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Direito da Família

23/03

Teste 1 de Junho

Diogo Leite de Campos, Mónica Martinez de Campos – Direito da Família

- Casamento
- Parentesco Fontes das relações jurídicas
- Afinidade familiares
- Adoção

- Art.º 1576 Código Civil.

- Posso estar em união de facto para não sofrer os efeitos do contrato do casamento.
‘’Não quero casar novamente porque não quero os efeitos do contrato do
casamento’’, na união de facto não são herdeiros legais.

- Em união de facto, quando o companheiro morre, o outro não é herdeiro legal.


Contudo, pode ser herdeiro voluntário (testamento).

- Art.º 2133 e 2157 Código Civil.

- Mãe tem uma irmã  tia por parentesco e o tio  tio por afinidade da pessoa x.

- Primo é parente, no mínimo, em 4º grau.

- Sogra é afim e nunca se pode tornar parente.

- Posso ter primos que casam, não perdem a relação de parentesco, mas se casam
passam a ser cônjuges. Não têm qualquer impedimento matrimonial.

- Art.º 1584 e 1585 Código Civil.

- Afinidade utiliza-se o mesmo raciocínio que o parentesco.

- Como é que se dissolve um casamento? Divórcio, invalidade ou morte (formas de


cessação de contrato).

- O casamento obedece patrimonialmente ao: regime de bens, administração de bens


(incapacidades/ilegitimidades conjugais) e responsabilidade por dívida dos cônjuges.
24/03

- A carga genética que existe no parentesco, não existe na afinidade.

A) B)
A A

B C Linha B
colateral Linha reta
D E D

F G E

- Art.º 1580, 1581 e 1582 Código Civil.

B)
- Em linha reta, o B e o D são parentes porque um descende do outro. Neste caso, D
descende de B.

A)
- Em linha colateral, o C e o E são parentes porque um descende do outro. Neste caso,
C descende de E.
- Em linha reta, o D e o A são parentes porque um descende do outro. Neste caso, D
descende de A.
- Em linha colateral, o B e o C são parentes em segundo grau porque são irmãos e
descendem de um progenitor comum. Neste caso, o progenitor comum é o A.
- Em linha colateral, o D e o E são parentes porque descendem de um progenitor
comum. Neste caso, o progenitor comum é o A.
- Em linha colateral, o F e o G são parentes.
- Em linha reta, o A e o B são parentes em primeiro grau.

Caso Prático

- Anacleto é casado com Bertolínia de quem tem 3 filhos: Carlos, Dionísio e Filipa.
- Carlos é casado com Mariana.
- Dionísio é viúvo e tem 2 filhos: Jácome e Ludovina.
- Jácome tem 1 filha: Hermengarda.
- Filipa é solteira e mãe de Georgina.

a) Diga quais são os parentes de Anacleto e Bertolínia, indicando as linhas e os


graus.

- Carlos, Dionísio e Filipa são parentes (filhos) de Anacleto e Bertolínia em linha reta e
1º grau.
- Jácome, Ludovina e Georgina são parentes (netos) de Anacleto e Bertolínia em linha
reta e 2º grau.
- Hermengarda é parente (bisneta) de Anacleto e Bertolínia em linha reta e 3º grau.

b) Quais são as relações de parentesco entre Ludovina e Georgina, entre


Hermengarda e Georgina, entre Dionísio e Georgina.

- Ludovina e a Georgina são parentes (primas) em linha colateral e 4º grau.


- Hermengarda e Georgina são parentes (primas) em linha colateral e 5º grau.
- Dionísio e Georgina são parentes (tio e sobrinha) em linha colateral e 3º grau.

c) Refira as relações de afinidade nascidas do casamento de Mariana com


Carlos.

- Mariana é afim a Anacleto e Bertolínia em linha reta e 1º grau.


- Mariana é afim a Dionísio e Filipa em linha colateral e 2º grau.
- Mariana é afim a Jácome, Ludovina e Georgina em linha colateral e 3º grau.
- Mariana é afim a Hermengarda em linha colateral e 4º grau.

Exemplo:

M J

B C

- A e B são parentes, sendo que B é descendente de A.


- B e C são cônjuges.
- C é afim de A.
- C é afim de todos os parentes de B.
- A relação que B tem com A (parentesco) será a relação que C tem com A (afinidade),
devido ao contrato de casamento celebrado por B e C.

Noção de afinidade e cessação da afinidade


- Art.º 1584 e 1585 Código Civil.
- A afinidade não cessa pela dissolução do casamento por morte.

30/03

Parte pessoal da família


 Aspetos pessoais
 Aspetos matrimoniais

As fontes do direito da família, que não são fontes das relações jurídicas familiares, são
o Código Civil e a CRP.
Três funções na família
1) Reprodução biológica
2) Associabilização
3) Assistência emocional

Três dimensões da procriação


1) Pais biológicos
2) Pais que encomendam a criança
3) Mãe que engravida e dá à luz

Problemas fundamentais
Caracteres do direito da família
 Direito civil ou direito público (núcleo tradicional esvaziado)
- O pai já não tem o direito absoluto
 Institucionalismo
- A família como instituição detentora de regras próprias
 Permeabilidade do direito da família às transformações sociais

Caracteres dos direitos familiares


1. Poderes deveres ou poderes funcionais
2. Fragilidade dos direitos pessoais
3. Caráter duradouro dos estados de família

Caso Prático

Diga quais são as relações jurídicas familiares existentes entre:


L-R= parentes, linha reta, 2º grau
D-P= afins, linha colateral, 2º grau
E-A= parentes, linha colateral, 5º grau
G-J= afins, linha reta, 1º grau
F-D= afins, linha colateral, 3º grau

31/03

Caracteres do casamento como ato e como estado


Ato – no sentido de negócio jurídico

Parte matrimonial – regime de bens, administração de bens e responsabilidade por


dívida dos cônjuges.

Regime de bens – comunhão geral de bens, comunhão de adquiridos e separação de


bens.

Separação de bens – regime típico e imperativo – maior autonomia da vontade.


Comunhão de adquiridos – regime supletivo (suplente) na falta de convenção nupcial
(negócio que é feito antes das núpcias).

- Art.º 1699, n.º 2 Código Civil – Restrições ao princípio da liberdade.

(Ver esboços no caderno sobre comunhão de adquiridos, comunhão geral e separação


de bens)

Para se aferir a responsabilidade de dívidas tem de ser aferido previamente o regime


de bens para que possamos determinar:
1. De quem é a responsabilidade pela dívida?
2. Que bens respondem pela dívida?

- Art.º 1577 Código Civil.

Casamento pessoal
1. O casamento é um negócio pessoal (exceção: casos de casamento por
procuração)
2. Negócio solene

Casamento como estado


1. Unidade
2. Vocação de perpetuidade

- Art.º 1600 Código Civil – regra geral

- Exceções – Impedimentos matrimoniais


1. Dirimentes (absolutos ou relativos) – sanção de anulabilidade só se aplica aos
impedimentos dirimentes
2. Impedientes
3. Art.º 1601 Código Civil – ‘’com qualquer outra’’
4. Art.º 1602 Código Civil
5. Art.º 1604 Código Civil
6. Art.º 1631 Código Civil

Caso Prático

GA, RC, TJ, RF, MP, LM, DE, FA

GA – parentes, linha reta, 3º grau


RC – afins, linha colateral, 4º grau
TJ – afins, linha colateral, 3º grau
RF – parentes, linha colateral, 4º grau
MP – parentes, linha reta, 2º grau
LM – parentes, linha reta, 1º grau
DE – parentes, linha reta, 1º grau
FA – parentes, linha reta, 1º grau

06/04

A lei diz que os casamentos são sempre válidos.

Art.º 1627 Código Civil – ‘’inexistência jurídica’’ e ‘’anulabilidade’’.

A lei diz quais são as causas de invalidade:


 Incapacidade jurídica – art.º 1628 Código Civil
 Anulabilidade – art.º 1631 e ss Código Civil

Art.º 1630 Código Civil – inexistência jurídica tem um regime específico neste artigo.
‘’Pode ser invocada por qualquer pessoa’’ – não se coloca questões de legitimidade.
‘’A todo o tempo’’ – não se coloca questões de prazos.

Por exemplo: a falta de declaração da vontade, isto é, se não houver declaração


negocial (é fundamental – declarou ou não declarou que queria casar?), tecnicamente
podíamos dizer que não havia casamento (não há negócio jurídico).

Por exemplo:
- Anacleto e Bertolínia descobrem que são irmãos após o casamento (parentes em 2º
grau, linha colateral) – impedimento dirimente relativo, nos termos do art.º 1602
Código Civil.
- O casamento pode ser anulado, segundo o art.º 1631, alínea a) Código Civil (é causa
de anulabilidade).
- Segundo o art.º 1632 Código Civil, é necessária uma ação de anulação para anular o
casamento.
- Art.º 1639 (quem tem legitimidade) e 1643 Código Civil.

Coação moral – art.º 1638 Código Civil.


- Alguém alega que só casou com outra pessoa sob coação moral. Por exemplo: ou
casas com a minha filha ou mato-me.
- Art.º 1638, n.º 2 Código Civil – requisitos.

Art.º 1635, alínea b) e 1636 Código Civil – ‘’erro’’ e ‘’pessoa’’.


Como é que alguém casa em erro com outra pessoa e há um erro previsto no art.º
1635, alínea b) e outro no art.º 1636 Código Civil? Qual será a diferença entre estes
dois artigos?
R: Art.º 1635, alínea b) – o Anacleto quer casar com a Bertolínia, troca a identidade
física com a irmã gémea de Bertolínia e casa com a irmã (A quer casar com B e casa
com C).
Art.º 1636 – o Anacleto quer casar com a Bertolínia e casa com a mesma, porém quem
é verdadeiramente a Bertolínia?
O erro no art.º 1635, alínea b) (anulabilidade por falta de vontade) e no art.º 1636
(autonomizar e difícil de haver anulabilidade desta natureza).

Art.º 1636 Código Civil – ‘’desculpável’’ que parece que é no sentido de perdão, é no
sentido de que uma pessoa de normal diligência não tivesse notado/apercebido.

Por exemplo: Carlos é toxicodependente e, após o casamento, revela à mulher que é


toxicodependente. A mulher vem alegar que não sabia que ele era toxicodependente,
tecnicamente ela comete um erro (ela não sabia que ele era toxicodependente antes
do casamento).

Art.º 1628, alínea c) Código Civil – o casamento é juridicamente inexistente.

07/04

Caso Prático

Natércia acompanha a avó Estrela ao consultório do dentista Patrício, Patrício


apaixona-se por Natércia e pede-a em casamento. Natércia recusa a proposta,
acrescentando que por quem ela gosta é de Henrique, irmão de Patrício. Patrício diz a
Natércia que se ela não casar com ele, deixa de ser dentista da sua avó. A filha e a neta
de Estrela são excelentes dentistas, mas não tratavam Estrela porque esta sempre dizia
que gostava de variar de dentista e que, por agora, preferia Patrício que era um jovem
e belo homem.
Natércia assustada com a ameaça de que foi vítima, casa com Patrício no dia 25 de
Março de 2022. 3 dias depois, Natércia toma conhecimento que o casamento anterior
de Patrício com Nélia ainda não estava dissolvido. Entretanto, Estrela conhece Américo
e diz que prefere ter as suas consultas de rotina com Américo.
Natércia pretende anular o seu casamento.
a) A ameaça que Patrício fez a Natércia tem relevância como fundamento de
anulação do casamento? Justifique a sua resposta.
b) Natércia terá algum meio para anular o seu casamento?

Resolução:
a) A ameaça que Patrício fez a Natércia não tem relevância como fundamento de
anulação do casamento, visto que, segundo o art.º 1631, alínea b) Código Civil,
o casamento com vontade viciada por coação moral, no caso da ameaça, é
anulável, contudo e, de acordo com o art.º 1638 Código Civil, o nubente que é
ameaçado tem de ser grave e justificar o receio da sua consumação. A ameaça
feita por Patrício não é grave o suficiente, por isso não é relevante de anulação
do casamento.
b) O casamento de Natércia com Patrício não tem efeito, dado que o casamento
anterior de Patrício ainda não estava dissolvido e, no âmbito do art.º 1601,
alínea c) Código Civil, ‘’são impedimentos dirimentes, obstando ao casamento
da pessoa a quem respeitam com qualquer outra: o casamento anterior não
dissolvido, católico ou civil, ainda que o respetivo assento não tenha sido
lavrado no registo do estado civil’’ e, também, art.º 1643, n.º 3 Código Civil.
Deste modo, a anulabilidade do casamento não é invocável enquanto não for
reconhecida por sentença em ação especialmente intentada para esse fim
(art.º 1632 Código Civil). E ainda art.º 1631/1639 Código Civil.

13/04

Art.º 1671 Código Civil.

Art.º 1672 Código Civil – deveres dos cônjuges.

Há deveres que são, por definição, indefiníveis, isto é, o Código Civil enunciou os
deveres dos cônjuges.

Dever de cooperação e dever de assistência – art.º 1674 e art.º 1675 Código Civil.

Remissão do art.º 1675 para art.º 1676 Código Civil.

Remissão do art.º 1720 para art.º 1699 Código Civil.

Comunhão Geral – art.º 1732 e ss.


Comunhão de Adquiridos – art.º 1721 e ss.

Art.º 1735 Código Civil – domínio de separação.

20/04

Caso Prático

Januária, médica, e Carlos, engenheiro, casaram em julho de 2018. Porém,


recentemente, Januária intentou com uma ação de divórcio. A quem pertencem os
seguintes bens:
a) Prédio rústico situado em Cascais comprado por Carlos em janeiro de 2015
b) Prédio rústico situado em Mafra que Januária herdou de sua tia em setembro
de 2018
c) Prédio urbano situado em Lisboa comprado por Januária e Carlos em outubro
de 2018
d) Prédio rústico situado em Gouveia herdado por Januária em maio de 2015

R: [Januária intentou com uma ação de divórcio e não é mencionado o regime do


casamento entre Januária e Carlos, pelo que devemos ter em consideração os três
regimes existentes: comunhão geral, comunhão de adquiridos e separação de bens.
Segundo a comunhão geral, o património comum entre Januária e Carlos são todos os
bens presentes e futuros dos cônjuges, ou seja, o prédio urbano situado em Lisboa
comprado por ambos em outubro de 2018.
Deste modo, o prédio rústico situado em Cascais são de ambos, os prédios rústicos
situados em Mafra e Gouveia herdados por Januária são somente da mesma (uma vez
que foram herdados – art.º 1733, n.º 1, alínea a) Código Civil – são excetuados da
comunhão) e o prédio urbano situado em lisboa comprado por ambos é património
comum.]

Dado que não está especificado o regime do casamento entre Carlos e Januária,
segundo o art.º 1717 – ‘’Na falta de convenção antenupcial, ou no caso de caducidade,
invalidade ou ineficácia da convenção, o casamento considera-se celebrado sob o
regime da comunhão de adquiridos’’.

De acordo com a comunhão de adquiridos, fazem parte da comunhão os bens


adquiridos pelos cônjuges na constância do matrimónio (art.º 1724 Código Civil).
Assim, o prédio urbano situado em Lisboa comprado por ambos é património comum.
O prédio rústico situado em Mafra herdado por Januária é um bem próprio da mesma,
de acordo com o art.º 1722, n.º 1, alínea b) Código Civil – ‘’São considerados próprios
dos cônjuges: os bens que lhe advierem depois do casamento por sucessão ou
doação’’. O prédio rústico situado em Gouveia herdado por Januária é um bem próprio
da mesma, bem como o prédio situado em Cascais comprado por Carlos em 2015 trata
de um bem próprio do mesmo, no âmbito do art.º 1722, n.º 1, alínea a) Código Civil –
‘’São considerados próprios dos cônjuges: os bens que cada um deles tiver ao tempo
da celebração do casamento’’.

Caso Prático

António e Maria, jovens agricultores, estão casados em comunhão de adquiridos.


Avalie as seguintes pretensões:
a) António quer vender a casa de morada da família

Art.º 1682-A Código Civil

28/04

Caso Prático

A e B casaram em comunhão de adquiridos, na constância do casamento pretendem


realizar os seguintes atos:
- Bertolínia tenciona vender um prédio rústico que exclusivamente lhe pertence
- A pretende renunciar a herança da sua avó
- Bertolínia pretende aceitar um legado de seu tio Afonso

- Bertolínia pode vender o prédio rústico, porque se trata de um bem próprio da


mesma (art.º 1722 Código Civil e art.º 1682-A, n.º 1 Código Civil)
- Art.º 1717 Código Civil
- A pode repudiar a herança com o consentimento de ambos os cônjuges (art.º 1683,
n.º 2 Código Civil)
- Bertolínia pode aceitar o legado do tio sem consentimento do outro cônjuge (art.º
1683, n.º 1 Código Civil)

Caso Prático

Joana e Manuel de 53 e 56 anos de idade, médicos, casaram em regime de separação


de bens em agosto de 2001.
1) Joana e Manuel vivem numa casa arrendada, poderá Joana resolver o contrato
de arrendamento?
2) E Manuel poderá subarrendar parte da casa de morada de família?
3) Poderá Manuel repudiar a herança da sua avó Manuela?

- Art.º 1720 Código Civil.


- Joana pode resolver o contrato de arrendamento sem o consentimento de Manuel,
nos termos do art.º 1682-A, n.º 1, alínea a) Código Civil.
- Manuel pode subarrendar parte da casa de morada de família, contudo necessita do
consentimento de Joana para fazê-lo – art.º 1682-A, n.º 2 Código Civil.
- Manuel pode repudiar a herança da sua avó Manuela, com base no art.º 1683, n.º 2
Código Civil, sem necessitar do consentimento de Joana.

Art.º 1678 Código Civil


- N.º 1 é regra
- N.º 2, alíneas e), f) e g) são exceções

04/05

Dívidas na constância do casamento

Mãe – quem dá à luz (segundo o código civil)


Pai – presume-se que seja o marido da mãe (em regra)

Posso ter a mãe que deu à luz, a mãe que deu o óvulo (material genético), a mãe que
encomenda a criança – TRIDIMENSIONALIDADE PROCRIATIVA

Convenção de 3 de janeiro de 2001 – proibiu a clonagem recreativa de seres humanos.

Ambos os cônjuges têm legitimidade para contrair dívidas

 Há dívidas que, sendo contraídas por um, são da responsabilidade desse


 Há dívidas que, sendo contraídas por um, são da responsabilidade de ambos
 Art.º 1690 – momento da contração da dívida
 Quais são as dívidas da responsabilidade dos cônjuges
 Regime da igualdade na contração da dívida – qualquer cônjuge pode contrair
uma dívida sem consentimento do outro (o problema é que sendo contraídas
por um são da sua exclusiva responsabilidade e há outras que vão parar ao
património comum desse casal)

Dívidas que responsabilizam ambos os cônjuges


Art.º 1692 Código Civil – art.º 1691; 1693, n.º 2; 1694, n.º 1; 2ª parte art.º 1694, n.º 2 –
QUE BENS RESPONDEM? Art.º 1695

Dívidas exclusiva de um dos cônjuges


Art.º 1692; art.º 1693, n.º 1; 1º parte art.º 1694, n.º 2 – QUE BENS RESPONDEM? Art.º
1696

Legitimidade de identificação

Caso Prático I

Teodora e Válter casaram em agosto de 2020 em regime de comunhão de adquiridos.


O casal trabalha numa empresa têxtil e é proprietário de uma pequena quinta onde
cultiva alguns produtos necessários à alimentação. Teodora e Válter contraíram uma
dívida em janeiro de 2022 para a construção de uma piscina. Um mês depois, Teodora
agora contrai uma dívida para comprar um enxoval de bebé. Válter também contrai
outras dívidas para pagar despesas médicas e de farmácia.

- A dívida relativamente à piscina é da responsabilidade de ambos os cônjuges, no


âmbito do art.º 1691, n.º 1, alínea a) Código Civil.
- A dívida do enxoval de bebé contraída por Teodora é da responsabilidade de ambos
os cônjuges por se trata de um encargo normal da vida familiar (art.º 1692, alínea a)
Código Civil).
- A dívida que Válter contrai para pagar despesas médicas e de farmácia são exclusivas
do mesmo, tendo em conta o disposto no art.º 1692, alínea a) Código Civil.

05/05

Proteção dos direitos do ser humano


 Direito à celebração do casamento em igualdade de condições (art.º 36, n.º 1
Constituição)
 Dividimos o art.º 36, n.º 1 em duas partes: a segunda parte é o primeiro
princípio (direito de todos contraírem casamento em condições de plena
igualdade)
 A lei ordinária não deve estabelecer impedimentos que não sejam justificados
por interesse público

‘’Direito de constituir família’’ – segundo princípio constitucional (art.º 36, n.º 1, 1º


parte)
Competência da lei civil para regular os requisitos e efeitos do casamento e a sua
dissolução independentemente da forma de celebração – art.º 36, n.º 2 CRP (remissão
para o art.º 1625 Código Civil).

Admissibilidade do divórcio para qualquer casamento – art.º 36, n.º 2 CRP


Tem um sentido duplo: primeiro sentido vai garantir a igualdade de todas as pessoas
ao divórcio, seria inconstitucional uma norma jurídica que proibisse o divórcio para
uma modalidade de casamento. Segundo sentido, consagra um verdadeiro direito ao
divórcio.

Igualdade dos cônjuges quanto à capacidade civil e à manutenção e educação dos


filhos – art.º 36, n.º 3 + art.º 13 CRP. Este artigo tem uma dupla aplicação prática: a
nível de direito matrimonial e a nível de direito de filiação.
 Todas as normas do código civil que colocassem a mulher casada em situação
de inferioridade seriam inconstitucionais
 Responsabilidade parental

Atribuição aos pais de um poder de dever de educação dos filhos – art.º 36, n.º 5 CRP
 Duas partes: primeiro aspeto, poder dever em relação aos filhos – a educação é
dirigida pelos pais embora com respeito da personalidade dos filhos (remissão
para o art.º 1874 Código Civil)
 Poder relativamente ao Estado – Estado tem o dever de cooperar com os pais
na educação dos filhos (art.º 67, n.º 2 CRP)

Inseparabilidade dos filhos dos seus progenitores – art.º 36, n.º 6 CRP (remissão para
art.º 1915 e 1918 Código Civil)

Não discriminação entre filhos nascidos no casamento e fora do casamento

Proteção dos direitos dos membros da família


Proteção dos direitos dos membros da família perante o Estado

Proteção da adoção (art.º 36, n.º 7 CRP)


 Garantia do próprio instituto de adoção

Proteção da família (art.º 67 CRP)

Proteção da maternidade e da paternidade (art.º 68 CRP)

Proteção da infância (art.º 69 CRP remissão para art.º 1915 e 1918 Código Civil)

Art.º 26, n.º 1 e 3 CRP – princípios constitucionais


18/05

Dignidade da pessoa – conceito, instrumento sempre presente em matéria de Família.

19/05

Caso Prático

- Ludovina e Teodoro celebram casamento em setembro de 2013.


- À data do casamento, Teodoro era proprietário de um prédio urbano em Monsanto.
- O casal é proprietário de uma propriedade em Linhares da Beira.
- Em março de 2019, Ludovina herdou um prédio urbano localizado na Guarda.
- Em março de 2020, Ludovina comprou um prédio urbano em Cascais.
- Em maio de 2022, Ludovina descobre que Teodoro tinha vendido o apartamento de
Monsanto em dezembro de 2021 sem a consultar.

A) De quem é a responsabilidade de uma dívida que onera a doação que a avó


Adélia fez a Teodoro, em julho de 2011?
B) Diga a quem pertencem os seguintes bens e como resolver o problema da
mencionada venda do prédio de Monsanto.

Resposta:
Primeiramente, quando não é referido a convenção antenupcial, o casamento
considera-se celebrado sob o regime da comunhão de adquiridos (art.º 1717 Código
Civil).

A) A dívida que onera a doação que a avó Adélia fez a Teodoro, em julho de 2011,
é da exclusiva responsabilidade do cônjuge aceitante, de acordo com o art.º
1693, n.º 1 do Código Civil (falar ainda do art.º 1690, 1696 e 1697).
B) O prédio urbano em Monsanto é considerado próprio de Teodoro, visto que já
o tinha ao tempo da celebração do casamento, no âmbito do art.º 1722, n.º 1,
alínea a) do Código Civil (falar ainda do art.º 1717, 1720).
C) A propriedade em Linhares da Beira é um bem comum, dado que foi adquirido
na constância do matrimónio, tendo em conta o art.º 1724, alínea b) do Código
Civil.
D) O prédio urbano localizado na Guarda é um bem próprio de Ludovina, porque
adveio depois do casamento por sucessão, de acordo com o art.º 1722, n.º 1,
alínea b) do Código Civil e art.º 1733, n.º 1, alínea a) Código Civil (falar ainda do
art.º 1729). (Se a herança fosse anterior ao casamento não tinha qualquer
alteração, mas seria art.º 1722, n.º 1, alínea a) em vez de alínea b).
E) O prédio urbano localizado em Cascais é um bem próprio de Ludovina, por se
trata de um bem adquirido na constância do matrimónio por virtude de direito
próprio anterior, no âmbito do art.º 1722, n.º 1, alínea c) do Código Civil. (ter
em conta o art.º 1723, alínea c) porque se pode tratar de um bem comum ou
próprio).
F) Visto que se trata de um bem próprio de Teodoro, pode vender o apartamento
em Monsanto, mas necessita do consentimento de Ludovina, de acordo com o
art.º 1682-A, n.º 1, alínea a) do Código Civil. Deste modo, Ludovina tinha de ter
conhecimento em dezembro de 2021 que Teodoro queria vender o imóvel.
Sanção jurídica no art.º 1687, n.º 1 do Código Civil (anulabilidade) e Ludovina
pode anular porque se encontra dentro dos prazos.

26/05 – Aula de revisões

- Não confundir parentesco com afinidade, ter em consideração carga genética


- Para efeitos sucessórios, é determinante para sabermos quem é chamado
- Casamento (casos práticos)
 Fonte de relação jurídica
 Casamento é um contrato e, como contrato, podemos ter um conjunto de
características para a análise do mesmo. Para efeitos contratuais, questões a
nível pessoal do direito da família e caracteres dos direitos da família e direitos
familiares. Evolução do direito da família (o homem tinha poder absoluto
relativamente à mulher, no que toca aos filhos – era como se fosse uma norma
jurídica imposta que não podia ser contestada). Perdemos esse caracter
absoluto e estamos numa paridade de condições, situações (o direito da família
privatizou-se, fechou-se – A e B são iguais na relação jurídica). Esta
concretização manifesta-se na alteração da terminologia empregue –
responsabilidade parentais.
 Forte necessidade de assegurar, apesar da privatização do direito da família,
princípios constitucionais (é de toda importância haver um núcleo de princípios
constitucionais).
 Casamento como contrato – como é que se pode considerar o casamento
inválido (anulabilidade ou inexistência jurídica).
 Lei especial afasta lei geral.
 Invalidade do contrato de casamento (caso prático).
 Divórcio.
 Deveres conjugais (dívidas dos cônjuges, o que é dever conjugal, violação do
dever de respeito).
 Estrutura – 1 caso prática e 2 perguntas teóricas

Caso Prático

Nadine e Ivanildo casaram em julho de 2014, o casal reside em Évora num


apartamento adquirido por Nadine em maio de 2005. Nadine, em 2012, comprou um
apartamento em Aveiro, no mesmo ano, Ivanildo comprou um apartamento em
Linhares da Beira. Em fevereiro de 2016, Nadine herdou uma moradia localizada em
Sintra. Na constância do casamento, Nadine e Ivanildo contraíram algumas dívidas:
dívida contraída pelo casal para aquisição de um automóvel, em fevereiro de 2022; em
fevereiro de 2022, Ivanildo descobre que Nadine, em agosto de 2018, vendeu o
apartamento de Aveiro. O casal é proprietário de uma moradia em Beja, adquirida por
ambos.

1. Diga de quem é a responsabilidade da dívida contraída e que bens respondem


por ela.
2. Diga se Ivanildo pode anular a venda do prédio urbano de Aveiro.

a) Nadine e Ivanildo casaram em julho de 2014 e, na falta de convenção


antenupcial, o casamento considera-se celebrado sob o regime da comunhão
de adquiridos (art.º 1717 C.C).
b) Não é referida a idade de Nadina e Ivanildo, pelo que afastamos a hipótese de
terem casado sob o regime da separação de bens (art.º 1720 C.C).
c) O apartamento adquirido por Nadine, em maio de 2005, é um bem próprio
(art.º 1722, n.º 1, a) do C.C).
d) O apartamento adquirido por Nadine, em 2012, é um bem próprio (art.º 1722,
n.º 1, a) do C.C).
e) O apartamento adquirido por Ivanildo, em 2012, é um bem próprio (art.º 1722,
n.º 1, a) do C.C).
f) A moradia herdada por Nadine, em fevereiro de 2016, é um bem próprio (art.º
1729 e 1772, n.º 1, b) do C.C)
g) A dívida contraída pelo casal para aquisição de um automóvel, em fevereiro de
2022, é da responsabilidade de ambos os cônjuges (art.º 1690 e 1691, n.º 1, a)
do C.C). O automóvel é um bem comum (art.º 1724, n.º 1, b) do C.C).
h) Ivanildo descobre que Nadine vendeu o apartamento de Aveiro, Nadine pode
vendê-lo, mas carece do consentimento de Ivanildo (art.º 1682-A, n.º 1, a) do
C.C).
i) A moradia adquirida em Beja é um bem comum (art.º 1724, n.º 1, b) do C.C).

1. Os bens que respondem pela dívida contraída são os bens comuns que
existirem, neste caso, a moradia em Beja e o automóvel. Contudo, na
insuficiência dos mesmos, respondem os bens próprios de qualquer dos
cônjuges (art.º 1690 e 1695, n.º 1 do C.C).
2. Ivanildo não pode anular a venda do prédio urbano de Aveiro, dado que já
passaram 3 anos da sua celebração (art.º 1687, n.º 1 e n.º 2 do C.C).

Princípios
- Direito à celebração do casamento (art.º 36, n.º 1, 2º parte CRP – ‘’em condições de
plena igualdade’’)

- Direito a constituir família (art.º 36, n.º 1, 1º parte CRP)

- Admissibilidade do divórcio para qualquer casamento (art.º 36, n.º 2 CRP)

- Atribuição aos pais do dever/poder de educação dos filhos (art.º 36, n.º 5 CRP)
- Não discriminação a filhos nascidos no casamento e fora (art.º 36, n.º 4 CRP)

- Direitos dos membros da família perante o Estado (art.º 36, n.º 7 CRP)

- Proteção da família (art.º 67 CRP)

- Proteção da paternidade e maternidade (art.º 78 CRP)

Caracteres
- Direito civil ou direito público: o núcleo tradicional esvaziado

- Institucionalismo: afirma-se que o Direito da Família é um direito institucional, isto é,


um organismo natural dentro do qual existe um direito e no qual o legislador não deve
intervir, apenas deve limitar a reconhecer esse direito interno da família

- Coexistência na ordem jurídica portuguesa de direito estadual e direito canónico na


disciplina da relação matrimonial: a maioria dos casamentos celebra-se na forma
canónica e dela resultam efeitos jurídicos reconhecidos pelo direito civil

- Permeabilidade do direito da família às transformações sociais: direito da família é


fortemente influenciado pelas evoluções políticas e sociais, por exemplo, com a
instauração da República instaurou-se o casamento civil obrigatório e o divórcio

- Poderes deveres ou poderes funcionais

- Fragilidade dos direitos pessoais: este caráter (fragilidade) leva a que não se deva
atribuir ao familiar ‘’lesado’’ um direito à indemnização pelo não cumprimento dos
deveres do outro. Perante casos graves de incumprimento, a única possibilidade que
assiste ao lesado é dissolver o vínculo, de modo a não continuar a suportar violações
dos seus interesses

- Caráter duradouro dos estados de família: em relações de família que são


permanentes e perpétuas. O casamento, em princípio, vigorará até à morte de um dos
cônjuges. Uma das características do caráter duradouro é a de não poderem por
termos e condições a essas relações
Jacinta médica e Gustavo arquiteto casaram em agosto de 2012 sem convenção
antenupcial.
O casal reside em Bragança num prédio urbano adquirido por ambos em março de
2019.
A data do casamento Gustavo era proprietário de um prédio urbano situado em Braga
e Jacinta era proprietária de um prédio urbano situado no Estoril.
Do casamento nasceram 3 filhos, Cristiana, Bruna e Daniela.
Em outubro de 2013 Gustavo trocou um prédio urbano de Braga por um prédio rústico
em Loures.
Em dezembro de 2013 Jacinta herdou um prédio rústico localizado em Fátima.
Em julho de 2015 Gustavo herdou um prédio rústico em Castelo Branco e um prédio
urbano em faro.
Em janeiro de 2018 Gustavo vendeu o prédio rústico de Castelo Branco.
Em fevereiro de 2021 o casal contrai uma dívida para aquisição de um prédio rústico
em Gouveia.
Em março de 2022 Jacinto descobriu que Gustavo vendeu o prédio rústico situado em
Castelo Branco.
Em abril de 2022 Jacinta consultou um advogado para saber a quem pertence a
responsabilidade da dívida contraída, que bens respondem e como resolver o
problema da venda do prédio rústico de Castelo Branco.

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