a


paternidade, e esta norma diz que o

filho poderia propor a ação de investigação de paternidade (ou seja, Martim).

 A legitimidade passiva desta ação de investigação de paternidade está


prevista no art.º 1819.º do CC, por

remissão expressa do art.º 1873.º do CC. A ação deve ser proposta contra o
pretenso pai, ou seja, contra

Orlando.

 Art.º 1819.º, n.º 2 do CC – para que o estabelecimento da paternidade


produza efeitos sucessórios, a ação

tem de ser proposta contra o pretenso pai e os seus herdeiros.

 No caso concreto há herdeiros (três filhos), pelo que a ação teria de ser
proposta contra Orlando,

enquanto pretenso pai (art.º 1819.º, n.º 1 ex vi art.º 1873.º do CC) e contra os
seus herdeiros (três filhos

deste).

 Na ação de investigação da paternidade são admitidos todos os meios de


prova em Direito, os demais

descritos no art.º 1801.º do CC e ainda as presunções de paternidade previstas


no art.º 1871.º do CC.

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Luís Monteiro a91497

 Com base nos factos do enunciado é possível invocar várias presunções.

 Art.º 1871.º, al. a) do CC – posse de estado, que se divide em nomen (nome),


tractatus e fama.

 Atendendo à factualidade, os factos para o nome são os 5.º, 6.º e 7.º

 Relativamente ao tratamento/estatuto/forma como era tratado, tem-se o facto


8.º.

 Relativamente à fama, ou seja, o público reputar Martim como filho de


Orlando, é possível corresponder

os factos 9.º e 11.º.

 A al. b) não é aplicável.

 Quanto à al. c), é sustentada pelo facto 3.º; a al. e) é sustentada pelo facto 5º.

 Para isso, é necessário calcular o período legal de conceção, que, nos termos
do art.º 1798º. Do CC, é

ficado nos primeiros 120 dias dos trezentos que precederam ao seu nascimento.

 No caso concreto, para Martim poder alegar as presunções das alíneas c) e


e), é necessário calcular o

período legal de conceção.

 Martim nasceu em Março: anda-se 4 meses para trás e 3 para a frente.

 Assim, parece ser possível aferir o período legal de conceção e tendo em


conta a factualidade descrita no

enunciado, que o Martim possa efetivamente alegar as presunções previstas nas


alíneas c) e e) do art.º

1871.º´

 Relativamente à al. d) é necessário distinguir duas situações: sedução


simples (1.ª parte); e sedução

qualificada (2.ª parte).

 A doutrina entende que a primeira é realizada sobre uma virgem ou


inexperiente; a solução qualificada

quando o consentimento for adquirido por abuso de confiança.

101
Luís Monteiro a91497

 Factos 10.º, 4.º e 2.º

 Por último, cumpre ainda analisar-se o prazo de que Martim dispõe para
propor a respetiva ação e estes

estão previstos nos termos do art.º 1817.º, ex vi art.º 1873.º do CC.

 Além dos 10 anos que dispõe após a maioridade, tem os três que dispõe após
a retificação, declaração de

nulidade ou cancelamento do registo inibitório.

 A ação pode ainda ser proposta nos três anos posteriores à ocorrência de
algum dos seguintes factos: a)

Ter sido impugnada por terceiro, com sucesso, a maternidade do investigante;


b) Quando o investigante

tenha tido conhecimento, após o decurso do prazo previsto no n.º 1, de factos ou


circunstâncias que

justifiquem a investigação, designadamente quando cesse o tratamento como


filho pela pretensa mãe; c)

Em caso de inexistência de maternidade determinada, quando o investigante


tenha tido conhecimento

superveniente de factos ou circunstâncias que possibilitem e justifiquem a


investigação. [sublinhar].

 A al. c) não pode ser aplicada porque se sabia quem era o pai.

 Mas a al. b) já permite: é o que acontece no caso. Martim era tratado como
filho do Orlando e podia,

eventualmente, recorrer à al. b) do n.º 3 do art.º 1817.º ex vi 1873.º do CC para


propor a respetiva ação

de reconhecimento judicial da sua paternidade.

 Sem prejuízo, há quem entenda que os prazos para a propositura de uma


ação de investigação são

inconstitucionais, mesmo com a reforma operada pela Lei n.º 14/2009, de 1 de


abril, que veio alargar os

respetivos prazos, existem decisões diferentes e contrárias (ou em contradição)


no seio da jurisprudência.

102
Luís Monteiro a91497

 Faltam todos os enquadramentos teóricos tanto a respeito da filiação como


ao estabelecimento da

maternidade !!

 Colocar ao lado de cada ação: legitimidade ativa, passiva, prova e prazos

PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

Há formas de Procriação Medicamente Assistida:

 Assexuada – apenas tem um componente genético. É totalmente proibida


porque é a que dá origem à

clonagem.

 Sexuada – têm dois componentes genéticos: um masculino e outro feminino.

Por outro lado, dentro dos métodos de Procriação Medicamente Assistida:

 Métodos homólogos – existe o recurso ao próprio material genético dos


beneficiários. São as pessoas

que se propõe a beneficiar daquela técnica que dão o seu material genético

 Métodos heterólogos – é quando o material genético provém de terceiro,


sendo certo que pode ser

parcial (um é de um beneficiário e o outro é de terceiro) ou total (os dois


componentes genéticos não

fazem parte de nenhum dos membros do casal).

A Procriação Medicamente Assistida ou a necessidade de se prever em


Portugal a possibilidade de se

recorrer a estas técnicas eram já faladas desde o ano de 1997. Desde aí se


defendia que o CC deveria ser

revisto e se deveria prever em Portugal a possibilidade de se recorrer a estas


técnicas.

Mas apenas em 2006 nasceu a primeira lei de Procriação Medicamente


Assistida.

103
Luís Monteiro a91497

Até 2016, a coisa corria mais ou menos bem. Existiu uma grande reforma e as
coisas começaram a correr

mal, designadamente por causa da gestação de substituição, que continua sem


ter aplicabilidade em tribunal.

Foi alvo de várias análises pelo Tribunal Constitucional e ainda hoje continua
sem regulamentação.

A Reforma implicou que daí em diante fossem sucessivas as análises do


Tribunal de Constituição.

Na gestação de substituição, a grande questão que surgia era se a gestante se


arrepende e deixa de querer

entregar a criança e quer ser mãe. O que dizia a lei é que não podia haver
arrependimento e essa norma foi

julgada inconstitucional.

Aquilo que se tem hoje é que a gestante pode revogar o seu consentimento até
ao momento do registo da

criança. Até aí pode existir revogação daquele contrato gratuito.

Relaciona-se com vários princípios:

 Princípio Dignidade humana (arts. 3.º da LPMA e 1.º da CRP)

 Princípio da investigação científica (art.º 42.º da CRP)

 Direito à constituição de uma família (art.º 36.º, n.º 1 da CRP)

 Princípio da igualdade (art.º 13.º, n.º 1 da CRP) – permite que pessoas que
não tenham capacidade normal para a procriação possam recorrer a estas
técnicas assistidas.

 Princípio do direito à identidade pessoal e à descoberta da verdade biológica


(arts. 26.º, n.º 1 da LPMA e 3.º da CRP) – coloca-se a questão de saber se a
pessoa que nasceu com recurso a esta técnica tem, ou não, direito a saber quem
foi o dador de sangue. Anteriormente, prevalecia o direito ao anonimato do
dador (a não ser por questões de saúde, o tribunal não poderia declarar).
Desde 2018 e a partir da maioridade, a pessoa tem o direito de saber a
identificação civil do dador. Para além disso, o legislador esqueceu-se dos
impedimentos matrimoniais, pelo que hoje é possível saber, quando se está a
casar, se a outra pessoa é o dador. E para além disso o legislador só prevê a
esta possibilidade para a pessoa que nasceu, não podendo o dador saber.

104
Luís Monteiro a91497

O art.º 2.º da LPMA estabelece as técnicas de PMA permitidas em Portugal.


Cada uma destas necessita do despacho de regulamentação, que ainda não
existe relativamente à gestação de substituição.

No art.º 3.º da LPMA consta o princípio da dignidade humana.

No art.º 4.º da LPMA consta o princípio da subsidiariedade, o que significa que


em Portugal não é permitido o recurso imediato a uma técnica de procriação
tecnicamente assistida. Não se permite que um casal recorra a esta técnica só
porque sim. Inicialmente, tem de tentar os métodos naturais (relações sexuais).
O legislador não permite que homens solteiros nem casais homossexuais de
homens recorram a esta técnica. Apenas podem casais de mulheres ou casais de
sexo diferente e terão de ter, pelo menos, 18 anos.

O art.º 7.º da LPMA fala das finalidade proibidas: não é possível escolher
determinadas características do nascitura.

O art.º 8.º da LPMA respeita à gestação da substituição.

O Prof. Jorge Duarte Pinheiro entende que se estabelece a qualidade jurídica de mãe a
favor da beneficiária. no momento da celebração do contrato de gestação.

O n.º 2 refere que esta é realizada a título totalmente excecional e o n.º 3 atribui um
critério preferencial a que a mulher gestante já tenha sido mãe.

Na última reforma, o legislador tentou tutelar as legítimas expectativas de ambos. As


mulheres que podem recorrer são as que tenham ausência do útero, lesão ou doença
deste órgão, ou outra situação clínica que impeça de forma absoluta a gravidez da
mulher. Para validar e garantir o caráter gratuito tem de ser feito um pedido de
autorização próprio (números 5 e 6). É proibido qualquer tipo de pagamento. A única
coisa que se permite é o pagamento de despesas de tratamento. O número 8 não
permite a celebração do negócio jurídico quando existe uma subordinação laboral,
económica ou de que tipo for.

A criança nascida à luz da gestação de substituição é tida como filha dos


beneficiários (número 9).

O consentimento é revogável até ao momento do registo da criança (número


10). O número 14 tem uma cláusula proibitiva: não é possível impor a gestante
de substituição normas que contendem aos seus direitos (dignidade da pessoa
humana).

Nenhum médico, nos termos do art.º 11.º, pode ser obrigado a realizar estas técnicas de
PMA. Trata-se da objeção de consciência dos métodos.

Os arts. 13.º-A e 13.º-B da LPMA referem-se aos direitos e deveres da gestante


de substituição.

Quanto à forma de consentimento verifica-se o art.º 14.º da LPMA, para todas


as formas de procriação medicamente assistida, tendo de ser prestado por

105
Luís Monteiro a91497

escrito. O número 4 refere que é revogável até ao início do tratamento, salvo no


caso da gestação de substituição (até ao momento do registo).

O art.º 15.º refere-se aos direitos ao anonimato e direito à identidade pessoal de


cada um. O acórdão do TC n.º 225/2018 veio julgar a versão anterior deste
artigo inconstitucional. Até 2018, este artigo previa o direito. a anonimato do
dador. Atualmente, não: existe uma exceção ampla, dando-se prioridade ao
princípio do direito à identidade sobre o direito ao anonimato. O n.º 3 refere-se
aos impedimentos matrimoniais, mas não se refere ao dador (privilegia o
conhecimento à identidade pessoal da pessoa que nasceu de uma técnica de

PMA face ao dador). O n.º 6 refere que em caso algum o assento de nascimento
da criança pode fazer referência a que a mesma nasceu fruto de uma técnica de
procriação medicamente assistida.

No art.º 18.º consta a proibição da compra de material genético (não é


comercializável). Todas as técnicas de PMA têm caráter gratuito.

No que respeita à determinação da paternidade, aplica-se o art.º 20.º da LPMA.


Esses são havidos como pais. da criança. A paternidade fica estabelecida pelo
consentimento. Se apenas ficar estabelecida a maternidade, não é possível
iniciar a averiguação oficiosa da paternidade. Se a beneficiária falsificar o
consentimento, o número 4 permite a prova em contrário.

O art.º 22.º refere-se à inseminação post mortem e ao projeto parental. O


marido terá de dar consentimento antes de falecer e existem requisitos. Se
deixou escrito, a mulher pode engravidar nos três anos posteriores à

morte e uma única gravidez. Se daqui nascer uma criança, a mesma é havida
como filha do falecido. A herança pela morte dele ficará jacente (art.º 23.º, n.º 5
da LPMA), ou seja, não há partilha até se concretizar o projeto parental. O
capítulo VII refere-se a responsabilidade criminal e a ilícitos de mera
contraordenação social. Pedir e conseguir ter acesso a uma finalidade proibida
é crime (art.º 37.º), assim como em relação aos contratos onerosos de gestação
de substituição (art.º 39.º), bem como nos casos de procriação post mortem sem
consentimento (art.º 42.º-A).

Em Portugal, dá-se preferência à inseminação artificial.

II

Altina e Barnabé são casados, não têm filhos por opção própria, e pretendem
socorrer-se do recurso a técnicas de procriação medicamente assistida (em
específico, à técnica de Inseminação Artificial) para ter um filho que possua
características genéticas que lhe permitam ser um atleta de alta competição.

106
Luís Monteiro a91497

Nessa medida, depois de longo debate, resolvem colocar a questão a Cristiano,


amigo de longa data de ambos, e famoso futebolista, questionando-o sobre a sua
disponibilidade para efeitos de assumir a qualidade de dador de sémen no âmbito
da utilização da referida técnica de procriação.

1. a) Considere que Cristiano concorda, mas que diz que apenas o fará caso seja
garantido o seu anonimato absoluto, em face das implicações públicas para a sua
imagem decorrentes de tal ato. Quid iuris?

Resposta:

Técnica de inseminação artificial - a inseminação artificial é uma técnica privilegiada –


de acordo com o elenco do legislador dá-se preferência à inseminação ratificação.

O que o casal queria era a inseminação artificial e constituírem família.

Podem ser beneficiados desta técnica de pma (procriação medicamente assistida) ?


Princípio da subsidiariedade, afiliação resulta da relação sexual e só assim podemos
recorrer a uma técnica da PMA. – não obstante deveríamos saber se estes tinham
possibilidade de recorrer (analisar a situação de acordo com o artigo 6º da PMA) –
casais homossexuais e independentemente do Estado Civil (maiores de 18 anos), estas
não têm uma idade limite(?)

O método está previsto ou não nos termos da lei? Eles queriam mesmo sem tentar os
métodos naturais. – no exame.

É possível pedir ao Cristiano para ser o dador? Artigo 3º da PMA. Não pode existir uma
técnica de recurso a PMA com o intuito de criar uma finalidade proibida (artigo 7º do
PMA, sob pena de responsabilidade criminal)

Alguém queria o anonimato e temos de saber se o anonimato é possível nos termos da


lei (PMA) – há dois princípios em confronto– o princípio do anonimato e o princípio da
identidade genética. O que é que a lei dava prevalência? Em 2018 dava-se prevalência
ao anonimato e passou a dar preferência à identidade genética. Se antigamente só era
divulgado a identidade em caso de sentença ou impedimento legal, após a reforma
operada através do acórdão do TC que a pessoa que nasceu de uma técnica de PMA tem
direito a saber que veio de PMA e tem uma exceção ampla que permite saber o nome
do dador – artigo 15º da PMA – identidade do dador.

Percurso de introdução:

Pode recorrer abstratamente, mas primeiro tem de tentar o método natural, só em casos
de infertilidade é que pode recorrer a PMA – o artigo 7º da responsabilidade criminal +
princípio de anonimato mais de identidade.

Em caso de PMA:

Fazer a distinção dos métodos de PMA – sexuada e assexuada. Na lei portuguesa são
apenas permitidas os processos de procriação sexuada. Com a origem de dois
componentes genético (masculino e feminino). No caso concreto o A e o B querem
recorrer a um técnica de PMA – a inseminação artificial que está prevista no artigo
107
Luís Monteiro a91497

2ºnº1 a), sendo que através do Decreto Regulamentar 6/2016 de 29 de dezembro, dá-se
preferência a esta técnica de PMA.

O processo de inseminação artificial está também desenvolvido nos artigos 19º a 23º da
referida lei. Neste caso A e b não poderiam recorrer de imediato a uma técnica de pma
visto que o que vigora no nosso oj nos termos do 4ºnº1 da lei de pma – princípio da
subsidiariedade. Assim sendo, numa primeira hipótese, A e B não poderiam recorrer de
imediato a esta técnica visto que a lei dá preferência ao método natural através da
prática sexual.

Independente disto e em termos abstratos temos de saber se A e B reuniam as condições


para serem beneficiários. Onde que é que isso está (condições)? – artigo 6º da Lei da
PMA. Este casal constituído por um homem e uma mulher pode ser beneficiário de uma
técnica de PMA pois diz-nos o nº1 que podem recorrer os casais de sexo diferente.

Nos termos do artigo 19º, têm ambos mais de 18 anos. – artigo 6ºnº2. De acordo com o
artigo 19º é permitida a inseminação artificial com sémen de um dador, sendo que nos
termos do artigo 20º a criança que nasce com recurso À inseminação artificial é tida
como de quem tiver prestado o seu consentimento para o recurso à técnica de PMA em
causa. O que é que é aferido no momento do estabelecimento da filiação?

Sem prejuízo disto diz o 21º que em caso algum o dado pode ser havido como pai da
criança.

A filiação é estabelecida com o consentimento. Em caso de consentimento pode haver


impugnação? – não percebi

No caso em analise a criança que viesse nascer dos recursos a Esta PMA para ao qual
havia sido dado consentimento do casal, era havida como filha deste. Todavia, era dito
no enunciado. Todavia é nos dito que no enunciado o casal pretende que a criança nasça
com característica de um atleta de alta competição , sucede porem como nos é dito no
artigo 7º que não pode ser utilizado a PMA para características não medicas, sob pena
de se incorrer em responsabilidade criminal nos termos do artigo 37º da mesma lei –
remissão do 7ºnº2 para o 37º.

Por ultimo cumpri ainda analisar o pedido de Cristiano que estabelecia como condição
preservar a sua anonimato, na versão original da PMA , efetivamente prevalecia o
princípio do anonimato sobre o direito à identidade genética e a quando dessa versão,
apenas era divulgado em caso de sentença judicial ou em caso de impedimento legal
para casar. Todavia, este direito à identidade genética, previso no artigo 26º nº3,
entedia-se que estava a ser afetada. Por conseguinte, o artigo 15º na sua versão
originária seria inconstitucional, foi efetivamente o que o TC disse eme 2018 225/2018
que veio a declarar a inconstitucionalidade com força obrigatória geral deste artigo 15.
Após esta decisão, nasceu a atual redação do artigo 15º e passamos a ter uma exceção
ampla ao direito ao anonimato, e o legislador consagrou a possibilidade da
possibilidade que nasceu de uma técnica de pma a partir de uma idade igual ou superior
a 18 anos, saber qual a identidade civil do dador. Nos termos do artigo 4º identidade
civil do dador corresponde ao seu nome completo. Apesar desta exceção ampla, o
legislador manteve as duas inicialmente previstas, ou seja através da decisão judicial ou
através do impedimento legal ao casamento, sendo certo porém que continuo a

108
Luís Monteiro a91497

preservar este conhecimento apenas à pessoa que nasceu de uma técnica de PMA e não
ao nubente dador.

2. b) Imagine, agora, alternativamente, que ao invés de recorrerem a Cristiano,


Altina e Barnabé pretendem antes, em face do diagnóstico de infertilidade de
Altina, adotar o recurso à gestação de substituição, tendo pedido a uma amiga de
longa data do casal, Diana, que aceitou, que ocupasse o lugar de gestante de
substituição. Quid iuris?

RESPOSTA:
O que diz o 18ºnº1? Aplica-se também à gestação de substituição a presente lei.
Parece que legislador quem distinguir as PMA propriamente ditas com a gestação de
substituição pois configura e prevê num número à parte, pois ao longo da lei, vai
prevendo normas especiais para a gestação de substituição e tem uma norma quanto
ao arrependimento especial. Antigamente na lei, quando foi prevista a primeira lei da
PMA, a partir que o casal desse inicial ao processo, não haveria direito ao
arrependimento – hoje já se entende que a norma não é inconstitucional e é possível,
logo não é lesada a expectativa de ninguém.

A gestação de substituição tem carater obrigatoriamente gratuito, para alem disso


esta ´sujeito a forma, não pode ter clausulas sujeitas a PMA e a lei da prevalência a
uma circunstância que a mulher já tenha sido mãe.
No caso em concreto. A e B não poderiam recorrer a uma circunstância. De
substituição embora o legislador não tenha tipificado o seu recurso. A. uma técnica de
PMA propriamente dita. Nos termos do artigo 8º nº1 da PMA entende-se por.
Gestação qualquer situação em que a mulher se. Deponha as suportar uma gravidez
por. Conta de outrem e. entregar a criança apos o parto renunciado aos deveres e
direitos próprios da Maternidade – o professor Jorge Duarte pinheiro entende q eu.
Esta definição devia ter sido mais precisa e que entendia e a gestante renunciava aos
poderes e deveres próprios da maternidade, renunciado, portanto à qualidade jurídica
de mãe. A gestação de substituição prevê determinados requisitos especiais, todos eles
concretizados no artigo 8º da PMA sendo que se passou de uma proibição absoluta
para. Uma proibição relativa. Passou a admitir-se, em casos excecionais que através da

109
Luís Monteiro a91497

celebração do negócio jurídico, gratuito fosse possível o recurso à gestação de


substituição – os requisitos especiais constam do artigo 8ºnº2 e diz que a gestante
deve ser preferencialmente uma mulher que já tenha sido mãe. No mesmo artigo 10º,
diz que o consentimento da gestante é livremente revogável até ao registo da criança.
No nº13 do mesmo artigo. O contrato deve ser reduzido a escrito entre outras
cláusulas a) a m) previstas nesse mesmo nº13. O legislador consagrou ainda direito se
deveres especiais para a gestão da leitura atual da lei hoje resulta que a gestante pode
livremente revogar o seu consentimento. Até ao registo da criança, com a alteração a
este preceito legal entende. Se assim que esta de acordo com a CRP, sendo certo,
porém que na realidade pratica. Ainda não é possível em Portugal. Recorrermos a esse
método pois desde alteração legislativa que aguardamos o despacho de
regulamentação propor recurso a este método.

I CASOS Nº18

Xavier e Lúcia estão casados e dessa união nasceu Carlota. Carlota, aos sete anos,
pretende abandonar a escola religiosa que frequenta, porque «anda impressionada».

O pai considera que tal mudança será benéfica. Contudo, Lúcia não concorda.

Quid iuris?

RESPOSTA:
RESPONSABILIDADES PARENTAIS - O QUE SÃO ?
É uma vinculação ou uma conformação legal – na verdade é o poder dever, porque não
tem a discricionariedade de agir da forma que entenderem. A vontade dos pais não é
totalmente discricionária tem de haver uma conformação com o que está na lei-
quando falamos de poder falamos de um poder quase autoritário. Poder totalitário
sobre a criança. O pai tem poderes funcionais face a criança – não são os pais que têm
o poder. De facultar os direitos. Hoje os pais têm de cumprir a lei e a “tutelar” a vida da
criança.

Como vamos ver o legislador tem o poder-dever mas temos de olhar aos interesses da
criança em função da sua maturidade. Há questões que cabem a ambos os pais. O que

110
Luís Monteiro a91497

são questões de particular importância – enquadramento teórico que está no livro- a


doutrina entende que a escolha da escola criança pode ser aferida de acordo com o
superior interesse da criança não só pelo facto. Quando se afere a escolha do colégio
sendo este religioso ou não se deve atender a outras características da criança como
ao facto de já ter algum grupo de amigos e convivência.

Até que idade os pais têm exercício das responsabilidades parentais – até à
emancipação ou maioridade – artigo 122º é menor quem não completar 18 anos de
idade. + 130 plena capacidade de exercício. Os pais só têm este exercício até aos 18
anos. Porem enquanto na o for completada a formação profissional existe um outro
limite para os 25. Os pais podem estar casados ou separados? à união de facto aplica-
se o mesmo regime do casamento no caso das responsabilidades parentais. A tomada
de decisão é feita pelos 2 no dia-a-dia, ou pode haver a necessidade de consentimento.
De outro cônjuge na união de facto como residem na mesma habitação aplicam-se as
mesmas disposições como se fossem casados. – 1877º +. 1874º.

1877º - os filhos estão sujeitos as responsabilidades parentais atá à maioridade ou


emancipação. No artigo. 122º e 130º com a maioridade atinge-se aos 18 anos. O
artigo 124º diz que incapacidade é suprida pelos pais. 1980º + 1905º nº2- mantém-se
até que o filho complete 25 anos de idade. 1885º - maior atenção das questões de
maior interesse + 1886º questão especifica da questão de escolha da liberdade
religiosa. A escolha não tinha necessariamente a ver com a escolha da religião. –
educação e educação religiosa- escolha da religião propriamente dita.

NO CASO
O A e O B. têm uma filha com 7 anos e ela não quer permanecer no colégio. Num
primeiro momento, se os pais entenderem que continue, tem de continuar, 1886º, mas
diz-nos que os pais não se entendem ,que o pais quer tirar e a mãe não.
Temos de verificar que são casados ou não 1901º - na constância do matrimonio as
responsabilidades pertence a ambos os pais. Diz-nos o nº2 que os pais têm de exercer
estas responsabilidades parentais de comum acordo. Se faltar um acordo de acordo
com o nº2 qualquer um deles pode recorrer ao tribunal. Em regra é realizada em

111
Luís Monteiro a91497

comum acordo por parte dos pais, mas não há acordo e o juiz é que tem de decidir.
Este 1901/3 é um reflexo do 1878ºnº2 que diz que a criança deve ser chamada a
participar e ser ouvida de acordo com a sua maturidade.
No caso concreto, incidia ainda sobre uma questão de particular importância, sendo
que o legislador deixou para a doutrina e para a jurisprudência a aferição deste
conceito indeterminado. Analisando estas questões de particular importância deverá
ser questões existências e fundamentais para o desenvolvimento, segurança, saúde e
de formação da criança e ainda todos os atos que se relacionem com o seu futuro,
sendo avaliadas de acordo com as circunstâncias próprias da vida da criança – o artigo
1902º diz-nos que se um dos pais praticar um ato no exercício das suas
responsabilidades parentais presume-se que exigiu com o consentimento do progenitor
a não ser que a lei preveja expressamente a exigência do consentimento de ambos os
progenitores ou se trate de uma questão de particular importância, o que significa que
no caso do tratado da educação ode carlota, sendo e particular importância era
exigido o consentimento de ambos os cônjuges. Não existindo consentimento de
ambos, ou acordo entre ambos, qualquer um deles podia recorrer ao tribunal nos
termos do nº2 do artigo 1901º. E, no primeiro momento, o juiz tentará obter a
conciliação entre pais, se tal não for possível o tribunal ouvirá a criança nos termos do
nº3 do mesmo preceito legal e ainda, nos termos do artigo 5º do regime geral do
processo tutelar cível que nos diz que a criança tem direito a ser ouvida sendo a sua
opinião tida em consideração pelas autoridades judiciárias na determinação do seu
superior interesse. Este 1901ºnº3 está ainda em consonância com aquilo que
encontramos no nº2 do artigo 1978º quando nos diz que a opinião das crianças deve
ser tida em conta nos assuntos – organização da sua própria vida,

Por último, devemos referir de acordo que nos é dito por Guilherme de Oliveira, a
escolha de um estabelecimento de ensino de carater religioso integrado no sistema
nacional não parece manifestar uma escolha de religião propriamente dita. A escolha
dessa instituição pode apenas ter a ver com a residência da criança, com a qualidade
de ensino e com a convivência social. Assim sendo, a carlota tal como nos diz 1886º, no
que respeita à educação religiosa, não poderá, sozinha tomar essa decisão e diz o
1885º que cabe aos pais promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral dos

112
Luís Monteiro a91497

filhos, cabe aliás como está consagrado no artigo 36º nº5 da CRP. À união de facto
aplica-se o mesmo regime do que na constância do casamento. + 36ºNº5 DA CRP.

AULA DO DIA 26/4/2023


CASO Nº19
Caso prático sobre sucessões – no dia 17 antes do teste vai ser aula das 14 Às 18 – vai
ser bom;
Adoção + sucessões (vamos fazer 2 casos de sucessões)

ADOÇÃO:
Enquadramento inicial:
Esta é uma relação jurídica familiar – consta do elenco do artigo 1576º o CC – esta é uma
das relações jurídico familiares, depois vem referida pelo artigo 1586º do CC – noção de
adoção. – nos termos do artigo 1973º - REMISSÃO DO 1586º PARA O 1973º.
É semelhante ao vínculo de afiliação natural. Enquanto que na PMA queremos que isso exista
no caso de adoção temos uma filiação sociológica afetiva que se estabelece e que vai ser
semelhante à filiação natural (é aqui que muitas vezes o juiz decide ou não se pode haver
adoção, vai olhar se apesar de serem do mesmo sangue vai constituir um vinculo afetivo e
sociológico semelhante à filiação natural – artigo 1586º.
Acabou a adoção plena e restrita.
A própria constituição no artigo 36º CRP – a adoção é uma forma para se constituir família.

Num enquadramento inicial importam também quem pode adotar e quem pode ser adotado.
Interessa também no exame em que fase do processo em que estamos do processo de adotação
podemos estar num processo inicial, se o juiz já recebeu o requerimento da adoção - fase final)
– RJPA – Regime jurídico dos processos de adoção -artigo 40º e seguintes.

Quais são os efeitos da adoção e quais são os requisitos gerais da adoção?


Os requisitos gerais do processo de adoção constado do artigo 1974º (OS REQUISITOS
GERAIS ESTÃO TODOS NO ARTIGO 1974º) - a adoção visa realizar o superior interesse da
criança que representar reais vantagens para o adotante desde que haja motivos legítimos (...)
– tem de se estabelecer.

1975º - não são permitidas 2 adoções sucessivas.

113
Luís Monteiro a91497

1976º e seguintes -quem pode adotar ( nesta questão de quem pode adotar temos a questão
subdividida em dois singular ou coletiva )e quem pdoe ser adotado.
1979º quem pode adotar – no nº1 está a adoção coletiva, no nº2 está a adoção singular.
Pessoas casadas ou unidas de facto ( se tiverem mais de 25 anos e estiverem juntas há mais de
4 anos). De forma singular – só pode adotar se tiver mais de 30 anos, mas pode ser também
para os 25???

Quem pode ser adotado? Qual o limite de idade para ser adotado? 15 anos ou 18, dependendo
de situações excecionais, mas normalmente é 15. Como é que o juiz vai aferir se entre a
criança e o adotante se estabeleceu uma ligação. A criança fica a cargo afetivo – por 15 dias,
mas também temos os 6 meses ?- Após isso é emitido um relatório que via chegar às mãos do
juiz e este vai referir de acordo como período anterior se a ligação foi estabelecida.

Pretende-se um vinculo semelhante à da filiação natural – o artigo 1980º é muito criticado


pela doutrina, porque devemos privilegiar a idade do adotado ou a vinculação estabelecida- “
a não ser que a criança tenha estado ao encargo do adotante” – qual a relevância do conceito
de confiança aqui? – aspecto sociológico e afetivo.

Como proceder para adotar uma criança?


Segurança Social, formulário próprio em que se vai apurar as capacidades do candidato. –
artigo 10º do RJPA.
Após isto há um processo de matching, onde são apuradas as capacidades e necessidades entre
o adotante e o adotado.

Idade mínima para a adoção? – o legislador não tipifica no 1980º, mas se formos ao 1982º a
mãe só pode entregar a criança para a adoção após 6 semanas de vida desta.
Por último, quando aos efeitos da adoção – constitutivos e extintivos. Extingue a filiação
natural acaba e destrói a vinculação natural, deixa de existir qualquer filiação natural.
Modifica a vida jurídica daquela criança pois é constituída uma nova relação jurídica familiar,
depois passa ter. direito a nome (apelido). Relativamente ao nome próprio , já não é bem
assim, pois os adotantes ao podem mudar só porque sim o nome da criança.
Por último, a adoção é. Irrevogável, não pode haver revogável da decisão de adoção – é como
se tivesse nascido daquelas pessoas, não se pode mudar mais.

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Luís Monteiro a91497

João e Maria - de cinquenta e cinco anos e quarenta e oito anos, respetivamente -,


requereram a adoção do menor Pedro, de oito anos de idade, que já lhes tinha sido
confiado. Embora só tenham casado em 2018, já vivem juntos desde 2011. Como não
gostam do nome Pedro, decidem ainda requerer que o menor se passe a chamar Afonso.

Quid iuris?

RESPOSTA:

Em primeiro lugar, devemos efetuar um enquadramento inicial.


Devemos considerar os pressupostos – idade mínima e máxima e outros requisitos
João e Maria têm idade mínima para adotar – têm mais de 25 asno e estão juntos desde 2011 –
devemos consiltar a aliniea do 1979º nº6 releva para a. contagem do prazo o tempo de
vivência imediatamente anterior, conta-se desde a união de facto e não desde o casamento.

Existe um limite máximo, sendo que não pode haver uma diferença entre os adotantes de 50
anos – não pode haver um “gap geracional” superior a 50 anos – neste caso está respeitado a
diferença de idades entre os dois candidatos.

Depois dos requisitos, devemos falar dos efeitos – existe aqui um direito ao nome ( apelido que
irá mudar). Quanto ao nome, devemos atender à idade da criança, porque ela pode identificar-
se ou não como o nome.

RESPOSTA PRORPIAMETNE DITA:

Relação jurídico familiar nos termos do 1576º, sendo a que sua noção concreta está no artigo
1586º, goza ainda de proteção constitucional conforma estabelece o nº7 do artigo 36º. Diz
ainda o artigo 1586º que o legislador equipara o parentesco de grau através da adoção ao
parentesco natural, sendo isso aliás o que se pretende no processo de adoção. Na verdade, a
relação ou o vínculo não vai ser um vinculo biológico, mas sim um vínculo afetivo e
sociológico.
Cumpre ainda acrescentar, que a adoção é um ato misto – é um ato que nem é publico nem
privado – é um ato misto porque parte da vontade das partes e para se adotar, porém, também
carece de um ato público, porque a adoção é decretada por sentença judicial. Cumpre ainda
dizer-se como diz o artigo 1973º a adoção é regulada em diploma próprio – RJPA.
Este regime jurídico do processo de adoção, no artigo 3º dispõe quanto aos princípios
basilares do processo de adoção onde encontramos, por exemplo, o princípio do superior
interesse da criança, o princípio da continuidade das relações psicológicas profundas e o
princípio da audição obrigatória da criança.

115
Luís Monteiro a91497

No que respeita ao princípio da audição obrigatória do adotado – artigo 3º do RJPa, no artigo


4º e no artigo 5º e significa que a criança tem obrigatoriamente de ser ouvida. Ao contrário da
necessidade do consentimento para a adoção que só exigido pelo legislador a partir dos 12
anos desta – 1981 nº1 a).

No que repeita aos requisitos gerais – 1974º do CC


Artigo 1974.º - (Requisitos gerais)

1. A adopção visa realizar o superior interesse da criança e será decretada quando


apresente reais vantagens para o adoptando, se funde em motivos legítimos, não
envolva sacrifício injusto para os outros filhos do adoptante e seja razoável supor que
entre o adoptante e o adoptando se estabelecerá um vínculo semelhante ao da
filiação.
2. O adoptando deverá ter estado ao cuidado do adoptante durante prazo
suficiente para se poder avaliar da conveniência da constituição do vínculo.

Deve-se ainda verificar um vinculo semelhante ao da filiação natural – juntamente com os


requisitos que referi anteriormente.
O artigo 1979º indica quais as pessoas que podem adotar e distingue a adoção singular da
adoção coletiva – no caso estamos perante uma adoção coletiva os candidatos estão casado, só
precisavam de ter mais de 25 anos o que têm, por outro lado precisam ainda de estar
juntos/unidos há mais de 4 anos, sendo que se contabiliza o prazo da união de facto com o
tempo de casamento. 1979º nº6 e 1979ºnº1.
Todavia, o legislador também estabelece idade máxima para adotar – 1979º - 60 anos, sendo
que a partir dos 50 anos do candidato, não pode existir entre ele e o adotado uma diferença de
50 anos. Estes limites, no caso, também estão verificados.

A idade do Pedro (adotado) também está dentro dos limites impostos por lei – 1980º, visto que
tem menos de 15 anos – nº1 do mesmo artigo. Os adotantes como o adotado estão em
condições para que venha ser decretada a adoção.

Falta-nos a fase do processo: no enunciado dá-nos a entender que a adoção fora requerida, a
tramitação do processo de adoção encontra-se nos artigos 40º e seguintes do RJPA. Fase de
ajustamento – adoção e pre adoção, a ultima fase é a judicial – dentro do tribunal. NO RJPA
diz o que acontece em cada caso.
No caso em concreto, estamos na última fase do processo de adoção, na fase judicial, que
integra a tramitação judicial do processo, com vista a que seja no final proferida uma sentença

116
Luís Monteiro a91497

– 1973º nº1 e artigo 52º no regime jurídico do processo de adoção- PODE SER IMPORANTE
PARA GANHAR PONTOS.

Estando na última fase do processo, significa que a fase preparatória e a fase ajustamento
tiveram sucesso. Nesta fase judicial é necessário oque se verifique o consentimento para a
adoção, pelas pessoas descritas no artigo 1981º - ver esta norma em caso se tiver mais de 12
tinha de dar consentimento.
No caso concreto, os adotantes- alínea e) do artigo 1981ºn1.

Todavia os candidatos a adotantes, pretendem ainda que o nome do Pedro seja alterado. Em
abono da verdade, a adoção produz os efeitos previsto no 1986º, 1987º e 1988º, sendo que um
dos efeitos é que o adotado perde os apelidos de origem e adquire com as necessárias
adaptações no artigo 1975º. + 1988º in fine.

Quanto ao nome próprio, devemos atender à idade, sendo que pode ser excecionalmente ser
alterado – mas, normalmente permanece desde que hajam razões de identidade pessoal 26º da
CRP.
1989º do CC a adoção é irrevogável é constitutiva e extintiva.

DIREITO DAS SUCESSÕES:

II

Alberto comprou um automóvel. Como não tinha dinheiro para o pagar de imediato
resolveu adquiri-lo a prestações. Quando estavam pagas metade das prestações Alberto,
a quem o médico deu poucos dias de vida, nas suas plenas faculdades mentais, decide
fazer um testamento.

Imagine as seguintes hipóteses de testamento:

1. a) O irmão João fica com o carro e o irmão Pedro fica com o resto dos bens;
2. b) João fica com o carro e com o encargo de realizar as restantes prestações e
Pedro fica com os restantes bens;

Quem responde, em cada uma das alternativas de testamento, pelo pagamento das
restantes prestações do carro?

RESPOSTA:

Alguém em vida faz um testamento e quando é que este se vai repercutir?


117
Luís Monteiro a91497

Se não houver a morte, não há o chamamento à sucessão chamamento da titularidades


das relações jurídicas patrimoniais de uma pessoa falecida e a consequentemente
devolução dos bens que a este pertence.

Quando falamos de sucessões, alguém morreu.

2024º - noção de sucessão

Devemos começar por dizer sempre o que é a solução e depois referir o 2031º - a
sucessão abre-se no momento da morte.

2032º- devemos chamar o sucedido – serão chamados aqueles que gozam de prioridade
– 2033º - fala da capacidade sucessória, além do Estado todas as pessoas (...) na
solução.

Esse chamamento é feito no local da morte ou última residência??

Quem tem vocação sucessória? Quem são as pessoas que podem ser chamadas?

2033º - dentro das pessoas que podem ser chamadas, há uma hierarquia.

Quem são os primeiros a ser chamados por imposição legal?

COMO FUNCIONA ESTA HIERAQUIA?

1- Herdeiros legitimários -sucessão legitimária- (a lei diz que a estes tem de dar,
não se pode tirar??)
2- Herdeiros contratuais
3- Herdeiros testamentários
4- Sucessão legitima

Existe sempre uma quota indisponível que tem de ser garantida, temos de garantir sempre uma
parte. Como é que vamos resolver quando ocorrem casos de hierarquia?

2025,2026,2027º
2024º
2031º
2032 º
2033º
2046º
Primeiro quem é que vamos chamar?
E depois temos de fazer a distinção se são herdeiros ou se são legatários.
2030ºnº1 – os sucessores são herdeiros ou legatários – os herdeiros é na totalidade ou uma
cota de património. O legatário diz respeito aos bens determinados. Bens indeterminados
(herança). O sucessor a título universal o legatário éa titulo individual.

118
Luís Monteiro a91497

O herdeiro parece vai ter sempre mais que o legatário, o legatório PODE TER MAIS DO QUE
O HERDEIRO.

Não há herdeiros legitimários – no caso podia dispor livremente dos seus bens- sucessão
testamentária.

O mais relevante é se o bem é determinado ou não.

No nosso carro temos um legatário.


Quem é que vai responder o herdeiro ou o legatário?
Em regra, pelo cumprimento das despesas da herança, é o herdeiro que vai responder, neste
caso o herdeiro é o Pedro. Se o testador, no testamento fazer saber se o legado é acompanhado
pelo encargo, há uma clausula moral e supletiva. Em regra, é a herança que responde, mas se
o testador saber que vai com o ónus de cumprir o encargo é o legatário que é obrigado a
assumir.

Quando é que não há a obrigação de repartir os encargos.

Se o senhor Alberto tinha um filho, começávamos a dizer que são chamados os primeiros
sucessores da linha de sucessão que são só herdeiros legitimários e por imposição legal tem de
ser atribuída uma legitima parte, depois disso há uma quota disponível que pode ser usada
para o testamento.

RESPOSTA PROPRIAMENTE DITA:


Com a morte de A, nos termos do 2031º serão chamados todos os sucessores. Sendo que, para
o efeito, necessitarão de ter capacidade sucessória – 2033º, assim sendo, a vocação sucessória
é o chamamento dos sucessíveis herdeiros e/ou legatários À titularidade das relações jurídicas
transmissíveis do falecido. Desde que, alem do pressuposto essencial que é a morte do cônjuge,
estejam verificados outros pressupostos:

É necessário que o chamado seja titular da designação sucessória prevalecente no momento da


morte
Exista no momento do “de cujus”
Que tenha capacidade sucessória;

119
Luís Monteiro a91497

Estamos no domino da sucessão voluntária, ou seja, na sucessão testamentária - artigo 2026º


do CC. Diz-se testamento o ato unilateral irrevogável pelo qual uma pessoa dispõe para depois
da morte de todos so seus bens ou de parte deles – 2179ºnº1.
Ao lado do 2026º podemos fazer a remissão para o 2179º.

Devemos agora aferir quem são os chamados, sendo que desde o chamamento até a designação
a herança é jacente. Cumpre distinguir que o João é legatário nos termos ao artigo 2030ºnº1
do CC e nº2 2ª parte, porque sucede um bem determinado. E Pedro é herdeiro, porque sucede
num conjunto de bens não determinado – 2030ºnº1 1ª parte.

A professora Cristina afirma que o critério legal de distinção reside na determinação ou


indeterminação dos bens deixados. ´

Cumpre ainda verificar quem responde pelos encargos do pagamento das prestações do carro,
ou seja, do legado que foi deixado por Alberto a João. Nos termos da alínea a), o alberto
atribui o legado ao João, mas não o onera com o encargo – o que significa que será um
encargo da herança no termo do 2068ºdo CC.
Para o efeito, se Pedro, um herdeiro aceitar a herança a título de inventário – 2071º só
responde pelos encargos até ao limite da herança, mas caso aceite pura e simplesmente,
cabeará este nos termos do nº2 do 2071º, provar que afinal existe mais bens da herança para
cobrir os encargos – sobre quem é que impende o ónus ??
Se aceitar a titulo de inventario, não tem de fazer prova de absolutamente nada, inverte-se o
ónus da prova.

Se fosse pela alínea b),o Pedro já não tinha que assumir o pagamento, nº1 do 2265º a
contrario- uma vez que dispõe + 2265ºnº2 – trata-se de uma clausula modal e supletiva, pois a
regra é que os herdeiros são responsáveis pelo cumprimento dos legados.
Tendo A disposto desta forma o legatário Joca responde pelo cumprimento dos legados,
também dentro dos limites da coisa legada – 2276ºnº2 do Cc. Sendo certo, porém, que o Pedro
poderia repudiar ao legado, nos termos do 2249º e 2062º do Cc

2279º nº1 e 2277º - NOTAS FINAIS + 2278º QUANDO A HERANÇA É INSUFICIENTE PAR
AO PAGAMENTO.

AULA DO DIA 3/5/2023 – CASO 19

III - NÃO SAI EM EXAME CASOS DESTE GÉNERO

120
Luís Monteiro a91497

Belmiro veio a falecer com 95 anos de idade. O único parente sobrevivo é um bisneto do seu
irmão mais velho. O bisneto considera-se herdeiro de Belmiro e, quando verifica que este
dispôs, gratuitamente, de quase todos os seus bens, sente-se lesado nos seus direitos.

Quid iuris?

RESPOSTA:

É PRECISO DE SABER AS LINHAS DE PARENTESCO PARA SABER QUAL É QUE VAI


SER CHAMDO À SUCESSÃO:

1º pergunta: é herdeiro legitimário- não é porque os herdeiros legitimários estão no artigo


2157º. O cônjuge os ascendentes e os descentes.

FAZER A HIERARQUIA

Não há herdeiros legitimários, logo não tem os a legítima – afastamos. A seguir devemos
considerar a sucessão contratual – esta é primeiro porque o testamento é revogável. Diz-se que a
sucessão contratual terá mais força, PORQUE SÓ SÃO PREVISTOS aqueles contratos
sucessórios previstos na lei. A partir do momento que o contrato sucessório é feito não pode ser
unilateralmente revogável, no testamentário, basta um para revogar.

Fez algum contrato sucessório mortis causa? Não.

Então chegamos à sucessão legitima onde são chamados os herdeiros. O bisneto é herdeiro?

Aqui o bisneto seria chamado nos termos da alínea c). Devemos ir primeiro ao 1577º do CC.
Limites do parentesco 1582º - os efeitos de parentesco produzem-se até ao 6º grau da linha
colateral. Aqui é 5 na linha colateral. O bisneto é parente em 5º grau da linha colateral, logo
ainda entra nos efeitos do parentesco.

Se houvesse sucessão legitimaria e houvesse um filho de B, já não levaria nada. O bisneto irá
herdar se algum das linhas anteriores não existir só vai herdar se sobrar alguma parte dos bens –
o que sobre continua a ficar para os herdeiros legitimários. Na legitima não existe cota
indisponível.

I – CASO 20

Vasco conheceu Isabel com quem veio a casar, em 1996. Na convenção antenupcial que
celebrou, Vasco decidiu atribuir, para depois da sua morte, a Isabel dois prédios rústicos de que
era proprietário. Do casamento nasceram dois filhos.
Anos volvidos, sentindo a morte mais próxima, Vasco decide o seguinte:

a) Doar ao seu irmão João uma quinta no norte do país, mas reservando para si a fruição da
mesma por lá querer continuar a passar as suas férias;

b) Partilhar os seus restantes bens entre os seus futuros herdeiros, de modo a evitar
desentendimentos no momento da sua morte.
Pronuncie-se sobre os atos e disposições de Vasco.

121
Luís Monteiro a91497

RESPOSTA:

Em convenção antenupcial atribui 2 imóveis

Depois faz uma doação a irmão João

Que tipo de sucessão temos aqui? – quando à convneção antenupcial temos uma sucessão
contratual.

A doação é um contrato – é bilateral. Se diz doar é um contrato de doação. São as doações em


vida que nós conhecemos. A causa desta doação é morte? Não, é um contrato que produz logo
efeitos, não espera pela morte dele. O proprietário é o irmão João, mas não há o direito real que
lhe foi reservado. A morte e a sucessão não são causas para a doação (940º). Não se diz que só
vai adquirir a posse através daquela doação em vida após a morte – senão era nulo- só se aceita
mortis causa na sucessão, depois da morte só funciona o regime das sucessões .Os efeitos da
doação dão-se em vida e não após a morte.

Alínea b)

PARTILHA EM VIDA- ESTÁ NO LIVRO DAS SUCESSÕES, mas está mal, por lapso do
legislador.

Mas não estamos a falar de um contrato mortis causa- a partilha dá-se também ela em vida. Nas
sucessões o que vamos falar é a morte, tudo o que estamos a falar em mortis causa é sucessão,
nestes casos estamos a falar de um negócio inter vivos. Aqui já não é proprietário, mas tem uma
reserva dos direitos. O legislador teve a preocupação de evitar o cenário dos possíveis herdeiros
no momento da morte do de cujus.

Temos aqui a possibilidade da partilha se fazer em vida. A causa não é a morte – a pessoa a
quem faço a doação 2029º - a partilha em vida pode ser feita com ou ser reserva de usufruto, a
maior parte das vezes, na vida prática dá-se com a reserva de usufruto.

Esta é uma doação em vida, se no momento da morte aparecer mais um herdeiro. O contrato
mantém-se valido, mas temos de garantir a legitimaria deste novo herdeiro (legitimaria). O que
distingue a partilha em vida? A partilha em vida exige o consentimento de todos os possíveis
herdeiros.

Artigo 2029º - se não houver logo o pagamento, depois o valor é atualizado. Se não pagar logo
a diferença que devo esse pode mudar por imperativo legal.

RESPOSTA – DITA PELA PROFESSORA A ESTE CASO:

No caso concreto, cumpre começar por distinguir a sucessão mortis causa, em que a morte era
causa da transferência da titularidade dos bens, ou direitos. Da sucessão inter vivos, ou seja, a
sucessão em vida, visto que, a modificação subjetiva da relação jurídica ocorre em vida do
titular.

No caso concreto, Vasco, na sua convenção ante nupcial pré-casamento estipulou que isabel, a
sua esposada ficasse com 2 imóveis. Estamos no domínio da sucessão prevista no artigo 2028º
como diz que há sucessão contratual, quando no contrato alguém renuncia a sucessão da pessoa
viva ou dispõe da sua própria sucessão ou da sucessão de terceiros ainda não aberta. No caso
concreto qual é a situação? – neste caso dispõe da sua própria sucessão.

122
Luís Monteiro a91497

Acontece porem que o 2028ºnº2 diz que os contratos sucessórios são apenas aqueles admitidos
na lei, sendo nulos todos os demais.

O Vasco celebrou uma convenção antenupcial nos termos do 1698º do CC, tendo
convencionado nos termos do artigo 1700º a instituição de herdeiros, ou a nomeação ode
legatário em favor da sua esposada. – 1701º nº1 a). cumpre dizer-se que nos termos do artigo
1701º nº1 que a instituição contratual deste tipo (existem 3 tipos-mas devemos considerar no
caso concreto), a sucessão contratual na opode ser unilateralmente regulada após a aceitação-
1701ºnº1.

Relativamente a Isabel era será herdeira ou legatária- nos termos do 2030º, é preciso aferir se
isabel será herdeira ou legatária, sendo que o herdeiro é um sucessor a título universal e o
legatário é um sucessor a título individual – IMPORTANTE.

Neste caso concreto, Isabel será legatária, visto que irá receber aquando da morte de V, dois
bens certos e determinados. – Artigo 2030ºnº2 2ªparte.

O Vasco celebrou um contrato de doação a favor do seu irmão João, no caso concreto estamos
perante uma doação em vida inter vivos, visto que o Vasco, através daquela doação quer que se
modifique naquela altura o elemento subjetivo da relação jurídica. a doação está prevista no
artigo 1940º, sendo que, no caso concreto, o Vasco onerou aquela oneração com reserva de
usufruto. Nos termos do artigo 1958º do CC, o doador tem a faculdade de reservar para si ou
para terceiro o usufruto dos bens doados. Nos termos do artigo 1439º, o usufruto é o direito de
gozar temporária e plenamente uma coisa ou direito alheio sem alterar a sua forma ou
substância, significa que no caso concreto, o irmão do João só terão propriedade plena da
quinta quando o usufruto se extinguir( a quando da morte ou mais cedo).

Cumpre ainda sublinhar-se nos termos o 1946º ºn1 que é proibida a doação por morte, sendo
que não é aplicado no caso concreto porque estamos no domínio de uma doação em vida. No
caos concreto esta doação em vida produz imediatamente os seus efeitos atribuindo ao João o
direito sobre aquele imóvel, (ainda que condicionado à reserva do seu usufruto).

Por último devíamos falar da partilha em vida. A partilha em vida, pese embora esteja no livro
das sucessões, na verdade, também não existe aqui sucessão por mortis causa. A partilha em
vida está regulada no artigo 2029º e trata-se de uma doação entre vivos.

Na verdade, esta partilha em vida não se trata de um facto sucessório, uma vez que os bens
doados são doados em vida, não são deixados pelo doador e não fazem parte da sua herança,
não se trata de uma partilha de bens da herança, mas de um partilha de bens presentes e atuais.
Nos termos do artigo 2029º, diz-nos que não é havido como sucessório o contrato pelo qual
alguém faz doação entre vivos com ou sem reserva de usufruto de todos os seus bens ou de
facto que eles ou a algum dos seus presumidos herdeiros legitimários, sendo, todavia, exigido o
consentimento ode todos. Cumpre ainda dizer que os donatários pagam ou obrigam-se a pagar
aos outros um valor que proporcionalmente lhe tocaria nos bens do ato. Sendo que no nº3 do
artigo 2029º diz-nos que as tornem em dinheiro quando não sejam realizadas logo no momento,
estão sujeitas a atualização nos termos gerais -artigo 551º do CC.

Ainda quanto a partilha em vida, devemos dizer que se sobreviver ou se tornar conhecido outro
presumido herdeiro legitimário pode este exigir que lhe seja composta em dinheiro a parte
correspondente.

Em suma, a disposição realizada por Vasco era validas por serem supra analisadas.

II

123
Luís Monteiro a91497

António, viúvo e sem filhos e cujos pais já faleceram, fez um testamento em que determinou o
seguinte:

a) Todos os seus bens imóveis são deixados ao seu amigo Vítor;


b) A sua valiosa coleção de moedas é deixada a uma associação filantrópica;
c) A parte da herança que ele, António, já tinha aceite por morte do seu tio Abelardo, mas que
ainda não tinha sido partilhada, foi destinada à sua afilhada Elisa;

d) Todo o remanescente é deixado ao seu afilhado Agapito.

Agapito achou pouco o valor dos bens com que ficou contemplado e repudia a liberalidade a seu
favor.
Para quem vão os bens que António tinha previsto para Agapito?

REPOSTA:

Há aqui um testamento. Temos de saber se há herdeiros legitimários ou não, porque senão


vamos ter de guardar uma porção – porque se houver alguma coisa pode não se verificar porque
não há bens suficientes. Como não há herdeiros legitimários, podemos cumprir a vontade do de
cujus sem ter de ressalvar.

Não há herdeiros legitimários, logo não temos de garantir a legitima, pois senão haveria uma
tensão entre o testamento e a legítima. Na legitima tenho duas proporções em que tenho de
determinar determinados bens desta forma – na disponível temos os herdeiros legitimários.

O testamento, se ofender esta parte, vou ter de reduzir por inoficiosidade uma porção do
testamento e em função do valor que excedeu.

Neste caso foi feito um testamento neste são deixados bens imoveis ao seu amigo Vitor, vítor-
artigo 2030º diz que o herdeiro sucede na totalidade ou numa quota da de património. Há uma.
Doutrina que se entende que se está a falar de herdeiros porque se falado de uma quota de.
património. Contudo de acordo com o princípio da autonomia privada temos de considerar a
vontade do testador.

Se olharmos para a conjetura dos bens concluímos que será legatário – artigo 2030ºnº3 diz que
quer deixar o remanescente àquela pessoa.

Na realidade vai importar o direito a acrescer – a minha proporção vai passar a alguém. Se o
testar disser que não vai aceitar face ao facto há. Uma substituição indireta, se o testador não
disser nada, vai passar. Para os meus descendentes te, não tenho filhos, logo teria direito a
acrescer.

A definição do herdeiro e legatário importa também no direito a acrescer, só acresce entre


legatários e só. acresce entre herdeiros.

O Agapito diz que. Não ,quero, só podemos repudiar depois de sermos chamados, ou das 3,
uma:

1. Ou há substituição direta – é atribuída diretamente a outra pessoa se houve é ele que é


chamado
2. Direito de representação
3. Direito a acrescer – também só há um herdeiro.

124
Luís Monteiro a91497

20133º - sucessão legal, em ultima rácio pode ser chamado o Estado pois é o ultimo herdeiro
legal do António.

RESPOSTA da professora:

Estamos no domínio da sucessão testamentaria prevista no artigo2026º do CC qunado nos diz


que a suces~são é definida por lei, testamento ou contrato, sendo que o testamento, nos termos
do artigo 2179º é o ato unilateral irrevogável pelo qual uma pessoa dispõe, para depois da morte
de todos os seus bens ou de parte deles. Diz-se que é um ato unilateral, visto que existe apenas
uma única declaração de vontade, irrevogável, porque o testador pode livremente alterar as
disposições testamentárias anteriormente feitas e, além do mais, nos termos do artigo 2311º do
CC, o testador não pode renunciar à faculdade de revogar no todo ou em parte o seu testamento.
O testamento trata-se assim de um ato de disposição a título gratuito mortis causa.

No caso concreto, o António por testamento deixou os seus bens imóveis ao seu amigo Vítor
(afastar e discutir a doutrina divergências doutrinais) – res certa – o que não parece o caso,
atenta da vontade do testador. Diz-nos no artigo 2187º, que na interpretação das disposições
testamentárias, observar-se-á o que parecer mais ajustado com a vontade do testador.

Em caso de dúvida a vontade do testador será sempre admitida produção de prova 2187ºnº2.

Cumpre ainda dizer-se que nos termos do artigo 2030ºnº5, a classificação odada pelo testador
não lhe confere o título de herdeiro ou legatário. No caso concreto, Vítor é ou será legátário –
2030ºn2 2ª parte.

A associação será também legatário a 2030ºnº2, segunda parte e apesar de ser uma pessoa
coletiva em sentido estrito, tem capacidade sucessória nos termos da alínea d) do nº2 do artigo
2033º.

A parte da herança deixa da Elisa, apesar de ser um património autónomo e um conjunto de


bens determinados, e portanto será também de uma legatária.

Quando ao remanescente dos bens a favor de Agapito, não há dúvidas de que este será herdeiro
nos termos do 2030ºnº3, porque sucede no remanescente dos bens de António. Todavia, diz-nos
o caso concreto que Agapito deveria, nos termos do artigo 2062º, oque significa que é
necessário aferir quem irá suceder após este repudio. A forma do repudio está no 2063º que
remete par ao artigo 2127º do CC.

Cumpre ainda dizer-se que se Agapito fosse casado era necessário o consentimento do cônjuge
para repudiar à herança – 1683º nº2. O repúdio é ainda irrevogável. – Artigo 2066º do CC. No
caso concreto, em primeiro lugar, cumpre verificar-se se existe substituição direta – se o
testador substitui outra pessoa face ao herdeiro instituído não poder ou não querer aceitar a
herança.

No caso concreto o António não fez prever no seu testamento essa situação. Cumpre a eficácia
como impõe o 2062º, se existe direito a representação. Dá-se nos termos do artigo
2039º ,quando a lei chama os herdeiros ou legatário a ocupar a posição daquele quando não quis
aceitar a herança.

Artigo 2041º

125
Luís Monteiro a91497

No enunciado não diz se Agapito tinha descendestes, e, portanto, não poderíamos lançar mão do
direito de representação. Assim, teremos de analisar a possibilidade de existir o direito de
acrescer tal como ordena o artigo 2301º.

Se dois ou mais herdeiros forem instituídos em partes iguais numa totalidade ou numa quota de
bens e algum deles não puder ou não quiser aceitar a herança acrescerá a sua parte aos outros
herdeiros – quanto ao direito a acrescer entre legatários está previsto no artigo 2301º- isto
significa que para existir direito a acrescer entre herdeiros tem de existir uma vocação plural –
tem de ser chamada mais do que uma pessoa como herdeira – pressupostos da vocação
sucessória.

Não haverá assim direito a acrescer face a outros herdeiros.

Assim ponderado que não existe substituição direta, direito de representação e direito a acrescer
entre herdeiros, caímos no âmbito da sucessão legítima. A sucessão legítima encontra-se
regulada no artigo 2131º, 2132º e a classe sucessiva está no artigo 2133º.

VER BEM O DIREITO DE REPRESENTAÇÃO E O DIREITO DE TRANSMISSÃO –

AULA 17/5/2023

Alberto morreu nos finais do verão passado. Sobreviveu-lhe a viúva, Beatriz, os dois filhos,
Carlos e Duarte, e um filho que Beatriz tinha de um matrimónio anterior, Eduardo.
Duarte, ao ter conhecimento da morte do pai, teve um colapso cardíaco que lhe provocou morte
imediata. Deixou, porém, um filho, Filipe, do seu casamento com Ana, entretanto já dissolvido
por divórcio.

Alberto havia feito um testamento deixando a sua quota disponível ao primo Paulo. Contudo,
este, além de ter uma medida de acompanhamento, morreu uma semana antes de Alberto,
deixando como seu único filho, Júlio, com quem vivia. Para além disso, nesse mesmo
testamento, Alberto deserdou Carlos por este ter casado com Rosa contra sua vontade.

O valor dos bens deixados por Alberto é de 10.000€. Como se faz a partilha?

RESPOSTA:

Começar por fazer o esquema de família:

. o de cujus é quem dá origem à sucessão – devemos saber quem éo. Primeiro a morrer,
fazendo o esquema,

Alberto fez um testamento. E deixou a quota indisponível a primo Paulo, o primo Paulo tem
uma medida de acompanhamento – pode interessar somente para a capacidade sucessória.

1ª coisa que temos de dizer: O A morreu e abre-se a sucessão- nos termos do artigo 2024º diz-se
sucessão o chamamento de uma ou mais pessoas (...) – REFERIR A NOÇÃO QUE ESTÁ NA
NORMA DO ARTIGO 2024º.

A sucessão abre-se nos termos do artigo do 2031º - lugar da sucessão, sendo chamados os seus
sucessores, tal como dispõe o artigo 2032º.

126
Luís Monteiro a91497

Assim sendo, com a morte do A, este deixa como seus sucessores – (quem é herdeiro de
Alberto?)- Neste caso será B(cônjuge) + C e D(descendentes) sendo estes seus herdeiros
legitimários – nos termos do 2157º, sendo que ao herdeiros legitimário cabe a legitima nos
termos do 2156º, ou seja a quem cabe a porção de bens de que o de cujus não pode dispor por
ser legalmente destinada aos herdeiros legitimários. -VER E FAZER O ESQUEMA DESTA
FAMILIA.

Vamos ter de chamar, e como é que chamamos? -

São chamados e têm de ter uma ordem – a ordem do 2157º. Os herdeiros legitimários são
chamados em conformidade com as regras da sucessão legítima, por remissão legal e expressa
do artigo 2157º que nos remete para os artigos 2134º e 2146º, sem prejuízo de eventual direito
de representação nos termos dos artigos 2138º e 2042º.

Porque é que tem de haver um cuidado com os herdeiros- a lei assegura a um quarto de
património.

Identificados os herdeiros vamos calcular a legítima.

Temos o valor do património, agora vamos calcular a legitima – devemos por começar por
enquadrar a legitima nos termos do 2157º.

No 2159º - aplicamos se existir cônjuge e filhos e aplicamos o 2159ºnº2 se não existir cônjuge e
existir filhos. – neste caso há cônjuge, logo vamos ter de aplicar o nº1.

Nesta medida qual é a porção de bens que têm de ficar indisponíveis? Nos termos do 2159ºnº1,
a legítima a cônjuge e aos dois filhos tem de ser de 2/3 da herança, o que significa que a quota
disponível será de 1/3.

Para fazermos o calculo da quota indisponível, temos de aferir ao valor do património deixado
por Alberto, diz-nos o enunciado que o Alberto deixou bens no valor de 10.000 €, sendo que
vamos presumir destes 10.000€ respeita a valor de bens próprios deste, não sendo por isso
necessário fazer a partilha dos bens comuns do casal. SE ELE FOR VIUVO É TUDO DELE,
SE FOR DO REGIME DE SEPARAÇÃO É TUDO DELES. – DEVEMOS CONSIDERAR SE
EXISTE OU NÃO PATRIMÓNIO COMUM.

Assim sendo, caberá agora calcular a legítima nos termos do artigo 2162º, no caso concreto a
legítima será de 6.666 – quota indisponível – quota disponível 3,333

Alberto pode no domínio da sucessão testamentária deixou em testamento a Paulo a sua quota
disponível, o que significa que nomeou um herdeiro – nos termos do artigo 2030ºnº2. O
testamento foi realizado nos termos do artigo 2179º do CC.

SEMPRE QUE HÁ UM TESTAMENTO DEVEMOS REFERIR SE É LEGATÁRIO OU


HERDEIRO:

Se deixou a quota disponível em princípio o testamento é valido, assim sendo, tendo alberto
deixado a Paulo o valor da quota disponível, este testamento será válido porque não ofende o
valor da legítima dos herdeiros legitimários. O facto de ser maior acompanhado continua a ter
capacidade sucessória, nos termos do artigo 2033º do CC. Todavia, o Paulo morreu primeiro do
que alberto, o que significa que haverá lugar ao direito de representação – SE MORRER
PRIMEIRO É REPRESETNAÇÃO, SE MORRER DEPOIS É TRANSMISSÃO E DIREITO

127
Luís Monteiro a91497

DE ACEITAR A HERANÇA. Isto tem lógica porque vai representar a pessoa que
eventualmente seria herdeiro.

Assim sendo, nos termos do artigo 2039º, dá-se a representação sucessória, sendo que são
chamados os descendentes deste herdeiro com vista a ocupar a posição daquele que não pode
(morreu) ou não quis (repudiou) aceitar a herança.

A representação pode acontecer na sucessão legal e testamentária – 2039º

A representação testamentária que está prevista no artigo 2041º que se aplica no caso em
concreto, sendo chamados os descendentes do que faleceu antes daquele que iria beneficiar do
testamento, assim sendo será chamado Júlio em representação de Paulo.

No mesmo testamento o que é que alberto faz? – Alberto deserda o seu filho Carlos por não
gostar da Rosa. Nos termos do 2166º o autor da sucessão pode, em testamento, com expressa
declaração da causa, deserdar o herdeiro legitimário, privando-o da legítima – que causa é que
pode ser admitida, as que constam do nº1 do mesmo artigo: temos de ver se se enquadra em
alguma destas alíneas.

No caso concreto, nenhuma causa justificativa nos termos das alíneas a- c do nº1 nos termos do
2166º, esta intenção de Alberto não terá nenhum efeito jurídico. Ou seja, o C é para todos os
efeitos, herdeiros legitimário com direito à legítima, cumpre ainda dizer-se que a impugnação
da deserdação está no 2167º e caduca ao fim de dois anos (existe um prazo).

E se os bens que ele deixou ofendessem a legítima, deveríamos de fazer uma redução de
liberdades.

O que é que acontece depois? Sucede que ao ter conhecimento da morte do seu pai, Duarte
falece, o Duarte e seu herdeiro legitimário e foi chamado a herdar no momento da morte do seu
pai – alberto.

Ou seja, respondeu ao chamamento. Toda via, como sabemos a herança decve ser aceite nos
termos do 2050º, sendo que nos termos do 2056º a aceitação pode ser expressa ou tacita- 2056º
e 2057º.

Todavia, nos termos do 2058º se o sucessível chamado à herança falecer sem a haver aceitado
ou repudiado transmite-se o direito de aceitar ou de repudiar. Neste caso, nos termos do artigo
2058º nº1, 2157º e 2133ºnº1 a) - será chamado a aceitar a herança o filho deste, Filipe.
2158ºnº1(herdeiros) (2157º e 2133ºnº1 a) – para chamar). Ou seja, neste caso, caberá a Filipe
aceitar ou repudiar a herança de Alberto. Em suma, a partilha será feita da seguinte forma:

Quota indisponºivel (6.666) Quota disponível (3.333)


Beatriz - 2222 Julio
Carlos - 2222
Filipe - 2222

A Beatriz, cônjuge sobreviva, caberá assim 2222€ que foi calculada nos termos do 2159ºnº1,
sendo certo que respeita o ordenado na parte final do artigo 2139º nº1 – esta regra diz que
existindo cônjuge não pode ficar com menos de um quadro.

Remissão do 2139º para o 2157º ? – não percebi o facto de estar uma parte assegurada, mas não
será relevante neste caso.

Caberá ao Carlos Artigo 2222€ nos termos do 2229º

128
Luís Monteiro a91497

Filipe igual tendo sido transmitido direito a aceitar a herança (ou a repudiar)

Julio 3333€ visto que sucede no direito à representação do seu pai Paulo.

II

Abílio estava casado com Beatriz, de quem tinha dois filhos, Cristóvão e David. Enquanto
Cristóvão tinha quatro filhos, ou seja, Ester, Frederico, Gustavo e Hélder, David tinha apenas
dois, Isaura e José.

Em 2015, Ester e Isaura foram condenadas por terem envenenado a sua avó Beatriz, que morreu
imediatamente.

Em 2017, Abílio, Cristóvão e David, ao deslocarem-se a Lisboa, sofrem um grave desastre


automóvel. Quando as equipas de salvamento chegaram ao local do desastre encontram
Cristóvão já sem vida. Abílio vem a falecer na ambulância que o leva ao hospital, enquanto
David, em coma profundo, acaba por morrer na semana seguinte.

Abílio deixa bens no valor de 6.000€. Num testamento destinou metade destes bens a uma
instituição de solidariedade social. A outra metade ficou, em partes iguais, reservada para os
dois filhos aos quais Abílio ainda recomendou que trabalhassem ser quisessem ser ainda mais
ricos.

Como se faz a partilha?

RESPOSTA:

Devemos sempre por começar por fazer o esquema.

129
Luís Monteiro a91497

Ao fazer o esquema devemos começar por referir a ordem por qual cada um deles
morre.
Abílio deixa 6.000 euros. Deixa metade dos bens a instituição opor testamento e a
outra metade aos dois filhos.

Temos aqui uma ratoeira – A é viúvo, porque B já morreu- quando A morre, o c já


faleceu, logo devemos chamar de imediato os descendentes de C. ( E,F,G e H)
Quando A morre o D ainda está vivo.

Artigo 2024º - definição da sucessão.


Com a morte de A abre-se a sucessão nos termos do artigo 2031º, sendo chamado os
seus sucessores nos termos do 2032º. No dia da morte o A deixou como os seus
sucessores os seus netos E, F,G H, filhos do seu filho pré-falecido C.

E ainda o seu filho David.


Os quais são seus herdeiros legitimários, nos termos do artigo 2157º e aquém vai caber
a legitima nos termos o artigo 2156º. Os herdeiros legitimários são chamados de
acordo com as regras da sucessão legitima, tal como vimos na parte final do artigo
2157º, que nos remete para os artigos 2134º a 2136º, sem prejuízo do direito de
representação – constando nos artigos 2138º e 2042º.

No caso concreto não há cônjuge sobrevivo, ele era viúvo e portanto este 6000€
corresponde à totalidade dos bens de A. Nessa medida, cabe agora calcular o valor da
legítima que deverá ser aferida nos termos do artigo 2159º/2, consoante seja um ou
dois filhos.
No caso em concreto são dois filhos, logo a legitima será de dois terços. Qual é a
norma para calcular? é a do 2162º

Quota indisponível (2/3) Quota disponível 1/3


4000€ 2000€

Acontece, à data da sua morte, com base no que já dispusemos upra, sucederam a A
em, direito de representação os seus netos, filhos do seu filho pré- falecido C.

O direito de representação está no 2039º, sendo que a sucessão legal está no artigo
2042º. Assim sendo, os seus netos serão seus herdeiros legitimários.
O A fez um testamento que equivale a sucessão voluntaria testamentária, sendo que o
testamento vem regulado no artigo 2179º e seguintes.
Sendo que, no caso concreto, trata-se também de um herdeiro nos termos do artigo
2030º nº2.
Todavia, neste testamento, o A deixou 3000 à associação, sendo que apenas pode
dispor dentro da sua quota disponível no valor de 2000€.

130
Luís Monteiro a91497

Uma vez que ofende a legítima, ou seja a parte dos bens que imperativamente ficarão
destinados aos herdeiros legitimários, haverá lugar à redução por liberdades
inoficiosas – 2168º.
Este artigo 2168º diz que as liberalidades são redutíveis a requerimento dos herdeiros
legitimários ou seus sucessores tal como impõe o artigo 2169º. Esta redução abrange
em primeiro lugar as disposições testamentarias e em segundo lugar, os legados e por
ultimo as liberdades que hajam sido feitas em vida do autor da sucessão.
Nos termos do artigo 2172º, se bastar a redução das disposições testamentárias, esta
será feita proporcionalmente. Diz ainda o artigo 2174º que quando os bens são
divisíveis, a redução faz-se separando deles a parte necessária para preencher a
legítima. Se os bens forem indivisíveis a redução faz-se nos termos do artigos 2174º.
A ação de redução de liberalidades inoficiosas caduca nos termos do artigo 2178º no
prazo de 2 anos.
Assim sendo, a associação apenas vai receber 2000€.

Falta-nos a situação do D.

Antes de procedermos à distribuição dos bens da quota indisponível pelos herdeiros


legitimários, cumprirá dizer que o David faleceu após a morte de A, mas sem que,
contudo, tenha conseguido aceitar ou repudiar a herança. Assim sendo há lugar à
transmissão do direito de aceitar a herança previsto no artigo 2158º, passando este
direito para os seus herdeiros nos termos do artigo 2157º e 2133º nº1 a).
Nesta medida, seria este direito de aceitar ou repudiar passaria para I e J.

Acontece, porém, que tanto Ester como Isaura poderão ser consideradas incapazes por
indignidades, visto que foram condenadas pelo homicídio da sua avó. Sendo que diz o
artigo 2034º - carecem de capacidade sucessória por motivo de indignidade nos
termos da alínea A o condenado, como autor ou cúmplice de homicídio doloso ainda
que não consumado contra o autor da sucessão ou contra o seu cônjuge, descentes,
acescente adotante ou adotado.
A declaração de indignidade está prevista no artigo 2036º, sendo que a ação deve se
intentada no prazo de 2 anos. Ela é indigna nos termos do artigo 2034º porque
cometeu homicídio doloso contra a cônjuge do de cujus. É indigna nos termos na alínea
a) nos termos 2034º porque cometeu homicídio doloso contra ascendente de que
transmitiu i direito de aceitar a herança.
A capacidade de I é aferida face ao D e não face ao A.

Vai direito a acrescer dentro de cada estirpe, nos termos do artigo 2137º nº2 ex vi
2157º.

Temos de dar a conhecer que temos de dizer que temos de dividir primeiro por 4 só
depois é que dividimos por 3-

200 a dividr por 4 da 500, depois temos de fazer 500/


A F tinha 500 + 166.66
Não fiz bem as contas ter em atenção.

131
Luís Monteiro a91497

III

Gustavo, viúvo, teve quatro filhos: Dora, Helena, Fernando e Gilberto. Em vida, Gustavo doou
a Gilberto um terreno no valor de 10.000 €, mas que atualmente vale 30.000 €. Gilberto morreu
em 2011, sobrevivendo-lhe a mulher, Joana, e uma filha, Inês.

Vítima de doença prolongada, Gustavo faleceu em janeiro de 2015, deixando bens no valor de
50.000 €.

Por testamento deixou à irmã, Júlia, um conjunto de joias no valor de 20.000 €.

Acontece, porém, que Júlia, internada há muito tempo, veio a falecer em fevereiro de 2015, sem
se ter pronunciado se aceitava as joias, sobrevivendo-lhe apenas o marido Bernardo.

Quid iuris?

RESPOSTA:

Devemos começar sempre por fazer o esquema familiar, para perceber quem morreu quem
descendeu e ascendeu.

Quem são os herdeiros – D,H,F,I

2024º ‘ +2031º+2032º - introdução inicial.

G morre e temos como herdeiros – D,H,F,I. I surge por força do direito de representação pro
força do seu morte g.

G é viúvo não existe bens comuns a partilhar, ele deixou 50.000€ e portanto será este o valor
do seu património. Sucede que, por atencipação, o G havia doado ao seu filho Gilberto, pai da
Inês.

Quando tenho um testamento que afeta a quota disponível vou reduzir esse testamento ou
legado.

Vamos ter de restituir À herança aquilo que habia disposto em vida face aos herdeiros
legitimários- 2104º . diz-se colação a restituição à massa da herança para igualação da
partilha os bens ou valores que lhe foram doados anteriormente. Trata-se de uma operação
prévia à partilha, diz-nos o artigo 2105º que só estão sujeitos à colação os descendentes que
eram à data da doação, presuntivos herdeiros legitimários do doador.

Nos termos do artigo 2108º, a colação faz-se pela imputação do valro da doação ou da
importância das despesas da quota hereditárias ...- ver artigo.

Contudo, é preciso ter atenção ao que dispõe o artigo 2109º, porque o valro dos bens doados
deve ser aferido à data da abertura da sucessão.

Isto significa portanto, para que Inês em direito de representação do seu pai Gilberto possa
entrar na partilha da herança, terá de restituir agora, para efeitos de colação o valor de
30.000€ - porque o terreno vale agora esse mesmo valor.

132
Luís Monteiro a91497

Inês sucede nos termos do direito de representação nos termos do artigo 2039º,2040º e 2042º,
ou seja, sucede em representação na sucessão legal como descendentes de Gilberto. Devemos
SEMPRE DE REFERIR COMO É QUE É CHAMADO.

Para o calculo da legitima deve atender-se aos bens existentes do património do autor À dfata
da sucessão – o valor é de 50.000€, ao valro dos bens doados que é 30.000€ e às dividas da
herança (neste caso não é necessário subtrair) – 2162º. São os bens da herança que vao
responder pelas dívidas.

Só posso chegar ao valor final se subtrair as dívidas da herança. O calculo da legitima tem de
obedecer a X valor.

Contudo o legislador não concretizou o valor para estas alterações, a doutrina apesar de que
com alguma divergência tem entendido que deve ser realizada pela seguinte lógica:

1- avaliação dos bens do património do de cujus


2- depois reduzem-se as dívidas que devem ser pagas À custa dos bens deixados
3- depois de deduzidas as dívidas, deve somar-se o valor dos bens doados e as despesas
feitas À colação

Neste sentido, significa que ao valor dos bens deixados no valor de 50.000€ dividas deve
somar-se o valor do bem doado sujeito à colação, ou seja, 30.000€ é sempre o valor atual que
consideramos. – 2109º

Assim teremos o valor a aferir para efeitos de legítima de 80.000€.

Agora importa chegar ao valor da quota disponível.

MUITO IMPORATNTE VER O 2105º

Agora importa chegar ao valor da quota disponível – artigo 2159º nº2, 2/3 o que da o valor de
2/3 oque dá o valor de 53.333€ sendo o quota disponível de 26.666€ -existem mais do que dois
filhos.

Quota indisponível 2/3 Q disponível


(porque são mutios filhos)
53 333€ 26 666€
D 13 333
H 13 333
F 13 333
G 13 333

Sem prejuízo dos direito de representação, direito de transmissão.

Ao doar o filho Gilberto não disse que er apor conta da quota disponível assim estamos perante
um adiantamento da quota disponível, vamos ao valor da quota disponível por isso vamos às
deixas testamentarias.

26- 16= 10000€

Devemos incluir ainda dedução por inofiocisadde.

133
Luís Monteiro a91497

NÃO PERCEBI UM CRL DA PARTE FINAL

IV

Jerónimo, casado com Helena no regime de separação de bens, morreu em 2014 deixando o
filho Luís e quatro netos, Óscar, Pedro, Rui e Telmo, filhos do seu filho falecido em 2011,
Nestor, cuja mulher, Raquel, ainda é viva.

Em 2007, Jerónimo fez uma doação a Nestor no valor de 50.000 €.

Em 2009 fez um testamento em que deixava 100.000€ a um sobrinho, Gustavo.

Rui e Telmo repudiaram as partes que lhes cabiam.

Sabendo que Jerónimo deixou bens no valor de 250.000€, proceda à respetiva partilha.

RESPOSTA:

Em primeiro lugar devemos considerar o esquema a fazer sobre a família.

São chamados as relações jurídicas os seus sucessores – artigo 2024º + 2031º + 2032º.
São seus sucessores, desgindadmentoe: L, O , P, R, I H – são herdeiros legitimários nos
termos do 2157º a quem cabe a legitima, a quem cabea legitima nos termos do 2155º.

No caso concreto legítima será de 2/3 da herança dos termos 2159ºnº1, porque há
cônjuge. O P R I suceder em direito de representação de N, artigo 2039º e 2140º?.

Para aferir a legítima temos de nos socorrer dos artigo 2162º do Cc. Isto signficia que
para efeitos do calcula da legítima, devemos considerar o valor de bens deixados por J
que é de 250.000 + 50.000 que havia sido doados ao seu filho Nestor. Ou seja um total
de 300.000.

Assim sendo o valor da quota indisponível será de 200.000 e da quota disponível será
de 100.000

Acontece, porem que o testamento o J deixou a Gustavo 100.000 euros – 2030ºnº2 +


entrega do testamento 2079º do Cc.
Em princípio esse testamento será válido porque não ofende a quota indisponível, ou
seja o J poderia dispor de 100.000. todavia Nestor um herdeiro legitimário que faleceu
previamente a J já havia recebido um montante de 50.000€, o que significa eu os seus
descendentes em direito de representação terão que restituir à massa da herança, esse
valor. – tal como ordena o instituto da colação previsto no artigo 2104º.
Assim os filhos de nestor , caso queriam aceitar a herança terão, ao abrigo dos artigo
2014º e 2105º e 2106º terão de trazer esse valor à massa da herança.

Se tenho 200.000 vamos dividir por 3 – H,L e N. – dá 66.666 a cda um


O valor que foi doado ofende a legítima? Não, por isso não precisamos de ir à redução
por inoficiosidade.

134
Luís Monteiro a91497

O valor da quota indisponível a ser divido por cada um das estirpes, conferia a H a L e
ao conjunto do O P R G filhos de Nestor. Isto significa que o valor doado por Jerónimo
ao Nestor ainda seria inferior ao valor da quota indisponível.

Esta estirpe ainda terá direito receber 16.666

Acontece que o R e T repudiaram à herança – 2062º, sendo que segundo estes artigo,
os efeitos do repudio da herança retroagem-se ao momento da abertura da sucessão,
considerando-se como não chamado o sucessível que a repudie. Isto significa que.
Tendo o R e o T repudiado à herança, haverá direito de acrescer a favor de O e P, nos
termos do artigo 2137º nº2 ex vi 2157º - ordem de chamamento,

A helena seu cônjuge irá receber 66.666€, o Luís o seu filho irá receber o 66.666€ e os
filhos de nestor terão direito a 66.666€ em virtude de Rui e Telmo terem repudiado à
herança além da doação e do valor da doação já recebido – 50.000, irão receber cada
um destes dois a quantia de (66.666/4=16.6666/2=8.666€). 8.666€ cada um por força
do direito a acrescer.

O Gustavo irá receber por efeitos daquele testamento o valor da quota disponível de
100.000€

CUIDADO COM:

. OS HERDEIROS, normalmente esquece-se do cônjuge


. não complicar o caso é simples.

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