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CASAMENTO

“É a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo


Estado, formada com o objetivo de constituição de uma família
e baseado em um vínculo de afeto.” Tartuce

“É o vínculo jurídico entre o homem e a mulher que visa o


auxílio mútuo material e espiritual, de modo que haja uma
integração fisiopsíquica e a constituição de uma família.” Maria
Helena Diniz

“O casamento é um ato jurídico negocial, solene, público e


complexo, mediante o qual um homem e uma mulher
constituem família por livre manifestação de vontade e pelo
reconhecimento do Estado.” Paulo Lobo
Princípios relacionados com o casamento:

1) Princípio da monogamia

2) Princípio da liberdade de união

3) Princípio da comunhão de vida

Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena


de vida, com base na igualdade de direitos e deveres
dos cônjuges.
O Estado admite duas formas de celebração do casamento: o civil
(art. 1.512) e o religioso com efeitos civis (art. 1.515 e 1.516).

- Ainda que haja duplicidade de formas, o casamento é regido


somente por uma lei, o Código Civil, que regula os requisitos de sua
validade e seus efeitos, bem como os efeitos de sua dissolução.
CASAMENTO CIVIL

Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração.

Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira


certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja
pobreza for declarada, sob as penas da lei.

- Realizado perante o oficial do Cartório do Registro Civil. Trata-se de ato


solene levado a efeito por um celebrante e na presença de testemunhas, nas
dependências do cartório ou em outro lugar.
CASAMENTO RELIGIOSO

Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo
efeitos a partir da data de sua celebração.

- O ato civil não se realiza. É suficiente proceder ao registro do matrimônio para que o
casamento se tenha por efetivado desde a celebração das bodas perante o ministro Deus.
(Mª Berenice Dias)

- Cabe o reconhecimento do ato de celebração realizado por qualquer credo, igreja ou


seita, como as cerimônias das religiões afro-brasileiras e o casamento cigano, por
exemplo.
Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos
exigidos para o casamento civil.

§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias
de sua realização, mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por
iniciativa de qualquer interessado, desde que haja sido homologada previamente a
habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro dependerá de nova
habilitação.

§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá


efeitos civis se, a requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil,
mediante prévia habilitação perante a autoridade competente e observado o prazo do art.
1.532.

§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos
consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
A sociedade conjugal gera dois vínculos:

a) vínculo conjugal: entre os cônjuges

b) vínculo de parentesco por afinidade: liga os cônjuges aos parentes do


outro. Os pais dos noivos viram sogro e sogra. Os parentes colaterais até o
segundo grau (irmãos) tornam-se cunhados. Findo o casamento, o parentesco
em linha reta (sogro e sogra, genro e nora) não se dissolve, gerando, inclusive,
impedimento para o casamento (art. 1.521,I).

Com o casamento ocorre a alteração do estado civil dos consortes.


Solteiros, viúvos ou divorciados adquirem a condição de casados.
Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher
manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o
juiz os declara casados.
- O negócio jurídico (casamento) se aperfeiçoa no momento em que o homem e a mulher manifestam,
perante o juiz (autoridade celebrante), a sua vontade de estabelecer o vínculo conjugal, e essa autoridade os
declara casados.
CAPACIDADE PARA O CASAMENTO

Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem


casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade
civil.
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se
o disposto no parágrafo único do art. 1.631.

- A maioridade acontece aos 18 anos. A partir dessa idade as


pessoas podem livremente casar. Mas é permitido o
casamento a partir dos 16 anos. É a chamada idade núbil.
Art. 1.518. Até a celebração do casamento podem os pais ou
tutores revogar a autorização.

Art. 1.519. A denegação do consentimento, quando injusta, pode


ser suprida pelo juiz.

Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem


ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição
ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.
IMPEDIMENTOS PARA O CASAMENTO

Existem duas ordens de impedimentos matrimoniais:

a) Impedimentos de caráter ABSOLUTO (art. 1.521).


NÃO PODEM CASAR – o casamento será NULO – art. 1.548,II)

b) Impedimentos de caráter RELATIVO (art. 1.523).


NÃO DEVEM CASAR – é imposta a sanção patrimonial do
regime de separação total de bens (art. 1641, I)
Impedimentos de caráter ABSOLUTO (rol taxativo):

Art. 1.521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;


II - os afins em linha reta;
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o
foi do adotante;
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro
grau inclusive;
V - o adotado com o filho do adotante;
VI - as pessoas casadas;
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de
homicídio contra o seu consorte.
I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

- Até o infinito, no caso de parentesco natural (consanguíneo).

- O filho não pode casar com a mãe, o neto com a avó, o bisneto com a
bisavó, o trineto com a trisavó e assim sucessivamente, sem limites.

- Razões: evitar o incesto, ou seja, relações sexuais entre pessoas da


mesma família, tendo índole moral; e evitar problemas congênitos à
prole.
II - os afins em linha reta;

- Decorrente de parentesco por afinidade (parentesco entre um cônjuge e


os parentes do outro consorte).
- O impedimento existe apenas na linha reta (sogra e genro, sogro e nora,
padrasto e enteada, madrasta e enteado.
- Ordem moral.
- Cunhados podem se casar, depois de terminado o casamento, pois são
parentes afins colaterais.
- Sogra/sogro: para vida inteira: casado um vez, o vínculo permanece
eternamente, e com isso o impedimento matrimonial.
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o
foi do adotante;

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro


grau inclusive;

- irmãos: colaterais em segundo grau


- Tios/sobrinhas e tias/sobrinhos: casamento avuncular. Dec. 3200/41
permite o casamento entre colaterais de terceiro grau se não houver
risco à prole.
- Primos-irmãos (colaterais de quarto grau) podem se casar livremente.
V - o adotado com o filho do adotante;

VI - as pessoas casadas;

- Consagração do princípio da monogamia.

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de


homicídio contra o seu consorte.
- Somente no caso de crime doloso e havendo o trânsito em julgado da
sentença penal condenatória.
Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da
celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz.

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver


conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a
declará-lo.
Impedimentos de caráter RELATIVO (causas suspensivas):

Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da
sociedade conjugal;
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal;
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto não
cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas contas.
I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer
inventário dos bens do casal e der partilha aos herdeiros;

- Visa a evitar a confusão patrimonial.

- Sendo feita a provada ausência de prejuízo para os envolvidos, o casamento


poderá ser celebrado por qualquer regime, sem imposição de sanções.

- Sanções: imposição do regime de separação obrigatória de bens; hipoteca


legal em favor dos filhos (art. 1489,II CC)

- Se o filho for apenas do cônjuge falecido ou for apenas daquele que


pretende casar não se aplica esta causa de suspensão.
II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido
anulado, até dez meses depois do começo da viuvez, ou da dissolução da
sociedade conjugal;

- O objetivo é evitar confusões sobre a paternidade do filho que nascer


nesse espaço temporal.

- Se for provada a gravidez ou o nascimento do filho nesse período, esta


causa suspensiva será afastada, uma vez que não haverá prejuízo.

- DNA
III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a
partilha dos bens do casal;

- A razão da inclusão dessa previsão legal no atual código é porque o


divorcio pode ser concedido sem prévia partilha de bens (art. 1581 CC).

- Não havendo prejuízo patrimonial, o casamento poderá ser celebrado por


qualquer regime.
IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos,
cunhados ou sobrinhos, com a pessoa tutelada ou curatelada, enquanto
não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas
contas.

- A razão da inclusão dessa previsão legal é moral, pois supostamente o


tutor ou o curador poderia induzir o tutelado ou o curatelado a erro,
diante de uma relação de confiança.

- Não havendo prejuízo patrimonial, o casamento poderá ser celebrado por


qualquer regime.
Art. 1523.
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não
lhes sejam aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I,
III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa
tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar
nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do
prazo.

Art. 1.524. As causas suspensivas da celebração do casamento


podem ser argüidas pelos parentes em linha reta de um dos
nubentes, sejam consangüíneos ou afins, e pelos colaterais em
segundo grau, sejam também consangüíneos ou afins.
MOMENTO DA LEGITIMADOS
OPOSIÇÃO
IMPEDIMENTOS No processo de Juiz e oficial do registro
habilitação e até o (de ofíci), MP e
momento da celebração qualquer interessado

CAUSAS SUSPENSIVAS Só no processo de Parentes em linha reta e


habilitação, até 15 dias colateral até o 2º grau
após os proclamas. (consanguíneo ou afins)

OPOSIÇÃO – em declaração escrita, assinada em com


provas

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